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SETIBRA

SEMINÁRIO TEOLÓGICO IBRA


SEMINÁRIO TEOLÓGICO
IGREJA BATISTA RAÍZES

HARMATOLOGIA

A DOUTRINA
DO PECADO

Igreja Batista Raízes


Av.: Romualdo Vilani, 68 - Jardim Ipanema, São Carlos, SP. SEMINÁRIO TEOLÓGICO
www.batistaraizes.com IGREJA BATISTA RAÍZES
Pr. Reginaldo Cresencio
TEOLOGIA SISTEMÁTICA – HAMARTIOLOGIA

1. INTRODUÇÃO

Qualquer pessoa que se dá a meditar na doutrina do pecado,


procurando compreende-la mesmo á luz das Escrituras,
inevitavelmente há de se defrontar com a seguinte
indagação: qual a origem do pecado? Esta indagação quer a
encaremos no contexto da Igreja ou da Teologia, amplia-se
numa indagação sobre a origem do mal em todo o mundo.
As perturbações da vida e a consciência de algo anormal
atuando decisivamente no mundo, conduzem o homem
pensante a essa questão; e inúmeras são as respostas formuladas através da história; respostas nem
sempre harmônicas entre si.
Na Bíblia, o mal moral que assola o mundo, normalmente chamado pelos homens de fraqueza,
equívoco, deslize, se define claramente como pecado, fracasso, erro, iniquidade, transgressão,
contravenção e injustiça. A Bíblia apresenta o homem como transgressor por natureza.

2. ETIMOLOGIA

Pecado. Do grego (hamartía = obliquidade(*) moral). O conceito do termo pode ser expandido
significando: “errar o alvo” (d・idéia de, como um arqueiro que atira, mas erra, do mesmo
modo, o pecador erra o alvo no final da vida); “tortuosidade” ou “perversidade” (o contrário da
retidão; errar o caminho, como um viajante que sai do caminho certo); “falta” (ser achado em falta ao
ser pesado na balança de Deus); “mal” (no sentido de violência ou infração); “transgressão”
(literalmente ‘ir além do limite’ - Romanos 4:15. Os mandamentos de Deus são cercas, por assim
dizer, que impedem ao homem entrar em território perigoso e dessa maneira sofrer o prejuízo para sua
alma); erro (descreve aqueles pecados cometidos como fruto da ignorância, e dessa maneira
diferenciam daqueles pecados cometidos presunçosamente, apesar da luz esclarecedora. O homem que
desafiadoramente decide fazer o mal incorre em maior grau de culpa do que aquele que apanhado em
falta, a que foi levado por sua debilidade).
(*) Oblíquo, adjetivo que significa inclinado em relação a uma linha, a um plano, ou seja, torto.

3. DEFINIÇÃO

O pecado refere-se a uma inclinação interior, rebelião e desobediência, implica incapacidade


espiritual, é o cumprimento incompleto dos padrões de Deus, é desalojar Deus. A essência do pecado
é o desejo de tomar o lugar de Deus, fazendo as próprias decisões sem importar o mandamento divino
(Gênesis 3-4).
Em resumo, pecado é tudo aquilo que é contrário á moral de Deus, ou seja, os Seus atributos.
Pecado tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento é considerado uma “brecha” ou
“rompimento” das relações entre o pecador e o Deus pessoal. É qualquer falta de conformidade, ativa
ou passiva, com a lei moral de Deus. Isso pode ser uma questão de ato, de pensamento ou de
disposição. É o desvio da vontade de (Yahweh), ou seja, a quebra da lei, sendo que (Yahweh) é a
própria lei.
Pecado é transgressão da lei segundo o apóstolo João ‘todo aquele que pratica pecado também
transgride a lei: porque o pecado é a transgressão da lei’ (1João 3:4). Deus precisava satisfazer a lei. A
lei não podia ser quebrada sem que o infrator sofresse a sua pena. Os pecadores estão presos a
penalidade da lei. Não podem simplesmente sair ilesos, pois isso seria passar por cima da lei e seria
contra o próprio caráter de Deus. A lei deve ser cumprida, suas exigências pagas e sua dignidade
respeitada.
Deus não pode abolir, ignorar ou deliberadamente passar por cima da constituição moral das coisas
que estabeleceu.
Embora Deus no seu grande amor deseje redimir os homens, Ele tem que cumprir seu propósito em
perfeita fidelidade com sua própria natureza, sem negar sua justiça, em condições totalmente éticas.
Deus não age em determinados momentos por apenas um de seus atributos ou de sua personalidade.
Deus age sempre em conformidade com todas elas.
Não existe escapatória em termos de Deus simplesmente transigir em sua lei e ignorar a quebra da
mesma por parte do homem.

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Ao homem não resta nada a fazer, em face de sua culpa; ele esta impossibilitado de se
salvar ou de se auto-justificar, só lhe resta aguardar o julgamento, que é a consequência
inevitável do pecado no mundo de Deus. Diante desta incapacidade de se auto-justificar que
se manifesta a graça de Deus em Cristo.

