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LENZ CÉSAR
PRÁTICAS
DEVOCIONAIS
3 ª reimpressão
Ultimato
EDITORA
1999
rnDICf
Introdução 5
1. Prática da Leitura da Bíblia 9
2. Prática da Oração 15
3. Prática do Desabafo 25
4. Prática da Confissão 31
5. Prática da Restauração 41
6. Prática da Humildade 49
7. Prática da Introspecção 57
Copyright © 1993 by Elben Magalhães Lenz César
8. Prática da V igilância 65
Publicado com autorização e com todos os direitos reservados
9. Prática do Discernimento 69
EDJTORA ÜLTIJ'v1ATO LTDA. 10. Prática do Equilíbrio 73
Caixa Postal 43
36570-000 Viçosa MG 11. Prática da Espera 77
Telefone: (031) 891-3149 - Fax: (031) 891-1557
E-mail: ultimato@homenet.com.br
12. Prática da Descomplexação 83
13. Prática da Confiança 89
14. Prática da Ousadia 95
Projeto Gráfico: l;cJitora Ultimato 15. Prática da Resistência 101
1' Edição: 1993
2 ª Edição (ampliada): 1994 16. Prática do Poder 107
Capa: Fotografia do 1•itral da Igreja de Si. Laurentius, em Niederkalhach (Alemanha)
17. Prática da Vontade 113
18. Prática da Alegria 117
rn1QODílÇAO
N
Junto às águas
das aguas .
11
Mediterrâne o.
A �omparélç ão_ com_.9�-�aJgueiro§ é op..ar.iuna, po is es+es rto e para o Mar Me diter-
De Jerusalém para o Mar Mo de
� �_<!!!1 ., florescia m e f.9rr-n_ªyªmg1gjJ.as seJnpre
· ·- ···· pe ·· rto·····das
· ém suceder á que cor rerão
râneo: "Naqu ele di a tamb nt ,e
ª-��s (Lv 23.40, Sl 137.2, Ez 17.5). e delas para o mar or i
Jerusalém águ as vivas, metad
e al
cem ou são mantidos à distância. As práticas devocionais ainda dizer que você não se encontra desesperadamente e�
vão mant er o a vivamento e a plenitude do Espírito . estado d e absoluta desinformação q uanto a Deus, q uanto a
vida e quanto à eternidade. Você tem_ em sua própria lín gua
u m livro de texto e de de voção q ue enc er ra o prog rama todo
de Deus, uma espécie de enciclopédia q ue fornec e toda
sorte de inform ação teológica n ecessária , um m an ual de
avaliação q ue mostra a diferença entre o certo e o errado.
10 - Práticas Devodonaís
Prática da Leitura da B{blía - 11
Além de inspirada por Deus, toda Escritura é extre ma
sai da boca de Deus é como a chuva e a ne ve que desc e m
mente útil (2 T m 3.16). Ela fornece alimento para o espírito:
"Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra qu e dos céus e para lá não tornam sem que primeiro regu e m
II
Metodo logia
Contudo, para que este volume enorme de riqueza se
torne seu é necessário comer" a Palavra de Deus, à seme
II
Para s er altament e prov e itosa, a prática da leit u:a da
lhança de Ezequiel, que encheu as suas entranhas do rolo
Palavra de Deus de pende da qualidade do e mp ��nd imen
de um livro (Ez 2.8 - 3.3). Basta comer. O resto é com Deus. _
A ingestão da Sagrada Escritura depende de você. Trata-se to, qu e se consegue através das segu in:es pr_?videncia�:
de um exercício voluntário, consciente e pessoal. Faz-se isto 1. Ler. Pe rcorra com a vista o que esta e scnto, pro!ennd�
por meio da leitura cuidadosa e regular da Palavra. A ou não as palavras. Tome conhecimento do texto. Busc�i
l e itura formal, superficial, ocasional, desordenada ou su no livro do Senhor, e lede" (Is 34.16). O rei de Israe l dev e :1ª
e scre v er um tratado da lei do Se nhor para ler todos os dias
persticiosa rende muito po u co ou nada. Be m como a leitura
feita para satisfazer apenas o intelecto. Abre b e m a t u a
11
da sua vida (Dt 17.18-20).
boca", diz o Senhor,"e ta encherei" (SI 81.10). Você precisa 2. Meditar. Meditar é mais do que ler. Examine o texto
aprender a arte de abrir a boca" para mete r a Palavra d e
II
lido. Reflita sobre ele. Gaste alg um tempo para ficar por
Deus dentro do espírito. dentro da me nsagem que o texto en�e rra. Veja ª �isposição
_ ,
do salmista: "Os meus olhos antecipam as vig1has notur
Digestão nas, para que eu medite nas tuas palavras�' (SI 119.148). Só
n e ste Salmo, o verbo me ditar apar� ce seis ve�es , �quele
;
que medita na le i do Se nhor de di� e d n01te e como
Diferente da ingestão, a digestão é a assimilação da Sa
árvore plantada junto a corrente de aguas;, (SI 1.3).
grada Escritura e m se u interior. O processo é inconsciente, � .
3. Memorizar. Meta na cabeça o q ue voc e leu e medito u.
automático e irreversível. Uma vez ingerida, a Palavra qu e
Entregue-o à me mória, retenha-o, não o de ixe escapar.
Prática da Leitura da B{blia - 13
12 - Práticas Devoci.onais
Fez muito bem a Pedro lembrar-se de que Jesus lhe dissera:
Decon�, se não as palavras, pelo menos a mensagem do
"Hoje três vezes me negarás, antes que o galo cante'; (Lc
texto hd o. G�arde-a na despensa interior. Veja o propósito
_ 22.61).
do salmrsta: Induzo o coração a guardar os teus decretos,
para sempre, até ao fim" (SI 119.112). Para precaver-se do
pecado, o jovem deve conservar dentro de si os mandamen Sugestões
tos de Deus, e escrevê-los na tábua de seu coração (Pv 7.1-3).
Por causa do temperamento, do estilo pessoal de ler e de
4. Inculcar. Enfie bem para dentro a Palavra de D�us.
estudar e da disponibilidade de tempo, cada um deve
Coloque-a nas entranhas, "no mais íntimo do coração" (Pv
descobrir e adotar a maneira própria mais indicada de ler
4.21). Torne-a propriedade pessoal. Provoque uma impreg
a Bíblia. Os métodos alheios servem apenas de exemplos.
naçao da Sa?rada Escritura em todo o seu ser. Era isto que_
Considere, todavia, mais estas sugestões:
Isr�el deveria fazer com as crianças: "Estas palavras que�.
1. Reserve a hora mais propícia do dia para ler a Bíblia.
hoJe te ordeno, tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás
assentado em tua casa, e andando pelo· caminho e ao Isto varia muito de pessoa para pessoa. Seja exigente neste
deitar-te e ao levantar-te" (Dt 6.6-9). sentido e evite a hora menos propícia.
2. A preocupação maior deve ser com a qualidade da
5. �onferi�. Compare texto com texto. Não só para des
leitura e não com a quantidade. Você não precisa ler a Bíblia
cob�rr o sentido exato da passagem lida, mas também para
durante o ano, mas precisa ler a Bíblia com proveito o ano
ennquecer o seu conhecimento de toda a Escritura, consult
inteiro.
ando outras passagens paralelas. Por exemplo, digamos
3. Procure ler toda a Bíblia/ Não necessariamente de
que você está lendo a Epístola de Paulo a Tito e encontra a
Gênesis ao Apocalipse. Leia grupàs de livros: os livros
fras:: "E�tas <:_Oisas são excelentes e proveitosas" (3.8). A
poéticos, as Cartas de Paulo, os profetas menores, o Penta
partrr dai voce pode descobrir várias coisas excelentes ao
teuco, os quatro Evangelhos, os livros históricos e assim por
correr da Bíblia: o mais excelente nome (Hb 1.4), 0 mais
diante. Para i seu controle pessoal, coloque a data do início
excelente sacrifício (Hb �1.4), o mais excelente óleo (Am
_ e do final da leitura em cada livro.
6.6), o mars excelente caminho (1 Co 12.31), a excelência do
4. Sublinhe o que você achar mais interessante. Faça
episcopado (1 T m 3.1), o espírito excelente de Daniel (Dn
pequenas notas às margens ou num bloco à parte. Por uma
5.12) e a menção a Rúben, "o mais excelente em altivez e 0
questão de ordem é bom numerá-las. Uma numeração para
:11-ais excelente em poder", contudo "impetuoso co�o a
,, cada livro lido. O esforço de escrever as notas torna a leitura
agua (Gn 49.3-4). Ora, este esforço é altamente compensa
e a meditação mais sérias e ajuda a memorizar as lições
dor. Esclarece, edifica, enriquece e lhe dá uma visão global
aprendidas.
das Escrituras.
5. Use a Concordância Bíblica da Sociedade Bíblica do
6. Lembrar. Aprenda a fazer uso prático do que foi guar
Brasil, baseada na Edição Revista e Atualizada no Brasil da
dad? na :11��ória e na� entranhas. Retire do con1putador o
� Tradução de João Ferreira de Almeida ( 1100 páginas e
qu� Ja foi digitado, retire do banco o que _iá foi depositado,
300.000 linhas), para conferir escritura com escritura.
retire da despensa o que já foi armazenado, e sirva-se à
6. Se tiver tempo, quando necessário, consulte outras
vontade. Você nunca vai ficar na mão, sem assistência sem
versões em português (ou outras línguas) e a paráfrase A
!_@t a!1}�J:tt_(),Sempªo. É só lembrar e apli�:-É nesse se:1Üdo
Bíblia Viva, para entender melhor o texto e fugir da rotina
que Jesus disse: "Lembrai-vos da mulher de Ló" (Lc 17.32).
14 - Práticas Devodonais
CAPITIJ10 �
f
críticos dizem que a oração é válida, não porque penetra para a ansiedade: "Não andeis ansiosos de coisa alguma;
"até aos ouvidos do Senhor dos exércitos" (Tg 5.5), mas em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus as vossas
porque é emocionalmente saudável para quem ora.,No petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça; e
entanto, aqueles que oram corretamente estão convencidos_, a-paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará
de que sua oração chega de fato "até à santa habitação de os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus" (Fp
Deus, até aos céus" (2 Cr 30.27). E ainda perguntam com 4.6-7).
uma pequena dose de malícia: "O que fez o ouvido, acaso 2. Resultados espirituais. A oração força o exercício da
não ouvirá?" (SI 94.9). piedade e da disciplina pessoal, ajusta o homem aos padrõ
Apesar desta aparente irracionalidade, a oração é"a mais es de fé e de comportamento. O esquema é muito simples:
alta atividade da qual o espírito humano é capaz", segundo você ora porque precisa de Deus, mas, para ser ouvido, é
o professor E. A. Judce, da Universidade de Sidney, Austrá necessário que você compareça de mãos limpas perante o
lia. O homem ora porque tem necessidade interior de orar, Senhor. Ou, pelo menos, que inicie sua prece com arrepen
porque sabe que Deus existe e é "galardoador dos que o dimento e confissão de pecado, pois "Deus não atende a
buscam" (Hb 11.6), porque precisa de Deus e reconhece que pecadores" (Jo 9.31). Veja a percepção do salmista a este
ele não é semelhante aos deuses da mitologia greco-romana respeito: "Se eu tivesse guardado lugar para o pecado no
1
nem aos ídolos, que "têm ouvidos, e não ouvem" (SI 115.6). meu coração, Deus nunca me teria ouvido" (Sl 66.18 em A
Bíblia Viva). A oração bem sucedida depende de uma es
.Resultados treita união com Cristo: "Se permanecerdes em mim e as
minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que
Outra coisa estranha, mas óbvia em vista da onisciência quiserdes, e vos será feito" (Jo 15.7). Pedro chega a dizer
de Deus, é que o propósito da oração não é tornar Deus que a falta de compreensão entre marido e mulher, o egoís
ciente de nossa dor e de nossa necessidade. A oração é o mo de um e de outro e outros problemas conjugais causam
instrumento pelo qual confessamos duas coisas ao mesmo orações sem resposta da parte de Deus (1 Pe 3.7). Foi a
tempo: a estreiteza de nossos recursos e a extrema largueza necessidade imperiosa e urgente de ser atendido por Deus,
dos recursos do poder e do amor de Deus. A prática da a propósito da aproximação do irmão Esaú e do bando de
oração é um dos mais extraordinários meios de graça de 400 homens armados que o acompanhavam, que fez Jacó
que o homem pode dispor. A oração é a outra via de admitir que era um suplantador e d�ixar-se corrigir por
comunhão com Deus. A primeira via é a leitura da Palavra Deus, numa noite de oração do ouho lado do vau de
de Deus. Por esta via, Deus fala com você; por aquela via Jaboque (Gn 32.22 - 33.17). ·
você fala com Deus. 3. Resultados em termos de atendiinento. Deus respon
É possível classificar em três grupos distintos os efeitos de as orações de seus filhos, não necessariamente como
da oração: pedimos, mas a seu modo e de acordo com a sua soberarlia.
1. Resultados psicológicos. Por meio da oração, você Não poucas vezes, ele"é poderoso para fazer infinitamente
pode superar a tensão, a ansiedade, a angústia, certos tipos mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, confm·me
de depressão, o sentimento de culpa e outros estados emo .
o seu poder que opera em nós" (Ef 3.20). Sem oração v,ocê
cionais desagradáveis. É perfeitamente possível relç1xar du não alcança certas bênçãos. Jesus deixou claro: "Pedi, e
rante e depois da oração. A oração é uma das alternativas dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á" (Mt
Prática da Oração - 19
18 - Práticas Devodonaís
a sair de
7.7-8). Tiago vai mais além e declara com sua pe culiar você entra no santuár io de Deus (Sl 73.16-17) par
1.18, Mt
franqueza: ,,Nada tendes, porque não p edis" (fg 4.2). A semblante não mais carregado nem triste (1 Sm
oração t em um alcance enorme: "Muito pode, por sua 11.29).
e or a em
eficácia, a súplica do justo" (Tg 5.16). 5. Na intercessão, você se exercita no altruísmo
ios e das
favor do sofrimento alheio, dos problemas alhe
u p r Ped ro (Lç
necessidades alheias, assim como Jesus or o o
Elementos da oração .E
Hb 7.25)
2 2.32) e ora por t odos nós (Jo 17.20, Rm 8.34,
rcede p or
b om lembrar também que o própr io Espírito inte
II
A maior P:=1-rte de nossas orações são só orações de súpli is" (Rm 8.26-
ca. Para mu itos, oração e súplica são sinônimos perfeit os. nós sobremaneira com gemidos inexprimív e
de°::
2 7). A intercessão não é uma escolha, mas uma ?
r
Na verdade não é assim. A oração no contexto bíblico tem ode rr maIB
pelo menos seis elem entos, que não precisam marcar pre "Orai uns pel os o utros" (Tg 5.1?)- As vezes p
sença numa única pre ce, mas devem ser lembrados se mpre : l onge: "Orai pelos que vos perseguem" (Mt 5.4 �)-
ades pes
1. Na adoração, você exalta o caráter de Deus, a imensi 6. Na súplica, você apresenta as suas ne cessid
u espor ádi
dão, a perfeição e a beleza da cr iação e de todas as suas soais, familiares e comunitár ias, costumeiras o
c l a m a p ela
obras p osteriores, e se delicia com o próprio De us. A razão cas, q ue f o r m am u m le qu e e n o r m e , e
sta de D eus
máxima da adoração é "porque a sua misericórdia dur a intervenção amor osa e sábia de Deus. A respo
ter orado
para sempre", como declarou em uníssono o povo de Israel às vezes tarda, como no caso de Isaque, que deve
sa: era d e 40
p or ocasião da inaugur ação do templo de Jer usalé m (2 Cr vinte anos a favor d o engravidamento da espo
gêmeos
7.3) e como aparece rep etidamente no Salmo 136. anos quando se casou e de 60 quando nasceram os
e Isabel, a
2. Nas ações de graça, você agradece nominalmente as Esaú e Jacó (Gn 25.19-26). No caso de Zacar ias
u, os dois eram
manifestaçõ es da misericórdia, do amor e do pod er de D eus d emora foi mu ito maior: quando ela conceb e
pre a própria culpa e r ecorrendo à misericórdia divina. É 7.7), Se dois dentre vós concordarem a r espeito de q ual
11
prática da oração. O p ecado ar mazenado é uma desgraça pedirdes em oração, crendo, recebereis" (Mt 21.22) e Se me 11
(Os 13.12). pedirdes algu ma coisa em meu no me, eu o farei" (Jo 14.14).
