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DIREITO CIVIL II – PARTE GERAL


TEORIA GERAL DOS FATOS JURÍDICOS

FATO= é qualquer acontecimento -natureza


-conduta humana (Ato)
ATO= é todo fato que decorre da conduta humana

FATO JURÍDICO= é todo acontecimento que tem potencialidade para produzir efeitos no âmbito Jurídico
é todo acontecimento da vida que o ordenamento jurídico considera relevante no direito

1- CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS

2- CONSEQUÊNCIAS DOS FATOS JURÍDICOS

✓ No âmbito Patrimonial

a) AQUISIÇÃO DE Direitos

• Ordinária (originária): Sem interposição ou Transferência de outra pessoa


Ex. Usucapião, Avulsão
• Derivada: Transferência do direito de propriedade de uma pessoa a outra, existindo uma relação
jurídica entre o anterior e o atual titular
Ex. Compra e Venda de uma cassa com registro no RGI competente
• Gratuita: Não há contraprestação
Ex. Doação, Sucessão hereditária
• Onerosa: Há contraprestação enriquecendo ambas as partes
Ex. Compra e Venda

➢ Quanto a Extensão
Título Singular: Apenas a que concerne a direitos Ex. Legado= herda coisa individualizada
Título Universal: Totalidade de Direitos e Obrigações Ex. Herança

➢ Quanto ao Processo Formativo


Simples: Fato gerador da relação jurídica consistir num só ato Ex. Assinatura de um cheque
Complexa: Ocorrência de mais de um fato na relação jurídica Ex. Usucapião: posse prolongada, lapso
de tempo, inércia do titular, boa-fé, em cartas hipóteses justo título

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b) PRESERVAÇÃO de Direitos

Garantia Real: Penhor, Hipoteca, Alienação


Extrajudicial Fiduciária
Medida Preventiva
Garantia Pessoal: Fiança, Aval
Judicial Medidas Cautelares do CPC

Medida Repressiva Poder Judiciário Restauração do direito violado através de uma


2- PRESERVAÇÃO ação deduzida em juízo
DE DIREITOS
Defesa Privada da Legítima Defesa Não excedendo os limites do indispensável
Autotutela
Exercício regular de
(não constituem
um Direito
ato ilícito Art. 188 I
e II, CC) Estado de
Necessidade
Autotutela a pessoa defende o seu direito: equilíbrio entre a ameaça e a repressão.

c) MODIFICAÇÃO de Direitos

Altera a qualidade do objeto


Qualitativa Ex. Credor de coisa determinada que recebe o
Objetiva
equivalente em dinheiro
3- MODIFICAÇÃO Objeto aumenta ou reduz no volume
DE DIREITOS Quantitativa Ex. Amortização de débito; diminuição de
terrenos ribeirinhos por aluvião
Alteração do Titular o Desapropriação, Usucapião, Cessão de Crédito,
Subjetiva
Direito Alienação
Direito Personalíssimo são insuscetíveis de modificação subjetiva. Característica que o individualiza

d) EXTINÇÃO de Direitos

Cédulas recolhidas
Objetiva Perecimento do Objeto
A extinção do direito Anel que cai no mar
ocorre quando o direito Alteração do Titular o
Subjetiva Desapropriação, Usucapião, Cessão
4- EXTINÇÃO desaparece, não
Direito de Crédito, Alienação, Morte
DOS DIREITOS podendo ser exercido
pelo titular ou qualquer Prescrição Extinção da pretensão
Vínculo
outra pessoa Jurídico Fulmina o próprio direito potestativo
Decadência / Prazos no CC art. 45 e 48

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3- CONCEITO NEGÓCIO JURÍDICO

O negócio jurídico é uma declaração privada de vontade com a finalidade de produzir efeitos jurídicos, relativo
a direitos e obrigações. Entretanto, nem toda declaração de vontade constitui um negócio jurídico, porque,
por vezes, a declaração de vontade não terá como objetivo realizar uma finalidade jurídica.

Segundo Caio Mario da Silva Pereira: “todo ato jurídico se origina de uma manifestação de vontade, mas nem
toda declaração de vontade constitui um negócio jurídico.”
.
i. REQUISITOS para EXISTÊNCIA do Negócio Jurídico:

Elementos Estruturais: Partes, Vontade, Objeto e Forma

4- CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOSJURÍDICOS

a) VONTADE das PARTES:

➢ Unilaterais: aperfeiçoa com uma única manifestação de vontade


Ex. Testamento, Promessa de recompensa, Renúncia de herança
✓ Receptícios: para produzir efeitos, deve ser conhecido do destinatário
Ex. Revogação de procuração

✓ Não Receptício: para produzir efeitos, é irrelevante que seja conhecida por outra pessoa
Ex. Testamento

➢ Bilaterais: se aperfeiçoam com 2 manifestações de vontade coincidentes sobre o objeto


✓ Simples: somente uma das partes aufere vantagem, enquanto a outra assume o ônus.
Ex. Doação, Comodato
✓ Sinalagmático: há reciprocidade de direitos e obrigações
Ex. Compra e Venda, Locação

➢ Plurilaterais: são contratos que envolvem mais de 2 partes


Ex. Sociedade com mais de 2 sócios, consórcio

b) VANTAGEM PATRIMONIAL das PARTES:


➢ Gratuito: somente uma das partes aufere vantagem, enriquecimento patrimonial, sem
contraprestação.
Ex. Doação

➢ Oneroso: os contratantes auferem vantagens e contraprestações


✓ Comutativo: prestações certas e determinadas, sem risco
Ex. Compra e Venda, Locação, Seguro (segurado)
✓ Aleatório: caracteriza-se pela incerteza, evento futuro imprevisível
Ex. Jogo, Aposta, Seguro (seguradora)
Importante!
Todo negócio oneroso é bilateral, mas nem todo bilateral é oneroso.
Doação e Comodato são negócios Bilaterais Simples

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➢ Neutro: destinação de bens, tem por finalidade a vinculação de um bem, não apresenta valor
econômico
Ex. Instituição de um bem de família, Cláusula de Inalienabilidade

➢ Bifronte: são os contratos que podem ser onerosos ou gratuitos pela vontade das partes. Definido na
lei como negócio gratuito.
Ex. Mandato (procuração), depósito, mútuo

c) MOMENTO DA PRODUÇÃO dos EFEITOS:

➢ Intervivos: produzem efeito desde logo, com as pessoas ainda vivas


Ex. Casamento, Locação, Mandato, Compra e Venda, Seguro de Vida

➢ Mortis Causa: produz efeito após a morte do agente


Ex. Testamento

d) MODO de EXISTÊNCIA:

➢ Principais: possuem existência própria


Ex. Compra e Venda, Locação

➢ Acessórios: têm sua existência ligada a um contrato principal


Ex. Penhor, Fiança, Cláusula Penal

➢ Negócios Derivados ou Subcontratos: tem por objeto direitos estabelecidos em outro contrato
Ex. Sublocação, subempreitada

e) FORMALIDADE EMPREGADA:

➢ Solene: deve obedecer a uma forma prevista em lei para se aperfeiçoarem


Ex. Testamento, Casamento, Renúncia de herança
A lei exige que haja a intervenção de uma autoridade pública

➢ Não Solene: negócios de forma livre e basta o consentimento para a sua formação.
Ex. Locação

➢ Formais: a lei exige forma escrita


➢ Não Formais: a lei não exige forma escrita

f) FORMALIDADE EMPREGADA:

➢ Simples: os negócios se constituem por ato único

➢ Complexos: fusão de vários atos sem eficácia independente. Várias declarações que se completam
Ex. Alienação de imóvel em prestações
✓ Complexidade objetiva: várias declarações de vontade que se completam emitidas pelo mesmo sujeito
para o mesmo objeto.
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Ex. Alienação de imóvel em prestações
✓ Complexidade subjetiva: há pluralidade de declarações de diferentes sujeitos, convergindo para o
mesmo objeto.
Ex. despachar uma mala no aeroporto

➢ Coligado: multiplicidade de negócios, com autonomia privada, porém com um nexo que os reúne
Ex. Exploração de Posto de Gasolina

g) MODIFICAÇÃO que PODEM PRODUZIR:

➢ Obrigacionais: através da manifestação de vontade são geradas obrigações (a parte pode exigir da
outra o cumprimento).

➢ Dispositivos: condições> utilizados pelo titular para alienar, modificar ou extinguir direitos
Ex. Remissão de Dívidas
Importante!
Com frequência o negócio dispositivo complementa o negócio obrigacional.

h) OBTENÇÃO do RESULTADO:

➢ Negócio Fiduciário: pautado no RISCO e CONFIANÇA


Fiduciante transmite o direito a outra pessoa, que se obriga (se compromete) a
devolver ao patrimônio do fiduciante ou destiná-lo a outro fim.

➢ Negócio Simulado: tem aparência contrária à realidade Art. 167 CC


Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e
na forma.
§ 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - Aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou
transmitem;
II - Contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

i) CONDIÇÕES ESPECIAIS dos NEGOCIANTES

➢ Negócio Impessoal: não dependem de qualquer condição especial dos envolvidos – pode ser realizado
por qualquer pessoa
Ex. Contrato de Compra e Venda

➢ Negócio Pessoal: exige uma condição especial de uma das partes, configurando um OBRIGAÇÃO
INFUNGÍVEL. Caráter Personalíssimo
Ex. Pintor Famoso
Contratar o Jota Quest para cantar no meu casamento

j) CAUSA DETERMINANTE

➢ Negócio Causal ou Material: o motivo consta expressamente no contrato, no seu conteúdo


Ex. Divórcio
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➢ Negócio Abstrato ou Formal: o motivo se encontra inserido no seu conteúdo
Ex. Compra de Imóvel – não precisa justificar o motivo da compra.

k) MONENTO de APERFEIÇOAMENTO

➢ Negócio Consensual: geram efeitos a partir do momento em que há acordo de vontade entre as
partes
Ex. Compra e Venda

➢ Negócio Real: geram efeitos a partir da entrega do bem tutelado


Ex. Comodato

l) EXTENSÃO dos EFEITOS

➢ Negócio Jurídico Constitutivo: efeitos “Ex-Nunc” a partir da sua constituição – Dali para frente / Efeito
não retroage.
Ex. Compra e Venda

➢ Negócio Jurídico Declarativo: efeitos “Ex-Tunc” – Declara algo que já existe e Efeito retroage
Ex. Partilha de Bens no Inventário

DO NEGÓCIO JURÍDICO
Manifestação de vontade qualificada não pode haver vícios ou defeito. Se tiver vícios ou defeito pode ser
anulado.
Declaração Expressa de Vontade
O negócio jurídico é uma declaração privada de vontade com a finalidade de produzir efeitos jurídicos relativo
a direitos e obrigações. Entretanto, nem toda declaração de vontade constitui negócio jurídico, porque, por
vezes, a declaração de vontade não terá como objetivo realizar uma finalidade jurídica.

