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CAIO FÁBIO D´ARAÚJO FILHO

VIVER:
DESESPERO
OU
ESPERANÇA?

Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito!


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Índice

PARTE 1 – Genealogia do Desespero

1. A Origem do Desespero
2. O Sistema Religioso
3. O Sistema Filosófico
4. O Sistema Científico
5. Um Universo Criado de um Princípio de Pluralidade
6. A Constituição do Desespero

PARTE 2 – Genealogia da Esperança

7. A Esperança
8. A Convergência do Tempo de Sua Vinda ao Mundo
9. A Vinda de Cristo
10.A Redenção
11.Vivendo na Esperança

Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito!


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PARTE 1

GENEALOGIA DO
DESESPERO

Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito!


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1
A Origem do Desespero

Quem, com bom senso, e depois de profunda e acurada análise da


espécie humana, de suas reações, de seus anseios, de sua história e de sua cultura,
pode, coerentemente com as evidências, afirmar que a humanidade vai bem e que
o homem é bom e feliz?
A história do homem está salpicada de sangue e rasgada pela
violência. Temos informações de achados arqueológicos, antropológicos e de
estudos etnológicos que, no interesse de conhecer nossas raízes como espécie,
têm achado restos de antiqüíssimas culturas humanas que nos revelam o
egoísmo, as disputas, as guerras e códigos de leis, na tentativa de reprimirem os
abusos do próprio homem contra o seu próximo!
Desde quando se tem conhecimento histórico do homem, suas
atitudes de sensatez se têm constituído como que exceções na regra geral de sua
insensatez.
O egoísmo, o desamor, a violência, a perversão, o homicídio, o
roubo etc... não têm sido problema de um chamado estado de NÃO-
CIVILIZAÇÃO. Pelo contrário: tanto numa tribo primeva como numa grande
cidade moderna, os delitos se repetem, sendo hoje, de uma incidência
proporcionalmente bem maior.
É ingenuidade afirmar-se que o homem é um ser que, mediante
lento desenvolvimento evolutivo, consegue erguer-se do teor primitivo e da
ignorância tateante de uma origem animalescamente rude até as alturas de
sensibilidade e introspecção religiosa e filosófica. A História não mostra o
homem como criatura que está evoluindo mas, antes, como criatura rebaixada a
cada dia pelas suas incursões num mundo interior de rebeldia e selvageria.
Há um relacionamento de total insegurança do homem com o
homem. Um bicho confia noutro bicho mais do que o homem tantas e tantas
vezes confia noutro homem. Como disse o Rev. J.R.W. Stott, "Uma promessa
não é suficiente; precisamos de contrato. Portas não bastam; temos que fechá-las
a chave a aferrolhá-las. O pagamento de taxas não é suficiente; temos que ter
recibos que são perfurados, inspecionados e recolhidos. A lei e a ordem não
chegam; precisamos de polícia para reforçá-la".1 Por outro lado, conquanto o
homem possua consciência do bem e do mal, parece possuir uma tendência
incompreensivelmente forte para praticar o mal.
Por que será que as coisas são assim? Será que o homem é, de fato,
obra das mãos de um Criador bom? E se Deus é bom, como criou um ser tão
desajustado e mau como o homem? Foi sempre o homem como nós o
conhecemos, ou ele já existiu numa outra contextura originalmente boa?
Dependendo das respostas que dermos a essas perguntas, todo
nosso rumo pode mudar na vida.
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Pense-se, por exemplo, que o homem é obra das mãos de Deus, e
que ele é hoje tal qual Deus o fez, e, certamente, seremos conduzidos pela
coerência a pensar de acordo com o poeta Baudelaire: "Se há um Deus, este é o
diabo"2; e a conclusão final nesse conceito é a de Archibald Macleish: "Se Ele é
Deus, não pode ser bom; se é bom, não pode ser Deus"3. Se se entende que o
homem não mudou em seu estado de origem e que tal como é, o é pela vontade
de Deus, esse Deus, por criar o homem já nesse estado de corrupção moral e
espiritual, certamente seria maior em crueldade e indignidade do que o próprio
homem!
Não. Deus não é o responsável por este obstinado e violento
homem. A real compreensão do problema teve o sábio Salomão quando, depois
de muito meditar sobre os caminhos do homem em relação ao "ato criativo" de
Deus, disse: "Eis que tão-somente achei: Que Deus fez o homem reto, mas ele se
meteu em muitas astúcias."4
Se partirmos da premissa de que o homem caiu de um estado
original de santidade e virtude, sentiremos total impulso para amar o Criador.
Mas, se partirmos do pressuposto de que o homem não mudou desde a sua
origem, tem-se que, em nome da razão, assumir de duas, uma posição: a
primeira, é a de que Deus é mau por criar o homem mau; a segunda, é a de que o
homem é "filho do acaso" e está simplesmente manifestando, em seus atos de
violência, reservas de instintos guardadas em seu subconsciente.
No entanto, somos levados pela coerência, pela sensibilidade, pela
harmonia e pelas evidências notadas ao nosso redor, a crer que Deus é, ou seja,
que Ele está aí, está presente. E se Ele está presente, faz-se necessário que
admitamos a realidade de Sua perfeição, de Sua santidade, de Seu amor e,
contrastantemente, da nossa inteira destituição de verdadeiro amor e auto-doação
espontâneos.
Deus não nos fez como somos. A natureza foi corrompida e
distanciou-se do padrão original.
Talvez a pergunta necessária ao momento, seja: Como adquiriu o
homem essa natureza? É sobre isso que passaremos a discorrer.
A Bíblia narra em Gênesis 2:4 a 7, o evento histórico da criação do
ser humano. Em seu complexo orgânico, o ser humano foi formado de elementos
simples unicamente por causa da ordem e do "ato criativo" de Deus. Porém,
maravilhosamente, em seu mundo interior de consciência e de valores morais e
espirituais, foi dotado da imagem e da semelhança de Deus, que é um ser pessoal
e, consequentemente, consciente. Por causa disso, o homem é consciente de si
mesmo, do seu mundo contemporâneo e circunstancial, e de sua história.
O plano de Deus, ao fazer o homem, não foi outro, senão o de
revelar-se a si próprio a ele numa relação de amor. Fomos criados para Deus.
Para o louvor e a admiração profunda das realidades indeléveis do ser de Deus.
Um ambiente perfeito foi criado, nele o homem foi posto, e a ele
foram dadas a autoridade para governar as demais criaturas e o incentivo para
que se reproduzisse e enchesse a terra (Gênesis 1:28).
Entretanto algumas coisas precisam ser observadas. A primeira é
que o mal sempre existiu - mesmo antes da queda de Satanás e da do homem -
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como antítese conceitual do bem. Deus é o padrão da santidade e a santidade é o
padrão de Deus. Nesse sentido, o mal existia como alternativa abstrata e
conceitual, pois tudo quanto Deus era em expressão concreta de Sua santidade
determinava a existência do mal como conceito alternativo, oposto à maneira real
de Deus ser. Donde concluímos que o "bem real" é eterno como expressão da
santidade de Deus, mas que o "mal conceitual" também é eterno como antítese do
"bem real".
A segunda é que o mal moral já existia , antes da queda do homem
na forma da desobediência, perversão e soberba de Lúcifer, anjo decaído de seu
original estado de perfeição angelical (Ezequiel 28: 14,15 e Isaías 14:12,15).
A terceira é que Deis mão cria robôs, máquinas de executar a sua
vontade. E isso certamente inclui o homem na sua livre vontade de ser o que quer
ser. Deus criou o homem para louvá-Lo, mas esse louvor seria ridículo, se o
homem fosse um andróide. Por isso, Deus nos deu livre arbítrio, liberdade para
escolher. No entanto, não há liberdade que se caracterize como tal, sem critérios
e sem referências. No caso do homem, essa disposição de louvar a Deus por
vontade própria tinha que ser demonstrada.
O amor que não é provado não se revela plenamente. A obediência
que não é testada não se revela na forma maravilhosa da fidelidade.
Deus então determina um mandamento para a referência da
obediência e da livre vontade do homem. O mandamento é simples, o objeto
posto como referência é mais simples ainda, porém os efeitos oriundos da
desobediência seriam trágicos porque revelariam o livre desejo de "viver para o
eu" ao invés de "viver para Deus". É, pois, assim, que Deus determina: "De toda
árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e
do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás."
(Gênesis 2: 16,17)
Mas o homem não estava só na sua decisão de obedecer ou não a
Deus. Mostra-nos a Bíblia que Lúcifer entra em cena com intento destruidor de,
junto consigo próprio, arrastar também o homem para o estado de rebelião e
desobediência. Foi assim, como lhe é peculiar, que se disfarçou no interior de
uma serpente, até então bela, como bem revela o texto hebraico de Gênesis.
É interessante como a inteligência de Lúcifer se faz notória na
narrativa da queda do homem. Os elementos dialéticos usados por Lúcifer
atingem a essência da mais inteligente sutileza. Eis como formulou a sua
tentação: "É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?"
Notemos a malícia. Primeiro Lúcifer afirmou que Deus havia dito um
mandamento: "É assim que Deus disse". Depois ele sugere a dúvida no que Deus
disse, acrescentando uma interrogação: "Não comereis de toda árvore do
jardim?" Não estava o mandamento sendo atacado frontalmente, mas, sim, sendo
colocado em dúvida. O mais perigoso de todos os métodos de ataque contra a
verdade e indução para a mentira está na dúvida que se possa colocar no
pressuposto da verdade. O que lúcifer propôs assemelha-se à estrutura da
dialética hegeliana: "Tenho uma nova idéia. De agora em diante pensemos da
seguinte maneira: em vez de causa e efeito (ou seja: "se dela comeres morrerás"),
pensemos na tese ("Deus disse para não comer"), e na oposição à tese, a antítese
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("é certo que não morrereis"). E a resposta quanto à relação entre as duas não está
no movimento horizontal de causa e efeito, mas sempre na conclusão triangular,
na síntese ("como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal".)

SÍNTESE = “Como Deus, sereis conhecedores


3 do bem e do mal” (Gn. 3:5)
.

1 2
. .
“Dele não comereis” ANTÍTESE
(Gn. 3:3) “É certo que não morrereis”
(Gn. 3:4)

A resposta que se fez ouvir por parte da mulher foi: "Do fruto das
árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do
jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais."
Lúcifer anteriormente sugeriu que o que Deus disse poderia ser posto em dúvida
e a sua seta mentirosa penetrou mais profunda do que se poderia esperar, quando
vemos sua conseqüência imediata na resposta dada pela mulher. Quando foi
posta em dúvida a verdade absoluta de Deus, foi aberta a porta para que ela
pudesse ser alterada. Foi assim que aconteceu, quando a mulher acrescentou ao
mandamento de Deus algo que ele não havia declarado: "Nem tocareis". Deus
não havia dito isso, ma antes: "De toda árvore do jardim comerás livremente, mas
da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que
dela comeres, certamente morrerás."
Se se põe dúvida no que Deus disse, pode-se perfeitamente alterar
tanto o que Ele disse como negar o que ele disse. Esse foi o final daquele trágico
diálogo, porque então disse a serpente à mulher: "É certo que não morrereis.
Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e,
como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal". A verdade agora já havia
sido negada, taxativamente e mentirosas promessas estavam sendo feitas.
Observemos as propostas de autonomia e soberba: "se vos abrirão os olhos" e,
"como Deus, sereis..." Terrível malogro. A divinização do homem rebaixa-o mais
do que qualquer outra coisa.
Com a morte do desejo de obedecer a Deus, vem automaticamente
a glorificação do "eu", o que leva o indivíduo "a viver para si".
Isso aconteceu primeiramente com a mulher, pois, " vendo que a
árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar
entendimento, tomou-lhe do fruto e o comeu, e deu também ao marido, e ele
comeu". (Gênesis 3:6)
Daquele ato de desobediência foi que se desencadeou todo esse
sistema de morte reinante no mundo, e ainda a cobiça concebida no Éden é a
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mesma que caracteriza o consumismo dos nossos dias.
A queda trouxe consigo as mais catastróficas conseqüências, que
são notadas em todas as reações do homem e do seu ambiente.
Entre as inúmeras conseqüências da queda, queremos, na presente
postulação, apresentar apenas cinco. Vejamo-las:
Em primeiro lugar, houve a depravação da natureza humana:
"Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na
terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração". (Gênesis 6:5)
O homem feito ereto, no princípio comparado ao homem caído do
resto da História, é, na verdade, uma aberração, um desfigurado, um
irreconhecível. À semelhança de um morto que, apresentado para identificação e
não a obtendo, seria enterrado como um não-identificado, como um indigente.
Com a queda, repetimos, o homem se tornou um ser desfigurado e
irreconhecível.
O Salmo 14:3 diz: "Todos se extraviaram e juntamente se
corromperam: não há quem faça o bem, não há nenhum sequer." É assim que
Deus vê o homem caído!
Em segundo lugar, houve a separação entre Deus e o homem. Faz-
se necessário, para que se tenha um vislumbre da realidade dessa separação,
compreender, antes de tudo, a santidade de Deus.
Mais de 555 vezes na Bíblia, lêem-se os termos Santíssimo e Santo,
mostrando o caráter santo da natureza divina. A principal palavra do Velho
Testamento é GADHÔSH que, em sua origem semítica, significa "separação". A
santidade de Deus pode ser considerada como a síntese de todos os seus
atributos, ou ainda pode ser chamada de "o atributo dos atributos". A santidade é
o padrão da conduta de Deus, padrão esse que é a Sua própria natureza
intrínseca. Podemos então dizer que santidade é o padrão de Deus e que Deus é
o padrão da santidade.
De fato, é importante saber que Deus é santo, e que em sua
natureza santa há total repulsa pelo pecado e pela desobediência.
Foi a natureza santa do Criador que levou Adão e sua mulher a se
esconderem de Deus; a se sentirem nus, mesmo depois de já terem tecido vestes
de folhas de figueira para se cobrirem. Mas, essa santidade só se mostra
condenadora diante do pecado. Antes de haver pecado, esse confronto não se
manifestava.
Um dos grandes exemplos da Bíblia, da manifestação da
consciência de pecado do homem em relação ao caráter santo de Deus, é-nos
apresentado no livro de Isaías, capítulo 6, quando da narrativa da visão que
aquele profeta teve da glória de Deus. A progressão da narrativa mostra-nos que,
quando a santidade de Deus foi proclamada e manifestada, Isaías exclamou: " Ai
de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de
um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei... o Senhor!..."
O pecado se embrenhou na natureza humana, legou ao homem um
desgraçado estado de separação de Deus. O que antes da queda não se fazia,
passou a ser feito depois dela, ou seja: a invocação de Deus ( Gênesis 4:26). A
relação do homem com Deus, anterior à queda, era natural e constante, não
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havendo, portanto, necessidade de uma invocação, pois Deus não estava separado
do homem em relacionamento e comunhão.
Quando o homem pecou, um grande abismo surgiu entre ele e
Deus, no sentido da comunhão e do relacionamento entre ambos. A santidade de
Deus é incompatível com estado de pecaminosidade da criatura humana.
Anteriormente à queda, Deus estava separado do homem e de sua
criação apenas no que diz respeito à sua infinitude como Criador e pessoa
independente:
O diagrama daquele estado pode ser assim representado:

DEUS

Abismo promovido pela infinitude

Homem e o resto da criação, incluindo a parte mecânica do Universo5

Conquanto houvesse aquela divisão em função da Infinitude do


Criador como ser pessoal, havia por outro lado, uma indivisível comunhão
pessoal entre Deus e o homem feito à sua imagem e semelhança.
No entanto, o diagrama que hoje se tem que apresentar para
significar o que aconteceu depois da queda difere contundentemente do primeiro.

DEUS-CRIADOR pessoal e infinito

Abismo em razão de sua infinitude

Q Homem e Criação
U
E Abismo criado pelo pecado do homem
D
A
Homem e o resto da Criação (Romanos 8:22-25 )

No primeiro diagrama, ficou patente o fato de que, em razão da


infinitude de Deus, o homem, por ser finito, nunca compreenderia totalmente o
Criador. Mas isso nada significava porque havia entre eles uma linguagem
espiritual inerente à perfeita comunhão pessoal, pois ambos são seres pessoais.
No segundo diagrama, evidencia-se que, depois da queda, o homem
ficou totalmente separado de Deus pela infinitude do criador e pelo pecado, não
havendo para ele, por causa do pecado, possibilidade de manter comunhão com
Deus.
Podemos então dizer que o que acontece hoje de maneira natural na
vida de todos os homens é a separação de Deus, "pois todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus" (Romanos 3:23).
Em terceiro lugar, houve uma divisão interior no homem. A grande
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mentira engolida pelo homem na sua queda trágica foi a de que seria, como
Deus, conhecedor do "bem e do mal". Todo homem tem conhecimento desses
valores e é capaz de dizer que a consciência o assombra com seu rigor e com
seus critérios. Mas a grande mentira esteve nesta comparação: "Como Deus,
sereis conhecedores". Esta é uma terrível mentira. Deus conhece o bem e o
pratica de modo absoluto. Conhece o mal e o rejeita e odeia, e nele não há
injustiça. Destarte, tal não aconteceu com o homem, que conhece o bem e não o
pratica, conhece o mal e não o rejeita.
Eis o drama de todos os homens: "Não faço o bem que prefiro, e,
sim, o que detesto. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita
bem nenhum: pois o querer está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não
faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o
que não quero, já não sou eu quem o faz, e, sim, o pecado que habita em mim.
Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim" (
Romanos 7:15 a 21.)
Sobre esta dicotomia entre o que o homem "é" e o que ele quer
"ser", diz-nos o Dr. Francis Schaeffer: "A queda não só originou uma divisão
entre Deus e o homem primeiramente, mas dividiu o homem contra si mesmo.
Estas são as divisões psicológicas. Estou convencido de que esta é a psicose
básica: que o homem, individualmente falando, encontra-se dividido em sua
própria estrutura de personalidade como resultado da queda."6
O estado de rebelião do homem legou-lhe uma atrofia também na
mente, na sua possibilidade de percepção, e o colocou numa total impossibilidade
de usar o seu intelecto com a pujança primária, não havendo portanto, depois da
queda, a autonomia que hoje tanto se pretende para o intelecto humano. Isso pode
ser confirmado em nossos dias, com o conhecimento de que somente 10% da
mente do homem é que são usados por ele mesmo. O livro de Gênesis, nos seus
três primeiros capítulos, mostra-nos o homem em total integração com a
natureza. Dir-se-ia que havia um diálogo instintivo entre os seres da natureza
(Gênesis 2:19 e 20). Há, também, o significativo fato de que as plantas vibram e
sentem, e isso não lhes foi dado por Deus em vão. Pensamos que, anteriormente à
queda, o ser humano podia relacionar-se com os vegetais, sendo uma espécie de
comunicador tanto consciente, no nívve com Deus, quanto instintivo, no seu
relacionamento com os animais e os vegetais. temos igualmente como certo, que
os 90% da mente do homem que, hoje em dia não são utilizados, tanto servem
para esacima, como também foram atrofiados e embotados pela queda. Anelo
pelo dia em que uma criança meterá a mão na cova do basilisco, e um pequenino
conduzirá um leão. Naquele tempo, a mente do homem terá sido redimida.
Anteriormente à queda, não havia uma autonomia intelectual
proveniente das elucubrações do pensamento no que diz respeito ao
conhecimento de Deus, pois as relações do homem com Deus eram feitas com
base em uma completa comunhão espiritual, praticada com toda racionalidade e
santidade. Havia uma razão superior inerente ao estado original de obediência
que proporcionava ao homem um relacionamento intelectual com Deus,
promovido pela racionalidade perfeita em face da isenção do pecado. A queda,
no entanto, daí precipitou o homem.
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A quarta conseqüência da queda está na desordem que ela
provocou na natureza. Em Romanos 8, lemos: "Porquanto a criação ficou sujeita
à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou." Observe-
se a expressão: " Não por sua vontade." A quem se refere o apóstolo Paulo? De
quem foi a vontade que sujeitou a natureza a um estado de divisão contra si
mesma, ou seja, a um estado de guerra contra si própria? Se alguém pretende
envolver nesse drama a pessoa de Lúcifer, deve saber que isso não faz sentido.
Vejamos por quê: Conquanto Lúcifer já tivesse, nos tempos anteriores à história
do homem, pecado e dado origem a uma rebelião angelical, ele, com seu pecado,
não pode ser o acusado de ter sujeitado a natureza ao estado de rebelião, pois,
apesar do pecado já existente no universo, Deus, assim mesmo, no que diz
respeito à criação do homem, das espécies existentes na terra, dos vegetais e das
manifestações mecânicas da natureza, fê-los em total harmonia e equilíbrio, sem
que entre eles houvesse guerra e predadores. (Gênesis 1:10, 12, 21, 25, 31).
Uma compreensão bem nítida do problema, tem o Dr. Schaeffer: "
Uma parte essencial de toda verdadeira filosofia é a compreensão correta da
norma e plano da criação como revelada pelo próprio Deus que a concretizou.
Por exemplo, devemos ver que cada espécie criada em sentido ascendente -
máquina, planta, animal irracional e o homem - utiliza-se daquilo que é inferior a
si mesma. Damo-nos conta de que o homem utiliza o animal, a planta e a
máquina; de que o animal come a planta e a planta utiliza a porção mecânica do
universo."7
Francis Bacon, cientista dos primórdios da ciência moderna,
observou: "O homem, pela queda, caiu, ao mesmo tempo, de seu estado de
inocência e de seu domínio sobre a natureza."8
Quando Bacon faz referência ao termo "domínio", está tão somente
pensando de acordo com a Bíblia, em Gênesis 1:28. Nem Bacon nem a Bíblia
estão dizendo que o homem, legalmente falando, seja o soberano da natureza.
Somente Deus tem o direito a essa soberania. No entanto, a queda lançou tanto o
homem como a natureza em guerra entre si e contra si mesmos.
É necessário observarmos que quase todas as maldições do capítulo
3 de Gênesis atingem as manifestações externas e físicas. É a terra que passa a
ser amaldiçoada por causa do homem (v.17). É o corpo da mulher que sentirá
desconforto durante a gravidez e dores múltiplas no parto (v.16).
Sendo assim, o homem, e não Lúcifer, foi quem sujeitou a natureza
à vaidade das disputas, mas foi Deus, soberanamente, quem determinou que a
natureza se colocasse em disputas, por causa do pecado do homem ( Gênesis
3:17, 18). Mas, porque foi atingida pela queda, a natureza também está plantada
na esperança da redenção (Romanos 8:20, 21, 22).
Vejamos o que Deus disse ao homem posteriormente à queda:
"Visto que atendeste à voz da tua mulher, e comeste da árvore que eu te ordenara
não comesses: Maldita é a terra por tua causa: Em fadigas obterás dela o sustento
durante os dias da tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu
comerás a erva do campo." (Gênesis 3:17 e 18).
Quando Deus disse "ela ( a terra ) produzirá", ele estava
anunciando que, com a queda, haveria na natureza o surgimento de espécies
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aguerridas e provocantes de dificuldades e conflitos. Não sabemos até que ponto
os "cardos e abrolhos"podem ser símbolos de uma desordem bem mais extensa,
como cremos que são.
É por não terem uma compreensão da queda que homens como
Hugh Evan Hopkins, têm escrito, expondo o conflito entre a natureza e a
onipotência e bondade de Deus, como se segue: "Se a lei de toda criação fosse a
justiça, e se o Criador fosse onipotente, então, qualquer que seja a quantidade do
sofrimento ou de felicidade dispensada ao mundo, a participação nela de cada
pessoa, seria distribuída de acordo com os bons ou maus atos de cada um.
Nenhum ser humano teria um pior quinhão do que outro, sem ter merecido uma
situação pior; acidentes e favoritismos não teriam nenhuma participação neste
mundo, sendo que cada ser humano estaria desempenhando seu papel num drama
que teria sido preparado como uma história moral perfeita. Nenhuma teoria do
bem, por mais comprada ou distorcida que tenha sido por qualquer fanatismo
religioso ou filosófico, tem conseguido fazer com que o andamento da natureza
se assemelhe à obra de um Ser, que seja ao mesmo tempo, bom e onipotente."9
A única explicação plausível para a desordem existente na forma
do sofrimento legado à humanidade e à natureza é a queda do homem, pois, sem
que se admita o seu advento histórico, é-nos impossível tentar conciliar a criação
com um Deus bom e ao mesmo tempo onipotente. Porém, com convicção cremos
que Deus, ao criar todas as coisas, viu que tudo o que fizera era "muito bom"
(Gênesis 1:31).
A quinta conseqüência da queda foi o estado de morte em três
dimensões que ela legou à humanidade.
O estado de caídos resultou-nos na morte física e espiritual dentro
do tempo, na penalidade ameaçadora da morte eterna. Vejamos como isso
aconteceu, examinando cada dimensão separadamente.

1) A morte física.

A Bíblia diz: "Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que
tornes à terra, pois dela fostes formado: porque tu és pó e ao pó tornarás."
(Gênesis 3:19) Outras referências interessantes a essa área da morte são-nos
apresentadas em Hebreus 9:27 e no Salmo 89:48, respectivamente: "Aos homens
está ordenado morrerem" e "Quem há que viva, e não veja a morte?". Poderíamos
citar muitas referências bíblicas que fazem alusão a essa área da discussão,
porém isso se torna dispensável em razão de que esta é uma lei universal e
irrefragavelmente incontestável. Dela todos os que vivem participam. Quem dela
tem podido isentar-se?
Há um provérbio russo que diz: "Não se morre mais de uma vez,
mas dessa viagem ninguém escapa." Os cemitérios atestam a realidade dessas
palavras. Escreve-se com profundidade e a terra revelará em seu coração os
fósseis de muitos anos passados que testemunham essa lei universal. Mas, a
princípio, as coisas não eram assim. Essa não era a realidade dos seres vivos.
Alguns levantam a seguinte questão: Como, num mundo sem
morte, o homem resolveria o problema da explosão demográfica? De fato sabe-se
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que, em muitos países, a morte parece ser uma boa solução para os seus
problemas econômicos e demográficos. Tomemos como exemplo a Índia:
quando os ingleses lá chegaram e vacinaram milhares de pessoas contra a raiva,
extinguiram um elemento controlador das labaredas demográficas da Índia. Essa
foi a reclamação de milhares de hindus. Não obstante, o problema da explosão
demográfica não se manifestaria se a queda não tivesse havido. Deus é
controlador de todas as coisas. Ele promoveria o perfeito equilíbrio na balança
demográfica.
Se Deus não tivesse pronunciado a sentença de morte a todos os
homens depois de caídos, todos continuariam vivendo em seus pecados e
maldades, até que a terra se tornasse o próprio inferno. Imaginemo-nos vivendo
no mundo em que prosseguissem, ao mesmo tempo, as maiores aberrações
morais e os maiores déspotas da história. Que se faria num mundo em que na
mesma época vivessem Caim, Lameque, Manassés, Antíoco Epifânio, Nero,
Hitler, Stálin, Idi Amin e o aiatolá Komeíne? Acreditamos que isso seria o
inferno. Você gostaria de viver nesse mundo? Imagine-se fazendo um concurso
público no qual homens de sete mil anos de idade estivessem concorrendo. Você
teria condições de competir com essas feras da cultura milenar? Imagine,
também, que o nosso mundo é terrivelmente manipulado por uns poucos, que
concentram as riquezas e o poder em suas mãos. Esses déspotas tornam-se
poderosos no espaço de apenas uma geração, mas quando eles morrem a terra
respira. Você já pensou no que aconteceria se eles vivessem para sempre? De
quem seria esse mundo? Talvez conseguíssemos contar numa só mão os seus
donos.
A Bíblia, no entanto, revela: "Visto que os seus dias estão
contados, contigo está o número dos seus meses; Tu ao homem puseste limites,
além dos quais não passará." (Jó 14:5)
A morte é a mais comprovada de todas as leis do universo. Os seres
quando nascem já começam automaticamente uma carreira inconsciente - exceto
no caso do homem que é consciente - contudo, ininterrupta, para o fim. É nessa
direção que eu e você estamos caminhando também!

2) A morte espiritual.

Em Efésios 2:1, lemos: "Ele vos deu vida, estando vós mortos nos
vossos delitos e pecados." E no mesmo livro, capítulo 5:14, encontramos:
"Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos e Cristo te iluminará."
Por que a Bíblia diz que o homem caído está em delitos e pecados?
Simplesmente porque a vida espiritual depende total e intrinsecamente das
relações entre o espírito do homem e Deus. Como já vimos, Deus abomina o
pecado, e sua natureza santa não se compatibiliza com ele. É, pois, necessário
saber que o pecado afasta completamente a possibilidade de Deus comunicar-se
com o homem, e a ausência de Deus, que é a própria vida em essência e
plenitude, deixa o homem morto na solidão e nos seus pecados. Essa morte,
alienação e solidão do homem, pode ser ilustrada vividamente pelo exemplo do
pintor Mondrian (1872-1944). Lutando para tentar expressar nos seus quadros
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uma arte universal, Mondrian buscava retratar o universo da existência. Por isso,
chegou à conclusão de que não poderia emoldurar os seus quadros, para que eles
não parecessem buracos na parede. Todavia observou que havia uma
discrepância entre o quadro, a parede e a mobília. Em razão disso, começou a
compor a parede e a mobília, de maneira que pudessem ajuntar-se ao quadro
como um todo. Assim, Mondrian conseguiu um equilíbrio entre o quadro, a
parede e a mobília. Entretanto, ao se observar um homem diante desse conjunto,
nota-se outra discrepância: O universo de Modrian não se harmoniza com o
homem, pois essa é a sensação que se tem quando um ser humano fica à frente
desse complexo-universo-existencial. Essa é a morte e a solidão do homem em
seus delitos e pecados.
É interessante esta dimensão espiritual do homem na qual este já se
considera morto, mesmo quando ainda está vivo no corpo. É a respeito destes
mortos-vivos que Jesus se referiu ao chamar um judeu para segui-lo. Na ocasião,
o discípulo disse que não poderia segui-lo pois ainda precisava enterrar o seu pai.
Mas Jesus lhe disse: "Deixa aos mortos o enterrar os seus próprios mortos." A
primeira vez que a palavra mortos é usada no versículo, ela faz alusão àqueles
que, conquanto estejam vivos, já estão mortos. Na segunda referência, a palavra
mortos mostra a realidade dupla da morte: tanto no corpo, quanto no espírito.
Fica, pois, demonstrado que a queda trouxe ao homem também a
experiência de morrer espiritualmente.

3) A morte eterna

No estado de corrupção imposto pela queda, aparece a grande


realidade de uma morte eterna. Por que o homem caído e não-restaurado morre
eternamente? É fácil responder. Simplesmente porque o que por ele foi rejeitado
é de natureza eterna, e também porque a sua vida é de caráter eterno,
indestrutível; e ainda, porque o pecado entrou no mundo, no nível da presente
existência, pelo homem encarnado, portanto, o problema do pecado na vida da
humanidade tinha que ser resolvido neste nível da existência, e na vida de cada
homem, individualmente, enquanto ele está vivo no corpo. Toda e qualquer
solução para o problema do homem tem que ser apresentada a ele enquanto está
no corpo. Ele pecou encarnado, precisa ser redimido encarnado, ou seja,
enquanto está vivo no corpo. ( Romanos 5:12)
No grande conflito que envolveu a mente do homem nos momentos
anteriores à desobediência, havia uma grande luta entre o que é temporal e o que
é eterno. O grande e único mandamento, àquela altura, tinha como penalidade de
sua não-observância a queda da imortalidade para a mais frágil e terrena
mortalidade. Portanto, quando em aquiescência ao eu o homem desobedeceu a
Deus, ele estava decididamente trocando o eterno pelo temporal, em face de que
o mandamento assim determinava: "No dia em que dele comeres, certamente
morrerás." É, pois, de esperar-se que a rejeição da vida eterna implique inevitável
e irreversivelmente em morte eterna.
Em Mateus 25:46, Jesus disse: "E irão estes para o castigo eterno."
Ninguém em toda história advertiu mais acerca de um castigo eterno do que
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Jesus. De igual modo, ninguém além dele trouxe uma real esperança para após a
morte: "Se alguém guardar a minha palavra não verá a morte, eternamente." E
entre vintenas de outras promessas ouçamos esta: "Quem ouve a minha palavra e
crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da
morte para a vida." (João 5:24)
Sem dúvida, trágico, amargo e indizível em solidão deve ter sido
para Adão o primeiro pôr-do-sol sem a companhia do Criador. Estranha e
profunda melancolia deve ter-lhe invadido o coração. Já não havia em seus lábios
o habitual e espontâneo poema de louvor a Deus. No seu peito, fazia-se sentir um
vazio do tamanho do infinito, logo, do tamanho de Deus. E, no seu coração, o
peso do pecado que o afastara de Deus e o projetara numa terrível e irremediável
condição espiritual o apertava e oprimia.
Impossível, no entanto, é para o homem viver curtindo no peito um
vazio do tamanho de Deus. Foi então, na tentativa de redimir essa situação de
solidão e culpa, que os sistemas humanos surgiram, tendo como objetivo
conseguir restabelecer entre o homem e o Criador, ou porque mesmo não dizer -
olhando exclusivamente para a dor humana e o desejo que o homem tem de não
sentir ou ser atingido por qualquer sofrimento para promover qualquer situação
ou paliativo que tirasse o homem do seu estado de solidão, vazio e dor, oriundos
da desobediência e do pecado.
Assim, é que convidamos os leitores a prosseguirem nesta leitura,
analisando, juntamente conosco, os sistemas humanos, seus ideais, suas histórias
e os seus fins.

BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) STOTT, J. R. W. Cristianismo Básico. São Paulo, ABU e


Edições Vida Nova, 1973.
(2) SCHAEFFER, Francis. A Morte da Razão. São Paulo, ABU
Editora, 1975.
(3) Apud Schaeffer, op. cit.
(4) A BÍBLIA Sagrada. ed. rev. e atualizada. Trad. por João
Ferreira de Almeida, Rio de Janeiro, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.
(5) SCHAEFFER op. cit., pág. 25.
(6) BACON, Francis. Poluição e Morte do Homem. 2.ª ed., Rio de
Janeiro, JUERP, 1976, pág. 73.
(7) Id., pág. 77.
(8) Id., ibid.
(9) LITTLE, Paul. Você Pode Explicar Sua Fé? 2.ª ed., São Paulo,
Ed. Mundo Cristão, s. d.
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2
O SISTEMA RELIGIOSO

As origens da religião são antigas, tanto quanto o desejo de o


homem reatar sua relação com Deus.
Religião é a tentativa de religar o homem à divindade. É uma
tentativa de baixo para cima, do homem para Deus. Entre as muitas definições
que os dicionários dão ao termo, a linha básica do pensamento é a seguinte:
"Crença em Deus ou deuses (...), adoração a Deus ou deuses".
A história da religião, nos seus primórdios, nos é apresentada na
Bíblia em Gênesis 4, quando Abel e Caim apresentaram-se diante de Deus para
oferecerem sacrifícios. Ali se percebe claramente que os dois homens eram tão
distintos em suas estruturas de personalidade, quanto o foram nas suas ofertas
religiosas. Abel, filho mais novo de Adão, leva a Deus uma oferta de sangue, de
vida pela vida, de substituição. Imolara para Deus um sacrifício cujo fruto era das
"primícias do seu rebanho e gordura deste". Caim, primogênito de Adão, leva a
Deus uma oferta das suas atividades, de sua cultura como agricultor. Era uma
atitude de ser aceito pelas suas obras. Diz-nos a Bíblia, que de Abel e de sua
oferta, Deus se agradou, porém não se agradou de Caim e de sua oferta.
O que aprendemos nós desses dois irmãos? Pensamos que a lição
ensinada foi de que a verdadeira relação com Deus ( a de Abel ) exige "um
substituto inocente", reivindica sangue como substituição pela vida e pela
expiação do pecado. "Porque a vida da carne está no seu sangue." (Levítico
17:11). E ainda porque "sem derramamento de sangue não há remissão de
pecados". (Hebreus 9:22) Assim também aprendemos que relação errada com
Deus (a de Caim) parte de um esforço humano no sentido de com as suas
próprias obras e virtudes "comprar" o direito de ser aceito por Deus. Porém, o
relacionamento com Deus não vem de "obras para que ninguém se glorie."
(Efésios 2:8,9). Havia necessidade de se derramar sangue, em substituição pela
vida, pela seguinte razão: o pecado entrou no mundo pelo homem. Mas ele não
só entrou no mundo-humanidade, como também no nível da existência material.
Ora, a sublime manifestação da vida material está no corpo e seu complexo. No
entanto, a vida do corpo está potencialmente no sangue, logo, em termos de
escatologia redentiva, o sangue prefigurava Cristo e seu sacrifício, mas
igualmente oferecia-se como o autêntico representante do valor material ao nível
da vida em que o pecado se introduziu no mundo.
Quando neste capítulo, nos propusemos a analisar o sistema
religioso, fizemo-lo desejando tão-somente enveredar no caminho da religião
como deve ela ser entendida em sua forma etimológica e em seu ideal extra e
anti-bíblico.