4. N o extravazamento, você derrama a sua al m a perante S e o "amigo" (Lc 11.5-8), o pa i" (Lc 11.11-13) e o "j u iz" (Lc
11
D eus e fala de seus sustos e medos abertamente com o firme 18.4-5), mesmo sendo maus, dã o alguma coisa aos que lhe
propósito de descansa r no Senhor. É nesta hor a solene que pedem, quanto mais vosso Pai que está nos céus", arg u-
11
20 - Práticas Devocionais
Prática da Oraçíw - 21
menta com força o Senhor Jesus, "dará boas coisas aos que
lhe
havia consumido extremidades do arraial, se apago u (Nm
pedirem?" (Mt 7.11). Porém é preciso tomar alguns
cuidados: 11.1-3). Manoá orou para que o anjo que anun�iou o nasci
1. O motivo das o rações de ve ser co nstantemente burila mento de Sansão viesse mais uma vez e ele veto (Jz 13.8-9).
d o das tentaçõe s d o egoísmo e do consumismo. Uma das S--alomão implorou a bênção de Deus sobre o templo d�
razões do não -atendimento das orações é porque o objetivo Jerusalém e este o ouviu (1 Re 9.3). Em vários Salmos, Dav1
delas está todo errado: "Vocês pedem coisas para usá-las tem prazer e m testemunhar que o Se nhor ouve as suas
orações (SI 4.3, 5.3, 6.8-9, 18.6, 31.22, 40.1). Ezequias orou ao
para os seus próprios prazere s" (Tg 4.3 e m A Bíblia na
Linguagem de Hoje). Senhor por sua doença mortal e Deus o cu�o u (2 Re 20.5!.
Jonas fe z uma aflita oração no ventre do peixe e este vomi
2. Não se deve orar apenas por saúde, cura física, sucesso,
prosperidade m od e rada, felicidade e família. Há certas t ou O prof,eta numa praia do Mediterrâneo (Jn 2.1-10).
carências muito sérias que podem se r supridas por meio da Zacarias também orou em favor de sua esposa para que ela
oraçã o . De vemos partir daquele aviso d e Tiago: "Se algum
fosse fértil e Isabel lhe deu João Batista (Lc 1.13).
de vós necessita de sabedoria, peça-a a De us, que a todos Mas Deus também diz não a não po ucas orações, mesmo
dá l iberalmente, e nada lhe s impropera; e ser-lhe-á conce que elas sejam proferidas por pesso as de caráter e de �é.
dida" (T g 1.5). Se e m se u caso, a carência não é de sabedoria, Moisés implorou ao Senhor permissão para passar o Jordao
e ver a terra da promessa e Deus lhe disse: "Basta; não me
mas de al egria, entusiasmo, humildade, paciência, amor,
poder, pureza, ousadia, capacidade para o trabalho, equilí fales mais nisto" (Dt 3.23-29). Apesar d� ser um h omem _ d e
_
oração, Davi orou sentidamente pelo filh? rece m-: asc1do
brio, fé ou qualquer outra coisa, você tem o dire ito e o deve r 17
de levar insistenteme nte e sta necessidade a Deus em ora gravemente enfermo e Deus levou a cnança apos uma
ção. É para pedir o que não se te m, no raciocínio de Tiago. semana de intensa· oração e jejum (2 Sm 12.15-23). Paulo
A posse de stes valores extraordinários contribui para o se u conta que em três ocasiões diferente s imploro u a Deus pa _ �a
be m total e para o progre ss o do e vangelho. Este tipo de ficar livre do espinho na carne e cada vez o Senhor lh e d1z1a
oração se gue de perto o modelo apre sentado por Jesus não (2 Co 12.7-9). O mesmo apóstolo deve !e� o�ado pela
_
Cristo, pois santifica o nome de Deus, promove o seu reino saúde de Timóteo e de Trófimo, mas não ha md1caçao d e
e implanta a sua v ontad e " assim na terra corno no céu" (Mt
que eles tenham sido curados (1 Trn 5.23 e 2 T m 4.20).
6.9-10).
Oração e ação
O sim eo não
A oração não elimina a ação nem. a ação eli:11ina a oração.
Deus diz sim a muitas de nossas orações. É animador Ninguém melhor que Neemias soube valorizar uma� o�
listar os sins de Deus nas oraçõe s contidas na história tra, como se pode observar nesta info rmação do propno
bíblica. Isaque orou por sua mulhe r estéril e Rebeca conce punho do governador da Palestina na época d� reconstr1:
beu (Gn 25.21). Isra el clamou contra a dura servidão de ção de Jerusalém: "Todos procuravam ate�onzar-nos, d:
Faraó e Deus ouviu o se u gemido e os tirou de lá com zendo: As suas mãos largarão a obra, e nao se efetuara.
poderosa mão (Ex 2.23-25, Nm 20.14-16, Dt 26.5-9, A.t 7.34). Agora, pois, ó Deus, fortalece as minhas mãos." (Ne 6.9)
Moisés interc e deu pelo povo e o fogo do Senhor, que já D ois grandes cristãos do século XVI, um protestante e
alemão, e outro, católico e espanhol, escreveram frases
22 - Práticas Devocíonais Prática da Oração - 23
semelhantes sobre o equilíbrio entre a oração e a ação. O 3. Oração conforme a necessidade. Não é preciso esperar
mais velho, Lutero (1483-1546), dizia: "É preciso orar como a "hora nona de oração" para orar. Você é livre para orar
se todo trabalho fosse inútil e trabalhar como se todo orar em qualquer lugar, momento e situação. Depende da sua
fosse em vão". O mais novo, Loyola (1491-1556), afirmava: necessidade e de sua vontade. Você pode orar na rua, no
"Devo orar como se tudo dependesse de Deus, trabalhar trabalho, atrás de uma junta de bois, numa quadra de
como se tudo dependesse de mim". esportes, ao volante de um carro, numa fila de banco e
assim por diante. Neemias é formidável quanto a isto:
A frequência da oração quando Artaxerxes se dispôs a ajudá-lo e perguntou-lhe
como, na mesma hora Neemias fez uma oração relâmpago
Quantas vezes se deve orar? Só aos domingos, na igreja? para pedir a direção e a bênção de Deus, sem fechar os
Todos os dias na hora de levantar ou na hora de dormir? olhos, sem se expressar em voz alta e sem sair da presença
Somente para dar graças às refeições? Só em caso de fome, do rei (Ne 2.4). Estando em agonia, Jesus orava mais inten
doença e morte? A Bíblia tem respostas para estas indaga samente ali no Getsêmane (Lc 22.44).
ções. 4. Oração contínua. O "orai sem cessar" ,de Paúlo (1 Ts
1. Períodos rígidos de oração. Porque a oração é de 5.17) significa uma abertura total à oração. E como se você
grande importância e porque o homem é naturalmente vivesse vinte e quatro horas por dia dentro de uma oração.
indisciplinado, é bom que haja algum horário fixo de ora É a manutenção pura e simples do espírito de oração em
ção, como acontece até hoje entre judeus e muçulmanos. todas as coisas, mesmo sem se ajoelhar e sem falar. O que
Daniel se obrigava a orar de joelhos três vezes ao dia (Dn caracteriza este tipo nobre de oração é o sentimento cons
6.10). O próprio Davi fazia o me1?mo em intervalos regula tante de suas carências, a permanente dependência de Deus
res quem sabe de seis horas: A tarde, pela manhã e ao
11
e a cuidadosa manutenção de uma confiança total em Deus.
meio-dia, farei as minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá A oração contínua é mais do que a oração noite e dia
a minha voz" (Sl 55.17). Em Atos, encontramos duas refe daquela viúva de 84 anos que não deixava o templo de
rências à hora nona de oração (três horas da tarde), tanto Jerusalém e que tinha estado casada apenas 12,6% de seus
no templo (At 3.1) como em casa do centurião romano que dias (Lc 2.36-37).
absorveu este costume dos judeus (At 10.30).
2. Períodos especiais de oração. Os horários fixos e diá
rios de oração não dispensam algo como um dia inteiro de
oração, uma noite de oração, três dias de oração e jejum
(como aconteceu aos judeus que se achavam em Susã na
época de Ester), uma semana de reuniões de oração, etc.
Jesus tinha o hábito de passar uma noite inteira orando a
II
Prática do Desabafo
l atório, re spiratório e diges tivo. O desabafo é uma n ecessi de espírito, Davi deveria ser um excelent e
am argúrados
da�e e uma po ssibilidade. esmo , naq uela
ouvidor de desab afos (1 Sm 22.2). Ele m
E uma p ossibilidad e porque a Bíblia está cheia d e d esa constante amea-
altura d a vida, era um exilad o político sob
bafo s. Dois livros do Velho Test amento tr atam quase excl u ç a de morte.
sivamente d e d esabaf os : Jó e S almos . Algurnas passagens
2. Desabafo clínico. É o desabafo realizad� �i ante d e u m
t razem um insistente convite ao desabafo: tro rehg10so , d e u m
conselheiro capacitado , d e um minis
"Confiai nele, ó povo, em todo o tempo; derramai perante ele o psicólogo psicoterapeut a ou psiquiatra . Trat a-se d e u ma
vosso coração: Deus é o nosso refúgio" (SI 62.8). assistênci; técnica, ora de o rdem religi
osa , ora d e ord em
101:ge que E�ias e J�nas. Jó amaldiçoou a noite em que seu fez votos ao Senhor. A despeito da desnecessária e infeliz
pai e sua mae coabitaram e ele começou a existir, amaldi interferência do sacerdote Eli, que a teve por embriagada,
ç<:'ou a gravidez tranqüila e sem interrupção da mãe, amal Ana, ali mesmo no templo, colheu os benefícios do desaba
diçoou o seu dia natalício e os peitos carregados de leite frr. perdeu o semblante triste e recuperou a vontade de se
alimentar. Poucas semanas depois, a ausência da menstrua
°;ªterno que impediram a sua morte ao nascer CTó 3.1-26). ção deixou-a convencida de que Deus ouvira tambémª- sua
J� quer morrer, quer parar de sofrer, não agüenta mais
viver. Daí as perguntas próprias ao seu desabafo: súplica e lhe estava dando um filho (1 Sml.1-28)./ ·
í:P�r que se concede luz ao miserável, e vida aos amargurados A história do desabafo de Ana não para aí. E preciso
de anzmo, que esperam a morte e ela não vem?" CTó 3.20). acrescentar que ela se engravidou outras cinco vezes e que
"Por que espe�ar se já não tenho forças? Por que prolongar a o primeiro filho foi um dos mais famosos homens de Deus
. do Velho Testamento (Jr 15.1), líder do reavivamento que
vida se meu fim e certo?" (Jó 6.11).
ºPor que me tiraste da madre? Ah! se eu morresse, antes que tirou a nação do estado moral deplorável deixado pela
olhos nenhuns me vissem!" CTó 10.18). inescrupulosa liderança dos filhos de Eli (1 Sm 2.12 - 7.17).
�mbora não compreendido e repreendido por seus três
amigos, Jó é considerado íntegro, reto e temente ao Senhor, Outros desabafos
ao� olhos do próprio Deus CTó 1.1,8 e 22; 2.3). O que ajudou
a Jo a sobreviver foram os seus contínuos desabafos. Qualquer problema que gera intraqüilidade é motivo de
desabafo diante de Deus. A carta malcriada e desafiadora
O desabafo de Ana que o rei da Assíria enviou para o rei de Judá foi motivo
para Ezequias subir à casa do Senhor e estender a carta
diante de Deus em oração (2 Re 19.14-19). Algum tempo
O mais detalhado desabafo da Bíblia é o de Ana, nmlher
depois, o mesmo Ezequias adoece de uma enfermidade
de Elcana e mãe do extraordinário profeta Samuel. Ela tinha
mortal e volta à prática do desabafo: ele chora, ora e recla
uma tremenda desvantagem física, a incapacidade de con
ma, e Deus ouve a sua oração, vê as suas lágrimas e restaura
ceber e engravidar, numa época em que não ter filhos era a
a sua saúde (2 Re 20.1-11).
coisa mais humilhante possível para a mulher casada. A
No caso de Asafe, que era chefe da música no tempo de
outra esposa do marido bígamo (Penina) se valia desse
Davi (1 Cr 16.4-5) e autor de doze Salmos (50 e 73 a 83), o
problema para a irritar excessivamente. O marido nada
problema foi muito diferente e extremamente grave. Ele
podia fazer. Ana começou a entrar em pânico e tornou-se
candida!a certa a um desequilíbrio emocional de graves teve uma crise de fé tão séria que os seus pés quase se
resvalaram e pouco faltou para que se desviassem os seus
proporçoes. Ela passou a ter freqüentes crises de choro e de
passos do caminho do Senhor (SI 73.2). O que o salvou desta
anore�ia. Então veio a idéia de um desabafo cheio e vigo
complexa e perigosa crise foi a prática do desabafo. Duran
toso diante de Deus. Aproveitando a visita anual da família
te o desabafo no santuário de Deus, Asafe enxergou coisas
a. Silo para adorar e sacrificar ao Senhor, Ana permaneceu
que não tinha visto antes e recuperou a confiança anterior
a sós n o templo, onde chorou abundantemente e expôs a
no Senhor (Sl 73.16-28).
Deus o seu drama íntimo. Ela se demorou em orar, destam
pou a alma, derramando-a em oração, pôs para Jora o
excesso de sua ansiedade, suplicou a graça da concepção e
'
CAPI�O 4
Prática da Confissão
todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Embora você não tenha chegado ao ponto de satisfazer a
Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados" vontade de pecar, é justo que você lamente diante de Deus
(1 Jo 2.1-2.) Poucas coisas provocam tanto bem-estar como o potencial pecaminoso de que é portador. Já é um trans
a prática da confissão: "Bem-aventurado aquele cuja iniqüi torno e sinal de decadência a vontade de mentir, a vontade
dade é perdoada, cujo pecado é coberto" (Sl 32.1). Não de adulterar, a vontade de aparecer, a vontade de roubar, a
obstante, é bom ficar bem claro que a confissão remove a vontade de difamar. Neste caso, você confessa não o pecado
culpa e a sujeira moral, mas não remove as conseqüências cometido, mas o pecado desejado. Este tipo de confissão é
naturais do pecado, embora possa aliviá-las. saudável, pois revela que você tem consciência pessoal da
O texto bíblico que mais encoraja a prática da confissão queda, da vulnerabilidade e da necessidade do auxílio?º
é de João: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e alto. Observe como o salmista se queixa de alguma cmsa
justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda que o acompanha sempre: "A minha dor está sempre pe
injustiça" (1 Jo 1.9). Se você acredita nesta dupla promessa rante mim" (Sl 38.17), "A minha ignomínia está sempre
- a promessa do perdão e a promessa da purificação - e faz diante de mim" (SI 44.15) e "O meu pecado está sempre
a confissão devida, você pode e deve levantar-se de seus diante de mim" (SI 51.3). A melhor confissão da pecamino
joelhos na certeza de que alcançou ambas as bênçãos. sidade latente foi escrita e assinada por Paulo e se encontra
na Epístola aos Romanos: "Eu sei que em mim, isto é, na
O que confessar minha carne, não habita bem nenhum" (7.18).