O negócio jurídico tem três planos:

–plano da existência;
–plano da validade;
–plano da eficácia.

No plano da existência estão os elementos mínimos, ou elementos essenciais (estruturais), sendo eles as
partes (agentes), objeto, forma e vontade.
A manifestação de vontade, por sua vez, consiste no primeiro e, talvez, mais importante elemento, essencial,
para existência do negócio jurídico. A vontade se processa, num primeiro momento, na mente da pessoa –
momento subjetivo, psicológico, da sua formação. A partir do momento em que a vontade é exteriorizada –
fase objetiva –, por meio de uma declaração, esta se torna apta a produzir efeitos, na medida em que se torna
conhecida.
No plano da validade, os elementos essenciais já são qualificados, pois as partes devem ser capazes, o objeto
lícito, possível, determinado ou determinável, a forma prescrita ou não defesa em lei e a vontade livre, sem
vícios.
No plano da eficácia estão os elementos relacionados com a suspensão e resolução de direitos e deveres das
partes envolvidas. De outra forma, pode-se dizer que nesse último plano, ou último degrau da escada, estão
os efeitos gerados pelo negócio em relação às partes e em relação a terceiros, ou seja, as suas consequências
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jurídicas e práticas. São elementos de eficácia os seguintes:

– Condição (evento futuro e incerto).


– Termo (evento futuro e certo).
– Encargo ou Modo (ônus introduzido em ato de liberalidade).
– Regras relativas ao inadimplemento do negócio jurídico (resolução). Juros, cláusula penal (multa) e perdas e
danos.
– Direito à extinção do negócio jurídico (resilição).
– Regime de bens do negócio jurídico casamento.
– Registro Imobiliário.

ii. REQUISITOS para VALIDADE do Negócio Jurídico:

Elementos Essenciais: Agente Capaz


Objeto Lícito, Possível, determinado ou Determinável
Forma Prescrita ou não Defesa em Lei

Art.104
I- agente CAPAZ
Absolutamente Incapaz (menor 16 anos) > Representação – Negócio Nulo (Efeito Ex-Tunc: Como se nunca
tivesse acontecido)
Nenhum absolutamente incapaz pode realizar negócio jurídico, salvo com representação.
O representante vai se manifestar em nome absolutamente incapaz. O Representante deve assinar, o
representado (menor) não precisa assinar.

Relativamente Incapaz > Assistido – Negócio Anulável (Efeito Ex-Nunc)


I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Ex. Coma)
IV - os pródigos (gasta tudo)

O relativamente incapaz não pode manifestar sua vontade sozinho, precisa ser assistido.
O assistente deve assinar junto com o assistido.
O Assistente pode ratificar o contrato e o negócio jurídico se tornar válido.

Obs: Art.181 ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar
que reverteu em proveito dele a importância paga.

II- Objeto LÍCITO, POSSÍVEL e DETERMINADO ou DETERMINÁVEL


Determinar, definir o objeto= Determinado (Algo específico)
Determinável (a produção da fazenda). Existe uma expectativa na produção

III- Forma PRESCRITA ou NÃO DEFESA EM LEI (proibido)


Nada contra a lei

Art. 105 A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio,
nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da
obrigação comum.

Comentário:
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Incapacidade relativa não pode ser invocado em benefício próprio.
Só quem pode invocar a incapacidade relativa para anular o negócio jurídico é o RELATIVAMENTE INCAPAZ
O legislador está tutelando os direitos do relativamente incapaz, a parte vulnerável da relação jurídica.
Objeto divisível: anulação do negócio jurídico vai atingir apenas o RELATIVAMENTE INCAPAZ
Ex: dinheiro em espécie, 10 sacas de café

Objeto indivisível: anulação do negócio jurídico vai atingir a todos (RELATIVAMENTE INCAPAZ e
ABSOLUTAMENTE CAPAZ)
Ex: carro / apartamento / caminhão / cavalo

Se o relativamente incapaz OMITE DOLOSAMENTE


Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua
idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se
maior.

Art.106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de
realizada a condição a que ele estiver subordinado.
Comentário:
A impossibilidade inicial não inviabiliza o negócio jurídico.
Ex: Venda de uma produção que ainda não foi colheita
Venda de um carro que ainda não foi produzido
Venda de um imóvel ainda não construído

Art.107.A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei
expressamente a exigir.
Comentário:
o contrato pode ser verbal, não precisa, não depende de forma especial, salvo quando a lei expressamente
exigir.
Ex: Lei exige: testamento, casamento.
Lei não exige: contrato de aluguel

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que
visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a
trinta vezes o maior salário-mínimo vigente no País.

Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da
substância do ato.
Comentário:
se as partes convencionarem que o negócio será por escritura pública, deverá ser dessa forma.

Art. 110 A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer
o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
Comentário:
Pactua em um contrato, mas no interior, no seu íntimo (faz reserva mental) deseja o contrário. Não está
expressando a verdade.

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Comentário:
Em determinadas situações o silêncio é manifestação de vontade (concordância)
Em determinadas situações o silêncio importa anuência

Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido
literal da linguagem.
Comentário:
Se há elementos para compreender a verdadeira intenção, deve prevalecer em relação a realidade.
Qual é a intenção?

Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua
celebração.
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio;
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio
III - corresponder à boa-fé
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável;
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais
disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no
momento de sua celebração.
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de
integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei.

Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.


Comentário:
Negócio jurídico benéfico> Doação (interpretar estrita, dever ser de forma expressa, clara, transparente, sem
dúvida)
Renúncia >interpretação estrita, deve se manifestar de forma clara, sem dúvida)

DA REPRESENTAÇÃO

REPRESENTAÇÃO: Voluntária > a pessoa escolhe seu representante (procurador) e será conforme os poderes
que o representado determina na procuração.
Judicial > juiz nomeia
Legal > a lei determina Ex. pais de uma criança (absolutamente incapaz)

Importante:
1- Quando alguém me representa, quando essa pessoa (meu procurador) manifesta a vontade, a pessoa está
manifestando a vontade em meu nome (só pode fazer o que está autorizado por mim).
2- O representante só pode agir conforme os poderes que ele tem, sob pena de ser responsabilizado.

Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.

Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em
relação ao representado.

Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu
interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.

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Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele
em quem os poderes houverem sido subestabelecidos.

Comentário:
Em regra, o autocontrato (existe conflito de interesses nesse caso) não é permitido, salvo se a lei permitir ou o
representado.
O representante não pode subestabelecer os seus poderes para outro.

Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua
qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes
excederem.
Comentário:
o representante (procurador) deve provar que possui poderes apresentando a procuração.

Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se
tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.

Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade,
o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo.

Comentário:
Se o representado não se manifestar, o negócio será válido.
Ex. se procurador possui uma procuração para a venda de uma casa, com a condição de manter a estrutura da
casa. O procurador sabe dessa condição e o comprador também sabia e demoliu a casa. O Representado pode
anular o negócio jurídico.

Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas normas respectivas; os da
representação voluntária são os da Parte Especial deste Código.

iii. REQUISITOS para EFICÁCIA do Negócio Jurídico:

Elementos Acidentais: CONDIÇÃO,


TERMO
ENCARGO

CONDIÇÃO

EVENTO FUTURO (ainda não ocorreu) e INCERTO


Futuro e Incerto é o evento que ainda acontecerá, mas as partes não têm ciência do dia da sua ocorrência.
O implemento da condição pode significar a aquisição ou extinção do direito.

Classificação da Condição:

1- quanto à ilicitude:
• LÍCITAS: NÃO contrárias a lei, a ordem pública ou aos bons costumes.
• ILÍCITAS: CONTRÁRIA à lei, a ordem pública e aos costumes
Ex. propõe a uma mulher viúva não se casar novamente e oferecer dinheiro,
propor alguém mudar de religião (liberdade de crença é protegida pela CF/88)

2-quanto a possibilidade
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• POSSÍVEL
• IMPOSSÍVEL: Fisicamente> não podem ser cumpridos por nenhum ser humano
Ex: SE comer a Lua, SE abraçar o sol, SE beber toda água do mar, SE trouxer a Pedra Azul para
Vila Velha.
Juridicamente > há proibição expressa no ordenamento ou fera a moral e os bons
costumes.
Ex. Art. 426 Herança de pessoa viva, SE matar fulano receberá um dinheiro (proibição expressa
no Código Penal)

3-quanto a fonte de onde promanam


• CASUAL: dependem do acaso, do fortuito, do fato alheio à vontade das partes.
Ex: SE chover, SE fizer frio, SE fizer sol, SE ventar
Obs. Acontecimento que depende da vontade EXCLUSIVA de um terceiro, também é casual.

• POTESTATIVA: decorre da vontade de uma das partes


◦ PURAMENTE POTESTATIVA: Puro arbítrio de uma das partes, sem influência de qualquer outro
fator externo. SÃO ILÍCITAS Art. 122
Ex: SE me der vontade pago pela compra da casa. > ILÍCITO

◦ SIMPLESMENTE ou MERAMENTE POTESTATIVA: depende da vontade de uma das partes e de um


acontecimento externo.
Ex: Direito de Preferência: Inquilino tem direito de preferência na compra do imóvel que ele aluga.
Se o proprietário quiser vender o imóvel (acontecimento externo) e o inquilino
quiser comprar (vontade da parte)
Manifestação de vontade uma das partes + fator externo

• MISTA: são as condições que dependem simultaneamente da vontade de uma das partes e da
vontade de um terceiro.
Ex: Casamento, Constituição de uma sociedade

• PERPLEXAS ou CONTRADITÓRIAS: que não fazem sentido, são contrárias


Ex: nunca empresto meu carro, mas se precisar, basta me pedir (isso é contraditório)

4- quanto ao modo de atuação:


• SUSPENSIVA: impede que o ato produza efeitos até o acontecimento do evento futuro e incerto.
A condição suspensiva SUSPENDE a aquisição do direito. Art. 125
Só adquire o direito com o implemento da condição.
Ex: advogado oferece sociedade para seu estagiário, SE ele passar na prova da ordem. (o estagiário só
terá direito a sociedade SE passar na prova da ordem)
pai oferece (promete) um carro ao filho, SE ele for aprovado em concurso público. (só vai adquirir o
direito SE passar no concurso público)

• RESOLUTIVA: ocorrendo o evento futuro e incerto, extingue o direito transferido pelo negócio. Art.127
Já tem o direito e já pode exercer o direito e com o implemento da condição perde o direito.
Ex: ocorrendo o evento futuro e incerto não pode mais exercer o direito.
Político que utiliza um apartamento funcional enquanto exerce o mandato, encerrando o mandato
(implemento da condição), perde o direito de utilizar o direito. Acabando o mandato, extingue seu direito de
usar o imóvel.