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Religião, no sentido etimológico da palavra, é uma atitude de busca
de nivelamento em direção ascendente: de baixo para cima, do homem para
Deus, do natural para o sobrenatural, do terrestre para o celestial. E essa busca é
parte de um credo religioso que reza que o homem tem possibilidades, extra-
revelação, de descobrir e alcançar o Criador através de elucubrações mentais e de
esforços ou por meio de penitências físicas e espirituais para se relacionar com
ele independentemente de qualquer revelação que Deus faça de si próprio.
O fato é que, quer o homem aceite uma relação com Deus que
dependa da revelação ou aceite a relação que dependa do seu esforço ou da sua
autonomia mental, sempre há em cada ser humano um sensus deitatis ( senso de
divindade ). Sempre há consciência de um ser supremo, de uma mente suprema.
Alguns dizem que cada homem tem basicamente uma doença chamada
religiosidade mas, talvez, como diz R. B. Kuiper, seja melhor chamá-lo de
"constitucionalmente religioso".1 Essa qualidade está tão intrinsecamente
entranhada na natureza humana quanto a própria racionalidade, pois tanto esta
como aquela fazem parte de sua nobreza de caráter.
Na Segunda Guerra Mundial dizia-se: "Não há nenhum ateu nas
trincheiras." Esta é uma verdade básica. Há um incontrolável senso de divindade
em cada criatura humana, principalmente diante do perigo.
A religião, na gênese de sua formação, era constitucionalmente
monoteísta. A Bíblia declara assim, e muito contundentemente o tem
demonstrado. Wilhelm Schmidt, em sua obra A Origem da Idéia de Deus, declara
haver chegado, pelo método histórico, à conclusão de que a mais rudimentar
religião humana era essencialmente monoteísta.
Alguém poderia perguntar: "Como então há tantas religiões e
conceitos de deuses no mundo e através da História?" A Bíblia diz que isso foi
causado pela religião de Caim, pela religião da autonomia, pela teologia natural.
Observemos: "... Mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a
criatura em lugar do Criador." (Romanos 1:25) Sobre isso diz-nos Billy Graham:
"Certa vez, vi um homem na Índia, deitado sobre um leito de
pregos. Ele já estava ali havia muitos dias, sem comer, e bebendo pouca água.
Com isso tentava fazer expiação pelos seus pecados. Em outra ocasião, na África,
vi um homem caminhar sobre carvão em brasa. Ao que pensava, se ele saísse dali
ileso teria sido aceito por Deus; se se queimasse, seria considerado pecador,
necessitado de arrependimento.
"Certa missionária na Índia, ao passar pelas margens do rio Ganges
notou uma mulher sentada ali com dois de seus filhos. No colo, estava uma
belíssima criancinha e, choramingando a seu lado, uma criança bastante retardada
de cerca de três anos. Ao retornar mais tarde para casa, a missionária viu a jovem
ainda sentada no mesmo lugar, tentando consolar o filho retardado, mas o bebê
não estava mais ali. Horrorizada com o pensamento que lhe ocorreu, e que
poderia ser verdadeiro, ela hesitou um momento, mas dirigiu-se à mulher e
perguntou-lhe o que acontecera. Com lágrimas escorrendo pelo rosto, a mulher
ergueu os olhos e disse: "Não sei o seu deus, mas o deus da minha terra exige o
melhor". Ela dera o bebê perfeito ao deus do Ganges".2

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Quem pode negar que os fatos narrados acima tenham uma forte
ligação com o sacrifício de Caim?
A religião, do ponto de vista humano, sempre é penitenciosa e, por
conseguinte, busca uma autonomia para a salvação! A Bíblia, no entanto, diz que
Deus "não se agradou de Caim e de seu sacrifício".
Marchando, paralelamente, no tempo e no espaço, sempre
coexistiram dois conceitos de relação com Deus. Como já vimos, ambos bem
podem ser personificados em Caim e Abel.
Na Bíblia, no entanto, patenteia-se a realidade de não haver
qualquer possibilidade de uma relação com Deus que seja comprada pelas obras
provenientes de um entendimento soberbo pela autonomia que se pensa que o
homem possui.
John Bunyan com perspicácia observou: "A religião é a melhor
armadura que um homem pode ter; mas, como manto, seria o pior."3
A religião natural desenvolveu-se na mente dos homens há milhares
de anos. Em todas as culturas de povos que já existiram observa-se, sem exceção,
a presença de alguma crença religiosa.
Ao contrário do que se pensa com muita freqüência, o monoteísmo
estribado na revelação de Deus não começou com Abraão em Ur dos caldeus.
Nele, houve sim, uma volta ao monoteísmo da base primeira, em face da
autonomia que o homem pensou possuir, que já, àquela altura, evidenciava seus
resultados, deformando totalmente o monoteísmo original e dando início ao
politeísmo. Com Abraão, houve o retorno ao monoteísmo calçado pela revelação
divina. A História, daí para diante, conheceu sempre duas escolas de pensamento
religioso, escolas que podem ser denominadas naturalistas ou evolucionistas, e
sobrenaturalistas ou da revelação. A primeira escola ensina que o homem evoluiu
no curso de sua existência como espécie, aguçando gradualmente o seu senso de
percepção do divino. A segunda escola postula, com base na revelação de Deus,
que o homem em seu estado natural de caído não tem qualquer autonomia no seu
senso do divino, tendo tão-somente consciência de sua existência, mas não,
meios autônomos de se relacionar com Ele, a não ser através da revelação que
Deus faz de si próprio.
O judaísmo e mais tarde o cristianismo foram as únicas religiões
que mantiveram essa posição de total dependência da revelação divina.
No judaísmo houve revelações de Deus que se cumpriram na vida
de Israel como nação, que também anunciavam a futura redenção oferecida a
todo homem com base na oferta de Abel, ou seja, numa substituição com o
elemento sangue. Enquanto isso, todos eram salvos nessa esperança e, até fora de
Israel, muitos aguardaram essa promessa e por ela foram salvos. Sobre o assunto
observa Billy Graham: "Um famoso conhecedor da Bíblia, o Dr. Donald
Barnhouse, falou acerca de uma viagem fluvial que teve de realizar, pelo centro
da África. Logo que entrou no barco, viu uma galinha, e pensou tratar-se do
almoço deles. Cerca de duas ou três horas depois, ouviu um rumor distante e
percebeu que se aproximavam de corredeiras. Os homens naturais do lugar, que
remavam a embarcação, dirigiram-se para a margem do rio, pegaram a galinha, e
foram para a mata. Fizeram um altar tosco. Antes de oferecerem a ave no altar,
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deceparam-lhe a cabeça e espargiram o sangue na parte anterior do bote. O Dr.
Barnhouse disse que percebeu uma vez mais que, mesmo sem terem ouvido um
missionário, e sem a palavra de Deus, aqueles homens sabiam que havia
necessidade de um sacrifício."4
Com o cristianismo, que não é uma religião há apenas dois mil
anos, porém rotulada nesse tempo, pois ela é apenas o cumprimento histórico de
antigas promessas feitas por Deus aos israelitas, houve verdadeiramente a plena
manifestação da relação de Deus com o homem, quando ele mesmo assumiu a
forma humana e se revelou pessoalmente, encerrando assim toda Revelação,
como bem nos diz o escritor da epístola aos hebreus: "Havendo Deus, outrora,
falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais pelos profetas, nestes últimos
dias nos falou pelo filho a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual
também fez o Universo!" (Hebreus 1:1 e 2)
Os anos se passaram até que, no cristianismo histórico, o qual se
distingue do cristianismo bíblico, ocorreu a penetração quase que imperceptível
da religião natural. Isso aconteceu com o advento de Tomás de Aquino. Na
concepção de Tomás de Aquino o homem estava caído na vontade, mas não no
intelecto. Essa teologia abriu no cristianismo histórico uma imensa ponte para a
religião natural, que entrou sem pedir licença.
Com a teologia de Aquino, o intelecto humano tornou-se autônomo
e conseqüentemente capaz de prescindir da Revelação. Aquino partiu da
perspectiva de que a teologia natural é uma teologia que se poderia formular
independentemente das Escrituras. Isso certamente implicaria numa filosofia
religiosa, porém Tomás esperava que resultasse numa harmonia e dizia que
existia uma correlação entre a teologia natural e a revelação escriturística, ou
seja, que a mente humana por si só chegaria à conclusão a que as Escrituras
chegaram.
Passaram, pois, a coexistir, rotulados com o mesmo nome, dois
cristianismos. O primeiro, o da revelação verbalizada e proposicional, ou seja, o
cristianismo das Escrituras. O segundo, o cristianismo evolutivo e histórico,
dissociado das Escrituras e aliado à autonomia mental do homem filosófico e
religioso.
Se pensa-se, com convicção, que a mente humana é autônoma,
deve-se, por conta desse conceito, sair à procura do lugar do homem no
Universo, partindo-se, evidentemente, das elucubrações filosóficas e religiosas.
Foi justamente nesta odisséia espiritual que o homem foi colocado dentro de um
certo cristianismo, embora permanecesse fora do cristianismo calçado no
evangelho da paz.
Com a autonomia religiosa do homem veio também um obstinado
senso crítico. Foi assim que, dentro do cristianismo, surgiram os seus mais
perigosos inimigos. Ora, isso é fácil de imaginar-se. Se pode-se prescindir da
revelação escriturística, pode-se, obviamente, em nome dessa independência,
criticá-la de acordo com a conveniência de um melhor ajustamento com a
teologia natural, ou seja, com a teologia das circunstâncias e das contingências. A
teologia natural não contextualiza as Escrituras às circunstâncias concretas da
existência, mas tão-somente usa seus símbolos, termos e expressões, destituídos
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do sentido original e primário. Trata-se de uma manipulação de termos
escriturísticos, todavia, tomados apenas para sacralizar os pensamentos da
teologia natural.
No entanto, a busca autônoma de Deus, que já havia falhado na
História inteira, estava também fadada a falhar no cristianismo da teologia
natural. É nesse cristianismo naturalístico que os teólogos frustrados com a sua
insatisfação espiritual encontram, ao fim dessa escorregadia escalada, a doutrina
do Deus morto. Ao afirmarem a morte de Deus eles estão dizendo de duas uma
coisa: ou que Deus nunca existiu ou que ele é incognoscível, a nível de uma
busca exaustiva de conhecimento de sua realidade.
Depois do fracasso, no entender de Francis A. Schaeffer, poderiam
ter feito duas coisas a fim de continuarem no campo racional e lógico, ao invés
de terem caído no irracional místico de terem fé na fé. Poderiam ter abandonado
seu racionalismo fracassado e voltado à teologia bíblica da Reforma, a qual
tinham rejeitado com base nas pressuposições naturalísticas; ou poderiam tornar-
se niilistas no que se refere ao pensamento e à vida. Porém, em vez de
escolherem uma destas duas alternativas racionais, escolheram um terceiro
caminho, exatamente como os filósofos: um terceiro caminho inconcebível para
o homem culto antes disso, que implicava numa divisão no conceito de verdade,
pois caíram no paradoxal "absoluto do relativismo". Quando dizemos absoluto do
relativismo é porque, ao afirmarem que não há uma verdade absoluta na vida,
eles estão colocando o relativismo como um absoluto. Além dessa posição em
prol do relativismo, eles caíram na irracionalidade de crerem em Deus, mesmo
partindo do pressuposto de que Ele é inatingível, ou melhor, não pode ser
experimentado. Ilustração dramática disso, é-nos dada por Ruben Alves, em
entrevista concedida ao jornal Kairós Momento, da Aliança Bíblica
Universitária: "Ah! Deus tem de existir. Eu aposto na existência d´Ele, embora
eu não possa provar, tenho apenas indicações". É aí que Ruben Alves se torna
mais grave e fala como se estivesse narrando o saldo de mortos e feridos de uma
batalha. Para ele, Deus é inatingível pelo conhecimento, e resta somente o salto
irracional da fé", diz o articulista do Kairós. "É como um salto de pára-quedas.
Você tem de confiar que vai abrir. Deus não pode ser conhecido porque o justo
viverá da fé. Se eu posso conhecê-lo, então, para que a fé?"5 Assim, numa linha
Kierkegardiana, Ruben Alves não busca fundamentação racional de Deus e da fé.
Como ele, há milhares de cristãos nos nossos dias. Podemos mesmo afirmar que
todos quantos não admitem a Bíblia como a Palavra de Deus, e não voltaram ao
cristianismo das Escrituras, estão nessa desalentadora situação de terem
construído um sistema autônomo que falhou na busca de Deus. Pois, segundo
Ruben Alves, a única Palavra de Deus que a Bíblia define, é a intenção de Deus
de estar sempre criando. "Se eu leio corretamente a Bíblia, a Palavra de Deus,
imutável, é a sua intenção criadora, o que não significa que Deus faça sempre as
mesmas coisas." Ora, com esse tipo de concepção, o melhor que se faz é desistir
de tentar conhecer esse Deus cuja imutabilidade está no fato de que ele
estabeleceu mudar freqüentemente. Com base em tamanha criatividade, não há
homem que possa conhecer e andar com esse Deus. Para tais homens, Deus está
morto na prática e vivo apenas como concepção vaga e etérea. Para que eles
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consigam continuar sobrevivendo nesse mundo é preciso arregimentar toda fé
que possam para então canalizarem-na numa fé cega e incomunicável.
As alternativas que a religião moderna está propondo são
basicamente as seguintes:

1) O pan - homo - ismo. Pode ser percebido e entendido pela


poética conclusão de Ludwig Fernebach: "A consciência de Deus é
autoconsciência, o conhecimento de Deus é autoconhecimento. A religião é o
solene desvelar dos tesouros ocultos do homem, a revelação dos seus
pensamentos íntimos, a confissão aberta dos seus segredos de amor".6 Eu
chamaria essa declaração não de "Panteísmo", nem de "Pantodo-ismo", mas de
"PAN-HOMO-ISMO", pois a pressuposição é que Deus está em todo homem, e
que conhecer-se a si mesmo é conhecer a Deus. Todavia, se fosse assim,
cairíamos na tragédia de que a nível individual Deus só seria Deus no impossível
ajuntamento das intimidades e conhecimentos próprios, que são sempre
insondáveis. Portanto, se essa teoria fosse prática, eu estaria perdido na escuridão
de uma teologia auto-psicanalítica, pois o eu-meu-Deus nada responde a mim
mesmo, porque, se nele houvesse respostas, nada se lhe necessitaria perguntar,
pois é de se supor que haveria um subconsciente estado de paz e harmonia, mas
isso não acontece. Também em termos coletivos, sociais, comunitário etc... a
teoria não é prática, pois o Deus não integra o coletivo na experiência mútua, não
tendo, portanto, nenhuma utilidade tanto no mundo individual e interior de cada
homem, quanto no seu ambiente coletivo de existência.

2) A religião dos símbolos e das configurações imaginárias.


Observemos um texto bastante significativo que se propõe a codificar o
pensamento da religião dos símbolos e das configurações imaginárias: "para a
religião, não importam os fatos e as presenças que os sentidos podem agarrar.
Importam os objetos que a fantasia e a imaginação podem construir. Fatos não
são valores: presenças que valem o amor. O amor se dirige para coisas que ainda
não nasceram, ausentes. Vive do desejo e da espera. E é justamente aí que
surgem a imaginação e a fantasia, encantações destinada a produzir... a coisa que
deseja..." Concluímos, assim, com honestidade, que as entidades religiosas são
entidades imaginárias.
"Sei que tal afirmação parece sacrílega. Especialmente para as
pessoas que já se encontraram com o sagrado. (Para o autor do texto toda
experiência religiosa é válida, pois não há racionalidade nem objetividade na
religião.) De fato, aprendemos desde muito cedo a identificar a imaginação com
aquilo que é falso... Não, não estou dizendo que a religião é apenas imaginação,
apenas fantasia. Ao contrário, estou sugerindo que ela tem o poder, o amor, e a
dignidade do imaginário. Mas para elucidar declaração tão estapafúrdia, teríamos
de dar um passo atrás, até lá onde a cultura nasceu e continua a nascer... Por que
razões os homens fizeram flautas, inventaram danças, escreveram poemas,
puseram flores nos seus cabelos e colares nos seus pescoços , construíram casas,
pintaram-nas de cores alegres e puseram quadros nas paredes? Imaginemos que
estes homens tivessem sido totalmente objetivos, totalmente verdadeiros - sim,
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verdadeiros! Poderiam eles ter inventado coisas? Onde estava a flauta antes de
ser inventada? E o jardim? E as danças? E os quadros? Ausentes. Inexistentes.
Nenhum conhecimento poderia jamais arrancá-los da natureza. Foi necessário
que a imaginação ficasse grávida para que o mundo da cultura nascesse.
Portanto, ao afirmar que as entidades da religião pertencem ao imaginário, não as
estou colocando ao lado do engodo e da perturbação mental. Estou apenas
estabelecendo sua filiação e reconhecendo a fraternidade que nos une."7
Ao tentar colocar a religião como filha do imaginário, o autor do
texto pretende concluir com uma espécie de objetividade secundária, ou seja, se a
religião é filha do imaginário tanto quanto a flauta, a dança, o jardim, etc. Então
ela seria imaginária na concepção, mas objetiva no parto e daí em diante.
Portanto, ele pretende colocar-nos diante do fato de que há uma realidade
objetiva na religião agora, como existe com as coisas inventadas, uma vez
executadas. Entretanto, o argumento não satisfaz no caso de coisas abstratas
como a religião, pois no máximo o que se inventaria, para além da idéia, seriam
os símbolos naturais que transubstanciaram a natureza para configurar as idéias e
transubstanciaram as idéias para sacralizar a natureza, coisas que em si não
preenchem nem satisfazem a um homem honesto na sua busca de sentido,
vontade e razão para a vida, pois uma "idéia" é sempre posterior àquele que
pensa, logo "Deus", a "religião" e a "Fé" seriam coisas tanto criadas, como
subordinadas e dependentes dos homens. Esse fato pode ser admitido quando se
estuda a fenomenologia das religiões, mas não quando incluímos o cristianismo
nesse nível de argumentação, pois as origens do cristianismo estão no Cristo
eterno, a menos que tenhamos abdicado dos nossos pressupostos e fatos cristãos.
Nesse caso, também não usemos a palavra "cristão", sem conotação bíblica,
apenas para rotular o nosso irracional desejo de sermos bons. O cristianismo não
pode ser dissociado da sua confissão de fé. Se o for, é qualquer "coisa-boa",
menos cristianismo. Talvez pudéssemos chamar de um Clik-bom ou de Tik-bom.
Assim seríamos mais coerentes.
Ao tratar da religião e seus símbolos como coisas necessárias à
vida, alguém disse: "É verdade que os homens não vivem só de pão. Vivem
também de símbolos, porque sem eles não haveria ordem, nem sentido para a
vida, nem a vontade de viver. Se pudermos concordar com a afirmação de que
aqueles que habitam um mundo ordenado e carregado de sentido gozam de um
senso de ordem interna, integração, unidade, direção e se sentem efetivamente
mais forte, para viver, teremos então descoberto a efetividade e o poder dos
símbolos e vislumbrado a maneira pela qual a imaginação tem contribuído para a
sobrevivência dos homens."8
Os símbolos que o texto menciona são destituídos de razão
primária, possuindo apenas razão secundária, posterior à idéia, sendo, portanto,
coisas sem sentido em si mesmas, mas apenas absurdos referenciais de
esperança. Já a alusão à "vontade de viver", como sendo oriunda da esperança
dos símbolos, é algo tão irracional quanto o desejo e a vontade de sexo. Por que
alguém deseja possuir uma mulher que de repente passa no caminho? Não há
resposta racional apesar das "explicações" da estética, da biologia e da
psicologia. É uma questão de desejo. Nesse caso, se o desejo de viver é tão
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desejo quanto é o de possuir uma mulher, então o que se está propondo é uma
espécie de irracional emulação existencial, e a intensidade e ebulição desse
desejo seria uma tara existencial.
Para tragédia do homem e da religião do século XX, o Deus
primeiro está morto. Resta apenas a possibilidade de ressuscitá-lo através de um
milagre de objetividade secundária, seja através dos símbolos e idéias, ou através
de uma espécie de divinização do consciente coletivo. Como alguém disse:
"Nascemos fracos e indefesos; incapazes de sobreviver como indivíduos
isolados; recebemos da sociedade um nome e uma identidade; (...). É
compreensível que ela seja o Deus que todas as religiões adoram..."9
Ao ler textos como esse, lamento que o drama de Abel e Caim
continue a ser repetido. Lamento que a religião dos frutos da terra continue a ser
cultuada. Entristeço-me por ver tanta solidão na vida do homem que se deixa
levar pela idéia de que "um Deus de símbolos" pode preencher o coração que o
concebeu.

BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) KUIPER, R. B. A Evangelização Teocêntrica. S. P.,


Publicações Evangélicas Selecionadas, 1976.
(2) GRAHAM, Billy, Como Nascer de Novo. s. ed. Minas Gerais,
Editora Betânia, 1977, pág. 49.
(3) Apud Graham, op. cit.
(4) Id., op. cit.
(5) Ruben Alves, in "Kairós Momento", S. Paulo, ABU Editora,
junho de 1981.
(6) ALVES, Ruben. O Que é Religião. s. ed. S. Paulo, Editora
Brasiliense, 1981.
(7) Ibid.
(8) Id., ibid.
(9) Id., ibid.

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3
O SISTEMA FILOSÓFICO

Conceitos originais de filosofia

A Filosofia como sistema surgiu em meio à História humana. Não


é tão antiga quanto o sistema religioso, porém remonta, historicamente, às mais
pródigas culturas da antiguidade. Aí também encontramos as suas raízes
acadêmicas.
Voltando a esse começo, devemos pensar na cultura egípcia e no
Livro dos Mortos; na cultura da Mesopotâmia e nos seus sistemas filosóficos em
torno da influência dos astros; nas filosofias iranianas e nas filosofias hindus com
a negação do mundo visível. Entretanto, a Filosofia, no seu conceito natural, é
tão antiga quanto a própria necessidade humana de encontrar sentido e finalidade
no Universo.
Num certo sentido, cada homem é um filósofo, desde que se
entenda por filosofia qualquer conceito que se correlacione intrinsecamente com
o homem. Todo homem vivo é um filósofo em potencial, em face de que
ninguém vive sem um conceito de vida. Aliás, isso é verdade até mesmo na mais
lídima forma da filosofia, pois sabemos que os grandes filósofos já nasceram
com essa inclinação. As academias do pensamento foram conseqüência dos
pensamentos que emergiram do grande mar das conceituações humanas, de
forma totalmente espontânea e livre.
A Filosofia, no seu sentido acadêmico, no entanto, assim pode ser
definida: uma tentativa de correlação de todo o conhecimento que existe a
respeito do Universo, numa forma sistemática, a ela se integrando a experiência
humana. Portanto, o conhecimento das coisas que nos rodeiam está intimamente
ligado aos nossos atos no contexto que nos cerca. Dependendo do que eu penso,
é como eu ajo.
Quando se pensa em filosofia acadêmica, focaliza-se sempre a
Grécia. Na verdade, foi lá que, na História do homem, houve o levantamento das
grandes questões da existência humana. Mestres na arte de divagar, nas
abstrações e no raciocínio, os gregos da grande época plantaram as sementes que
germinariam mais tarde em todas as culturas do mundo, muito especialmente na
do Ocidente, e das quais, ainda hoje, colhemos os frutos. Tendo levantado todas
as questões básicas da existência, os gregos propiciaram aos pensadores do
Ocidente limitarem-se apenas a retomar as teorias que já haviam sido expostas.
Como já vimos no capítulo primeiro deste livro, todos os sistemas
do pensamento humano visam, consciente ou inconscientemente, recuperar o
lugar primeiro do homem, sua paz, e seu propósito na existência. A genealogia
da crise filosófica do homem, especialmente a do século XX, bem pode ser
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entendida à luz de dois eventos. Primeiro, o da queda, como narrado nas
Escrituras. Segundo, o da influência que os sistemas gregos impuseram à
filosofia e cultura do homem moderno.
A crise básica do homem é estar separado de Deus pela sua total
ausência da verdade, num mundo onde os absolutos de Deus foram rejeitados.
Para alguns, há uma crença num DEUS incognoscível, cuja realidade não pode
ser experimentada, visto acreditar-se haver uma total dualidade entre o mundo
numênico (mundo do espírito) e o mundo fenomênico (mundo da natureza).
Baseado nesse pressuposto, todo raciocínio termina num acaso, num
despropósito.
Se o homem não reconhece seus próprios limites, perde-se no
insucesso ao investigar a verdade dos fatos primeiros. Platão admitiu a
necessidade de critérios e a impotência da mente humana, no que tange a
desvendar os mistérios da existência, quando, no Fedo, pág. 85, põe na boca do
personagem Simias, as seguintes palavras: "Pois ouso afirmar que tu, ó Sócrates,
sentes, como eu, quão difícil ou quase impossível é a aquisição de qualquer
certeza em problemas como este. E, todavia, consideraria covarde aquele que não
provasse o mais possível o que é dito acerca deles, ou cujo coração falhasse antes
de os ter examinado por todos os lados. Pois devia perseverar até que atingisse
uma das duas coisas ou descobriria ou aprenderia a verdade a respeito deles; ou,
se isso fosse impossível, eu gostaria que ele tomasse o que há de melhor e mais
irrefragável nas tradições humanas e deixasse que isto fosse a jangada sobre a
qual navegasse a vida - Não sem risco, como penso, se não puder achar qualquer
revelação de Deus, que o transporte, com mais segurança e sem perigo."1 Platão
reconheceu aí, que a única coisa capaz de afiançar a verdade e dar segurança ao
homem, em áreas onde este percebe sua impossibilidade de ser autônomo, no que
diz respeito a um descobrimento intelectual, é uma revelação de DEUS.
Infelizmente, o homem do século XX tem deificado sua própria
mente numa total ausência de reconhecimento de sua não-autonomia, o que tem
levado milhões à frustração. Ao perceber que todo o seu sistema vagueia sobre o
éter das pressuposições, o homem se desespera num Universo sem respostas. Isto
ocorre em face do falso conceito que o homem possui de que todas as respostas
sobre "o princípio" e "a existência" devem partir de si mesmo, de suas próprias
cogitações. Como isso não acontece, ele se torna um desesperado.

O dogma da matéria primária

No século XX, erigiu-se uma filosofia anti-filosófica cujas idéias


são as do absurdo. Postulam seus protagonistas que não há sentido e propósito na
existência. Como resultado disso, não é de se estranhar o estado de insuportável
cansaço e total morbidez minando no homem o seu desejo de encontrar a
verdade, em meio às frustrações filosóficas existentes no decurso da História
humana. Elaboram, portanto, todo um sistema de niilismo filosófico a partir dos
elementos existentes. Olharam para esses elementos com o descaso que só se
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olha para o "nada", o qual não carece de explicações sobre sua existência, pois é
simplesmente inexistente; existindo apenas em oposição referencial àquilo que
existe.
No esforço que o homem tem feito para desvendar os mistérios que
envolvem a silenciosa eternidade e a assombrosa existência do Universo, sempre
tem partido, em razão de sua própria limitação ( ainda que tantas vezes não a
reconheça ), daquilo que podemos chamar o "dogma da matéria primária", a fim
de elaborar todas as suas pressuposições.
Não haveria problema algum em se fazer suposições a partir de
"alguma coisa" já existente, desde que se admitisse que "alguma coisa" não é
filha do nada, a menos que a "voz" do Onipotente assim o ordene. Mas,
normalmente, a metafísica do homem do século XX é tão dogmática quanto a de
Epicuro, fundador do epicurismo, que elaborou, há mais de 2.000 anos, toda a
sua cosmologia, partindo da matéria existente ( Átomos ) e esquecendo-se de
qualquer explicação para essa existência primária. Assim fazendo, colocou-se em
total ateísmo.
Nosso raciocínio não postula que DEUS seja um "tapa buracos",
mas no pensamento de muitos, no século em que vivemos, há um dogmatismo
maior do que a fé que possa ser exigida em qualquer área da teologia cristã. Lê-
se com frequência, de ateus que têm escrito alguma coisa sobre o princípio, mais
ou menos a mesma coisa que uma cozinheira faz quando dá a receita de um bolo.
Para o ateu, as pressuposições sempre partem de algum material já existente:
energia, movimento, matéria, gases, etc... Parece-nos bastante razoável, exigir-se
de uma cozinheira que não crê que o trigo, o fermento, o leite, o açúcar e os ovos
foram feitos por alguém ou que procedam de alguma fonte de existência superior
a eles, que faça o seu bolo partindo do "Nada", para depois então dizer,
soberbamente: "Aqui está o bolo! Fi-lo sem que nada existente tivesse
contribuído".
Achamos bastante interessante, ao lermos trabalhos escritos pelas
greis atéias, notar que as suas cogitações são: ("Não há DEUS"). No entanto,
num dogmatismo bastante ingênuo, elaboram seu sistema ateu em "bases já
existentes". Falam eles em movimento, força, etc. Ora, força e movimento estão
intrínseca e inseparavelmente correlacionados. É por seu movimento que um
agente pode exercer uma força. E um movimento estará sempre relacionado a
uma força anterior, de forma que não se sabe bem que gerou força. Força e
movimento representam dois aspectos de um mesmo fenômeno. Mas como
teríamos movimento sem força e força sem movimento? Portanto, se
começarmos do "Nada-Nada" mesmo, a inexistência e a inércia reinarão para
sempre. Cremos que o ateísmo sempre foi e será um sistema dogmático limitado
pela impotência do seu criador, o homem. Se começarmos o nosso pensamento
do "Nada-Nada", e não "Nada-Algo" e do "Algo-Nada", ficaremos sempre no
Niilo. O homem é um criador que só pode partir do primário da existência.
DEUS, sim, é o único que pode partir do "Nada-Nada".
Para irracionalidade e alienação do homem moderno, todos os
sistemas filosóficos atuais, que buscam estudar o Universo e suas origens
principiam por uma total autonomia de raciocínio e, em consequência,
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pressupõem a partir do que está feito, sem que, humildemente, reconheçam já
terem feitas essas coisas. Eu porém afirmo: É muito fácil ser ateu a partir do que
já está feito, o impossível é sê-lo a partir do "Nada-Nada".
A despeito dessas teses de um Universo descriado serem
dogmáticas e simplistas no seu raciocínio metafísico, elas têm impingido ao
homem moderno o desespero de ser filho do dogma ateu.

A metafísica do impessoal

Quando nos referimos ao homem moderno como um "todo" em


aquiescência a esses sistemas, é em função do que é normalmente ensinado nas
Universidades e na literatura popular. Há, em verdade, um número reduzido de
ateus, mas são justamente eles que estão tomando as iniciativas de divulgar suas
idéias numa pregação cheia de ardis e hiperbolismos. Sabemos haver um grande
número de pessoas que, embora crendo na existência de Deus, vivem enormes
dramas interiores. As estatísticas revelam que 96% dos ingleses crêem na
existência de um DEUS. Mas, para a maioria dessas pessoas, DEUS é um SER
distante, alienado por vontade própria, perdido num Universo sem paredes e
totalmente incognoscível para o homem. Não é de admirar que tais pessoas lutem
entre o pessoal e o impessoal, entre o DEUS-Ser e o DEUS-Energia.
Há, na presente ordem de coisas, como nunca, uma tendência
enorme para duas posições metafísicas, distantes apenas por uma sutileza
semântica. A primeira pode ser muito bem ilustrada por uma declaração de
Bertrand Russel no livro Culto ao Homem Livre, onde ele afirma "que o homem
é o produto de causas que não tinham nenhuma previsão do fim que iriam atingir;
que sua origem, crescimento, esperanças e temores, amores e crenças são
unicamente o resultado acidental de colocação de átomos; que nenhum fogo,
nenhum heroísmo (...) pode preservar uma vida individual após a sepultura (...),
que o templo inteiro das conquistas do homem deve ser inevitavelmente
enterrado sob os escombros de um universo e ruínas - todas estas coisas, se bem
que não estejam livres de serem questionadas, apresentam ser tão certas que
nenhuma filosofia que as rejeitar poderá esperar sobreviver".2 Esta é, sem dúvida,
a metafísica do absurdo, da casualidade e do desespero.
A segunda posição metafísica reside na atenuada crença em DEUS.
Mas, a natureza e a existência desse DEUS são impessoais. Assemelha-se tal
pensamento ao conceito estóico da natureza de DEUS, segundo o qual DEUS não
tem interesse nos problemas pessoais do homem, pois ELE não é pessoal.
Quando, há pouco, nos referíamos aos dois sistemas acima
mencionados como sendo distintos apenas numa sutileza semântica, fizemo-lo
pela consciência que temos de que, em última análise, não há muita diferença
para o homem se DEUS existe como energia impessoal ou não existe, visto que,
em ambos os casos, esse DEUS não se relaciona com o homem. No segundo
caso, pela impessoalidade de sua existência; no primeiro, pela inexistência de sua
existência.
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Como já vimos, no pensamento secular hodierno, na melhor das
hipóteses, tem-se um DEUS-Impessoal, incapaz de atuar na vida dos homens e
nos seus destinos. Repete-se, portanto, a tragédia grega: "Ora os deuses
controlavam os destinos, ora os destinos controlavam os deuses."3
As muitas vezes em que ouço a palavra DEUS, tenho tido o
cuidado de verificar a que DEUS a palavra faz referência, visto que nenhuma
outra palavra há sido usada para significar sentidos tão opostos. Não é a palavra
DEUS o que importa objetivamente para tirar o homem do seu desespero, mas
sim o verdadeiro conceito de DEUS. Platão entendeu a necessidade e a realidade
da existência de DEUS. Mas não contava ele com qualquer revelação de DEUS,
e os deuses do seu conhecimento eram pequenos demais para suprir tão grandes
necessidades interiores.
Quando alguém crê num DEUS-Impessoal (Energia, Razão Última,
Ordem Superior) está crendo num DEUS tão inoperante e estéril para satisfazer o
espírito humano quanto o que crê em um não-Deus, ou seja, um DEUS que não
se relaciona como DEUS com o homem, visto que, o homem como ser pessoal e
consciente é superior a esse DEUS, pois o homem tem consciência de si, porém a
existência impessoal não se conhece. E se DEUS não é DEUS na Sua relação
com o homem, este deve entender-se autônomo, o que o leva ao desespero de
estar só.
Cremos ser necessário advertir que seja qual for o pensamento
aceito - DEUS-Energia ou Ateísmo - ambos levantam um monumento e o
erguem sobre uma só pedra, um só sistema. Trata-se do sistema monolítico do
desespero, e, nos dois casos, o homem está abandonado no Universo, sem um
ponto infinito como referência.

