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Introdução

Neste trabalho iremos falar um pouco da co-incineração, mais concretamente explicar


em que é que consiste, que tipo de substâncias podemos co-incinerar e onde as
podemos co-incinerar, vamos ainda referir a opinião de uma população portuguesa
que se viu confrontada com a possibilidade de ter uma co-incineração praticamente a
porta de suas casas. Mas para concluir esta nossa introdução vamos deixar esta
pergunta e sua respectiva resposta:

-Que destino dar ao nosso lixo?

Durante vários anos, verificou-se na maior parte dos países desenvolvidos uma
acumulação irresponsável dos seus resíduos (urbanos, hospitalares, industriais, outros)
sem o respectivo tratamento. Esta atitude poderá ter impactos a médio e longo prazo
na contaminação dos solos, águas e ar, com efeitos nefastos para a saúde pública.

Em Portugal estima-se a produção de aproximadamente 2,5 milhões de toneladas/ano


de resíduos industriais, dos quais 125.000 toneladas (5%) são classificados como
perigosos e 16.000 toneladas destes, incineráveis.

Desta forma, é urgente a introdução de um sistema de separação de lixos


perigosos/não perigosos e posterior tratamento dos mesmos.

Após várias pesquisas realizadas, surgiu uma nova forma de tratamento do lixo: a Co-
Incineração.
Mas em que é que de facto consiste a Co-Incineração?

A co-incineração é o processo de tratamento de resíduos que consiste na sua queima


em fornos industriais, conjuntamente com os combustíveis tradicionais. Os resíduos
são assim valorizados energeticamente, pois substituem parte do combustível usado
no forno. Os fornos trabalhando a elevadas temperaturas das indústrias vidreira,
siderúrgica e cimenteira podem ser usados para o tratamento de resíduos.
Vantagens da co-incineração
Consideram-se vantagens do processo de co-incineração:
A taxa de destruição dos resíduos pelo processo de co-incineração é superior à das
incineradoras.
Os fornos das cimenteiras ao utilizar os calcários como matéria-prima principal, têm
um ambiente tipicamente alcalino e por isso comportam-se como \"lavadores"
naturais dos gases. Este facto dispensa o tratamento complementar dos gases e não há
produção de efluentes líquidos ou lamas. Os fornos das cimenteiras que efectuarão a
co-incineração incorporarão também as cinzas da combustão dos resíduos na
estrutura do próprio cimento, fixando assim os metais pesados ao produto numa
percentagem superior a 99,99 por cento.
Deste processo, não resultam quaisquer resíduos, devido à grande taxa de
incorporação das cinzas no produto final, ao contrário das incineradoras, onde as
poeiras produzidas teriam de ser depositadas em aterro, de acordo com as normas
para resíduos perigosos. Os fornos das cimenteiras não dependem dos resíduos
industriais para o seu funcionamento, uma vez que utilizam combustíveis fósseis para
laboração, e a matéria-prima utilizada é proveniente de pedreiras calcárias, pelo que
uma redução da produção de resíduos não colocará em causa o funcionamento do
sector cimenteiro.Com a utilização dos resíduos como combustível existe uma
diminuição no consumo de combustível primário.

Para o tratamento de 1 tonelada de resíduos industriais numa incineradora iria custar


cerca de 400 euros enquanto na co-incineração o custo ronda os 150 euros.
Este processo permite uma valorização dos resíduos industriais em termos
energéticos. Neste ponto de vista teremos uma reutilização de um resíduo que
aparentemente poderia funcionar apenas como \"lixo" e poluente.
Assim, o processo de Co-Incineração implica adaptações mínimas nas cimenteiras.

Numa primeira fase, os resíduos industriais perigosos são enviados para uma estação
de pré-tratamento. Os lixos com pouco poder calorífico são fluidizados (trituração,
dispersão e separação dos materiais ferrosos); os resíduos líquidos são impregnados
com serradura e submetidos a uma possível centrifugação (no caso de possuírem
grandes quantidades de água); os resíduos termo fusíveis, alcatrão e betumes, são
rearmazenados em lotes.
Numa segunda fase os resíduos são levados para as cimenteiras. Em caso de acidente
de transporte, os impactos ambientais serão muito menores do que antes do
tratamento dos mesmos.