4. A DIFICULDADE DE DISCUTIR O PECADO

Por mais que seja, a doutrina do pecado não é um tópico fácil de discutir em nossos dias.
Há vários motivos para isso. Um, é que o pecado, como a morte, não é um assunto
agradável ou divertido. Ele nos oprime. Não gostamos de pensar em nós mesmos como
pessoas ruins ou más. Mas a doutrina do pecado nos ensina que é isso que somos por
natureza. Não só os indivíduos reagem contra esse ensino negativo, como se difunde, em
nossa sociedade, uma ênfase na atitude mental positiva. Essa ênfase quase tem se tornado um
novo tipo de legalismo, em que a proibição principal é: ‘’não dirás nada negativo’’.
Se passarmos dez minutos assistindo ás notícias na televisão, ou lendo qualquer jornal das
grandes cidades, será suficiente para as pessoas com o mínimo de bom senso chegarem à
conclusão de que há algo tragicamente errado com o mundo. Guerras, fomes, enchentes,
genocídios, corrupção, opressão e exploração dos pobres, assassinatos e todo tipo de injustiça
e violência contra o ser humano parecem ser normais no cotidiano. A história da raça humana
esta cheia de soluções propostas e aplicadas. Tentativas de reforma da sociedade através da
educação, ou do controle da sociedade por meio de leis mais rígidas, ou de vários sistemas de
governo que surgiram, sejam democráticos ou ditatoriais, fazem parte da nossa história, mas o
problema ainda persiste. Por que o homem não consegue encontrar paz e justiça?
A persistência do mal sugere que o problema não se resume apenas a uma questão de
estruturas sociais corrompidas. Parece que a natureza do ser humano é afligida por um
estranho vício de fazer o que é errado.
Portanto, as perguntas que precisamos levantar são as seguintes: qual a origem destes males
e vícios? Até que ponto a natureza humana foi afetada pelo pecado? Quais os aspectos da
constituição do ser humano foram afetados pelo pecado? Quais as consequências do pecado
de Adão para o restante da raça humana? Como o pecado age nas estruturas humanas? Neste
estudo da doutrina do pecado buscaremos respostas para questões como essas.

5. PERSPECTIVA BÍBLICA DA NATUREZA DO PECADO.

A Bíblia apresenta uma série de perspectivas quanto à natureza do pecado:

1) Pecado é uma inclinação interior.


Pecado não são simplesmente atos errados, mas também pecaminosidade. É uma disposição
interior inerente que nos inclina para atos errados.

2) Pecado é rebelião e desobediência.


A Bíblia entende que todas as pessoas estão em contato com a verdade de Deus. Paulo nota
que isso inclui até mesmo os gentios, que embora não tenham a revelação especial, têm a lei
de Deus escrita no coração (Romanos 2:14-15).

3) Pecado implica incapacidade espiritual.


Ao pecar, tornamo-nos como que deformados ou distorcidos. A imagem de Deus segundo a
qual fomos criados fica prejudicada. Em Romanos 1, Paulo descreve esse processo.

4) Pecado é o cumprimento incompleto dos padrões de Deus.


Há várias maneiras pelas quais deixamos de atingir os padrões de justiça de Deus. Podemos
simplesmente ficar aquém da norma estabelecida ou não fazer, de modo nenhum , o que Deus
ordena e espera.

5) Pecado é, como já foi dito na definição, desalojar Deus.


Colocar outra coisa qualquer no lugar supremo que pertence á Deus é pecado.
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6. A ORIGEM DO PECADO

O pecado já estava no universo antes mesmo da queda de Adão. Isso é evidente pela
presença e pelas alegações do tentador, no jardim do Éden. Satanás ao seduzir a mulher e o
homem dizendo que eles seriam como Deus, conhecedores do bem e do mal fez com que se
manifestasse a concupiscência existente dentro do homem. Portanto, a narrativa bíblica lança
nossa atenção para esse tipo de concupiscência, como sendo a origem do pecado.
O pecado não se origina em ação ao acaso, mas procede do coração e da mente.
Todos nós temos certos desejos. Esses desejos, a princípio são legítimos. Além disso, os
seres humanos são capazes de escolher entre as alternativas; isso porque todo ser humano tem
uma série de desejos naturais que, embora bons em si e por si, são áreas potenciais para a
tentação e o pecado:

1) O desejo de desfrutar coisas.


Deus plantou certas necessidades em cada um de nós. A satisfação dessas necessidades não só
é essencial, como também pode dar prazer.

2) O desejo de obter coisas.


Há lugar para obtenção de posses na organização de Deus. Isso esta implícito no mandamento
de dominar o mundo (Gênesis 1:28) e nas parábolas sobre mordomia (Mateus 25:14-30).

3) O desejo de fazer coisas.


As parábolas sobre a mordomia também retratam o desejo de realização como algo bom e
próprio. Isso faz parte daquilo que Deus espera da humanidade.

Para o Apóstolo Paulo através da transgressão de um homem, da ofensa de um homem, da


desobediência de um homem, deu-se a origem do pecado. (Romanos 5:12-21) 1

Em Gênesis 3 nos é oferecida uma história com vários detalhes importantes. Precisamos
estudar as nuances desse texto para entendermos a natureza do pecado original, como esse
aconteceu e quais os resultados dele para o ser humano.
Calvino, comentando este assunto disse que:’’ Quando de seu estado original decaiu Adão,
não há mínima dúvida de que por esta defecção se haja alienado de Deus. Pelo que, embora
concedamos não haja sido nele aniquilada e apagada de todo a imagem de Deus, foi ela,
todavia, corrompida a tal ponto que, o que quer que resta, é horrenda e deformada’’.
O texto de Gênesis 2:8 - 3:7 registra o encontro entre Satanás e Adão e Eva.
Esse relato é um registro confiável do que, de fato aconteceu no jardim, num certo tempo,
precisamente quando, ninguém sabe. Paulo reafirmou a historicidade deste relato, quando
escreveu que Eva havia sido enganada pela astúcia da serpente (2Co 11:3). A rendição de
Adão e Eva a Satanás foi completa, assim como completo foi o seu pecado contra Deus.
A queda envolveu mudanças radicais nas quatro áreas que definem qualquer cosmovisão:
conhecimento (epistemologia), existência (ontologia), ação (ética) e alvo do universo
(teleologia). Isso quer dizer que a mediada que a serpente proferiu suas palavras, Adão e Eva
enfrentaram dois universos diferentes e contraditórios, o que pode ser conferido no quadro:

1. As institutas, I 15.4
O primeiro homem foi criado por Deus em retidão; em sua queda, porém, arrastou-nos a uma corrupção
tão profunda, que toda e qualquer luz que lhe foi originalmente concedida ficou totalmente obscurecida.