A filosofia de hoje

Hoje, conscientemente, o que se pode dizer é que a Filosofia no seu


sentido original está morta. Não há, nos dias atuais, filosofias no sentido clássico
do termo. Há sim, no pensamento filosófico vigente, um posicionamento anti-
filosófico. Não mais crêem os pensadores de hoje que alcançarão qualquer
resposta racional para a existência. A filosofia do século XX foi batizada pelo
sacerdote do absurdo, com o nome de Existencialismo, o qual ainda se apega ao
conceito clássico de filosofia, aceitando, todavia, a total dicotomia entre a
racionalidade e a esperança. Em outras palavras: o conceito clássico de filosofia
foi colocado no plano da esperança irracional.
Sobre o existencialismo secular, o Dr. Francis Schaeffer4, no seu
livro A Morte da Razão, analisa o pensamento do seu maior expoente em nossos
dias, Jean-Paul Sartre: "Racionalmente, o Universo é absurdo e o homem deve
buscar autenticar-se a si mesmo. Como? Mediante um ato de vontade. Assim, se
você estiver andando de carro pela rua e avistar alguém na calçada sob forte
chuva, você pára o carro, e apanha a pessoa e lhe dá carona. É absurdo. Que
importa? A pessoa nada é, a situação de igual modo nada é, mas você se
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autenticou mediante o ato da vontade. A dificuldade, entretanto, é que a
autenticação não tem conteúdo racional ou lógico - todas as direções de um ato
de vontade são iguais. Portanto, de maneira semelhante, se você está dirigindo
numa rua e avista um homem na chuva, e acelera o carro e o atropela, você
autenticou sua vontade na mesma medida. Entendeu? Assim, pranteie pelo
homem moderno posto em situação tão desesperançosa."4
É em razão de uma ideologia sem critérios e princípios absolutos,
que Sartre autenticou a sua vontade, quando com muita freqüência esteve
envolvido com o governo francês por atitudes à margem da lei.
O mal e a virtude nada são. Estão sujeitos à casualidade e ao
capricho. Isto é angustiante.
Desapareceu qualquer esperança de harmonia entre o mundo
numênico e o mundo fenomênico, vindo definitivamente o pensamento que
motivou e tem motivado de modo negativo as idéias de filósofos, teólogos,
políticos, cientistas, industriais e hippies.
De acordo com o Dr. Schaeffer o diagrama do pensamento
moderno é o seguinte:

"O otimismo deve ser não-racional."

Toda racionalidade = pessimismo

Acrescenta Schaeffer: "A situação agora se pode resumir no


seguinte: abaixo da linha há racionalidade e lógica. O andar superior abriga o não
lógico e o não racional. Não há relacionamento entre os dois níveis. O homem
não tem significado, não tem propósito, não tem sentido. Há apenas pessimismo
quanto ao homem como homem. Mas, em cima, como num salto não-racional,
não razoável, há uma fé não-racional que dá otimismo. Esta é a total dicotomia
do homem moderno"5.
Podemos categoricamente afirmar que a Filosofia não foi, nem será
jamais o sistema usado para reaver as perdas sofridas pelo homem oriundas da
queda, continuando assim, esse mesmo homem, totalmente perdido e separado de
DEUS. Esse é o desespero.

BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) TENNEY, Merrill. O Novo Testamento, Sua Origem e Análise. s. edição, S.


Paulo, Edições Vida Nova, s. d..
(2) GREEN, M.. Mundo em fuga. s. ed.. S. Paulo, Edições Vida Nova, s. d..
(3) SCHAEFFER, Francis. El está presente y no está callado. Barcelona
(Espanha), Impresso por Jorge Casas, Avda. José Antonio, 160, 1973.
(4) _______. A Morte da Razão. s. ed.. S. Paulo, ABU Editora, 1975.
(5) Id.

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4
O Sistema Científico

A história da ciência

A ciência, como a conhecemos, tem de ser chamada de moderna.


Não faz tanto tempo que despontou como sol no horizonte da História humana e,
sem dúvida alguma, seus raios, oriundos da luz-conhecimento, têm iluminado
recantos que dantes eram escuros e, por causa disso, tratados supersticiosamente.
Na Antiguidade, conquanto houvesse ciência reconhecida, ela era o
produto das mistificações do homem.
No pensamento do homem antigo, a natureza era o palco das
manifestações dos deuses e dos castigos por eles impostos e, por isso, não havia
lugar para uma ciência isenta dessas mistificações. Ausência dessas influências
só se encontra na Bíblia, onde toda relação de Deus com Sua criação é inteligente
e ordenada.
Não é de admirar que a Ciência moderna tenha começado no berço
da revelação bíblica. Enquanto os homens não pararam para atentar na revelação
de Deus, através das Escrituras, não houve lugar para uma verdadeira ciência. Foi
com Francis Bacon (1961), Boyle, Newton, Kepler e outros homens que a ciência
verdadeiramente científica e experimental nasceu. E por que nasceu com esses
homens? É simples explicar. Ela não poderia ter nascido a não ser nas mentes de
homens que acreditassem na realidade de um Deus criador, inteligente e
organizado, sendo ELE superior à Sua criação e, em Sua infinitude, tanto
imanente quanto transcendente a ela
Os primeiros cientistas acreditavam num Deus racional que criou
um universo racional e, portanto, pensavam que, usando as faculdades da razão,
o homem possuía a capacidade de desvendar os mistérios da natureza: "Francis
Bacon viu a obra de Deus na natureza, bem como a sua revelação na Bíblia,
como sendo a dupla revelação de Deus".1 Kepler que revolucionou os preceitos
da astronomia de seus dias, quando fazia pesquisas científicas, se sentia como
que "pensando os pensamentos de Deus após ELE".2 Imaginava-se como "um
sumo sacerdote no livro da natureza, religiosamente obrigado a não alterar nem
um jota ou til daquilo que havia agradado a Deus escrever nele". No livro
Principia, Isaque Newton disse: "Este mundo não poderia originar-se de nada
além da perfeita e livre vontade de Deus".3 Alguns têm dito que o grande
cientista gastava mais tempo lendo a Bíblia do que em pesquisas científicas.
Todos os nomes que deram início à ciência moderna viam o
universo como algo organizado e digno de estudo. Viam-no como obra de um
Criador inteligente.

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A mudança do sistema aberto pelo fechado

O Bispo Butler, no século XVIII, disse: "Muitas pessoas têm


considerado o cristianismo, de que maneira eu não sei, como sendo um assunto
que não necessita ser investigado, e que, finalmente, evidenciou-se ser mera
ficção".4 Por que fizemos essa citação do Bispo Butler sobre o cristianismo se o
assunto em discussão é a ciência? Justamente porque foi do verdadeiro
cristianismo e suas revelações que a ciência científica nasceu.
Entretanto, o atual sistema científico é naturalístico, autônomo e
fechado para a revelação e para a idéia de Deus. Foi Martin Heidegger quem
observou como acuidade: "A ausência de Deus nem mesmo está sentida".5
Para boa parte dos cientistas de hoje em dia, Deus está morto e eles
próprios cuidaram de oficiar o ato fúnebre. Como escreveu Sir Richard Gregory,
ex-redator da revista "Nature", no seu próprio epitáfio:

"Meu avô pregou o evangelho de CRISTO


Meu pai pregou o evangelho do socialismo
Eu prego o evangelho da ciência".6

Comparemos agora a citação de Gregory com uma de Francis


Bacon, no livro Novum Organum Scientiarum ( O Novo Órgão das Ciências ):
"O homem, pela queda, decaiu ao mesmo tempo do estado de inocência e do
domínio sobre a natureza. Ambas as perdas, entretanto, podem ser mesmo nesta
vida reparadas em parte; a primeira pela religião e pela fé, a segunda pelas artes e
pela ciência"6. Observe-se com perspicácia que Bacon não dava à ciência o papel
de autônoma e fechada em um sistema naturalístico, mas antes como aberta à
revelação escriturística. A Ciência era tida como possuindo valor religioso, pois
podia remediar o homem do estado e teor primevo imposto pela queda.
Sobre este mesmo assunto, diz-nos Francis Scheaffer:7 " A Ciência
nos seus primórdios era uma ciência natural porque tratava das coisas naturais,
mas longe estava de ser naturalista, embora sustentasse a uniformidade das
causas naturais, não concebia Deus e os homens como pessoas dentro do
mecanismo. Tais cientistas nutriam a convicção, primeiro, de que Deus propiciou
conhecimento ao homem, conhecimento de si próprio e também do universo e da
história; e, segundo, de que Deus e o homem não eram partes do mecanismo e
poderiam afetar a operação do processo de efeito. Dessa forma, não havia
autonomia no andar de baixo.
Assim se desenvolveu a ciência, uma ciência que tratava o mundo
natural e real que, porém, ainda não se havia tornado naturalista".8
Entenda-se por andar debaixo, na referência supra, como o sistema
naturalístico criado pela ciência vigente, a qual integrou Deus ao mundo dos
fenômenos naturais e, como ele não pode ser encontrado num tubo de ensaio,
deu-o como morto. Tal idéia bem pode ser representada pelo evento ocorrido
com o astronauta russo Gargarin que, ao penetrar no espaço, ficou convencido da
inexistência de Deus, por lá não o ter visto.

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Com a morte dos conceitos da revelação, que mostravam a
imanência e transcendência de Deus, e com o advento do sistema fechado e
autônomo, Deus foi expulso do contexto e uma nova era, onde o homem se
revelaria como deus de si próprio, foi profetizada por homens como Bertrand
Russel: "A Ciência permitirá aos nossos netos viverem a vida digna, dando-lhes
sabedoria, autocontrole, e caracteres que produzem a harmonia em vez de lutas".9
Os cientistas que deram origem à Ciência científica, aceitavam a
uniformidade das causas naturais, ou seja, criam que havia uniformidade na
natureza, porque um Deus racional a havia criado e organizado em harmonia
consigo mesma. O que eles não aceitavam era a uniformidade das causas naturais
em um sistema fechado. Esse, no entanto, é o pensamento hodierno dos
cientistas. Note-se que não se trata de uma conceituação científica, mas sim
filosófica da Ciência. Como disse Aldous Huxley: "Eu tinha motivos para desejar
que o mundo não tivesse finalidade; conseqüentemente assumi que ele não a
tivesse, e fui capaz sem muitas dificuldades de encontrar razões satisfatórias para
essa suposição. O filósofo que não encontra nenhum significado no mundo não
está preocupado exclusivamente com um problema de mera metafísica: mas sim,
está preocupado em provar que não há razão válida para que ele não possa fazer
aquilo que bem entender fazer; ou para que seus amigos não possam apoderar-se
do poder político e governar na maneira que acharem mais vantajosa para si
mesmos... Quanto à minha própria pessoa, a filosofia de não haver significado no
universo foi essencialmente um instrumento de libertação sexual e política".10 Os
pensamentos dos cientistas hodiernos são cientificamente tão filosóficos quanto
os de Aldous Huxley, pois estão fechados num universo autônomo.
As conceituações supramencionadas trazem as seguintes
consequências. Do ponto de vista da relação do homem com Deus, há autonomia,
pois se crê que Deus está morto. Paradoxalmente, no entanto, com relação à
natureza, o homem está preso à filosofia científica de um sistema fechado onde
ele tem que se contentar em ser somente uma parte da engrenagem universal.
Esse foi o preço da autonomia do homem.

O sistema metafísico da ciência moderna

O Deus das brechas versus o dogma hipotético

Parece-nos bastante evidente que duas posições vão sendo


assumidas no pensamento do homem moderno. Ambas, cientificamente, se
fecham em sistemas.
A primeira, defendida por muitos homens bem intencionados e
normalmente religiosos, afirma que Deus é a explicação mais plausível para tudo
aquilo que se constitui um mistério científico. Assim é que, muito normalmente,
se ouve de muitas pessoas o seguinte: " A explicação mais plausível para isso só
está no Ser de Deus." Deus, para tais pessoas, é a mais razoável hipótese para
alguns mistérios científicos.

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O grande problema dessa posição é que, nesse raciocínio, Deus
passa a ser uma necessidade do ponto de vista científico para tapar certos
buracos. Newton não terminou seu sistema mecânico de causa e efeito sem que
nele também inserisse a ajuda dos anjos em alguns pontos do processo.
Um dia, Laplace também pensou que havia terminado o seu sistema
e o levou a Napoleão que lhe perguntou onde Deus aparecia no sistema. Ao que
Laplace respondeu: "Senhor, não tenho necessidade dessa hipótese."11 Penso que
Laplace tinha razão. Deus não é um Deus de brechas, de lacunas nos
conhecimentos.
Se se invoca a existência divina para preencher certos mistérios
tem-se um Deus fechado no sistema, atuando sempre nas lacunas do
conhecimento.
Deus não é a explicação para os mistérios do universo. Ele é sim,
indiscutivelmente, a explicação do universo.
Quando a Ciência descobre como determinados mecanismos
universais agem, está apenas dizendo como as coisas agem, não por que agem.
Deus, nesse caso, não é a explicação do porquê. Ele é, antes disso, a razão de ser
das coisas e do seu funcionamento, tendo ele estabelecido as leis, que, atuando
conjuntamente num sistema, fazem as coisas agirem.
A segunda posição, a qual tem sido assumida por muitos, é aquela
que chamamos de o dogma hipotético. Esse é o grande problema da fronteira
entre o verdadeiramente experimental e o hipotético. A dificuldade tem sido
estabelecer áreas entre até onde o conhecimento vai e começa o pressuposto. Na
verdade, é pela ausência desses critérios que a ciência moderna tende a misturar o
experimental com o hipotético sem que haja qualquer oportunidade de provar-se
o hipotético no campo experimental; e, por não haver tal condição, limitam-se
simplesmente a dar o hipotético como experimental, desde que haja necessidade
do hipotético para preencher qualquer lacuna científica. Muitas são as teorias
científicas quue partiram do hipotético e permanecem nele. Por exemplo: Como é
possível, experimentalmente, estudar a evolução dos astros e das galáxias? No
entanto, o leitor há de convir comigo, que não há a realidade necessária quando
essas teorias são abordadas em livros textos e em salas de aulas, onde da pena e
da boca de muitos, o hipotético é dado como experimental e a teoria como lei.
Conquanto saibamos que a mente humana é limitada por ser finita,
não temos aceitado esse fato da razão, e temos entrado em áreas onde se
evidencia a nossa impotência, sem haver, no entanto, a necessária humildade
para admitirmos esse fato. Foi Blaise Pascal, grande homem da ciência-física,
francês do século XVII, quem disse que "se acrescentarmos uma unidade ao
infinito, ela não lhe acrescenta nada, do mesmo modo que ele não cresceria se lhe
acrescentássemos a medida de um pé. O finito é engolfado pelo infinito, e se
torna zero absoluto. Assim é nossa mente diante de Deus".12 Tal declaração
revela que Pascal reconhecia fronteiras na mente e na percepção.
Comumente, os cético saltam de seus pedestais, quando, através da
revelação e da fé, se fala nos fatos que envolveram o princípio das coisas. A
alegação é sempre a mesma: "Como vocês podem provar experimentalmente este
conceito?" No entanto, contra qualquer sentido experimental, partem para o
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dogma do hipotético, sem perceberem que uma dose bem mais avantajada de fé é
requerida no caso deles, pois eles partem do pressuposto das elucubrações, mas o
homem de fé parte da base da revelação d´Aquele que estava presente no
princípio de todas as coisas.
Para ilustrarmos ainda mais esse pensamento, detenhamo-nos no
seguinte aspecto: há na cosmologia atual a teoria da explosão cósmica como
princípio de todo o Universo. A Ciência, evidentemente, não pode demonstrar se
foi Deus quem provocou a dita explosão, porém não pode provar que não foi.
Durante muito tempo alguns cientistas olharam para a matéria
como eterna; isto é, alguns diziam: A matéria sempre existiu, não precisamos
explicá-la. Porém, recentemente, diante dos enunciados mais atuais da Física e da
Astronomia a situação mudou. Ninguém mais pode dizer que a matéria sempre
existiu, porque, basicamente, está comprovado que realmente toda energia
universal teve um princípio. A energia não se auto-gera, ela tem que ser,
metafisicamente, produto de criação. Nesses ponto a teologia cristã chega com a
resposta, visto que o Deus que anuncia não é Energia, é ESPÍRITO e VONTADE
PESSOAL TODA PODEROSA, podendo existir fora da existência universal
básica (energia), visto que Ele, constitucionalmente, não precisa dela, contudo,
pode iniciar o processo energético universal por SUA VONTADE, em razão de
que a VONTADE pode existir sem a energia, mas a energia, por não se auto-
criar, necessita da vontade TODA PODEROSA, pois, a partir daí, começará a
existir. Quem iniciou o processo de criação foi o Deus chamado "EU SOU"
(Êxodo 3:14).
No livro The Nature of Universe, sobre as teorias de Hoyle
(astrônomo de Cambridge) a respeito do universo, sua matéria e sua expansão,
lê-se, do próprio Hoyle, o seguinte: "A matéria não vem de lugar nenhum. O
material simplesmente aparece - é criado."13 Achamos que seria mais científico
dizer: Não sei, não há nenhuma resposta científica para o princípio.
Assim é, que muitos cientistas não se justificam quando alegam que
a ciência é o único meio pelo qual se possa conhecer a verdade, pois baseiam o
seu trabalho em pressuposições, em coisas que, antes de tudo, são uma questão
de fé e criatividade do pensamento, não de fatos.
A menos que se admita que as nossas mentes merecem confiança,
não se pode continuar a estudar a ciência. E porque nossas mentes são dignas de
crédito, é que a própria razão delas nos adverte de que há critérios e fronteiras
para nós próprios. Esta é a conclusão lógica da mente, quando pensa que as
próprias dimensões do Universo sempre se constituíram num ponto
incompreensível para o homem, especialmente no século XX, com as novidades
que lançaram o homem no espaço, onde todas as mentes se tornaram ainda mais
intimidades e diminuídas.

A ciência atéia e sua autonomia

Foi Lord Kelvin quem afirmou: "Quem pensa com força suficiente,
será impulsionado pela ciência a crer em Deus."14 De modo bastante enfático, o
biólogo Edward Conklin disse que "a probabilidade de a vida ter-se originado de
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um acidente é comparável à probabilidade de um novo dicionário ser o resultado
de uma explosão numa editora".15 No entanto, foi justamente nos arraiais
científicos que o ateísmo lançou sua pedra fundamental, para erigir um
monumento dedicado ao acaso e admirado pelos filhos do desespero por ele
imposto.
Como já vimos em linhas passadas nesta discussão, o atual sistema
de autonomia existente no pensamento da elite graduada pela academia científica
hodierna nada mais é do que um posicionamento filosófico que tem determinado
os pressupostos das avaliações empíricas da ciência modernizada; isto é, na hora
em que o estudo científico termina e começa a coleta de dados a respeito de
qualquer fenômeno natural para começar o trabalho do cientista, normalmente o
estudo ganha as feições filosóficas do pesquisador. Sem dúvida, os homens muito
raramente estão abertos para enxergar fora da peneira psicológica e filosófica de
suas próprias mentes. Eis a razão por que, com os mesmos dados, os cientistas
tantas vezes chegam a conclusões tão opostas.
A nosso ver, em muitas mentes sinceras, ainda que envolvidas por
esse sistema autônomo, o posicionamento materialista é conseqüência de um
estado de cansaço existencial, visto ser totalmente impossível descobrir e
restringir a pessoa infinita de Deus ao sistema fechado. Por isso, homens de real
sinceridade assumem o ateísmo por não encontrarem a pessoa de Deus na
engrenagem dos fenômenos obtidos num tubo de ensaio. Mas há ainda o grupo
dos moralmente comprometidos, que preferem usar o nome da ciência atéia
como atenuante de seu estado de comprometimento ético e moral. Como disse
Aldous Huxley: "Quanto à minha própria pessoa, a filosofia de não haver
significado no Universo foi essencialmente um instrumento de libertação sexual
e política". 16

Comentários à Evolução de Darwin

A Evolução e o seu papel no desespero

É grotesco ignorar as sérias implicações advindas da aceitação da


teoria da evolução.
Muitos tendem a pensar que argumentos como o que contém o
subtítulo acima são o produto de uma deliberada cegueira religiosa ou a apelação
da vovó Bíblica, que até então reivindica o direito de ser a mestra na matéria do
passado do homem. Mas, na sintética demonstração que apresentamos, as
reivindicações não são religiosas porém, científicas e defendidas por cientistas.
No entanto, no que diz respeito às implicações oriundas da aceitação da teoria da
evolução, seus mais tenebrosos resultados são observados do ponto de vista
sociológico da questão. Como diz o Dr. Henry Morris: "A grande maioria dos
homens e mulheres de educação têm sido ensinados a aceitar a evolução como
um fato demonstrado da ciência, e esta teoria vem sendo ensinada cada vez mais
intensamente nos ginásios e mesmo nas escolas primárias. Tal teoria talvez tenha
contribuído mais para a atual filosofia secularista e materialista do mundo
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moderno do que qualquer outra influência. Obviamente, algo que é tão
importante deve ser seriamente estudado por todos os homens e mulheres
capazes de pensar. Por outro lado, bem poucas pessoas têm realmente tido a
oportunidade de estudar o grande acúmulo de evidências contrárias a essa teoria,
e de fato, se encontram em estado de quase total ignorância do fato de existirem
poderosas evidências científicas que ensinam o contrário. "17
Seria de nossa parte bastante superficial, omitir o fato de que há o
evolucionismo teístico defendido por homens religiosos como o foram A. G.
Strong, James Orr, o padre Teillard Chardin, Vitório Marcozzi e praticamente
todos os teólogos católicos romanos.
Infelizmente, acreditamos não haver qualquer ponto de conciliação
entre a evolução promovida pela seleção dos mais aptos e a revelação que a
Bíblia nos faz de Deus e seu caráter, onde se percebe total repulsa pelo mal e
pelas disputas oriundas de um estado de guerra. Um Deus bom e sensato não
seria o patrocinador do sistema. Vejamos porque, através do Dr. Morris: "Se
Deus realmente criou o Universo, incluindo todos os seres vivos, pelo método da
evolução, a este escritor parece ter Ele selecionado o método mais ineficiente,
cruel e insensato para fazê-lo que se pode imaginar. Se o seuu alvo era a criação
do homem, que razão possível poderia ter havido para coisas tão desajeitadas
como os dinossauros, os quais dominaram e vaguearam pela terra por milhões de
anos, somente para morrerem muito antes de o homem haver aparecido em cena?
Supostamente, a evolução se verificou por meio da luta pela existência; e a
sobreviência dos mais aptos, caso seja verdade, significa que Deus institui
deliberadamente uma lei que, para ser posta em prática, dependia do credo que o
poder é o direito, e os fortes devem exterminar os fracos. Milhões de animais
devem ter perecido no decorrer desse suposto processo evolucionário, e isso sem
razão aparente se, conforme os modernistas asseveram, o homem era o alvo final
de tudo. Nas palavras de certo professor ateu: A história inteira da evolução
revela e testifica que não existe inteligência atrás desse processo. Ninguém pode
compreender a evolução e acreditar em Deus."18
Diríamos que a evolução não se compatibiliza com o Deus do livro
de Jonas 4:10 e 11, o qual tem dito como segue: "Tens compaixão da planta que
não te custou trabalho, a qual não fizeste crescer; que uma noite nasceu e numa
noite pereceu; e não hei eu de ter compaixão da grande cidade de Nínive em que
há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita
e da mão esquerda, e também muitos animais?"
A evolução teística lança-nos o problema de que Deus ou é Todo-
Bom mas não é Todo-Poderoso, ou de que Ele é Todo-Poderoso, mas não é
Todo-Bom.
Parece que, de fato, a teoria da evolução tem sido de modo
inconscientemente a responsável por muitos desmandos, visto que sua influência
atingiu a homens que nela tiveram o sinete da justificativa científica para que
suas vidas obtivessem o fim que desejassem sem a interferência de um Deus que
lhes cobraria os atos praticados iniquamente. Foi por causa dela que Marx,
depois de ter lido O Origem das Espécies por Via de Seleção Natural, exultou
escrevendo uma carta a Lassale afirmando que "Deus havia recebido o golpe de
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito!
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misericórdia".19 Nietzsche e Marx, ambos ateus, foram profundamente
influenciados pelas idéias de Darwin acerca da seleção natural e da sobrevivência
dos mais aptos. Mussolini era um fervoroso discípulo de Nietzsche e a
consequência foi o facismo. De Marx, herdamos o comunismo e os arquipélagos
de Gulga. A evolução também serviu de base para a atual imoralidade filosófica
de Freud, Russel, Sartre, Jaspers, Aldous Huxley e outros. Sim, a doutrina do
determinismo teve o seu berço no pressuposto científico de que as coisas
simplesmente surgiram de modo espontâneo. E, para um homem descriado, nada
mais resta além do desespero de pensar que ele, seus anseios, sua poesia, sua arte
e seus ideais, são simplesmente aberrações da natureza. Darwin reconheceu isso
no final de sua vida, quando declarou que "duas coisas se iam apagando em sua
mente à medida que envelhecia: a primeira delas era sua alegria e satisfação pelas
artes e a segunda, sua alegria pela natureza".20 Certamente isto é desconcertante.
Em sua autobiografia e em suas cartas, publicadas pelo filho, diz o seguinte:
"Com a minha mente, não posso crer que estas coisas venham ao acaso."21
Darwin revelou possuir uma tirana dúvida sobre o assunto que o tornou famoso:
"Por que, se as espécies dependem de outras espécies, através de estágios
minuciosos, a natureza toda não está em confusão, em vez de estar, como a
vemos, dividida em espécies bem definidas?"22
O professor Edward Poulton, da Universidade de Oxford, fez a
seguinte declaração a respeito de Tomas Henry Huxley, que foi o principal
discípulo e defensor de Darwin: “Ainda que ninguém tenha lutado com tanta
nobreza e com tanta desvantagem na sua defesa contra ataque desigual, ainda que
ninguém tenha participado com tanto sucesso na batalha da ciência, Huxley
nunca foi crente convicto da doutrina que ele defendia.”
Apesar de dúvidas nas mentes dos principais defensores da teoria,
seus sucessores parecem ter crido com agigantada fé na doutrina de seus mestres.
Poucos têm sabido que para Tomas Henry Huxley a possibilidade de a evolução
ter acontecido era a mesma de um bando de macacos, tendo sido posto diante de
várias máquinas de datilografar e com o espaço da eternidade pela frente,
datilografasse toda a Enciclopédia Britânica com suas dez mil páginas, letra por
letra, sem erros e sem erros e sem rasuras. De acordo com o Dr. Erwin Chartaff,
da Universidade de Colúmbia, “a nossa época é provavelmente a única em que a
mitologia penetrou no nível molecular.”
Parece-me que o grande prejudicado em toda essa questão é o
homem, que não tem como verificar se a água vem pura da fonte da verdadeira
ciência ou se é poluída por alguma filosofia materialista. Há casos, em que até
mesmo professores de universidades têm sido manipulados pela insistência dos
livros de textos e pelas declarações dos catedráticos.
Cremos que, indubitavelmente, a teoria da evolução, quando
entendida de acordo com as suas pretensões e origens filosóficas, impõe sempre,
de duas, uma posição. A primeira é de rejeitá-la, a segunda, de abraçá-la
juntamente com o materialismo. Infelizmente, o que normalmente acontece é que
as pessoas assumem a segunda posição e, em razão dela, vivem uma vida
destruída de critérios absolutos e de significado existencial, visto que todo
monumento da História humana supostamente repousa sobre as bases do acaso e
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do capricho. Isso é desconcertante para quem tem ideais natos como o homem, e
uma dignidade que se recusa a ser o produto do encontro casual de átomos.
Até há não muito tempo, era pensamento quase uniforme o fato de
que o homem era uma criatura. Um ser criado. No entanto, há cerca de cem anos,
Charles Darwin começou a verificar que há variações de animais da mesma
espécie. Ele concluiu que ocorrem variações em todos os animais e plantas, e que
o animal com uma variação mais útil sobrevive por mais tempo, e portanto, tem
mais tempo para gerar uma descendência mais numerosa. Advogava Darwin que
com o passar do tempo, os descendentes teriam a mesma variação, a qual se
tornaria mais evidente com o passar das gerações até que no final a variação ser
tornaria normal ao invés de ser exceção. Isto é conhecido como evolução por
seleção natural.
Darwin observou estas variações em animais da mesma espécie.
Por exemplo: as raças humanas com suas diferenças e os cães com suas
diferenças de tipos, variando do pequinês ao são-bernardo. Apesar destas
variações, os cães continuam sendo cães e os homens sendo homens, a despeito
dos pretos, brancos, amarelos, pigmeus e índios, todos são da mesma espécie.
Já vimos, mas vale a pena repetir, que foi exatamente a
permanência dos animais nas suas espécies que levou Darwin a declarar: “Por
que, se as espécies descendem de outras espécies, através de estágios minuciosos,
a natureza toda não está em confusão, em vez de estar, como o vemos, dividida
em espécies bem definidas?”
O professor T. H. Morgan, do Instituto de Tecnologia da Califórnia,
disse: “Em todo o período da História humana, não encontramos um único
exemplo da transformação de uma espécie em outra. Pode-se declarar então que a
teoria da evolução é falha no seu aspecto mais essencial, para que possa ocupar
lugar reconhecido na ciência.”
Deve-se admitir, no entanto, que a situação da teoria da evolução
evoluiu no pensamento do homem moderno, tendo sofrido uma mutação que a
colocou no campo da lei. Tal é a situação que se alguém diz não crê na evolução
está, automaticamente aos olhos de muitos, assinando o seu atestado de morbidez
intelectual.
Abra-se um livro de ciência e ler-se-á com certeza o seguinte: “Como
tem sido demonstrado pelos estudos da paleontologia, da antropologia e da
biologia, a evolução é um fato”. Isso não parece tão contundente quando se tem
declarações de homens sérios como o professor A. E. Hogton, da Universidade de
Harward: “As diversas reconstruções do homem de Piltdown feitas por Smith
Woodward Keith e outros peritos, diferem muito entre si. Tentar restaurar as partes
moles é mesmo uma tarefa muito arriscada. Os lábios, os olhos, as orelha e as
protuberância nasal, não representam nenhuma pista que ajude a determinar a
forma esqueletal básica Alguém pode, com a mesma facilidade, modelar sobre o
crânio de Neanderthal o contorno de um chipanzé ou as feições de um filósofo. As
alegadas restaurações de primitivos tipos de homens têm pouco valor científico, se
é que têm algum. No entanto, têm a capacidade de enganar o público.”
Do ponto de vista interno da evolução e de seu mecanismo, há hoje
em dia um número muito escasso de argumentos a seu favor, e os que há, são
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imprensados esmagadoramente pelas leis mendelianas que eram absolutamente
desconhecidas de Darwin e outros fervorosos discípulos de sua postulação, e que
demonstram que todas as possibilidades de variações seguem leis definidas e
matemáticas, ainda que, com freqüência, sejam complicadas. Essas leis têm
demonstrado, excetuando-se circunstâncias muito extraordinárias e que
normalmente na natureza não ocorrem, que toda a variação se coloca dentro de
certa fixidez de limite, e nenhuma característica hereditária pode aparecer em um
indivíduo se já não existia em pelo menos um de seus pais (essa característica pode
ter estado dormente, isto é, não evidente no pai ou mesmo em diversas gerações de
ancestrais, ainda que, não obstante, estivesse germinalmente presente).
As experiências feitas com os cromossomos têm revelado que há um
mundo bem organizado em cada célula viva, e isso só vem consubstanciar mais as
leis de Mendel.
O fato é que, de modo interno, as evidências legadas à evolução
lutam desesperadamente para sobreviver com um nome de mutação ou
micromutações, embora todas as mutações germinais que até o presente têm sido
observadas sejam de caráter patológico ou neutro. Uma mutação jamais é de
caráter benéfico. A maioria das mutações obtidas em laboratórios têm sido
provocadas artificialmente por meios químicos, calor, raios-x, raios ultravioletas,
etc. Não obstante, essas mutações são quase sempre recessivas quando cruzadas
novamente com o tipo original. Essa é outra razão pela qual as mutações não
persistem na natureza. Sendo assim, a seleção natural postulada por Darwin
continua sendo um labirinto, e o mecanismo que nela supostamente operaria ainda
é totalmente desconhecido, visto que em termos de leis mendelianas a seleção
natural não encontra escopo para, do ponto de vista interno do processo da
evolução, ser comprovada. No entanto, há uma disposição que atinge as raias da
mais extensa credulidade em muitos homens que defendem essa teoria. Como
exemplo disso, temos R. S. Loll, professor de Paleontologia de Yale, que diz:
“desde a época de Darwin, a evolução tem recebido uma aceitação mais e mais
generalizada até o presente momento, quando, nas mentes de homens instruídos e
que pensam, não resta a menor dúvida de que esta seja a única maneira pela qual se
pode entender e interpretar a evolução. Não temos tanta certeza quanto ao modo de
sua operação, mas podemos ter absoluta certeza de que o processo seguiu as
grandes leis da natureza, algumas das quais ainda são desconhecidas e talvez nem
sequer poderão ser conhecidas.”
Como poderemos confiar num processo em que o mecanismo e as
leis que agem nele são totalmente desconhecidos e também sem que se tenha um
único real e contundente exemplo desse processo em toda a natureza?
Na verdade quer me parecer que a evolução, hoje em dia, evoca
decididamente provas externas para sobreviver como teoria científica. Vejamos de
modo sucinto algumas destas provas:
As relações anatômicas e fisiológicas entre as várias espécies seriam
uma prova de que há uma relação de descendência indireta entre elas. Um exemplo
disso é a semelhança física do homem com o macaco ou entre os mamíferos de um
modo geral.

