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INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL
SUMÁRIO

Autoconsciência 3
Histórico 3

Conceito 6

Neurofisiologia das emoções 12


Emoções 12

Neurofisiologia 19

Os pilares da inteligência emocional por Daniel Goleman 22


Autoconhecimento 23

Gestão das emoções 24

Empatia 25

Sociabilidade 29

Funções executivas: foco, atenção, planejamento e tomada de decisão 30

Áreas e ferramentas de apoio para o desenvolvimento humano 33

Competências essenciais para a alta performance 36

Bibliografia consultada 38
AUTOCONSCIÊNCIA
Histórico
Não é de hoje que o tema da consciência e da
autoconsciência é foco de atenção da humanidade,
principalmente no que diz respeito às áreas da psicologia e da
filosofia. Se voltarmos à Grécia Antiga, já se podia identificar uma
grande preocupação com o tema. Filósofos da época, que despendiam
seu tempo para refletir sobre as questões da vida, expressaram em frases
célebres os dilemas íntimos da psique humana – uma das mais conhecidas
até hoje é “conhece-te a ti mesmo”. O que torna esse princípio tão relevante,
mesmo com o passar dos séculos, é sua inclinação para o desvendar da alma
humana e os comportamentos advindos da vivência interna do indivíduo.

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Grandes pensadores do nosso tempo dedicaram as suas
obras a entender essa relação entre as questões individuais
do ser humano e sua atenção coletiva, existindo um avanço
muito grande na profundidade de tal foco de estudo, tendo
a filosofia, a psicologia, a medicina, a sociologia, a neurociência,
entre outras áreas, contribuído para estudos relevantes para esse
entendimento.

Na filosofia, podemos observar que René Descartes trouxe uma


compreensão inicial da nossa racionalidade através da sua frase “penso, logo
existo”, atribuindo valor, assim, à reflexão sobre as coisas da humanidade,
e isso se evidencia ainda mais quando observamos os nossos ancestrais
pré-históricos que, por enfrentarem constantes perigos e desafios em seu
cotidiano, tinham todas as reações extremamente instintivas e colocavam
grande valor na sobrevivência por intermédio das ações instantâneas. Nesse
contexto, os estudos da neurociência nos trazem grandes revelações sobre as
nossas reações instantâneas versus o pensamento elaborado (racionalidade)
quando identificam a evolução do nosso cérebro e sua relação com o sistema
nervoso. Há milhares de anos, a espécie humana vem passando por diversas
transformações adaptativas, e os ganhos dessas transformações estão na
atual capacidade de ponderar e de elaborar questões ligadas às vivência, às
emoções e a como isso afeta a construção da personalidade do indivíduo.

Para a psicologia, é vital o trabalho direcionado à construção e ao


fortalecimento da personalidade do indivíduo e da sua singularidade diante
dos aspectos das áreas de sua vida.
Atualmente as questões são bem diferentes dos desafios vividos pelos
“homens das cavernas” – desde meados do século XX, a sociedade tem
passado por mudanças socioculturais, advindas do crescente avanço
tecnológico e da facilidade de comunicação e de obtenção de informações
geradas no contexto da internet e da globalização. Essas transformações
imprimem um impacto no desenvolvimento da população, na

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qualidade de vida e nas relações estabelecidas pelas
pessoas, uma vez que, nesse novo cenário, o indivíduo é
tomado por um movimento coletivo, superficial e automático.

Com o tempo escasso, a instabilidade do mercado de trabalho e


um bombardeio de informações novas a cada minuto, o indivíduo se
distancia de sua personalidade, reprimindo conteúdos autênticos em seu
inconsciente, assumindo, assim, uma identidade comum à da massa para
se adaptar da melhor forma à sociedade. Esse movimento contribui para o
adoecimento do ser humano, ocasionando, assim, diversas psicopatologias.

Para Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e o desenvolvedor da abordagem


analítica da psicologia, a relação dos aspectos da sociedade e do
desenvolvimento humano são de suma importância para a saúde e bem estar
do indivíduo, que tem um árduo caminho para poder se diferenciar do todo
para poder ser conforme sua naturalidade: “Individuação significa tornar-se
um ser único, na medida em que por ‘individualidade’ entenderemos nossa
singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que
nos tornamos o nosso próprio si-mesmo” (Jung, 1978, p. 49).

Como podemos perceber, existe um longo histórico de pensadores e pessoas


que refletiram e criaram obras acerca das ideias de autoconsciência e
autoconhecimento, que, mesmo assim, ainda hoje, são temas extremamente
relevantes. Nos tópicos a seguir, aprofundaremos os nossos estudos e os
direcionaremos para as questões conceituais das emoções humanas e sua
forma de inteligência perante as ponderações do nosso dia a dia.

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Conceito
Como foi visto anteriormente, muitos
pensadores contribuíram para a atenção
e o desenvolvimento do tema relacionado à
autoconsciência. É perceptível que os autores
colocam a autoconsciência como um fator
extremamente importante para a ascensão de qualquer
pessoa ao longo de sua vida e para o autocontrole.

Ao aprofundar o conceito proposto, Goleman não só traz


a relevância de conhecer aquilo que temos dentro de nós,
nossas preferências, recursos e intuições, mas também, fala sobre
a importância de monitorar tudo isso, afinal, nenhuma dessas coisas é
estável e imutável, pelo contrário, estão sempre em movimento e em relação
com tudo aquilo que vivemos ao longo dos dias de nossas vidas. Para ilustrar
isso, Goleman (2017, p. 70) coloca um ótimo exemplo:

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Um guerreiro samurai, conta uma velha história
japonesa, certa vez desafiou um mestre Zen a
explicar os conceitos de céu e inferno. Mas o monge
respondeu-lhe com desprezo:

— Não passas de um bruto... não vou desperdiçar meu tempo


com gente da tua laia!

Atacado na própria honra, o samurai teve um acesso de fúria e,


sacando a espada da bainha, berrou:

— Eu poderia te matar por tua impertinência.

— Isso — respondeu calmamente o monge — é o inferno.

Espantado por reconhecer como verdadeiro o que o mestre dizia acerca


da cólera que o dominara, o samurai acalmou-se, embainhou a espada e
fez uma mesura, agradecendo ao monge a revelação.

— E isso — disse o monge — é o céu.

Goleman (2017, p. 70) aponta uma conclusão acerca do ocorrido na história:

A súbita consciência do samurai sobre seu estado de agitação ilustra a


crucial diferença entre alguém ser possuído por um sentimento e tomar
consciência de que está sendo arrebatado por ele. A recomendação
de Sócrates — “Conhece-te a ti mesmo” — é a pedra de toque da
inteligência emocional: a consciência de nossos sentimentos no
momento exato em que eles ocorrem.

