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"Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe"

(Salmos 51:5).

Era uma tarde ensolarada na antiga Grécia, e Sócrates e Platão,


dois renomados filósofos, estavam sentados sob a sombra de
uma oliveira, imersos em uma profunda discussão. O tema do
momento era o processo de reminiscência, uma ideia que Platão
havia desenvolvido em seus diálogos.

Sócrates, com seu jeito questionador, começou a indagar: "Meu


querido Platão, você acredita verdadeiramente que o
conhecimento pode ser recordado pela alma?"

Platão, com um brilho nos olhos, respondeu: "Sim, Sócrates,


acredito sinceramente nessa possibilidade. Vejo a alma como
algo que existe antes de nosso nascimento, habitando um reino
de ideias puras e eternas. Quando nascemos, esquecemos esse
conhecimento, mas através da reminiscência, podemos trazê-lo
à tona."

Sócrates coçou a barba enquanto refletia sobre as palavras de


Platão. "Interessante", ele disse. "Mas como exatamente isso
ocorre? Como a alma pode acessar esse conhecimento prévio?"

Platão explicou: "Imagine que nossa alma é como um espelho,


que, ao se encontrar com a experiência sensorial e a busca pelo
conhecimento, começa a refletir as ideias que já possui. Através
da dialética e do questionamento, podemos despertar as
lembranças dessas ideias e alcançar um conhecimento mais
verdadeiro e profundo."

Sócrates acenou com a cabeça, demonstrando sua


compreensão. "Então, a tarefa do filósofo é auxiliar os outros a
questionar e refletir, a fim de despertar as lembranças
adormecidas em suas almas", ele afirmou.

Platão sorriu, concordando. "Exatamente, Sócrates. O filósofo é


como o parteiro da alma, ajudando a trazer à luz o conhecimento
que estava latente dentro de cada um. Através do diálogo e da
busca pela verdade, podemos orientar as almas a se lembrarem
da sabedoria que já possuem."

Os dois filósofos continuaram a discutir, mergulhados em um rico


diálogo sobre a reminiscência. Suas mentes se entrelaçaram em
uma jornada intelectual, explorando as profundezas da alma
humana em busca da verdade universal, enquanto o sol se
punha no horizonte.

Vimos acima que na filosofia platônica, o conceito de


reminiscência, como apresentado por Platão, aborda a ideia de
que os seres humanos possuem conhecimento inato que é
recordado através de questionamentos e reflexões adequadas.
No entanto, ao abordar essa perspectiva com base nas crenças
cristãs, onde a pecaminosidade é considerada inerente à
natureza humana. Partindo da premissa cristã de que a natureza
humana está afetada pelo pecado original, podemos
reinterpretar a noção de reminiscência dentro dessa visão
teológica. Nesse contexto, ao invés de ser um conhecimento
inato adquirido em vidas passadas, a reminiscência pode ser
vista como uma recordação imperfeita e distorcida da perfeição
original e do relacionamento íntimo com Deus, que foi perdido
devido ao pecado. De acordo com essa perspectiva, o ser
humano nasce com um senso de incompletude e anseio pela
restauração da comunhão com Deus.

De acordo com a teoria do filósofo Thomas Hobbes, o homem


possui uma natureza intrinsecamente egoísta e voltada para
seus próprios interesses. Hobbes argumentava que, em seu
estado natural, os seres humanos vivem em um estado de
guerra de todos contra todos, caracterizado pelo medo,
competição e conflito. Na visão de Hobbes, essa natureza
humana egoísta e competitiva torna impossível para os
indivíduos viverem em uma sociedade pacífica e harmoniosa
sem a intervenção de um poder soberano.

Jean-Jacques Rousseau, em contraposição às ideias de


Thomas Hobbes, sustentava a crença de que o homem nasce
bom e é a sociedade e a civilização que o corrompem. Rousseau
argumentava que a natureza humana é essencialmente inocente
e virtuosa, mas que a sociedade, com suas instituições,
hierarquias e relações de poder, corrompe e distorce esse
estado natural. Para ele, a civilização e a cultura criadas pelo
intelecto humano são responsáveis por criar desigualdades,
vícios e corrupção na sociedade.

Já John Locke, "O ser humano nasce como se fosse uma folha
em branco''. A partir desse pensamento, nota-se que é essencial
que os indivíduos estejam atentos aos acontecimentos, para que
tenham um pensamento forte e embasado, dificultando a
manipulação feita pelas instituições dominantes da sociedade.

Agora pergunto, o que a Bíblia ensina sobre o tema?