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As semelhanças, no entanto, nada provam além de que há entre todos
os seres vivos um plano mestre de criação. E isso é bastante simples de entender,
pois todos eles foram feitos para sobreviver em ambientes praticamente comuns e,
quando as diferenças ambientais da sobrevivência ocorrem, nunca se fazem em
totalidade. Temos também que observar as variações e minúcias que há em cada
esqueleto de animal, feito para atender as necessidades específicas. O esqueleto de
todo animal vertebrado é um modelo perfeito para sustentar, acomodar e
locomover a criatura que o possui. Todos os mamíferos possuem as mesmas
funções físicas, com variações é lógico, de acordo com o que a criatura é como
espécie. É, pois, natural que o equipamento para estas funções seja similar. Isto
revela um plano mestre do Criador.
No homem, o apêndice, as glândulas endócrinas, o cóccix, etc.
seriam vestígios de que esses órgãos um dia foram úteis em animais inferiores e as
suas existências caducas no ser humano seriam provas de que este existiu como
animal inferior.
Sobre o assunto diz-nos o Dr. Henry Morris: “Em certa ocasião
supostamente haveria 180 de tais órgãos no homem. Entretanto, conforme a
ignorância foi sendo substituída pelo conhecimento a respeito do uso desses
chamados órgãos inúteis, o número foi rapidamente diminuindo, até que agora os
evolucionistas não apresentam nenhum desses órgãos.”
E, se tais órgãos existissem sem função presente, isto facilmente
poderia ser explorado como resultado de “alterações mutacionais, as quais,... são
usualmente deteriorações.”
Postula que o desenvolvimento embrionário de qualquer criatura
sempre recapitula condensadamente o passado evolutivo da criatura. Foi assim
que, com Haeckel, surgiram intensos estudos embrionários com o fim de
determinar as filogenias das criaturas história evolucionária das criaturas.
Entretanto, “comparações entre muitas ontogenias (desenvolvimento
embrionário) com suas supostas filogenias correspondentes, conforme indicadas
pela expansão dos informes paleontológicos, têm revelado inúmeras omissões,
adições, acelerações, retardamentos, saltos etc. Conseqüentemente, a teoria tem
passado a ser considerada, provavelmente pela maioria dos embriologistas, como
incorreta, embora com freqüência prefiram considerar o desenvolvimento
embrionário sob perspectiva evolucionária. Seja como for, dificilmente, há
qualquer justificativa para o oferecimento dessa teoria como prova da evolução.”
Com o passar do tempo, a teoria da recapitulação foi perdendo o
lugar no campo da defesa da evolução.
O professor Arthur Keith, destacado o evolucionista do Real Colégio
dos Cirurgiões da Inglaterra e ex-presidente do Real Instituto de Antropologia,
disse: “Esperar-se-ia que o embrião recapitule o aspecto de seus ancestrais, das
formas de vida mais baixas às mais altas no reino animal. Agora que a aparência
do embrião em todos os seus estágios é bem conhecida, o sentimento geral é de
despontamento; o embrião humano não tem o aspecto de antropóide em nenhum
dos seus estágios. O embrião dos mamíferos jamais se parece com um verme, um
peixe ou um réptil. A embriologia não apóia, de maneira nenhuma, a hipótese
evolucionária.”
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A genética tem demonstrado que alterações nos cromossomos,
mutações de gens, e hibridização podem produzir e realmente têm produzido
muitas novas variedades distintas. Isso pode ser observado tanto no estudo das
plantas como no dos animais. Essas variações têm sido freqüentemente evocadas
como provas da evolução, pelo fato de que são consideradas como novas espécies.
A grande questão está aí. Ninguém sabe com certeza até hoje o que é
uma espécie. Há muito conflito na classificação das espécies entre os biólogos da
atualidade. Não tem havido unanimidade nesta questão, razão pela qual se supõe
haver revolução provada pela hibridização oriunda do cruzamento de alguns
animais e plantas. O Dr. John Raymond, em seu livro Porque acredito na historia
do Gênesis, fornece-nos alguns esclarecimentos necessários: “Os híbridos das
variedades da mesma espécie de plantas ou animais podem ser superiores de
diversos modos aos tipos de seus pais e podem ser férteis. Como, por exemplo, a
raça dos atarracados cavalos Clydesdale que foi desenvolvida no vale do rio Clyde
na Escócia e cruzado com o cavalo flamengo: o resultado foi um animal belo,
excepcionalmente forte e dócil, mas sempre um cavalo.
Além disso, as características que o distinguem de seus ancestrais
não são permanentes.
Quando se cruzam tipos com diferenças mais destacadas, os híbridos,
quando obtidos, tendem à esterilidade. O exemplo mais notável disso é a mula, um
cruzamento entre jumento e égua. Poucos exemplares de mulas têm sido férteis,
mas por alguma razão desconhecida atuam geneticamente como se fossem cavalos
(égua).
Às vezes, na natureza, a hibridização produz descendentes férteis e,
até que a fonte de tais animais seja descoberta, são freqüentemente apontados
como espécies recentemente descobertas. Mas é notável que haja tão pouca
ocorrência de hibridização na natureza, quando há tanta oportunidade para que
ocorra.
Com esterilidade ou sem ela, a hibridização é um beco sem saída sob
o ponto de vista da evolução, pois apenas produz novas combinações daquilo que
já existe. “Não produz nada realmente novo.”
Como, neste livro, nos propusemos a fazer uma análise simples desta
questão, deixaremos, neste ponto, a discussão das supostas evidências externas da
evolução e passaremos para os registro fósseis.
Para uma penetrante análise do material fóssil, seria necessária uma
discussão substanciosa das camadas geológicas, co-relacionando-as entre lugar e
lugar. Infelizmente, no momento, isso não é possível.
O registro fóssil, conquanto seja evocado como o juiz da grande
questão da evolução apresenta inúmeros problemas:

1) Há uma variedade de espécies que tem permanecido


absolutamente fixa durante todos os milhões e milhões de anos do tempo
geológico. Entre as criaturas que têm permanecido inalteráveis durante o curso
da história evolucionária, estão os protozoários dos quais se diz terem começado
a evolução; o braquiópode chamado Língula o crustáceo da ordem dos Xifósuros
chamados de Limulus e o peixe de barbatanas lobadas, o qual se cria ter sido
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extinto há milhões de anos e que tem sido apanhado vivo em águas profundas
próximas a Madagáscar, inalterado em seu aspecto e fisiologia. Algumas dessas
espécies são tidas como intermediárias entre a vida aquática e a vida dos animais
terrestres. Parece-me, no entanto, ser bastante estranho que esses animais
permaneçam inalteráveis durante esses acreditados milhões de anos de história
evolucionária se se supõe que a evolução é a lei universal.

2) Muitas das espécies modernas são degenerações de espécies


anteriores muito melhores adaptadas e não, formas superiores daquelas que se
encontram como fósseis. Isto é verdade no que diz respeito a uma inumerável
quantidade de plantas e também entre os insetos, pássaros, peixes, animais
anfíbios e répteis. Um cômico exemplo, para quem quiser, é só comparar os
dinossauros aos nossos crocodilos e serpentes. Isto inclusive está intrinsecamente
associado à segunda lei da Termodinâmica, a qual postula uma utopia no
Universo, isto é, uma involução Universal.

3) Todas as grandes filogenias e muitas famílias, ordens e


classes, e também um grande número de gênero e espécie, aparecem no registro
fóssil sem nenhuma forma intermediária ou pelo menos preliminar. Entretanto,
cremos que esses animais extintos e achados em forma fóssil merecem
consideração, por serem eles os que mais impressionam os estudantes dessa
matéria.

À parte do ser humano ou de seus propostos ancestrais, a


evolução convida a ser a sua prova convincente ou das mais convincentes a
evolução do cavalo. No entanto, o testemunho dos extintos cavalos fósseis não
prova a evolução para além dos limites da espécie.
O primeiro membro da família dos eqüinos foi chamado de
Echippus e o que hoje é comum na vida do planeta é o Equus.
O primeiro tinha presumivelmente o tamanho de uma raposa e
possuía também quatro artelhos nas partes dianteiras e três nas traseiras. O
segundo, ou seja, o cavalo de hoje, tem apenas em cada pata um artelho, sem que
também se exclua a possibilidade de haver vestígio de outros artelhos. Outros
fósseis eqüinos têm sido encontrados, alguns dos quais aparecem com os artelhos
do Echippus, outros com três artelhos em cada pata. Há, no entanto, alguns com
os artelhos reduzidos e vestígios como o cavalo do nosso momento histórico.
Não obstante, algo deve ser observado: as camadas geológicas em que aparecem
esses animais são atribuídas ao período terciário e não encontram sobrepostas
uma às outras, mas sim, separadas por continentes. Nesse caso não se tem visto
uma evolução gradual dentro da mesma espécie, mas sim, gigantescos e súbitos
saltos.
Outra faceta da questão é que o Echippus não tem indicação sobre
sua origem, sendo já encontrado altamente desenvolvido e especializado.
Analisando o material existente e também lendo o depoimento de
muitos homens sérios, pareceu-nos mais coerente pensar que essas formas dos
eqüinos não se sucederam num mecanismo de evolução, mas antes, existiram
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simultaneamente na história dos animais. Eles se assemelham a variações
mutantes da espécie criada originalmente, a qual se diversificou sem que,
contudo, tenha havido jamais uma mutação para além dos limites da espécie.
Ademais, as mutações são reconhecidas como deteriorações e nunca como
progresso, o que, de fato, é observável no Equus com seus vestígios de artelhos
passados.
O tamanho pode se verificar entre outras famílias no mundo animal,
obviamente o mesmo poderia acontecer com o Echippus e o Equus.
Além disso, tudo deve-se dizer ainda que muitos cavalos fósseis
têm sido encontrados, os quais, algumas vezes, são maiores que o cavalo hoje
existente. Vale notar que alguns desses fósseis são idênticos, ao Equus, exceto no
fato de possuírem três artelhos e outras pequenas diferenças.
Cumpre-nos dizer que a relação entre o Echippus e o Equus não
prova a evolução para além das fronteiras de uma única espécie, ainda que, como
já foi visto, creiamos que isso não aconteceu no caso deles, mas sim, que ambos
viveram simultaneamente em continentes diferentes como os registros revelam.
Outro exemplo de uma suposta evolução no reino animal é-nos
dado no livro do Dr. Hand, obra já citada, onde se lê: “Tem-se grandemente
proclamado que a evolução já foi comprovada ser um fato e que não pode ser
mais negada porque, por exemplo, na Inglaterra, existem mais mariposas escuras
do que claras nas áreas industrializadas e mais mariposas claras do que escuras
em outras áreas. Contudo, o motivo desse fenômeno é que os troncos das árvores
são normalmente claros, e durante o dia, quando as mariposas pousam nas
árvores os pássaros vêem-nas escuras com maior facilidade e as comem em
maior número. Assim as mariposas escuras são raras, mas, nas áreas industriais, a
situação é o reverso, porque a poluição enegrece as árvores. Assim, as mariposas
escuras harmonizam-se com o ambiente e as claras se destacam. Os pássaros
vêem as claras mais facilmente e as comem em maior número. O resultado é uma
população maior de mariposas escuras. Não há nada surpreendente a respeito
disso. Mas diz-se que é um maravilhoso exemplo da evolução. Diz-se Charles
Darwin tivesse vivido para ver isto, teria testemunhado a prova da obra de sua
vida.”
Como o grande envolvido na questão da evolução é o homem, isso
por que ele é tido como “o alvo inconsciente da natureza”, devemos então com
objetividade deter-nos nos imagináveis fósseis de transição entre o não-homem e
o homem.
Foi na ilha de Java, nos anos de 1891 e 1892, que o Dr. Eugene
Dubois descobriu o famoso Pithecantropus Erectus. A descoberta consistia de
um crânio-parcial, um fragmento de fêmur e dois ou três dentes molares. É
interessante observar que essas partes não foram achadas juntas, mas num raio de
dezesseis metros e com um intervalo de cerca de um ano e, mais confusamente,
foram encontrados em um leito de um antigo rio, misturados com muitos ossos
de animais e excessivo entulho.
Não faz muito tempo que o Pithecantropus foi rebatizado com o
nome de Homo Erectus, isso porque G. H. R. Von Koenigswald tem encontrado

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mais restos dele e o tem considerado essencialmente semelhante ao homem
moderno.
Quanto ao primeiro achado acabou sendo classificado como crânio
de uma mulher pequena, e o fêmur como sendo totalmente humano e os dentes
molares têm sido reputados como de símios, portanto não pertencem ao restante
achado. Com as águas do rio onde foi achado, foi-se Pithecantropus como prova
de evolução.
O Neanderthal foi outro fóssil que se popularizou excessivamente.
A descoberta original constava de um crânio. O crânio de Neanderthal quando
examinado pelos peritos revelou ser de homem macaco, de um negro, de um
demente, de um moderno cossaco, de um alemão, etc. As margens do mar
Mediterrâneo têm sido a área de escavações mais férteis em esqueletos desse
suposto “elo perdido”. Esses esqueletos têm sido reclassificados por muitos
paleontologistas como idênticos ao homem atual. Por isso, é lúcido dizer-se que
o Neanderthal parece ser uma raça que está em degeneração e não em
desenvolvimento, visto que têm sido encontrados “neanderthais” perfeitos em
povos modernos.
O Sinanthropus Pekinensis, ou Homem de Pequim, porque achado
perto daquela cidade, constituiu-se também numa prova da evolução. Porém,
agora, já foi reclassificado com o nome de Homo Erectus, por se ver que todas as
características daqueles fósseis também são encontradas no homem moderno.
Os Australopithrcines foram descobertos na África do Sul por Dart
e foram considerados como o exemplar de uma série de “homens macacos sul-
africanos”.
Atualmente, no entanto, problema está em situar uma posição com
relação ao Australopithrcines, visto que, a maioria das autoridades no assunto já
os tem como verdadeiramente humanos, como no caso do próprio Dart, que tem
demonstrado que eles possuíam uma cultura humana, ainda que muito primitiva,
assemelhando-se cerebral e fisicamente falando, aos pigmeus. Outros os
classificam como totalmente macacos, dizendo que as ferramentas que Dart
descobriu não pertenciam a eles, mas foram usadas “sobre eles”. Se se aceita a
opinião da maioria, eles já eram humanos e portanto não podem ser utilizados
como prova de evolução. Se por outro lado, assumir-se a segunda posição, esta
afasta do mesmo modo a hipótese evolucionista, visto que o período em que
viveram é recente demais para que tenham evoluído para o homem, além do que,
também de acordo com a segunda hipótese, já havia homens que usavam aqueles
macacos como instrumentos de serviços.
Estudo interessante do assunto é encontrado no livro do Dr. Hand,
entretanto, prefiro citar, no momento, o Dr. Morris que também documenta o
caso: “O assunto inteiro parece repleto de opiniões contraditórias e interpretações
que constantemente flutuam, da parte dos diferentes eruditos envolvidos. Nos
últimos sessenta anos, mais ou menos, tem sido apresentado um grande número
de ossos por parte de tais autoridades, tais como o osso do joelho de um elefante,
descoberto em Java, em 1926, o qual por algum tempo, foi aclamado como um
novo crânio de Pithecantropus. Além disso, houve o dente do Hesperopithecus,
encontrado na Nebraska em 1922, que foi aceito tão largamente como evidência
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da antiguidade do homem sendo apresentado pelos evolucionistas, como
testemunho técnico no famoso “Julgamento da Evolução”, em Tenessee, em
1925.
Dois anos mais tarde, entretanto, foi encontrado o esqueleto
completo, ficando provado que tal dente pertencia a um tipo extinto de porco. O
chamado homem do Colorado (também edificado em torno de um único dente)
posteriormente foi descoberto tratar-se de membro pertencente à família dos
cavalos. Um crânio de símio humanizado, também descoberto no Colorado,
exibido como tal em um museu, durante algum tempo, em realidade não passava
do crânio de um macaco domesticado, ali sepultado alguns anos antes. Um osso
encontrado perto de Seattle, identificado como antigo perôneo humano, acabou
sendo parte de uma pequena traseira de um osso. Finalmente, o famoso homem
de Piltdown, que até épocas recentes era considerado um dos três ou quatro dos
mais importantes “elos perdidos” na evolução do homem, agora foi formalmente
denunciado como habilidoso embuste, que enganou todos os especialistas
antropólogos, durante quarenta anos, antes de ser descoberto.”
O que a mim se torna intrigante é o silêncio que tem havido,
quando, com muita freqüência têm sido achados fósseis totalmente humanos em
lugares diferentes e tão antigos quanto os supostos não-humanos. Alguns têm
sido revelados como mais antigos do que os famosos ele perdidos. Entre esses
achados enumera-se os “Homens” de Grimald, Oldoway, Waldjak,
Fontechevade, Swanscombe, Galley Hill e outros, os quais são totalmente
identificados com o homem moderno. Lamento, no entanto, que esses achados
não seja dada a devida publicidade.
O que se pode dizer, resumindo, é que, tanto o homem moderno,
como o Neanderthal, o Cromagnon e os outros são uma degeneração de um
ancestral muito mais habilitado, cerebral, física e organicamente falando como
homem, e isso se coaduna com a lei da entropia, a qual é totalmente
incontestável.
O próprio Darwin reconheceu a dificuldade de falar-se em elos
perdidos quando disse: “Por que, se algumas espécies descendem de outras
espécies, através de estágios pequenos, não encontramos por toda parte
inumeráveis formas transitórias? Se, por esta teoria, existirem inumeráveis
formas transitórias, por que não as encontramos incrustadas em números
incontáveis na crosta terrestre?
O pensamento do homem moderno tem sido dirigido facilmente no
sentido da credulidade científica como disse Wernher Von Braun: “Em virtude
das coisas maravilhosas que tem sido feito pela sociedade, a ciência tem sido
valorizada, demasiadamente alta. Nós devemos recordar-nos de que a ciência só
existe porque há gente, e seus conceitos só existem nas mentes dos homens.”
Um exemplo interessante disso é-nos dado pelo Dr. Paul Little,
citando o Dr. Kerkut, tutor de muitos universitários durante vários anos. Conta-
nos Kerkut: “No decurso de vários anos até agora, tenha sido tutor de
universitários em vários aspectos da biologia. É muito comum, no decurso da
conversa, perguntar ao estudante se conhece as evidências da evolução. Isto
normalmente evoca um sorriso um pouco superior. “Então senhor, há a evidência
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da Paleontologia, da Anatomia Comparativa, da Embriologia, da sistemática das
distribuições geográficas”, diria o estudante papagaio como se fosse citar uma
poesia infantil, chegando até contar palavras nos dedos. Depois ficaria assentado,
com uma expressão de complacência, aguardando uma pergunta mais difícil tal
como a natureza da evidência em prol da seleção natural. Mas depois eu continuo
no assunto da evolução.
Você pensa que a teoria da evolução é a melhor explicação até
agora proposta para esclarecer os interrelacionamentos entre os animais? Vou
perguntando.
Mas naturalmente, senhor, é a resposta. Não existe outra
alternativa a não ser a explicação religiosa dada por alguns cristãos
fundamentalistas, e, segundo entendo, senhor, estes pontos de vista já não são
sustentados pelos eclesiásticos modernos.
Então você não crê na evolução por falta de uma outra teoria?
Oh, não senhor, creio nelas por causa das evidências que acabo
de mencionar.
Já leu algum livro sobre as evidências da evolução?
pergunto.
Sim senhor. E aqui menciona os nomes dos autores do livro
escolar popular. E naturalmente, senhor, há aquele livro de Darwin, A Origem
das Espécies.
Você já leu o livro? pergunto.
Bem,não o livro inteiro senhor.
As primeiras cinqüenta página?
Sim, um tanto assim; talvez um pouco menos.
Entendo. E isto lhe deu uma compreensão firme da evolução?
Sim senhor.
Bem, se realmente entende um argumento, poderá indicar não
somente os pontos em favor do argumento, mas também as objeções mais
eficazes contra eles.
Suponho que sim, senhor.
Muito bem, vá citando algumas evidências contrárias à teoria da
evolução.
Mas não há senhor.

A essa altura a conversa começa a ficar em pouco tensa. O


estudante olha para mim como se eu lhe tivesse pregando uma peça de maneira
injustificável. Ficaria muito magoado se eu fosse sugerir que seu ponto de vista
não era cientifico, repetindo como papagaio, ao ser interrogado, os pontos de
vistas do arcebispo da evolução em voga. Realmente seu comportamento seria
como o de certos estudantes de religião, aos quais ele quis tratar como desprezo.
Estaria aceitando pela fé o que não entendia intelectualmente, e, sob exame,
estaria apelando à autoridade do “bom livro” que no caso seria o A Origem das
Espécies.

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Nesta altura sugiro que o estudante vá ler as evidências em favor da
evolução e as evidências em contrário, transformando tudo numa posição. Depois
de uma semana aparece o aluno armado com uma tese sobre a evidência
favorável à evolução. Normalmente o trabalho é bem escrito, sendo que os
estudantes logo chegam à conclusão de que não é tão fácil me convencer. Depois
da leitura da composição e depois de eu perguntar sobre a evidência contra a
evolução, o estudante dá um sorriso um pouco ofendido.
Bem senhor, consultei vários livros, mas não descobri nada em
livros científicos contra a evolução. Achava que o senhor não iria querer um
argumento religioso contra a evolução. Então, senhor, parece que não existe
nenhum, e isto em si mesmo é mais uma evidência da evolução.
Então explico ao aluno que a teoria da evolução já é antiga e
menciono que poderia ter consultado o livro de Radi: A História das Teorias
Biológicas. Depois de assegurar-me que o aluno tomou nota do nome do livro
para pesquisas futuras, continuo como segue: Antes que se possa decidir que a
teoria da evolução é a melhor explicação da gama de formas diferentes de
matéria viva que atualmente existe, é necessário exaurir todas as implicações que
esta teoria traz consigo. Acontece por demais freqüentemente que a teoria se
aplica por exemplo, ao desenvolvimento do cavalo, e depois, porque considera
aplicável a este caso, estende-se ao restante do reino animal, sem se procurar
mais evidências.
Há porém, 7 suposições básicas que freqüentemente nem se
mencionam durante debates sobre a evolução. Muitos evolucionistas ignoram as
primeiras 6 suposições e consideram só a 7ª.
A primeira suposição é que as coisas sem vida dessem origem a
matéria viva, isto é, que ocorresse a geração espontânea.
A segunda suposição é que a geração espontânea tenha ocorrido
uma única vez.
A terceira, é que os vírus, bactérias, plantas e animais sejam
interrelacionados.
A quarta, é que os protozoários tenham dado origem aos
metazoários.
A quinta, é que os vários filos invertebrados sejam
interrelacionados.
A sexta, é que os invertebrados tenham dado origem aos
vertebrados e os peixes tenham dado origem aos anfíbios, aos répteis, e os répteis
aos pássaros e mamíferos. Isto, às vezes, se exprime em outras palavras, isto é,
que os anfíbios e répteis moderno remonta a antepassados de um tronco comum,
e assim por diante.
Para os propósitos iniciais desta discussão da evolução, vou levar
em conta que os que apóiam a teoria da evolução sustentam a validez destas sete
suposições e que estas suposições, no seu todo, compõem a teoria da evolução.
O primeiro ponto que eu gostaria de levantar é que as sete
suposições, pela sua própria natureza, não são passíveis de verificação
experimental. “Supõem que uma série de acontecimentos se tenha verificado no
passado.”
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Prossegue o Dr. Kerkut no seu diálogo com o jovem estudante
dizendo: “Assim mudar um réptil de nossos dias em mamíferos, por mais
interessante que seja, não demonstraria como surgiram de “fato” os mamíferos.
Infelizmente, nem essa mudança temos conseguido; ao invés disto, temos sido
forçados a depender de evidências circunstanciais limitadas para apoio das nossa
suposições”.
No que tem sido dado estudar sobre a evolução, tem-se sido parente
a incompatibilidade existente entre a evolução e a segunda Lei da
Termodinâmica. Trata-se da lei da entropia, a qual declara que “em qualquer
transferência ou mudança de energia, embora a quantidade de energia permanece
sem alteração, a quantidade de energia disponível e útil, sempre diminui”. Sendo
assim, não há compatibilidade entre ambos os enunciados científicos (evolução X
termodinâmica). Conforme declarou o Dr. Ramm: “estamos confrontados com a
clara distinção entre duas teorias: (A) a recuperabilidade de energia e (B) a
irrecuperabilidade de energia. Se energia é irrecuperável, temos que aceitar a
doutrina da criação. Até o presente momento, nunca foi comprovado nenhum
processo pelo qual a energia possa ser recuperada.”
Julgo importante mostrar o seguinte roteiro apresentado pelo Dr.
Kenneth Taylor, no seu livro, Evolução:
1) Não existe evidência conclusiva para a evolução nos
registros fósseis.

2) Não existe base teórica firme para o desenvolvimento


que leve uma espécie a transformar-se em outra mais perfeita, visto que a
genética, como sabemos, não permite variação além do que é inerente aos genes
originais.

3) Não há formas imagináveis, pelas quais cromossomos,


genes, enzimas, D.N.A., etc. se tenham desenvolvido por acaso e por seleção
natural.

4) Não há evidência de que a natureza tenha alvos criativos em


direção dos quais trabalhe durante milhões de anos. Isto reveste as cegas forças
da natureza de previsão e personalidade. Este conceito de natureza parece um
outro nome de Deus.

5) Não há maneira pela qual os órgãos, complexos possam


aperfeiçoar-se através de minúsculas e progressivas mutações; a seleção natural
eliminaria os pré-órgãos inúteis, em vez de encorajá-los.

6) Não há prova de que existe na natureza um processo como


seleção natural exceto quanto a variações minuciosas de tamanho, cor, forma
facial etc.

Um elo perdido de Darwin.

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Note-se lucidamente que a teoria da evolução não foi provada, foi
aceita! A teoria da evolução é, a cada dia, mais aceita por todas as mentes e os
fatos apresentados neste livro são, em geral, omitidos ao conhecimento popular,
assim como também são totalmente desconhecidos da maioria dos homens que já
leram as biografias de Darwin, o final de sua via e o seu encontro com Lady
Hope, conforme narrado no livro Âncora da Alma, de Orlando Boyer: “Ela foi
convidada a entrar e visitar o célebre autor da obra Origem das Espécies por Via
de Seleção Natural. Ele estava sentado e encostado em alguns travesseiros, na
cama coma a Bíblia na mão.”O que está lendo agora?” perguntou-lhe ela.
„Hebreus (uma parte da Bíblia), ainda em Hebreus, o livro real‟: e indicando
algumas passagens coma a ponta do dedo, fez alguns comentários sobre elas.
“Lady Hope falou algumas de suas afirmações claras que ele fizera
sobre a história da criação. Darwin parecia perturbado e com expressão de agonia
no rosto: „Era moço com idéias não bem formadas. Fizera algumas sugestões
admirado com todas as coisas e ficava surpreendido de ver tudo começar a arder
como fogo. O povo fez destas idéias uma religião‟. Então ficou calado por um
pouco e depois de mencionar a santidade de Deus e a grandeza da Bíblia que
segurava na mão, disse de repente: “Lady Hope, tenho uma casa no jardim, na
qual podem se ajuntar trinta pessoas. É aquela lá‟, indicando pela janela aberta.
„Quero que fale lá amanhã à tarde para os criados e alguns vizinhos‟.
Sobre qual assunto falarei? Perguntou-lhe Lady Hope Cristo
Jesus e a sua salvação; respondeu ele com ênfase. „Há alguma coisa melhor?
quero também que cante com eles. Pode marcar a reunião para as três horas, a
janela aqui ficará aberta e pode saber que estou acompanhando os hinos‟, disse
ele com muita animação.”
Infelizmente, o homem moderno desconhece esses fatos e se tem
envolvido aguerridamente na defesa da evolução, e enquanto a defende, tem
bebido do cálice que ela oferece, amargo e espumoso, e o pior é que o tem
sorvido até o fim.
A conseqüência da adesão consciente à evolução é uma vida sem
sentido, sem propósito e finalidade consciente, visto que a coerência no caso
compele o pensador a isso, e face de que ele como criatura consciente, nada mais
é do que uma aberração, um descriado, e o resultado dessa posição filosófica é
que a moral consciente morre, restando tão-somente os critérios da moral que
jazem no subconsciente e que, na maioria das vezes, ainda lutam com as
conceituações existenciais vigentes a propalarem que todas as formas e critérios
morais do homem, são, tão-somente, imposições de condicionamentos sociais
existentes e que, no entanto, podem ser destruídos mediante atos de autenticação
de vontade pessoal, segundo Freud e Jean-Paul Sartre. Essa é, sem dúvida, uma
das conseqüências que nos foi legada pela teoria da evolução, por ser ela, do
ponto de vista científico, a teoria que trouxe ao homem a justificativa para que
ele viva como bem entender viver, em sua total autonomia, porém, em seu
desgraçado abandono.

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BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) GREEN, M. Mundo em Fuga s. ed. S. Paulo, Edições


Vida Nova, s. d., pág. 37.
(2) Id., pág. 37.
(3) Id., ibid., Pág. 38.
(4) Id., ibid., pág. 39.
(5) Id., ibid., pág. 37.
(6) Id., ibid., pág. 36.
(7) BACON, Francis. Poluição e Morte de Homem. s. Ed.
Rio de Janeiro, Junta de Educação Religiosa e Publicações,
1976, pág. 76.
(8) SCHAEFFER, Francis. A Morte da Razão. s. ed. S.
Paulo, ABU Editora, 1975, pág. 31.
(9) GREEN, op. cit., pág. 41.
(10) HUXLEY, Aldous.
(11) HAWTHORNE, J. N. Questões de Ciência e Fé. s. ed.
S. Paulo, ABU Editora S. C., 1975, pág.25.
(12) GRAHAM, Billy. Como Nascer de Novo. s. ed.
Minas Gerais, Editora Betânia, 1977, pág. 27.
(13) HAWTHORNE, op. cit.
(14) GREEN, op. cit., pág. 52.
(15) Id. ibid., pág. 52.
(16) HUXLEY, op. cit.
(17) MORRIS, Henri. A Bíblia e a Ciência Moderna. s. ed.
S. Paulo, Imprensa Batista Regular, 1965, pág. 28.
(18) Id., ibid., pág. 33.
(19) WURMBRAND, Richard, Seria Karl Marx um
Discípulo de Satanás?
(20) BACON, op. cit., pág. 11.
(21) SCHAEFFER, Francis. A Igreja no Ano 2001.
(22) HAND, John Raymond. Porque Acredito na História
do Gênesis. s. ed. S. Paulo, Imprensa Batista Regular, 1977.
(23) TAYLOR, Kenneth N. Evolução. 2ª ed. S. Paulo,
Editora Mundo Cristão, 1973, pág. 42.
(24) Id., pág. 37.
(25) Id., ibid.
(26) Id., ibid.
(27) Id., ibid.
(28) MORRIS, op. cit., pág. 41.
(29) Id., ibid., pág. 42.
(30) HAND, op. cit., pág. 26.
(31) Id., ibid.
(32) Id., ibid.
(33) MORRIS, op. cit.
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(34) HAND, op. cit.
(35) “Porque Deus permitiu que o homem fosse ao
espaço.”, in “Revista Mundo Cristão.”
(36) LITTLE, Paul. Você Pode Explicar a sua Fé? s. ed. S.
Paulo. Editora Mundo Cristão, 1973, págs. 102-5.
(37) Id., ibid., pág. 106.
(38) TAYLOR, op. cit., pág. 58.
(39) BOYER, Orlando. Âncora da Alma.