Por mais que, em um primeiro momento, nos pareça óbvio e pensemos


já saber quais são os sentimentos que se fazem presentes em cada
momento de nossas vidas, se realizarmos uma reflexão mais cuidadosa
e nos permitirmos ter tempo para realmente aprofundarmo-nos em
uma investigação mais minuciosa e rigorosa, perceberemos que nossas
ações ou ideias foram conduzidas e orientadas por esses sentimentos e
emoções sem que percebêssemos ou, então, de maneira que reparássemos
somente após lidarmos com diversas consequências, quando, às vezes,
é tarde demais. Nesse sentido, segundo o próprio Goleman (2017, p.
70), a autoconsciência é um fator fundamental, “[...] no sentido

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de permanente atenção ao que estamos sentindo
internamente. Nessa consciência autorreflexiva, a mente
observa e investiga o que está sendo vivenciado, incluindo as
emoções”. Ao falar de autoconsciência aqui, Goleman aponta para
uma atenção reflexiva, introspectiva e aprofundada acerca da própria
vivência e de fatos do cotidiano, a cada momento, sempre em vigília.
É uma espécie de monitoramento que a pessoa tem acerca de si mesma,
de suas emoções, de seus sentimentos, de suas ações e reações perante os
eventos cotidianos e perante si mesma. É uma maneira de estar presente,
de colocar-se diante da vida, de agir e de reagir, fatores que auxiliam no
processo de não nos deixarmos conduzir apenas por emoções e reações,
de não deixarmos que as emoções ditem todas as nossas escolhas, atitudes
e toda a nossa jornada pela vida. É uma proposta para sermos cada vez
mais protagonistas de nossas próprias vidas, aliviando o peso de sermos,
de certa maneira, escravos de nossos sentimentos e emoções. Todos
ouvimos e concordamos, em algum momento, que: tomadas de decisão e
posicionamento quando tensos, com raiva ou extremamente estressados, no
geral, não trará boas escolhas e consequências. É sobre isso que estamos
falando e, também, é daí que a importância da autoconsciência emerge.
É uma auto-observação que, em um momento intenso, nos permite ter
reflexões do tipo: Nossa! Estou com raiva e é isso que está fazendo com
que eu me sinta desta maneira neste exato momento. É a raiva que está me
fazendo agir desta maneira! É melhor eu me acalmar para que não faça uma
escolha ou ação que me trará consequências indesejáveis. Essa tomada de
autoconsciência é fundamental para o autocontrole.

Em suma, autoconsciência é

“Estar consciente ao mesmo tempo de nosso estado de espírito e


de nossos pensamentos sobre esse estado de espírito”, nas palavras
de John Mayer, psicólogo da Universidade de New Hampshire que,
com Peter Salovey, de Yale, é um dos coformuladores da teoria da
inteligência emocional. A autoconsciência pode ser uma atenção
não reativa e não julgadora de estados interiores. Mas Mayer
acha que essa sensibilidade também pode ser menos

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equânime; os pensamentos que, em geral, revelam
a autoconsciência, incluem “Não devo me sentir
assim”, “Vou pensar em coisas boas para me animar”
e, numa autoconsciência mais restrita, o pensamento
passageiro “Não pense nisso”, em relação a alguma coisa
muitíssimo perturbadora (Goleman, 20017, p. 71).

A autoconsciência não é uma atividade ou um esforço em si. Pelo


contrário, é uma maneira de estar presente no mundo que, quando treinada
e bem orientada, se torna a forma como nos lançamos e como vivemos nosso
cotidiano. É nítido que há uma distinção lógica entre a possibilidade de atingir
determinado nível de consciência acerca dos sentimentos e emoções e a
ação de mudar ou transformar aquilo que está sendo sentido e percebido;
contudo, para John Mayer, as duas questões, no geral, encontram-se
combinadas e relacionadas:

Reconhecer um estado de espírito negativo é querer livrar-se dele. Esse


reconhecimento, porém, é distinto das tentativas que fazemos para
evitar agir impulsivamente. Quando dizemos “Pare com isso!” a uma
criança cuja raiva a levou a bater num companheiro de brincadeiras,
podemos evitar o espancamento, mas a criança continua com raiva.
Os pensamentos dela ainda estão fixados na causa da raiva — “Mas
ele roubou meu brinquedo!” —, e a raiva continua do mesmo jeito. A
autoconsciência tem um efeito mais potente sobre sentimentos fortes,
de aversão: a compreensão “O que estou sentindo é raiva” oferece um
maior grau de liberdade — não apenas a opção de não agir movido pela
raiva, mas a opção extra de tentar se livrar dela (Goleman, 2017, p. 71).

Conforme os estilos típicos de comportamento adotados para lidar com


as emoções apontados por Mayer (Goleman, 2017), existem, três tipos de
pessoas:
• Autoconscientes – Vigilantes, atentas e reflexivas, buscam sempre
monitorar suas emoções e sentimentos no mesmo momento em que
se fazem presentes e atuantes, agindo de maneira bastante sofisticada
em relação à sua vida emocional e cotidiana. A possibilidade de clareza
acerca de suas emoções e sentimentos oriundas da autoconsciência
trazem boa saúde emocional e psicológica, além da possibilidade
de afirmar seus traços de personalidade bem como de trabalhar

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suas dificuldades e desafios. Tal comportamento
auxilia, consequentemente, no processo de não se tornar
obcecado, ressentido ou permanentemente magoado diante
das frustrações e situações complexas ao longo da vida.
• Mergulhadas – Pessoas que estão como escravas ou então
reféns de suas emoções e sentimentos, completamente imersas
neles e incapazes de perceber e/ou lidar com aquilo que sentem. Suas
ações, escolhas e convicções são, na maioria das vezes, conduzidas
por aquilo que sentem e como se sentem sem que percebam. Pessoas
que se encontram “mergulhadas” acabam por agir impulsivamente. São
instáveis e explosivas. Por não acreditarem na possibilidade de serem
protagonistas diante de suas emoções e sentimentos, raramente buscam
uma maneira de monitorá-los e/ou controlá-los, sentindo-se, por muitas
vezes, descontroladas emocionalmente.
• Resignadas – As pessoas que lidam com suas emoções e sentimentos
de forma resignada são aquelas que, por muitas vezes, percebem e
observam com clareza o jeito como estão agindo e, portanto, aceitam
que aquela é a maneira que são ou como agem. Não apenas aceitam mas
afirmam isso: “Eu sou assim mesmo! Se não gosta, vai embora!” Isso, no
geral, leva a uma não tentativa de mudança e à mera aceitação daquilo
como única possibilidade de lidar com as emoções e sentimentos. Um
exemplo clássico disso são as pessoas que acabam por se resignar ao
seu desespero em um padrão deprimido de ser. Ou, então, uma pessoa
raivosa que repetirá como um mantra: “Eu sou assim mesmo! Me deixe em
paz!” Convenhamos que ela não ficará em paz, mesmo que deixada como
está.

Algumas das maneiras de buscar autoconsciência por conta própria são:


• Criar espaço e tempo para reflexão – Separar algum tempo, alguns
momentos, em um ambiente menos conturbado e com menos distrações
possível. Usar esse tempo para meditar, pensar, refletir sobre o seu