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Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o
efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes;
entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao
puro arbítrio de uma das partes.

Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:

I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;


II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.

Comentário:
O que invalida um negócio jurídico?
Algo:
Fisicamente impossível: nenhum ser humano consegue fazer
Ex: comer a lua, abraçar o sol, beber toda a água do mar
Juridicamente impossível: a lei proíbe
Ex: matar alguém

Condição Suspensiva:
Ex: SE fulano matar alguém receberá dinheiro: esse negócio é juridicamente impossível porque a lei proíbe e a
condição é suspensiva porque quem matou só poderá cobrar o dinheiro, se matar a pessoa, o que é proibido
pelo ordenamento jurídico.
Essa condição suspensiva ofende a lei e, portanto, essa condição suspensiva não é válida.
SE arrancar a árvore com apenas uma mão: esse negócio é fisicamente impossível.

Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa
impossível.

Ex: falar que alguém pode morar no meu apartamento até o dia que você abraçar o sol, ou beijar a lua, ou o
dia que beber toda a água do mar. Essa condição resolutiva (se acontecer perde/extingue o direito) é
impossível.
É impossível alguém beijar a lua ou abraçar o sol.
Afirmar que alguém pode morar no meu imóvel ATÉ o dia que conseguir beijar o sol – é uma Condição
RESOLUTIVA IMPOSSÍVEL, não vai acontecer nunca, portanto, é INEXISTENTE.

Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar,
não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Comentário:
Definição de condição suspensiva

Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquelas
novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis.

Ex. João promete presentear Maria com um carro SE a ela passar na prova da OAB. João vende o carro para
Marcos antes disso. Quando Maria passa na prova da ordem, cobra o carro a João. O negócio jurídico
celebrado entre João e Marcos será inválido porque está invalidando o direito que se subordinou à condição
suspensiva.

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Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo
exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.
Comentário:
Definição de condição resolutiva.

Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe;
mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em
contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição
pendente e conforme aos ditames de boa-fé.
Comentário:
Ex. José aluga seu imóvel para Maria enquanto ela estudar na UVV (condição resolutiva). Quando ela se
formar deverá desocupar o imóvel. Perde o direito de morar no imóvel (depois de formada)
Contrato de aluguel é um negócio jurídico de execução continuado e quando ela sair, José não deverá devolver
os valores já pagos pela utilização do imóvel.

Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente
obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição
maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.
Comentário:
Ex: agiu de má fé para a condição ser implementada.
Professor promete um ponto extra para quem concluir a prova, porém aluna cola na prova e nesse caso
usando de má fé, não será considerada o implemento da condição.
Se o professor promete o ponto extra, entretanto durante a prova, atrapalha, incomoda a aluna, será
considerada implementada a condição.

Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os
atos destinados a conservá-lo.
Direito Eventual: direito incompleto pela falta de elemento básico protegido pela norma.
Ex. Promessa de Venda
Herdeiro Legítimo: o direito à sucessão que só se consolida com a morte do autor da herança, pelo fato de
serem os herdeiros seus descendentes.

TERMO

EVENTO FUTURO (ainda não ocorreu) e CERTO (ou indeterminado)

Futuro e certo: a data do seu aniversário, maioridade


Futuro e indeterminado: a data da morte

Termo: Momento em que começa ou extingue a eficácia do negócio jurídico

Importante:
1- o termo não suspende a aquisição do direito, por ser evento futuro, mas dotado de certeza.
2- negócios jurídicos que não admitem termo: adoção, renúncia de herança.
3- o termo e a condição suspensiva suspendem o exercício do direito, porém o termo não suspende a
aquisição, enquanto a condição suspensiva sim.
4- o termo inicial impossível gera nulidade do negócio jurídico

TERMO CONVENCIONAL: definido pela vontade das partes


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Ex: prazo de vigência de um contrato de locação
TERMO DE DIREITO: decorre de lei
Ex: prazos processuais, possibilidade de votar com 16 anos

TERMO DE GRAÇA: dilação de prazo concedido pelo devedor


(favor e merecimento)

TERMO CERTO: é aquele que define uma data no calendário ou um determinado lapso temporal.

TERMO INCERTO: não se sabe quando vai ocorrer


Ex: morte

TERMO INICIAL ou SUSPENSIVO: quando se define uma data futura para assinatura do contrato para exercício
do direito.
Ex: contrato de aluguel permitindo morar no imóvel a partir do dia 01/out

O termo inicial suspende o exercício do direito, mas não a aquisição do direito.

TERMO FINAL ou RESOLUTIVO: quando se define a data do último dia do exercício do direito.

TERMO ESSENCIAL: o efeito pretendido deve ocorrer em momento preciso. Ocorrendo posteriormente não
terá mais valor. Acontecendo posteriormente corre o risco de não ter mais valor (não fazer mais sentido)
Ex: data da entrega do vestido de noiva: existe uma data específica para entrega
maquiador para maquiar a noiva no dia do casamento
vestido do baile de formatura

TERMO NÃO ESSENCIAL: a ocorrência não precisa acontecer num momento específico

Importante!
1-quando o termo inicial é impossível gera NULIDADE do negócio jurídico.
QUANDO você abraçar o sol, beijar a lua, beber toda a água do mar. Isso é impossível de acontecer.

2-o termo final impossível deve ser considerado INEXISTENTE


QUANDO você completar 900 anos, o contrato será finalizado.

Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.

Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do
começo, e incluído o do vencimento.
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata
correspondência.
§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.

Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do
devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a
benefício do credor, ou de ambos os contratantes.
Ex: testamento > Herdeiro
contrato > devedor
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Curso de Direito 14
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Em regra, o prazo é em favor do devedor. Se ele quiser pagar antes, pode.

Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo se a execução tiver de
ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.
Ex: Sem prazo podem ser exigidos desde logo.

Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e
resolutiva.
Ex. O termo inicial impossível gera NULIDADE do negócio jurídico.
O termo final impossível considera o negócio jurídico INEXISTENTE

ENCARGO
Ocorre quando o autor da liberalidade impõe uma determinação que adere à liberalidade.
É uma cláusula acessória à liberalidade que impõe um encargo ao beneficiário.
PODE ser colocado nas declarações UNILATERAIS DE VONTADE, mas NÃO pode em negócio a TÍTULO
ONEROSO (vai equivaler a uma contraprestação).

Ex: você vai receber essa casa como herança DESDE QUE você construa um asilo.

Importante!
1-A obrigatoriedade caracteriza o encargo podendo seu cumprimento ser exigido por meio de ação
COMINATÓRIA.
2-Somente o INSTITUIDOR pode propor AÇÃO REVOCATÓRIA (retirar o benefício concedido pelo instituidor).
3-O terceiro beneficiário pode exigir apenas o cumprimento do encargo (AÇÃO COMINATÓRIA) ou substituir
no processo já ajuizado pelo instituidor antes de seu falecimento.
4-O encargo não suspende a aquisição ou o exercício do direito. O beneficiário SÓ PERDE o benefício
concedido se for colocado pelo instituidor um encargo como condição suspensiva

Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente
imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
Ex. o beneficiário só perde o benefício se for colocado pelo instituidor um encargo como condição
suspensiva

Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da
liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.
Ex. vai receber uma casa DESDE QUE em 10% do terreno faça uma plantação de maconha. Nesse caso será
mantida a liberalidade (doação da casa), será desconsiderado apenas o encargo, o problema nesse caso é o
encargo. Vai ser considerado que o Encargo não está escrito porque é ilícito.
vai receber uma casa DESDE QUE mantenha uma casa de prostituição. Isso é ilícito e invalida o negócio
jurídico. Motivo determinante do Encargo, manter uma casa de prostituição.

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Curso de Direito 15
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Curso de Direito 16
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INÍCIO DO 2º BIMESTRE
AULA 19
27/out/2021

DEFEITO DO NEGÓCIO JURÍDICO


Art. 138 – 165

Uma das partes pode pedir anulação do negócio jurídico

1) ERRO= o agente tem uma falsa percepção da realidade e não é induzido por ninguém. O agente chega
a essa conclusão sozinho.
Art. 138 – 144 CC

Declaração de Vontade Ex. uma pessoa compra um relógio dourado acreditando que
Distorcida ou deficiente/ é um relógio de ouro, chegando a essa conclusão sozinha
(não há influência de ninguém/NÃO FOI INDUZIDO)
ME ENGANEI
Chega à conclusão falsa sozinho sem influência de ninguém

✓ ERRO SUBSTANCIAL (ou essencial): se soubesse a verdade não faria o negócio jurídico (torna o
negócio jurídico anulável)
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Curso de Direito 17
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✓ NÃO SUBSTANCIAL: mesmo sabendo a verdade faria o negócio, mas em outras condições (não
torna o negócio jurídico anulável)

Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.

PRAZO para pedir anulação: 4 anos art. 178 CC


Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
[...]
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio
jurídico;

Art. 139. O erro é substancial quando: natureza, objeto principal, qualidade essenciais.
OBJETO
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele
essenciais;
Comentário:
✓ Erro em Natureza do negócio:
Uma pessoa deseja alugar um imóvel e a outra parte está vendendo esse imóvel – iniciam as negociações e
uma pessoa pensa que está comprando o imóvel a outra pessoa está apenas alugando.
Isso é um ERRO em relação natureza do negócio: Compra e Venda
Aluguel
Se o erro for substancial pode anular, não sendo substancial o negócio pode ser mantido em outras condições.