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Gênesis 3:1-21
Interpretação de Deus Interpretação de Satanás
1. Como Criador, Deus controla e interpreta o 1. ‘’É assim que Deus disse?’’ (3:1) A clareza da
universo: ‘’Certamente morrerás’’ (Gn2:17). revelação de Deus é questionada, implicando que
Deus controla o futuro absolutamente para que, Deus não é capaz de se revelar. A interpretação
neste caso, todos os pecadores morram. de Deus é somente uma possibilidade ou hipótese,
A interpretação certa do mundo está na Palavra para ser verificada mediante um critério fora dele.
(Pv 1:7; 9:10; 15:33) Os princípios para a interpretação do universo
existem no mundo, independentemente de Deus.

2. Como Criador, Deus necessariamente é capaz 2. ‘’Nem tocareis nele’’ (3:3). Deus não falou que
de dar uma revelação bastante clara para ser eles não poderiam tocar no fruto ou na árvore.
entendida, suficiente para cumprir os seus fins Eva negou a clareza da palavra de Deus através
e providenciar as necessidades do homem, e de sua interpretação, que modificou a palavra.
inerrante (Sl 19;119; Pv 30:5; 2Tm3:16-17). Ela negou a suficiência da palavra de Deus,
O ser humano depende de acrescentando uma outra exigência. A mudança
‘’toda palavra que procede da boca de Deus’’ da palavra, por Eva, constituiu uma negação da
(Mt 4:4) para a interpretação correta do mundo. inerrância da palavra de Deus. Sem uma interpre-
tação inerrante do mundo, que venha de Deus, a
interpretação do ser humano é o ponto de referên-
cia final para conhecer a verdade.

3. Deus conhece e determina o curso da história 3. ‘’É certo que não morrereis’’ (3.4). Uma negação
(Is 41:21-29; Pv 21:1). Por causa da queda, os total da palavra de Deus segue naturalmente os
pecadores morrem (Rm 3:23). Nada acontece por pressupostos anteriores. Deus não controla o
acaso, e o futuro do ser humano depende da universo e ele não ‘’faz todas as coisas conforme
vontade de Deus (Pv 16:33; At 17:26; Rm 9:20-21). o conselho de sua vontade’’ (Ef 1:11). O pecador
não morrerá, porque o futuro é possibilidade pura
e indeterminada. O futuro é criado por meio do
livre-arbítrio do ser humano. O princípio último
que determina o futuro é o acaso.
4. Deus é amor (1João 4:8) e providencia tudo de que 4. ‘’Porque Deus sabe que...’’(3.5). O Deus da Bíblia
os seus filhos precisam (Mateus 6:25-34). não é um Deus bondoso, mas ele é um tirano que não
quer compartilhar coisas boas com o homem.

5. O conhecimento de Deus vem através da Palavra de 5. ‘’ Vos abrirão os olhos’’ (3:5). O conhecimento secreto
Deus, que gera um relacionamento pessoal com ele. e oculto é a chave para a vida plena. Portanto, o
A mente nunca é desvalorizada, mas tem que ser progresso espiritual é conseguido através do
renovada mediante a Palavra (Rm 12:1-2). É proibido misticismo, da feitiçaria, de organizações ocultas e
se envolver com o ocultismo, seja ele do tipo que for secretas e até por meio da orientação de espíritos.
(Dt 18:9-14).
6. Só há um Deus, e jamais haverá outro (Is 43:10). 6. ‘’Como Deus, sereis...’’ (3.5). O fim último da vida é
Deus é imutável (Tg 1:17). O fim do homem é conhecer, se tornar uma divindade. Não existe distinção entre o
glorificar e servir ao único Deus. A salvação é viver com Criador e a criatura. O alvo da vida humana é promover
ele para sempre. (1Ts 4:17; Ap 22:1-5). ou descobrir sua própria divindade. Este deus (ou
cosmos, etc) também esta evoluindo, crescendo e
aprendendo mais e mais. E salvação significa subir na
escala da existência (autonomia teleológica).
7. Deus é o sumo bem, e a Palavra de Deus é a fonte 7. ‘’Sereis conhecedores do bem e do mal’’ (3.5)
do conhecimento do bem e do mal. A lei de Deus é o O homem determina o bem e o mal. Não há uma lei
padrão absoluto. (Êx 20:1-17). moral absoluta que exista fora da mente do ser humano.
Toda ética é relativa (autonomia ética).
8. Deus deu a Adão e Eva o mandado cultural 8. ‘’Boa para se comer, agradável aos olhos e árvore
(Gn 1:28-30). Este mandado é o mandamento de Deus desejável para dar entendimento’’ (3.6). A motivação
dado ao homem para dominar e sujeitar a terra e os da ação (ética) tornou-se ‘’a concupiscência da carne,
animais. A motivação de ação do homem era a concupiscência dos olhos e a soberba da vida’’.
desenvolver o reino de Deus na terra, como represen- (1Jo 2:16). Daí para frente, o homem viveria para
tante de Deus. Adão e Eva eram responsáveis por agir buscar seu próprio prazer.
como intérpretes do mundo (profetas), por se relacionar
pessoalmente com Deus (sacerdotes) e por reinar sobre
o mundo (reis).