Algumas pessoas têm dificuldade de confessar. Não sa 3. Confesse o seu envolvimento com a estrutura pecaminosa
bem exatamente o que declarar diante de Deus. Porque a deste mundo e com os pecados dos outros.
confissão deve ser consciente e precisa, aqui estão algumas
lembranças: Muito mais freqüentemente do que pensamos, certa�
atitudes nossas provocam o pecado alheio e vice-versa. E
1. Confesse o pecado cometido. muito fácil ser "cúmplice de pecados de outrem" (1 Tm
5.22). Os pais podem irritar os filhos, o marido bru�o e
_
egoísta pode levar à infidelidade a esposa, os patroes ricos
Deus exige que você confesse"aquilo em que pecou" (Lv
e sovinas podem causar desânimo e rebeldia aos tra��lh�
5.5). Cite-o pelo nome certo. Talvez seja a inveja, a maledis
dores, os governos injustos podem provocar desobed1encia
cência, a dificuldade de perdoar, a irritação, a palavra
impiedosa, a indelicadeza, o egoísmo, a soberba, a conten civil e anarquia. Esta quota de participação com o pec�do
geral precisa ser confessada. Isaías se declarou perdido
da, a lascívia, a falta de amor, a apropriação indébita, a
profanação do nome de Deus, o mau trato dispensado ao porque era homem de lábios impuros e habitava "no meio
cônjuge ou ao filho, a acepção de pessoas, a incredulidade dum povo de impuros lábios" (Is 6.6).
para com Deus e muitas outras coisas. Declare sua falha,
4. Confesse as faltas que lhe são ocultas.
desobediência e culpa.
Há pecados tão cornqueiros, costurneiros, generalizados
2. Confesse a pecaminosidade latente. que não são de imediato e fácil discernimento. Mesmo
Prática da Confissão - 35
34 - Práticas Devodonais
a ssim devem ser confessa dos, a exemplo de Da vi: "Quem Obstácutos à conf issão
sou eu p ar a saber os pecados que se escondem em meu
interior? Por favor, Senhor, perdoa estes meus pecados!" (SI O homem que cometeu adultério com Bateseba e m an
19 .12 em A Bíblia Viva). Junto com esta c onfissão, vo cê deve dou m at ar o marido dela admite que perdeu muito tempo
fazer a súplica do Salmo 139: "So nda-me, ó Deus, e conhece enqua nto calou os seus pecados. A mão de Deus pesava
o meu coração; prova -me e conhece os meus pensa mentos;
sobre ele dia e noite e o seu vigor se tornou em sequidão de
vê se há em mim a lgum caminho mau, e guia -me pelo estio. Ele precisav a desesper a d amente do perdão de Deus
ca minho eterno". e da perfeita paz, que só viria m depois da confissão. Davi
mesmo se prejudicou e se desgastou desnecess ariam�nte,
atra sando o processo d a cur a do pec ado (Sl 32.1-5). E de
Formas de confissão t odo necessário co nhecer e analisa r os obstáculos que tor
n am morosa e tar dia a prátic a da confissão:
Tome cuidado com a confissão formal, generalizada de
m ais, extremamente vaga, b ase ada em chavões, qu a se sem 1. Orgulho.
pre desacompa nhada de convicção real de pecad o e de pro
o utro ingrediente indispensável, que é o arrependimento . O pecador não quer admitir que pecou e resiste ao
"Não
A confissão pode ser individual e coletiva. N a primeir a, cesso que o levaria a ter co nvicção de pec ado. Ele diz:
r ex t men te c nt r ár i o :
v ocê usa , o verbo n a primeira pessoa do singul ar: "Eu pequei", quando deveria dize a a o o
d r gr aç as
pequei". E o caso de D avi: "Pequei contra o Senhor" (2 Sm "Pequei". O fariseu da paribola de Jesus cheg a a a
ais homens, nem a ind a
12.13). E t ambém do principal personagem da parábola do a Deus porque não era como os dem
dia nte de
f�ho pród�go: "Pai, pequei co ntra o céu e diante de ti; já como aquele publicano que se declar ava culp ado
Deus (Lc 18.1-14). Tais pessoas preferem fugir a vida inteira
nao sou digno de ser chamado teu filho" (Lc 15.21). N a ivo e
::eg:1nda, você ,;1s,a o verbo n a primeir a pessoa do plur al: d a justiça divin a, à semelhança de C aim: "Serei fugit
N os pecamos . E o caso de Neemias na cidadela de Susã err a nte pela terra" (Gn 4.14).
ao t om ar conhecimento d a situação de Jerus a lém: "Eu e�
ca sa de meu p ai temos pecado" (Ne 1.6). N a confissão 2. Consciência endurecida.
coletiva, c ada um a ssume a sua própria culpa, como f amília
(eu e meus filhos pecamos), como igreja (eu e meus irmãos O pecador não percebe o seu próprio pecado. Enxerga
pecamos! e ,:orno na ção �eu e meus compatriot as pecamos). com facilidade e, às vezes com lentes de aumento, o pecado
alheio, mas é incap az de se ver "infeliz, miserável, pobre,
, A conf_rss�o pode ser amda normal e especial. A primeir a cego e nu", como aconteceu com o a njo da igreja em Laodi
e a conf1ss ao de pecados e deslizes recentes, feita com o
o bjetivo de manter a higiene da alma . Depende de um a
céia (Ap 3.17). Este é um fenômeno comum. Qua ndo acu
c�:mstante e apur ada sensibilidade e da prática da vigilâlit sa do, o pec ador sempre pergunt a: "Por que nos a mea ça o
cra. A segunda é a confissão de pecados e deslizes acumu Senhor com todo este gr ande mal? qu al é a nossa iniqüida
l a d o s, tr a zid o s à ton a em ép o c a s de re a viv a ment o. de, qual é o nosso pecado, que cometemos contr a o Senhor
Depende de um mover podero so do Espírito de Deus na no sso Deus?" (Jr 16.10). Esta dificuldade lev a o pecador às
igreja . r a ia s do cinismo: "Em que despreza mos o teu no me?", "Em
36 - Práticas Devodonais Prática da Confissãn - 37
q ue o enfadamos?", "Em que havemos de tornar?" "Em 1. A diminuição ou a perda da paz de Cristo.
q ue te roubamos?" e "Que temos falado contra ti?" (MI
1.6,
2.17, 3.7,8 e 13). A paz interior e continuada é uma das maiores riquezas
dõ'"evangelho: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou" (Jo
3. Medo de pecar outra vez. 14.27). É sinal de comunhão perene com Deus e de confian
ça nele: "Tu conservar ás em p erfeita paz aqu ele cujo pro
O pecador admite qu e pecou, mas já cometeu o mesmo pósito é firme" (Is 26.3). Qualqu er alteração desta paz pode
P:cado outras �ezes e não E_:Stá suficientemente seguro que indicar a presença de alguma coisa errada no compo rta
_ mento. Daí a palavra de Paulo: "Seja a paz de Cristo o
n �o � �o�etera mais. Entao, ele prefere não confessar a
r e mcidencia. Ele teme o cinismo, o que é uma virtude. árbitro em vossos corações" (Cl 3.15).
Ac<:>nt ec e, porém que a falta de confissão, além de outros
pr eJuízos� vai deixar a po rta aber'ta ao pecado. Se houver 2. A interrupção brusca da alegria.
arrepend1mento, nada impede que ele volte à confissão
qu antas vezes forem necessárias. Ora, se Jesus nos ensinou A rigor, salvo algum momento de tribulação, a alegria é
a p erdo:3-r "até setenta vezes sete" (Mt 18.22), não nos uma constante na vida do crente. Basta lembrar a famosa
p �rdoana o mesmo tanto se dele nos aproximarmos para advertência de Paulo: "Alegrai-vos sempre no Senhor" (Fp
d12er mais uma vez: "Estou arrependido" (Lc 17.3-4)? 4.4). Mas a alegria não combina com o pecado: "Suporto
tristeza por causa do meu pecado" (Sl 38.18). A escassês de
4. Noção de pecado. alegria está relacionada com o pecado. Por esta razão, ao
confessar o seu adultério com Bate-Seba, Davi suplica ao
Senhor: "Restitui-me a alegria da tua salvação" (Sl 51.12).'
O p ecador não sabe ao certo o que é pecado. Ele é capaz
de co�r o mos9-uito e engolir o camelo (Mt 23.24). Dá mais 3. O desagradável senso de culpa e de sujidade espiritual.
atença? à tradição cultur al do que à Palavra de Deus (Mt
15.6). A_s vezes, só enxerga o pecado sexual; outr as, só toma Invariavelmente o ser vo de Deus que comete pecado
conhec1mento do pecado social. Para resolver esta dificul sente em seguida, ou algum tempo depois, uma necessida
dade realmente séria é necessário recorrer ao conceito de de enorme de perdão e de purificação. A experiência de
p ecado tão bem resun::1-ido nestas palavras: "Pecado é qnal Davi foi muito marcante quanto à sensação de imundícia
q u er falta �e conformidade com a lei de Deus, o u q ualquer moral. Ele chegou a pedir a Deus: "Não me repu lses da tua
transgressao dessa lei". p resença" (Sl 51.11). Suplicou também q ue o Senhor o
lavasse completamente da sua iniqüidade e o purificasse
Os alarmas de Deus de seu pecado (Sl 51.2), para que ele ficasse "mais alvo que
a neve" (51 51.7).
. Assim como a febre anuncia a existência de uma anorma
lidade qu alquer do or ganismo, Deus faz uso de alguns 4. A pressão da boa consciência.
_
expedientes para levar o pecador à prática da confissão.
Entre eles, é possível mencionar: Se a consciência na.o for de todo perdida nem danificada,
Prática da Confissão - 39
38 - Práticas Devodonais
ado, o homem não
sup?rta
dor" (Lé 5.8). Por causa do pec
ela exe ��e �m papel acusatório muito válido . Jesus agu çou a voz de D eus na transfigu
a glória do Senhor. O só ouvir ssem d e
a consc1encra d aquel es escribas e fariseus que levaram à sua edro , Tiago e João caí
ração de Jesus, fe z com que P mesmo
presença a mulher surpreendida em adultério, de tal modo medo (Mt 17.6). O
qu� eles abandonaram o local um por u m, a começar pelos bruços , tomados de grande país de Sansão (Jz
eão (Jz 6.22), com os
aconteceu com Gid
n:1,:3-1s :Velhos, deixando só Jesus e a mulher (J o 8.9). A cons João n a ilha de Patmos
cre ncia pura gaba-se de feitos tremendos. 13.20,22), com Isaías (Is 6.6) e coma em glória, or a atra vés
est
(Ap 1.17). D eus ainda se manif
, r atr vés d e uma mensagem pode
d e um t exto sagrado o a a
5. O peso da mão do Senhor. riência pessoal com o Senhor.
rosa, ora atra vés de uma expe
A _ mão do S enhor abençoa (Ed 7.9, 8.18), mas também
castiga (Ex 7.5, 1 Sm 5.6). A experiência de muitos coincide 8. A palavra acusatória de alguém.
co m a de Davi: "De dia e de noite sentia a mão d e D eus a gora
es introspectivos até
pesando sobre mim, fazendo co m as minhas forças O que a Em certos casos, os expedient nam sozi
a do ou não funcio
�ca faz com um pequ eno riacho" (SI 32.4 em A Bíblia Viva). apresentados não dão result
a ao pecador qu e le pecou.
e
E :ss e e stado de fra queza que aproxima o pecador d a
_ nhos. É preciso que alguém dig (2 Sm
a vi: "Tu és o home m"
pratica d a confissão. Foi o que Natã f ez com o rei D 29) e o
re i Aca be (1 Re 21.
12.7). Ou o que Elias f ez com o
6. A Ceia do Senhor. que Paulo f ez com Cef as (Gl 2.1
1-14).
suficiente para abalar profundamente qualq uer pecador. quando o seu rela ciona me
Ele e nx erga claramente tanto a santidad e absoluta de Deus s eu pecado e de sua hipocrisia a é e la do
eio à tona: "Mais j u st
co mo a sua ��pra vaçã o I? esso al. Entã o é cap az d e reagir t o carnal com a nora Tamar v
-
como Pedro. S enhor, re trr a -te de mim, porqu e sou peca - que eu " (Gn 38.26).
40 - Práticas Devodonais
'
10. A disciplina eclesiástica.
Prática da Restauração
perdeu a vontade de orar, perdeu o gozo da comunhão com não é a' vara, mas a própria videira (Jo 15.5). Você trocou a
Deus, perdeu a força da esperança cristã, perdeu a capaci plenitude de Deus pela plenitude de seu próprio eu.
dade de crer, perdeu o poder da fé. Tornou-se frio, insensí
vel, incrédulo e apático. Você trocou a Casa do Senhor (SI A capacidade do Restaurador
122.1) pela sua casa.
Basta passar os olhos na história da redenção para você
2. Perda das obrigações morais. descobrir ou redescobrir: a capacidade sem medida do Res
taurador. Não importa o tamanho do estrago. Nem as
Você está no fundo do poço porque se desobrigou grada diferentes áreas em que se deram os estragos.
tivamente dos mandarnentos de Deus. Você se soltou. Fez
concessões à carne, ao mundo e ao diabo. Ao invés de não 1. Restauração física.
se conformar com este mundo (Rm 12.2), você passou a não
se conformar com a obrigação imposta por Jesus de negar Deus restaura a saúde ao doente (Is 38.16), a vista ao cego
se a si mesmo (Lc 9.23). Você trocou o fruto do Espírito pelas (Lc 4.12), a fala ao mudo (Me 7.35) e o juízo ao endemoni
obras da carne (Gl 5.16-24). nhado (Me 5.15). Devolve à posição erecta a mulher por
dezoito anos encurvada (Lc 13.13). Restaura a mão até
3. Perda da pureza doutrinária. então ressequida (Lc 6.10).
mares, praias e oceanos. Replanta a flora e recria a fauna. interessado no bem-estar de Urias quando mandou buscá
Cria novos céus e nova terra (2 Pe 3.13). Redime a criação lo da frente da batalha para Jerusalém: o rei queria apenas
do cativeiro da corrupção "para a liberdade da glória dos que ele se deitasse com a mulher para que a gravidez dela
filhos de Deus" (Rm 8.21). fhsse atribuída ao esposo. O presente que Davi lhe deu era
um instrumento para beneficiar o rei e não o valente oficial
5. Restauração final. do exército. Pior de tudo foi a encenação de Joabe e de Davi
para justificar a morte de Urias perante a opinião pública.
Deus em Cristo tira o pecado do mundo, refaz o que o Foi um caso de extrema corrupção, da qual Bate-Seba não
homem fez de errado. A história não termina com a notícia parece estar isenta (2 Sm 11.6-27).
de que "por um só homem entrou o pecado no mundo" Ora, depois de tanta miséria, o autor do Salmo que
(Rm 5.12), mas com a notíciq de que Jesus é "o Cordeiro de descreve a onisciência e a onipotência de Deus (Sl 139) está
Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1.29). em pandarecos (SI 6.2-3), sob o peso esmagador da mão de
Deus (SI 32.4) e dentro de um tremedal de lama (Sl 40.2).
A restauração de Davi Ele gàsta pelo menos nove meses para reconhecer e confes
sar tudo de errado que havia feito (2 Sm 12.13, SI 32.5).