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5
Um Universo Criado de um Princípio de Pluralidade

Foi Jean Paul Sartre quem expressou uma das verdades mais
significativas para quem quer se situar no universo e na existência. Ele disse que
a questão filosófica básica consiste em que algo é.
Na realidade, essa é a verdade: algo é. Não podemos negar o fato de
que estamos vivendo em algum lugar no tempo e no espaço.
A crise filosófica não é, primariamente, admitir que algo seja. O
grande e real problema é saber se o que é é por iniciativa de Alguém, ou se
sempre existiu, ou ainda, se passou a ser por mero e absurdo acaso.
Sempre ter sido ou passado a ser por um acidente universal
posterior é tão ateístico quanto se possa rotular algo de casual.
A metafísica do descriado Universo que é crê reduzir boa parte da
complicação já existente da complexidade universal abolindo um Deus de
existência-inerente bastante complexa, ou seja, um Ser que é espírito, que pensa,
que sente, que tudo pode e que é infinitamente existente.
Tenho ouvido com alguma freqüência esse tipo de negação de
Deus: “Crer num ser como Deus é complicar demais o Universo. É melhor
aceitar somente o Universo e diminuir a complicação.”
O engano, entretanto, é que a existência de algo como o Universo é
absurda sem Deus. Quando alguém diz que não pode aceitar a existência de Deus
por ser complicada, está complicando mais as coisas.
Primeiramente porque ao rejeitar Deus dizendo que sua existência é
complexa demais, cai-se no absurdo de aceitar pela fé ou pela “imposição de uma
realidade palpável”, um Universo complicado, isto é, um Universo divino, sem
princípio nem fim, ao menos na coisa ou no vácuo onde ele está. E onde é esse
lugar? Que vácuo é esse? Quais são os seus limites? Se tem limites, tem
referenciais de limites e, por conseguinte, novos espaços e realidade. E ainda se a
matéria universal deixa de existir a 15 bilhões de anos-luz daqui, como supõe
Luiz Bernardo Ferreira Clauzet, do Instituto Astronômico e Geofísico da
Universidade de São Paulo, então o que há para além desse último referencial
material? A pergunta se reforça ante a afirmativa de Richard Wielebinski, de que
“as nossas teorias nos obrigam a aceitar que o Universo é finito, sem saber o que
existe além dele”
Esse é um problema complexo: um Universo finito e, ao mesmo
tempo, cercado por algo que não se conhece. Ao admitirmos toda essa
complexidade e não há jeito de negá-la, pois vivemos nela estamos
aceitando viver pela fé em algo divinamente complexo e, portanto, não se está
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afastando o problema de termos que viver e aceitar algo que, em si, tem o
mistério do divino.
Em segundo lugar, a questão se torna mais séria ainda, quando está
em análise o material que compõe esse Universo: a energia. A energia é de
origem desconhecida. Dela derivam todas as outras formas e estruturas de
existência no universo dos sólidos, líquidos e gasosos.
O assunto é tão misterioso que chega a cair no místico, mesmo
quando as mentes cientificas tentam explicá-las. Observe-se alguns textos
eivados desse misticismo semântico: No começo havia apenas hidrogênio e hélio
(como se esses dois gases não necessitassem de explicação. Eu chamo a isso de :
o dogma da matéria primária). O universo era simples do ponto de vista químico
(mas não do ponto de vista químico (mas do ponto de vista metafísico). Dessa
matéria nasceram as estrelas, e estas, por sua vez, geraram os átomos mais
complexos nas poderosas reações termo nucleares que se processaram
continuamente em suas entranhas. De tais átomos se formaram as moléculas do
homem. Todos esses átomos foram preparados nas estrelas.
Algumas das palavras usadas no parágrafo anterior, e que estão em
itálico, melhor se adequariam em alguns livros de teologia simplista.
Quando alguns homens negam a existência de Deus por causa da
complexidade de um Ser como Deus, estão aceitando lidar e viver sem
explicações num Universo que se torna infinitamente complicado e absurdo a
partir de si mesmo e em si mesmo.
Usando uma expressão filosófica inadequada para expressar melhor
o nosso pensamento diremos: o elemento básico inerente a Deus (o espírito) e,
metafisicamente, mais simples do que a matéria básica inerente ao universo (a
energia).
Deus é mais complexo do que o Universo, senão, não o poderia
conceber e executar, mas a Sua intrinsicidade não é metafisicamente mais
complicada do que a energia universal.
Num Universo como o nosso, o espírito é a única maneira de ser
que não apela para a exacerbação de fé simplista.
Vejamos: energia é movimento mais força. Logo, são dois os
fenômenos. Todavia, não há movimento sem uma força que o acione. Tampouco
uma força sem um movimento anterior. Nesse caso a metafísica da energia seria
sempre o zero absoluto. Mas o eu divino admite uma espécie de movimento sem
deslocação, pois o que não era era em Deus e o que passou a ser foi feito em
Deus e por Deus, de maneira que um Ser, que é tanto imanente como
transcendente à sua criação ( e tal se dá com Deus que criou tanto em si, por si e
tudo fora de si, pois o que Ele criou não é Ele) possui um EU e pode ter esse
movimento sem deslocação. Não precisa movimentar-se para agir e, ao agir,
movimenta sem movimentar-se; porque a imanência de Deus pode ser imanente
no movimento produzido sem ser movimento em si, por causa da sua
possibilidade de ser em transcendência.
Quando a lógica parte de um Deus que é espírito e que criou o
Universo, ela está apenas achando muito mais razoável que a complexidade e
ordem que há no Universo não necessitam, além da complexidade dela mesma,
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apelar para o milagre criador do deus-absurdo. Sim, é mais lógico e menos
complicado, tanto em estrutura de ser como também em justificativa do que
existe, admitir a realidade de um Criador. Como disse Isaaque Newton: “O
ateísmo é tão insensato. Quando contemplo o sistema solar, vejo a terra colocada
a uma distância correta do sol para receber as quantidades adequadas de calor e
luz. Isto não acontece por acaso. Os movimentos dos planetas têm que ser
dispostos por um braço divino” (Gênio científico e homem de fé John Tiner,
pág. 144).
Há cada, dia mais firmemente definida no século XX, a idéia de
que há um Deus no Universo, esse Deus deve ser uma Unidade-Energética-
Impessoal.
Albert Einstein criticou fortemente os religiosos que não aceitavam
a religiosidade cósmica, ou seja, o Sistema Energético Universal como sendo o
Deus que existe.
Einstein dizia que sua religiosidade cósmica “consistia em
espantar-se em extasiar-se diante da harmonia das leis da natureza, que revelam
uma inteligência tão superior que todos os pensamentos humanos e todo seu
engenho nada podem desvendar diante dela a não ser seu nada irrisório.” Este
sentimento, pensava Einstein, desenvolve a regra dominante da vida do devoto da
religiosidade cósmica e de sua coragem, na medida em que supera a servidão dos
desejos egoístas. Entretanto, quando ele fala de egoísmo, fala de “pessoa”, ainda
que deformada. Todavia, essa é a tragédia: egoísmo e “pessoísmo”. Nesse caso,
teríamos uma pessoa contemplando um deus não-pessoa. E o problema que daí
advém é que o homem como ser pessoal é qualitativamente mais elevado do que
o deus impessoal que o criou. Como disse Bertrand Russel: “Os que tentam fazer
do humanismo uma religião, que nada admitem maior que o homem, não
satisfazem meus sentimentos. E no entanto, não posso crer que, no mundo
conhecido, haja alguma coisa que eu possa valorizar além dos seres humanos... A
verdade impessoal não-humana parece-me uma ilusão. E assim meu intelecto
segue com os humanistas embora meus sentimentos se oponham violentamente.”
Esse era o paradoxo de Russel: Com a razão-fria (intelecto) ele amava o calor da
existência do homem (pessoalidade). Mas com o calor dos seus sentimentos
como homem, ele repudiava tal idéia; ou seja, ele se esforçava para ser
sentimental com um universo sem sentimento na sua metafísica, e racional e frio
com aquilo que é sentimentalmente real o homem como pessoa. Esse é o tipo
de “devolução que a religiosidade cósmica produz nos seus adeptos.
Os adeptos da “religiosidade cósmica” dos nossos dias crêem que
em grau infinitamente elevado, o Budismo organiza os dados do Cosmo e estes
são decifrados com a ajuda de Schopenhauer.
Einstein cria que os gênios-religiosos de todos os tempos se
extinguiam por esta religiosidade ante o
Cosmo. Afirmava ele que essa religiosidade não tem dogmas nem Deus
concebido à imagem do Homem.
O famoso físico acertou ao dizer isso. Realmente o que caracteriza
a “religiosidade cósmica” é a sua total impossibilidade de falar à “pessoa” do
homem. Dizer que na religião panteísta não há um Deus feito à imagem do
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito!
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homem é, também, afirmar que nela não há nada com que o homem como ser
profundo, particular, pessoa (e até egoísta) possa se identificar. Nesse sentido, a
“religiosidade cósmica” sé é grande em equação filosófica, mas é infinitesimal
em relação ao “cosmo interior do homem.” O que é maior: o universo exterior no
qual os homens vivem ou o universo interior no qual os homens são? O que é
mais complexo: a nossa galáxia ou os sentimentos do homem?
Quando querem forçar-nos a aceitar ou por vaidade ou por
ignorância que o deus-coisa existente é suficiente para explicar o Universo, eles
se esquecem da pessoa do homem. Distraem-se ou fogem de três implicações:
1) Ninguém até hoje conseguiu tirar personalidade de
fontes não pessoais.
2) A religiosidade Cósmica (Panteísmo) não se identifica
com a personalidade do homem.
3) Que é irracional, pelo método filosófico da análise,
você começar a estudar a conclusão maior desse universo conhecido,
que é a pessoa do homem, como disse Russel, e partindo dessa
conclusão ou ápice universal, não chegar a uma “premissa pessoal”. Ao
invés disso, e contra o método de que a inferência de premissas a partir
das conseqüências é a essência da indução, tanto na investigação da
matemática quanto para descobrir as leis gerais em qualquer das
realidades científicas, eles começam com um “homem pessoal” e
querem terminar numa “energia sem coração”.

Ilustrando essa realidade, Francis Schaeffer, em seu livro O Deus


que intervém, põe-nos nitidamente diante dos olhos.
“Imagine-se nos Alpes e num pico bem alto. Você pode ver três
cadeias de montanhas paralelas com dois vales entre elas. Num dos vales há um
lago e o outro está seco. De repente você testemunha algo que às vezes acontece
no Alpes: um lago se formando no segundo vale onde antes não havia nada.
Enquanto observa a água subindo, você imagina de onde ela vem. Se ela pára no
mesmo nível do vale vizinho, você poderá, após medir cuidadosamente, concluir
que existe a possibilidade de que a água tenha vindo do primeiro vale. Porém, se
a medição mostrar que o nível do segundo lago é seis metros mais alto que o
primeiro, você não mais poderá admitir que a origem seja a do lago vizinho, e
terá que procurar outra explicação.” Assim se dá com o homem em relação a sua
pretensa fonte geradora. O homem é mais elevado do que a energia panteísta,
justamente porque o homem é uma pessoa.
Temos chegado até aqui apenas demonstrando que o Ateísmo é
mais complicado como matéria primária do que o Teísmo; que a justificativa
Teísta da complexidade universal é mais lógica do que a Materialista; e se se crê
que o Deus desse Universo é o “Todo-Energético-Universal”, então estamos
diante do problema de a que a pessoa do homem está perdida num universo que
não se comunica com ele e não responde o “porquê” de sua pessoa e que o
responsabiliza totalmente, como deus contemporâneo, que prosseguimento do
absurdo processo da existência.

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O tema deste capítulo é “Um universo criado dentro de um
princípio de pluralidade.” Aparentemente, até o momento não abordamos o
assunto. Pensar assim é um equívoco. Tudo que dissemos até agora teve a
finalidade de fundamentar melhor esse princípio bíblico que permeia o Universo.
No ateístico surgimento da matéria no Universo, só há lugar para a
unidade energética. Na religiosidade cósmica de Einstein, só há lugar para uma
inteligência inerente a tudo e a todos, mas sem nenhum sentimento particular em
algum ponto desse processo de unidade. Portanto, em todas as alternativas em
moda atualmente, só há lugar par a unidade, mas não há lugar a diversidade.
Todavia, o universo no qual vivemos tem unidade, diversidade e pessoalidade.
Em qual dos sistemas desse mundo há um princípio filosófico-
religioso que se compatibilize e se enquadre à realidade universal?
“No princípio criou Elohim o céu e a terra.”

O que pode significar tão antiga e repetida frase?

Primeiramente a frase revela que o Universo teve princípio. Aliás, a


teoria da “grande explosão” teve comprovação prática. Acreditava-se que uma
bomba-relógio como uma primeira bola de fogo teria deixado no espaço restos de
sua radiação e que esses sinais poderiam ser captados por um aparelho sensível
às oscilações eletromagnéticas. Acabou ocorrendo. Há alguns anos, os físicos
Arno Penzias e Robert Wilson, dos laboratórios Bell-Telephone, nos Estados
Unidos, procuravam captar radioemotivações da própria Via Láctea através de
um radiotelescópio de alta sensibilidade, capaz de afastar os mínimos ruídos de
interferência. De repente, o aparelho registrou algo inesperado uma fraca
oscilação, desconhecida, persistente, que parecia cair de todos os lados sobre a
terra. Pelos estudos que depois fizeram sobre essas ondas, Penzias e Wilson
concluíram, fascinados, que haviam sintonizado por acaso uma estação muito
antiga, que irradiava há 15 bilhões de anos. Mais precisamente, tinham captado
os sinais do primeiro óvulo os ecos da criação.
O ato criativo de Deus é descrito na Bíblia como sendo creatio
exnihilo, isto é, “o visível veio a existir veio a existir das coisas que não
aparecem” (Hebreus 11:3). “No princípio criou Deus os céus e a terra” indica que
os mundos não foram formados de qualquer matéria preexistente, mas antes
foram formados do Nada, nada-mesmo, pela palavra divina, demonstrando que
antes Fo “Fiat” criativo não havia qualquer outra espécie de existência.
A palavra criou, que no hebraico é bara, tem o sentido de extrair do
nada.
Essa é a primeira coisa que precisa ser colocada: o Universo teve
um princípio.
E segundo lugar, a frase revela que o Universo teve um princípio
pessoal
Desde o princípio o livro de Gênesis nos confronta com o Deus
vivo, Deus inequivocamente pessoal.

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Os verbos do capítulo inicial criou, fez, haja, viu, chamou...
expressam uma energia mental de vontade e de julgamento que exclui toda a
questão de conceber a Deus na categoria do “isto” em lugar do “tu”.

Em terceiro lugar, a frase revela um princípio de pluralidade. É


justamente nesse ponto que julgamos que devemos dar mais ênfase. Observemos:
“No princípio criou Elohim os céus e a terra.” O nome Elohim é um plural de
majestade. Indica uma intensa pluralidade no ser de Deus. Num sentido latente
alude à Trindade.
Alguém diria: Mas por colocar a Trindade nessa argumentação?
Será que ela não complicará mais as coisas? A resposta é não. Somente a
Trindade, somente o Deus Elohim, é que pode elucidar e justificar o tipo de
universo no qual vivemos.
Uma Unidade-Energética-Panteísta só tem resposta para a unidade
do Universo, mas não apresenta solução para a diversidade nem para a
pessoalidade que são realidades também observadas no Universo.
A Trindade não é uma tapeação teológica para preencher a
problemática metafísica que os gregos levantaram. Ela é a única maneira de
entendermos o Universo.
Nós vivemos num Universo que tem UNIDADE, DIVERSIDADE
E PESSOALIDADE (a pessoa do homem). Não é de se supor que um artista
deixe sobejar de si aquilo que ele “é” e “sente”? A fase azul de Picasso
porventura não revela a sua pessoa profunda? É claro que sim. Tal também se dá
com o Criador. Esse Universo tem que ser traços característicos e pequenas
maquetes do seu Criador.
Quando olhamos para os milhares de rostos que se cruzam nas ruas,
o que pensamos ou o que observamos? A mim, pelo menos, me espanta a
unidade das nossas características básicas (olhos, nariz, boca, etc.) em meio à
dessemelhança, ou seja, à diversidade das identidades e características pessoais.
Na Unidade-Energética-Panteísta haveria lugar para a diversidade?
É claro que não. Mas no Deus-Elohim, no Deus Trino, tanto Unidade como
Diversidade e Pessoalidade encontram esse lugar. Aliás, Deus não poderia existir
de outra forma, a não ser de maneira tripessoal. Isto tem sido defendido de várias
maneiras.
O Deus-Triúno é diferente da particular e individual consciência de
“si mesmo” que tem cada uma das pessoas da divindade, contudo pode perceber
o que faz, porque na consciência de “si mesmo” o sujeito deve conhecer-se como
objeto. Isto é possível por causa da sua existência trina.
Em o Desespero Humano, Kierkegaard diz que o eu ou o espírito é
uma relação que não se estabelece com qualquer coisa de alheio a si, mas
consigo própria. Mais e melhor do que na relação propriamente dita,ele consiste
no orientar-se dessa relação para a própria interioridade. O eu não é a relação em
si, mas sim o seu voltar-se sobre si próprio, o conhecimento que ele tem de si
próprio depois de estabelecido.
Kierkegaard dizia que “o homem é uma síntese de infinito e de
finito, de temporal e de eterno. Ora, uma síntese é uma relação entre dois termos.
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Numa relação de dois termos, a própria relação entra como um terceiro, e cada
um daqueles termos se relaciona com a relação, tendo cada um existência
separada no seu relacionar-se com a relação.” Ora nesse sentido, Deus não pode
ter no temporal e no eterno, no finito e no infinito, síntese de termos, porque Ele
transcende a tudo.
Todavia, se o homem e o seu “eu” foram feitos à imagem e
semelhança de Deus, então é de se supor que os termos não sejam os mesmos,
mas o modelo seja idêntico, variando apenas na dimensão do divino. Nesse caso,
os termos da síntese da pessoalidade do Deus-Triúno seriam a própria Trindade,
sendo cada duas das pessoas da Trindade termos para a síntese do “eu” da outra
(terceira), e assim, em interdependência, servindo cada duas de termos para a
síntese da outra pessoa divina, que seria sempre uma terceira pessoa em relação
aos termos. O Pai e o Filho são termos para a síntese do “Eu”do Espírito Santo.
O Filho e o Espírito Santo são termos para a síntese do “Eu” do Pai. E o Pai e o
Espírito Santo são termos para a síntese do “Eu” do Filho. Aliás, essa pode ser a
maneira do “Eu divino” ser.

PAI (eu) FILHO (eu)


ESPÍRITO SANTO (eu)

Síntese = Eu do Deus Triúno

Cada uma das relações tem a possibilidade de voltar-se sobre si, e


cada um dos dois termos faz a síntese do eu consciente da relação que se volta
sobre si. Dessa forma, temos um Deus e temos três pessoas, todas consciente e
todas dependentes e todas tendo nas outras duas os termos necessários à sua
relação com a terceira. Cada um dos termos se relaciona com a relação, embora
cada um tenha existência separada no seu relacionar-se com a relação.
Dependentes e independentes, eis um santo e maravilhoso mistério.
As melhores analogias que encontramos para a Trindade, são
aquelas tiradas da vida humana, particularmente da constituição e dos processos
da mente humana. Essas analogias têm especial significação porque o homem
tem a imagem de Deus.
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1.ª Analogia A Unidade psicológica do intelecto, dos
afetos, e da vontade.

2.ª Analogia A Unidade lógica da tese, antítese, síntese.

3.ª Analogia A Unidade metafísica de sujeito, objeto,


sujeito-objeto.

Em todas essas analogias temos universidade e diversidade.

A procura de analogias que bem determinem os traços do Criador


neste mundo revelando unidade e diversidade, não precisa ir longe. Em cada
rosto, andar, folha de árvore, fruto e coisa nesta existência, esse princípio está
presente. E por que está presente? Porque o Deus que criou esse universo é o
Deus-Triúno. Como tem dito Francis Schaeffer, olhando do ponto de vista da
infinitude de Deus, há um grande abismo entre Deus por um lado, e o homem, o
animal, a flor e a mecânica da terra por outro. Sendo olhado do ponto de vista da
infinitude de Deus, Ele está só. Ele é o Outro absoluto, porque somente Ele é
infinito. Portanto, no que se refere à infinitude de Deus, o homem está tão
separado de Deus quanto o átomo.
Todavia, olhando do ponto de vista da personalidade que Deus é o
abismo está entre o homem e o animal, a planta e a máquina. Isto porque o
homem foi feito à imagem de Deus, sendo, portanto, personalidade
qualitativamente divina.
Sobra agora uma pergunta: Teria Deus criado o homem para ter
com quem compartilhar suas idéias e sua personalidade? Realmente se Deus não
fosse triúno, a resposta teria que provavelmente ser afirmativa. Aliás, se assim
fosse, o pecado do homem teria um grande atenuante. Entretanto, a revelação de
que Deus é Elohim, isto é, tem pluralidade e é triúno, desbarata tal especulação,
pois a Trindade não necessitava criar para se comunicar e amar, pois havia uma
relação social no ser de Deus. O Criador não necessitava de companhia nem para
a sua infinitude nem para a sua personalidade, pois os termos da relação Deus-
Triúno, tanto são infinitos como são pessoais, em virtude de ser um deles como
síntese dos outros dois termos.
Deus não precisa do Universo. Aliás, Ele não pode ser achado
dentro do sistema fechado do Universo. Ele é imanente e transcendente em
relação à criação. O Universo foi criado fora de Deus. O Universo não é Deus.
Não é Deus quem precisa do Universo, é o Universo que precisa de Deus. Não é
o Criador quem precisa do homem para se comunicar; é o homem quem precisa
desesperadamente de um encontro com o Criador, pois o homem não é um ponto
de integração suficiente para si mesmo. Os termos da relação que compõem o
“eu” do homem, têm dimensões também do eterno.
Quando o homem tenta integrar seu “eu” a partir apenas do finito e
do temporal ele se fragmenta, se desespera, e tem que apelar para a solução de

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Buda, ou seja, tornar-se impessoal, aniquilando o seu “eu”, deixando de ser uma
“pessoa”, pelo menos em concepção filosófica e em tentativa religiosa.

“No princípio criou Deus os céus e a terra.” E o Universo que Deus


criou foi dentro de um princípio de pluralidade, justamente porque foi feito pelo
Deus TRIÚNO, mas os que não reconhecem essa “metafísica de esperança”, têm
que viver a angústia de serem o “deus-de-si-mesmos”, ou de serem filhos de uma
energia que não ama e não integra o homem como pessoa, daí resultando uma
tendência à esquizofrenia mental e existencial.
Concluo dizendo que viver sem o Deus-Triúno é, se se tem um
pingo de sensatez e sensibilidade, assumir a morte e o desespero.

BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) Apud Luiz Bernado F. Clauzet “Sob a Atração Cósmica.”


in revista “Veja”, 24 de dezembro de 1980, Editora
ABRIL, n.º 642, pág. 84-92.
(2) Apud Richard Wielebinski, in ver., cit., ibid.
(3) Apud Isaaque Newton, in Genio cientifico y hombre de fe, de
John Tiner, version espanhola de Marta R. Pérez, Edicion
Espanhola de 1976, Logai Inc., E.O. Box 350128, Miami Florida
USA.
(4) EINSTEIN, Albert. Como vejo o Mundo. Rio de Janeiro,
Nova Fronteira, 1981.
(5) RUSSEL, Bertrand, Meu Desenvolvimento Filosófico. s. ed.
Rio de Janeiro, Zahar Editores, s.d., pág. 189.
(6) SCHAEFFER, Francis. O Deus que intervém. S. Paulo, Ed.
Refúgio e ABU Editora S.C., 1981.
(7) Apud Arno Penzias e Robert Wilson, in rev. cit., ibid.
(8) KIERKEGAARD, Sören. O Desespero Humano. 6.ª ed.
Porto Portugal, Livraria, 1979.
(9) SCHAEFFER, op. cit.

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6
A Constituição do Desespero

Depois de o homem assumir certas posições na religião, na


filosofia e na ciência resta-lhe, em nome da coerência, decretar certas “leis”.
Todo o fundamento dessa “Constituição” estará apresentado no terreno do
pensamento filosófico que ensina que o homem é um ser descriado, uma
aberração, filho de um Universo absurdo.
Os filhos do acaso devem decretar:
1) Que a moral está morta e que só falta ser enterrada. Sob que critérios se
edifica uma moral numa existência sem absolutos? Como dignificar alguma coisa
num universo sem desígnio e sentido real de ser? Qual o juiz que determinará
que o Mal é mau e que o Bem é bom? E se isso acontecer, por que aceitar tal
asserção para vidas cujas origens são as de mera coincidência?
Se a “existência organizada” é apenas aberração, não há porque se
dignificar o homem, a moral e a família! Não há por que também ser poeta,
musicista, pintor, filósofo, pai e homem como, instintivamente, se entende que o
homem deve ser.
Muitas são as vezes em que observamos o frustrado ou enganado
intento de alguns “ateus” que procuram agir, partindo de uma base moral
humanista.
Se se pensa que o homem é uma aberração, ainda maior aberração é
querer tratá-lo como se ele não o fosse. Não pode haver moral num universo
onde não há “moral na história”.
2) Que no humanismo não há racionalidade. Pensa-se com
muita freqüência que se pode conciliar o materialismo com um verdadeiro
humanismo. Normalmente, os que assim pensam, partem para seus planos de
ajuda humanística.
Vê-se com freqüência nas iniciativas desses protagonistas de um
humanismo ateu a ideologia de uma significação coletiva da espécie humana.
Nunca, porém, se observa a dignificação do homem. Fazem planos de uma
revolução de caráter sócio-econômico. Profetizam um futuro melhor, patrocinado
por uma era de humanização e de conscientização científica do homem.
Entretanto, todos esses ideais de uma utopia na terra esfacelam-se diante do
despropósito de uma finalidade, de uma direção e de um sentido. Falar-se em
dignificar o homem sem dizer “porquê” é tão pragmático quanto simplesmente
dizer que “o que é bom é bom”. Não há uma base moral para se dignificar o
homem descriado do século XX.
Quem é o homem atual? Filosófica e cientificamente ele se diz:
Filho do acaso, embrião num caldo quente, bebê em forma de célula simples, na

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forma de peixe, adolescente como anfíbio, rapaz como réptil e homem como
mamífero.
E o que pode alterar a concepção de um materialista sobre o
homem e seu destino? É de se esperar que esse peregrino filho do acaso, saia
desse beco sem saída por via de seleção natural também! A coerência manda que
seja assim!
Meu coração sofre e é rasgado ao contemplar a pobreza, o racismo,
as injustiças sociais ocasionadas pela manipulação econômica por parte de uma
elite, as favelas, os guetos, os deliquentes, os bêbados, as prostitutas, os
homossexuais, os drogados, e as grandes catástrofes da sociedade humana. No
entanto, tenho encontrado boas razões para autodoer-me, para lutar de alguma
forma para o benefício do meu próximo, simplesmente pela consciência que
tenho de que o meu próximo não é simplesmente filho da mesma ovada que eu,
num perdido mar primevo. Há razões pujantes e cheias de dignidade para que
todo homem, individualmente, seja amado por mim. Há razões para que eu abra
as portas de minha casa e da minha Igreja para receber bêbados, prostitutas,
drogados e também burgueses. Há razões para que eu sofra vendo a fome, mas há
muito mais razões ainda para que eu levante o faminto e o ponha à minha mesa e
lhe dê um prato de comida. Sim, meu relacionamento com os homens tem que
ser digno em razão de nossa igualdade, de nossa finalidade e de nossa
paternidade comum. Deus é nosso criador. Todos fomos criados!
Quem já viu um humanista ateu levantando um bêbado ou uma
prostituta na esquina? Confesso que nunca vi! Como Diógenes de Sinope (413-
323 A.C), que passava pelas ruas com sua lanterna acesa em pleno dia e que
respondia àqueles que lhe perguntavam o que procurava, dizendo-lhes: “Eu
procuro um homem.” Eu também estou à procura desse homem. Digo a mesma
coisa: estou procurando esse home que tenha encontrado uma base moral para se
relacionar com o seu próximo a partir do pensamento filosófico de que o
Universo é casual!...
Sempre a intenção do humanista ateu foi na direção do bem-estar
coletivo, porque é muito difícil fazer o bem individualmente. É difícil abraçar
uma pessoa malcheirosa em nome do acaso. É impossível aconselhar a um jovem
drogado no sentido de que este viva uma vida programada, se ele é nada mais do
que filho de uma total desprogramação cósmica. Ele está simplesmente vivendo
como pensa que surgiu. Mas, o fato é que mesmo o ateu não consegue ver o
homem vivendo como um Não-Homem. E por que não consegue ver? A resposta
é simples: A vida do homem exige finalidade, justamente porque o princípio de
sua existência teve finalidade!
3)Que a filosofia clássica morreu. Os pensadores de hoje se
apegam ao conceito clássico da filosofia, mas aceitando a total dicotomia entre a
racionalidade e a esperança. Como já vimos, no capítulo destinado à filosofia, o
conceito clássico dessa ciência do pensamento foi colocado no plano da
esperança irracional.
4)Que a arte inteligente morreu. Nessa crise, a arte e a poesia estão
perdidas no capricho e no acaso. A arte é um retrato da época e do homem com
seus ideais e suas crenças. Como já observamos, num universo descriado, numa
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existência casual não há lugar para uma arte que se entenda, visto que, para o
home descriado, o universo é absurdo e, por isso, não pode ser entendido. Seria
essa realidade bem expressa pelas palavras de Darwin, que disse ter perdido o
amor pela natureza e satisfação pelas artes.
O pintor moderno sente necessidade de criar. Mas como? Ele foi
ensinado e manipulado para crer num universo casual, produto da combinação
fortuita de elementos. Sendo assim, a coerência manda que ele crie sem criar, que
ele pinte sem pintar, num mundo tão pequeno em esperanças quanto o é o da sua
própria tela.
Embora muitos, filosoficamente, creiam num universo casual,
contra a coerência, gostam de uma arte criativa e organizada. Há, no entanto, na
música dos grupos de rock e outros estilos da atualidade, uma tentativa de reagir
musicalmente de acordo com o que crêem filosoficamente: suas músicas não
partem da harmonia nem da ordem. Neles tem havido uma desesperadora
coerência entre a arte, a música e filosofia hodierna.
5) Que o suicídio é o clímax da coerência e da dignidade
química. Um ser humano que pensa e assume sua existência como meramente
casual e que se percebe como apenas um conglomerado químico, uma máquina
solar, e que entende os seus sentimentos, ideais, sensações, apetites, prazeres,
ódio, amores e a sua absurda-inerente dignidade como sendo o resultado de
combinações do químico com o energético mais o acaso e a eternidade, então,
como resultado de ser monstruosamente maravilhoso, de ser abundantemente
parecido com o divino, de ser alguém cuja dor, amor e sentir têm suas raízes em
químicas que vêm do chão, e cujos sentimentos não sobrevivem à morte da
máquina (corpo), e cuja grande prisão é ser divinamente atraído pelo eterno e ser
irremediavelmente a evolução de “coisas”, o mais “racionalmente químico” seria
o dar à química a possibilidade de “ser-sem-sofrer”. Pois se o ajuntamento de
certa químicas resultam num homem que sofre, se desespera ou ama sem razão
para isso, o mais razoável é dar à química a possibilidade de ela ser o que é sem
sofrer, matando o homem, fuja grande angústia é “ser” química sem admitir que
o seja. A mais coerente de todas as atitudes seria o suicídio, pelo menos seria o
que eu faria, se eu me entendesse como sendo apenas “coisas” que um dia
sentiram e amaram sem nenhuma razão de ser.
Fica pois decretado que o homem que pensa de modo coadunável
com a cultura presente está morto como homem em razão e significado, e está, ao
mesmo tempo, vivo como aberração, num universo absurdo, onde o mais lógico
seria explodi-lo e acabar com as tristes e intermináveis histórias desse
desesperado homem, assim chamado não se sabe por quem!

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PARTE II

GENEALOGIA DA
ESPERANÇA

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7
A Esperança
O que se sabe sobre a esperança

Jean Paul Sartre disse que os homens “são angústia”. Todavia, ainda que
“angustiadamente” os homens são esperança. O que se sente interiormente desiludido, o
que foi abandonado pelos filhos e amigos, o que está paralisado num leito de
enfermidade e até mesmo a que reivindica para si o direito de praticar o suicídio
científico da eutanásia, projeta para depois da morte um espectro de esperança falando
da sobrevivência do psiquismo individual ou da tese espírita da reencarnação.

Há, basicamente, duas situações ou circunstâncias diante das quais a esperança


existe tomando o lugar do TUDO ou NADA. A primeira é diante da total
impossibilidade de se criar uma saída para a problemática humana. Por mais paradoxal
que seja, a esperança se manifesta mais fortemente quando os segmentos das razões
humanas se acabam, quando não há a chance de se criar uma saída, quando não existe
uma história a ser construída, quando não existe nenhum possível em nenhum sentido.
Nesses casos, a esperança é a própria expressão do “apesar de tudo”. A esperança é a
afirmação de um risco total; é a contradição do que está falido, é a ressurreição antes
dela, é a dízima periódica de um milagre.

Em segundo lugar, a esperança também se manifesta fortemente quando Deus


revela aquela sua presença-ausência tão “fortemente sentida”. Essa afirmação pode ser
percebida na experiência de Moisés quando Deus o enviou ao Egito a fim de libertar os
hebreus:

“Então Moisés, tornando-se ao Senhor, disse: Ò Senhor, por que afligiste este
povo? Por que me enviaste? Pois, desde que me apresentei a Faraó, para falar-lhe em
Teu nome, ele tem maltratado este povo. E Tu de nenhuma sorte o livraste.”

Deus sempre está presente, mas há vezes em que Ele manifesta uma presença-
ausência para não nos tirar da esperança. Sua presença nos “estimula” na esperança,
mas sua ausência nos “conduz” a ela.

Quando a Palavra de Deus é viva, dita, crua, ouvida e recebida claramente, a


esperança não tem muita razão de ser.

A esperança está entre a promessa e a realização. Ela existe neste hiato. Nessa
brecha. Ela é substância que preenche o vazio entre o que Deus falou e o que Deus fará.
A esperança completa o espaço entre o que recebemos historicamente como promessa e
o que esperamos historicamente como realização.

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É com esse entendimento que eu convido você a estudar agora a base da
esperança: o que Deus prometeu: E o seu alvo: o que Deus fará com base no que
prometeu.
A esperança e a sua ligação com a promessa.

Toda a esperança que a humanidade pode ter repousa sobre o fato de que Deus,
um dia, na História e, portanto, no espaço e no tempo, prometeu redenção, libertação e
restauração para o homem como ser caído e para a natureza caída também em
consequência do pecado do homem. É assim, pois, que o

apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito de Deus, afirma: “Porque para mim tenho por
certo que os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória por vir
a ser revelada em nós. A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos
de Deus. Pois toda a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa
daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro
da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a
criação a um só tempo geme e suporta angústia até agora. E não somente ela, mas
também nós que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo,
aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. Porque na esperança fomos
salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; pois se alguém vê, como espera?
Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.” (Romanos 8:18 a
25.)

Alguém talvez seja levado a perguntar: “Mas me diga o que é uma promessa, pois
isso é importante se ela é de fato o fundamento da esperança da humanidade?
Resumiremos o assunto aqui, visto que pretendemos abordá-lo mais
circunstancialmente, linhas adiante.

No Antigo Testamento hebraico, não há qualquer termo especial para o conceito


ou ato de promessa. Uma promessa é uma palavra que tem prolongamento
indeterminado. Ele normalmente se estende para além do momento em que é feita,
como também, para além do tempo daquele que a ouve ou a recebe, assinalando um
encontro entre os dois (o que fez e o que recebe) no futuro. Uma promessa pode ser uma
mensagem que provoque certeza de uma ação contínua para o futuro. Pode ser um
acordo firmado solenemente quando é feita uma aliança de relações permanentes entre
os participantes. Pode ser o anúncio de um acontecimento futuro, cujo cumprimento é
irrevogável.

Tudo aquilo que Deus proferiu com Sua boca foi e será realmente cumprido com
Suas mãos, sendo o sinal de que intervirá, pois conforme a Bíblia, a sua palavra jamais
retornará vazia ou sem que tudo se cumpra. Por todos os livros da História Sagrada uma
linha mestra pode ser seguida, um padrão de promessa divina e de cumprimento
histórico pode ser acompanhado e expressam essa verdade.

É deveras importante, no entanto, que se saiba a respeito d‟Aquele que faz as


promessas. Quem é Ele? Qual a Sua natureza? São perguntas que exigem respostas para
a própria segurança espiritual dos seus proponentes, os quais certamente já estão

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desejosos de encontrar a esperança que os possa erguer do caos presente até o firme
terreno da promessa imutável de Deus.

Quem é o Deus que faz a promessa?

A Bíblia inicia sua narrativa dizendo: “No princípio criou Deus os céus e a terra.”
A palavra “Deus” nesse texto em hebraico é Elohim. Derivações inúmeras têm sido
sugeridas para esta palavra. Sua significação parece ser: “Aquele que deve ser
reverenciado por excelência.” Elohim, no entanto, é um termo plural de majestade. Essa
ideia de pluralidade no ser de Deus é bem entendida quando vemos na sequência da
narrativa bíblica que Deus (Elohim) criou através da Palavra e do Espírito (Gênesis 1:1
a 3), como alguém já disse: “Somos apresentados aqui... a Palavra como a um poder
pessoal Criador e ao Espírito como doador da vida e da ordem a Criação. Assim, desde
o começo, foi revelado um centro de atividade. Deus, o Criador, imaginou o universo,
expressou Seu pensamento na Palavra e fez de Seu Espírito o Seu princípio animador.”

Na Bíblia, não obstante, não se lê em nenhuma de suas páginas a palavra


Trindade, contudo, observa-se do livro de Gênesis até o livro de Apocalipse, a
transformação de um conhecimento latente numa revelação patente deste fato do Ser de
Deus.

Sistematicamente a doutrina da Trindade diz que Deus é um em essência, mas que


a divina essência subsiste de três modos ou formas, cada uma constituindo uma pessoa,
mas de tal maneira que a divina essência é completa em cada uma das pessoas. Deus é
um só Ser, um só Deus, mas subsiste em três pessoas, sem que, contudo, sejam três
deuses.

Do ponto de vista natural, o Universo, por si só, já é uma gigantesca prova da


natureza Trina de Deus. É de esperar-se que um artista sempre deixe vestígios de sua
própria personalidade, caráter e pensamento em sua obra-prima ou na sua arte de um
modo geral.

Assim também, não é tarefa difícil olharmos para o Universo, que é obra das mãos
de Deus, e nele descobrirmos esses vestígios da natureza divina.

Encontramos, no Universo, uma diversidade que atinge e ultrapassa a fronteira das


coisas imagináveis. Por outro lado, observamos uma unidade que manifesta não só na
estrutura básica da existência da matéria que é a energia, mas também na relação e
organização do grande complexo Universal, o qual revela que nela há uma
interdependência de existências.

Olhando com um telescópio para as estrelas, descobriremos que mesmo entre elas
há diferenças de esplendor. De modo oposto, observando através de um microscópio,
veremos um mundo igualmente cheio de multiplicidade em meio à unidade. Tome-se,
como exemplo disso, um floco de neve. Todos eles têm uma estrutura básica de seis
lados iguais, no entanto, nenhum deles é igual ao outro, pois há em cada floco de neve
uma artística diversidade de desenhos interiores.

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É por isso que o Universo não é um multiverso mas um Universo.

Multiplicidade no Ser de Deus não exclui a ideia e a realidade de que Ele é Um.
Isso bem pode ser demonstrado matematicamente. Não estou afirmando que 1 + 1 + 1 é
igual a 1, mas sim, que 1 x 1 x 1 é igual a 1.

Essa é a única saída para a metafísica do Universo. Uma unidade energética


panteísta não resolveria o problema porque nela teríamos apenas a unidade. No entanto,
o Universo exige também diversidade e isso se coaduna perfeitamente com a revelação
bíblica, a qual nos mostra que Deus tem em Seu Ser unidade e diversidade.