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dia, sobre como está se sentindo, sobre o que fez e o
que gostaria de ter feito, escrever, ler e criar.
• Praticar a atenção plena – Exercitar a atenção sobre aquilo
que está vivendo no momento em que está vivendo; focar o
presente, sem julgamentos e sem pesos. Apenas reconhecer as
coisas que estão acontecendo tal como estão acontecendo e refletir
acerca delas. Isso pode ser feito a qualquer momento.
• Manter algum tipo de registro – Escrever, por exemplo, em um diário.
A escrita auxilia no processo de monitoramento, de reflexão e de
acompanhamento. É uma maneira muito produtiva de encontrar paz, de
exercitar a habilidade de reflexão e autoconhecimento. É também uma
forma terapêutica de “colocar para fora” aquilo que sentimos enquanto
reconhecemos esses sentimentos. É importante também exercitar a
gratidão e registrar todas as coisas pelas quais somos gratos e tudo
aquilo que conquistamos, mesmo que sejam pequenas vitórias.
• Traçar diferentes perspectivas – Poder refletir e pensar nos
acontecimentos por meio de diferentes posições, com diferentes
compreensões e perspectivas. Uma coisa que auxilia nesse processo é
buscar a opinião de outras pessoas em diálogos, livros, filmes e histórias.
Praticar o ouvir e colocar-se em posição de não necessariamente
concordar com aquilo que foi ouvido ou observado, mas de compreender
que aquele é um posicionamento possível, que possui diversos fatores
complexos, mesmo quando não concordamos com ele. Diferentes
perspectivas ou compreensões são, em muitos casos, complementares.
Por exemplo: acabei por tratar quase todas as pessoas com as quais
cruzei hoje com raiva. Primeira compreensão: fiz isso, pois, logo que
acordei, encontrei meu carro com o pneu murcho e, por conta disso,
cheguei atrasado ao trabalho e meu chefe me tratou mal o dia inteiro.
Segunda compreensão: observando bem, através do processo de
autoconhecimento e autoconsciência ou então porque um amigo me
falou, descobri que não lido bem com certos tipos de frustração e
de problema e que sou facilmente dominado pela raiva, deixando

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que ela me oriente em minhas
ações, escolhas e decisões.
Vale notar que as compreensões
não se excluem necessariamente.
Elas podem ser duas facetas de
uma mesma coisa, ambas verdadeiras e
complementares, que contribuirão para que
eu encontre maior conhecimento e compreensão
sobre a maneira como vivi aquele dia e talvez outros
mais.

NEUROFISIOLOGIA DAS
EMOÇÕES
Emoções
A palavra “emoção” tem origem no latim: movere (mover, pôr em
movimento). A ideia de emoção como conceito traz um movimento de
externalizar as necessidades internas mais importantes que uma pessoa

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tem. As emoções constituem parte daquilo que
consideramos serem os principais motivos provocadores
dos comportamentos humanos. As emoções, por muitas vezes,
desencadeiam ações do ser humano de maneira tão espontânea
que a pessoa em questão raramente percebe que foi uma emoção
que despertou um pensamento, uma ação ou uma atitude. As emoções
possuem duas qualidades que as determinam: são reações psicológicas
incontroláveis e possuem reações físicas.

Quando uma pessoa sente uma emoção, a maneira como ela o faz é
subjetiva e, além de acontecer de uma maneira única e incomparável para
cada pessoa poderá ter diversos níveis de intensidade diferentes, podendo,
muitas vezes, ser de tamanha intensidade a ponto de a pessoa em questão
ser, temporariamente, completamente tomada pela emoção. Como exemplo
disso, basta pensar em uma pessoa que enfrenta uma situação na qual
perde o controle de si mesma, realizando coisas das quais se arrepende, e,
imediatamente após reencontrar certa tranquilidade, argumenta não ter sido
ela mesma ou ter sido tomada por algo. Até mesmo no Código Penal do
Brasil temos a figura legal de “calor do momento”, na qual se reconhece que,
dependendo do limiar emocional ao qual um indivíduo é levado, ele poderá
agir de maneira atípica e sem dolo ou culpa no acontecimento.

O psicólogo Paul Ekman (1934-) afirma que o ser humano possui cinco
emoções básicas: felicidade, tristeza, nojo, medo e raiva. Ekman afirma,
também, que a surpresa seria uma espécie de sexta emoção, pois, afinal,
também possui a característica de ser uma reação psicológica incontrolável e
de resultar em reações físicas. Vale dizer que cada uma das emoções é tanto
desencadeada como vivida de maneiras diferentes por cada pessoa em cada
momento.
• Felicidade – Dentro do conjunto das emoções às quais o ser humano
tem acesso, a felicidade é a que a maior parte das pessoas persegue
e deseja ao máximo. A felicidade é tida como prazerosa e

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satisfatória, dizendo respeito à possibilidade de
nela encontrar contentamento, diversão e alegria.
Basicamente, a felicidade faz com que a pessoa se sinta
bem. Ao experienciar momentos de felicidade, a linguagem
corporal tende a trazer à tona um estado mais relaxado, o sorriso
e, também, um tom de voz mais animado e agradável. Suas variações
estão entre a serenidade e o êxtase. A felicidade costuma deixar as
pessoas com um prisma mais bonito sobre a vida e, constantemente, é
associada à saúde individual e coletiva. A felicidade também é vinculada
à produtividade e à capacidade de as pessoas lidarem com frustração e
momentos de desamparo.
• Tristeza – Ao contrário da felicidade, a tristeza não é uma emoção muito
desejada pelas pessoas. É considerada uma emoção transitória, ou seja,
ela geralmente é uma reação emocional a um conjunto de acontecimentos
e tende a se dissipar conforme esses eventos são resolvidos ou
esquecidos. Muitas vezes, a tristeza está ligada a sentimentos de
desapontamento, desilusão, luto, e desinteresse. As reações mais comuns
que a tristeza traz ao indivíduo são quietude, mágoa, choro, irritabilidade,
letargia e isolamento. O nível em que essas reações se apresentam varia
e, no geral, está completamente ligado ao motivo que originou a emoção
e a habilidade com a qual a pessoa em questão lida com frustrações,
problemas e tragédias.
• Nojo – É considerado, também, uma emoção transitória, ou seja, ele
geralmente é uma reação emocional a um acontecimento, um objeto
ou um conjunto de acontecimentos e, conforme eles são solucionados
ou esquecidos, a emoção tende a se dissipar. A reação mais comum ao
nojo, no geral, consiste na tentativa de evitar aquilo que desencadeia
tal emoção. O nojo traz uma sensação de que algo não é agradável ou
mesmo de que algo é desprezível. A reação de se afastar daquilo que traz
a sensação frequentemente ocorre junto de sensações como a ânsia
de vômito ou com o próprio ato de vomitar, afastar-se fisicamente
do objeto, torcer o nariz, tampar o nariz, fechar os olhos etc. Os

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objetos de atenção que desencadeiam o nojo podem
ter as mais diversas naturezas. Podem dizer respeito a
um gosto ou cheiro ruim ou algo desagradável aos olhos
daquele que observa. Pode ser um alimento, algo ou alguém
que pareça ter pouca higiene, corpos, sangue, fungos, coisas
em decomposição, alguns animais, coisas que podem transmitir
doenças, coisas ou pessoas mortas. O nojo é algo bastante subjetivo e
pode vir a ser bem específico em cada pessoa. Algumas pessoas podem
ter nojo das coisas mais inesperadas para outros, como o nojo de usar
sandálias nas ruas. Outras pessoas podem ter nojo vinculado a questões
raciais e racistas. O nojo é algo extremamente diferente para cada ser
humano tanto em relação àquilo que o desencadeia como à reação que o
indivíduo terá perante ele. É importante atentar para o fato de que o nojo
é uma emoção que traz consigo caráter de sobrevivência, colocando o
indivíduo em uma disponibilidade para afastar-se daquilo que sente que
é ruim, prejudicial, nocivo ou até mesmo perigoso, contudo, seu excesso
pode o privar de diversas experiências, tornar-se formas de preconceito
ou até mesmo de mania, obsessão ou paranoia.
• Medo – É uma emoção intensa e com papel muito importante no que diz
respeito à sobrevivência do ser humano. Quando uma pessoa sente essa
emoção, ela entra naquilo que chamamos de estado de luta ou estado de
sobrevivência. Seus músculos ficam rígidos e tensos, a frequência de seus
batimentos cardíacos e de sua respiração aumenta e sua mente e seus
órgãos sensoriais ficam em estado de alerta, dando a sustentação para
que o seu corpo reaja à situação, seja ficando para lutar, seja correndo. Os
níveis de hormônios e respostas neurológicas também reagem ao medo
com a mesma finalidade, a de evitar riscos e sobreviver a qualquer custo.
O medo traz diversas características presentes na linguagem corporal e
na expressão facial, tais como uma abertura maior ou mesmo exagerada
dos olhos, busca de fuga, esconder-se ou lutar, abertura da boca ou
ranger dos dentes, tremores, aumento da sudorese e diversas
outras. Sentir medo varia desde ter pequenas apreensões diante