É quase inacreditável que um homem como Davi, a quem Suplica a misericórdia de Deus na forma de perdão para o
se atribui a autoria de 73 dos 150 Salmos, e que possuía pecado (SI 6.1-7) e na forma de purificação para a injustiça
certos traços de caráter muito especiais (1 Sm 24.6, 26.8-11, (SI 51.1-12). Aceita a morte da criança, o incesto de Amnon,
2 Sm 23.13-17, 1 Cr 21.18-27), tenha descido tanto e come as trapalhadas de Absalão, a provocação de Simei, a mal
tido pecados tão grosseiros depois de uma carreira acen dade de Aitofel, a morte de Absalão e a sedição de Seba -
tuadamente bem sucedida e depois de conquistar a �orno conseqüências diretas ou indiretas de seu mau exem
admiração de todo o povo. Os pecados deste "mavioso plo (2 Sm 12.10-12).
salm�ta do Senhor" (2 Sm 23.1) não foram banais. Davi O processo de restauração tinha que incluir todos estes
cometeu adultério com Bate-Seba, cujo esposo não era ju acontecimentos e demorou mais de dez anos. Ao cabo de
deu, n1.as teria abraçado o judaísmo. Nesta ocasião, Urias, tudo, Davi recupera o prestígio, a autoridade, o trono, a
o heteu, mencionado como um dos trinta e sete valentes de comunhão com Deus, a delicadeza de seu caráter, as bên
Davi (2 Sm 23.39), achava-se ausente da esposa por estar a çãos de Deus e a experiência de que "ond� abundou o
serviço do exército de Israel no assédio à Rabá (2 Sm 11.1). pecado, superabundou a graça" (Rm 5.20). E ele mesmo
O segundo grande pecado de Davi foi o assassinato de quem conta: "De todos os meus filhos, porque muitos filhos
Urias, "com a espada dos filhos de Amom" (2 Sm 12.9). Ele me deu o Senhor, escolheu ele a Salomão para se assentar
rnatou um homem virtuoso, que não aceitava privilégios se no trono do reino do Senhor sobre Israel" (1 Cr 28.5). Ora,
outros estivessem privados deles (2 Sm 11.6-13). Curiosa este Salomão era filho "da que fora mulher de Urias" (Mt
rnente, neste sentido, Urias era muito parecido com o rei - 1.6). Criado pelo profeta Natã (2 Sm 12.25), o mesmo que
Davi também não quis beber a água do poço de Belém acusou Davi de adultério, Salomão foi também escolhido
porque ela quase custou a vida de seus amigos (2 Sm por Deus para edificar o Templo do Senhor em Jerusalém
24.13-17). O terceiro grande pecado de Davi foi a conexão (1 Cr 28.6). O ponto mais alto da graça de Deus, porém, está
dos dois prin1.eiros pecados com a hipocrisia. Ele não estava na presença de Davi e Bate-Seba na árvore genealógica de
46 - Práticas Deuodonais Prática da Restauração - 47
Jesus Cristo, ao lado da virtuosa Maria e de algumas mu declaração de amor e a tríplice comissão haviam cancelado
lheres - Tamar, Raabe e Rute -, que jamais estariam ali se emocionalmente a tríplice negação de Pedro, livrando-o da
não fosse a maravilhosa e soberana graça de Deus (Mt "excessiva tristeza" (2 Co 2.7), curando-o de qualquer com
1.1-1 7). A Bíblia também registra que Davi "morreu em plexo e tirando-o outra vez da pesca para o apostolado (Jo
ditosa velhice, cheio de dias, riquezas e glória" ( 1 Cr 29.28). 21.15-23).
Talvez seja o exemplo mais extraordinário de restauração
de toda a Escritura! O caminho da restauração
A restauração de Pedro Para sair do fundo do poço é preciso fazer alguma coisa.
Não o impossível. Apenas o possível. O impossível corre
A maneira como Jesus restaurou a Pedro é uma verdadei por conta de Deus. São coisas simples, mas fundamentais:
ra aula de psicologia e terapia pastoral. O apóstolo havia
cometido vários erros: não levou a sério o aviso de Jesus de 1. Entre com o desejo.
que o negaria por três vezes consecutivas, não se lembrou
de que a temperatura do ambiente espiritual não é obriga Este é o início de todo o processo. O "eu não quero" (Sl
toriamente a mesma em circunstâncias diferentes (a dife 81.11, Ap 2.21) atrapalha tudo. Lembre-se do lamento de
rença era enorme entre o Cenáculo e o Getsêmani) e emitiu Jesus sobre Jerusalém: "Quantas vezes eu quis reunir os
cheques muito altos sem o necessário suprimento: "Ainda teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo
que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo das asas, e vós não o quisestes!" (Mt 23.37). Mas até para
te negarei" (Mt 26.35). Por causa desta falta de avaliação querer é possív_el contar com o auxílio do Senhor: "Deus
adequada e justa, Pedro negou o Senhor as três vezes está operando em vocês, ajudando-os a desejar obedecer
consecutivas e ficou arrasado: "E, caindo em si, desatou a lhe, e depois ajudando-os a fazer aquilo que ele quer" (Fp
chorar" (Me 14.72). Logo ele, a quem Jesus havia dito na 2.13 em A Bíblia Viva).
presença de todos: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edifica
rei a minha igreja" (Mt 16.18). 2. Entre com o pedido.
A pública restauração de Pedro se deti a menos de qua
renta dias depois da ressurreição de Jesus, num cenário Comece a orar perseverantemente para Deus o tirar "do
idêntico ao de sua chamada para ser pescador de homens, poço da perdição, dum tremedal de lama" (SI 40.2). Veja o
cerca de três anos antes (compare Lc 5.1.11 com Jo 2 1.1- 23). tríplice pedido de restauração de Israel no Salmo 80, cada
Após a pesca maravilhosa e após a refeição, ali mesmo na um dele encompridando o nome de Deus: "Restaura-nos,
praia, estando todos reunidos em torno do Senhor ressus ó Deus" (v.3), "Restaura-nos, ó Deus dos Exércitos" (v.7) e
citado, sem mais nern menos, Jesus pergunta três vezes "Restaura-nos, ó Senhor Deus dos Exércitos" (v.19).
consecutivas a Pedro se ele o amava, dando ao apóstolo«
oportunidade de declarar também por três vezes consecu 3. Lembre-se onde, quando e como começou a crise que o
tivas em voz alta o seu amor por Jesus. A cada resposta de deixou no fundo do poço.
Pedro, o Senhor lhe dizia: "Apascenta as minhas ovelhas".
No final daquele encontro, a tríplice indagação, a tríplice Você precisa pegar o fio da meada outra vez. Foi este o
,
CAPlTIJ10 6
48 - Práticas Devocionais
Você precisa voltar "à prática das primeiras obras" (Ap A prática da humildade é a arte da contenção e
2.5). Aquelas que você observava com zelo e com alegria no privação da soberba e seus semelhantes: o
passado. Comprometa-se outra vez. Faça uma nova profis orgulho, a vaidade, a jactância, a altivez de espírito,
são de fé. Enfie de novo o pescoço debaixo do jugo liberta a auto-suficiência e a estima exagerada. Por sua
dor de Cristo: "Tomai sobre vós o meu jugo" (Mt 11.29). natureza, a humildade tem que se alojar primeiro no
íntimo para só depois se exteriorizar"'
6. Deixe o resto com Deus.
Este resto é o n1ais difícil, mas ele o fará. Deus vai curar A humildade não é a negação pura e simples de dons,
as feridas, cuidar das cicatrizes, consertar os traumas, recu
1
capacitação e virtudes pessoais, mas o sentimento constan
perar o tempo perdido, acabar tom os complexos, comis te da necessidade de Deus para se ter uma vida de vitória
sionar outra vez, devolver a alegria perdida e acalmar o seu sobre o pecado e sobre as circunstâncias e cheia q.e frutos
coração. Fique certo disso: "Entrega o teu caminho ao verdadeiros e saudáveis. Não é a mera rejeição de prêmios
Senhor, confia nele, e o mais ele fará" (SI 37.5). e coroas, mas a transferência destes para quem de direito,
como aconteceu com os vinte e quatro anciãos no Apoca
lipse de João (Ap 4.9-11). Não é a auto-desclassificação, não
é a renúncia da inteligência, da sabedoria, da experiência,
da força de vontade e do trabalho árduo, mas a associação
disto tudo com os recursos que promanam de Deus. Não é
a inatividade, mas a atividade comandada e alimentada
pela sabedoria e pela providência de Deus. Não há como
50 - Práticas Devocionais Prática da Humildade - 51
A soberba é coisa séria Tanto Tiago (Tg 4.6) como P edro (I P e 5.5) trouxeram para
o Nov o Testament o outro provérbio de Salomã o sobre a
�esmo na vida secular a soberba é tratada com o algo soberba: "No trato uns com os outros, cingi-vos to dos d e
_ humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo
p erigoso . Diz-se com freqüência que a soberba tem sido um
� os motivo s d e derrotas surpreend entes no mu ndo espor aos humildes concede a sua graç a". O nosso comp orta
tivo . Os e ufóric os jogadores deixam a ch uteira à b eira do m ento nesta área determina a atuação d e Deus.
gr amado e entram no camp o d e salto alto, com enta a
t orcida para zombar da auto-suficiência dos atletas. Para 4. O cântico de Maria.
52 - Práticas Devocionais Prática da Humildade - 53
Por ter sido escolhida para ser a mãe de Jesus, Maria ficou profecia do Senhor e a árvore cuja altura chegava até ao céu
impressionadíssima com o trato que Deus dispensa aos foi de súbito derrubada: Nabucodonosor teve um distúrbio
soberbos de um lado e aos humildes do outro. O Poderoso mental que o levou a passar algum tempo na companhia
dispersou os que no coração alimentavam pensamentos c:tos animais do campo, como se fosse um deles, até apren
soberbos, derrubou de seus tronos os poderosos e despe der que o"Altíssimo tem dornínio sobre o reino dos ho
diu vazios os ricos. Todavia exaltou os humildes, encheu mens, e o dá a quem quer" e "pode humilhar aos que
de bens os famintos e amparou a Israel (Lc 1.46-55). O anjo andam na soberba" (Dn 4.1-37).
Gabriel disse que ela era "muito favorecida" (Lc 1.28),
Isabel disse que ela era "bendita entre as mulheres" (Lc Prevenção da soberba
1.42) e as gerações futuras diriam que ela era uma mulher
bem-aventurada (Lc 1.48), mas Maria se dizia "serva do Outro expediente que mostra a seriedade e o malefício
Senhor" (Lc 1.38,48). da soberba foi o cuidado de Deus em colocar em Paulo o
estranho mas eficaz espinho na carne, que no entendimento
Tratamento de choque do ap:óstolo era"mensageiro de Satanás, para me esbofe
tear, a fim de que não me exalte". (A paráfrase da Bíblia
A soberba é um problema tão sério que exige urna série Viva diz:"Deus ficou receoso de que eu me inchasse".)
de medidas de caráter radical para acabar com a doença. Todos os homens são propensos à vaidade, sobretudo
Veja estes dois exemplos: depois do sucesso, depois de certos privilégios, depois dos
elogios. Paulo não era excessão à regra. Ele havia sido
1. O caso do Egito. arrebatado ao terceiro céu e ouvido palavras inefáveis. O
espinho na carne, embora incômodo e humilhante, tinha o
Foram necessários quarenta anos de desolação e disper propósito de reduzir o risco de Paulo começar a chamar a
_
sao para curar a soberb a do Egito e tornar o país"o mais atenção dos outros para si mesmo e para aquela experiência
humilde dos reinos". A vaidade de Faraó desta época era inaudita. O apóstolo por três vezes orou ao Senhor para que
tanta que ele dizia a respeito do rio Nilo:"O rio é meu, e eu o retirasse e por três vezes Deus não satisfez o seu desejo e
o fiz para mim mesmo" (Ez 29.1-16). lhe disse: "O meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Ao
final, Paulo entendeu o que estava acontecendo e aceitou
2. O caso de Nabucodonosor. alegremente as regras do jogo:"Quando estou fraco, então
sou forte - quanto menos tenho, mais dependo dele" (2 Co
A soberba do rei da Babilônia foi semelhante a do rei do 12.10 em A Bíblia Viva). Graças a esta medida preventiva,
Egito. Mesmo prevenido em sonhos por Deus com um ano Paulo nunca foi encostado, nunca deixou de produzir fru
de antecedência e exortado por Daniel a pôr termo em seus tos, nunca cometeu escândalo."O primeiro passo rumo à
pecados pela prática da justiça, Nabucodonosor não se humildade", lembra C. S. Lewis,"é o reconhecimento do
humilhou diante do Senhor:"Não é esta a grande Babilônia nosso orgulho". Os espinhos na carne que Deus distribui
que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso por aí ajudam os homens a recusar vezes sem conta o
poder, e 1:ara glória da minha majestade?" Logq após pedestal que a cultura mundana associada à vontade de
_
proferir taIS palavras cheias de arrogância, cumpriu-se a aparecer quer construir para eles.
Prática da Humildade - 55
54 - Práticas Devodonaís
e " (Fp
Sucesso com humildade eia de Paulo: "Tudo posso naquele que me fortalec
4.13).
O sucesso faz parte dos planos de Deus para o homem.
Sucesso na vida devocional, no matrimônio, na criação e 2. O papel da humildade.
educação dos filhos, nas relações hu manas, no exercício da
ae
profissão e no desempenho dos dons do Espíritp. Deste Porque impede o desenvolvimento da auto-suficiênc�
leva o crente a buscar constantemente a direção, o au :xíl10
e
sucesso global depende, sob a perspectiva humana, a velo
numa
cidade da implantação e da plenitude do reino de Deus na bênção de Deus, a verdadeira humildade redunda
ando sou
t erra. Uma vez satisfeitas todas as exigências de Deus, o vida bem sucedida. Daí o raciocínio de Paulo: "Qu
qu e
sucesso está garantido: "Tão-somente sê forte e mui cora fraco, então é que sou forte" (2 Co 12.10). A e xplicação
d José mqu al q
a Bíblia dá para o fenomenal sucesso
joso para teres o cuidado de fazer segundo toda lei qu e meu e e uer
_
1to) e
s�rv.? Moisés te ordenou: dela não te d esvies, nem para a lugar (na casa de Potifar, no cárcere � no _trono do E?
drrelta nem para a esquerda, para que sejas bem sucedido em qualquer circu nstância (amado,
mvepdo, calu niado e
" (Gn
por onde quer que andares" (Js 1.7). Na verdade, o sucesso honrado) é sempre a mesma: "O Senhor era com José
s cesso
39.2, 3, 21, 23). A expressão é aplicada também ao
é ine vitável para quem está plantado junto às águas: "Tudo u
2 Sm
quanto ele faz ser á bem sucedido" (SI 1.3). Esta promessa de Davi: "O Senhor era com Davi" (1 Sm 18.12, 14, 28;
não se encontra apenas no Velho Testamento. Jesus chego u 5.10, 7.3, 8.14).
a dizer que o sucesso de seus discípulos é uma das expres
sõ es de louvor a Deus: "Nisto é glorificado meu Pai, em que 3. O papel da vigilância.
deis muito fruto" (Jo 17.8).