A Bíblia ensina que todos os seres humanos estão sujeitos ao


pecado desde o nascimento. Essa visão bíblica da natureza
pecaminosa é baseada na crença de que, como descendentes
de Adão e Eva, a raça humana está manchada pelo pecado
original. Isso significa que, como herdeiros dessa natureza
pecaminosa, todos nascem com uma propensão para o pecado.

Há passagens como Romanos 8:3, Colossenses 3:5, Romanos


6:6, Isaías 53:6, Romanos 7:14-25, Eclesiastes 7:20, 1 João 1:8
e Salmos 51:5 e 58:3, que enfatizam a universalidade da
natureza pecaminosa e a incapacidade do ser humano de ser
justo e livre do pecado por si mesmo.

Essa doutrina da depravação total, como é chamada, ensina


que o pecado permeia todas as áreas da vida humana:
pensamentos, palavras e ações. Ela reconhece que mesmo os
indivíduos mais virtuosos estão sujeitos à tentação e à queda
moral.

Enquanto as teorias sociológicas e filosóficas se concentram


principalmente nas características sociais e psicológicas dos
seres humanos, os ensinamentos bíblicos têm uma perspectiva
moral e espiritual. A Bíblia destaca a necessidade de redenção
e transformação através da fé em Deus e do seguimento de seus
mandamentos.
A mensagem central é que a humanidade precisa da graça
divina para superar a natureza pecaminosa e buscar uma vida
de retidão e comunhão com Deus. A Bíblia trata da natureza
pecaminosa humana e seus desdobramentos.

Eclesiastes 7:20 - Afirma que não há homem justo sobre a terra


que nunca peque. Reconhece a imperfeição da humanidade e a
propensão ao pecado. O autor nos lembra da nossa
necessidade de humildade e dependência de Deus para lidar
com nossas fraquezas e buscar o Seu perdão.

Isaías 53:6 - Profetiza sobre o Messias, Jesus Cristo, que


carregaria os pecados de todos nós. Aponta para o sacrifício
vicário de Jesus na cruz, onde Ele assumiu sobre Si as nossas
iniquidades para oferecer a salvação e a reconciliação com Deus.

Romanos 8:3 - Destaca que a lei de Deus, por si só, não pode
salvar o ser humano devido à fraqueza da natureza pecaminosa.
No entanto, Deus enviou Jesus Cristo para assumir a nossa
natureza pecaminosa e oferecer a redenção através de Seu
sacrifício na cruz.

Colossenses 3:5 - Adverte os crentes a se livrarem dos desejos


pecaminosos que surgem da natureza terrena, como a
imoralidade sexual, a impureza, a paixão maligna, a cobiça e a
idolatria. Exorta a colocar a morte a nossa natureza pecaminosa
para buscar uma vida em conformidade com a vontade de Deus.

Romanos 6:6 - Declara que nossa velha natureza pecaminosa


foi crucificada com Cristo para que possamos ser libertos do
poder do pecado. Como crentes em Jesus, somos chamados a
viver uma nova vida em união com Ele, deixando para trás o
domínio do pecado.

Romanos 7:14 - Reconhece a luta interior entre a vontade de


fazer o bem, que vem da mente, e a tendência de ceder às
tentações e pecar, que vem da natureza pecaminosa. Paulo
revela sua própria batalha pessoal contra o pecado e a
necessidade de depender de Deus para a vitória.
Romanos 7:25 - Conclui que, apesar da luta contra a natureza
pecaminosa, somos gratos a Deus por Jesus Cristo, nosso
Senhor. É através de Jesus que encontramos libertação do
poder do pecado e dependemos da Sua graça para viver uma
vida justa diante de Deus.

Esses versículos nos mostram a realidade da natureza


pecaminosa humana, nossa luta contra o pecado e a
necessidade de redenção e graça divina. Ao reconhecer nossa
condição pecaminosa e depender de Deus, encontramos
esperança e o caminho para uma vida transformada em Cristo.

A Bíblia também nos lembra que Deus criou o ser humano à Sua
imagem e declarou a Sua criação como "muito boa" (Gênesis
1:31). O livro de Gênesis retrata a humanidade como
originalmente criada em harmonia com Deus e com a criação,
sugerindo uma natureza originalmente boa. Através de Jesus
Cristo, a humanidade é oferecida uma oportunidade de
reconciliação com Deus e de renovação do coração. A Bíblia
ensina que, pela fé em Jesus e pelo poder do Espírito Santo, os
seres humanos podem experimentar uma mudança de natureza,
sendo transformados em novas criaturas (2 Coríntios 5:17).

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