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de alguns fatores até o próprio terror. O medo pode
também levar à completa paralisação de um indivíduo
perante uma situação de risco, quando o terror o domina
e ele fica sem reação, o que dificulta sua capacidade de
protagonismo na situação e, por consequência, na sobrevivência
do evento em questão. O medo em excesso pode levar a uma
diversidade de quadros patológicos, tais como ansiedade, síndrome do
pânico, paranoia e depressão.
• Raiva – Pode se tornar uma emoção bastante intensa, poderosa e
perigosa. Ela, no geral, é caracterizada por sentimentos de hostilidade,
agressividade, agitação, frustração e antagonismo ao próximo. Assim
como no caso mencionado anteriormente, o do medo, a raiva pode
desenvolver um papel fundamental para a sobrevivência tendo ligação
com o estado de luta/sobrevivência. Quando algo coloca uma pessoa
em risco, a raiva pode ser um fator que traz a possibilidade de defesa e
proteção da vida através de, até mesmo, atos violentos e intensos como
maneira de eliminar o perigo. A raiva também traz diversas alterações
hormonais, endócrinas e neurológicas. Manifesta-se através da linguagem
corporal e da expressão facial de diversas formas, tais como o ato de
encarar ou ficar com o rosto carrancudo, gritar, enrubescer, aumento da
sudorese, olhos arregalados, ranger dos dentes e comportamentos típicos
das extremidades do corpo, como socar e chutar. Sua variação está entre
a irritação e a fúria e sua principal qualidade positiva é que ela coloca
a pessoa em movimento, pois é na raiva que alguém tende a ter mais
ímpeto e iniciativa para resolver aquilo que ameaça ou frustra.

Uma maneira divertida e interessante de entrar em contato com a ideia


de emoções e como elas acabam por orientar muitas de nossas atitudes,
posturas, ações e pensamentos é assistir ao filme Divertida mente, da Pixar.
É uma caricatura bastante simples da influência e das variações na forma
como a emoção atinge a vida do ser humano.

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A figura a seguir apresenta uma correlação de emoções
mais complexas resultantes da combinação de duas
emoções mais básicas, apenas como um modelo ilustrativo
sobre as múltiplas emoções e a complexidade com a qual o campo
emocional atua em nossas vidas, já que é possível estar feliz e triste ao
mesmo tempo, com raiva e nojo ao mesmo tempo e, também, todas as
demais combinações.
Figura 2.1 – Correlação de emoções.

Fonte: Vanderwerff (2015).

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Ekman define surpresa como uma emoção básica e
não como uma combinação de felicidade e medo. Isso
porque a surpresa deriva de uma reação a algo inesperado.
Traz a comum reação de abertura de olhos e bocas, saltos para
trás e gritos, sensação de choque ou, às vezes, de paralisia. As
surpresas, assim como as demais emoções, podem ser boas e ruins e
são elas que facilitam a construção e a permanência de memórias afetivas.
Sua variação pode ser desde uma pequena distração até um grande
maravilhamento. A surpresa pode se dar diante de um susto que desencadeia
um comportamento destinado à sobrevivência. A surpresa pode acontecer
quando alguém faz algo maravilhoso ou terrível sem que isso fosse esperado.

De toda maneira, emoções são bases do comportamento humano e, no


geral, são automáticas. Reconhecer a maneira como elas se manifestam e
usar esse conhecimento de forma racional é o que a psicologia chama de
sentimento. Saber que uma situação deixou a pessoa melhor ou pior do que
ela estava anteriormente pressupõe uma atribuição de valor para a situação e
o sentimento é a aplicação racional desse valor estabelecido. Fazer coisas (ou
não fazer outras coisas) para que o próximo se sinta bem, acolhido, querido,
cuidado, respeitado e/ou apreciado tem muito a ver com isso. Toda cultura
tem diversos padrões e rituais com a finalidade de trazer bons sentimentos ao
próximo. Desde oferecer um copo d’água para aquele que vem à sua porta
até amparar o desconhecido que se encontra em intenso sofrimento e/ou
desamparo.

Lidar com as emoções e favorecer um processo de autoconhecimento e


autoconsciência acerca de suas próprias emoções é fundamental, como
mencionado no primeiro capítulo do presente trabalho.
• É fundamental para que não sejamos escravos de nossas emoções e
sentimentos.
• É fundamental para que possamos ter empatia.

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• É fundamental para que possamos compreender o
outro e entrar em contato com ele.
• É fundamental para aumentar o êxito em nossa
sobrevivência e vida.
• É fundamental para nos relacionarmos com os outros e sermos
queridos por eles.
• É fundamental para o autocontrole.
• É fundamental para tudo aquilo que diz respeito ao desenvolvimento e ao
cuidado consigo mesmo e com os outros.

Neurofisiologia
A partir da segunda metade do século XIX e do início do século XX, diversas
áreas do conhecimento, tais como a filosofia, a psicologia e a biologia
passaram a focar cada vez mais estudos acerca das relações entre mente
e corpo. Essas pesquisas surgem, ao menos em um primeiro momento,
muito voltadas à busca de compreensão no que diz respeito aos processos
cognitivos, abrangendo, mais especificamente, os processos e atividades
mentais fundamentais à construção do conhecimento, à capacidade de
raciocínio e às estruturas de memória. Conforme a ciência se desenvolveu e
novas técnicas e dispositivos foram criados, a emoção passou também a ser
objeto de estudo dos mais diversos tipos de trabalho. Através desses estudos,
foi constatada uma íntima conexão entre os aspectos emocionais e biológicos
do ser humano e entre a manifestação das emoções e o funcionamento do
sistema límbico. Barreto e Silva (2010, p. 387) fornecem uma explicação mais
detalhada sobre o assunto:

Com base em diferentes resultados, sabe-se que há uma profunda


integração entre os processos emocionais, os cognitivos e os
homeostáticos, de modo que sua identificação será de grande valia
para a melhor compreensão das respostas fisiológicas do organismo
ante as mais variadas situações enfrentadas pelo indivíduo. Assim,
reconhece-se que as áreas cerebrais envolvidas no controle
motivacional, na cognição e na memória fazem conexões
com diversos circuitos neurais, os quais, através de seus

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neurotransmissores, promovem respostas
fisiológicas que relacionam o organismo ao meio
externo e interno, importantes à homeostasia.

Muito se tem discutido sobre a possibilidade de se tratar


cientificamente as questões relativas à emoção, e não
somente no âmbito da Filosofia. Com o desenvolvimento das
neurociências, postula-se que, como a percepção (aferência) e a
ação (eferência), a emoção é relacionada a circuitos cerebrais distintos.
Ademais, as emoções estão geralmente acompanhadas por respostas
autonômicas, endócrinas e motoras esqueléticas, que dependem de
áreas subcorticais do Sistema Nervoso, as quais preparam o corpo para
a ação. Está se aprendendo que as emoções são resultados de múltiplos
sistemas do cérebro e do corpo que estão distribuídos pela pessoa toda,
sendo impossível separar emoção da cognição, nem a cognição do
corpo. Com efeito, acredita-se que a ciência será capaz de explicar os
aspectos biológicos relacionados à emoção, mas não o que é a emoção.
Esta permanece como uma questão prevalentemente filosófica.