Todavia há algu mas coisas que deve m ser cuidadosa conl
mente lembradas: Se a humildade não for pru dentemente mantida,
a vez,
certeza o sucesso fomentará a soberba e esta, por s u
inex orav elme n
a ruína. Assun, uma história de sucesso vai
leva ao
1. O papel da videira. t e por água abaixo. É neste caso que o sucesso
lamar
fracasso. Daí o cuidado de algumas pessoas em proc
s do Senh or: "Para
O sucesso está condicionado ao relacionamento pessoal não as suas virtudes mas as grandeza
forte
muitos sou como um portento, mas tu és o me
u
e permanente com Jesus: "Eu sou a videira, vós os ramos.
r, já a
Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; refúgio" (SI 71.7), "Se não fora o au xílio do Senho
(Sl 94.17 )1 "Não
porque sem mim nada podeis fazer" CTo 17.5). Paulo tam minha alma estaria na região do silêncio"
as nos
bém fala sobre isto: "Graças a Deus que em Cristo sempre fosse o Se nhor, que esteve ao nosso lado, as águ
ia vem
nos conduz em triunfo, e, por meio de nós, manifesta em t eriam submergido" (SI 124.1-5) e "A nossa suficiênc
a sobe rba/ o
todo lugar a fragrância do seu conhecimento" (2 Co 2.14t de Deus" (2 Co 3.5). Como prevenção contra
e nt os
Assim como a locomotiva movida a eletricidade não corre povo de Israel deveria ter em memória per�an � a
t u cora çao: A mmh
se não estiver continuamente se encostando num fio d e alta benefícios do Senhor: "Não digas no e
rique -
t ensão, o crente não anda e não prod uz nada se não estiver força e o poder do meu braço me adquiriram estas
ligado à fonte de todo poder, que é Deus. Esta é a experiên- zas" (Dt 8.17).
,
CAPITll101
56 - Práticas Devocionais
eu I saque
o fo i posto à prova, oferec
1
d esejos e de seus segred os. Embora não se jam sinônim os (Hb 11.17).
p erfeitos, todos eles levam à introspecçã o.
1. O primeiro é examinar e denota a ação de c onsiderar, Áreas de sondagem
investigar, observar, analisar atenta e minuciosamente . É
ondag e m tem que
usado nas instruções para a celebração da Ceia do Senhor : Para v ocê se conhecer a si mesmo, a s
e su a vida d ev e ser
11 Examine-se o h omem a si m esm o , e assim c oma d o pão e s er ampla e profunda. Nenhuma área d
e numa d el�s, p ode
b eba do cálice 11 (1 Co 11.28). O mesmo verbo aparec e nes ta poupada deste e xame m eticuloso, porqu e p os
ecção m oral d e que v o ce
e x ortação : 11 Concentra-t e e e xamina-te, ó nação , que nã o e star alo jad o o fo co da inf
edo , sem rese rv,�:,5-
t ens pudor, antes que v enha sobre ti o furo r da ira d o suidor. Façà um exame completo, sem m
sem t ratam ent o nao
S enhor 11 (Sf 2.1). Sem diagnóstico não há tratament o e
2. O segundo é esquadrinhar e denota a ação de investi há cura.
gar a área toda miudamente, pedaço por pedaço, quadri
n ho p o r quadrinho. N o Salm o 10 lê-s e qu e D e us 1. É preciso sondar a nascente de tudo.
e squadrinha a maldade d o p erv erso até nada mais achar
s, Deus é, capaz de
(v.10). O autor d o famoso Salmo 139 diz: 11 Esquadrinhas o Na lingu ag em d o profeta J eremia1
11.20). E dele �ue
m e u andar º ( o hom em na posição vertical, na parte clar a d o provar 1 0 mais íntimo d o c or11 açã o 1 (Jr
1
d ia) 11 e o meu deitar 11 (o hom em na posição horizo ntal, .n.a. 11 pro cedem as f o nte
s da vida (Pv 4.23). Daí a conhecida
, e conhece o m eu coração (Sl
11
parte escura d o dia), "e c onhec es todos os meus caminhos 11 oração: 11 S onda-me, ó Deus
(v.3). 139.23).
3. O t erceiro é sondar e d eno ta a ação de examinar
profundament e tod o o interior, como se f osse com o auxílio 2. É preciso sondar as razões pessoais.
60 - Práticas Devocionais Prática da Introspecção - 61
Por que penso assim? Por que falo assim? Por que me 6. É preciso sondar a fé.
comporto assim? Por que ajo assim? Nem sempre a moti
vação é pura. Nem sempre conhecemos a verdadeira moti Veja a exortação: 11 Examinai-vos a vós mesmos se real
vação. Por exemplo, os que pregam o evangelho nem mente estais na fé" (2 Co 13.5). Pode dar-se o caso de você
sempre o fazem por amor a Cristo ou por causa da conde ter fé sem obras (fg 2.14), pequena fé (Mt 6.30) ou fé
nação eterna dos que se perdem, mas "por inveja e porfia", nenhuma (Mt 13.58). Como também pode dar-se o caso
como registra o apóstolo Paulo (Fp 1.15). contrário de você ter fé sem hipocrisia (1 Tm 1.5), grande fé
(Mt 15.28) ou estar cheio de fé (At 6.5). Investigue a quali
3. É preciso sondar as reações a que estamos sujeitos. dade e o nível de sua fé.
Reação é resposta que você dá "a uma ação qualquer por 7. É preciso sondar o amor.
meio de outra ação que tende a anular a precedente" (Au
rélio). O estudo de nossas reações revela o conteúdo de O amor a Deus e ao próximo é de suma importância. Dele
nossa espiritualidade. Veja a reação de Caim quando Deus dependem "toda a Lei e os profetas" (Mt 22.40). Deus nos
não se agradou de sua oferta (Gn 4.5), a reação de Lameque submete a testes para provar a sinceridade, o tamanho e a
quando um rapaz lhe pisou (Gn 4.23), a reação de Moisés força de nosso amor. O amor não pode ficar só em palavras
quando viu a adoração do bezerro de ouro (Ex 32.11) e a - o próprio Deus diz que ama e prova esse amor 11 pelo fato
reação do jovem rico quando Jesus ordenou que ele ven de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores 11
desse os seus bens em favor dos pobres (1vk 10.22). (Rm 5.8). Deixe que de vez em quando Jesus lhe faça a
mesma pergunta dirigida a Pedro: 11 Tu me amas?° (Jo 21.15).
4. É preciso sondar a consciência.
8. É preciso sondar o trabalho.
Nem sempre é seguro apoiar-se na consciência. Com o
apoio dela você pode fazer bobagens e cometer erros gra Por vezes há mais palavras do que ação, há mais plane
ves. Lembre-se que a consciência pode ser boa (1 Tm 1.5), jamento do que execução, há mais promessas do que esfor
limpa (1 Tm 3.9) e pura (2 Tm 1.3) e também fraca (1 Co ço, há mais relatórios do que atividade, há mais dispersão
8.7), corrompida (Tt 1.15) e cauterizada (1 Tm 4.2). do que concentração, há mais foguetório do que amor, há
mais ambição do que prestação de serviço. São riscos a que
você está sujeito. Daí a validade da exortação: 11 Prove cada
5. É preciso sondar o caráter.
um o seu labor" (Gl 6.4). Esta sondagem deve ser levada
muito a sério à vista da seleção que Deus há de fazer de
O seu modo tradicional de ser, de sentir: e de agir inclui nossas obras no dia de Cristo: o que for comparado à
só qualidades boas? Não havia em todo I�rael homem tão madeira, feno e palha há de ser destruído pelo fogo, e o que
celebrado por ;sua beleza e perfeição física �1.uanto Absalão, for comparado a ouro, prata e pedras preciosas há de ser
mas este filho de Davi tinha um péssimo caráter (2 Sm preservado (1 Co 3.10-15).
14.25). Já Timóteo não parecia fisicamente muito saudável
(1 Tm 5.23), mas possuía um caráter provado (Fp 2.22). 9. É preciso sondar o comportamento diário.
62 - Práticas Devodonais Prática da Introspecção - 63
O que você pensou hoje, o que você viu e ouviu hoje e o a sua vida irregular: "Não tenho marido 11 (Jo 4.16-18). Foi
que você fez hoje - foi tudo do agrado de Deus? A santifi assim com o jovem rico: 11 Vai, vende tudo o que tens, dá-o
cação progressiva depende deste cuidado, desta avaliação, aos pobres, e terás um tesouro no céu; então vem, e segue
desta sondagem. Sem ela não pode haver confissão de me 11, e deu certo, pois o moço deve ter enxergado a distância
pecado e restauração. É a sondagem bem feita que nos que ainda o separava da vida eterna, não obstante o seu
transporta do caminho mau para o caminho eterno (SI compromisso moral com o Decálogo (Me 10.21-22).
139.24).
Auto-sondagem e sondagem alheia
Sondagem de cima
O homem, porém, não está isento da auto-sondagem.
As Escrituras atribuem o exercíci� da sondagem especial Tem a obrigação de examinar-se a si mesmo (1 Co 11.8),
mente a partir da atuação de Deus. E ele quem esquadrinha esquadrinhar os seus caminhos (Lm 3.40) e provar o seu
(SI 139.1-6), quem sonda (Ap 2.23) e quem prova (SI 11.5). labor (Gl 6.4). Para tanto é necessário parar de mentir a si
E a sondagem mai:3 séria, mais profunda, mais completa, próprio, acabar com as eternas desculpas, confessar tudo
mais justa e mais confiável. Deus é o sondador por excelên que sabe de errado, cultivar a capacidade de ouvir repreen
cia: 11 Todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sões, preocupar-se primeiro com a trave que está em seu
sonda mente e corações 11 (Ap 2.23). Ele provoca, incita, próprio olho e depois com o argueiro que está no olho de
excita e leva a cabo a prática da introspecção. Deus é seu irmão (Mt 7.3) e dar-se ao trabalho de conhecer o seu
extremamente sábio, eficiente e original no exercício desta íntimo.
misericórdia. Em alguns casos a sondagem se inicia e até mesmo se
1. Uma simples pergunta de Deus é suficiente para levar desenrola através da participação de um parente, amigo,
alguém a conhecer-se a si mesmo. Foi assim com Adão: irmão na fé ou guia religioso. Davi precisou do profeta Natã
11
Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de para tomar conhecimento de sua grave crise espiritual (2
que te ordenei que não comêsseis?" (Gn 3.11). Foi assim com Sm 12.1-15). Daí a validade da mútua exortação preconiza
Caim: 11 Por que andas irado? e por que descaiu o teu sem da na Epístola aos Hebreus: 11 Exortai-vos mutuamente,
blante? 11 e ainda: 11Onde está Abel, teu irmão?" (Gn 4.6,9). cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fi.In de que
Foi assim com Elias, quando o profeta estava profunda nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado"
mente desanimado no interior de uma caverna do monte (3.13).
Horebe: 11Que fazes aqui, Elias? 11 (1 Rs 19.9,13). Foi assim Precisamos temer o endurecimento progressivo. Ele pro
com Jonas: 11 É razoável essa tua ira? 11 CTn 4.4). Foi assim com voca a perda da sensibilidade espiritual. E o caso do pastor
o leproso agradecido: "Não eram dez os que foram cura da igreja em Laodicéia, que se dizia rico e abastado quando,
dos? Onde estão os nove? 11 (Lc 17.17). Foi assim com Pedro: na verdade, era "infeliz, miserável, pobre, cego e nu 1 1. Este
1
1 Amas-me mais do que estes outros?" Go 21.15). personagem é aconselhado a usar colírio para enxergar-se,
2. Outras vezes, Deus produz o mesmo resultado através antes que fosse definitivamente vomitado da boca de Deus
de uma ordem qualquer, aparentemente sem muito nexo. (Ap 3.14-22).
Foi assim com a mulher samaritana: 11 Vai, chama o teu
marido e vem cáU, e deu certo, pois a mulher trouxe à bai..la
CAPlMO�
Prática da Vigilância
rança da população. De forma quadrada ou cilíndrica, as orai, para que não entreis em tentação: o espírito, na verda
torres eram construídas a dois metros à frente do muro ou de, está pronto, mas a carne é fraca 11 (Mt 26.41). São duas
em cima deste. Na época de Esdras e Neemias, havia uma atividades que se misturam e se completam. Não basta
torre em Jerusalé1n chamada a Torre dos Cem - talvez orar: é preciso vigiar cuidadosamente. Não basta vigiar: é
porque tivesse cem côvados de altura, ou porque fosse preciso orar para alcançar sabedoria e poder para vencer
alcançada por uma escada de cem degraus, ou ainda por tentações e provações.
que reunisse uma guarnição de cem homens (Ne 3.9). As A Bíblia diz que o rei Uzias edificou torres de vigia no
torres serviam de proteção contra animais selvagens, ladrõ deserto e cavou muitas cisternas, porque tinha muito gado,
es e exércitos invasores. A vigilância era de dia e de noite e tanto nos vales como nas campinas (2 Cr 26.10). Esta asso
os guardas ansiavam pelo romper da manhã (SI 130.6). A ciação entre torres e cisternas coincide com a associação
necessidade de vigilância estava tão arraigada que, ao plan entre vigiar e orar. O gado de Uzias precisava de proteção
tar uma vinha, era costume construir não só a cerca e o e de água. O rebanho de Deus também precisa de vigilância
lagar, mas também a torre de vigia, assegurando assim a e de comunhão. De vigilância, para não ser despedaçado
posse dos frutos (Mt 21.23). por lobos vorazes (At 2.0.29) e levado por ladrões que
roubam, matam e destroem (Jo 10.10). De comunhão, para
Vigilância espiritual matar a sede profunda de Deus (SI 130.6). Vigiar sem orar
seria muito cansativo e poderia redundar em perniciosa
Jesus insiste muito na prática da vigilância. O imperativo arrogância. Orar sem vigiar seria uma temeridade.
1
1vigiai 11 aparece três vezes na parábola da figueira (Me
13.32, 35 e 37), uma vez na parábola das dez virgens (Mt Áreas de vigilância
25.13) e duas vezes na cena do,Getsêmani (Me 14.34 e 38).
O texto de Me 13.37 é muito enfático: 11 0 que, porém, vos 1. É preciso vigiar a passagem obrigatória da palavra:
digo, digo a todos: Vigiai! 11 1
1 Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus
A ordem de vigiar não está apenas no ensino de Jesus. lábios 11 (SI 141.3).
Paulo dirige-a aos presbíteros de Éfeso (At 20.31) e às igrejas 2. É preciso vigiar a mente: "Tudo o que é verdadeiro,
de Corinto (1 Co 16.13) e Tessalônica (1 Ts 5.6). Aos cristãos tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é
judeus expulsos de J�rusalém e espalhados pelo Porto, puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se
Galácia, Capadócia, Asia e Bitínia, Pedro escreve: "Sede alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que
sóbrios e vigilantes 11 (1 Pe 5.8). A igreja em Sardes recebe a ocupe o vosso pensamento11 (Fp 4.8).
mesma exortação (Ap 3.2). Depois de glorificado, Jesus 3. É preciso vigiar o olhar: 11 Não porei urna coisa vil
declara que é 11 bem-aventurado aquele que vigia e guarda diante dos meus olhos" (SI 101.3 em A Bíblia de Jerusalém).
as suas vestes, para não andar nu, e não se veja a sua 4. É preciso vigiar o patrimônio religioso: 11 Segura com
vergonha 11 (Ap 16.15). firmeza o que tens, para que ninguém tome a tua coroa"
(Ap 3.11 em A Bíblia de Jerusalém).
Torres e cisternas 5. É preciso vigiar o trato dispensado ao sexo oposto:
"Trata as mulheres mais moças como irmãs, com toda a
Jesus associou o verbo vigiar com o verbo orar: 11 Vigiai e pureza" (1 Tm 5.2 e1n A Bíblia na Linguagem de Hoje).
68 - Práticas Devodonaís ,
6. É preciso vigiar o tempo: 11 Aproveitem bem o tempo
porque os dias em que vivemos são maus" (Ef 5.16 em A
Bíbli é: na Linguagem de Hoje).