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OPINIÕES DIVERSAS A CERCA DO PECADO

PELAGIANISMO: O pecado de Adão não teve nenhuma influência sobre as almas de seus
descendentes além de, através de seu exemplo pecaminoso, encorajar outras pessoas a
também pecar. De acordo com essa opinião, o homem tem a habilidade de parar de pecar se
ele quisesse. Esse ensino vai de encontro a várias passagens que ensinam que o homem é um
escravo do pecado (quando longe da intervenção de Deus) e que suas obras são ‘’mortas’’,
quer dizer, sem nenhum valor para ganhar o favor de Deus (Efésios 2:1-2; Mateus 15:18-19);
Romanos 7:23; Hebreus 6:1; 9:14).

ESPIRITISMO E AFRO-BRASILEIRA: A doutrina do pecado, da forma como é entendida


pelo cristianismo, esta ausente nas religiões afro-brasileiras e no Kardecismo. Estes grupos
vêem a idéia do pecado original com desdém. No candomblé existe o erro, mas não o pecado.
No kardecismo, a doutrina gnóstica que afirma que a matéria física é má é a chave para
entender o que vem a ser pecado. Quanto mais um espírito for ligado á matéria física, mais
ele estará emaranhado no mal. Os espíritos impuros são encarnados em mundos mais
materiais, enquanto os espíritos mais puros conseguem encarnações em mundos superiores,
onde há menos ligação com a matéria física. Os atos bons e maus determinam o carma do
indivíduo que, por sua vez, determina o estágio de vida do espírito na próxima encarnação.
Assim o pecado não é principalmente um ato de rebelião contra Deus, mas, sim o resultado
de estar preso a uma realidade material e inferior. O pecado não é tanto uma questão ética,
mas uma deficiência ontológica da pessoa.2

MORMONISMO: A definição de pecado no mormonismo é bastante parecida com a do


Kardecismo. ‘’Pecado é qualquer condição, seja a omissão de coisas exigidas, seja a comissão
de atos proibidos, que tendem a prevenir ou impedir o desenvolvimento da alma humana’’ 3
O mal existe necessariamente no universo, á medida que o ser humano tem o livre-arbítrio.
Como diz o Livro de Mórmon, em 2Nefi 2:11-17, essa necessidade de algo que se oponha
a toda as coisas é algo intrínseco á natureza do universo. Para progredir nesse mundo e se
tornar uma divindade no outro mundo, foi necessário que o homem experimentasse os dois
lados, o bem e o mal, em sua vida mortal. A queda, então foi um acontecimento bom, porque
possibilitou esta experiência.

ISLAMISMO: Segundo o islamismo, a natureza humana não é pecaminosa. As pessoas não


nascem em pecado.4 Eles pecaram no Éden, ao comer do fruto proibido, mas este pecado não
foi algo realmente importante, pois se arrependeram e foram perdoados. Isto não trouxe
prejuízo para a natureza humana, pois o ser humano é essencialmente bom. Portanto, no Islã,
o problema do homem não é que ele esteja morto no pecado e incapaz de satisfazer as
exigências da lei de Alá. Pelo contrário, o homem é capaz de adquirir sua própria justiça
através da obediência a Alá.

NATURALISMO: O naturalismo filosófico inclui muitas filosofias que tem noções


diferentes da natureza do homem, como foi visto no capítulo anterior. Atualmente, existe um
consenso entre os sistemas naturalistas quanto á origem do ser humano a partir de animais
inferiores, através do processo evolutivo, como preconizado pelo neodarwinismo. Assim, os
atributos da natureza humana se desenvolveram pelo mecanismo da seleção natural, ou seja,
por meio da sobrevivência dos mais aptos. Por isto, os conceitos de bem e mal, justiça e
pecado, são meras convenções que a sociedade adotou, e que ajudaram a raça humana a
sobreviver. Alguns naturalistas acreditam que a natureza humana é boa, outros, que esta
natureza é má, e outros ainda, como Jean-Paul Sartre, que o homem é o criador da sua própria
natureza.5

2. Cf. O livro dos espíritos, p. 103-119 e O evangelho segundo o espiritismo, p. 71-97.


3. James E. Talmage, The articles of faith, p. 57.
4. Cf. Anees Zaka e Diane Coleman. The truth about Islam, p. 140.
5. Cf. ‘’Humanist Manifest ll’’, disponível em: http://www.jcn.com/manifestos.html, acessado em 11.04.2005

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PANTEÍSMO, HINDUÍSMO E A NOVA ERA: No hinduísmo e numa forma popular de
panteísmo, como no movimento Nova Era, a questão do problema do ser humano não é
colocada em termos de um problema ético, mas (como no kardecismo) como um problema
ontológico. Os adptos da Nova Era negam cabalmente que o ser humano seja pecador. Eles
negam que exista uma distinção entre o bem e o mal. O problema do ser humano é que ele
não reconhece em si sua própria divindade, ou seja, sua unidade como o Uno, a divindade
impessoal que é tudo. O problema do homem não uma rebeldia ética contra o Criador, mas
sim a ignorância do fato de que ele mesmo é Braham, a própria divindade.6

ARMINIANISMO: Os arminianos acreditam que o pecado de Adão resultou no resto da


humanidade herdando uma tendência a pecar chamada de ‘’natureza pecaminosa’’. Essa
natureza pecaminosa nos leva a pecar da mesma forma que a natureza de um gato o leva a
miar- ocorre naturalmente. De acordo com essa opinião, o homem não pode parar de pecar
sozinho, por isso Deus dá uma graça universal, a qual o capacita a parar. Essa graça é
chamada de graça preveniente. Também de acordo com essa opinião, não somos responsáveis
pelo pecado de Adão, apenas os nossos. Esse ensinamento vai de encontro ao tempo verbal
escolhido para ‘’...todos pecaram’’ em Romanos 5:12 e também ignora o fato de que todos
sofrem a punição do pecado (morte) mesmo quando não pecaram de uma forma semelhante á
de Adão (1Coríntios 15:22; Romanos 5:14-15,18). Além disso, a Bíblia não ensina em lugar
nenhum a doutrina de graça preveniente.