Nos dias de hoje, por mais que existam divergências na determinação de


quais áreas constituem o sistema límbico, há consenso sobre a grande
intimidade funcional entre o SL e os instintos, as emoções e a memória. A
seguir, podemos conferir alguns dos principais componentes do SL e suas
relações mais relevantes com os campos emocional, instintivo e da memória.

O hipocampo é uma estrutura que tem atuação fundamental no


armazenamento da memória. O tálamo é formado por células nervosas que,
entre outras funções, enviam sinais, como os de audição, visão, paladar e tato,
para o córtex cerebral e, por conta disso, desempenham um papel crucial
também nas sensações de pressão, dor e temperatura.

O hipotálamo é responsável por controlar diversas funções vitais muito


presentes em nosso dia a dia, desempenhando papel fundamental no
processo regulatório do sono, da libido, do apetite e da temperatura de nosso
corpo.

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A área pré-frontal tem
desempenho essencial nos
processos de concentração. Vale dizer
que, no caso de lesão da área pré-frontal,
o indivíduo poderá apresentar dificuldades
de concentração e perda nos processos
concernentes à responsabilidade social.

A amígdala também possui um papel fundamental em


nosso campo emocional,

[...] toda a amígdala estendida exerce as suas influências


sobre as áreas neurais que geram os componentes
autonômicos, endócrinos e somatomotores das experiências
emocionais, que regulam as atividades básicas de beber, comer
e pertinentes ao comportamento sexual.

A íntima relação topográfica e funcional do corpo amigdaloide com o


hipocampo, vincula o processo de armazenamento de memórias com os
seus respectivos coloridos emocionais [...] (Barreto e Silva, 2010, p. 389).

Por conta disso, a amígdala e o hipotálamo terão um papel decisivo em


relação ao medo, por vincular memórias a tonalidades de emoção. A
amígdala também desenvolverá, junto ao hipotálamo, um papel decisivo

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na emoção raiva. No século XX, Flynn (nascido em
1960) identificou que esses comportamentos agressivos
eram provocados pela estimulação de áreas específicas do
hipotálamo localizadas no hipotálamo lateral e no medial. A raiva,
assim como o medo, é uma emoção relacionada às funções da
amígdala em decorrência de conexões com o hipotálamo e com outras
estruturas (Barreto e Silva, 2010, p. 391).

Em outro trecho de seu trabalho, Barreto e Silva (2010, p. 389) destacam que
as

emoções mais “primitivas” e bem estudadas pelos neurofisiologistas,


com a finalidade de estabelecer suas relações com o funcionamento
cerebral, são a sensação de recompensa (prazer, satisfação) e de
punição (desgosto, aversão), tendo sido caracterizado, para cada uma
delas, um circuito encefálico específico.

As sensações relacionadas ao prazer, no geral, são expressadas e indicadas


através da face e de atitudes, tanto pelos humanos como pelos animais.

OS PILARES DA INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL POR DANIEL
GOLEMAN
Para o autor Daniel Goleman, a inteligência emocional é o fator mais
determinante no que diz respeito ao sucesso ou insucesso dos seres
humanos. Ele define inteligência emocional como a habilidade de realizar
o processo de identificação dos próprios sentimentos, assim como os
sentimentos dos outros, somada à capacidade de sentir-se motivado fazendo
uma gestão de qualidade das emoções e também dos relacionamentos.
Goleman faz essa colocação pelo fato de praticamente todas as
atividades que dizem respeito a trabalho e vida privada serem

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permeadas ou completamente
atreladas às relações interpessoais,
ou seja, a maior parte de nossas vidas
está diretamente ligada ao contato e à
troca com outras pessoas. Nesse sentido,
o autor destaca que características como
compreensão, respeito, gentileza e afabilidade
terão maiores chances de alcançar o sucesso, seja
em um sentido pessoal e privado, seja em um sentido
coletivo e de trabalho. Em relação a isso, Goleman propõe
quatro pilares da inteligência emocional: autoconhecimento,
gestão das emoções, empatia e sociabilidade, que serão tratados
a seguir.

Autoconhecimento
Goleman menciona a teoria da admiração, que versa sobre a impossibilidade
de gerenciar aquilo que não conhecemos, ou seja, o processo de
autoconhecimento aponta justamente para essa importância. Para conhecer
o outro, é necessário que antes estejamos imersos em um processo
de conhecermos a nós mesmos, assim como observamos no primeiro
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capítulo deste texto. Para favorecer um processo de
autoconhecimento, existem diversas dicas que podem ser
dadas:
• Leia bastante sobre autoconhecimento.
• Faça um diário no qual registra o que passou dia após dia, uma
espécie de relatório sobre si mesmo. Anote como você se sentiu e
como lidou com as mais diversas situações pelas quais passou ao longo
do dia. Quando chegar ao fim de semana, releia o diário de sua semana
e avalie com quais sentimentos entrou em contato, se entrou em contato
mais com uns do que com outros e se achou interessante a maneira como
lidou com tudo. Trata-se de um exercício de identificação de padrões de
emoção, de sentimentos e também de comportamento.
• Converse com todos à sua volta sobre como você é visto pelas outras
pessoas. Às vezes, achamos que passamos uma imagem distinta daquela
que passamos para os outros. Acreditamos ser e nos mostrar de uma
maneira, mas somos vistos de outra completamente diversa. Pergunte e
anote quais são as características principais que as pessoas atribuem a
você.
• Faça meditações.
• Coloque-se em postura reflexiva constantemente, principalmente
buscando a compreensão dos motivos e da maneira como lidou com
conflitos ao longo de seus dias.

Gestão das emoções


Através do autoconhecimento e da autoconsciência, você conseguirá muito
conhecimento e compreensão sobre si mesmo e sobre como funcionam
suas emoções. Agora, é importante ater-se à desafiadora tarefa de fazer a
gestão de seus sentimentos e emoções, ou seja, lidar com eles de maneira
construtiva e não ser refém deles, desenvolvendo, assim, o protagonismo
de sua própria vida, ou melhor, não reagindo de maneira automatizada
e tendo maior controle ao responder a cada uma das situações da

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maneira que acreditar ser mais produtiva e adequada.
Por mais que pareça um pouco distante da realidade para
alguns, todos somos capazes de controlar como lidamos com
os nossos sentimentos e emoções. Nós não controlamos quando
nossas emoções e sentimentos aparecerão, mas podemos administrar
a maneira como lidaremos e redirecionaremos tudo isso.

Uma forma muito efetiva de trabalhar essa questão é compreender que o


cérebro tem o seu tempo de processamento de tudo aquilo que vivemos,
inclusive as emoções. Dar um tempo para si mesmo. Não agir no calor da
emoção para evitar aquilo que chamamos de sequestro emocional. Permitir
se acalmar e que o cérebro processe racionalmente a emoção e a situação
na qual se encontra antes de reagir impulsivamente. Respirar fundo, tomar
uma bebida e fazer uma pequena caminhada. Quando não for possível fazer
nenhuma dessas coisas e tiver de lidar com alguém frente a frente, faça
perguntas para a pessoa enquanto reflete e respira, pense e repense se vale
a pena arrumar uma briga e que tipo de vantagem ou desvantagem aquele
conflito poderia trazer. Antes de enviar uma mensagem pelo celular ou pelo
e-mail, deixe-a como rascunho. Faça outras coisas e, depois de um tempo,
leia o texto novamente e reflita se tudo aquilo que está escrito ainda é o que
deseja enviar. Faça correções ou então até mesmo reescreva a mensagem e
repita o processo novamente.