CAPIMO�
7. E preciso vigiar as oportunidades: "Se você pode se
tornar livre, então aproveite a oportunidade º (1 Co 7.21 em
A Bí�lia na Linguagem de Hoje).
8. E preciso vigiar o amor: 1Tenho contra ti que abando
naste_ o teu primeiro amor 11 (Ap 2.4).
9. E preciso vigiar a fé: "Examinem-se para ver se estão
firmes na fé; façam a prova vocês mesmos 11 (2 Co 13.5 em A
Bíblia !1ª Linguagem de Hoje).
10. E preciso vigiar as intenções, os meios, a qualidade
do trabalho, a correção doutrinária e até o zelo: 11 Procura Prática do Discernimento
apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem
de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da
verdade 11 (2 Tm 2.15).
11. É preciso vigiar as coisas tidas de somenos impor A prática d� discen:imento 1 a arte de distingüir
tância: 11 Peguem as raposas, apanhem as raposinhas, antes com a maior precisão posszvel entre duas ou mais
que elas estraguem a nossa plantação de uvas, que está em coisas, cujas diferenças nem sempre aparecem à
flor 11 (Çt 2.15 em A Bíblia na Linguagem de Hoje). primeira vista. Sem a prática do discernimento é
12. E preciso vigiar especialmente os calcanhares de possível chamar o mal de bem e o bem de mal, a
Aquiles, aquelas áreas mais vulneráveis que estão no fun escuridão de claridade e a claridade de escuridão, o
clo do coração humano: 11 0 que sai do homem, isso é o que amargo de doce e o doce de amargo (Is 5.20).
o contamina 11 (Me 7.20).
O assuhto é de tanta complexidade e importância que
Salomão, logo que assumiu o trono de Israel, levou-o em
oração a Deus: 11 Dá a teu servo coração compreensivo para
julgar o teu povo, para que prudentemente discirna entre
o bem e o maP1 (1 Rs 3.9).
de Israel era ensinar-lhe a distingüir entre o santo e o 4. É preciso discernir entre a falta alheia e a falta propria.
profano, entre o imundo e o limpo (Ez 44.23). Mas em
época de decadência, até os sacerdotes tinham dificul Com muita facilidade e com muito risco enxerga-se a
dade de enxergar a diferença entre uma coisa e outra falta alheia, enquanto que a falta própria passa desaperce
(Ez 22.26). bida (Sl 19.12). Foi o que aconteceu com Davi ao ser con
frontado por Natã. Con1 incrível rapidez o salmista
2. É preciso discernir entre o falso e o verdadeiro. discerniu a injustiça do homem rico da parábola do profeta
e nem passou por sua cabeça que a ele se referia a dura
acusação (2 Sm 12.1-6). Judá, um dos doze filhos de Jacó,
O falso é falso. Não é verdadeiro. Mas sempre tem discerniu claramente o pecado da nora Tamar e chegou a
semelhanças com o verdadeiro, para passar por verda condená-la à morte, mas não enxergou o seu próprio peca
deiro, sem ser verdadeiro. Aqui está uma área de muito do, senão depois de acusado (Gn 38.12-26).
risco: agarrar-se ao falso e deixar escapar o verdadeiro.
Há uma porção de coisas falsas, desde falso testemunho 5. É preciso discernir entre os acontecimentos comuns e os
(Ex 20.16) até espírito falso (1 Rs 22.20-23, 1 Jo 4.1). Entre grandes momentos de Deus.
um e outro, há notícias falsas (Ex 23.1), falsa acusação
(Ex 23.7), falso juramento (Lv 6.3), língua falsa (Pv 21.5), A destruição de Jerusalém aconteceu porque os judeus
falsa pena (Jr 8.8), visão falsa (Jr 14.14), falsa circuncisão "não reconheceram a oportunidade da sua visitação 11 (Lc
(Fp 3.2), falsa humildade (Cl 2.23), falsos irmãos (2 Co
19.44). O Verbo, que estava com Deus e era Deus, fez-se
11.26), falsos profetas (Mt 7.15, 24.11), falsos mestres (2
carne e "veio para o que era seu", mas "os seus não o
Pe 2.1), falsos apóstolos (2 Co 11.13) e falsos cristas (Mt
receberam" (Jo 1.11). Há dias especí.ais no calendário de
24.24).
Deus, que devem ser conhecidos e distingüidos dos dias
comuns. A u:nportância destes dias é que eles são "o dia dos
3. É preciso discernir entre a vontade própria e a vontade de humildes começos" (Zc 4.10).
Deus.
O trigo e o joio
Nem sempre a vontade própria expressa a vontade de
!)e�s: Muitas vezes uma é contrária a outra. Mas para Há dois elementos que tornam a prática do discern
Justificar-se e acalmar a consciência, é fácil chamar a von imento bastante difícil. Um é o pecado, que confunde, que
tade própria de vontade de Deus. José soube discernir cega e que cauteriza. Outro é a atuação satânica que ilude,
perfeitamente a vontade própria, despertada pela sedução que engana e que torna o mal parecido com o bem. O ímpio
da mulher de Potifar, da vontade de Deus e realilzou esta é capaz de abjurar o discernimento e a prática do bem (SI
e não aquela (Gn 39.7-12). Talvez fosse da vontade própr+a 26.3) e Satanás é capaz de se transformar em anjo de 1 uz (2
de Davi vingar-se de Saul e tirar-lhe a vida, mas a vontade Co 11.14). A parábola do joio explica realisticamente este
de Deus era outra e não essa (1 Sm 24.1-7). Quando não se drama terrível da parecência dos filhos do maligno com os
faz a distinção entre a vontade pessoal e a vontade de Deus filhos do reino, pelo menos no início. A semelhança do joio
a desobediência é certa. com o trigo é tão grande que qualquer providência para
72 - Práticas Devocionais
Prática do Equil{brio
tudo ou nada, também conhecida por ou oito ou oitenta, 2. A virtude da sobriedade é recomendada inúmeras
transportada para a conduta religiosa. vezes no Novo Testamento. Outra vez o apelo é dirigido
tanto à igreja (1 Co 15.34, Fp 4.5, 1 Ts 5.6, Tt 2.12, 1 �e 1-13,
,
Equilfbrio e sucesso 4.7 e 5.8) comoà sua liderança (1 Tm 3.2, Ttl.7-8).ATrmoteo
a exortação é mais ampla: 11 Tu, porém, sê sóbrio em todas
O sucesso contínuo na vida e na liderança cristã prende as coisas 11 (2 Tm 4.5). Os que criam problemas na igreja,
se demais à prática do equilíbrio, corno se vê neste recado precisam de um "retorno à sensatez 11 (2 Tm 2.26).
de Deus a Josué: 11 Não te apartes dela (de toda a lei), nem
para a direita nem para a esquerda, para que triunfes em Áreas de equilfbrio
todas as tuas realizações CTs 1.7 em A Bíblia de Jerusalém).
O rei Josias foi largamente usado por Deus porque II imitou 1. No conceito pessoal.
em tudo o proceder de Davi, seu pai, sem se desviar para a
direita nem para a esquerda 11 (2 Rs 22.2 em A Bíblia de A Bíblia ensina que ninguém deve pensar de si mesmo
Jerusalém). além do que convém (Rm 12.3). A justa estima I?roíbe
É preciso ter em conta que o perigo não está apenas numa também o outro extremo: ninguém deve pensar de s1 mes
posição extremada de um lado, mas também na posição mo aquém do que convém. O primeiro extremo abre cami
extremada do lado oposto. Por exemplo, um erro é sacrifi nho para o sentimento de superiorida� e; º segur;do para o
. _ _
car o valor da fé por causa da importância das obras, e outro sentimento de inferioridade. Ambos sao mdese1ave1s e de
é sacrificar o valor das obras por causa da importância da sastrosos. Se a pessoa pensa além, deve recuar; se pensa
fé. Não se pode colocar Paulo contra Tiago nem Tiago aquém, deve avançar. O equilíbrio acaba com o orgulho e
contra Paulo. O que ambos os pilares da doutrina evangé jactância de um lado, e com a inveja e ciúme do outro.
lica querem ensinar é que a salvação é pela graça "mediante
a fé 11 (Ef 2.8) e que a fé sem obras 1 está morta 11 (Tg 2.17) ou
1 2. No estado de espírito.
"é rnorta 11 (Tg 2.26).
A falta de equilíbrio cria divisões na igreja, dá à luz A Bíblia ensina que o servo de Deus precisa ser prudente
movimentos heréticos, gera fanatismo e pode até produzir como as serpentes e ao mesmo tempo símpli.ce corno as
monstros religiosos. pombas (Mt 10.16). Entre o otimismo fácil e beato de alguns
e o pessimismo excessivo ou doentio de outros há 1:m 1 ugar
O mandamento do equilfbrio intermediário. 11 A euforia como o desalento, tambem pode
ser maléfica 11 , disse alguérn.
As Escrituras Sagradas estão cheias de apelos ao equilí
brio, como se pode ver a seguir: 3. Na experiência do prazer.
1. A orientação para não se desviar nem para a direit.
nem para a esquerda aparece várias vezes no Velho Testa A Bíblia ensina que nada aproveita ao homem ganhar o
mento. O apelo é dirigido insistentemente ao povo de Israel mundo inteiro e perder sua alma (Me 8.36). O prazer não é
(Dt 5.32-33, 28.14, Js 23.6 e Pv 4.27) e aos seus líderes (Dt grátis: sempre custa um preço, às vezes, bem elevado. A
17.20, Js 1.7). troca de Esaú não foi boa - o direito de primogenitura por
,
CAf)ITfilO 11
76 - Práticas Devodonais
5. No conceito de sexo.
Prática da Espera
A Bíblia diz: 11 Bebe a água da tua própria cisterna, e das
correntes do teu poço 11 (compare Pv 5.15 com 1 Co 7.2). O
ponto mais extremo de um lado diz que o sexo é pecado e
o ponto mais extremo do outro lado diz que nenhuma A prática da espera é a arte de aguardar
e�pressão sexual é pecaminosa. Se o excessivo pudor asso tranqüilamente a hora de Deus, sem deixar de
ciado com a chamada atividade sexual subterrânea do
fazer o que é de nossa competência e sem fazer o que
passado foi um desastre, o despudor generalizado dos dias
é da competência de Deus, deixando de lado toda
em curso é desastre também.
impaciência e todo esmorecimento.
A difícil arte de esperar Hagar(Gn 16.1-16). É também o caso de Saul que adiantou
se a Samuel e fez o que não lhe era permitido (1 Sm 13.8-15).
A prática da espera é difícil por causa da impaciência, por
causa. da pressa, por causa da ansiedade, por causa do Esperas comuns
imediatismo e por causa da curiosidade. É preciso aprender
a lidar com todos estes elementos que tornam a espera A espera é muito mais freqüente do que se pensa. E esta
dolorosa demais senão impossível. Um erro é não esperar longa lista de espera envolve tanto o crente comq o descren
nada, outro é não saber esperar. te. Paulo lidava com as mesmas esperas com as quais
lidamos hoje: a espera de alguém (At 17.16, 1 Co 16.10-11),
O método certo a espera de notícias (1 Ts 3.5) e a espera de uma oportuni
dade para viajar (1 T m 3.14, Rm 15.23-24), etc. Em certas
1. É preciso esperar numa atitude de confiança: circunstâncias, a espera é desgastante. Numa de suas Epís
tolas, Paulo confessa: "Já não me sendo possível continuar
11 Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para
esperando, mandei indagar o estado de vossa fé, temendo
mim e me ouviu quando clamei por socorro 11 (SI 40.1) que o tentador vos provasse, e se tornasse inútil o nosso
labor" (1 Ts 3.5).
2. É preciso esperar numa atitude de paciência:
Esperas muito especiais
ºDepois de esperar com paciência, obteve Abraão a pro
messa 11 (Hb 6.15). 1. É preciso aprender a esperar o fim da "tempestade".
1. É preciso esperar o desenvolvimento da salvação. 1. Não é mais preciso esperar a vinda do Messias.
ndo _dis�e a
A salvação é mais do que o perdão de pecados. Daí a Este foi o erro da mulher samaritana qua
o Cristo (Jo
palavra de Paulo: "A nossa salvação está agora mais perto Jesus: 11 Eu sei que há de vir o Messias, chamad
do que quando no p rincípio cremo �" (Rm 13.11). 4.25).
2. É preciso esperar a volta de Jesus. 2. Não é mais preciso esperar a efusão do Espírito.
CAPITfilO n
82 - Práticas Devodonais
,
Tal derrame já se det:i"no dia de Pentecoste, pouco depois
da ascensão de Jesus (At 2.1-4).
Prática da Descomplexação
obras (At 7.22). Ao final do segundo período, encontramos de ambos os problemas. Eis aqui algumas providências que
um Moisés complicado, que não quer aceitar a tarefa de podem ajudar:
retirar o povo de Deus do Egito, sob a alegação de que
nunca foi homem eloqüente, nem outrora, nem agora, pois 1. Oração.
é pesado de boca e de língua (Ex 4.10, 6.12, 30). No terceíro
período, Moisés é aquele líder extraordinário que liberta Abra o seu coração diante de Deus em oração perseve
Israel do jugo dos faraós e o conduz às portas de Canaã, rante. Ore sobre o assunto até superar o proble:gia. Lembre
não obstante a obstinação do Egito, a cerviz dura do pró se da disposição de Paulo de enfrentar a questão do espinho
prio povo e de todas as circunstâncias especiais do êxodo. na carne: "Por causa disto três vezes pedi ao Senhor que o
Foi o pregador inglês Frederick B. Meyer, falecido em 1929, afastasse de mim" (2 Co 12.8).
quem melhor definiu o pensamento de Moisés nestes três
distintos períodos: nos primeiros quarenta anos, Moisés 2. Espírito de luta.
pensava que era tudo; nos segundos quarenta anos, foi para
o outro extremo e dizia que não era coisa alguma; e nos No que depender de você para remover a dificuldade,
últiinos quarenta anos, descobriu que Deus era tudo. esforce-se ao .máximo. Veja o conselho de Paulo: "Você é
O caminho certo não é passar de toda auto-suficiência escravo? Não deixe que isso o atoPtnente - mas, natural
para nenhuma auto-suficiência, mas para a suficiência de mente, se lhe vier a oportunidade de ficar livre, aproveite
Deus. Nem qe nenhuma auto-suficiência para toda auto a" (1 Co 7.21 em A Bíblia na Linguagem de Hoje). Não fiq:1 e
suficiência. E esta importante verdade que Paulo quer parado. Não fique se queixando e se amargurando. Rea3a.
transmitir quando afirma: "A nossa suficiência vem de Faça alguma coisa. Lute.