CATOLICISMO ROMANO: Na idade média surgiu uma elaborada doutrina do pecado,


dividida em pecados mortais e pecados veniais. O pecado mortal era o pecado que faz com
que o fiel perca a graça de Deus e que o leva á condenação. Posteriormente, a tradição
católica definiu o pecado mortal como ‘’todo pecado que tem como objeto uma matéria
grave, e que é cometido com plena consciência e deliberadamente’’.
E a gravidade do pecado é introduzida a partir de um entendimento hierárquico dos
pecados. Em outras palavras, alguns pecados são mais abomináveis que outros.
O pecado venial é aquele pecado menos grave, e que não faz o fiel perder a graça de Deus,
as consequências destes pecados podem ser assim resumidas|: ‘’o pecado mortal destrói a
caridade no coração do homem por uma infração grave da lei de Deus, desvia o homem de
Deus, que é seu fim último e bem-aventuraça, preferindo um bem inferior. O pecado venial
deixa subsistir a caridade, embora a ofenda e fira.’’ E a repetição dos pecados, mesmo veniais,
produz os pecados ou vícios capitais, que são:
7
Orugulho, Avareza, Inveja, Ira, Luxúria, Gula e a Preguiça.
São chamados de pecados capitais porque geram outros pecados, outros vícios.
O primeiro a escrever sobre os pecados capitais foi o monge grego Evágrio do Ponto, em
meados do século IV. Posteriormente, Gregório, o Grande, em fins do século V, e Tomás de
Aquino, no século XIII, escreveram sobre esses vícios da alma.
Mesmo com uma doutrina do pecado altamente elaborada, a teologia católica acabou por
preservar a autonomia do homem, e isto como resultado da defesa da idéia do livre-arbítrio
num sentido libertário.

CALVINISMO: O pecado de Adão resultou não só na nossa natureza pecaminosa, mas


também em culpa diante de Deus, pelas quais merecemos punição. Ser concebido com o
pecado original sobre nós (Salmo 51:5) resulta em nós herdando uma natureza pecaminosa
tão perversa que Jeremias 17:9 descreve o coração humano como ‘’enganoso’’ ... mais do que
todas as coisas, e perverso’’. Adão foi não só culpado por causa do seu pecado, mas sua culpa
e punição (morte) pertencem a nós também (Romanos 5:12,19). Há duas opiniões sobre por
que Deus deve enxergar a culpa de Adão como pertencente á nós também. A primeira afirma
que a raça humana fazia parte de Adão em forma de semente, portanto, quando Adão pecou,
pecamos nele. Outra opinião é de que Adão serviu como nosso representante e como tal,
quando ele pecou, tornamo-nos culpados também.

6. Stevenson e Haberman, op. cit., p.53-54. Brahma é o conceito hindu da divindade como tudo que existe.
7. O catecismo da Igreja Católica, 1886.

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A opinião reformada enxerga o homem como incapaz de ter vitória sobre o seu pecado,
exceto sob o poder do Espírito Santo. Esse poder só é possuído quando alguém arrepende-se
do seu pecado e vira-se para Cristo em total dependência dEle e Seu sacrifício expiatório na
cruz. Não há nada de original no entendimento de João Calvino sobre o cativeiro da vontade e
a predestinação. Como Sproul nota, ‘’Martinho Lutero escreveu mais extensamente do que
Calvino sobre ambos os assuntos e a obra de Calvino sobre os temas pode ser considerada
nada mais do que uma nota de rodapé da obra de Lutero’’. No entendimento de Calvino, o
6
livre-arbítrio significa simplesmente que o homem age mal por vontade, não por efeito de
coação. Com a queda o livre-arbítrio foi não destruído, mas tornou-se impotente para resistir
ao pecado. A razão e a vontade foram severamente danificadas pelo pecado e, por isso,
dependemos completamente da iluminação do Espírito Santo para conhecer a Deus e entra no
reino. Por que a natureza humana é totalmente cativa do pecado, somente a regeneração pode
libertar uma pessoa da escravidão do pecado.
Essa interpretação enfatiza o papel de Adão como cabeça da raça humana. Por causa disso,
Paulo só fala sobre o pecado de Adão, e não de Eva. Adão foi o representante escolhido por
Deus para toda a raça humana. Quando ele pecou, ele não pecou simplesmente por si mesmo,
mas como representante, como cabeça de toda a raça humana. Por isso, toda a raça é caída e
corrupta, sujeita á morte, porque a raça tem solidariedade com o cabeça da raça.
Ainda no século XVI, o Catecismo de Heidelberg (pergunta 7), em resposta á pergunta: de
onde vem, então esta natureza corrompida do homem? afirma: ‘’Da queda e desobediência de
nossos primeiros pais, Adão e Eva, no paraíso. Ali, nossa natureza tornou-se tão envenenada,
que todos nós somos concebidos e nascidos em pecado’’. E a Confissão de fé Batista de 1689
(6.1-5), em grande medida seguindo a Confissão de fé de Westminster, resume esta posição:

