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ESTS009-17

Materiais Compósitos e Aplicações


Estruturais - QS 2021.2
Aula 02
Equações constitutivas e
macromecânica de materiais compósitos
Prof. Marcelo Araujo da Silva
marcelo.araujo@ufabc.edu.br
Introdução aos Compósitos

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INTRODUÇÃO AOS COMPÓSITOS

Definição de Compósitos

Segundo Daniel e Ishai (1994), para que o material possa ser classificado como
um compósito é necessário satisfazer três critérios:
I. Ambos os constituintes devem estar presentes em proporções maiores que 5%;
II. As fases constituintes devem ter propriedades diferentes;
III. As propriedades do compósito devem ser notoriamente diferentes daquelas dos
materiais constituintes atuando independentemente.

Figura 1 - Esquema da constituição de um material compósito

Fonte: Elaborado pelos autores


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INTRODUÇÃO AOS COMPÓSITOS

Definição de Compósitos

A Figura 2 ilustra com mais detalhes a constituição de um material


compósito. Figura 2 - Esquema da constituição de um material compósito

Fonte: Elaborado pelos autores


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INTRODUÇÃO AOS COMPÓSITOS

Características dos Materiais Compósitos

Vantagens dos Materiais Compósitos


Os materiais compósitos apresentam grandes vantagens em comparação com os
materiais monolíticos:
➢ Resistência alta;
➢ Rigidez alta;
➢ Vida longa em fadiga;
➢ Densidade baixa;
➢ Adaptabilidade.

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INTRODUÇÃO AOS COMPÓSITOS

Características dos Materiais Compósitos

Desvantagens dos Materiais Compósitos [1/2]


No entanto, também apresentam certos problemas quando comparados aos
materiais monolíticos:
➢ Micromecânicos: A introdução de fibras na matriz resulta em uma
elevada rigidez e resistência na direção das fibras, mas devido à
concentração de tensão ao redor das fibras na direção transversal, há
uma redução relevante das propriedades mecânicas;
➢ Macromecânicos: A análise de meios anisotrópicos é mais difícil e
complexa;
➢ Caracterização mecânica: É necessário determinar um grande
número de constantes elásticas e resistências;
continua...
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INTRODUÇÃO AOS COMPÓSITOS

Características dos Materiais Compósitos

Desvantagens dos Materiais Compósitos [2/2]


No entanto, também apresentam certos problemas quando comparados aos
materiais monolíticos:
➢ Projeto, análise e otimização estrutural: Por envolver diversas
variáveis, é preciso realizar análises detalhadas e otimizações
estruturais perante critérios como: mínimo peso ou estabilidade
estrutural;
➢ Manufatura do material: Os processos conhecidos permitem a
fabricação de grandes componentes, o que diminui o número de
montagens e junções, logo, estes processos são dependentes de mão
de obra qualificada, e, em geral, são processos de automatização e
normalização limitadas.
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INTRODUÇÃO AOS COMPÓSITOS

Classificação

Os materiais compósitos podem ser classificados em relação à sua matriz


ou em relação à sua fase dispersa.
● Em relação à matriz, tem-se compósitos de:
○ Matriz metálica (CMM);
○ Matriz cerâmica (CMC);
○ Matriz polimérica (CMP).

Figura 3 - Superfície fraturada de um compósito de a) matriz metálica, b) matriz cerâmica e c) matriz polimérica

a) b) c)

Fonte: Reprodução
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INTRODUÇÃO AOS COMPÓSITOS

Classificação

Por outro lado,


● Em relação à fase dispersa:
○ Particulados: consistem em partículas de vários tamanhos e formas dispersas
aleatoriamente dentro de uma matriz;
○ Fibras descontínuas (whiskers): contêm pequenas fibras como reforço;
○ Fibras contínuas: contém longas fibras contínuas, sendo os mais resistentes sob
o ponto de vista de rigidez e força. As fibras podem ser orientadas:
■ Paralelamente (unidirecional);
■ Formando ângulos entre si (crossply);
■ Distribuídas em várias direções (multidirecional).

A Figura 4 do slide seguinte ilustra a classificação em relação à fase dispersa.

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INTRODUÇÃO AOS COMPÓSITOS

Classificação
Figura 4 - Diagrama esquemático da classificação dos materiais compósitos

Fonte: Adaptado de Daniel e Ishai (1994)


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INTRODUÇÃO AOS COMPÓSITOS

Compósitos Laminados

Os compósitos laminados são aqueles fabricados com camadas de fibras


sobrepostas, sejam unidirecionais ou multidirecionais, como mostra a Figura 5.
Figura 5 - Esquema da constituição de um material compósito

Fonte: Elaborado pelos autores


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Macromecânica de
Compósitos Ortotrópicos

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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

As propriedades elásticas dos materiais isotrópicos são definidas a partir


do módulo de elasticidade longitudinal E e do coeficiente de Poisson ν.
Figura 6 - Plano 1-2 da lâmina do material compósito

Fonte: Elaborado pelos autores

No caso de materiais compósitos de lâminas ortotrópicas suas propriedades elásticas


são determinadas pelas constantes E1, E2, G12, ν1 e ν2, as quais são válidas apenas no
sistema de coordenadas principal do material, ou seja, no plano 1-2 da Figura 6.
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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

A relação entre as deformações {ε} e tensões {σ} no plano 1-2 é:

As tensões referentes às direções 1 e 2 em função das deformações é:

A matriz [S] é denominada matriz de flexibilidade e a matriz [Q] é a matriz de rigidez.