Empatia
“A empatia é alimentada pelo autoconhecimento; quanto mais consciente
estivermos acerca de nossas próprias emoções, mais facilmente
poderemos entender o sentimento alheio” (Goleman, 2017, p. 118). As
pessoas que não têm clareza e conhecimento sobre o que pensam e
como se sentem encontrarão uma enorme barreira no processo de
perceber, compreender, aceitar e acolher aquilo que os outros à sua
volta estão pensando e sentindo. “Não têm ouvido emocional.

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As notas e os acordes emocionais que são entoados
nas palavras e ações das pessoas – um tom revelador ou
mudança de postura, o silêncio eloquente ou o tremor que
trai – passam despercebidos” (Goleman, 2017, p. 118). A grande
complexidade que essas pessoas sentem no processo de registrar
os sentimentos daqueles que estão à sua volta aponta para um grande
deficit de inteligência emocional e uma dificuldade enorme no processo
de compreensão daquilo que é o ser humano. Afinal, toda forma de
relacionamento e envolvimento tem como fator importante a capacidade de
empatia.

A habilidade de perceber, conhecer e acolher a maneira como outras pessoas


se sentem e pensam está relacionada às mais diversas facetas da vida –
relacionamentos afetivos, amorosos, românticos, profissionais, comerciais e
familiares, a vida pública e a possibilidade de ser piedoso e perdoar. A isso
damos o nome de empatia. É igualmente importante apontar que a falta
de empatia é um traço constantemente presente na vida das pessoas que
acabam por se transformar em criminosos de diversas espécies, tais como
psicopatas, pedófilos e estupradores.

Nem sempre as pessoas expressam as emoções e sentimentos através do


discurso verbal racional, pelo contrário, muitas vezes elas os expressam por
meio de diversos outros canais: postura, gestos, expressão facial, tonalidade
e modulação da voz, palavras, olhar, velocidade da voz e muitos outros
tipos de sinais. A verdadeira condição emocional e sentimental na qual uma
pessoa se encontra em um dado momento, no geral, não é transmitida com
clareza e precisão através da linguagem verbal e racional, mas, sim, por
intermédio da linguagem não verbal. A maneira mais efetiva para detectar
e compreender como uma pessoa se sente e se encontra em um dado
momento é se concentrar em como uma pessoa diz alguma coisa e não no
que ela diz. A aplicação da empatia em nossas vidas se dá o tempo inteiro
ou, ao menos, poderia se dar o tempo inteiro. A empatia é a grande

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chave para entrar em contato, conhecer, compreender,
aceitar, respeitar, perdoar, acolher o outro e, além do mais,
para aprender com o outro. Uma pessoa que não possui
características empáticas encontrará uma enorme variedade de
dificuldades ao longo de sua vida, por exemplo, em fazer amizades,
encontrar amigos ou ser um profissional valorizado em seu trabalho.

Comportamentos que demonstram empatia são registrados desde a infância


das pessoas. Podemos afirmar que, desde o nascimento de um bebê, ele já
demonstra comportamentos atrelados a processos empáticos, como mostrar-
se, de alguma maneira, incomodado quando escuta outro bebê chorando ou
quando percebe a angústia ou tensão de outras pessoas à sua volta. É curioso
apontar que tudo isso ocorre antes mesmo de desenvolver uma percepção
acerca de sua própria individualidade. A empatia vai sendo ampliada (ou não)
ao longo de toda a vida das pessoas. É interessante dizer que não são raras
as vezes em que um bebê gesticula como se enxugasse seus olhos ao ver sua
mãe chorando, por mais que em seus próprios olhos não houvesse lágrimas.
Por não haver uma percepção de individualidade estabelecida, os bebês
experienciam esse tipo de confusão, mas, ainda assim, já se nota a existência
de uma empatia em desenvolvimento. A esse tipo de acontecimento é dado
o nome de mímica motora, que é tida como o primeiro significado técnico
atribuído à palavra “empatia”. Esse termo foi colocado como conceito por
Edward B. Titchener (1867-1927), um psicólogo de origem britânica. Já existia
uma ideia sobre o que seria a empatia desde o pensamento grego clássico,
contudo, tratava-se de outro sentido. A ideia de Titchener está muito ligada
ao processo de ser capaz de pensar e sentir aquilo que o outro pensa e sente,
mesmo que essa não seja a maneira como pensamos e/ou sentimos naquele
dado momento. Através de diversos experimentos ao longo da história, foi
constatado que animais também possuem capacidade empática, o que
nos mostra que a empatia é um fator biológico, não é uma exclusividade
humana e apresenta características neurológicas.

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A raiz de toda forma de envolvimento com o outro é
a capacidade empática. Segue um trecho sobre o que
Goleman (2017, p. 126, grifo nosso) escreve sobre a empatia:

“Nunca pergunte por quem dobra o sino; ele dobra por


ti” é um dos versos mais famosos da literatura inglesa. O
sentimento de John Donne fala ao cerne da ligação entre empatia e
envolvimento: a dor do outro é nossa. Sentir como o outro é envolver-
se. Neste sentido, o oposto de empatia é antipatia. A atitude empática
empenha-se interminavelmente em julgamentos morais, pois os dilemas
morais envolvem vítimas potenciais. Deve-se mentir para evitar os
sentimentos de um amigo? Deve-se manter compromisso de visita a
um amigo doente ou, ao contrário, aceitar um convite de última hora
para um jantar? Até quando devem ser mantidos ligados os aparelhos
hospitalares que mantém a vida de alguém?

Essas questões morais são colocadas pelo pesquisador de empatia


Martin Hoffman, que afirma que as raízes da ética estão na empatia, pois
é o sentir empatia com as vítimas potenciais – alguém que sofre, que
está em perigo, ou que passa privação, digamos – e, portanto, partilhar
de sua aflição que leva pessoas a agirem para ajudá-las. Além dessa
ligação imediata entre empatia e altruísmo nos encontros pessoais,
Hoffman sugere que a própria capacidade de afeto empático, de
colocar-se no lugar de outra pessoa, leva as pessoas a seguir princípios
morais”.

A ideia de empatia é constituída por três principais componentes: afetivo,


cognitivo e reguladores de emoção.

O componente afetivo diz respeito à capacidade de realizar um processo


compreensivo e compartilhar estados emocionais e sentimentais com outras
pessoas.

O componente cognitivo se refere à habilidade de perceber e compreender


características acerca dos estados mentais de outras pessoas.

O componente dos reguladores de emoção está relacionado à aptidão para


responder empaticamente ao que se passa com outra pessoa.

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Sociabilidade
É o esforço de unir tudo aquilo que
foi trabalhado até então em prol de si
mesmo e do outro ao mesmo tempo. Como
dissemos anteriormente, Goleman acredita que
a destreza com a qual exercemos nossa vida social
é fundamental para o desenvolvimento e sucesso de
cada um de nós, seja na vida profissional, seja na vida
afetiva. É necessário exercitar essa habilidade e mergulhar
a todo momento para aumentarmos nossa capacidade e
desempenho social. Para fazer isso, um primeiro ponto fundamental,
como mencionado antes, é lidar com as emoções e sentimentos, não
se tornar um refém deles e estar sempre em busca da compreensão e do
protagonismo de nossos pensamentos e nossas ações.