A Trindade constitui-se uma necessidade do ponto de vista da onipotência de


Deus. Se Deus não fosse Trino, seria um solitário, um carente, precisaria criar para amar
e se comunicar. Essa realidade pode ser representada ficticiamente por um gravador
tocando e ecoando no vazio de um universo sem matéria, sem movimento, sem energia
e sem ninguém para ouvir. Desse modo estaria Deus perdido entre os ecos de sua voz
suplicante por toda a eternidade, necessitando criar para ver-se livre de tamanha solidão.
Entretanto, a revelação da Trindade mostra-nos que havia uma relação social no Ser de
Deus por toda a eternidade, pois a Trindade se amava e por isso Deus não precisava
criar, no entanto, o fez de livre vontade, o que torna maior ainda o Seu amor.

Esse foi o grande Deus que fez a promessa de esperança para o homem.

A revelação e as promessas

A cadeia da revelação divina é tão antiga quanto a queda do homem, visto ter sido
em razão do rompimento da comunhão com Deus, fato tanto inerente como oriundo da
posição de rebelião, que Deus

tomou a iniciativa de reaver e restaurar o ser humano, estabelecendo critérios legais


diante dos quais a Sua justiça seria satisfeita e a Sua misericórdia se revelaria
triunfantemente.

Quando da queda, instantaneamente, rompemos nossa comunhão com Deus e


Lúcifer tornou-se o senhor absoluto do homem. Ele constituiu-se no déspota da
humanidade. (Atos 26: 17-18).

Por trás de toda a tentativa e vitória de “derrubar” o homem, havia um sutil plano,
cujo intento seria colocar Deus a “parede”, imprensado entre o Seu amor e a sua justiça.
Como e por quê? Talvez você esteja se perguntando. Mas o ardil era bastante
engenhoso. Observemos: Lúcifer, num tempo misterioso na eternidade anterior à
criação da ordem existente, rebelou-se contra a soberania de Deus e caiu como
consequência de sua soberba. (I Timóteo 3:6.) Levando o homem a cair, seu plano era o
de fazer com que Deus revogasse o Seu decreto de punição eterna do pecado e
transgressão da rebelião satânica, não através de um ato de petição humilde, ainda que
isso fosse impossível na obstinação angelical, mas através de um ato soberano, onde o
próprio Deus seria manipulado por Seus próprios sentimentos. Satanás pensava que se
fizesse cair o homem, ser pessoal, com capacidade de reprodução de espécie, alvo de
um grande amor e fruto da ação trina de Deus, ele estaria forçando Deus a esquecer-se
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do julgamento da rebelião angelical, pois se Deus julgasse a primeira rebelião, a de
Satanás, esquecendo-se da segunda, a do homem, estaria sendo injusto, e um ato de
injustiça lhe legaria um estado de imperfeição e a imperfeição é sempre subdivina.

Satanás não podia esperar que Deus cumprisse toda a Sua justiça no homem,
condenando-o, rompendo com ele e manifestando assim a Sua santidade. No entanto,
muito menos ainda era de se esperar, que Deus fosse capaz de Ele próprio assumir a
forma humana, isento do gérmen moral e espiritual do pecado, para fazer convergir
sobre si o pecado do homem, sendo ao mesmo tempo justo e justificador, juiz e
advogado de defesa, executor e salvador. Mistério maravilhoso, obra do mais profundo
amor e da mais completa sabedoria; realização do maior poder e da mais lídima justiça,
cujo esquadrilhar transcende a qualquer mente finita. Sim, foi a obra de encantadora
soberania do Único Soberano!

A quem Deus revelou?

Foi nos momentos imediatamente posteriores à queda, que Deus fez a primeira e
fundamental promessa de revelação para a espécie humana caída.

O pecado tinha de ser tirado, mas como poderia o homem fazer isso se foi
justamente por ele que entrou o pecado no mundo? “Portanto, assim como por um só
entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a
todos os homens porque todos pecaram” (Romanos 5:12).

A cabeça da serpente, que tipificava e encarnava o próprio Satanás, tinha de ser


esmagada, mas como, se o homem havia se deixado subjugar pelo pecado e por
Satanás? “Vós sois do diabo, que é vosso pai e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi
homicida desde o princípio jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade.
Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da
mentira.” (João 8:44). Ele também é “o príncipe das potestades do ar” e o “espírito que
agora atua nos filhos da desobediência”.

As reivindicações de justiça de Deus precisavam ser satisfeitas. Mas como, se o


homem havia infringido pela desobediência a lei de Deus? “Porque, no tocante ao
homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei que,
guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está
nos meus membros”. (Romanos 7:22-23).

A morte tinha de ser abolida, mas como se, pelo pecado, ela havia entrado no
mundo trazendo tão horrível aguilhão? “Aos homens está ordenado morrerem uma só
vez e depois disto, o juízo.” (Hebreu 9:27).

Não obstante, foi mediante uma maldição que Deus pronunciou contra Satanás,
que surgiu a primeira promessa de redenção para o homem. Pronunciou Deus: “Porei
inimizade entre ti (a serpente) e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente.
Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3:15).

Deus começa decretando inimizade entre a serpente e a mulher. Faz parte da


ordem divina que, embora um animal não seja moralmente responsável por suas ações,
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ele deve sofrer por qualquer prejuízo e dano que possa trazer à vida do homem.
Observe-se em Gênesis 9:5: “Certamente requererei vosso sangue, o sangue de vossa
vida, de todo animal o requererei, como também da mão do homem, sim, da mão do
próximo de cada um requererei a vida do homem”, Leia-se também em Êxodo 21:28:
“Se algum boi chifrar homem ou mulher, que morra, o boi será apedrejado, e não
comerão a carne; mas o dono do boi será absolvido.” Todas as coisas foram criadas para
terem contribuição na perfeição moral do homem e, sempre que as criaturas animadas
ou inanimadas fogem dessa finalidade, devem sofrer juízo.

A profunda hostilidade entre a serpente e a espécie humana bem pode ser


explicada à luz de uma maldição, que envolva o reino animal, mas é óbvio que a
profundidade do texto e da maldição ultrapassa o reino animal e atinge o reino
espiritual. Vejamos a realidade do que tipificava a serpente: “E foi expulso o grande
dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo”.

É de suma importância notar que a inimizade não seria contra a descendência da


mulher mas sim, contra “o descendente de mulher”. Deus não falava de muitos mas sim,
de um.

Por essa inimizade, haveria uma luta, na qual o descendente da mulher iria ferir a
cabeça da serpente, e ela, feriria o calcanhar do descendente da mulher. “Há uma
sugestividade natural nesse texto e na figura por ele utilizada. A serpente mata ferindo o
calcanhar do homem, mas o homem destrói a serpente esmagando-lhe a cabeça. Mas, a
figura usada por Deus ultrapassa a natural e atinge o próprio diabo. Essas palavras
proclamam que a vitória estaria do lado do homem; visto que foi o homem que foi
vencido, assim seria o homem que efetuaria o triunfo. “Se pela ofensa de um, e por
meio de um só, pairou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e do
dom da justiça, reinarão em vida por meio de um só, a saber JESUS CRISTO. Pois
assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para a condenação,
assim também por um só ato de justiça sobre todos os homens para a justificação que dá
vida.” (Romanos 5:17-18).

Há uma significação individual na vitória da raça humana. . . Observe- a transição


da descendência da serpente para a própria serpente: “Entre a tua descendência e o seu
descendente. Este te ferirá.”; é igualmente significativo o fato de que a semente da
mulher está no singular. Somente em JESUS CRISTO a História revela idoneidade e
vitória absoluta sobre o pecado e sobre o diabo. “Porque o diabo vive pecando desde o
princípio. Para isso se manifestou o FILHO DE DEUS, para destruir as obras do diabo.”
(I João 3:8). A atual significação individual da profecia, realizar-se-á, um dia, de modo
abrangente e coletivo, tornando uma realidade para a humanidade que estiver em
CRISTO, “O DEUS da paz em breve esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás.”
(Romanos 16:20). E ainda: “Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso
SENHOR JESUS CRISTO”. (I Coríntios 15:57).

Consideramos essa promessa como uma das mais significativas, até mesmo do
ponto de vista histórico, do evento que ela vaticinava. É digno de nota que a promessa
envolvia a mulher e seu descendente. Não a humanidade. É encantador para o espírito
perscrutador observar que quando o Redentor veio ao mundo, fê-lo nascendo apenas de
mulher. “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho nascido de
mulher.” Respondendo a Maria a respeito do cumprimento da profecia sobre o
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nascimento de Jesus, falou o anjo Gabriel: “Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder
do Altíssimo te envolverá com a Sua sombra; por isso também o entre santo que há de
nascer, será chamado Filho de Deus. Porque não haverá, para Deus, impossíveis em
todas as suas promessas.” (Lucas 1:35 a 37).

A admiração apodera-se do investigador atento à realização histórica da promessa


divina, quando se percebe outro magnífico cumprimento histórico dessa profecia. Note-
se que o descendente da mulher seria ferido no calcanhar pelas mordeduras da serpente.
Certamente seria mortalmente ferido e morreria, mas ganharia a vitória esmagando a
cabeça da serpente. Vejamos: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele
só; mas se morrer, produz muito fruto.” (João 12:24.) “porque Cristo, quando nós
éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.” (Romanos 5:6.) “Sabedores que
havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre: a morte já não tem domínio
sobre Ele.” (Romanos 6:9.) “Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e
ressurgiu; para ser Senhor tanto de mortos como de vivos.” (Romanos 14:9.) “Digno és
de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue
comprastes para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, para o nosso
Deus os constituístes reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.” (Apocalipse 5:9 e 10).

Assim foi que o descendente mortalmente ferido alcançou a vitória saindo da


morte pela ressurreição, pois Ele “foi entregue por causa das nossas transgressões, e
ressuscitou por causa da nossa justificação” (Romanos 4:25).

Essa foi a primeira promessa que Deus fez mediante sua revelação oral, cuja
importância é básica na esperança de que o homem possa ter de sua própria redenção.
Por isso, essa promessa é comumente chamada de proto-evangelho, pois é a primeira
boa-nova.

Portanto, voltando ao tema dessa subdivisão, afirmamos; Deus fez a revelação de


Sua promessa de redenção ao homem e sua companheira, logo, à humanidade ali
representada. Porém, a promessa de redenção para a humanidade implicava,
inerentemente, na própria condenação do diabo e seus agentes; podendo-se dizer que a
promessa da salvação do homem é também a sentença da condenação do diabo.
Portanto, Deus revelou redenção ao homem, mas condenação ao diabo.

Como Deus revelou?

DEUS sempre falou! Ele nunca esteve calado nem ficou “sem testemunho de si
mesmo,fazendo o bem, dando do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo os corações
de fatura e alegria” (Atos 14:17).

No entanto, a revelação que a natureza faz de Deus não traz ao homem, no seu
estado de ser caído, a objetivação de uma comunhão plena de Deus.

A antropologia classifica o homem como o comunicador por excelência. Sabemos


nós que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, logo, Deus sim é que é o
Comunicador dos comunicadores.

Se Deus falasse somente através da natureza ou da consciência do homem. Ele


seria um pequeno comunicador em relação ao homem. Poderíamos dizer, que, do ponto
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de vista da magnitude da comunicação, Deus seria apenas um mímico, pois estaria
utilizando-se apenas de “sinais naturais” para comunicar-se, contudo, Deus falou. Foi
Ele quem tomou a iniciativa de comunicar-se com o homem. Isso é perfeitamente
racional.

A epístola aos Hebreus inicia-se assim: “Havendo Deus, outrora falado muitas
vezes, e de muitas maneiras, aos pais (isto é, aos antepassados israelitas I Co 10:1),
pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho a quem constituiu herdeiro de
todas as coisas, pelo qual também fez o Universo.” (Hebreus 1:1 e 2). Observe:
“Havendo Deus. . . falado . . .” A iniciativa foi divina! Só Deus poderia romper, entre si
e o homem, o grande silêncio que o pecado provocou.

A fala tem um papel importante no Universo. Pela fala Deus o criou: “Pela fé
entendemos que foi o universo formado pela Palavra de Deus, de maneira que o visível
veio a existir das coisas que não aparecem.” (Hebreus 11:3.)

É a fala que representa a passagem do espiritual para o material. Vejamos alguns


exemplos disso: O camponês revela sua vontade aos animais através da fala. Pela fala,
os líderes agitam o frenesi nas massas humanas fazendo-as agir. Pela fala, o pensamento
torna-se ato. Pela fala e seus modos derivados como a escrita, os homens se comunicam
entre si e se influenciam. Quando dois homens desejam comunicar-se, sem a utilização
da escrita, devem falar, caso contrário, a comunicação torna-se difícil. Essa dificuldade
observa-se na comunicação entre duas pessoas finitas. Imaginemos agora a total
impossibilidade de o homem, pelo menos em parte, compreender a mente de Deus, sem
que Deus falasse. É a mesma coisa que pedir ao finito que engolfe o infinito.

A verdade é que foi Deus quem tomou a iniciativa de revelar-se ao homem. Ele
quis revelar a sua mente infinita às nossas mentes finitas. O próprio Deus diz por quê:
“Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos
mais altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos
pensamentos.” (Isaías 55:9).

No passado Ele fez uso dos profetas, homens santos aos quais falou, e falou
sempre de muitas maneiras diferentes.

Talvez as expressões mais repetidas do Velho Testamento sejam: “Assim diz o


Senhor.” “O Senhor me falou.” “Veio a mim a Palavra do Senhor.”

O plano de Deus, no entanto, era o de encarnar a Sua própria palavra, por isso que
“o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1:1 a 14).

Assim Deus, em tempos passados, usou “homens santos” que falaram de sua
parte, “movidos pelo Espírito Santo” (II Pedro 1:22) mas na plenitude dos tempos,
falou-nos pelo Seu próprio Filho, a palavra encarnada, o qual nos revelou de modo
pessoal a plenitude da Divindade, porque “Nele habita corporalmente toda plenitude da
Divindade” (Colossenses 2:9). Foi por isso que o apóstolo João exclamou com
adoração: “O que era desde o princípio, o que temos visto com os nossos próprios olhos,
o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a
vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho e vo-la anunciamos, a
vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o que temos visto e ouvido
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anunciamos a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco.Ora,a
nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho JESUS CRISTO.”(I João1:1 a 3).

Atualmente Deus não é tangível, mas durante 33 anos da História, DEUS


apresentou-se num corpo que podia ser tocado e visto. Porque um menino chamado
Emanuel nasceu, Deus esteve pisando “na arena”.

Por que Deus falou?

Em primeiro lugar, porque não poderíamos conhecê-Lo por intermédio das nossas
divagações e elucubrações de pensamento. Somos finitos, Deus é infinito, e o infinito
sempre engolfa e devora o finito, de modo que o finito desaparece no infinito. E é
simples entender porque não poderíamos encaixotar Deus dentro do nosso intelecto. Se
pudéssemos entendê-Lo com as nossas mentes. Ele não seria maior do que as nossas
mentes, e de duas a uma conclusão chegaríamos: ou Ele subdivinizar-se-ia ou nós nos
divinizaríamos.

Em segundo lugar, porque nós “precisamos” conhecê-Lo e, de modo autônomo,


isso jamais acontecerá.

Há na alma de cada homem, pelo menos a nível subconsciente, uma fome


indizível de Deus. Alguns tentam escondê-la atrás de alguns rótulos utilizados
inconsciente ou deliberadamente como desculpas para uma descanalização e
desobjetivação da real carência da alma humana.

Conversamos com centenas de pessoas por mês. É em nosso escritório de


aconselhamento, pelo telefone, por cartas, em consultas na Igreja de onde sou pastor,
em casa, nos colégios, nas ruas, nas visitas e no trabalho de um modo geral. Em todas
essas conversas há uma nota constante: todos falam sobre um grande vazio que eu bem
conheço, pois quase me levou ao suicídio, antes de eu receber a CRISTO como meu
Salvador.

Seja no auge do carnaval carioca, onde muito nos esforçamos para acabar com o
vácuo espiritual da existência, seja numa pequena aldeia perto de Belém, em Israel,
onde estivemos conversando com um jovem árabe, maometano, o vazio faz-se notar. Na
conversa com aquele jovem, ouvi o seguinte: “Caio! eu tenho um grande vazio no meu
coração!”

O sábio Salomão disse que “Deus colocou a eternidade no coração do homem”. É


essa fome de coisas eternas e plenas o que leva o homem a desejar uma paz plena, uma
felicidade plena e uma vida plena, inclusive, no que diz respeito a não morrer. E por que
isso? Porque Deus não fez planos para a vida do homem à parte de uma relação com Ele
próprio. Deus é eterno e a alma humana tem fome de eternidade. Como diz o salmista:
“Assim como a corça suspira pela corrente das águas, assim por Ti, ó Deus, suspira a
minha alma.” (Salmo 42:1.) Foi por isso que os atenienses erigiram um altar no qual
estava inscrito: “Ao Deus desconhecido.” A alma humana sente necessidade de “adorar”
e de “transcender”, só que a satisfação que ela exige não está na “adoração”, mas sim no
conhecimento e na comunhão com o Deus verdadeiro. A adoração a um Deus
desconhecido deixa o espírito do homem tão insatisfeito e insaciado quanto a madre da
mulher sem filhos, a sepultura ao receber os mortos, a terra seca que não se cansa de
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beber água, e o fogo no trigal, que não pára enquanto não lamber com suas chamas o
último feixe. Assim, é a fome que o homem tem de Deus.

Em terceiro lugar, Deus revelou-se porque Ele queria, e porque não dizer, Ele era
o único que realmente queria.

O profeta Isaías disse: “Desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se
percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de Ti, que trabalha para aquele que Nele
espera.” (Isaías 64:4). Notadamente Ele é o Deus das grandes atitudes. Em João 3:16,
lemos: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho Unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a Vida eterna.

A revelação é fruto do mais terno e incomensurável amor. O amor de Deus!

Temos na história da Revelação a iniciativa divina de comunicar-se, de romper o


silêncio, de fazer-se conhecer e de ensinar o homem a ser feliz. Por isso Deus falou!

Há uma advertência para você, amigo leitor: “Se, hoje você ouvir a Sua voz não
endureça o seu coração.”

Na Bíblia, há a revelação verbalizada de Deus, portanto leia-a dizendo a Deus:


“Guardo no meu coração as tuas palavras, para não pecar contra Ti.” (Salmo 119:11.)

As promessas e a esperança do Salvador

O desenvolvimento histórico das promessas

Remanescente da promessa feita com Gênesis 3:15, é encontrado em quase todas


as culturas dos povos de todo o planeta. Alguns cristãos antropólogos, preocupados com
o alcance daquela primeira promessa, têm estudado inúmeras culturas, tanto de
comunidades vivas quanto daquelas extintas, e têm concluído que subjaz, no
pensamento de todos os povos, a ideia de que Deus, um dia, visitaria os homens. É
óbvio, no entanto que, quase integralmente, houve a distorção da promessa, observando-
se nessas culturas apenas a linha mestra daquele pensamento.

Abandonando a universalidade da promessa de Gênesis 3:15, nos deteremos,


objetivamente, na linha histórica e bíblica, que o próprio Deus nos revelou em Sua
Palavra acerca da “visita maravilhosa” que o mundo receberia acompanhando os
eventos, cronologicamente, tais como a própria Bíblia revela, a partir do patriarca
Abraão.

Em Gênesis 12:1 lemos: “Ora disse o Senhor a Abraão: Sai da tua terra, da tua
parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande
nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção: abençoarei os que
te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as
famílias da terra.” Foi precisamente nesse dia em que o Senhor chamou a Abraão para
servi-Lo e dedicar-Lhe a sua descendência, que o povo judeu foi constitucionalmente
estabelecido na terra mediante a promessa de Deus. Uma magnífica promessa também

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foi feita a Abraão: “em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Alguma coisa
realmente sublime estava sendo revelada ao grande patriarca.

A vida daquele gigante da fé revela uma galharda esperança. Tanto, que ele é
chamado de “o pai dos que têm fé”.

Abraão é apresentado em Hebreus 11 como aquele que “aguardava a cidade que


tem fundamentos, da qual DEUS é o arquiteto e edificador”. Mesmo a despeito de em
vida ter sido um nômade. É-nos revelado também que apesar de sua avançada idade,
que já remontava aos cem anos, aguardava “uma posteridade tão numerosa como as
estrelas do céu, e inumerável como a areia que está na praia do mar”. Era assombrosa
naquele homem a confiança ilimitada no poder de Deus, o qual julgava ele
poderia até ressuscitar os mortos. Foi assim que, quando posto à prova, ofereceu Isaque
e esteve mesmo para sacrificar o seu unigênito, aquele que acolheu alegremente as
promessas, e de quem se havia dito: “Em Isaque será chamada a tua descendência;
porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos de
onde também, figuradamente, o recobrou.” Julgamos, todavia, que a razão de todo
aquele ânimo e esperança foi revelada 2000 anos depois de Abraão, por Jesus: “Vosso
pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se. Perguntaram-lhe, pois, os
judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste a Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em
verdade, em verdade vos digo: Antes que Abraão existisse, eu sou.”

Cremos ser inalienável o fato de que toda a esperança de Abraão estava lançada
sobre o alicerce das promessas de Deus, de que um dia o próprio Deus visitaria a terra,
encerrando-se como homem de descendência de Abraão e vindo a ser universalmente a
grande bênção para todas as famílias da terra.

Acompanhemos, então, o desenvolvimento histórico daquilo que Abraão apenas


pôde ver pela fé.

Abraão teve dois filhos. O primeiro, com a escrava Hagar, em razão da


esterilidade da Sara, sua mulher. Ao filho de Hagar, deu Abraão o nome de Ismael que,
historicamente, é o pai dos árabes.

O segundo era filho de Sara, e também o filho de sua velhice, tendo sido eleito
como o filho da promessa que Deus fizera ao dizer-lhe que ficaria sem descendência até
que um filho nascido de seu próprio casamento fosse constituído primeiro de sua prole
(Gênesis 21:12).

Ao determinar que no segundo (em Isaque) e não no primeiro (em Ismael) é que
seria chamada a descendência de Abraão, Deus estava revelando que alinha de Isaque é
que seria a da promessa de Sua vinda ao mundo.

Isaque também teve dois filhos. Ao mais velo chamou Esaú e ao mais novo
chamou Jacó.

A História e a Bíblia nos revelam que Deus escolheu a descendência de Jacó para
ser a que daria seguimento à promessa da vinda do Messias. (Gênesis 25:22 e 23;
Malaquias 1:2 e 3 . . .).

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Jacó foi muito mais fecundo do que o pai e o avô, e teve doze filhos, sendo
também verdade que teve duas esposas, as quais com ele tiveram filhos através de suas
criadas, que lhe foram entregues para a reprodução, numa guerra sui-generis onde a
vencedora seria aquela que desse mais filhos, ou de seu próprio ventre ou através do
ventre de outra.

Pela ordem de idades, esses foram os filhos de Jacó: Rubem, Simeão, Levi, Judá,
Zebulon, Issacar, Dã, Gade, Aser, Naftali, José e Benjamin. Desses doze filhos de Jacó,
um foi escolhido. Trata-se de Judá, de quem o próprio Jacó, profeticamente, antes de
morrer disse: “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre os seus pés, até
que venha Siló; a ele obedecerão os povos”. Essa profecia torna-se inefavelmente
significativa, quando a língua hebraica nos revela que Silo significa: “O enviado”.
Logo, tratava-se de uma escolha da tribo de Judá para ser aquela que reinaria até a vinda
do Messias.

A história da tribo de Judá é das mais eletrizantes de toda a narrativa sagrada. São
muitas as ocorrências históricas descritas na Bíblia concernentes a essa tribo.
Os membros de tão grande tribo são praticamente inumeráveis, até mesmo
fazendo-se um levantamento minucioso a respeito dessa genealogia. Há somente, nas
cronologias das genealogias bíblicas, a possibilidade de acompanhar-se os nomes das
cabeças da tribo, (I Crônicas 2 e 4).

No curso dos anos, entre as muitas famílias da tribo de Judá, Deus escolheu a casa
de Jessé, natural de Belém, para ser a da linha escarlata que conduziria ao Messias.

Jessé tinha oito anos (I Samuel 16:10 e 11), porém só se sabe o nome de sete (I
Crônicas 2:13 a 15). Deus ainda objetivou mais sua revelação, direcionando-a e
centrando-a de modo inconfundível em Davi, filho mais novo de Jessé (I Samuel 16).

De Davi disse Deus: “Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu
coração.”

Davi foi o pai de vinte filhos (I Crônicas 3:1 a 3) e, desses muitos rebentos, Deus
suscitou, em um deles, a raiz de Renovo (II Crônicas 1:9). Salomão foi o escolhido e,
daí para diante, a direção estabelece-se entre os reis da tribo de Judá. Depois do governo
de Salomão durante o tempo do reinado de Roboão

seu filho, Israel foi dividido em dois reinos, ficando o do norte sob o governo de
Jeroboão e do sul, sob o de Roboão (II Crônicas 10 e 11).

Para que se saiba qual a linha genealógica do Messias é só acompanhar o primeiro


capítulo do Evangelho de Mateus.

Entre Salomão e um menino nascido numa cama de feno na cidade de Belém,


filho de um humilde carpinteiro chamado José, mais ou menos vinte e cinco cabeças de
genealogia foram suscitadas.

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De Abraão, que foi o primeiro a receber a promessa, até Jesus Cristo, quarenta e
duas gerações se cumpriram na história de Israel como nação que Deus escolheu para a
revelação histórica de Sua visita ao mundo.

8
A Convergência do Tempo de
Sua Vinda ao Mundo
Em Daniel 9:20 a 27, uma desejada e suspirada declaração profética é feita pelo
anjo Gabriel a Daniel, profeta do Senhor, sobre o povo de Israel, seu sofrimento e
restauração e também sobre a vinda e morte do Ungido, do Príncipe, ou seja, do
CRISTO de DEUS.

Escrito aproximadamente seis séculos antes de CRISTO, o livro de Daniel é


minucioso e comprovadamente verdadeiro, como veremos a seguir.

A profecia de Daniel 9:24 traz consigo o seguinte vaticínio: “Setenta semanas


estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade para fazer cessar a
transgressão, para dar fim ao pecado, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça
eterna, para selar a visão e a profecia, e para ungir o santo dos santos.” Trata-se de uma
profecia estritamente ligada ao povo de Israel e à sua história, bem como à consumação
geral de todas as coisas, obviamente, ligando-as às promessas feitas a Israel como
nação. Note-se a expressão: “Sobre o teu povo, e tua santa cidade.” Logicamente, a
chave para desvendar este mistério é a história de Israel e os eventos nela ocorridos em
sucessão programada no restante da profecia, como veremos abaixo.

Dando prosseguimento no livro de Daniel, a partir de 9:25 até 27, observa-se que
alguns eventos importantes aconteceriam dentro do período de sessenta e nove semanas.
Estes foram os eventos vaticinados:
1) Dar-se-ia uma ordem para restaurar e edificar Jerusalém.
2) O período de sessenta e nove semanas iria terminar exatamente com o Ungido,
o Príncipe
(expressão messiânica).

É interessante observarmos que toda e qualquer cronologia, nesse período da


profecia, termina na manifestação do Ungido e Príncipe. No entanto, embora haja a
cessação da cronologia de predição em termos numéricos (de semanas proféticas), a
profecia não pára, mas antes prossegue afirmando que o

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Ungido morreria e que o povo de um príncipe que viria, destruiria a cidade e o santuário
e que até o final de tudo, haveria guerra e desolação sobre Israel. A curiosidade
aumenta sobremodo quando observamos
que, após esse período sem cronologia (morte do Ungido, destruição de Jerusalém,
perseguição e desolação dos judeus), o vaticínio retoma a sua característica cronológica
de semanas, a qual havia sido abandonada com o advento da aparição do Ungido, e
prediz a última semana que, somada às semanas cujo fim traria a consumação de todas
as coisas, completa o período profético.

A última semana começará com o advento de uma aliança, cujo tempo é


determinado para uma semana, na metade do qual esse pacto será interrompido
bruscamente e uma fase de abominação, profanação, perseguição e guerra será iniciada
pelo promotor da aliança, o qual será destruído por meio de uma intervenção
sobrenatural.

Descrever o que foi predito não torna a profecia elucidativa, cria apenas a
possibilidade de alguém melhor compreendê-la, mas não de alguém compreender seu
cumprimento.

Há algumas expressões “chaves” para que se entenda essa profecia:

1) Semanas o que significa uma semana?

2) Ordem para restaurar a cidade quando foi?

3) Quem é o Ungido? Quando ele viveu?

Creio ser óbvio que primeiro se compreenda o que significa uma semana.
Vejamos:

A palavra hebraica para semana é SHABUA que significa um “sete”. Em


português a semana sempre é de 7 dias. No entanto, no hebraico, a expressão é tão
aberta quanto alguém dizer: “uma dúzia” e não especificar de quê. Havia para o judeu,
a quem a profecia era dirigida, um entendimento amplo de que significava uma semana,
literalmente “um sete”. Os judeus tinham “sete” de dias e sete de anos (Levítico 25:3,4
8 e 9). Nada em termos de calendário tinha mais valor para o judeu do que os sete
sábados de anos que lhe traziam a bênção do ano do jubileu.

As razões que nos levam a pensar que os “sete” da profecia de Daniel são de anos,
são as seguintes:

1) Daniel sabia que o tempo do cativeiro babilônico fora baseado na violação


judaica da lei divina do ano sabático. De acordo com II Crônicas 36:21, os judeus
foram afastados da terra para que ela repousasse durante setenta anos; daí; é evidente
que o ano sabático fora violado por 490 anos, ou seja, exatamente setenta “setes”.
Torna-se bastante significativo que, sobrevindo o tempo em que o castigo pelas
violações fora cumprido, DEUS enviou o Seu anjo a Daniel para notificá-lo do início de
uma nova época, baseada também num período equivalente ao número de anos
sabáticos violados, ou seja, 490 anos ou setenta “setes” (Daniel 2:24).

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2) Os eventos vaticinados na profecia exigiam um espaço dilatado de tempo a fim
de que se efetuassem. Observem: Uma ordem tinha que ser dada por um soberano
persa; uma cidade inteira tinha que nascer, viver e morrer . . .

Em se considerando as condições de construção daquela época, conclui-se logo


que um período dilatado de tempo era exigido para as devidas restaurações.

3) Há, convincentemente, a prova advinda do estudo da palavra SHABUA, que


fora da profecia ora em discussão, aparece apenas no mesmo livro de Daniel no capítulo
10: 2 e 3, onde Daniel afirma ter jejuado por “três semanas”. É evidente que não jejuou
por vinte e um anos. O mais interessante é que hebraico, no texto mencionado, usa
literalmente a seguinte expressão: “Três sete de dias”. Se na profecia das setenta
semanas, o escritor quisesse dar a mesma ideia, ele o teria feito, pois o hebraico, como
vimos no capítulo dez, tem esta força linguística, todavia isto não acontece. Daniel
estava referindo-se a SHABUA (sete) de anos e quando usou o “sete de dias” (10: 2 e
3) fê-lo para distingui-lo dos sete anos (9:20 a 27).

Resta-nos agora uma pergunta: Qual será a duração desses anos proféticos?
Primeiramente, precisamos saber quantos dias tem um mês.

A evidência em dias do espaço mensal é-nos apresentada no livro de Gênesis


(7:11), onde somos informados que o dilúvio começou no dia dezessete do segundo mês
e que terminou no dia dezessete do sétimo mês (Gênesis 8:4). Em Gênesis 7:24 e 8:3,
o escritor nos diz que as águas “minguaram ao cabo de centro e cinquenta dias”.

Ora, se o dilúvio começou no segundo, mês e terminou no sétimo, evidentemente,


cinco meses se cumpriram. É significativo observar que cento e cinquenta dias divididos
em cinco meses, dão-nos meses de trinta dias. E o ano quantos meses tem?

Em Daniel 9:27, lemos que um príncipe virá para perseguir os judeus por um
período que equivale à metade de “um sete” de anos. Daniel 7:20 a 25, fala da mesma
perseguição, fixando a duração como sendo de tempo, tempos, e metade de um tempo o
que, na língua aramaica, significa três tempos e meio (observe o forma plural de
tempos).

No livro de Apocalipse a alusão ao mesmo regente e período é feita, e a duração


da perseguição é dada como “quarenta e dois meses” (Apocalipse 12: 4 a 7). No
capítulo 12:13 e 14, do Apocalipse, o tempo é determinado como sendo “tempo, tempos
e metade de um tempo”. É deveras esclarecedor observar que Apocalipse 12:6
estabelece esse tempo em dias dizendo que são “mil duzentos e sessenta dias”. Assim,
o mesmo espaço temporal é apresentado variadamente como três anos e meio; quarenta
e dois meses ou ainda como 1.260 dias. Logo, se conclui que se três anos e meio são
iguais a 1.260 dias, os anos desses períodos têm que ser de trezentos e sessenta dias.

A profecia de Daniel 9:20 a 27 diz que o período do vaticínio começaria com o


anúncio de uma ordem para reedificar Jerusalém e na sua primeira fase de sessenta e
nove semanas iria atingir o Ungido, ou seja, o CRISTO.

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A chave está em localizar-se a “ordem para restaurar a cidade”. Para isto é
necessária uma leitura cuidadosa de Neemias 1:1 a 4 e 2:1 a 8. Em 2:5, Neemias pede a
Artaxerxes que o envie a Judá para reedificá-la. A aquiescência do rei ao pedido de
Neemias é reconhecida como uma determinação de DEUS (Neemias 2:8). O mais
importante, no entanto, é ver como Neemias registra minuciosamente a data da saída da
ordem: “No mês de Nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes” (2:1).

Qualquer livro de história e muito especialmente a Enciclopédia Britânica revelam


o começo do reinado de Artaxerxes como tendo início em 465 A.C. Logo, o vigésimo
ano de Artaxerxes era 445 A.C. No mês de Nisã, “o dia” não é mencionado por
Neemias, entretanto, como temos lido de alguns eruditos, o costume judaico nesses
casos tomava o primeiro dia do mês como referência. Diz-nos o Dr. Alva J. McClain: 1
data seria 14 de março de 445 A.C. Nesse dia saiu a “ordem”. (O calendário é judeu).

Eu o aconselharia, leitor, a perguntar: Quando terminou o período dos sessenta e


nove “setes” de anos?

Sir Robert Anderson, 2 celebrado cristão inglês, publicou em seu livro “The
Coming Prince” (obra ainda não traduzida em português), espantosos estudos a esse
respeito. Como demonstrou, para encontrarmos o final do período de sessenta e nove
“setes”, temos que reduzir o tempo a dias.

Se as 69 semanas têm 7 anos cada uma, e cada ano tem 360 dias, a operação a que
se chega é: 69 X 7 X 360 =173.880 dias. Começando em 14 de março de 445 A.C., este
total leva-nos a 6 de abril de 32 A.C.

As provas calendárias apresentadas por alguns estudiosos do assunto têm sido


essas:

445 A.C. até 32 D.C. = 476 anos (A.C. 1 até D.C. 1 = 1 ano).

476 X 360 dias = 173.740 dias.

Aumento dos anos bissextos = 116 dias ( 3 anos a menos em 4 séculos ).

14 de março a 6 de abril 24 dias.

Total = 173.880 dias.

Seis de abril de 32 D.C. é indicado como o fim das sessenta e nove semanas e
deve também indicar o dia da manifestação do UNGIDO MESSIAS como Príncipe de
Israel.