Nas cimenteiras são pulverizados para o forno tirando partido do seu poder calorífico
(Ex: combustíveis) ou utilizados como matéria-prima substituta na produção de
cimento.

Após este processo, não permanecem resíduos remanescentes da Co-Incineração,


visto que estes são incorporados no próprio cimento, e devido às temperaturas e
tempo de residência dos gases a produção de gases tóxicos é muito baixa. Contudo,
poderemos ter a certeza da inexistência de perigo para a saúde pública?

Para evitar uma remota, mas possível fuga de gases devem ser instalados filtros de
mangas nos fornos das cimenteiras, aumentando a margem de segurança.
As substâncias que podem ser co-incineradas são;
Consideram-se como resíduos perigosos e que podem ser co-incinerados uma
gama variada de substâncias na forma líquida, sólida ou pastosa tais como:
solventes de limpeza, solventes de indústria química, tinta e vernizes, óleos
usados, alcatrões, betumes, lamas de estações de tratamento de águas, etc. Estes
resíduos envolvem muitas vezes na sua constituição hidrocarbonetos e
compostos clorados e fluorados, entre outros, e alguns deles possuem um
elevado poder calorífico o que para a produção de energia nos fornos das
cimenteiras é ideal.

Onde podem ser co-incinerados estes resíduos?


Os resíduos podem ser incinerados em estações próprias. A incineração é geralmente
um processo de eliminação de resíduos perigosos, pelo que podem ser libertados
vários gases tóxicos que se apresentam contaminados com chumbo, mercúrio,
dioxinas, etc. Sendo assim, as incineradoras devem cumprir normas que as impeçam
de se transformarem em locais privilegiados de contaminação atmosférica. Em
determinadas situações, a queima de resíduos pode fazer-se nos fornos das
cimenteiras, designando-se esse processo por co-incineração. Para tal as cimenteiras
necessitam de ser equipadas com filtros específicos. Em Portugal, o aproveitamento
dos fornos das cimenteiras e a construção de incineradoras tem sido alvo de muita
polémica, tendo até sido constituída uma Comissão Científica Independente de
Controlo e Fiscalização Ambiental da Co-incineração.

Exemplo de um forno de uma cimenteira


Atitude das populações perante as co-incinerações!
A polémica relacionada com a co-incineração de resíduos industriais em Portugal, e no
resto da Europa de forma similar, alcançou o seu expoente máximo com o «caso de
Souselas». A razão genérica que esteve na base quer da decisão governamental, quer
do movimento de protesto dos habitantes de uma das regiões afectadas, era a mesma:
o combate a um problema do foro ambiental. Com efeito, a decisão do Ministério do
Ambiente de avançar com a co-incineração fundamentava-se na necessidade urgente
de dar um tratamento aos Resíduos Industriais Perigosos produzidos em Portugal que,
tal como estavam, representavam uma enorme ameaça ambiental; o movimento de
protesto fundamentava-se no facto de a solução escolhida não ser ambientalmente
correcta, transformando a própria solução em ameaça.

Após a decisão do governo de avançar com a co-incineração, em 1998, instalou-se a


polémica. Para levar a sua estratégia avante o governo sugeriu a criação de um Plano
Estratégico de Gestão de Resíduos Industriais (PESGRI), a par da requalificação
ambiental das localidades afectadas. Estas medidas serviriam para suportar a base
argumentativa governamental ao longo de todo o processo: a urgência do tratamento
dos Resíduos Industriais Perigosos.