***

Como é possível perceber, desenvolver e aprimorar a inteligência emocional


é uma longa jornada que, assim como qualquer outra, necessitará de muito
empenho e força de vontade para que sejam obtidos os melhores resultados,
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mas vale a pena! Lembre-se, para desenvolver a inteligência
emocional, as chaves são:
• autoconsciência – tomada de consciência acerca do que
sentimos e de como isso nos afeta;
• autorregulação – capacidade de manejar as próprias emoções;
• automotivação – concentrar-se sempre nas tarefas e metas, e não nas
dificuldades, problemas e desafios ao longo do processo;
• empatia – colocar-se no lugar da outra pessoa e estar sempre em busca
de compreensão e reflexão;
• competência social – capacidade de comunicação e troca visando sempre
ao estabelecimento de relações amigáveis, produtivas e auspiciosas.

FUNÇÕES EXECUTIVAS: FOCO,


ATENÇÃO, PLANEJAMENTO E
TOMADA DE DECISÃO
Para conseguir lidar com nossas emoções e ações, nossos sentimentos e
pensamentos, bem como administrá-los, utilizamos as funções executivas.
Elas dizem respeito a habilidades e capacidades cognitivas que estão em
constante desenvolvimento através do empenho e do foco que trazemos para
a finalidade em questão diante dos mais diversos acontecimentos, conflitos,
problemas e desafios pelos quais passamos ao longo de toda a nossa vida.
Seguem algumas das principais e mais presentes funções executivas que
necessitam de nossa atenção, empenho e cuidado.
• Planejamento – Diz respeito à habilidade de traçar estrategicamente um
plano de ações e etapas que apontem para o cumprimento de uma meta,
um objetivo e/ou uma tarefa. A etapa de planejamento é fundamental,
contudo, ela não é inflexível e permanente, podendo ser atualizada e
transformada ao longo dos acontecimentos que surgirem.

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• Organização – Um aspecto
importantíssimo para a
maioria das funções executivas.
Está relacionada com a capacidade
de criar uma estratégia que facilite a
execução de tarefas e, ao mesmo tempo,
garanta fácil e simples acesso a qualquer uma
das etapas elaboradas.
• Manejo do tempo – Intimamente ligado às etapas
de planejamento e organização, trata-se de uma
gestão estratégica do tempo para que, através de
seu gerenciamento, seja possível estabelecer prazos e
cronogramas a fim de que todas as tarefas planejadas sejam
devidamente cumpridas sem que uma comprometa o andamento da
outra por não ter sido concluída. Nessa fase, é importante estabelecer
prazos e cargas de tempo bem como sua divisão em um cronograma de
metas e objetivos.
• Iniciação de tarefas – Fortemente conectada às etapas anteriores, diz
respeito ao empenho para não adiar e/ou prevaricar o início daquilo que
deve ser feito e que já estava determinado no cronograma. Em outras
palavras, não adiar as tarefas e etapas que devem ser realizadas. O
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cumprimento do cronograma estabelecido ao manejar
o tempo é ideal para que iniciemos e terminemos nossas
tarefas sem procrastinação.
• Memória operacional – Está relacionada a um sistema de
armazenamento e manipulação de informações por um curto
período de tempo.
• Metacognição – É a habilidade de se auto-observar, visando às
possibilidades e às oportunidades de resolução de problema, conflito ou
desafio.
• Resposta inibitória e autocontrole – Trata-se da capacidade de perseverar
e de resistir a fortes tendências e padrões que criamos ao longo de nossas
vidas. Eis um exemplo simples: uma pessoa quer emagrecer e faz um
planejamento para que isso ocorra; contudo, essa pessoa tem o hábito de
comer determinada coisa que atrapalharia por completo o cumprimento
da meta estabelecida. Nesse caso, essa função executiva se refere à
resistência em repetir esse padrão para que a pessoa não se distancie de
sua meta.
• Fala internalizada – Diz respeito a um comportamento encoberto que
envolve autoinstrução, estabelecimento de regras a serem seguidas,
respeito e orientação às regras estabelecidas, raciocínio moral e constante
processo reflexivo.
• Flexibilidade – É a habilidade de revisitar e revisar metas, planos,
objetivos, cronogramas e planejamentos diante de desafios, obstáculos,
erros, conflitos e atualizações que possam surgir ao longo do caminho.
• Persistência no alvo – Trata-se da perseverança e da resiliência para seguir
e executar o plano de ação até atingir a meta sem desistir ou adiar.
• Reconstituição – É a sintaxe comportamental que envolve fluência
(verbal e não verbal), criatividade, ensaios mentais, análise e síntese
comportamental.

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ÁREAS E
FERRAMENTAS
DE APOIO PARA O
DESENVOLVIMENTO
HUMANO
Ao longo de nossa trajetória, é fácil notar que a inteligência
emocional é um aspecto fundamental a ser desenvolvido
em nossas vidas pessoais e profissionais. É curioso apontar que
tanto a inteligência emocional é fundamental para que exista uma
autorreflexão e autoconsciência como também a autorreflexão e a
autoconsciência são essenciais para o desenvolvimento da inteligência
emocional. Existem diversas áreas do conhecimento e ferramentas que
podem auxiliar no desenvolvimento humano e da inteligência emocional.
Trataremos a seguir, de maneira breve, de algumas das principais e mais
aclamadas:

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• Psicologia e psicoterapia – O campo acadêmico da
psicologia conta com livros, textos e artigos científicos
que são ótimas fontes de conteúdo, informações e
mais compreensão acerca do funcionamento do campos
emocional e psicológico de cada um de nós e que fornecem uma
base sólida para reflexão e autoconhecimento. Os atendimentos
psicológicos, comumente conhecidos como terapia, são uma das
principais e mais produtivas formas de buscar desenvolvimento humano,
autoconhecimento e inteligência emocional. A terapia não apenas serve
para tratamentos de psicopatologias mas também é o ambiente ideal
para trabalhar o autodesenvolvimento, o autoconhecimento, a inteligência
emocional e a autoconsciência de maneira profunda e produtiva. É
território fértil para trabalhar questões muito presentes no dia a dia de
todos, tais como: ansiedade, angústia, estresse, raiva, luto, depressão e
todo tipo de sensação de sobrecarga que comumente enfrentamos.
• Meditação – É o nome dado à prática na qual uma pessoa mergulha
através de técnicas, tentando focar sua mente e sua atenção em um único
pensamento, objeto ou atividade. Esse processo tem o intuito de acalmar
e eliminar ansiedades e conflitos, trazendo a possibilidade de sentir-se
com maior clareza emocional e mental. A meditação também é uma ótima
maneira de desenvolver maior capacidade de atenção, concentração,
reflexão e compreensão. Meditar melhora a memória, o desempenho nos
estudos e no trabalho, ajuda na perda de peso. É vital para a tomada de
decisões cada vez melhores em momentos de tensão e estresse. Contribui
para o tratamento de doenças crônicas e também para o fortalecimento
da imunidade. Ajuda a desenvolver a criatividade. Vale lembrar que,
para algumas religiões, meditar é muito mais do que isso e, por essa
razão, é difícil dar uma definição mais precisa para a prática meditativa,
afinal, diferentes escolas e religiões trarão distintas definições e enfoques
para o conceito. Apesar disso, os aspectos aqui destacados como
definição da meditação estão presentes em todas essas vertentes.
Existem inúmeras técnicas e maneiras de realizar a meditação,