Seis de abril de 32 D.C. leva-nos ao período final do ministério público do Santo,


Maravilhoso, Encantador e Amoroso carpinteiro de Nazaré.

Como demonstrou Sir Robert Anderson, aquele foi precisamente “o dia” em que
Jesus entrou em Jerusalém num jumentinho sendo aclamado como Príncipe e Rei de
Israel.
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“Todos eles estendiam no caminho as suas vestes. E quando se aproximava da
descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos passou, jubilosa, a
louvar a DEUS em alta voz, por todos os milagres que tinham visto, dizendo: Bendito é
o Rei que vem em nome do Senhor! paz no céu e glória nas maiores alturas!” (Lucas
19:36-38).

A significação daquela data era tão importante que o Senhor JESUS disse a alguns
fariseus que se o povo se calasse “as próprias pedras clamariam”.

“Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou, e dizia! Ah! Se conheceras por ti


mesma ainda hoje o que é devido à paz! Mas isto está oculto agora aos teus olhos. Pois
sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os
lados, te apertarão o cerco: e te arrasarão, e os teus filhos dentro de ti; não deixarão em
ti pedra sobre pedra porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação.” (Lucas
19:41 a 44; compare com Daniel 9:26, Lucas 22 e 24 e Romanos 11:25).

Não é de se admirar que JESUS tenha dito que se eles se calassem as próprias
pedras clamariam, pois aquele era precisamente o dia do aniversário da sexagésima
nona semana de anos. Note a expressão de JESUS: “Neste teu dia” (Lucas 19:42).
Que dia? Exatamente o dia 173.880, e também o único dia em

que JESUS foi ovacionado publicamente como Messias e como Príncipe pelo povo de
Israel (compare com Zacarias 9:9).

Falta ainda a última semana da profecia cumprir-se e, juntamente com ela, a


consumação de todas as coisas!

Você poderia perguntar: Por que a profecia foi interrompida?

1) Cremos que, no desenvolvimento do próprio texto de Daniel 9:20 a 27, isto já


estava demonstrado. Note que as sessenta e nove semanas vão até ao Príncipe e, depois
Dele, os fatos sucedem-se sem qualquer relação com os números da profecia até
recomeçarem novamente da firme aliança que um governante futuro faria com o povo
de Israel, isto depois de já haverem experimentado guerras e desolações num período
não contado numericamente.

2) O desenvolvimento passado da História exige um intervalo entre a sexagésima


e septuagésima semana. Comparemos a profecia e a História.

Depois do “dia” da manifestação do Ungido e Príncipe aconteceria: (Daniel 9:26).

A convergência do tempo de sua vinda ao mundo

Profecia a-1) O Ungido seria morto.


História a-2) Sabemos que logo depois da consagração pública de JESUS como
Messias, ELE foi
morto (João 19:14 a 16).

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Profecia b-1) O Ungido já não estaria Parece que ELE não mais estaria
presente na sequência
histórica dos eventos mas, encantadoramente, essa expressão não o afasta “realmente”
do contexto da existência.

História b-2) Sabemos que JESUS ressuscitou no terceiro dia, que já não
está fisicamente
envolvido na presente ordem de coisas, conquanto realmente ELE tenha sido eleito
Príncipe e Salvador (Atos 5:31 e Isaías 53:10 e 11).

Profecia c-1) O povo de um príncipe, que há de vir, destruiria a cidade e o


santuário.

História c-2) É sabido por todos, que quarenta anos após a morte de JESUS, o
general romano Tito
destruiria a cidade e o santuário de Jerusalém, num dos cercos mais dramáticos da
História humana e num verdadeiro dilúvio de sangue.

Profecia d-1) Depois disso, até o fim, haveria guerra e desolações sobre o povo
de Israel.

História d-2) Basta que se olhe para a história de Israel e se observará a realidade
do que havia sido
vaticinado. As perseguições, as chacinas, e os holocaustos humanos têm sido comuns
quando praticados contra Israel. É interessante também observar que a profecia diz:
“Até ao fim.” Assim sendo, entenda-se por um período indeterminado de tempo.

3) É elemento muito conhecido na profecia bíblica o intervalo. Poderíamos


apresentar muitos, mas vejamos apenas um exemplo rápido: Em Lucas 4:18, JESUS
cita uma profecia de Isaías 61: 1 e 2 e a interrompe na expressão “e a anunciar o ano
aceitável do SENHOR”. Por que será que JESUS |interrompeu ali a narrativa?
Justamente porque a sequência diz: “e o dia da vingança de nosso DEUS.” Mas esse dia
ainda não havia chegado. Portanto, o próprio SENHOR aplicou o método do intervalo
profético.

Uma pergunta cabe no momento: Será que o DEUS que concretizou a Sua Palavra
na História dos homens, objetivando inclusive a época da vinda de Seu Filho ao mundo,
bem como o dia de Sua proclamação pública como o Messias, não fará também com
que se cumpram literalmente todas as outras profecias? É claro que sim! E para
aqueles que amam e seguem a JESUS, um céu cheio de esperança e luz está prestes a
ser manifestado.

Não me julguem enfadonho ao voltar e bater na mesma tecla, mas sinto que todos
devem saber de uma pequena parte do grande acúmulo de evidências que nos fazem,
jubilosamente, dizer que temos “ESPERANÇA”.

Transcrevemos, a seguir, um resumido, porém interessante estudo histórico feito


pelo cristão holandês H. L. Heijkoop:

“Podemos dividir a história de Israel nos seguintes períodos”:


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1) A origem Compreende o período desde o nascimento de Abraão à
Redenção do povo da escravidão do Egito e a promulgação da Lei no Monte Sinai.

2) A fixação no país Este período estende-se desde o Sinai à construção do


templo no reinado de Salomão.

3) O declínio e juízo Começa com a construção do templo e termina com a ida


de Neemias a Jerusalém para reedificá-lo.

4) Restauração e reconciliação Este período vai desde a reconstrução do


templo até a completa reconciliação do povo e sua entrada na glória do reino físico de
DEUS.

O mais extraordinário é que DEUS divide cada período em 490 anos, ou seja,
setenta semanas de anos.

1) A origem

Segundo Gênesis 12;4, Abraão era da idade de setenta e cinco anos quando
recebeu as promessas e saiu de sua terra para a Palestina (Hebreus 11:8). Em Gálatas
3:17, o apóstolo diz que a Lei veio 430 anos mais tarde. “Desde o nascimento de
Abraão à lei são 505 anos”.

“Estes 505 anos incluem também os 15 anos de incredulidade que vão desde o
momento em que Abraão pretendeu receber bênção de um modo carnal, tomando
Hagar por sua mulher, até o nascimento de Isaque (Gênesis 16;3; 21:5). Quando
subtraímos estes 15 anos, obtemos o resultado de 490.

A convergência do tempo de sua vinda ao mundo

2) A fixação no país

De acordo com Atos 13:18 a 22, obtemos este resultado:


No deserto............................................................ 40 anos
Conquista da terra.............................................. x

Desde a conquista da terra à


I Juízes ............................................................... ?
Período de Juízes ............................................... 450 anos
Saul .................................................................... 40 anos
Davi ................................................................... 40 anos
Salomão ao final da construção do templo ........ 11 anos

De Números 9:1 e Josué 14:7 a 10 é evidente que x é igual a 6 anos.

De Juízes 11:26 e os anos correspondentes entre a conquista da terra e I Juízes


pode concluir-se um período de 14 anos.

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Obtemos portanto um total de 601 anos. Neste período de anos, estão incluídos
111 anos em que os israelitas estiveram debaixo de reis estrangeiros.

Juízes 3:8 a 11 ............................. 8 anos sob Cucam-pisatain


“ 3:14 a 30 ........................... 18 anos sob Eglon
“ 3:31 a 4:3 .......................... 20 anos sob Jobim
“ 6;1 e 8:28 .......................... 7 anos sob os midianitas
“ 10:8 ................................... 18 anos sob os filisteus e os amonitas
“ 13:1 ................................... 40 anos sob os filisteus
T o t a l ...................................... 111 anos

Quando deduzimos estes anos 601 anos temos outra vez 490 anos. Segundo I Reis
6:1 e 38 obtemos 487 anos. Parece que ali são tirados os 3 anos de reinado de violência
de Abimeleque (Juízes 9:22 e 10:10).

3) O Declínio

O templo de Salomão foi acabado no ano 105 A.C. Neemias subiu a Jerusalém
para reconstruir a cidade no ano 445 A.C. A diferença é de 560 anos.

Se deduzirmos os 70 anos de cativeiro babilônico, durante os quais o povo não


esteve em sua terra, temos outra vez 490 anos.

4) Restauração e Reconciliação

Daniel 9:24 nos diz que setenta semanas (isto é 490 anos; confira com Levítico
25:8) estão determinados sobre o povo de Jerusalém para extinguir a transgressão e dar
fim aos pecados e para expiar a iniquidade e trazer a justiça eterna, e selar a visão da
profecia e para ungir o Santo dos Santos.

O princípio seria a reconstrução de Jerusalém, o fim seria a bênção eterna;


portanto, o Messias viria, mas seria rejeitado, e entre as 69 e 70 semanas encontramos
outras coisas que não são incluídas na conta das 70 semanas.

DEUS, que não contou os anos de Abraão em incredulidade, nem os anos de


domínio estrangeiro no tempo de Juízes, e os anos de cativeiro, tomaria em conta os
dias de Seu Filho? Claro que não!

As setenta semanas são interrompidas na Cruz. E serão continuadas logo que o


povo estiver no país e o remanescente for de qualquer modo salvo. (Romanos 11:23 e
25 a 29).” 3

Não é claro que tudo isto robustece os motivos da nossa Esperança?

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BIBLIOTECA SUMÁRIA

(1) McCLAIN, Alva J.. As Setenta Semanas de Daniel. s. ed...


São Paulo, Imprensa Batista Regular do Brasil, s. d.

(2) Id.

(3) HEIJKOOP, H. L.. O Porvir. Lisboa, Depósito de Literatura Cristã,


1972.

9
A Vinda de Cristo
O cumprimento histórico

É matéria da mais alta edificação espiritual observar o cumprimento histórico das


promessas proféticas da Bíblia na cândida, encantadora e majestosa pessoa de Jesus
Cristo.

A vida de Cristo é o centro da História da humanidade. É a única folha limpa no


pisoteado e sujo livro da História do homem, pois qualquer pé que o tente pisar terá sua
sola queimada pelo fogo da verdade.

Em Cristo há um mistério encantador e fascinante convidando corações prazerosos


com a verdade a se deleitarem, mergulhando em suas profundas águas ou voando em
seu alcandorado céu.

As profundidades dos mares, a altura dos céus ou o coração do jovem sonhador


nem de longe podem ser comparados com o maravilhoso mistério da vida de Jesus.
Mistério, o qual “Deus nos revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito a todas as coisas
perscruta, até mesmo as profundezas de Deus”. (I Coríntios 2:10).

Cristo é centro de tudo que existe porque “Nele tudo subsiste”, pois Deus fez com
que “Nele convergisse, na plenitude do tempo, todas as cousas, tanto as do céu como as
da terra” (Efésios 1:10). Ele é o centro da História, das Escrituras Sagradas e é o
Mediador entre Deus e os homens.

Profeticamente nas pegadas do Messias


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Já vimos a predição e o cumprimento histórico da vinda do Messias, inclusive
demonstrando que não se trata de mera especulação religiosa ou de uma esbelta e
engendrada cultura, que no topo de suas

aspirações ilusórias, no correr dos anos, tivesse pintado o retrato do Messias, de cuja
ideia procedesse uma pretensa aspiração à eternidade monárquica.

Amo ao Messias que nos foi designado (Atos 3:20) e aprendi a amá-Lo através das
Escrituras.

Lembro-me dos dias e meses seguintes à minha conversão ao evangelho. As


páginas das Escrituras encontravam-se como que irradiando luz celestial e meu espírito
deleitava-se em nelas descobrir a profundidade e a clareza do plano de Deus, cujo
desenrolar acompanhei extasiado do primeiro ao último livro da Bíblia. Entre jejuns e
petições, meu coração descobria a beleza incomparável do rosto de Jesus e, muito
especialmente alegrava-se, quando Suas feições eram por mim descobertas no Velho
Testamento, isto é, muito antes de Sua existência física. As descrições que Dele se
fizeram encantavam pela total harmonia com o próprio evento histórico descrito antes
da ocorrência.

Vejamos algumas dessas predições, comparando-as com os cumprimentos


históricos.

É matéria para um maior aprofundamento as revelações entre o profetizado e o


cumprido na vida de Jesus, no entanto, nosso estudo se propõe, de modo simples, a
traçar apenas um roteiro básico do que se profetizou acerca da vida e obra do amado
Salvador Jesus.

Sobre o seu nascimento

A CIDADE

Profecia (751 A.C.)

Texto: (Miqueias 5:2) “E tu Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo
de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são
desde os dias da eternidade.

Comentário

É óbvio que a pessoa a quem a profecia se refere como “Guia”, não era um
homem com características comuns. Observem “suas” origens eram desde a
eternidade.

Cumprimento Histórico

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Texto: (Mateus 2:1 e 5, Lucas 2:4,5; 10,11 e 12) “Tendo Jesus nascido em
Belém da Judeia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do oriente a
Jerusalém”.

Quando Herodes indagava dos escribas onde o Messias nasceria, a resposta foi:
“Em Belém da Judeia, responderam eles”.

Na noite do nascimento de Jesus, os anjos enviados para a celebração assim


anunciavam, através de Gabriel, aos pastores que apresentavam seu rebanho cerca de 1
½ km do local: “Eis que vos trago boas novas de grande alegria, que o será para todo o
povo: é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo o Senhor.”

NASCERIA DE UMA VIRGEM

Profecia (740 A.C.)

Texto: (Isaias 7:14) “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe porás
o nome de Emanuel.”

Comentário

O filho da virgem não seria apenas um homem, mas sim a própria manifestação
física de Deus, pois Emanuel quer dizer: “Deus conosco”.

Cumprimento Histórico

Texto: (Mateus 1:18 Lucas 1:34 e 35) “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi
assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado,
achou-se grávida pelo Espírito Santo!”

Antes de conceber, Maria foi visitada pelo anjo Gabriel que lhe falou sobre a sua
futura concepção. Ela, no entanto, perguntou: “Como será isto, pois não tenho relação
com homem algum? Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder
do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isto também o ente santo que há de
nascer, será chamado Filho de Deus.

O seu nascimento provocará um grande morticínio de crianças em Belém

Profecia (626 A.C.)

Texto: (Jeremias 31:15) “Assim diz o Senhor: Ouviu-se um clamor em Ramá,


pranto e grande lamento; era Raquel chorando por seus filhos, e inconsolável por causa
deles, porque já não existem.”

Comentário

Ramá está no caminho às portas de Belém e é o lugar onde Raquel está enterrada.

Cumprimento Histórico

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Texto: (Mateus 2:16) “Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes
grandemente, e mandou matar todos os meninos de Belém e de todos os seus arredores
de dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com precisão se informara dos
magos.”

Os magos vieram adorar o Messias recém-nascido. Foram advertidos por Deus


que não deveriam comunicar o lugar da morada do infante a Herodes, pois os seus
instintos eram maus. Em virtude disto, desviaram-se de Jerusalém, indo para casa por
outro caminho.

Sua filiação divina

Profecia (1.000 A.C.)

Texto: (Salmo 2:7 e 12) “Proclamai o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu
filho, eu hoje te gerei.”

“Beijai o Filho para que não se irrite, e não pereçais no caminho; porque, dentro
em pouco, se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados os que Nele se refugiam.

Cumprimento Histórico

Texto: (João 17:1; 14:1 e 3:16 I João 1:3 Mateus 3:17) “Tendo Jesus falado
estas cousas levantou os olhos ao céu, e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu
Filho, para que o Filho te glorifique a Ti.”

“Ora a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo.”

Na ocorrência do batismo de Jesus o próprio Pai testificou: “Este é meu Filho


amado em que me comprazo.”
Obs.: A filiação divina é matéria da mais espantosa demonstração em todo o evangelho
do Apóstolo João. Leia-o, portanto.

Seu ministério

ELE SERIA PRECEDIDO

Profecia (740 A.C.)

Texto: (Isaías 40:3 Malaquias 3:1) “Voz do que clama no deserto: preparai o
caminho do Senhor. Endireitai no ermo vereda a nosso Deus.”
Obs.: Note como o precursor que clamaria esteve preparando o caminho para a vinda de
Deus.

“Eis que eu envio o meu mensageiro que preparará o caminho diante de mim; de
repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o Senhor
dos Exércitos.”
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Cumprimento Histórico

Texto: (Mateus 3:1 João 1:23 e 1:29 e 30) “Naqueles dias apareceu João
Batista pregando no deserto da Judeia.”

Quando perguntaram a João Batista quem era ele, sua resposta foi: “Eu sou a voz
do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.”

Ao ver Jesus, João Batista exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo! É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a
primazia, porque já existia antes de mim.”

Note-se que João Batista era mais velho do que Jesus, no entanto ele sabia das
origens eternas de Cristo.

Ele curaria os enfermos

Profecia (740 A.C.)

Texto: ( Isaías 53:4 e 35:5 e 6) “Certamente Ele tomou sobre si as nossas


enfermidades, e as nossas dores levou sobre si.”

“Então se abrirão os olhos dos cegos, e se desempedirão os ouvidos aos surdos: os


coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; pois águas arrebentarão no
deserto e ribeiros no ermo.”

Cumprimento Histórico

Texto: (Lucas 7:18 a 23) “Disse Jesus: Ide e anunciai . . . o que vistes e ouvistes:
os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os
mortos são ressuscitados, e aos pobres anuncia-se-lhes o evangelho.”
Obs.: Os quatro evangelhos constituem-se em indiscutíveis provas desta proposição.

A sua pregação

Profecia (740 A.C.)

Texto: (Isaías 50:4 e 42:3) “O Senhor me deu língua de erudito, para que eu saiba
dizer boa palavra ao cansado.”

“Não clamará nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça. . . promulgará o
direito.”

Cumprimento Histórico

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Texto: (João 7:15;16 e 17) “O meu ensino não é meu, e, sim, dAquele que me
enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela
é de Deus ou se falo por mim mesmo.”

Ele seria rejeitado

Profecia (740 A.C.)

Texto: (Isaías 53:1 e 12) “Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o
braço do Senhor?”

Sobre ele diz o profeta: “Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens.”

Cumprimento Histórico

Texto: (João 15:24 e 25) “Se eu não tivesse feito entre eles tais obras, quais
nenhum outro fez, pecado não teriam; mas agora não somente têm eles visto, mas
também odiado, tanto a mim, como a meu Pai. Isto, porém, é para que se cumpra a
palavra escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo.”

Ele seria morto

Profecia (600 A.C.)

Texto: (Daniel 9:26 Isaías 53:8 e 9) “Depois . . . será morto o Ungido, e já não
estará.”
“Por causa da transgressão do meu povo foi Ele ferido.”

Cumprimento Histórico

Texto: (João 19:30) “Quando, pois Jesus tomou o vinagre disse: Está consumado!
E inclinando a cabeça, rendeu o espírito.”

Sua morte seria por crucificação

Profecia (1.000 A.C.)


Texto: (Salmo 22) “Derramei-me como água, e os meus ossos se desconjuntaram;
meu coração fez-se como a cera, derreteu-se dentro em mim. Secou-se o meu vigor,
como um caco de barro, e a língua se me apega no céu da boca; assim Me deitas no pó
da morte.”

“Transpassaram-me as mãos e os pés. Posso contar os meus ossos.”


Obs.: Descrição da morte de um crucificado pela sintomatologia apresentada.

Cumprimento Histórico

Leia-se todas as narrativas sinóticas de Mateus, Marcos e Lucas.

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Sobre as suas mãos traspassadas disse Tomé: “Se eu não vir em suas mãos o sinal
dos cravos e ali não puser o meu dedo, e não puser a minha mão no seu lado, de modo
algum acreditarei.”
(João 20:26.)

Oito dias depois destas palavras de Tomé, Jesus, já ressuscitado, aparece na sala
onde os discípulos se encontravam e diz a Tomé: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas
mãos.”

As suas vestes seriam repartidas e sua túnica disputada em sorte

Profecia (1.000 A.C.)

Texto: (Salmo 22:18) “Repartem entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica
lançam sorte.”

Cumprimento Histórico

Texto: (João 19:23 e 24) “Os soldados, pois, quando crucificaram a Jesus, tomaram-
lhe as vestes e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e a túnica.
Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para
ver a quem caberá.”

Acontecimentos paralelos à sua morte


(Compare profecia e cumprimento histórico relacionando-os numericamente.)

Profecia (1.000 A.C.)

Texto: (Salmo 22:1,7,8 e 16)

1 “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”

2 “Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a


cabeça: Confiou no Senhor!! Livre-o Ele, salve, pois Nele tem prazer.”

3 “Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia”.


Nota: Cães é uma expressão pejorativa usada para aqueles que não eram israelitas, ou
seja, usada para os gentios.

Cumprimento Histórico

Texto: (Mateus 27:46,39,40,41,42,43)

1 “Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lemá
sabactâni; que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”

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2 “Os que iam passando, blasfemavam dele, meneando a cabeça, e dizendo: . . .
Salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus! E desce da cruz!” De igual modo as
autoridades diziam: “Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se . . . Confiou em
Deus; pois venha livrá-lo agora, se de fato lhe quer bem.”

3 É fato do conhecimento de todos que a morte de Jesus envolveu os gentios e


que Ele foi contemplado por eles.

Ele seria traspassado no seu lado

Profecia (538 A.C.)

Texto: (Zacarias 12:10) “Olharão para mim, a quem transpassaram; pranteá-lo-ão


como quem pranteia por um unigênito, e chorarão por Ele como se chora amargamente
pelo unigênito!”

Cumprimento Histórico

Texto: (João 19:31 a 37)

Os judeus queriam apressar a morte dos crucificados (Jesus e os dois ladrões), por
isso, pediram a Pilatos que as suas pernas fossem quebradas. “Os soldados foram e
quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele tinha sido crucificado;
chegando-se, porém, a Jesus, como vissem que já estava morto, não lhe quebraram as
pernas. Mas, um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu água e
sangue.”

Ele seria morto entre malfeitores

Profecia (740 A.C.)

Texto: (Isaías 53:9) “Designaram-lhe a sepultura com os perversos.”

Indubitavelmente o contexto predito é o messiânico.

Cumprimento Histórico

Texto: (Lucas 23:32 e 33, e as referências de Mateus e Marcos). “E também eram


levados outros dois, que eram malfeitores, para serem executados com Ele. Quando
chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram bem como aos malfeitores, um
à direita, outra à esquerda.”

Ele estaria amparado por um rico quando morto

Profecia (740 A.C.)

Texto: (Isaías 53:9b) “Mas com o rico esteve na Sua morte, posto que nunca fez
injustiça, nem dolo algum se achou em Sua boca.”

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Cumprimento Histórico

Texto: (Mateus 27:57,58,59 e 60) “Caindo a tarde, veio um homem rico de


Arimateia, chamado José, que era também discípulo de Jesus. Este foi ter com Pilatos e
lhe pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos ordenou que lhe fosse entregue. E José,
tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo de linho e O depositou no seu túmulo
novo, que fizera abrir na rocha; e, rolando uma grande pedra para a entrada do sepulcro,
se retirou.”

Ele ressuscitou dentre os mortos

Profecia (1.000 A.C.)

Texto: (Salomão 16:8,9 e 10 Isaías 53:10) “Alegra-se, pois o meu coração, e o


meu espírito exulta; até o meu corpo repousará seguro. Pois não deixarás a minha alma
na morte, nem permitirás que o Teu Santo veja corrupção.”

“Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der Ele a sua
alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias.”

Como prolongaria o Messias os seus dias, depois de morto, senão mediante a sua
ressurreição?

Cumprimento Histórico

Texto: (Mateus 28:1 a 10 Lucas 24:1 a 12 João 20:1 a 10).

A cena desenrolou-se à porta do sepulcro e diante dos guardas que o guardavam,


bem como das mulheres que lá haviam ido para perfumarem o corpo de Jesus. Um anjo
apareceu-lhes e lhes disse: “Não temais: porque sei que buscais a Jesus, que foi
crucificado. Ele não está aqui: Ressuscitou, como havia dito. Vinde ver onde Ele jazia.”

O próprio Jesus, depois de ressuscitado, testificou a respeito dessas profecias:


“Assim está escrito que o Cristo havia de padecer, e ressuscitar de entre os mortos no
terceiro dia.” (Lucas 24:46.)

Ele se assentaria à direita de Deus

Profecia (1.000 A.C.)

Texto: (Salmo 110:1) “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.”

Cumprimento Histórico

Texto: (Atos 1:9 a 11) . . . “Foi Jesus elevado às alturas à vista deles e uma nuvem o
encobriu de seus olhos. E estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia,
eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles, e lhe perguntavam:
Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi
assunto ao céu, assim virá do modo como o vistes subir.”
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Ao ser indagado pelo sacerdote israelita sobre sua origem divina, Jesus respondeu:
“Eu vos declaro que desde agora vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-
Poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu.” (Mateus 26:64.)

Ele virá um dia à terra visivelmente com as nuvens do céu

Profecia (538 A.C.)

Texto: “Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos com Ele”. “Naquele dia
estarão os seus pés sobre o Monte das Oliveiras . . .” (Zacarias 14:5-b e 4.)

Predição de Jesus
Texto: (Mateus 25:31) “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos
os Seus anjos em Ele, então se assentará no trono de Sua glória”.

Cumprimento histórico no futuro e em tempo desconhecido

Texto: (Atos 1:7) Os discípulos perguntaram a Jesus sobre o tempo da


“restauração” de todas as coisas. A resposta foi: “Não vos compete conhecer tempos
ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade.” O que alegra é que
conquanto o tempo da restauração seja incerto, no entanto, a restauração é certa.

“Visto que todas essas cousas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os
que vivem em santo procedimento e piedade, esperando a apressando a vinda do dia de
Deus, por causa do qual os céus incendiados serão desfeitos e os elementos abrasados se
derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra,
nos quais habita justiça.” (II Pedro 3:11,12,13.)

Diante das comparações estabelecidas é que penso seja razoável indagar: Haverá
por trás da História alguém, uma mente-coração, um Deus pessoal? A resposta é óbvia.

As predições cumpridas em Jesus exigem de nós uma resposta positiva. Tão


maravilhosa simetria e ordem não podem acontecer por acaso. Aliás, é isso mesmo que
se tem que pensar com base na cultura tecnológica do Ocidente, onde os números vão se
tornando sinônimos de verdade. Por isso penso que será, inclusive, interessante
olharmos para a exatidão dos vaticínios bíblicos sobre o Messias, do ponto de vista
matemático.

“Existem mais de trezentas profecias no Antigo Testamento que foram cumpridas


por Cristo na ocasião de sua primeira vinda. Na tentativa de determinar a significação
científica desses cumprimentos proféticos, certo matemático do Estado da Califórnia,
nos Estados Unidos da América, o professor Peter Stoner, fez interessante experiência
com uma de suas classes. A cada membro da classe foi dada uma profecia messiânica
particular para ser estudada com o propósito de determinar a probabilidade estatística de
como aquele evento especial poderia ter sido predito sem o concurso da inspiração
sobrenatural. Por exemplo, a profecia de Miqueias 5:2 diz que o Messias nasceria em
Belém. Não havia mais motivo para essa aldeia ser escolhida do que qualquer outra
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aldeia em Judá. Por conseguinte, sua possibilidade de cumprimento por acaso é
conseguida com a divisão pelo número das aldeias em Israel existentes naquele tempo.
Dessa maneira, as probabilidades de cumprimento foram determinadas para cada uma
das quarenta e oito profecias messiânicas. (Obs.: O doutor Morris refere-se às profecias
que, de um modo objetivo, são reconhecidos como cumpridas claramente nas narrativas
da vida de Jesus. No entanto, há um sem-número delas que também se cumpriram no
primeiro advento do Messias.)

Ora as leis da probabilidade matemática mostram que a probabilidade das diversas


ocorrências por acaso, independentes umas das outras, de serem realizadas
simultaneamente, é igual ao produto das probabilidades das diversas ocorrências
individuais. Assim, a probabilidade de todas essas quarenta e oito profecias se terem
cumprido simultaneamente em um indivíduo, o Messias e Salvador prometido, foi
calculada como o produto de todas as probabilidades separadas. E o professor Stoner
descobriu que a probabilidade resultante é a probabilidade entre o número que se
escreve com o algarismo 1 seguido por cento e oitenta e um zeros. Para percebermos a
significação desse número tremendo, poderíamos imaginar uma enorme bola composta
de elétrons solidamente amontoados. Os elétrons são as menores entidades que
conhecemos. Seriam necessários dois e meio milhões de bilhões deles para fazer uma
linha com uma polegada de comprimento.

A maior coisa que conhecemos a respeito é nosso Universo físico com cerca de
quatro bilhões de anos-luz de diâmetro (um ano-luz é a distância que a luz viaja durante
um ano, à velocidade de mais de trezentos mil quilômetros por segundo). Entretanto,
nossa bola de elétrons compacta deveria ter um diâmetro de cerca de quinhentos
quatrilhões de vezes maior que o diâmetro de nosso Universo.

Um desses elétrons seria a seguir destacado entre o demais e então a massa inteira
seria agitada completamente. Seria então enviado um homem de olhos vendados para
encontrar dentre a enorme massa o elétron marcado. A probabilidade que ele teria de
selecionar o elétron correto, na primeira tentativa, é em termos redondos equivalentes à
probabilidade de que essas quarenta e oito profecias referentes ao Messias tivessem tido
seu cumprimento sem o concurso da inspiração sobrenatural e divina.” 1
Cientificamente, qualquer coisa que, em termos de probabilidades tivesse tamanha
chance, há muito já teria sido estabelecida como a mais irrefutável das leis naturais. Por
que com relação a Cristo esse critério não é adotado? Por que se admite o “absurdo” de
Jacques Monod em seu livro Necessidade e acaso e não se admite tão forte
demonstração de probabilidade?

O que me choca é ver que os homens parecem querer continuar vivendo “sendo
angústia” e “encarnando o desespero”, ao invés de fundamentar sua vida sobre o sólido
fundamento da esperança em Jesus.

Ah! Como os homens são indesculpáveis quando tomam consciência da


esperança em Cristo e optam pelo desespero de viver sem Deus no mundo. É como
alguém que, não confiando na mais inabalável das estruturas, resolve abandonar-se aos

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cuidados do vácuo ou, na melhor das hipóteses, resolve confiar no etéreo. Ao fazer
isso, ele troca um ser-esperança” por um “ser-angústia”.

Entretanto, o fato de que a esperança cristã é a “Única” não faz dela uma “única-
opressora”, mas ela é, antes uma “única-opcional”. A prova disse é que a grande
maioria das pessoas tem feito uma opção para fora do cristianismo bíblico. O
cristianismo é a única “opção de vida” mas não é a única “opção de existência”. E não
adianta, para resolver o problema de uma existência sem significado, usar o artifício de
Sartre, que no fim da vida disse que se há “o desesperar”, então há “o esperar”, pelo
menos em termos linguísticos. Todavia, o próprio “esperar”, fora de Cristo, é
desesperar, pois se está esperando um-nada, um - não. O desespero de esperar é muito
pior do que o desespero de desesperar. Pois só se espera quando se espera em Cristo e
fora dEle tudo é desespero se houver coerência.

BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) ARAÚJO FILHO, Caio Fábio, d‟ Onde Está o Infinito Pessoal. 1ª ed., Manaus,
Imprensa Oficial de
Manaus,1978.

(2) SCHAEFFER, Francis. Retorno a La Libertad y La Dignidad. Barcelona


(Espanha), Ediciones
Evangelicas Europeas, 1973.

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10
A Redenção

Tem sido tecla ininterruptamente batida neste livro, o fato de que toda a esperança
que a humanidade possui repousa sobre o fundamento da Palavra de Deus. Há, da parte
de Deus, a promessa da restauração, ou seja, da Redenção.

Toda e qualquer tentativa de encontrar esperança para a presente ordem de coisas


desfaz-se diante da irreversibilidade da natureza corrupta do homem, em sua forma
natural de ser. O homem nato é violento e mau.

No primeiro capítulo deste livro, vimos a queda e os seus resultados tenebrosos e,


a seguir, o processo humano de tentativas de “recuperabilidade”, visando à
“recuperação”. Mas o que se observou é que a nossa “qualidade de recuperação” está
aquém do que nos é exigido pela nossa própria necessidade de recuperação.
Evidenciou-se assim, que os nossos sistemas não nos podem dar a esperança de uma
vida verdadeiramente melhorada, quanto mais, transformada no verdadeiro padrão da
Criação.

Veremos agora a promessa de Redenção feita por Deus, nas fases diferentes de sua
execução no pano de fundo da História do homem.

Redenção versus queda

Nossa redenção não poderia ser menor do que a nossa queda. A decadência nos
levou ao desgraçado estado de “danos sem propriedade”. Reivindicou valores,
posições, sentimentos e relacionamentos na vida e temos sentido que sonhamos com
uma utopia, almejando o inatingível, querendo conhecer o incognoscível. É porque
somos como crianças que, nascidas com o sinal da dignidade real, vivem na mais vil das
moradas.

Com o trágico e contundente advento da queda, nós perdemos a propriedade que


nos havia sido dada por direito de criação e filiação.

Recapitulemos os efeitos básico da Queda.


1) O homem ficou debaixo da penalidade da morte da alma

“ . . . porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”


(Gênesis 2:17.) “A alma que pecar certamente morrerá.” (Ezequiel 18:4.) “Do que
adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perde a alma?” (Mateus 16:26) “O salário
do pecado é a morte.” (Romanos 6:23.)

2) O homem ficou debaixo da lei da morte física


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“Até que tornes à terra, pois dela foste formado: porque tu és pó e ao pó tornarás.”
(Gênesis 3:19.) “E assim (. . .) aos homens está destinado morrerem . . .” (Hebreus
9:27).

3) O homem perdeu seu direito de posse da terra

A terra passou a produzir cardos e abrolhos. As formas de vida tornaram-se


aguerridas entre si e contra o homem e, em consequência, uma guerra biológica também
teve início.

“Maldita é a terra por tua causa: em fadigas obterás dela o sustento durante os dias
de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos e tu comerás o teu pão, até que
tornes à terra, pois dela foste formado: porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gênesis 3:17b
a 19).

Como disse o Dr. Arthur E. Bloomfields, 1 se o resultado do pecado é tríplice,


então, faz-se mister que a recuperação dele envolva uma redenção tríplice.

A redenção estará incompleta enquanto não reouvemos o que perdemos na queda:


a vida espiritual em eterna bem-aventurança, a vida eterna do corpo e o convívio eterno
e pacífico com as coisas criadas e que compõem a natureza e, no nível do homem, a
sociedade .

A providência tomada por Deus no grande concerto da Redenção não foi só a de


redimir a vida espiritual do homem, ou seja, o espírito, o que o caracteriza como ser
pessoal, com consciência de si, de sua história e de seu ambiente. Um homem não é só
espírito. Ele tem sua mente mas também seu corpo. No entanto, o corpo está sem vida
pessoal se não tiver o espírito e a mente está sem a energia do pensamento emitida pelo
espírito se este não estiver presente. O Espírito sobrevive eternamente sem corpo, pois
ele é vida com as suas características de personalidade e consciência. No entanto, como
“um todo” na perspectiva da criação, o complexo espírito-mente-corpo precisa ser
redimido, porque a decadência atingiu a cada uma dessas áreas sendo totalmente
imprescindível para o perfeito equilíbrio, de acordo com o que foi revelado no projeto e
execução da Criação, haver total integração das três partes e, para que isso aconteça,
espírito, mente e corpo precisam ser redimidos.