✓ Erro em relação ao objeto principal


Um imóvel está sendo vendido em uma Avenida chamada Rua Vieira Souto. Essa avenida existe em um bairro
nobre da cidade e, também, há uma Rua Vieira Souto em um bairro simples e o imóvel que está sendo
vendido é da Avenida Vieira Souto do bairro simples.
Pensar que está comprando um imóvel na Ilha do Boi (bairro nobre da cidade) e, na realidade, o imóvel que
está sendo vendido é na Avenida Vieira Souto do bairro simples. Configura ERRO em relação ao objeto
principal da declaração.

✓ Erro em relação alguma das qualidades essenciais


Comprar um relógio amarelo, acreditando ser de ouro (SEM INFLUÊNCIA DE NINGUÉM)
Comprar um candelabro prateado, acreditando ser de prata (é apenas banhado)
Isso é um ERRO em relação a qualidade essencial do negócio

PESSOA
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde
que tenha influído nesta de modo relevante;
Comentário:
Oferecer uma viagem para quem salvou a vida do filho do professor. Ele acredita que foi Maria, quem salvou,
mas na realidade foi a Vanessa quem salvou a criança.
Isso configura ERRO SUBSTANCIAL em relação a pessoa. O prêmio é para quem salvou a vida do filho e ele faz
essa ação acreditando que foi a Maria. Pode anular esse negócio jurídico? Sim.

Ofertar R$ 1mil para o porteiro que impediu o assalto no prédio. Acreditar que foi José e, na realidade, foi
João.

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Curso de Direito 18
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ERRO DE DIREITO
Lei de Introdução às normas do direito brasileiro
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE
Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
Ninguém pode alegar que desconhece a lei para não a cumprir.
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio
jurídico
Comentário:
Pactuar um contrato de importação de um determinado produto. Depois de pactuado o contrato, descobre
que esse produto é proibido no Brasil.
Pode pedir anulação do contrato quem pactuou sem saber que era um produto proibido.

Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.
Comentário:
Doação para Daniela por acreditar que ela ajudou uma velhinha a atravessar a rua e não foi ela. Só é possível
anular essa doação POR ERRO de FALSO MOTIVO se foi colocado no instrumento de doação: que a doação é
para Daniela em função do ato heroico, solidário, gentil de ter ajudado a senhorinha a atravessar a rua.
Se colocou o MOTIVO DETERMINANTE no instrumento, o negócio só pode se anulado por ERRO de FALSO
MOTIVO. A causa determinante deve ser expressa.
Na Anulação por ERRO de FALSO MOTIVO a causa determinante deve ser expressa.

Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a
declaração direta.
Comentário:
meios interpostos > mimeógrafo, fax, impressora ruim

Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o
negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
Comentário:
Expressar no testamento que deseja deixar o fusca para o filho do Srº.José, que se chama João é formado em
engenharia, morou em Londres, tem uma filha. O nome, na realidade, do filho do Srº José é Luiz. Pelas
circunstâncias descritas é possível identificar a pessoa certa.

Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.


Comentário:
Autoriza apenas corrigir o valor.

Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de
vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.
Comentário:
Uma casa está sendo comprada em Santa Mônica - Guarapari, mas a pessoa está querendo comprar uma casa
em Santa Mônica – Vila Velha e pensou que estava comprando em Vila Vella, mas o vendedor possui uma casa
para vender em Santa Mônica – Vila Velha e o comprador aceita a compra.

AULA 20
03/nov/2021

2) DOLO= o agente É INDUZIDO a uma falsa percepção da realidade.


Art. 145 – 150 CC

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Curso de Direito 19
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Induzir a alguém a prática INTENCIONALMENTE induz a agente a falsa


de um ato que o prejudica/ Percepção da realidade.
ME ENGANARAM

Também há uma falsa percepção da realidade, mas o agente é INDUZIDO a uma falsa percepção da realidade.

Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.

Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o
negócio seria realizado, embora por outro modo.
Comentário:
No dolo acidental o indivíduo tem a falsa percepção da realidade, FOI INDUZIDO a essa falsa percepção da
realidade, mas realiza o negócio jurídico tendo a falsa percepção da realidade. No entanto, o agente faria o
negócio jurídico, porém, em condições diferentes, cabe perdas e danos.
O agente foi induzido a acreditar que o relógio era de ouro, e na realidade era só dourado, mas de qualquer
forma faria o negócio jurídico, em outras condições.

Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou
qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não
se teria celebrado.
Dolo: omissivo= omissão dolosa
Comissivo= age de forma dolosa
Comentário:
O agente entra na loja, visualiza um relógio amarelo, expressa verbalmente que é de ouro, o vendedor escuta
e se omite. Dolo omissivo (omissão dolosa).
O legislador privilegiou a boa fé nos negócios jurídicos.

Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele
tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro
responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
Comentário:
Quando o “dono” do estabelecimento SABE (tem conhecimento) que o terceiro está agindo de forma dolosa, o
negócio PODE ser anulado.
Se o “dono” NÃO SABE que o terceiro está agindo de má-fé (dolosamente), o negócio jurídico SERÁ MANTIDO,
e o terceiro que agiu de má-fé vai responder por perdas e danos.
O legislador privilegiou a boa-fé nos negócios jurídicos

Corretor de imóvel está vendendo um imóvel e vende o apartamento de forma dolosa, não informando que o
edifício vai passar por uma obra estrutural, ou seja, agiu dolosamente. O proprietário, provavelmente, não
sabe da atitude dolosa do corretor e também não deveria saber.

Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente
até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado
responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
Comentário:
Representante legal é determinado pela lei

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Curso de Direito 20
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Se o representante agiu com dolo e vendeu, por exemplo, um produto que valia $100mil por $130mil, o
representado reponde civilmente apenas pela vantagem indevida, nesse caso, $30mil porque o representado
não pode escolher o representante (determinado por lei)

Se o dolo for do representante convencional (escolhido pelo representado), o representado responde


solidariamente com o representante por perdas e danos.

Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou
reclamar indenização.
Comentário:
Se ambos (as 2 partes do negócio jurídico) agirem com dolo, ninguém poderá alegar o vício Dolo para solicitar
anulação do negócio jurídico.

AULA 21
09/nov/2021

3) COAÇÃO= Real percepção da realidade, porém é OBRIGADO (coagido) a realizar o negócio jurídico
porque está sendo ameaçado. Não é enganado é AMEAÇADO e não tem controle.
Art. 151 – 155CC

AMEAÇA ou Pressão Injusta

É OBRIGADO

Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de
dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Comentário:
Falar que vai matar alguém em 2022 não é coação, tem que ser iminente.
Grave ameaça tem que ser direcionado ao agente, sua família ou seus bens.
Se tiver tempo suficiente de acionar a força policial, a possibilidade de anular o negócio jurídico será mitigada.

Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas
circunstâncias, decidirá se houve coação.
Se for alguém com uma relação afetuosa, pode ser levado em consideração pelo magistrado.

PRAZO DECADENCIAL para ANULAÇÃO


Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;

Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do
paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
Comentário:
Por exemplo, ameaçar uma senhora de idade, uma mulher debilitada

Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor
reverencial.
Temor reverencial= o padre falar que a pessoa vai para o inferno
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Curso de Direito 21
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Ameaça do exercício normal de um direito=falar que vai chamar a polícia, falar que vai processar

Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a
parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.
Comentário:
A coação realizada por terceiros, por exemplo, José tem um contrato para assinar com João. Yasmim solicita
que José assine, mas ele não quer assinar. Ela ameaça José afirmando que vai matar seu filho. Ela é um
terceiro.
Quando João não sabe que Yasmin está coagindo José. João irá cobrar perdas e danos de Yasmin, mas se ele
sabe ou deveria saber da ameaça dela, vai responder solidariamente e o negócio poderá ser anulado.
Se o agente sabe ou devesse saber da coação, o negócio jurídico poderá ser anulado e vai responder,
solidariamente, por perdas e danos.

Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela
tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que
houver causado ao coacto
Comentário:
não será anulado o negócio jurídico se o agente não souber da coação efetuado pelo terceiro e o autor da
coação vai responder (isoladamente) pelas perdas e danos.

COAÇÃO FÍSICA= coagir fisicamente (força física) /não há poder de decisão


COAÇÃO PSICOLOGICA=coagir de forma emocional

4) ESTADO DE PERIGO= salvar a vida dela ou de alguém muito próxima

SITUAÇÃO de NECESSIDADE
/ SALVAR VIDA

OBRIGAÇÃO
excessivamente ONEROSA

Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa
de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as
circunstâncias.
a) situação de necessidade
b) dano atual/iminente e grave
c) declaração de vontade causa perigo ou dano
d) ameaça de dano sobre declarante ou sua família
e) conhecimento do perigo
f) assunção da obrigação excessivamente onerosa

Comentário:
Para salvar a vida, assina um cheque de valor altíssimo em um hospital.

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Curso de Direito 22
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5) LESÃO= pode ser por inexperiência

PRESTAÇÃO
DESPROPORCIONAL
/Preservar patrimônio

Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o
negócio jurídico.
§2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida
concordar com a redução do proveito.
Comentário:
Contratar alguém para usar um produto agrícola com o objetivo de preservar a plantação (o patrimônio) e
paga um valor desproporcional.
Deve ser considerado o valor vigente no momento do negócio jurídico
Se o agente pagou menos do que valia no negócio jurídico poderá oferecer o valor suplementar e o negócio
jurídico não será anulado.
Comprar um apt que valia $ 500mil, por $300mil e o agente entra com um processo para anular o negócio
jurídico

AULA 22
10/nov/2021

6) FRAUDE CONTRA CREDORES=ocultar patrimônio

Art. 158 – 165 CC

Denomina-se FRAUDE CONTRA CREDORES a atuação maliciosa do devedor, que encontrando-se em


insolvência ou na iminência de se tornar insolvente, começa a dispor de seu patrimônio de modo GRATUITO
(DOAÇÃO ou REMISSÃO de DÍVIDAS) ou ONEROSO (COMPRA e VENDA), com o objetivo de não responder
por obrigações assumidas.

Caracteriza-se quando o devedor insolvente ou na iminência de se tornar insolvente se desfaz de seus bens
para impossibilitar que seus credores tomem seus bens como pagamento de dívidas.

Ocorre quando a pessoa que está devendo credores, efetua negócios jurídicos gratuitos (doação), remissão de
dívida (extinção da obrigação pelo perdão de dívida) ou contratos onerosos (vende ou onera seus bens) com o
objetivo de prejudicar os direitos de credores.

Devedor realiza atos para ocultar o seu patrimônio com o objetivo de não pagar.

Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens (DOAÇÃO) ou remissão de dívida (PERDÃO da DÍVIDA),
se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser
anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos
Comentário:
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Curso de Direito 23
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O devedor já é insolvente ou vai se tornar. O credor poderá pedir ANULAÇÃO da doação ou a remissão de
dívida realizados pelo devedor.
Credores quirografários= não tem preferência
Insolvente= devedor que não tem patrimônio suficiente para pagar a sua dívida

§ 1º Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.


§ 2º Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Comentário:
Só pode pedir anulação se já era credor quando o devedor efetuou a doação ou o perdão de dívida

PRAZO DECADENCIAL para ANULAÇÃO


Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio
jurídico;

AULA 23
16/nov/2021
Fraude à execução é diferente de Fraude a credores.

Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for
notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
Comentário:
Eike Batista (insolvência notória)
Insolvente= devedor que não tem patrimônio suficiente para pagar a sua dívida
Contrato Oneroso=tem obrigação para ambas as partes
Pode ser anulado o contrato oneroso quando o devedor for insolvente ou que haja motivo para que todos
saibam que ele é insolvente.

Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for,
aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os
interessados.
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes
corresponda ao valor real.
Comentário:
O adquirente de bens do devedor insolvente, o depósito poderá ser realizado em juízo e citar os interessados
da transação e o preço tem que ser o de mercado.

Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa
que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que haja procedido de
má-fé.
Comentário:
A ação PAULIANA ou REVOCATÓRIA (art.158 e 159) poderá ser postulada (para pedir anulação do negócio
jurídico) contra o devedor insolvente, contra pessoa que com ele celebrou ou terceiros adquirentes.

Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida,
ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo
que recebeu.
Comentário:
Credores quirografários= não tem preferência entre si

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Curso de Direito 24
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O credor quirografário, que mão tem preferência, que receber o pagamento antes do vencimento da dívida,
deverá repor para o acervo (patrimônio do devedor) no concurso de credores.
João tem uma dívida com Helena que vence dia 10/jan e uma dívida com Mário que vence hoje. Se ele pagar a
dívida que ainda vai vencer antes, o credor (Helena) deverá devolver o valor para o acervo.
Antecipar pagamento em detrimento dos demais, o devedor não pode fazer.

Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor
insolvente tiver dado a algum credor.
Comentário:
Quando o devedor já insolvente oferece uma garantia a um dos credores, presume-se como fraude contra os
demais credores.

Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de
estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família.
Comentário:
O devedor insolvente, realiza uma venda objetivando a manutenção ou continuação do negócio jurídico, ou
sua subsistência e de sua família.

Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre
que se tenha de efetuar o concurso de credores.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca,
penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada.
Comentário:
Se o devedor coloca um bem em garantia de uma dívida em detrimento de outro credor, basta anular a
garantia.

INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

Art. 166 – 184 CC

Art. 166. É NULO o negócio jurídico quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
Art.3º [...] menor de 16 anos
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante (objetivo do contrato), comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção
Comentário:
NULO= NÃO produz efeito jurídico
O negócio jurídico não pode ser ratificado (confirmado)

Art. 167. É NULO o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e
na forma.
§ 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou
transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
__________________________________________________________________________________________
Curso de Direito 25
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§ 2 o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
Comentário:
Simulado= aparência que não transmite a verdadeira intenção.
Não pode assinar um contrato com data retroativa
Transferir um patrimônio para amante através de um amigo, para isso assina uma nota promissória com um
amigo, prestação de serviço que não existiu.
Houve fraude de uma dívida, reconhecimento de uma dívida que não existe na verdade.

1. Negócio jurídico simulado. No negócio jurídico simulado, as partes fingem, encenam, aparentam realizar um
negócio jurídico que, em verdade, não existe. Nele, as partes propositadamente e conscientemente
manifestam a vontade de realizar um negócio jurídico cujos efeitos não são verdadeiramente queridos, mas
que são manifestados apenas e tão somente para encobrir sua verdadeira intenção.
São elementos essenciais da simulação
(a) uma divergência intencional entre a vontade declarada e a vontade real de ambas as partes;
(b) um acordo simulatório (ou contradeclararão), conhecido apenas pelas partes, por meio da qual se
convenciona que o negócio jurídico simulado não as vinculará verdadeiramente, mas que servirá apenas para
assim aparentar aos olhos de terceiros;
(c) o escopo de enganar esses terceiros que não conheceram o verdadeiro conteúdo do negócio. É grande a
inovação prática e conceitual do instituto da simulação trazida pelo Código Civil de 2002. Considerava o
Código Civil de 1916 que apenas a simulação fraudulenta era causa de anulabilidade do negócio jurídico. A
simulação inocente, feita sem o objetivo de fraudar a lei ou terceiros não tinha consequência alguma. A má-fé,
essa intencional vontade de prejudicar terceiros ou de violar disposição de lei era requisito essencial à
caracterização da simulação, não mais presente na sistemática do atual Código Civil. Nesse sentido é o
enunciado n. 152 da III Jornada de Direito Civil: “toda simulação, inclusive a inocente, é invalidante”.

2. Simulação absoluta e relativa. Na simulação absoluta as partes enganosamente manifestam sua vontade de
realizar um negócio jurídico tão somente para enganar terceiros, não havendo intenção real de manifestar
nenhum negócio jurídico válido. Costuma-se afirmar que na simulação absoluta dois são os negócios jurídicos
existentes. O negócio jurídico aparente, desprovido de qualquer conteúdo real e o acordo simulatório, por
meio do qual as partes convencionam que esse negócio aparente não verdadeiramente não produzirá efeito
algum. Ao contrário, na simulação relativa, as partes fingem realizar um negócio jurídico que não querem que
serve de fachada para encobrir o verdadeiro negócio jurídico desejado. Na simulação relativa, existem,
portanto, três negócios jurídicos. O negócio jurídico aparente (ou simulado), desprovido de qualquer conteúdo
real, o negócio jurídico real (ou dissimulado), cujo conteúdo é o verdadeiramente querido pelas partes e o
acordo simulatório, por meio do qual as partes convencionam que o negócio jurídico aparente não terá
eficácia verdadeira alguma e que o negócio real é que verdadeiramente obrigará as partes. A distinção mostra-
se importante diante das consequências expressamente atribuídas à simulação pelo legislador. Diz o caput do
artigo 167 que “é nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma”. Por essa razão, na simulação relativa, apenas o negócio simulado será nulo, o negócio
jurídico dissimulado, sendo válido em sua forma e substância será válido e vinculará normalmente as partes.
Por sua vez, na simulação absoluta, negócio jurídico real algum haverá para que se reconheça a validade.

3. Hipóteses de simulação. As hipóteses de simulação mencionadas pelo § 1º do artigo 167 são meramente
exemplificativas, tendo sido positivadas pelo legislador apenas e tão somente por serem hipóteses bastante
corriqueiras em que as partes recorrem ao artifício da simulação. É o que ocorre quando os negócios jurídicos
“aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou
transmitem” (inc. I). É o que a doutrina costuma chamar de simulação subjetiva, em que a pessoa
verdadeiramente beneficiada ou obrigada pelo negócio jurídico não corresponde a real pessoa do negócio.
Humberto Theodoro Júnior exemplifica com o pai que quer vender um imóvel ao filho sem o consentimento
dos demais. Em razão disso, simula vender o imóvel a um terceiro que posteriormente irá vendê-lo ao filho.[1]
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Curso de Direito 26
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Substancialmente (simulação objetiva), é corrente que as pessoas firmem negócios jurídicos que contêm
“declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira” (inc. II). O exemplo mais corriqueiro desse tipo
de simulação ocorre em compra e venda de imóveis, em que as partes avençam um preço correto, mas
declaram ter feito esse negócio a um preço muito inferior, visando, com isso, lesar o fisco recolhendo
impostos substancialmente inferiores. Além disso, ocorre ainda simulação objetiva quando os “os
instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados” (inc. III). Isso ocorre frequentemente para
fraudar credores, cônjuges, ou sócios etc. Por meio de tal expediente, as partes simulam ter o negócio jurídico
sido realizado fora do período em que seria devida alguma prestação de contas, meação ou haveres evitando,
com isso, que esses terceiros prejudicados aufiram parte dos benefícios desse negócio jurídico.

AULA 24
17/nov/2021

Comentário:
Negócio jurídico simulado:
Negociar imóvel acima de 30x o salário-mínimo deve ser realizado, contrato de compra e venda, através de
escritura pública. O comprador vai pagar taxas e emolumentos cartoriais calculados sobre o valor.
Comprador: ITBI (1% até 3%) + taxas e emolumentos cartoriais = aproximadamente 6% do valor do imóvel
Qual é a maneira de pagar menos? Declarar um valor inferior
Vendedor: imposto sobre o ganho de rendimento de capital (diferença entre o valor comprado e o vendido) x
valor da compra e venda= 15% de imposto de renda sobre o ganho de capital
Quem faz um contrato de compra e venda de um imóvel com valor inferior, ao valor da venda de fato, isso é
simulação (a verdadeira intenção é negociar pelo preço maior). Uma parte do negócio é NULO (a parte relativa
ao valor do negócio porque foi simulado), mas o contrato de compra e venda vai prevalecer porque o contrato
é válido, o que foi simulado foi o valor, o dissimulado (vai prevalecer) foi o valor verdadeiro.