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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

Os componentes Qij da matriz [Q] são:

Sendo E1 e E2 os módulos de elasticidade nas direções paralela e perpendicular às


fibras, respectivamente ν12 e ν21 os coeficientes de Poisson quando o esforço normal
ocorre na direção das fibras e perpendicular às fibras, respectivamente e G12 o módulo
de cisalhamento no plano 1-2.
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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

As relações tensão-deformação elástica de um laminado é descrito por meio da


Teoria Clássica da Laminação (TCL). Para tal, adota-se as hipóteses de Kirchhoff:

● O laminado é composto de lâminas perfeitamente coladas;


● A camada de resina que une as lâminas é infinitamente fina e não deformável por
cisalhamento;
● A espessura da lâmina é muito menor que a sua largura e comprimento;
● Uma linha originalmente reta e perpendicular à superfície de referência não varia
quando o laminado for estendido e flexionado. Logo γxz = γyz = 0;
● Os segmentos normais à superfície de referência são considerados inextensíveis. Isto
significa que εz = 0 em qualquer ponto.
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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

Assim, podem ser deduzidas as relações entre os deslocamentos u, v e w


de um ponto qualquer na lâmina, e as componentes u0 e v0 de um ponto na superfície
de referência, conforme a Figura 7.
Figura 7 - Laminado na configuração não deformada e deformada

Fonte: Elaborado pelos autores


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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

A hipótese implica que os deslocamentos do ponto genérico do laminado, nas


direções x e y, são dados por:

onde ψx e ψy são as inclinações da normal à superfície média nas direções x e y no


ponto (x,y) da superfície de referência. Como hipótese, tem-se que:

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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

Assim, obtém-se:

Supondo pequenas deformações e rotações, as relações deformação-deslocamento


são dadas por:

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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

Correlacionando os deslocamentos apresentados nestas equações previamente


obtidas com as relações deformação-deslocamento, obtém-se:

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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

Os primeiros termos da direita das equações anteriores representam as deformações


de membrana {ε0}, que se relacionam com os deslocamentos u0, v0 e w por:

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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

Similarmente, o segundo termo das equações anteriormente obtidas define o


comportamento à flexão da superfície de referência, ao qual se define como {k}:

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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

Desta forma, a curvatura quantifica a flexão da superfície de referência e a


deformação da membrana indica a deformação da superfície, escritas na forma:

As tensões na k-ésima lâmina podem ser expressas como:

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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

Os esforços em cada lâmina são obtidos, conforme Figura 8, pela integração das
tensões em cada lâmina através da espessura H do laminado, ou seja:

Figura 8 - Esforços a) normais, b) fletores e c) cisalhantes atuando num elemento plano

Fonte: Elaborado pelos autores


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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

As integrais anteriores podem ser substituídas por um somatório de integrais


definidas ao longo da espessura de cada lâmina, obtendo então:

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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

Substituindo os valores das tensões nessas equações, obtém-se as seguintes


equações:

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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Macromecânica

Realizando as interações e os somatórios, obtém-se a equação simplificada:

onde

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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Exemplo - a)

Determine o tensor das deformações para o material compósito laminar e


ortotrópico descrito na Tabela 1. As tensões nas direções principais, alinhadas com as
fibras, são σ1 = 660 MPa, σ2 = 540 MPa e τ12 = τ6 = 120 MPa.
Tabela 1 - Propriedades física e mecânica do material
Módulo longitudinal (E1) 65 GPa
Módulo transversal (E2) 55 GPa
Módulo de cisalhamento (G12) 50 GPa
Coeficiente de Poisson principal no plano 1-2 (ν12) 0,24
Coeficiente de Poisson transversal no plano 1-2 (ν21) 0,02
Resistência à ruptura a tração no sentido principal do laminado (F1T) 810 MPa
Resistência à ruptura a tração no sentido transversal do laminado (F2T) 790 MPa
Resistência ao cisalhamento no plano do laminado (F6) 115 MPa
Resistência à ruptura a compressão no sentido principal do laminado (F1C) 630 MPa
Resistência à ruptura a compressão no sentido transversal do laminado (F2C) 640 MPa
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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Solução do Exemplo - a)

Recorde que a relação entre as deformações e as tensões no plano, é dada por:

Tome nota que o tensor das deformações é escrito na forma:

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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Solução do Exemplo - a)

Substituindo os valores dados pela Tabela 1 na equação do vetor das deformações:

que, reescrito na forma de tensor, é

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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Exemplo - b)

Verifique se as tensões atendem ao critério de falha dado abaixo (se a equação


for atendida o sistema falha; Resposta deve ser: falha ou não falha).

onde:

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MACROMECÂNICA DE COMPÓSITOS ORTOTRÓPICOS

Solução do Exemplo - b)

Substituindo-se os valores da Tabela 1 nas fórmulas de f1, f2, f11, f22, f66 e f12:

Substituindo esse valores e também as tensões σ1 = 660 MPa, σ2 = 540 MPa e


τ12 = τ6 = 120 MPa na fórmula do critério de falha, tem-se que:

FALHA!

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Dúvidas?

33
Obrigado!

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