Deus criou o homem justo e perfeito, e lhe deu uma lei justa, que lhe seria para
vida, se a guardasse, ou para morte, se a desobedecesse. Mesmo assim o homem
não manteve por muito tempo a sua honra. Satanás valeu-se da astúcia da
serpente para seduzir Eva, e esta seduziu Adão, que, sem ser compelido,
transgrediu voluntariamente a lei instituída na criação, e a ordem de não comer
do fruto proibido. De acordo com seu conselho sábio e santo, aprouve a Deus
permitir a transgressão, porque, no âmbito do seu propósito, mesmo isso Ele
usaria para a sua glória.
Por esse pecado, nossos primeiros pais decaíram de sua condição original de
retidão e comunhão com Deus. No pecado deles nós também pecamos, e por isso
a morte veio sobre todos, todos se tornaram mortos no pecado e totalmente
corrompidos, em todas as faculdades e partes do corpo e alma.
Sendo eles os ancestrais e, pelo desígnio de Deus, os representantes de toda
humanidade, a culpa do pecado foi imputada a toda a sua posteridade, e a
corrupção natural passou a todos os seus descendentes, por nascimento, visto que
todos são concebidos em pecado. E são por sua natureza filhos da ira, escravos
do pecado e passíveis de morte, e estão todos sujeitos ás misérias espirituais,
temporais e eternais, a menos que o Senhor Jesus os liberte.
Da corrupção natural procedem todas as atuais transgressões, porque ela nos
torna completamente indispostos, incapacitados e contrários a todo bem, e
totalmente inclinados para todo o mal.
Durante esta vida, a corrupção de natureza permanece, mesmo naqueles que
são regenerados. E embora ela seja perdoada e mortificada mediante Cristo, a
corrupção em si, as suas inclinações, e o que dela procede, tudo é
verdadeiramente pecado.

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O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE A PORNOGRAFIA? OLHAR PORNOGRAFIA É
PECADO?

Pergunta: "O que diz a Bíblia sobre a pornografia? Olhar pornografia é pecado?"

Resposta:De longe, a maioria das buscas na internet são relacionadas à pornografia. A


pornografia é desenfreada no mundo de hoje. Talvez mais do que qualquer outra coisa,
Satanás tem obtido sucesso em torcer e perverter o sexo. Ele tomou o que é bom e justo
(sexo com amor entre esposo e esposa) e o substituiu com prazer desenfreado, pornografia,
adultério, estupro e homossexualidade. A pornografia é simplesmente o primeiro passo em
uma escorregadia ladeira de iniquidade e imoralidade (Romanos 6:19). Assim como um
usuário de drogas é levado a consumir quantidades maiores e mais poderosas de drogas, a
pornografia arrasta o ser humano, levando-o a pesados vícios sexuais e desejos ímpios.

As três categorias principais de pecado são:


a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (I João 2:16).
A pornografia definitivamente nos causa a luxúria (iniquidade) da carne, e isto
inegavelmente é a luxúria (iniquidade) dos olhos. A pornografia, definitivamente, não se
qualifica como uma das coisas nas quais devamos pensar: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o
que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é
amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”
(Filipenses 4:8). A pornografia é viciante (I Coríntios 6:12; II Pedro 2:19), destrutiva
(Provérbios 6:25-28; Ezequiel 20:30; Efésios 4:19), e leva à iniquidade sempre crescente
(Romanos 6:19). Desejar outras pessoas em nossa mente (a essência da pornografia) é
ofensivo a Deus (Mateus 5:28). Quando a habitual devoção à pornografia caracteriza a
existência, isto demonstra que esta pessoa não é salva (I Coríntios 6:9).

Se você está envolvido com pornografia e deseja libertação? A seguir, alguns passos para a
vitória:
(1) Confesse seu pecado a Deus (I João 1:9).
(2) Ore para que Deus limpe, renove e transforme sua mente (Romanos 12:2).
(3) Peça a Deus que encha sua mente com Filipenses 4:8.
(4) Aprenda a possuir seu corpo em santidade (I Tessalonicenses 4:3-4).
(5) Compreenda o real significado do sexo e dependa apenas de seu cônjuge para satisfazer
suas necessidades (I Coríntios 7:1-5).
(6) Compreenda que, se você andar em Espírito, você não satisfará os desejos da carne
(Gálatas 5:16).
(7) Dê passos práticos para reduzir sua exposição a imagens gráficas (por exemplo, instale
em seu computador bloqueadores de pornografia, limite o tempo para televisão e vídeos,
encontre um outro cristão que possa orar e ajudar você, e a quem possa “prestar contas”: sua
esposa ou esposo, se você for casado ou casada).

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QUAL A VISÃO CRISTÃ DE FUMAR? FUMAR É PECADO?

Pergunta: "Qual a visão cristã de fumar? Fumar é pecado?"

Resposta:A Bíblia nunca menciona diretamente o ato de fumar. Há alguns princípios,


entretanto, que definitivamente se aplicam ao fumar. Primeiro, a Bíblia ordena que não
permitamos que nossos corpos se tornem “dominados” por coisa alguma. I Coríntios 6:12
declara: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me
são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.” O fumo, inegavelmente, causa
forte vício. Mais adiante, a mesma passagem nos diz: “Ou não sabeis que o vosso corpo é o
templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós
mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e
no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (I Coríntios 6:19-20). Fumar é inegavelmente
muito prejudicial a sua saúde. Já foi provado que fumar causa danos aos pulmões e
freqüentemente ao coração.

Pode o fumar ser considerado “benéfico” (I Coríntios 6:12)? Pode-se dizer que fumar é
verdadeiramente “honrar a Deus com seu corpo” (I Coríntios 6:20)? Pode uma pessoa
honestamente fumar “para a glória de Deus” (I Coríntios 10:31)? Cremos que a resposta a
estas três perguntas é um grande e redondo “não”. Como resultado, cremos que fumar é um
pecado, não devendo então ser praticado pelos seguidores de Jesus Cristo.