Espírito e mente estão profundamente relacionados entre si. Não que o corpo a
eles esteja ligado, mas trata-se do mecanismo essencial do espírito e da mente, os quais
são tão entrelaçados, que se torna humanamente impossível separar um do outro e até
mesmo estabelecer fronteiras entre eles. Só a Palavra de Deus, com sua finíssima
lâmina de discernimento pode separar essas duas áreas (Hebreus 4:12).

O corpo, entretanto, está, pela sua própria condição material. ligado aos elementos
da natureza.

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O próprio Deus associa o corpo ao pó e à terra, mas revela que o espírito se
dimensiona noutra existência (Eclesiastes 12:7). Portanto, para melhor compreensão,
dividiremos o nosso estudo sobre a Redenção em três dimensões, da seguinte forma:

1) Espírito
2) Corpo Homem

3) Natureza Animais, plantas e mecanismo universal

A redenção em três dimensões

A redenção do espírito

Não se pode descobrir, em toda a Escritura Sagrada, qualquer possibilidade ou ao


menos esperança de Redenção para a alma, fora do sacrifício vicário de Jesus Cristo.
Por outro lado, não é o sacrifício da Cruz em si, somente no ato sacrificial, o que trouxe
a redenção para o espírito do homem. É fato da mais profunda significação que se saiba
que a Cruz só teve valor porque nela foi crucificado o Jesus Cristo que nós conhecemos:
sem pecado e Filho de Deus. O que encheu a crucificação de Cristo, de realidade
espiritual foi a justiça daquele que se ofereceu. A Cruz não é símbolo do pecado, é a
própria consequência e história do pecado, na absorção real de todas as injustiças,
pecados, dores e desesperanças. Tudo isso convergiu para Jesus e recebeu a justiça de
Deus contra o mal universal.

Quando dizemos que Cristo morreu, estamos de fato dizendo duas coisas:

1) Que ele morreu mesmo. Não foi um desmaio e tampouco qualquer outro
estado de semivida.

2) Que ele foi crucificado, mas que o “ato” de sua morte não foi provocado de
modo tão imediato, como aconteceu, pelos sofrimentos da crucificação ou pela
lança do soldado romano, mas sim, pelos nossos pecados.

Cristo de fato morreu pelas angústias, espirituais que padeceu; vejamos a prova
disso:

Samuel Houghton, M. D., grande fisiologia da Universidade de Dublin, Irlanda,


relata seu ponto de vista sobre a causa física da morte de Jesus.

“Quando o soldado romano furou com sua lança o lado de Cristo, Ela já estava
morto; e o derrame de sangue e água que resultou, ou foi um fenômeno natural
provocado por reações naturais ou foi um milagre. O fato de o apóstolo S. João tê-lo
achado um milagre, ou ao menos, estranho, revela-se bem claro pela observação que ele
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faz e pela maneira enfática e séria com o qual ele declara sua própria “perícia” na
narrativa do fato.

Observações e pesquisas feitas com homens e também com animais, têm-me


dirigido às seguintes conclusões:

Quando o lado esquerdo de uma pessoa está furado largamente depois da morte
provocada por uma facada, onde a arma é do tamanho de uma lança romana, três coisas
podem acontecer:

1) Nada sai do ferimento senão um pequeno fluxo de sangue.

2) Só sai um fluxo abundantemente de sangue do ferimento.

3) Um fluxo só de água, e depois algumas gotas de sangue saem do ferimento.

Deste três casos, o primeiro é o mais comum; o segundo acontece nos casos de
afogamento e morte provocada por envenenamento pela estricnina e pode ser
demonstrado se matar um animal com aquele veneno; também pode ser o caso natural
de uma pessoa crucificada; e o terceiro se encontra nos casos de morte por causa de
pleurisia, pericardia e rompimento do coração; mas os dois casos seguintes, mesmo
explicados pelos princípios fisiológicos, não são registrados nas Escrituras Sagradas
(exceto por S. João). Nem tenho tido a felicidade de encontrá-los.

4) Um fluxo copioso de água, e depois um fluxo copioso de sangue saem do


ferimento.

5) Um fluxo copioso de sangue, e depois um fluxo copioso de água saem do


ferimento.

A morte por crucificação produz uma condição de sangue nos pulmões comparada
à produzida por afogamento e por envenenamento à base de estricnina. A quarta causa
seria o resultado de uma pessoa que sofrendo de pleurisia fosse crucificada, vindo a
morrer na cruz por causa do rompimento do coração.

A história dos dias anteriores à crucificação de nosso Senhor efetivamente exclui a


suposição de pleurisia como consequência da morte e também está fora de cogitação
porque o sangue saiu antes da água. Não resta então nenhuma suposição possível para
explicar o fenômeno registrado senão a combinação da crucificação com o rompimento
do coração.

Que o rompimento do coração foi a causa da morte de Cristo é defendida com


capacidade pelo Dr. Willian Stroun; no que eu creio firmemente.

O apóstolo João registra minuciosamente uma descrição das suas observações no


Gólgota. Houghton conclui:

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“A importância deste fato é óbvia. Prova que a narrativa de S. João não poderia
ser inventada e que os fatos registrados têm que ser o resultado da observação de
testemunhas oculares; e que a testemunha ocular ficou tão impressionada que
aparentemente pensou que o fenômeno era um milagre.”2

O documento de Samuel Houghton, por nós transcrito, vem somente corroborar


aquilo que dizem crer os cristãos, sobre o modo físico, da morte de Jesus. Achamos
deveras importante àqueles que amam a Jesus que o seu coração “explodiu”, traduzindo
assim toda a angústia que os nossos pecados, para ele convergidos, causaram em Seu
espírito. Entretanto, a profundidade do que realmente aconteceu no Calvário, homem e
nem anjo algum jamais atingiu em total compreensão, pois um altar ali se ergueu, o altar
era Cristo. Um cordeiro ali se imolou, o cordeiro era Cristo. Um sacerdote ali se movia
maravilhosamente, o Sacerdote era Cristo. Por certo esse mistério também os anjos
anelam perscrutar.

Sobre a nossa pequena compreensão a respeito da profundidade de nossa


redenção, fala C. S. Lewis:

“Aprendemos que Cristo morreu por nós, que a Sua morte cancelou os nossos
pecados e que pela Sua morte venceu a própria morte. Esta é a fórmula. Isto é o
cristianismo. Isto é o que se deve crer. Quaisquer teorias que levantemos para explicar
como a morte de Cristo operou estes efeitos, em minha opinião, são inteiramente
secundárias; menos planos ou diagramas, que se podem abandonar, se não nos ajudam o
mesmo que nos ajudem, não se devem confundir com a cousa mesma. Não obstante,
algumas dessas teorias merecem ser consideradas.

A que a maioria das pessoas conhece é aquela segundo a qual fomos poupados
porque Cristo se ofereceu voluntariamente para sofrer um castigo em nosso lugar. A
julgar pela aparência, é verdadeiramente uma tola teoria. Se Deus podia poupar-nos por
que na realidade não o fez? E que desígnio podia haver em castigar uma pessoa
inocente? Nenhuma absolutamente, que eu possa ver, se pensais em castigo num
sentido policial. Por outro, se pensai em débito, há muito sentido em que uma pessoa,
que tem alguns haveres, o pague em nome de alguém que não os tem. Ou se tomais
“pagando uma penalidade” não no sentido de ser punido, mas num sentido mais geral de
“aguentar as consequências” ou “pagar a conta”, então naturalmente, é matéria de
experiência comum que, quando uma pessoa cai numa falta, o incômodo de se safar
recai ordinariamente sobre um bom amigo.

Que espécie de buraco é esse em que o homem caíra? Havia tentado viver por sua
própria conta, agir como se pertencesse a si mesmo. Em outras palavras, o homem
decaído não é simplesmente uma criatura imperfeita que necessita de aperfeiçoamento,
mas um rebelde que precisa render-se.

Depondo as armas, rendendo-vos, dizendo que sentis muito, compreendendo que


estivesse no mau caminho e preparando-vos para recomeçar a vida do marco zero. Esse
é o único modo de sair do “buraco”. Esse processo de rendição, esse movimento a toda
velocidade para trás é o que os cristãos chamam arrependimento. Mas, arrepender-se
não é absolutamente uma brincadeira. É algo muito mais penoso do que simplesmente
desculpar-se profusa e humildemente. Significa desaprender toda a presunção e vontade
própria que estivemos exercitando por muitos anos. Significa matar uma parte de nós
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mesmos, sofrer uma espécie de morte. É preciso, de fato, ser um bom homem para
arrepender-se. E aqui está a dificuldade. Somente uma pessoa má precisa arrepender-
se; somente uma pessoa boa pode arrepender-se perfeitamente. Quanto pior fordes,
tanto mais precisareis de arrepender-vos e tanto menos sereis capazes de arrepender-
vos. A única pessoa que poderia arrepender-se perfeitamente seria uma pessoa perfeita
e não precisaria arrepender-se.

Lembrai-vos de que esse arrependimento, essa voluntária submissão à humilhação


e a uma espécie de morte, não é algo que Deus vos peça antes de vos aceitar e de que
vos poderia dispensar se assim o quisesse; é simplesmente uma descrição do que seja a
volta para Deus. Se pedis a Deus que vos converta sem arrependimento, estais
realmente pedindo que vos converta sem vos converterdes. Isso não pode ser.
Fica, pois assente que devemos passar pela conversão. Mas a mesma maldade que nos
faz precisar dela, nos torna incapazes dela. Seremos, entretanto, capazes com o auxílio
de Deus? Sim, mas o que queremos dizer quando falamos em auxílio de Deus?
Queremos dizer que Deus põe em nós um pouco de si, por assim dizer. Ele nos
empresta um pouco das Suas faculdades de raciocínio e é assim que pensamos; Ele põe
em nós um pouco do Seu amor e é assim que amamos uns aos outros. Quando ensinais
uma criança a escrever, segurais a sua mão enquanto ele traça as letras, isto é, ele traça
as letras porque estais traçando. Nós amamos a raciocinamos porque Deus ama e
raciocina e segura nossa mão enquanto agimos. Se não tivéssemos caído, tudo seria
fácil. Mas certamente precisamos agora do auxílio de Deus para fazer algo que Deus,
em sua própria natureza, absolutamente nunca fez recapitular, sofrer, submeter-se,
morrer. Nada corresponde, absolutamente, na natureza de Deus, a esse processo.
Assim é que a via para a qual precisamos agora da liderança de Deus, antes de qualquer
outra, é uma via de Deus, em sua própria natureza nunca trilhou. Deus só pode
participar do que Ele tem e isso, em Sua natureza, Ele não tem.

Mas, admitindo que Deus se fez homem, que a nossa natureza humana, que pode
sofrer e morrer, se tenha amalgamado com a natureza de Deus numa pessoa, então essa
pessoa podia ajudar-nos. Ele podia entregar a Sua vontade, sofrer e morrer porque era
um homem e o podia fazer com perfeição, porque era Deus. Vós e eu poderemos
participar deste processo somente se Deus operar em nós, mas Deus só poderia ajudar-
nos tornando-se homem. Nossas tentativas de assim morrermos, só terão êxito se nós,
homens, participarmos da morte de Deus, como o nosso pensamento somente pode ter
êxito por ser como uma gota caída do oceano da Sua inteligência; Mas não poderemos
participar da morte de Deus a não ser que Deus morra e Ele não pode morrer a não ser
que seja um homem. É neste sentido que Ele paga os nossos débitos e sofrer por nós o
que Ele mesmo não precisa sofrer, de modo algum.

Tenho ouvido alguns murmurarem que, se Jesus era Deus tanto quanto homem,
então os Seus sofrimentos e a Sua morte perdem todo valor ao olhos “porque deve ter
sido muito fácil para ele”. Há outros (e muito justamente) que censuram a ingratidão e
a indelicadeza dessa objeção. O que me surpreende é a incompreensão que ela
denuncia. Num sentido, sem dúvida, os que a fazem estão certos, e ainda mais do que
certos, pois a submissão perfeita, o sofrimento perfeito, a morte perfeita não somente
eram mais fácies para Jesus porque Ele era Deus, mas somente eram possíveis porque
Ele era Deus. Não seria essa, porém, uma razão muito singular para não aceitá-los? O
professor é capaz de traçar letras para a criança porque o professor é adulto e sabe como
escrever. Isso faz sem dúvida, que seja mais fácil para o professor e somente porque é
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mais fácil para ele, pode ajudar a criança. Se esta o recusasse porque “é fácil para
adultos” e esperasse para aprender a escrever de uma outra criança que também não
pudesse escrever (e assim não se apresentasse com uma vantagem “desleal”), não
progrediria muito rapidamente. Se eu estou-me afogando num rio caudaloso, alguém
que ainda tenha um pé na margem pode estender-me a mão que salve a minha vida,
deveria eu gritar-lhe (entre os meus estertores): “Não, isso não é justo! Tens uma
vantagem, não estás com um pé na margem? “Essa vantagens chamai-a “desleal”, se
quiserdes, é a única razão por que ele me pode ser de alguma auxílio. Onde haveis de
buscar auxílio senão em algo mais forte do que vós?

Esse é o meu modo de ver o que os cristãos chamam a Redenção.”3


A redenção do corpo

A ideia agostiniana de que as coisas corpóreas e materiais são destituídas de valor


diante de Deus não provém das Escrituras.

Deus valoriza tudo aquilo que Ele criou. Não há nada na Criação, por mais
deteriorado que esteja,
que não tenha o seu valor diante de Deus. O valor, no entanto, não está na coisa mesma,
mas sim, em razão dAquele que a criou. É assim, que toda dicotomia entre o mundo
físico e o espiritual, atribuindo valor a este e negando valor àquele, foge ao escopo
escriturístico da valorização comum das coisa criadas. É óbvio, entretanto, que haja
uma escala de valores, uma ordem descendente, partindo da existência espiritual,
inclusive por ser a da natureza básica de Deus (João 4:24), para as outras existências
incluídas no universo material, admitindo-se inclusive que ao mundo da matéria há
existência com mais liberdade do que outras. E creio, particularmente, que o valor de
alguma coisa ou ser está intrinsecamente ligado à liberdade do Ser como Ser. Entenda-
se por liberdade os graus relativos à consciência de movimentos e existência que cada
ser possua. Assim é que uma pedra é totalmente escrava de sua existência como pedra,
pois não se movimenta se não for deslocada e, quando isso acontece, é para ela como se
não acontecesse, pois como pedra que existe ele inexiste em consciência, existindo
apenas para mim, homem, que sei que ela existe. Portanto, as pedras só existem para
Deus, os anjos, os homens e, segundo as percepções sensoriais, para alguns animais.
Entretanto, as pedras não existem por um acaso qualquer no Universo, mas
indiscutivelmente Deus as criou; logo, se Ele as criou Ele as valoriza, porque Ele não é
um criador casual, cuja criação advenha de alguns testes surpreendentes.

Em relação ao corpo do homem, Deus tem amor e planos. Quando Ele nos fez
também com vida física, fê-lo porque isso era necessário para que fôssemos “homens
totais” de acordo com o projeto divino da criação.

Pensar que Deus já fez o trabalho completo ao salvar o homem espiritualmente, é


minimizar a obra completa da criação. Se Deus salvasse apenas o espírito do homem,
ele estaria como um pintor que perdera um determinado museu que antes lhe pertencera
por direitos legais de construção e, que depois de certo tempo, tenta reaver seus direitos
entrando no edifício e levando apenas as telas pintadas de todos os quadros, deixando
para trás as molduras e o museu em poder dos inimigos que lhe usurparam o mando
legal do patrimônio. O corpo do homem será redimido em razão de duas coisas:

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1) Deus o criou.

2) Ele foi diretamente afetado pela queda.

Temos certeza absoluta de que Deus vai redimir os nossos corpos. A maioria
prova disto é que Ele nos deu de Seu Espírito, o qual é o penhor de nosso resgate.

“Em quem vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o
qual é o penhor da nossa herança até o resgate de sua propriedade em louvor de sua
“glória.” (Efésios 1:13 e 14).

A esperança e as promessas para os que estão em Cristo relativas ao corpo são as


seguintes:

“Também nós que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso


íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção de nosso corpo.” (Romanos 8:23)

“Eis que vos digo um mistério. Nem todos dormiremos, mas transformados
seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última
trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados.” (I Coríntios 15:50-52).

“Assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a


imagem do celestial.” (I Coríntios 15:49.)

A ordem da decadência dos nossos corpos é a seguinte: semeia-se o corpo na


corrupção, em desonra, em fraqueza e corpo natural (I Coríntios 15:42, 43 e 44).

A ordem da glorificação dos nossos corpos é a seguinte: ressuscita na


incorrupção, em glória, em poder e corpo espiritual (I Coríntios 15:42,43 e 44).

Isso acontecerá quando Jesus Cristo voltar para os seus santos, aqueles que nele
crêem depositam sua confiança e vivem vidas submissas a Cristo como Senhor.

Os corpos que Deus nos dará quando a ressurreição acontecer serão semelhantes
ao corpo que Jesus Cristo manifestou quando ressuscitou dos mortos.

“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos
de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque
havemos de vê-lo com Ele é.” (I João 3:2.)

O corpo após a ressurreição

Seu corpo atravessava a matéria sólida

“Ao cair da tarde naquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa
onde estavam os discípulos, com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-
lhes: Paz seja convosco!”

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Os lençóis que envolviam o corpo de Jesus no túmulo não foram desenrolados
para que Cristo saísse de dentro deles, mas antes, Cristo passou por eles, bem como pela
pedra da porta do túmulo.

Seus corpo podia ser visto sem ser reconhecido

De caminho para Emaús, na tarde do domingo da ressurreição, dois discípulos de


Jesus caminharam e conversaram com ele sem que contudo, o tivessem reconhecido.

“Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou


e ia com eles. Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer.”
(Lucas 24:15 e 16.)

Tratava-se, portanto, de um “corpo real”, porém, noutra dimensão.

Seu corpo podia ingerir alimentos

Já ressuscitado de entre os mortos, Jesus perguntou aos seus discípulos: “Tendes,


aqui alguma coisa que comer? Então lhe apresentaram um pedaço de peixe assado e um
favo de mel. E Ele comeu na presença deles.” (Luc. 24:41 e 43.)

Pedro testemunhando da ressurreição de Jesus diz que ele e seus companheiros


eram os que comeram a beberam com Ele, depois que ressurgiu dentre os mortos. (Atos
10:41).

Seu corpo podia ser apalpado

Quando disseram a Tomé que Cristo havia ressuscitado, ele não acreditou,
chegando mesmo a dizer que só acreditaria se visse e tocasse os ferimentos no corpo de
Jesus.

Jesus, quando se manifestou aos seus discípulos, e estando Tomé presente,


disse a este:

“põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no
meu lado: Não sejais incrédulo, mas crente.”

Encho-me de esperança, ao ver nas Escrituras que Deus tem um plano eterno
também para o meu corpo, e, diante disso, posso exclamar como Jô: “Sei que o meu
Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da
minha pele, em minha carne então verei a Deus.” (Jô 19:25 e 26.)

E semelhante a Daniel, também sigo o meu caminho de peregrino, neste mundo,


sabendo que o que a ele foi prometido, o é também a mim:

“Tu, porém, segue o teu caminho até o fim; pois descansarás, e, ao fim dos teus
dias, te levantarás para receber a tua herança.” (Daniel 12:13.)

A redenção da natureza

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A terra pertence, por direito de herança, ao gênero humano. Quando Deus criou a
espécie humana, fê-lo dotando o ser que criara de direitos, os quais lhe foram dados em
testamento que o próprio Deus pronunciou: “Criou Deus, pois, ao homem “a sua
imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e
lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os
peixes do mar, sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que rasteja sobre a terra.”
(Gênesis 1:27 a 29). A realidade do domínio e supremacia da espécie humana é notada
nas seguintes expressões: “enchei a terra”, “sujeitai-a e “dominai-a”. Portanto, o direito
que o ser humano tem sobre os elementos criados lhe pertence por testamento, ou seja,
herança da criação. Todavia, com a queda, o homem perdeu esse direito, passando-o ao
atual “príncipe deste mundo”.

No Velho Testamento uma possessão adquirida não era permanente como


possessão, nas mãos daquele que a adquiria, pois ela estava sempre sujeita ao resgate ou
redenção.

“Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois


vós sois para mim estrangeiros e peregrinos. Portanto em toda a terra de vossa
possessão dareis resgate à terra. Se teu irmão empobrecer e vender alguma parte de
suas possessões, então virá o resgatador, seu parente, o resgatará o que o seu irmão
vender.” (Levítico 25:23 a 25.)

É bastante emocionante para o homem espiritual contemplar no proto-evangelho,


no livro de Gênesis, a promessa de redenção e resgate sendo feita por Deus ao gênero
humano, identificando a humanidade com a semente da mulher sendo que o
“descendente” seria um participante da espécie humana, logo também, com direito, de
herança na possessão perdida para aquele que disse: “Tudo isso te darei, se prostrado
me adorares.” (Mateus 4:9).

A terra é atualmente uma possessão adquirida e se o é, não foi Deus quem a


perdeu, mas sim o homem.

Satanás é o atual mordomo da terra, mas sua propriedade não é permanente, pois
não foi herdada, mas sim adquirida, melhor dizendo, usurpada.

No Israel do Velho Testamento, um membro chegado da família poderia intervir e


comprar de volta a possessão que a família perdera. Havia obrigatoriedade na execução
do negócio, ou seja, o dono temporário estava obrigado a vender a propriedade
mediante o pagamento de “um preço”. No entanto, se isso não acontecesse,
automaticamente, no ano de jubileu, a propriedade voltava aos herdeiros da terra.

Na presença conjuntura Deus já manifestou o Seu plano para o resgate da terra.

O parente chegado já foi manifestado JESUS CRISTO


“Vindo pois a plenitude do tempo, Deus enviou o seu filho, nascido de
mulher, nascido sob a lei, para resgatar . . .” (Gálatas 4:4 e 5a).

O preço da propriedade já foi pago o sangue de Jesus “Digno és de tomar o


livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue
compraste . . .” (Apocalipse 5:9a.)
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O tempo da desapropriação já está próximo
“Aí da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande
cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.” (Apocalipse 12:12.)

Ser-nos-á surpresa o tempo da tomada final


“Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou
para Sua exclusiva autoridade .” (Atos 1:7.)

No tocante às leis israelitas, havia uma passagem automática da propriedade


adquirida aos verdadeiros donos, no ano do jubileu. Contudo no caso da Terra, isso não
acontecerá pois aquele que a usurpou é o mais rebelde de todos os seres. A possessão
terá que ser tomada à força, por assim dizer.

Satanás reagirá de todas as formas para não perder a possessão. Chegará mesmo a
tentar “forjar” um herdeiro para disputar o direito. A Palavra de Deus chama a esse
pseudo-herdeiro de “O homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se
levanta contra tudo o que se chama Deus, ou objeto de culto, a ponto de assentar-se
como se fosse o próprio Deus.” (II Tessalonicenses 2:3 e 4).

Porque a possessão não passará automaticamente no ano jubileu para o herdeiro


(Jesus) e co-herdeiros (os crentes em Cristo Jesus), o nosso Resgatador toma-la-á à
força. “Será de fato revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de
Sua boca, e o destruirá, pela manifestação de Sua vinda!” (II Tessalonicenses 2:8.)

Portanto, amados irmãos, “levantemos as nossas cabeças, pois a nossa redenção se


aproxima” (Lucas 21:21). Ainda “que toda criação a um só tempo gema e suporte
angústias até agora” (Romanos 8:22). No entanto, “não retarda o Senhor a Sua
promessa, como alguns que a julgam demorada; pelo contrário, Ele é longânimo para
convosco, não querendo que nenhuma pereça, senão que todos cheguem ao
arrependimento. Virá como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com
estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras
que nela existem serão atingidas. Visto que todas as coisas hão de ser assim desfeitas,
deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e
apressando a vinda do dia de Deus, por causa do qual os céus incendiados serão
desfeitos e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a Sua promessa
esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça”. (II Pedro 3:9 a 13).

BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA

(1) BLOOMFIELD, Artur E.. Futuro Glorioso do Planeta Terra. 1ª ed.. Belo
Horizonte, Editora Betânia, 1974.

(2) McDOWELL, Tosh. Evidencia que exige un veredicto. Cuernavaca (México),


Cruzada Estudiantil y Profesional para Cristo, 1972.

(3) LEWIS, C. S.. A Essência do Cristianismo. s. ed.. S. Paulo, ABU Editora,


1980.
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11
Vivendo na Esperança
Quando se ganha consciência de que há esperança para as vidas que estão ocultas
em Cristo, tem-se que assumir algumas posições importantes para um viver sadio que só
a esperança do evangelho aceito por nós possibilita. Passaremos a essas importantes
posições.

Sede ativos

Muitos há que, em nome de uma esperança cristã, se têm enclausurado entre quatro
paredes. Esperando o “Esperado” descer, fazem renascer assim, no seio da comunidade
evangélica, uma espécie de vida monástica em pequenas salas e apartamentos das selvas
de pedras do século XX. Tudo isso é patrocinado por uma leitura escatológica
eminentemente pessimista. Em outras palavras, essas pessoas dizem: “já que tudo vai
pegar fogo, deixa queimar”. Porém, nós julgamos que essa situação é alienadora, e
cremos que toda e qualquer forma de alienação deve ser combatida e rejeitada. A
esperança da vinda de Jesus nos move as atividades revolucionárias no contexto
presente. Temos que lutar contra a putrefação moral, social, política e sobretudo
espiritual, até que Ele venha. Paulo recomenda amor fraterno, trabalho, projetos,
serviço social (pelo menos no nível de igreja) e dignidade, antes de falar da volta de
Jesus ( I Tessalonicenses 4:9 a 12).

Outros há que dividem suas vidas em muitas áreas distintas e inaglutináveis; são os
responsáveis pela policotomia vigente no seio das comunidades cristãs. Normalmente,
essas pessoas têm uma vida familiar, uma vida profissional, uma vida intelectual e uma
vida religiosa. Postulam esses seres tão divididos que cada área deve ser respeitada em
seus exigidos afazeres. Pregam os protagonistas dessa tese que não se pode pregar fora
das horas em que se está realizando alguma “atividade religiosa”. Esses são os que
“vivem sem pregar e pregam sem viver”. Na realidade, esse é o câncer da Igreja
institucionalizada. Com
essa disposição mental os “pregadores” desse evangelho de “encontros-marcados”
fazem com que toda e qualquer esperança não sobreviva nos corações, pois, segundo
eles, há hora para se ter esperança e, quando a esperança só pode ser sentida em horas
marcadas, ela morre, e com a morte da esperança, o “sal” perde o sabor, fica sem força
ativa. O cristão passa a viver “pisado pelos homens” (Mateus 5:13).

Essa é a desesperadora dualidade dos evangélicos: serem “testemunhas de Jesus” em


lugares próprios, em horas marcadas (domingo de manhã, à noite e quinta na reunião de
oração), e “agentes secretos}” da Igreja no anonimato do trabalho, na faculdade e em
outras áreas de “espionagens”.

A atividade do ministério cristão tem que ser universal no corpo de Cristo e total na
vida dos crentes, caso contrário, a esperança dos cristãos morrerá na inatividade da vida
de cada crente e, consequentemente, a evangelização, passará a ser uma atividade

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mecânica; apenas mais uma atividade regulada pela tradição histórica da Igreja, uma
espécie de “folclore sério”, onde as pessoas têm uma oportunidade de autenticarem-se
sobre as outras, sob o disfarce cristão-burguês de que umas estão salvas e outras
perdidas.

A minha oração se faz objetivando a que vejamos em breve uma geração consciente
de seu papel no contexto cristão e, tenho certeza, em tempos não muito distantes, o
Brasil experimentará um avivamento, ainda que tenha que ser o primeiro e único, mas o
experimentará através das vidas jovens que se têm levantado com a disposição de
doarem-se por Cristo, minando e atuando em cada área da sociedade e também nas
áreas “consideradas” marginalizadas, pois tenho visto o Espírito Santo desaburguesando
muitos corações jovens que, sem qualquer antisséptico social, mas em verdadeira
abrangência universal do cristianismo, têm atuado incessantemente junto a vidas de
todas as camadas sociais sem tergiversações ou subterfúgios teológicos fazendo-o com a
urgência e a paixão espiritual com as quais a mensagem precisa ser pregada.

Sede compassivos

A esperança, que não confunde e que é derramada pelo Espírito Santo em nossos
corações, leva-nos também à necessidade de um relacionamento terno e compassivo
com todos os filhos dos homens (Romanos 5:5).

Aquele que tem consciência plena de em “quem tem crido” e de quanto “ele é
poderoso para guardar” o seu depósito “até aquele dia”, nada se torna mais significativo
do que esmerar-se, visando a que todos os homens possam receber também os mesmos
benefícios dessa esperança (Atos 23:6; Col. 1:23).

Quem está vivendo como verdadeiro “cidadão do céu”, banhando-se diariamente,


numa atitude de fé, nos rios da cidade santa, encontra razão suficiente para sair pelas
“ruas e becos da cidade”, em busca de “pobres, aleijados, cegos e coxos”, convidando
também, “pelos caminhos e atalhos e obrigando todos a entrar, para que fique cheia a
casa” (Lucas 14:15 a 24).

Entretanto não é apenas “um plano de evangelização”, tantas vezes engendrado num
gabinete, o que vai efetuar esta revolução no Reino, enquanto aguardamos o Senhor.
Para que se entre nós “becos e ruas escuras da cidade”, bem como para que se visite os
pobres, aleijados, cegos e coxos”, é preciso estar movido por um sentimento mais
profundo do que aquele que um plano evangelístico pode promover; é preciso estar
movido de compaixão (Mateus 14:14; 15:32).

O Senhor Jesus Cristo, em seu ministério público, agiu revelando intensa


“atividade”, de modo que não tinha tempo para comer, pois muitos eram os que iam e
vinham à Sua procura; igualmente com frequência, estendia um pouco mais o caminho
de sua viagem, “movido pela compaixão” que algum ser humano carente lhe fazia
sentir.

Não existe real esperança cristã sem atividade e sem compaixão. A compaixão
qualifica a ação e a ação exterioriza a profundidade da compaixão.

Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito!


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A atividade cristã sem compaixão é ativismo e ativismo é um sistema, e sobre
sistemas e seus fracassos, nós temos a História inteira da humanidade como irrefutável
prova.

O maior exemplo de como a atividade deve caminhar junto à compaixão é-nos dada
pelo Senhor Jesus, pois “aconteceu que estando ele numa das cidades, veio à Sua
presença um homem coberto de lepra; ao ver a Jesus, prostrando-se com o rosto em
terra, suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E Ele, estendendo a mão,
tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E no mesmo instante lhe desapareceu a lepra”
(Lucas 5:12 e 13).

Nosso empreendimentos evangelísticos têm sido, na maioria das vezes, apenas a


“atividade” do quero, fica limpo”. Dizemos que queremos ver os pecadores salvos,
falamo-lhes do amor de Deus por todos os homens, mas aquilo que falaria muito mais
do que as nossas palavras, não temos revelado aos “leprosos espirituais”.

O Senhor Jesus não disse ao leproso apenas “quero, fica limpo”, mas antes disso,
“estendendo a mão, tocou-lhe‟.

Essa compaixão pelo leproso, pelo pecador, essa identificação com o drama
humano, essa coragem para tocar a ferida do leproso, tocar o local contaminado, é o que
de fato produz o milagre da cura. Não adianta ficarmos falando de vidas transformadas,
enquanto nós não tivemos a coragem de sair do pedestal, do nicho pseudocrístão em que
nos temos colocado; não adianta fazermos campanhas contra os tóxicos, odiando e
repelindo os toxicômanos; não adianta falarmos contra a prostituição enquanto não
tivermos a coragem de, olhando nos olhos de uma prostituta, afirma que Deus tem para
ela uma vida melhor; não adianta falarmos sobre o inferno, quando filhos do inferno
caminham ao nosso lado todos os dias e nós os tratamos como se estivessem indo para o
céu; não adianta dizermos que somos cristãos se o mundo não tiver a oportunidade de
verificar isso através das nossas ações (Mateus 5:16).

O mundo quer ver-nos chorando, aproximando-nos dos túmulos dos mortos em


putrefação, ordenando que as pedras de suas portas sejam tiradas, sentindo o mau odor
de seus corpos, para depois termos a autoridade de, da porta do túmulo, dizer: “vem
para fora” (João 11:35 a 43).

Alguém poderia perguntar: “Que esperança é essa que me faz chorar?” No entanto,
o mesmo Jesus que gemeu de angústias profundas e que chorou à porta do túmulo de
Lázaro e ao contemplar Jerusalém, foi o mesmo que exultou no Espírito em gratidão ao
Pai pela Salvação dos humildes e pequeninos (Lucas 10:21-24).

Precisamos amalgamar “atividade” e “compaixão” para que a nossa esperança


cristã seja sadia (I Tessalonicenses 4:9 a 18).

Sede intrépidos

A esperança sadia nos leva a uma confrontação espiritual (Efésios 6:10 a 20; Atos
23:6) com as forças do mal. Só a força da “esperança da vitória final” é que pode
impelir-nos a que, cheios do Espírito Santo, enfrentemos os desafios do espiritismo, da
macumba e dos cultos afro-ameríndios.
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Creio que em breve até o mais cético dos evangélicos estará reconhecendo esta
guerra espiritual. Vejo nessas religiões sincretizadas no transfundo pseudocrístão do
Brasil, a grande tragédia do futuro do nosso país, a menos que nos disponhamos a
enfrentá-las. Não se trata mais de uma realidade para os pobres e incultos; agora, houve
a adesão de boa parte da elite intelectualizada e, de outro lado, a contemplação daqueles
que afirmam serem tais práticas apenas folclóricas. Nós, no entanto, reconhecemos que
por trás desses ritos há o poder das forças da antevida e do anticristo.

A razão de nossa esperança precisa conhecer e lutar contra todos os agentes de


desespero abordados neste livro e, também, contra aqueles que aqui não tratados ou
porque fugissem à minha percepção, ou porque não tivesse lembrado de fazê-lo.

O meu desejo verdadeiro ao escrever este livro foi o de dizer aos amados leitores
algumas das maiores inquietações do meu coração cheio de esperanças, que tem sofrido
por não verificar, no seio da Igreja Cristã, o necessário compatível com a verdadeira
esperança que dizemos possuir. Portanto, este livro poderia também ser chamado de “O
meu manual de coerência”. Desejo, na realidade, que de alguma forma o Espírito Santo
unja estas páginas, a fim de que elas lhe tenham comunicação alguma coisa do coração
de Deus. Lembro-me ainda: a esperança nos ordena que enquanto houver uma classe
baixa, busquemos identificação com ela; enquanto houver alguém chorando, não
possamos viver rindo; enquanto existir alguém com fome, não possamos sobejar;
enquanto houver alguém preso, não possamos nos considerar realmente livres e,
enquanto houver alguém sem conhecimento de Jesus, sejamos responsáveis.

Vivamos e lutemos. Nós temos esperança.

© Copyright:
Caio Fábio D‟Araújo Filho

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