NEGÓCIO JURÍDICO
NULO ANULÁVEL
Invalidade Absoluta Invalidade Relativa
Por força de decisão judicial. A anulabilidade não
tem efeito antes de julgada por sentença Art.
Força de lei 177
pode ser pronunciada de ofício Não pode ser declarado de ofício
Não pode ser confirmado/ Não convalesce pelo
tempo Art.169 Pode ser confirmado Art.172
não preencha os requisitos de existência, decorre de algum vício do negócio jurídico ou
validade e eficácia. pela capacidade do agente. Art.171
Art.3º [...] menor de 16 anos Capacidade: Art4º CC Relativamente Capaz
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito
seu objeto; anos (SEM ASSISTÊNCIA)
III - o motivo determinante (objetivo do II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
contrato), comum a ambas as partes, for ilícito; III - aqueles que, por causa transitória ou
IV - não revestir a forma prescrita em lei; permanente, não puderem exprimir sua vontade
V - for preterida alguma solenidade que a lei (COMA)
considere essencial para a sua validade; IV - os pródigos.
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; Vício:
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou resultante de erro, dolo, coação, estado de
proibir-lhe a prática, sem cominar sanção perigo, lesão ou fraude contra credores

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Curso de Direito 27
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Negócio Jurídico Simulado

AÇÃO
AÇÃO DECLARATÓRIA de NULIDADE
ANULATÓRIA/DESCONTITUTIVA/CONSTITUTIVA
Negócio nunca existiu e tem efeitos contra Os efeitos da sentença têm início a partir da
todos decretação da anulação e apenas entre as partes

EX TUNC (retroage a data da celebração do Retroagem a data da celebração do negócio por


negócio) e ERGA OMNES força de lei (Art. 182. Anulado o negócio jurídico,
restituir-se-ão as partes ao estado em que antes
dele se achavam, e, não sendo possível restituí-
las, serão indenizadas com o equivalente.) e
INTER PARTES
Não produz efeito por força de lei Produz efeito até a decisão judicial

Imprescritível Prazos decadenciais


Matéria Ordem Pública Matéria Ordem Privada
Qualquer interessado pode requerer e pelo Apenas as partes podem requerer
Ministério Público. Art.168
Dissimulado vai prevalecer (a negociação verdadeira)
Simulado será NULO (o valor declarado na manifestação de vontade)

Ex. Contrato de compra e venda por escritura pública


Negócio simulado: valor do negócio $500mil (NULO)
Negócio dissimulado: negociação de 1 milhão (SUBISITIRÁ)

Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo
Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos
seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.

Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.

Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que
visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
Comentário:
Art.166 É nulo...
[...]
IV - não revestir a forma prescrita em lei
Para negociar imóvel acima de 30x o salário-mínimo, o contrato de compra e venda, deve ser através de
escritura pública.
Se o contrato de compra e venda for realizado por contrato particular, não é válido para registro do imóvel no
RGI, porém possui os requisitos de uma promessa de compra e venda em relação a negociação do imóvel.

Uma pessoa deseja se casar, faz uma cerimônia simbólica, esse “casamento” não é válido juridicamente,
porém pode ser meio de prova para configurar uma união estável.

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Curso de Direito 28
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Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é ANULÁVEL o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
Art. 4º. São incapazes, relativamente(...)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade (COMA)
IV - os pródigos.

II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.

Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.
Comentário:
Negócio jurídico celebrado por um relativamente incapaz (16-18 anos) SEM assistência. Posteriormente, o
negócio pode ser confirmado pelo assistente legal.

Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de
mantê-lo.
Comentário:
Se o negócio foi realizado por escritura pública, a confirmação também será por escritura pública.

Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente
do vício que o inquinava.
Comentário:
Um vendedor agindo com DOLO (negócio jurídico anulável) vende um relógio dourado, afirmando que era de
ouro. O comprador ao descobrir, mesmo sabendo que foi enganado, não age, continua pagando as prestações
e não reclama. Então, nesse caso, não precisa afirmar expressamente que concorda, sua atitude demonstra
isso.

Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a
174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor
Comentário:
Continuar pagando algo e entrar com uma ação solicitando anulação do negócio jurídico. Isso seria
incompatível

Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a
der posteriormente.
Comentário:
Confirmação posterior ao negócio jurídico.
I - por incapacidade relativa do agente;
Art. 4º. São incapazes, relativamente(...)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade (COMA)
IV - os pródigos.

O RELATIVAMENTE INCAPAZ precisa ser ASSISTIDO na prática dos atos da vida civil. Então, o relativamente
incapaz toma decisões em conjunto com o seu assistente.
Em suma, os relativamente incapazes podem praticar os atos da vida civil, DESDE QUE sejam assistidos.

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Curso de Direito 29
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Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os
interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou
indivisibilidade.
Comentário:
Negócio anulável o magistrado NÃO pode declarar de ofício, alguém precisa provocar e só aproveita quem
alegar.
Venda de 10 cabeças de gado: Relativamente Incapaz (deve ser assistido)
Absolutamente Capaz
O relativamente incapaz (não foi assistido legalmente) pode pedir a anulação do negócio jurídico. Em regra, a
anulação só vai valer par ao RELATIVAMENTE INCAPAZ porque a outra parte é capaz.
Objeto INDIVISÍVEL: ANULA para os 2: RELATIVAMENTE INCAPAZ
ABSOLUTAMENTE CAPAZ

Obrigação SOLIDÁRIA: ANULA para os 2: RELATIVAMENTE INCAPAZ


ABSOLUTAMENTE CAPAZ

Objeto DIVISÍVEL: ANULA apenas RELATIVAMENTE INCAPAZ


Importante!
Art. 180 O relativamente incapaz não pode dolosamente ocultar a idade dele. Tem que agir de boa-fé

Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio
jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Comentário:
Prazo Decadencial de 4 anos
Negócio jurídico celebrado com um relativamente incapaz, com 17 anos, quando inicia o prazo para solicitar a
anulação do negócio jurídico? Quando completar 18 anos (dia que cessa a incapacidade).

Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a
anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
Comentário:
Sem estabelecer prazo será de 2 anos contados da data conclusão do ato.

Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua
idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se
maior.
Comentário:
O relativamente incapaz, entre dezesseis e dezoito anos, não pode dolosamente ocultar a idade dele. Tem que
agir de boa-fé

Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que
reverteu em proveito dele a importância paga.
Comentário:
Tem que provar que o relativamente incapaz reverteu o recurso em proveito próprio.

Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não
sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
Comentário:
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Curso de Direito 30
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Anulado o negócio jurídico, não sendo possível restituir, resta indenização por perdas e danos.

Art. 183. A invalidade do instrumento não induz a (invaliadade) do negócio jurídico sempre que este puder
provar-se por outro meio.
Comentário:
Se o contrato molhou e rasurou a assinatura, pode provar através de email, testemunha, mensagem no
whatapp.

Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na
parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas
a destas não induz a da obrigação principal.
Comentário:
Se o negócio principal é anulado (contrato de aluguel), o acessório (fiança) também será anulado porque a
fiança é uma obrigação acessória. Se a fiança é anulada, o contrato de aluguel continua valendo.

ATOS ILÍCITOS

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Comentário:
Se causar dano a alguém, comete ato ilícito e deve ser reparado.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:


I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem
absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Comentário:
Quebrar o vidro de um carro para salvar uma criança: não comete ato ilícito
Quebrar uma porta de um apartamento que está pegando fogo: não comete ato ilícito

AULA 25
23/nov/2021

PRESCRIÇÃO e DECADÊNCIA

PRAZO PRESCRICIONAL: fluência de Lapso Temporal (de passar o tempo)


Quando algo prescreveu, não pode exercer uma pretensão que surgiu para o agente.
Quando alguém viola o seu direito, surge uma pretensão de exigir de um terceiro determinada conduta
(direito subjetivo).
O prazo prescricional surge no momento que o direito é violado.
O prazo prescricional começa a ser contado, quando o direito é violado (surge a pretensão). Tem prazo para
exercer a sua pretensão.
Quando algo está prescrito não significa que perdeu o direito, contudo perdeu a pretensão para exercer esse
direito.

DECADÊNCIA: também é fluência de Lapso Temporal e tem prazo para exercer


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Curso de Direito 31
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A decadência está diretamente ligada ao direito potestativo (ato unilateral de vontade que não admite
violação, constitui, modifica ou extingue direitos)
O prazo decadencial vai atacar o direito potestativo.

PRAZO PRESCRICIONAL> Pretensão (sempre definido pela lei)


Pode renunciar
Art. 205 e 206 CC

DECADÊNCIA> Direito Potestativo: Pode ser definido pela lei


Pode ser definido pelas partes (convencional)
Estará no dispositivo informando que o prazo é decadencial
Art.45 §único- Ato Constitutivo da PJ
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado,
por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.

Art.178-Anulação do negócio jurídico


Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico (...)

SITUAÇÕES
IMPEDIR ou SUSPENDER INTERROMPER
Para a contagem e quando retorna segue Quando interrompe recomeça do zero a
do momento que parou contagem
Impedir: ainda não começou a contagem
Interrompeu recomeça a contagem
Suspender: já começou e parou a contagem

Da Prescrição
Seção I
Disposições Gerais

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a
que aludem os arts. 205 e 206.
Comentário:
PRAZO PRESCRICIONAL> Pretensão

Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.

Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de
terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado,
incompatíveis com a prescrição.
Comentário:
Uma obrigação de pagar um valor por um ato ilícito. O prazo prescreveu e não foi cobrado (não exerceu a
pretensão dentro do prazo que a lei define).
O devedor pode alegar que já prescreveu e nem é possível exercer a sua pretensão de cobrar. No entanto,
embora, o prazo prescrito o devedor pode renunciar a prescrição (que favorece ao devedor) e efetuar o
pagamento. Isso significa que o devedor está renunciando à prescrição de forma expressa ou tácita.

Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
Comentário:
Prazo prescricional é sempre legal. As partes não podem convencionar.
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Curso de Direito 32
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Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.
Comentário:
Pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição (primeiro grau, segundo grau, STF)

Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou
representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
Comentário:
O assistente ou representante legal tem o dever de alegar a prescrição para defender os interesses
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.
Comentário:
A prescrição continua contra o seu sucessor
Quem tem a legitimidade para tutelar os interesses do morto? Art. 12 §único.
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos,
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.

Das Causas que IMPEDEM ou SUSPENDEM a Prescrição


Art. 197. Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.

Art. 198. Também não corre a prescrição:


I - contra os incapazes de que trata o art. 3 o ;
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:


I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.

Das Causas que Impedem ou Suspendem a


Prescrição
Não corre a prescrição:
1-entre os cônjuges, na constância da sociedade
conjugal;
2- entre ascendentes e descendentes, durante o
poder familiar;
3-entre tutelados ou curatelados e seus tutores
ou curadores, durante a tutela ou curatela.
4-contra os incapazes de que trata o art. 3º
(absolutamente incapaz: menor de 16 anos)
5-contra os ausentes do País em serviço público
da União, dos Estados ou dos Municípios;

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Curso de Direito 33
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6- contra os que se acharem servindo nas Forças
Armadas, em tempo de guerra.
7-pendendo condição suspensiva (evento futuro
e incerto, impede a aquisição e o exercício do
direito). Ainda não pode exercer o direito
8- não estando vencido o prazo;
9-pendendo ação de evicção. (venda de um bem
que não é do vendedor. O vendedor vai entrar
com uma ação para reaver o bem)

Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição
antes da respectiva sentença definitiva.
Comentário:
Uma ação cível que também está tramitando na esfera criminal. Não começa o prazo de prescrição no cível,
antes da sentença definitiva na esfera criminal.

Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a
obrigação for indivisível.
Comentário:
João e José são devedores solidários (a dívida toda pode ser cobrada de qualquer um dos dois)
Maria: credora
João se casa com Maria: suspende a prescrição para João e para José o prazo prescricional continua correndo
Obrigação INDIVISÍVEL: Carro
João casando-se com Maria, sendo a obrigação indivisível, o prazo de prescrição vai suspender para os dois:
João e José.

Das Causas que INTERROMPEM a Prescrição


Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e
na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI- por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último
ato do processo para a interromper.
Das Causas que Interrompem a Prescrição
1-por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado
a promover no prazo e na forma da lei processual;
2- por protesto, nas condições do inciso antecedente A prescrição
interrompida recomeça
3- por protesto cambial
a correr da data do ato
4-pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de que a interrompeu, ou
credores; do último ato do
5-por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor (declarar que ele deve – e processo para a
não pagou) interromper.
6-por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento
do direito pelo devedor

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Curso de Direito 34
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AULA 26
24/nov/2021

Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.


Art.204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a
interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
Comentário:
A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros
§ 1 o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada
contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.
Comentário:
Credores solidários: um dos credores pode receber a dívida toda. Se interrompeu para um (credor solidário)
vai interromper para todos.
Devedor solidário: a dívida toda pode ser cobrada de qualquer um deles. Se interrompeu a prescrição para
um (devedor solidário) vai interromper para os demais.

§ 2 o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros
ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.
Comentário:
Art12 §único
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Devedor solidário: a dívida toda pode ser cobrada de qualquer um deles.
Objeto INDIVISÍVEL: interrompe para todos os herdeiros

§ 3 o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.


Comentário:
Se há uma interrupção do prazo prescricional para o principal, vai também interromper para o fiador.
João está devendo aluguel para Maria, o prazo para cobrança do aluguel prescreve, nesse negócio jurídico há
um fiador. Se interrompe o prazo para cobrança do aluguel, o fiador que garante esse contrato, também terá o
prazo interrompido.

DOS PRAZOS DA PRESCRIÇÃO:


Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

Art. 206. Prescreve:


§ 1º Em um ano:
§ 2º Em dois anos,
§ 3º Em três anos:
§ 4º Em quatro anos,
§ 5º Em cinco anos:

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Curso de Direito 35
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PRESCRIÇÃO
10 anos, se a lei não fixar prazo menor
1 ANO 2 ANOS 3 ANOS 4 ANOS 5 ANOS
I - hospedeiros ou
fornecedores (...) à tutela, a contar
de dívidas líquidas
consumo no próprio Prestação de I - aluguéis de prédios da data da
constantes de instrumento
estabelecimento, Alimentos urbanos ou rústicos; aprovação das
público ou particular;
hospedagem ou dos contas.
alimentos

II- a pretensão do II - a pretensão para II - profissionais liberais


segurado contra o receber prestações em geral, procuradores
segurador, ou a deste vencidas de rendas judiciais, curadores e
contra aquele temporárias ou vitalícias; professores (honorários)

III - juros, dividendos ou


III- tabeliães, auxiliares III - a pretensão do
quaisquer prestações
da justiça, serventuários vencedor para haver do
acessórias, pagáveis, em
judiciais, árbitros e vencido o que despendeu
períodos não maiores de
peritos (honorários) em juízo.
um ano,
IV - os peritos, pela
avaliação dos bens que
IV - ressarcimento de
entraram para a
enriquecimento sem causa;
formação do capital de
sociedade anônima
V -credores não pagos
contra os sócios ou V - a pretensão de
acionistas e os reparação civil;
liquidantes (PJ)
VI - restituição dos lucros
ou dividendos recebidos de
má-fé,
VII - pessoas indicadas por
violação da lei ou do
estatuto...
a) para os fundadores,
b) para os administradores,
ou fiscais, da apresentação,
aos sócios,
c) para os liquidantes
VIII - título de crédito
IX- beneficiário contra o
segurador, e a do terceiro
prejudicado, seguro de
responsabilidade civil
obrigatório. (DPVAT)

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Curso de Direito 36
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Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão.
Comentário:
prescrição intercorrente: ocorre dentro da tramitação do processo
Um processo judicial deve ser impulsionado pelas partes, sobretudo pelo autor. Ficando inerte, pode ocorrer a
prescrição intercorrente.
Analisar o prazo objeto da ação.

DA DECADÊNCIA:
DECADÊNCIA> Direito Potestativo: Pode ser definido pela lei
Pode ser definido pelas partes (convencional)

DECADÊNCIA: também é fluência de Lapso Temporal e tem prazo para exercer


A decadência está diretamente ligada ao direito potestativo (ato unilateral de vontade que não admite
violação, constitui, modifica ou extingue direitos)
O prazo decadencial vai atacar o direito potestativo.

Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem,
suspendem ou interrompem a prescrição.
Comentário:
1. A decadência corre contra todos. A regra geral é a de que a decadência corre sempre contra todos, não se
impedindo, suspendendo ou interrompendo a fluência de seus prazos, salvo expressa disposição legal em
contrário. É o que ocorre, por exemplo, com os absolutamente incapazes (CC., art. 208) e nas relações
consumeristas mencionadas no art. 26, § 2º do CDC.

Regra Geral: a DECADÊNCIA corre contra todos


EXCEÇÃO:
Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.
Comentário:
Não vai correr prazo decadencial contra absolutamente incapaz.
Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou
representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
O assistente ou representante legal tem o dever de alegar a prescrição para defender os interesses e podem
responder se não alegaram a decadência quando devem alegar.

Art. 198. Também não corre a prescrição:


I - contra os incapazes de que trata o art. 3º (absolutamente incapaz: menor de 16 anos)
Comentário:
Não vai correr prazo decadencial contra absolutamente incapaz.

Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.


Comentário:
Só pode renunciar a decadência convencional (definido pelas partes)

Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.
Comentário:
O juiz deve reconhecer de ofício a decadência legal (estabelecida em lei)

Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de
jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.
Comentário:
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A decadência legal pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, o juiz NÃO precisa ser provocado para
ser reconhecida.
A decadência convencional pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, o juiz PRECISA ser provocado
para ser reconhecida.
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Perda da Pretensão /perda do direito de trata-se da perda de um direito material (direito potestativo),
ação ou seja, perde-se o próprio direito.
Definição do Prazo Legal (art.205 e 206) / não podem Prazo Legal
prazo: ser alterados por acordo das partes Prazo Convencional
Início: Quando o direito é violado Quando nasce o direito
Prazo Decadência Legal: O prazo é previsto em lei; não pode
ser renunciada; deve o juiz reconhecê-la de ofício.
Reconhecimento
pode ser reconhecida de ofício pelo juiz Prazo Convencional: NÃO pode ser reconhecida de ofício. O
de ofício:
prazo é previsto em contrato; PODE ser renunciada; o juiz só
pode reconhecê-la se provocado.
pode ser alegada em qualquer grau de Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita
jurisdição*, pela parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz deve
Alegação ser provocado
Possível, desde que depois da Prazo Legal: Vedado
Renúncia:
consumação Prazo convencional: permitido
Se impede, suspende ou interrompe Não se impede, suspende ou interrompe
Não ocorre a prescrição: Em regra, corre contra todos, EXCETO contra o
absolutamente incapaz
entre os cônjuges, na constância da
sociedade conjugal (Art. 197, I) -> Não
ocorre mesmo que em união estável
entre ascendentes e
descendentes, durante o poder
familiar (Art. 197, II) -> Nesse caso só
começará a correr a prescrição quando o
filho completar 18 anos.
entre tutelados ou curatelados e seus
tutores ou curadores, durante a tutela
ou curatela (Art. 197, III).
contra os absolutamente incapazes (Art.
198, I)* -> absolutamente incapazes são
os menores de 16 anos.
contra os ausentes do País em serviço
público da União, dos Estados ou dos
Municípios (Art. 198, II)
contra os que se acharem servindo nas
Forças Armadas, em tempo
de guerra (Art. 198, III)
pendendo condição suspensiva (Art.199,
I)

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Curso de Direito 38
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não estando vencido o prazo (Art. 199,
II) -> Enquanto o Art. 199, I trata da
condição suspensiva, o inciso II trata do
termo
pendendo ação de evicção (Art. 199, III)
antes da sentença definitiva, quando
a ação se originar de fato que deva
ser apurado no juízo criminal (Art. 200)

DA PROVA

Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante:
I - confissão;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presunção;
V - perícia.
Art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se referem
os fatos confessados.
Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos limites em que este pode
vincular o representado.
Comentário:
Só pode confessar algo em nome de outra pessoa, dentro dos limites que podem vincular o representado

Art. 214. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação.
Pode ser anulada: erro de fato
coação
Comentário:
Reconhecer que bateu em um carro no estacionamento e fala para o proprietário de uma Hilux que bateu no
carro dele. Na realidade, bateu na Hilux de outra pessoa

Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo prova
plena.
§ 1 o Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter:
I - data e local de sua realização;
II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido ao ato, por si,
como representantes, intervenientes ou testemunhas;
III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais comparecentes,
com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do outro cônjuge e filiação;
IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;
V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato;
VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de que todos a leram;
VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu substituto legal,
encerrando o ato.
§ 2 o Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa capaz assinará por ele, a seu
rogo. (pessoa analfabeta)
§ 3 o A escritura será redigida na língua nacional.
§ 4 o Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião não entender o idioma em que
se expressa, deverá comparecer tradutor público para servir de intérprete, ou, não o havendo na localidade,
outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião, tenha idoneidade e conhecimento bastantes.
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Curso de Direito 39
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§ 5 o Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder identificar-se por documento,
deverão participar do ato pelo menos duas testemunhas que o conheçam e atestem sua identidade

Art. 216. Farão a mesma prova que os originais as certidões textuais de qualquer peça judicial, do protocolo
das audiências, ou de outro qualquer livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele, ou sob a sua vigilância,
e por ele subscritas, assim como os traslados de autos, quando por outro escrivão consertados.

Art. 217. Terão a mesma força probante os traslados e as certidões, extraídos por tabelião ou oficial de
registro, de instrumentos ou documentos lançados em suas notas.