Alguns argumentam contra esta visão mostrando o fato de que muitas pessoas ingerem
alimentos que não são saudáveis, que podem da mesma forma viciar e ser maléficos para o
corpo. Como exemplo, muitas pessoas são tão viciadas em cafeína que não podem funcionar
sem a primeira xícara de café pela manhã. Mesmo sendo verdade, como isto faz do ato de
fumar algo correto? Afirmamos que os cristãos devem evitar a glutonaria e evitar o excesso
de alimentos que não sejam saudáveis. Sim, os cristãos são muitas vezes hipócritas quando
condenam um pecado e permitem outro... mas mais uma vez, como isto faz que o fumar
honre a Deus?

Outro argumento contra esta visão de fumar é o fato de que muitos homens piedosos têm
sido fumantes, como o famoso pregador britânico C.H. Spurgeon. Novamente, não cremos
que este argumento tenha qualquer peso. Cremos que Spurgeon estava errado em fumar. Mas
era ele, por outro lado, um homem piedoso e fantástico professor da Palavra de Deus? Claro
que sim! Isto faz com que todos os seus atos e hábitos honrem a Deus? Não.

Ao afirmar que fumar é pecado, não estamos afirmando que todos os fumantes não sejam
salvos. Há muitos verdadeiros crentes em Jesus Cristo que fumam. Fumar não impede uma
pessoa de ser salva. Nem faz com que perca a salvação. Fumar não é menos perdoável do que
qualquer outro pecado, tanto para uma pessoa se tornar um cristão, ou um cristão confessar
seu pecado a Deus (I João 1:9). Ao mesmo tempo, nós cremos firmemente que fumar é um
pecado que deve ser abandonado, e com a ajuda de Deus, superado.

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O QUE DIZ A BÍBLIA A RESPEITO DO JOGO? JOGAR É PECADO?

Pergunta: "O que diz a Bíblia a respeito do jogo? Jogar é pecado?"

Resposta: Jogar pode ser definido como “arriscar dinheiro na tentativa de multiplicá-lo em
algo que é contra as probabilidades”. A Bíblia não condena o jogo especificamente, ou
apostar, ou a loteria. A Bíblia, entretanto, nos alerta para que fiquemos longe do amor ao
dinheiro (I Timóteo 6:10; Hebreus 13:5). As Escrituras também nos encorajam a que
fiquemos longe das tentativas de “enriquecimento fácil” (Provérbios 13:11; 23:5; Eclesiastes
5:10). Certamente o jogo gira em torno do amor ao dinheiro e inegavelmente tenta as pessoas
com a promessa de riqueza fácil e rápida.

Qual o problema em jogar? O jogo é um assunto difícil, pois mesmo jogando com
moderação e somente de vez em quando, é um desperdício de dinheiro, mas não
necessariamente algo ligado ao “mal”. As pessoas desperdiçam dinheiro em todo o tipo de
atividades. Jogar é desperdiçar dinheiro tanto quanto ver um filme (em muitos casos), gastar
em uma refeição desnecessariamente cara ou comprar algo de que não precisamos. Ao
mesmo tempo, o fato de se desperdiçar dinheiro em outras coisas não justifica que joguemos.
Não deveríamos desperdiçar dinheiro. Devemos poupar o dinheiro que sobrar para
necessidades futuras, ou ofertá-lo para a obra do Senhor, e não gastá-lo em jogo.

O jogo na Bíblia: Apesar da Bíblia não mencionar o jogo (apostas) de maneira explícita, a
Bíblia menciona jogos de “azar”. Como exemplo, em Levítico, Arão lançou sortes sobre dois
bodes: uma pelo Senhor e outra por Azazel. Josué lançou sorte para determinar a porção de
terra para várias tribos. Neemias lançou sorte para determinar quem viveria ou não dentro
das muralhas de Jerusalém. Os apóstolos lançaram sorte para determinar o substituto de
Judas. Provérbios 16:33 diz: “A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda a
determinação.” Em nenhum lugar da Bíblia, jogar ou o “jogo de azar” é usado para diversão
ou apresentado como prática aceitável para os seguidores de Deus.

Cassinos e loterias: Os cassinos usam todo o tipo de estratégia de marketing para atrair o
jogador, para que arrisque todo o dinheiro que puder. Freqüentemente oferecem bebidas a
preços baixos ou mesmo de graça, levando os frequentadores à embriaguez, para que
diminuam sua capacidade de tomar decisões sensatas. Tudo em um cassino é perfeitamente
engendrado para tomar o dinheiro em grandes quantidades sem nada oferecer em troca,
exceto prazer vazio e fugaz. As loterias tentam passar a imagem de que ajudam a sustentar a
educação e programas sociais. Entretanto, estudos mostram que os que jogam na loteria
geralmente são aqueles que menos têm dinheiro para gastar nos bilhetes. O apelo do
“enriquecimento rápido” é uma tentação forte demais, e aqueles que estão desesperados
acabam não resistindo. As chances de levar o prêmio são infinitesimais, o que resulta em
ruína para muitas vidas.