De entre os argumentos que serviam de base ao movimento de protesto destacavam-


se a «convivência» negativa que a população vinha mantendo com a cimenteira desde
a sua entrada em funcionamento em 1974 (os estragos provocados nas casas pelas
«explosões» da cimenteira, os frequentes «acidentes» na laboração da cimenteira, a
constante poluição na via pública, a destruição da agricultura de subsistência, os
problemas de saúde da população, etc.) e os perigos que a co-incineração poderia
acarretar para a saúde pública, tendo havido, inclusive, a apresentação de dois
documentos justificativos do protesto. Aos argumentos da população de Souselas,
juntavam-se outros baseados, sobretudo, na localização da co-incineradora. De entre
as razões que eram apontadas para o não avançar da proposta governamental,
destacavam-se: o facto de a co-incineradora ficar situada junto a um grande
aglomerado populacional - Coimbra; a «desvalorização» a que estava sujeita a região
centro, uma vez que esta, nunca representando custos políticos elevados para o
partido no poder, à semelhança de outras situações anteriores era alvo de
discriminação em termos de desenvolvimento económico e social, cabendo-lhe
algumas das iniciativas mais impopulares, de que a co-incineração era exemplo; o facto
de Coimbra ter um fraco tecido industrial, o que desaconselhava a sua escolha para o
tratamento dos resíduos produzidos, sobretudo, em outras localidades. Para além
destes argumentos que se prendiam, sobretudo, com a localização, verificava-se que
as «palavras de ordem» eram bastante diversas, não havendo um consenso quanto às
soluções a propor. Um outro argumento que foi ganhando peso ao longo do processo
prendia-se com o facto de a co-incineração representar o tratamento de uma ínfima
parte dos resíduos produzidos em Portugal - e apenas uma parte dos Resíduos
Industriais Perigosos - reduzindo, desta forma, a escala do problema.

O movimento de protesto contra a co-incineração tem sido caracterizado por períodos


diferenciados de contestação. Até ao presente momento podemos identificar três
desses períodos, de onde ressaltam as seguintes características fundamentais: no
primeiro tempo, a insuficiência da reivindicação popular junto dos decisores
governamentais traduziu-se num apelo ao saber de peritos, por forma a fundamentar
a decisão; no segundo tempo, a posição tomada pela CCI, totalmente favorável ao
avanço do processo de co-incineração, fez com que a contestação se fizesse,
sobretudo, por via da controvérsia científica instalada; no terceiro tempo, o
alargamento das análises científicas às questões relativas à saúde pública permitiram
um reforço da associação que já vinha acontecendo entre parte da comunidade
científica e o movimento de protesto, havendo uma aproximação inequívoca às
principais preocupações das populações locais, muito embora o parecer do Grupo de
Trabalho Médico (GTM) tenha garantido a inocuidade da co-incineração para a saúde
das populações afectadas e referido que os riscos decorrentes da actividade de uma
co-incineradora eram «socialmente aceitáveis».

Apesar de, desde o início, a contestação promovida ter sido acusada de localista, com
o desenrolar dos acontecimentos, foram sendo estabelecidas pontes de diálogo e
foram sendo suscitadas questões até aí inexistentes no nosso país. O movimento de
protesto assumiu ainda uma posição de vanguarda ao posicionar-se contra a chamada
«cultura tóxica», uma das questões actualmente mais em voga.

Toda esta polémica desviou as atenções da questão fundamental: embora houvesse


contestação, o urgente era apresentar medidas e solucionar problemas,
independentemente da fórmula ser ou não a mais correcta. Neste sentido, foi
avançado que iriam apenas ser sujeitos a co-incineração os resíduos que não tivessem
qualquer outra alternativa de tratamento (excluindo os óleos usados e os solventes
orgânicos), o que reduziu substancialmente a proposta apresentada. Ficou ainda por
decidir onde iria ser colocada a estação de tratamento dos resíduos que iriam ser
sujeitos a queima e a definição concreta de quais seriam esses resíduos. Do lado do
movimento de protesto continuam ainda a ser efectuados esforços no sentido de
serem encontradas alternativas para os restantes resíduos.

Estando o processo ainda em curso, e tendo sido já desenvolvidas inúmeras


articulações entre as diferentes iniciativas locais, tendo igualmente sido desenvolvidas
algumas alianças de âmbito nacional, resta o envolvimento da sociedade civil e do
Estado para que as mesmas reivindicações e iniciativas locais não se baseiem num
princípio de tipo NIABY (Not in Anyboby’s BackYard), mas sim em verdadeiras
preocupações ambientais e sociais que não tenham como principal objectivo o
adiamento da resolução dos problemas por tempo indeterminado.
Conclusão
Na minha opinião a co-incineração nas cimenteiras é muito importante, porque para
além de poupar combustíveis, o que por si só já é muito bom, verificamos que os
resíduos resultantes da queima são também aproveitados como matéria-prima. Sou
apenas contra que o façam junto a populações porque ninguém quer ter uma central
com risco de emissão de gases tóxicos e venenosos no seu “quintal”.

Mas como balanço final parece-me uma boa solução para nos ajudar a ver livres das
toneladas de resíduos que produzimos em nossas casas.

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