Deus" (2 Co 3.5). Deus provê tudo: as idéias, a força, o
poder, os recursos, o livramento, a proteção e até a perse 3. Aceitação.
verança. E ainda cobre tudo com a sua bênção. Você precisa
abrir mão tanto da soberba como da timidez. Para vencer Se Deus disser não a você, como disse a Paulo, a respeito
a soberba, você conta com o auxílio da humildade; para do espinho na carne, e a Da�i, a respeito da vida da crian
vencer a timidez, você conta com o auxílio da ousadia. As cinha, aceite paciente e alegremente a situação. Há certas
duas virturdes - a humildade e a ousadia - são fundamen coisas inevitáveis, irreparáveis, irremovíveis e irreversíveis
tais para a expansão do reino de Deus. Não são opostas. por causa da desordem geral provo� ada pelo pr?prio _ho:
Completam-se. mem, desde as gerações passadas ate agora. Mas isto nao e
motivo suficiente para destruí-lo. Aprenda a dizer "seja
O caminho da descomplexação feita a vontade do Senhor" na hora certa e no caso certo,
não levianamente, para se desculpar da preguiça, do medo
Porque o sentimento de inferioridade pode descambar e da acomodação. A ausência de aceitação significa rebelião
no complexo de inferioridade, que é algo doentio, e porque contra Deus, que é loucura, e só agrava o problema. Não se
o sentiinento de superioridade é uma forma de supercom obrigue a ter necessariamente os mesmos dons, a mesma
pensação do complexo de inferioridade - é de todo impres inteligência, a mesma capacidade, os mesmos recursos _?U
cindível que você se livre e se cure o mais depressa possível a mesma história de seus semelhantes. Todos eles tem
r
CWlru10 B
88 - Práticas Devodonais
4. Aproveitamento.
c pes : "Não
seria o pai de uma grande nação, tão numerosa como as 4. É preciso confiar em Deus e não _ em prí� �
açao (Sl 1 46.3)
estrelas do céu, como o pó da terra ou como a areia da praia, confieis em príncipes, em quem não ha salv :
as falsas.
mesmo tendo uma esposa estéril e avançada em anos, 5. É preciso confiar em Deus e não em palavr
me smo levando em conta o seu corpo já marcado p ela 1
1 Eis que vós confiais em
palavras falsas, que para nada vos
morte (Rm 4.18-21, Hb 11.11-12). 11
aproveitam (Jr 7.8).
.
e nquezas
.
3. Por fim, depois de nascido e crescido o filho d a pro 6. É preciso confiar em De us e n�� em b en� �
messa, Abraão, quando posto à prova, oferece u Isaque na "Qu em confia nas suas riqu ezas carra , mas os 3ustos rever
decerão como a folhagem (Pv 11.28).
11
certeza de que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo
s � cavalos:
dentre os mortos, caso o sacrifício do menino se consumas 7. É preciso confiar em Deus e não em carro _
se (Hb 11.17). 11 Ai dos que confiam em
carros, porque !ªº muitos, e em
atentam p ara 0
Entre o chamado de Abraão e o que aconteceu na terra cavaleiros porque são mui fortes, mas nao
).
Santo de I�rael, nem buscam ao Senhor (Is 31.1
11
de Moriá passaram-se talvez uns quarenta anos. Nesse
período, a confiança de Abraão cresceu poderosam ente,
não sem erros (como o caso de Ismael) e alguns fracassos Confiança em qualquer situação
(como o uso de e xpedientes escusos para proteger-se contra
Faraó e Abimele que). e válida em
A prática da confiança se faz a partir da primeira resposta A confiança posta em Deus .é es1_:: ecia�n;e1�t
dada aos apelos de D eus e às promessas da Palavra de circunstâncias adversas e em sltuaçoes dif1ce1s.
e pelo vale
D eus. Ela precisa crescer a ponto de aprender a esperar 1. É preciso confiar em Deus ainda que eu and
II
com Abraão. Este é o clirnax da confiança. acarnye contra mim (Sl 27.3). .
m D s ' ind a que as aguas tumul�
3. E preciso confiar e e
� '. a
e e strem e çam
Confiança frustrante tuem e espumejem, e na sua funa os montes s
(Sl 4�.1-3). . . . _
rras nao
4. E preciso confiar em Deus ainda que as frgu�
11
Deus tem o hábito de fazer 1 1 santas e fiéis promessas 11 (At 1. Por meio da comunhão com Deus.
13.34). Ele nos tem dado 11 suas preciosas e mui grandes
promessas'\ para que por meio delas nos tornemos partici A pessoa em contínua e profunda comu�ão. com De� s
pantes da natureza divina ( 2 Pe 1. 4). Uma delas é a efusão âbsorve consciente e inconscientemente muito v1.gor, muita
do Espírito, já realizada (At 1. 4 e 2 .33). Portanto não há energia, muita coragem, muita seiva.
lugar para o vazio.
2. Por meio da oração.
2. O caráter de Deus.
É perfeitamente correto e válido confessar diante de �eus
O Deus que faz as promessas "não pode mentir" (ft 1.2). a pequenês de nossa confiança e suplicar urna conf1.ança
Ele 11 não é homem, para que minta 11 (Nm 23.19). Portanto mais ousada.
não há lugar para a desconfiança.
3. Por meio da Palavra de Deus.
3. A graça e o amor de Deus.
A leitura e meditação da Palavra de Deus alimenta o
O Deus que faz as promessas e que não pode mentir é espírito e transmite valores extraordinários.
extremamente dadivoso (Tg 1. 5). "Se Deus não poupou o
seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porven 4. Por meio de exemplos.
tura não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? 11
(Rm 8.32). Portanto não há lugar para a ansiedade. São notáveis os exemplos de confiança plena em Deus de
Abraão, Josué e Calebe (Nrn 14.1-12 ), Davi (1 Sm 17.31-40),
,
4. O poder e os recursos de Deus. Ezequias (Is 36.1-37) e Paulo (At 27.1- 44), alem de outros,
.
retirados da história eclesiástica. Todos encoraJam, desa
fiam e fortalecem a prática da confiança.
O Deus que faz as promessas, que não pode mentir e que
é extremamente dadivoso tem todo poder no céu e na terra,
5. Por meio da experiência.
sobre tudo e sobre todos. Daí a exortação: "Aquietai-vos e
sabei que eu sou Deus" (SI 46. 10). Portanto não há lugar É preciso aprender a confiar, não desanimar com as crises
para o medo. de falta de fé, levantar-se depois da queda, quantas vezes
for necessário, e seguir adiante.
O fortalecimento da confiança
galardões da confiança
A confiança precisa ser fortalecida. ABíblia diz que Jôna : Os
tas fortaleceu a confiança de Davi em Deus (1 Sm 23.16). A • Aprática da confiança não deve �er abai:dc:nada, porq�e
ela tem 1 grande galardão , como diz enfaticamente a Epis
esta altura, Davi já havia dado mostras de uma enorme 1 11
Esc�itur as. F oi dirigida ao povo de Isr ael em ocasi ões de gem sér ia e constante intre
profundamente difíceis, que exi u-se-lhe
perigo e desa!io, na época de M oisés (Dt 31.6), Josué (Js ia de Josafá: "Tor n o
pidez. Veja-se só a experiênc
s caminhos do Senhor (2 Cr
11
1 0.25) � �zeq uias (2 C r 3 2.7). Foi dirigida a Josué, o sucess o r
ousado o coração para seguir o
de Mc:_:nses, segui d as vezes (Dt 31 .7,23; Js 1 .6,7,9,1 8). Mais
1 7.6 ).
de quinhentos anos depois, Davi achou por bem repetir as confiar em Deus, 111 ainda
4. Precisamos de ousadia para 23.4), 1 ainda
mesmas palavras a Salomã o, seu filho e herdeiro do tron o ombra da morte (Sl
11
qu e eu an de pe l va le da s
montes se abalem no seio dos
o
(� Cr 22.13, 28.1 0). Jesus usava com freqüência urna expres
que a terra se transtorne, e os
sao semelhante: 11 Tem bom ânimo 11 , que a Bíblia na Lingua a figueira não floresce, nem
mares" (Sl 46.2), e II ainda que
gem de H oje reduz pa r a uma palavr a só: 11 Coragem!". O 9). Apesar de maltratados e
há fruto na vide" (Hc 3.1 7-1
Senh? r deu este conselh o a o pa ralítico de Cafarnaum (Mt Silas tiver am ousada c_onfi an
ultrajados em Filipos, Paulo e
9.2), a mulher hemor r ágica (Mt 9.22), aos discípulos (Mt ngelho aos t essalon1censes,
1 �.2?), ao cego de Jeri có (Me 1,'._0.49) e mais urna vez aos
ça em Deus para anunciar o eva
).
"em meio a muita luta" (1 Ts 2.2
��c1pulos: 1 No mundo passais por aflição; mas tende bom ra tornar conhecido o evan-
5. Precisamos de ousadia pa
1
animo, �u venci o mundo " (Jo 1 6.33). À tripulação e aos iar a Palavr a de �
eus,_ para
gelho do reino, para anunc mc r edulo,
passage�o� do barco seriamente ameaçado de naufrágio r a um mundo
ensinar, para falar, para prega
n as proxrnudades da ilha de Malta, no Mediter r âneo Paulo cego e zombador, como acon
corrompido, desinteressado, cheios do Espírito11
aco nse�hava com insistência: "Senhores, tenham ba'm âni olos: 11 Todos ficaram
t ece u c om os apóst
mo, p ois eu c�nfio em Deus" (At 27.22,25). O p róprio Paulo, nciavam a Palavr a de Deus
Santo, e, com intrepidez, anu
ante_ s desta viagem a Roma na qualidade de pr isioneiro, 26, 19.8 e 28.30,31 ). Só com
(At 4.3 1, 9.27 e 28, 13.46, 1 4.3, 18.
o uviu a oportuna adver tência de Jesus Cristo: "Co ragem!
Prática da Ousadia - 99
98 - Práticas Devodonaís
r grande ousa dia1 1 (2 Co
muita ousadia é possíve l alargar, alongar e firmar bem a s plica -Pau lo , podemos pre ga
li
com
. � fe em
si mes mos j usta preem
mencia e muita mtreptd ez na
2. A ousadia é possível po r causa da esperança. Cristo Jesu s" (1 Tm 3. 13).
r: o estímulo alltei?, por
A espera nça da glória vindoura nos faz andar a ltane irq,; 6 Há mais uma coisa a considera avra, gera ousadia.
mente (Hc 3.19), co mo filhos do Rei, como irmãos do pró . meio do exemplo e por meio da pal
prio Jesus, como h erdeiros de Deus e co-herdeiros com irmãos, esti-
Cristo (Rm 8.17). A esperança em sijá é ousadia (Hb 3.6).
.
VeJa-se a c1·taçao - de Pau lo-· IIA maioria dos
as a lge mas , o u m fa1 ar com
mulados no Senhor por minh
s a
"Já que sabemos que esta nova glória nunca acabará", e x-
100 - Práticas Devocionais
Ousadia pecaminosa
A
A •
ência
Exemplos de resist
r (Gn 39.1-
23), n ao
i à _m� � er de Pot ifa ul
1. José resist . a dela na realização do ad
u l
a m _ i t n c: v el
obstante a atrevid c�cui::tsta eia extr emamente favorá
s s e
obsta�.te a stan te a
t ér io, não
a vi nm g ;ém em casa), não ob
a o adultério
(nao h a
.
tua çao de José (f
- ora de ,ca sa
28 a n o ) e a si
idade (entre 16 e
s
e da fanúlia).
Prática da Resistência - 103
102 - Práticas Devocionaís
tenta�ão a que foi submetido o próprio Jesus, quando Pedro 3. É preciso resitir até o fim:
lhe disse para ter compaixão de si me smo e evitar o sofri
Aquele que perseverar até o fim, esse será salvo " (Mt
mento e a mor te e m Jerusalém (Mt 16.21-23). 11
pros trado, me adorares 11 (Mt 4.8-10). É a tentação daquele resistido até ao sangue
(Hb 12.4).
h om em cas to que sentiu tremenda vontade de ir a um
prostíbulo na véspera de seu casam ento com uma mulher 5. É preciso resistir até à morte:
amada e bonita.
roa da vida (Ap 2.10).
11
3. A tentação comum é aqu ela t entaçã o, de todo o dia, 1
1
Sê fiel até à mort e, e dar-te-ei a co
situada entre a mera sugestão e a tentação absurda. É
hor:
precis�" of�recer re sistência à incredulidade, ao egoísmo, à 6. É preciso resistir até a vinda do Sen
rmpa ciencra, ao comodism o, à va ida de , ao d esânimo, à 11
vinda do Senhor (Tg
t riste za, ao ódi o, à vingança, ao medo, à ans iedade, ao falso "Sede, pois, irmãos, pacientes, até a
t est emunho, à lascívia, ao tédio, à preguiça, e assi..m por 5.7).
diante.
A resistência no "dia mau"
O volume da resistência estões climát icas, 1:,
or
Por questões orgânicas, por qu q
istór icas, p � est oe s
questões geogr áficas, por quest_õe� 1: _
or
A r esistência tem que ir até as últimas conseqüências, no ogicas , por que�toes
li
sentimentais, por questões soc10l
re
e�orço e n o temp o. Não p ode parar n o meio do caminho, eterna m esm ice, com
o
na o pode s ofrer interrupções, não pod e ser abandonada. A giosas e outras, o tempo não é uma
demora da consumação de todas as coisas nãd) deve enfra l embra o Eclesiastes (3.1-8).
de surgir, d e repen-
que cer ou interromper a pr ática da res istência, como acon No calendário de qualquer pessoa po da
e fala Paulo : Tomai t o
11
da propaganda, da política, do vok, da força, da tirania, da inteligência para elaborar desenhos e trabalhar na constru
opressão, do suborno. No sentido cristão, a origem do ção do tabernáculo (Ex 31.1-5, 36.1). Os juízes Otniel (Jz
poder é totalmente diversa e tem propósitos também diver 3.10), Gideão (Jz 6.34), Jefté (Jz 11.29) e Sansão (Jz 13.25,
sos. Só os que se fazem pequenos têm direito ao revestimen 1"'-1..6 e 19, 15.14) foram homens especialmente capacitados
to do poder de Deus: "O poder se aperfeiçoa na fraqueza" pelo Espírito de Deus para subjugar reinos e tirar força da
(2 Co 12.9). Enquanto na vida secular o poder em quase fraqueza (Hb 11.32-35).
todos os casos é exercido em benefício próprio, o poder Esta concessão de poder torna-se mais notória e mais
outorgado por Deus é exercido em benefício da expansão universal após a ascensão de Jesus. Ele mesmo ordenou aos
do reino de Deus. discípulos que não se ausentassem de Jerusalém "até que
do alto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49) e acrescentou:
O poder pertence a Deus "Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo" (At
1.8). Na oração de Paulo em· favor dos efésios, o apóstolo
Aqui está o testemunho do salmista: "Uma vez falou roga a Deus que eles sejam fortalecidos com poder, median
Deus, duas vezes ouvi isto: que o poder pertence a Deus" te o seu Espírito no homem interior, isto é, no íntimo (Ef
(SI 62.12). O mesmo Davi volta a proclamar esta solene 3.16). Uma vida, pois, que não entristece (Ef 4.30) nem
verdade na oração feita perante toda a congregação de apaga (1 Ts 5.19) o Espírito, anda no Espírito (Gl 5.16),
Israel, pouco antes de morrer: "Tua, Senhor, é a grandeza, semeia para o Espírito e não para a carne (Gl 6.8) e busca a
o poder, a honra, a vitória e a majestade... Teu, Senhor, é o plenitude do Espírito (Ef 5. 18) - será também cheia de poder
reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos. Na tua mão há (At 6.8).
força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força"
(1 Cr 29.11-12). Poder para quê?
Embora a última frase da oração dominical não esteja em
todos os textos gregos, os cristãos do mundo inteiro repe O poder não é dado para deleite próprio nem para pro
t �m há quase dois mil anos a bela doxologia, que pode ter moção pessoal. Isto precisa ficar bem claro. Simão, o mago
sido tomada da oração de Davi acima citada: de Samaria, assustou os apóstolos Pedro e João quando
"Teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém." revelou a sua ignorância sobre a natureza do poder do
(M,t 6.13.) Espírito Santo, ao oferecer dinheiro para comprar o dom de
E de todo saudável consagrar a declaração de que o poder Deus (At 8.9-24).
pertence a Deus . E esse poder é imenso, suficiente para Deus nos reveste de seu poder para:
"subordinar a si todas as coisas" (Fp 3.21).