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logo, é recomendado que cada um pesquise, busque
e experimente as mais diversas formas para encontrar
aquela que mais se adequa à sua vida e ao seu cotidiano.
• Mindfulness – O termo designa uma forma de meditação
muito popular e significa “atenção plena”. Como mencionado
anteriormente, ter maior nível de conhecimento e consciência traz uma
grande possibilidade de melhora em todas as facetas da vida. Mindfulness
diz respeito a atenção, consciência, foco, presença no determinado
momento e estado de vigília. Por consequência, o oposto a mindfulness
não seria apenas a inconsciência mas também a falta de atenção e de
foco e a dificuldade ou incapacidade de se concentrar no momento
presente (estar preso ao passado ou receoso pelo futuro). Ao realizar
essa prática constantemente, o estado de atenção, foco, concentração
e calma desenvolvido ao longo do processo meditativo se ampliará
para momentos do dia nos quais você não está meditando. O estado de
espírito desenvolvido durante a meditação vai tomando conta de seus
dias aos poucos, favorecendo completamente o autoconhecimento, o
autocontrole, a inteligência emocional e o desenvolvimento humano como
um todo.
• Ioga – A prática do ioga é um apanhado de vários conhecimentos
e exercícios direcionados para a saúde mental, psicológica, física
e espiritual. Mistura meditação, exercícios físicos e de respiração,
conhecimentos e reflexões. Existem diversos tipos de ioga e também
recomendamos que busque os principais, experimente e compreenda
qual deles mais se adequa ao seu cotidiano.
• Hobby – Também é conhecido em português como passatempo. É
fundamental que uma pessoa tenha atividades pelas quais tem paixão
ao longo de suas vidas, que faça algo que a deixe feliz, bem, confiante
consigo mesma. Ter hobbies é uma questão de buscar equilíbrio na vida,
conhecer coisas e pessoas novas por meio de música, dança, arte,
jogos, brincadeiras, serviço voluntário, artes marciais, culinária,
pesca, costura, jardinagem, cinema, teatro, passeios, viagens,

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estudos, experimentos, esportes etc. Basicamente,
tudo pode ser feito como um hobby. É altamente
recomendado que todos tenham passatempos em suas
vidas.

É fundamental que todos cuidem de seus sentimentos, emoções, mentes


e corpos para que haja um desenvolvimento humano potencial. Trata-se de
uma questão de equilíbrio e saúde mental, emocional e física.

COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS
PARA A ALTA PERFORMANCE
Existem diversas habilidades e fatores fundamentais para o desenvolvimento
da alta performance na vida de cada um de nós. Alguns deles, inclusive, já
foram citados ao longo de nossos estudos. Contudo, para finalizarmos este
conteúdo, relembremos os principais elementos necessários para a alta
performance.
• Autocontrole – É fundamental para o progresso na vida tanto no aspecto
profissional como nos aspectos pessoal e afetivo. Saber domar as próprias
emoções com inteligência emocional e não se tornar um refém delas é
o pilar da ideia aqui presente. A vida é repleta de desilusões, conflitos
e situações indesejadas. Saber como agir em todas essas ocasiões é
fundamental e deve ser trabalhado como um objetivo de cada um de nós.
• Autenticidade – É importante ser você mesmo, de maneira autêntica
e legítima, para trazer ao mundo aquilo que é único em você, suas
habilidades, características, ideias e seus dons. Vale lembrar que, para
alguém conseguir ser autêntico, é necessário ter autoconhecimento,
autoconsciência e inteligência emocional bem consolidados, afinal, como
você poderá ser legítimo e autêntico se tem pouco conhecimento sobre
si mesmo e não sabe lidar com suas emoções? Uma pessoa autêntica
é protagonista de sua própria vida, de suas ações e decisões,

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é ela quem age e escolhe, e não suas emoções. Ela é
autoconfiante e gera confiança ao seu redor. Para ser
autêntico, é preciso ter compreensão e clareza sobre o que
pensamos e como pensamos, o que sentimos e como sentimos
e o que fazemos e como fazemos. Todos esses fatores devem estar
alinhados de forma coerente para que sejamos autênticos para os
outros e, também, para nós mesmos.
• Gratidão – A capacidade de ser grato por tudo, mesmo por aquilo
que, à primeira vista, aparenta ser desgastante, errado ou indesejado é
fundamental. Sempre existirá algo a ser vivido, compreendido e aprendido
em todo tipo de situação e devemos ser gratos por elas. Ao ser ofendido
injustamente, por exemplo, você poderá se tornar reativo e refém de
suas emoções, ofendendo de volta, ou, então, exercitar a sua inteligência
emocional e não se tornar reativo e refém de suas emoções, ou seja, não
se deixar dominar por aquele acontecimento. Junto a isso, você poderá
agradecer pelo momento e por aquela ofensa, pois são oportunidades
para trabalhar melhor o seu autocontrole e a sua inteligência emocional.
Compreendem? Sempre há algo para conhecer, aprender, exercitar ou
compreender em todas as situações e exercitar a gratidão em cada uma
delas é uma das chaves para alta performance, saúde mental e excelência
em nossas vidas.
• Autorresponsabilidade – É o exercício racional, emocional e prático de nos
colocarmos como responsáveis por tudo que acontece em nossas vidas,
mesmo por aquilo que parece não ser responsabilidade nossa. Exercitar
a autorresponsabilidade é ter a plena convicção de que você é o único
responsável não apenas pela maneira como a sua vida tem acontecido e
tomado forma mas também pela mudança dela. É essa ferramenta que
possibilita que você tome sua vida e seu destino nas mãos, construa o seu
caminho e conquiste suas vitórias.
• Resiliência – Trata-se da capacidade fundamental de seguir em
frente e continuar perseguindo seus objetivos e metas apesar das
frustrações, erros e tragédias. Muitos obstáculos e problemas

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aconteceram, acontecem e acontecerão em nossas
vidas, contudo, a habilidade de seguir em frente, não
desistir e, ao contrário disso, lutar cada vez mais bravamente
por aquilo que é importante para nós é o que chamamos de
resiliência. Não abandonar metas, sonhos e objetivos talvez seja
uma das competências mais importantes para o sucesso e progresso
profissional e pessoal na vida de todos nós. Não se entregar, nunca
diminuir o esforço ou o empenho e sempre seguir cada vez mais firme e
mais convicto.
• Empatia – Trata-se também de um pilar fundamental. Não nos
estenderemos muito sobre ela por já termos abordado o assunto
anteriormente. Todavia, vale ressaltar que a capacidade empática é
fundamental para a alta performance, afinal, por meio dela podemos
trabalhar em equipe não apenas para que todos conquistem juntos as
metas e os objetivos traçados mas também para que possamos tanto
aprender com os outros como auxiliá-los ao longo de nossas jornadas
pela vida.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BARRETO, J. E. F.; SILVA, L. P. e. Sistema límbico e as emoções – uma revisão
anatômica. Revista Neurociências, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 389-394, 2010.
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DUVAL, Shelley; WICKLUND, Robert. A theory of objective self awareness.


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GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria
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HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um governo


eclesiástico e civil. Tradução de João P. Monteiro e Maria Beatriz Nizza.
São Paulo: Abril, 1983.

JUNG, C. G. O eu e o inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1978.

PLATO. Dialogues of Plato: translated into english, with analyses and


introduction by B. Jowett. 3rd ed. Oxford, UK: Oxford University Press, 1892.
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