Art. 218. Os traslados e as certidões considerar-se-ão instrumentos públicos, se os originais se houverem


produzido em juízo como prova de algum ato.
Comentário:
Traslados=cópia dos autos

Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumem-se verdadeiras em relação aos
signatários.
Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com a legitimidade das
partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de prová-las.

Art. 220. A anuência ou a autorização de outrem, necessária à validade de um ato, provar-se-á do mesmo
modo que este, e constará, sempre que se possa, do próprio instrumento
Comentário:
Se ocorreu por escritura pública, a anuência também deverá ser por escritura pública.

Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição
e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem
como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público.
Parágrafo único. A prova do instrumento particular pode suprir-se pelas outras de caráter legal.
Comentário:
O registro público gera efeitos Erga Omnes

Art. 222. O telegrama, quando lhe for contestada a autenticidade, faz prova mediante conferência com o
original assinado.
Comentário:
mundo sem email, telefone, whatapp

Art. 223. A cópia fotográfica de documento, conferida por tabelião de notas, valerá como prova de declaração
da vontade, mas, impugnada sua autenticidade, deverá ser exibido o original.
Parágrafo único. A prova não supre a ausência do título de crédito, ou do original, nos casos em que a lei ou as
circunstâncias condicionarem o exercício do direito à sua exibição.
Comentário:
Tem que ser o documento original

Art. 224. Os documentos redigidos em língua estrangeira serão traduzidos para o português para ter efeitos
legais no País.

Art. 225. As reproduções fotográficas, cinematográficas, os registros fonográficos e, em geral, quaisquer


outras reproduções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisas fazem prova plena destes, se a parte,
contra quem forem exibidos, não lhes impugnar a exatidão.
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Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em
seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios.
Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura
pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação da
falsidade ou inexatidão dos lançamentos.
Comentário:
Rasura/ Danificação

Art. 227. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)


Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como
subsidiária ou complementar da prova por escrito.

Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas:


I - os menores de dezesseis anos;
II - ( Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo (confidente) ou o inimigo capital das partes;
V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das partes, por
consanguinidade, ou afinidade.
§1 o Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a que se refere
este artigo.
§2 o A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igualdade de condições com as demais pessoas, sendo-
lhe assegurados todos os recursos de tecnologia assistiva.
Art. 229. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
Art. 230. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua
recusa.
Comentário:
Se negar a fazer exame de DNA

Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o
exame.

É importante contextualizar que as obrigações não são eternas, não seria razoável cobrar uma dívida de 50
anos atrás, não é mesmo?

Dessa forma tanto a prescrição quanto a decadência têm por objetivo a segurança jurídica.

Nesse sentido, essas hipóteses são causas extintivas de direito, tendo os seguintes requisitos:

• Inércia do titular
• Decurso do tempo

Lembre-se: Dormientibus non succurrit jus (O Direito não socorre aos que dormem)

Prescrição X Decadência

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Curso de Direito 41
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Antes de vermos as disposições do Código Civil, vejamos um resumo sobre as principais diferenças entre
prescrição e decadência.

Prescrição: trata-se da perda da pretensão de um direito subjetivo, ou seja, perda do direito de ação. Assim,
o que se extingue é a pretensão e não o direito em si.

Decadência: trata-se da perda de um direito material (direito potestativo), ou seja, perde-se o próprio direito.

Início:

• Prescrição: Quando o direito é violado


• Decadência: Quando nasce o direito

Definição do prazo:

• Prescrição: Apenas Legal


• Decadência: Legal ou Convencional (contrato)

Reconhecimento de ofício:

• Prescrição: Pode ser alegada


• Decadência: Pode ser alegada, exceto se convencional

Renúncia:

• Prescrição: Possível, desde que depois da consumação


• Decadência: Vedado, exceto se convencional

Não corre contra:

• Prescrição: Cônjuges, no poder de família, contra os absolutamente incapazes e etc.


• Decadência: Em regra corre contra todos, exceto contra o absolutamente incapaz

Da Prescrição – Disposições Gerais

Como vimos, quando o direito é violado, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue,
pela prescrição (Art. 189), no mesmo prazo ocorre com a exceção (defesa contra a “ação de pretensão”),
conforme o artigo 190.

Em relação a renúncia da prescrição, ela pode ser (Art. 191):

• Expressa: clausula de um contrato, por exemplo.


• Tácita: quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. Ex. Parcelamento
da dívida prescrita

Entretanto a renúncia só valerá depois que a prescrição se consumar (enquanto o prazo estiver correndo a
renúncia é vedada) e caso ocorra sem prejuízo de terceiro.

Prazos de prescrição (Art. 192): não podem ser alterados por acordo das partes.
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Alegação (Art. 193): pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição*, pela parte a quem aproveita, ainda
pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, devido a revogação do artigo 194.

*A doutrina assevera que não seria possível alegar pela primeira vez no STJ ou STF, pois haveria necessidade
de ter sido apontada anteriormente no processo, devido à natureza extraordinária dos tribunais superiores.

Prescrição iniciada (art. 196): contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor, entretanto os
relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais,
que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente (Art. 195).

Das Causas que Impedem ou Suspendem

Aqui temos os casos que impedem ou suspendem a prescrição. A diferença está no prazo de início da causa,
se antes de iniciar, ocorrerá o impedimento; se o prazo já estiver correndo, será causa de suspensão.

Traduzindo:

• Impedimento: Impede que o prazo se inicie


• Suspensão: paralisa o prazo que já se iniciou

Não ocorre a prescrição:

• entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal (Art. 197, I) -> Não ocorre mesmo que em
união estável
• entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar (Art. 197, II) -> Nesse caso só começará
a correr a prescrição quando o filho completar 18 anos.
• entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela (Art. 197,
III).
• contra os absolutamente incapazes (Art. 198, I)* -> absolutamente incapazes são os menores de 16
anos.

*Assim, podemos concluir que:

– Prescrição contra relativamente incapazes corre normalmente.


– Prescrição a favor de incapazes (absoluta ou relativamente) também corre normalmente.

• contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios (Art. 198, II)
• contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra (Art. 198, III)
• pendendo condição suspensiva (Art. 199, I)
• não estando vencido o prazo (Art. 199, II) -> Enquanto o Art. 199, I trata da condição suspensiva, o
inciso II trata do termo
• pendendo ação de evicção (Art. 199, III)
• antes da sentença definitiva, quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo
criminal (Art. 200)

Atente-se que, diferentemente do direito tributário, por exemplo, suspensa a prescrição em favor de um dos
credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível, conforme o artigo 201.

Das Causas que Interrompem

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Curso de Direito 43
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A interrupção faz com que o prazo recomece do zero novamente, recomeçando da data do ato que a
interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper (Art. 202, §u).

Entretanto é importante lembrar que só ocorrerá prescrição uma única vez (Art. 202, caput), evitando assim
que ocorra várias interrupções de forma a prejudicar o direito do credor.

Prescrição e Decadência no Direito Civil- Suspensão X Interrupção


Causam a Interrupção da prescrição (Art. 202):

• por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no
prazo e na forma da lei processual;
• por protesto, nas condições do inciso antecedente;
• protesto cambial;
• pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;
• por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
• por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo
devedor.

Atente-se que a pode ser interrompida por qualquer interessado (Art. 203) e terão os seguintes efeitos:

Regra: Interrupção só aproveita quem alegou (Art. 204, caput)


Exceções (interrupção)

• Obrigação solidária (passiva ou ativa): Atinge os demais devedores e/ou credores (Art. 204, §1º)
• Contra herdeiro do devedor solidário: Não prejudica os demais, salvo se a obrigação for indivisível
(Art. 204, §2º)
• Obrigação principal x acessória: Interrupção contra o devedor principal (ex: locador) prejudica o
fiador (Art. 204, §3º)

Dos Prazos

Vimos que o prazo da prescrição deve ser estipulado em lei, assim o Código Civil nos apresentam alguns
prazos a serem seguidos em seus artigos 205 e 206, vejamos.
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Obs. Devido à quantidade de hipóteses, veremos apenas as que mais costumam aparecer em prova.

Prescreve

• Em 10 anos (Art. 205) -> quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. -> prazo na omissão

• Em 1 ano (Art. 206, § 1º):

I – a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio


estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;

II – a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo (…)

III – a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção
de emolumentos, custas e honorários;

• Em 2 ano (Art. 206, § 2º)

Pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. –> as obrigações
vencidas já fixadas judicialmente e não pagas, pois direito aos alimentos é imprescritível.

• Em 3 ano (Art. 206, § 3º)

I – a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;

IV – a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;

V – a pretensão de reparação civil; -> um dos campeões em prova, memorize-o.

IX – a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de


responsabilidade civil obrigatório.*

*Não confundir:

– Seguro voluntário (Art. 206, § 1º, II) ex. seguro de carro, casa. -> 1 ano
– Seguro obrigatório (Art. 206, § 3º, I) ex. DPVAT -> 3 anos

• Em 5 ano (Art. 206, § 5º)

I – a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular

II – a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus
honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;

Da Decadência

Primeiro ponto importante a saber é que, salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as
normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição, conforme o artigo 207.

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Curso de Direito 45
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Entretanto há duas ressalvas:

• Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou


representantes legais, que derem causa à decadência, ou não a alegarem oportunamente (Art. 195)

• Também não corre a decadência contra os absolutamente incapazes (Art. 198, I)

Diferentemente da prescrição, a decadência pode ser de dois tipos.

Decadência legal: O prazo é previsto em lei; não pode ser renunciada; deve o juiz reconhece-la de ofício.

Decadência convencional: O prazo é previsto em contrato; pode ser renunciada; o juiz só pode reconhece-la
se provocado.

Prazos na decadência:

Os prazos decadenciais estão dispersos no Código Civil e leis, vejamos alguns.

• 30 dias – Ação estimatória (CC, Art. 445)


• 120 dias – Mandado de Segurança (Lei n° 12.016/09)
• 03 anos – Direito de anular a constituição de uma pessoa jurídica de direito privado por defeito (CC,
Art. 45)
• 04 anos – Anulação de negócio jurídico com erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou
lesão (CC, Art. 178)

Uma dica importante é perceber que os prazos prescricionais não contêm dias/meses, assim se um prazo for
em dias, meses ou ano e dia, com certeza estaremos tratando de prazo decadencial.

Para finalizar, vejamos um quadro esquemático das distinções entre prescrição e decadência feita pelo
professor Paulo Sousa.

Prescrição e Decadência no Direito Civil – Prescrição X Decadência

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