1. Fazerfrente ao pecado.
Espírito Santo e poder
O pecado tem uma força tremenda e "o corpo é fraco"
Desde o Velho Testamento o Espírito Santo é o instrumen (Mt 26.41). Para não ter uma vida de f:acasso, você precisa
to do poder que promana de Deus. Faraó percebeu que José do auxílio sobrenatural do Espírito. E por meio do poder
era um homem possuído pelo Espírito de Deus (Gn 41,.39). do Espírito que você vai mortificar os reclamos da sua
Bezalel foi cheio do Espírito de Deus para ter habilidade e natureza humana (Rm 8.13).
110 - Práticas Devocionaís Prática do Poder - 111
2. Exercer o ministério para o qual fomos chamados. minha existência; estou fraco por causa das minhas aflições;
até mesmo os meus ossos estão se gastando!" (SI 31.10 em
No caso de Sara, ela recebeu poder para ser mãe, não A Bíblia na Linguagem de Hoje). Qualquer ato de amor
obstante ser uma mulher estéril e idosa (Hb 11.11). No caso implica em dt.,sgaste. O bom samaritano gastou energia,
de Maria, ela recebeu poder para ser a mãe de Jesus, não tempo e dinheiro para salvar o semimorto da morte (Lc
obstante fosse uma mulher virgem (Lc 1.35). No caso dos 10.33-35). As curas operadas por Jesus provocavam nele um
apóstolos e dos setenta, eles receberam poder para expulsar desgaste de poder (Lc 6.19). Embora muitqs das multidões
demônios e realizar curas (Lc 9.1, 10.9). No caso de Paulo, o apertassem (Lc 8.42), o caso.da mulher hemorrágica foi
ele recebeu poder para levar o evangelho de Jerusalém ao diferente. Por isso Jesus insistiu com Pedro: "Alguém me
Ilírico (Rm 15.18-21, 1 Co 2.1-5). tocou, porque senti que de mim saiu poder" (Lc 8.46).
Porque há dEsgaste, a renovação do poder é uma neces
3. Testemunhar a morte e a ressurreição de Jesus "tanto em sidade constante. Daí a conhecida passagem de Isaías: "Os
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem,
confins da terra" (At 1.7-8, Lc 24.49). mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças,
sobem com asas corno águias, correm e não se cansam,
O derrame espetacular e geral do Espírito Santo no dia caminham e não se fatigam" (40.30-31). Esta renovação de
de Pentecostes tinha este propósito. Por esta razão, a peque forças não tem nada a ver com a idade cronológica nem com
na comunidade cristã de Jerusalém, imediatamente após a o desgaste físico: "Ele é quem farta de bens a tua velhice,
descida do Espírito, passou a falar em outras línguas as de sort� que a tua mocidade se renova corno a da águia" (Sl
grandezas de Deus (At 2.11). Em apenas trinta anos de 103.5). E como Paulo escreveu aos coríntios:"Ainda que o
missões, a igreja primitiva alcançou os mais importantes e nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito vai se renovan
populosos centros urbanos do mundo de então e neles se do dia a dia" (2 Co 4.16).
estabeleceu. Pela prática do poder, o crente se abastece outra vez de
força no mesmo momento em que despende alguma ener
Desgaste e renovação gia para fazer frente à tentação, ao sofrimento, à renúncia
e ao desempenho de suas obrigações de amar a Deus e ao
A manutenção do compromisso cristão e o exercício con próximo. É extrerrtamente necessário deixar a água entrar
tinuado de qualquer atividade em favor da expansão do novamente todas as vezes que o nível da caixa-d'água
reino de Deus importam em sensíveis desgastes. Em parte começar a baixar. Ela precisa permanecer sempre cheia:
porque estamos sempre nadando contra a correnteza (Ef "Buscai o Senhor e o seu poder, buscai perpetuamente a sua
2.1-3). Em parte porque a seara é enorme e os trabalhadores presença" (SI 105.4)!
são poucos (Mt 9.35-38). Em parte porque o sofrimento que
nos rodeia é intenso e variado. O desgaste é uma experiân
cia natural e constante, como se pode ver em Paulo: "Eu de
boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol
de vossas almas" (2 Co 12.15). Ou em Davi: "A tristeza tem
encurtado a minha vida; as lágrimas têm diminuído a
Prática da Vontade
A escolha final
tipo resistente e durável de alegria pode ser visto na famosa gunta Tiago, para advertir em seguida: "Cante louvores"
oração de Habacuque: "Embora as figueiras tenham sido (Tg 5.13). O Salmo 42 lembra com saudades da multidão
totalmente destruídas e não haja flores nem frutos, embora em festa por ocasião das procissões à casa de Deus, "entre
as colheitas de azeitonas sejam um fracasso e os campos gritos de alegria e louvor" (versos 4 e 5). O povo comemo
estejam imprestáveis, embora os rebanhos morrem pelos rou a renovação da aliança na época do sacerdote Joiada
pastos e os currais estejam vazios, eu me alegrarei no "com alegria e com canto, segundo a instituição de Davi"
Senhor! Ficarei muito feliz no Deus da minha salvação!" (2 Cr 23.18). É muito difícil separar a alegria do louvor, o
(H� 3.17-18 em A Bíblia Viva). louvor da música e a música da expressão corporal (dança):
E importante lembrar que Paulo achava-se num cárcere "Louvai a Deus ao som da trombeta, com saltério e com
quando escreveu a Epístola aos Filipenses, na qual enfatiza harpa, com adufes e danças, com instrumentos de corda e
a prática da alegria:"Alegrai-vos sempre no Senhor, outra com flautas, com címbalos sonoros e com címbalos retum
vez digo, alegrai-vos" (Fp 4.'4). Nesta mesma carta, o após bantes" (Sl 150.3-5). Momentos de intensa alegria foram
tolo declara ter aprendido a viver contente em toda e descarregados na música e na dança: por Miriã, logo após
qualquer situação: "Tanto de fartura, como de fome, assim a travessia do mar Vermelho (Ex 15.20-21); pela filha de
de abundância, como de escassez; tudo posso naquele que Jefté, logo após a vitória do pai sobre os filhos de Amom (Jz
me fortalece" (Fp 4.12-13). 11.34); e por Davi, logo após a recuperação da arca do
Senhor (2 Sm 6.14-15).
Gritos de alegria
A fonte primeira
A Bíblia descreve o regozijo do povo de Deus no correr
dos anos e não economiza palavras para mencionar a in Na verdade a maior fonte de alegria é a presença de Deus
tensidade e a qualidade desta alegria. na vida diária do homem: "Na tua presença há plenitude
Fala-se em grande alegria (Lc 24.52, At 8.8, Fm 7), em de alegria, na tua destra há delícias perpetuamente" (SI
alegria completa (Jo 16.24, 1 Jo 1.4, 2 Jo 12), em abundância 16.11). Daí a oração de Moisés: "Sacia-nos de manhã com a
de alegria (2 Co 8.2), em alegria transbordante (Mt 13.44, tua benignidade, para que cantemos de júbilo e nos ale
At 13.52), em plenitude de alegria (SI 16.11), em alegria gremos todos os nossos dias" (Sl 90.14).
indizível (1 Pe 1.8), em alegria eterna (Is 35.10) ou perpétua Davi e Salomão, pai e filho, confirmam esta verdade.
alegria (Is 51.11), em alegria em extremo (Jn 4.6) e até em Porque pecou e se retirou da presença de Deus, D�vi perdeu
gritos de alegria (SI 42.4). As vozes da alegria provocada a alegria que lhe era uma experiência normal. E por esta
pela restauração e dedicação dos muros de Jerusalém na razão que ele pede duas vezes no famoso Salmo de confis
época de Esdras e Neemias foram ouvidas a uma grande são e arrependimento o retorno deste estado de espírito:
distância (Ne 12.43). Salomão descreve a alegria do coração "Faze-me ouvir júbilo e alegria para que exultem os ossos
como um banquete contínuo (Pv 15.15). E Jesus faz questii,o que esmagaste" e "Restitui-me a alegria da tua salvação"
de dizer que a alegria provocada por sua ressurreição seria (SI 51.8 e 12). Já Salomão, seu filho, se distanciou de Deus
permanente: "A vossa alegria ninguém poderá tirar" (Jo por causa de suas mulheres estrangeiras (1 Re 11.1-8) e
16.22). peregrinou atrás de alegrias duvidosas e efêmeras, entre
A alegria propicia o louvor."Está alguém alegre?", per- gando-se sem reserva a todos os seus desejos (Ec 2.10),
120 - Práticas Devocionais Prática da Alegria - 121
tendo chegado por fim à feliz conclusão de que, separado O crescimento quantitativo e qualitativo da Igreja no �ivro
de Deus,"quem pode alegrar-se?" (Ec 2.25). de Atos foi celebrado com muita alegria (At 15.3), justifi
Esta lição foi duramente aprendida tanto por Davi como cando o provérbio de Salomão:"Quando se multiplicam os
por Salomão. O primeiro confessou: "O Senhor, tenho-o iustos o povo se alegra, quando, porém, domina o perverso,
sempre posto à minha presença" (Sl 16.8). O segundo escre o povo suspira" (Pv 29.2).
veu um dos apelos mais convincentes e bonitos das Escri O fruto do penoso trabalho é também fonte de alegria.
turas contra a frustração e o tédio e a favor da colocação de Até para Jesus:"Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua
Deus na linha de frente do pensamento humano:"Lembra alma e ficarásatisfeito" (Is 53.11). Paulo correu risco de vida
te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que em Tessalônica (At 17.1-10), não obstante muito se alegrou
venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: com os resultados de seu trabalho naquela cidade e escre
Não tenho neles prazer" (Ec 12.1). veu aos tessalonicenses:"Vós sois realmente a nossa glória
Quando se fala em alegria na Bíblia, repetidas vezes e a nossa alegria!" (1 Ts 2.20). Na pequena epístola dirigida
refere-se à alegria no Senhor. Veja-se os Salmos de Davi a Gaio, João se abre: "Não tenho maior alegria do que esta,
(9.2, 32.11 e 63.11), a oração de Habacuque (Hc 3.18) e a a de ouvir que meus filhos (na fé) andam na verdade" (3 Jo
epístola de Paulo aos Filipenses (Fp 4.4). 4).
As promessas de Deus são outra fonte de alegria muito
Minas de alegria séria: "Alegro-me nas tuas promessas, como quem acha
grandes despojos" (SI 119.162). A esperança produz alegria
A alegria não é tão difícil quanto os pessimistas pensam. antecipada e diminui sensivelmente o impacto da dor,
Ela é provocada por coisas simples sempre relacionadas como se vê em Paulo: "Para mim tenho por certo que os
com a pessoa de Deus. Basta lembrar que a alegria é fruto sofrimentos do tempo presente não são para comparar com
do Espírito (Gl 5.22), conseqüência inevitável de quem está a glória por vir a ser revelada em nós" (Rm 8.18). Os heróis
em Cristo e anda no Espírito e não na carne. Esta verdade da fé listados na Epístola aos Hebreus não obtiveram em
é reforçada por mais este texto:"Vocês receberam a mensa vida a concretização da promessa, mas viveram debaixo da
gem com aquela alegria que vem do Espírito Santo, embora alegria e do entusiasmo daquilo que Deus prometeu fazer
tenham sofrido muito" (1 Ts 1.6 em A Bíblia na Linguagem a seu tempo (Hb 11.39-40). Entre Zacarias e o nascimento
de Hoje). de Jesus há pelo menos cinco séculos, mas o profeta anun
Outra fonte de alegria é a segurança do perdão e da ciou à sua geração"Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta,
salvação:"Alegrai-vos, não porque os espíritos vos subme ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador,
tem, e, sim, porque os vossos nomes estão arrolados nos humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de
céus" (Mt 10.20). jumenta" (Zc 9.9).
Todas as vezes que Deus se manifesta e aviva a sua obra Enquanto entre os secularizados a alegria depende do ter
no decorrer dos anos e a faz conhecida (Hc 3.2), há muita e não do ser, depende de receber e não de dar, entre os
alegria: "Quando o Senhor restaurar a sorte de seu povo, cristãos um dos segredos da alegria é a ordem inversa:
éntão exultará Jacó, e Israel se alegrará" (SI 14.7, 53.6). "Mais bem-aventurado é dar que receber" (At 20.35). Esta
Talvez seja uma das mais poderosas fontes de alegria do palavra atribuída a Jesus, encontra comprovação na expe
povo de Deus (2 Cr 15.15, 29.36, 30.23-27, Ed 6.22,Ne 12.43). riência do povo de Deus tanto na época da construção do
122 - Práticas Devocionais Prática da Alegria - 123
primeiro templo (1 Cr 29.9) como na época da restauração 9.9)-e o "Não te alegres" (Os 9.1). O "alegra-te" é para as
da casa do Senhor, cerca de 150 anos depois (2 Cr 24.10). coisas que Deus faz (Sl 118.24) e o "não te alegres" é para
Em ambos os textos se lê que o povo se alegrou por ter dado as coisas que o homem faz de errado (fg 4.9).
liberalmente a sua contribuição voluntária. A tristeza tem que ser bem dosada. Tem que ser passa
geira. Tem que ser usada por Deus para provocar humilda
Tempos de alegria de, arrependúnento e mudança de comportamento (2 Co
7.10). Tem que ser resolvida pela consolação das Escrituras
Por causa do pecado, por causa da depravação humana, (Rm 15.4) e pela consolação do Espírito (Jo 14.16). Tem que
por causa da ordem política e social injusta, por causa da ser amenizada pela esperança cristã (1 Ts 4.18). Tem que ser
incredulidade, por causa da atuação satânica, por causa do sucedida pela alegria, como se preconiza neste Salmo: "Ao
orgulho humano, por causa da fome e da miséria, por causa anoitecer pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã"
da enfermidade e da morte, por causa da rejeição do evan (SI 30.5). Tem que ser positiva como as dores da mulher que
gelho e por causa dos erros cometidos pela liderança civil está para dar à luz, prontamente aliviadas ao nascer a
e religiosa - nem todo o tempo é tempo de alegria. O livro criança (Jo 16.21- 22). Te1n que ser vencida e subjugada pela
de Eclesiastes ressalta esta verdade: "Há tempo de chorar, alegria do Senhor. Para tanto, é necessário recorrer a Deus:
e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de saltar de "Alegra-nos por tantos dias quanto nos tens afligido, por
alegria" (Ec 3.4). tantos anos quantos suportamos a adversidade" (SI 90.15).
O póprio Jesus, a fonte de toda alegria, teve momentos
de tristeza. Jesus chegou a chorar ao ver Maria, irmã de
Lázaro, em prantos por causa da morte do irmão (Jo 11.33-
35). Chorou outra vez, na entrada triunfal em Jerusalém, ao
ver, do alto do Monte das Oliveiras, a cidade impenitente
e marcada para a completa ruína (Lc 19.41-44). A sua maior
tristeza, porém, foi no jardim do Getsêmani, quando bus
cou a simpatia de Pedro, Tiago e João:"A minha alma está
profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comi
go" (Mt 26.38).
Em certas situações muito especiais a tristeza torna-se
virtude e a alegria torna-se pecado. Paulo se mostra virtuo
so ao se preocupar com a incredulidade dos judeus, a
despeito de todas as prerrogativas do povo eleito, seus
ir�ãos e compatriotas segundo a carne: "Tenho grande
_
tristeza e rncenssante dor no coração" (Rm 9.1-5). Ao mes
mo tempo Jó também se mostra virtuoso porque não se
alegrou com a desgraça daquele que lhe devotava ódio (Jó
31.29). Aliás, está escrito que"o que se alegra da calamida
de não ficará impune" (Pv 17.5). Existem o"Alegra-te" (Zc