Por que o dinheiro ganho na loteria não agrada a Deus? Muitos afirmam estar jogando na
loteria ou fazendo apostas para que possam ofertar o dinheiro à igreja, ou outra boa causa
qualquer. Talvez seja um bom motivo, mas na verdade, poucos usam o dinheiro vindo do
jogo para propósitos divinos. Estudos mostram que, alguns anos depois de tirar a “sorte
grande”, a vasta maioria dos ganhadores da loteria acaba em uma situação financeira ainda
pior do que antes. Poucos são os que na verdade dão o dinheiro para uma boa causa, se é que
alguém realmente o faz. Além disso, Deus não precisa de nosso dinheiro para subsidiar Sua
missão na terra. Provérbios 13:11 diz: “A riqueza de procedência vã diminuirá, mas quem a
ajunta com o próprio trabalho a aumentará.” Deus é soberano e proverá pelas necessidades da
igreja por caminhos honestos. Deus seria honrado se recebesse doações de dinheiro
proveniente de drogas, ou dinheiro de assaltos? Deus não precisa e nem quer dinheiro
“roubado” dos pobres devido à tentação pelas riquezas.

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É GULA UM PECADO? O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE COMER DEMAIS?

Pergunta: "É gula um pecado? O que a Bíblia diz sobre comer demais?"

Resposta: Gula aparenta ser um pecado que os Cristãos gostam de ignorar. Não demoramos
para chamar fumar e beber de pecados, mas por algum motivo gula é um pecado bastante
aceito ou pelo menos tolerado. Muitos dos argumentos usados contra fumar e beber, tais
como saúde e vício, aplicam-se igualmente a comer demais. Muitos Cristãos nem
considerariam tomar vinho ou fumar um cigarro, mas não têm nenhum problema em devorar
tudo que vêem pela frente durante o jantar ao ponto que quase se sentem que vão explodir.
Isso não deve ser assim!

Provérbios 23:20-21 nos adverte: “Não estejas entre os bebedores de vinho nem entre os
comilões de carne. Porque o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vestirá
de trapos o homem”. Provérbios 28:7 declara: “O que guarda a lei é filho prudente, mas o
companheiro de libertinos envergonha a seu pai”. Provérbios 23:2 proclama: “mete uma faca
à tua garganta, se és homem glutão”.

Apetites físicos são uma analogia de nossa habilidade de nos controlar. Se somos incapazes
de controlar nossos hábitos em relação à comida, isso é uma indicação de que provavelmente
também somos incapazes de controlar outros hábitos, tais como os da mente (cobiça,
avareza, raiva), e somos incapazes de não fazer parte de fofocas e conflitos. Não devemos
deixar nossos apetites nos controlar, mas devemos ter controle sobre nossos apetites (Leia
Deuteronômio 21:20, Provérbios 23:2, 2 Pedro 1:5-7, 2 Timóteo 3:1-9 e 2 Coríntios 10:5). A
habilidade de dizer “não” a qualquer coisa em excesso – “auto-controle” — é um dos frutos
do Espírito que pertence a todos os Cristãos (Gálatas 5:22).

Deus nos abençoou ao encher a terra com comidas que são deliciosas, nutritivas e até mesmo
prazerosas. Devemos honrar a criação de Deus ao apreciar essas comidas em moderação,
controlando nossos apetites, ao invés de sermos controlados por eles.

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O QUE DIZ A BÍBLIA A RESPEITO DA HOMOSSEXUALIDADE ? A
HOMOSSEXUALIDADE É PECADO?

Pergunta: "O que diz a Bíblia a respeito da homossexualidade? A homossexualidade é


pecado?"

Resposta: A Bíblia nos diz de forma consistente que a atividade homossexual é pecado
(Gênesis 19:1-13; Levítico 18:22; Romanos 1:26-27; I Coríntios 6:9). Romanos 1:26-27
ensina especificamente que a homossexualidade é resultado de negar e desobedecer a Deus.
Quando a pessoa continua em pecado e incredulidade, a Bíblia nos diz que Deus “a
abandona” a pecado ainda mais perverso e depravado para mostrar-lhe a futilidade e
desesperança da vida longe de Deus. I Coríntios 6:9 proclama que os “transgressores”
homossexuais não herdarão o reino de Deus.

Deus não cria a pessoa com desejos homossexuais. A Bíblia nos diz que a pessoa se torna
homossexual por causa do pecado (Romanos 1:24-27), e definitivamente por sua própria
escolha. A pessoa pode nascer com grande tendência à homossexualidade, da mesma forma
como algumas pessoas nascem com tendências à violência e outros pecados. Mas isto não é
desculpa para escolher o pecado, cedendo aos próprios desejos pecaminosos. Se uma pessoa
nasce com grande tendência à ira, isto faz com que seja certo que, então, ceda a esses
desejos? Claro que não! O mesmo é verdade com relação à homossexualidade.

Entretanto, a Bíblia não descreve a homossexualidade como um pecado “maior” do que


qualquer outro. Todos os pecados são ofensivos a Deus. A homossexualidade é somente uma
das muitas coisas enumeradas em I Coríntios 6:9-10, coisas que vão manter a pessoa afastada
do reino de Deus. De acordo com a Bíblia, o perdão de Deus está disponível ao homossexual
da mesma forma como está disponível a um adúltero, adorador de ídolos, assassino, ladrão,
etc. Deus também promete força para conquistar a vitória sobre o pecado, incluindo
homossexualidade, a todos quantos crerem em Jesus Cristo para salvação (I Coríntios 6:11; II
Coríntios 5:17).

BIBLIOGRAFIA
Autor: Hebert A. Pereira
Ferreira, Franklin. Teologia Sistematica - uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual.
BANCROFT, Emery H.. Teologia Elementar; Doutrinária e Conservadora. São Paulo: IBR, 1966.
CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Trad. J. M. Bentes. 7.
ed. São Paulo: Hagnos, 2004.
COENEN, Lothar & BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento
ERICKSON, Millard J.. Introdução à Teologia Sistemática. Trad. Lucy Yamakami. São Paulo: Vida
Nova, 1997.
GRUDEM, Wayne A.. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 1999.

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