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Esta edição da coleção Semeando Socioeconomia tem um objetivo bem especifico: estimular as mulheres dos movimentos

populares – em particular – a não terem medo da economia e meter as caras para desmistificar essa ciência que
tem servido para dominar e excluir do direito ao bem viver dos trabalhadores e em particular das mulheres trabalhadoras.
É fruto de um processo de educação popular que já produziu dez edições do “Curso Mulheres e Economia”,
nos anos de 2004 a 2009.É uma experiência que acontece na cidade do Rio de Janeiro.

Semeando Socioeconomia nº 12
Nesta cartilha são apresentadas os jeitos de “cuidar da casa” - da “Oikos”. Destacando o trabalho domestico,
realizado pelas mulheres, invisível para a economia capitalista e com grande valor para a produção do viver da sociedade
como um todo. A metodologia aqui tratada desafia também a entender de forma crítica o funcionamento do Banco Mundial,
FMI, orçamento e dívida pública, além da economia solidaria e feministas. Todos eles parte importante desse processo
de formação aqui tratado.
Economia política
Saiba mais sobre esta série: nas mãos
Série Semeando Socioeconomia: livretos dedicados às práticas e reflexões sobre o desenvolvimento local,
o cooperativismo autogestionário e popular, redes de economia solidária e eixos transversais.
Números anteriores:
das mulheres
Uma experiência
1. Construindo a Socioeconomia Solidária do Espaço Local ao Global (bilíngüe)
2. Socioeconomia Solidária: Construindo a Democracia Econômica de educação popular
3. Histórias de Socioeconomia Solidária
4. Construindo a Rede Brasileira de Socioeconomia Solidária
5. Agenda Libertária (bilíngüe)
6. Desafios ao Desenvolvimento Local: Terra e Habitação
7. Economia Solidária no Fórum Social 2002
8. Moeda Social e Trocas Solidárias: experiências e desafios para ações transformadoras
9. Modos de fazer socioeconomia: Contribuições à educação popular
10. Modos de fazer socioeconomia: Contribuições à educação popular II
11. Gest(ÃO)ando a vida - Experiências do fazer socioeconomia solidária

www.pacs.org.br
Semeando Socioeconomia nº 12

Economia política nas mãos das mulheres:


uma experiência de educação popular

Rio de Janeiro, junho de 2010 1


Ficha Técnica:
PACS
Fotos:
Arquivo PACS
Sumário
Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul
CNPJ.: 31.888.076/0001-29 Impressão: Apresentação 5
Av. Rio Branco, 277 / 1609 Centro Corbã Editora Artes Gráficas
CEP 20.040-009 Rio de Janeiro/ RJ Tiragem: 1000 Curso Mulheres e Economia - Metodologia 9
Telefax: (0xx21) 2210-2124
Correio Eletrônico: pacs@pacs.org.br Apoio: Horizontalidade do conhecimento..................................................................... 12
Sítio do PACS: www.pacs.org.br Ação Quaresmal Definição de problemas.................................................................................. 15
Desenvolvimento e Paz Falando em combinar..................................................................................... 18
Série: Semeando Socioeconomia DKA Atividades para fazer em casa.......................................................................... 22
Nº 12 - Economia política nas mãos das mulheres: Pão para o Mundo Desafios...................................................................................................... 24
Uma experiência de educação popular. Trocaire
Fundo Finlandês para a Cooperação Local
Redação: Cese - Coordenadoria Ecumênica de Serviço Passo a passo: como montar os cursos 27
Leila Salles; Sandra Quintela
Módulo I – Conceitos básicos – Economia e Feminismo...........................................28
Colaboradores: Módulo II – Conceito de Trabalho – Direito das mulheres ao emprego..........................34
PACS – Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul Módulo III – Políticas Públicas para as Mulheres..................................................... 38
Beatriz Costa; Maria Eduarda Quiroga;
Karina Kato; Tatiane Silva Economia política nas mãos das mulheres:
Módulo IV – Orçamento Público, Dívida e Superávit................................................ 41
Uma experiência de educação popular. Módulo V – Mulheres e Instituições Financeiras Multilaterais (IFI”s), as Transnacionais...44
Edição: Rio de Janeiro, PACS, 2010. Módulo VI – Noções de Socioeconomia Solidária..................................................... 48
Gilka Resende p. 76 (Semeando Socioeconomia, 12)

Revisão: ISBN: 978-85-89366-21-2 Anexos 54


Andréa Rausch de Amorim
1. Educação popular. 2. Metodologia. 3. Economia I – Ficha para Atividade de Casa....................................................................... 54
Solidária. 4. Mulheres. 5. Economia. 6. Economia II - Trabalho de grupo – Atividade de Casa........................................................... 57
Projeto gráfico e capa: Popular. 7. Feminismo. 8. Mobilização popular.
Gabi Caspary I PACS -Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul.
III – Construção do Mapa Conceitual................................................................... 60
II Título. III. Série IV – Cartilhas - Feminismo / Mulheres e Economia.................................................. 65
2 V – Roteiro para entrevistar uma Mulher de Economia Solidária................................70 3
Apresentação

O objetivo desta edição da série Semeando sentido que trabalham pessoas e coletivos
Socieconomia é fortalecer e apoiar os comprometidos na construção de um mundo
movimentos sociais que trabalham com as justo e solidário. São pessoas que aprendem
temáticas “Mulheres” e “Economia Feminista” muito ao colocar seus ideais em prática. Assim,
na construção de processos de formação em contribuem com a mudança de nossa realidade
“Economia Política”. Esta cartilha pretende de forma insubstituível e valiosa. E a busca de
mostrar passo a passo todo o trabalho de uma visão mais ampla e crítica da Economia,
formação que o Pacs vem desempenhando junto mais próxima da realidade do povo brasileiro,
a companheiras do Rio do Janeiro desde 2004. é um importante avanço para a a busca deste
mundo que sonhamos.
Entendemos que a Economia pode ser bastante
útil para a compreensão da nossa realidade É com este propósito que o Pacs organiza nesta
social, fornecendo análise e conteúdos críticos publicação a metodologia utilizada no curso
4 que possibilitem sua transformação. É neste Mulheres e Economia. Quando falamos em 5
metodologia nos referimos às formas usadas Economia aposta em reuniões periódicas para São pontos fundamentais no curso Mulheres e sociedade que não explore o conjunto da classe
pelas educadoras populares na construção a análise de temas específicos da Economia, Economia: fazer uma economia que não seja trabalhadora, e que não oprima as mulheres.
do conhecimento junto às participantes do percorrendo conceitos e decifrando significados. a economia da lógica do mercado; não tornar Por isso, é necessário colocarmos no centro do
curso. A naturalização do trabalho apenas O conteúdo teórico busca estabelecer conexões natural a opressão que as mulheres sofrem; debate a sustentabilidade da vida humana e
como valor de troca e das relações sociais com a dinâmica da sociedade contemporânea, debater o trabalho como valor de troca e de também do planeta. Temos consciência de que
como formas de exploração sexista constituem permitindo às participantes e organizações relações sociais e de gênero e não como forma nosso caminho pela frente é árduo. Mas isso não
os maiores desafios a serem enfrentados orientarem suas ações de luta na transformação de exploração. nos desanima. Dedicamos esta publicação às
quando trabalhamos a economia política com da realidade vigente. mulheres que mesmo com as dificuldades de um
uma abordagem feminista. Essa foi a nossa Com a formação política, salta aos olhos dessas cotidiano agitado não deixam de dedicar parte
percepção depois desses anos de experiência A riqueza de experiências pessoais das mulheres a opressão cotidiana que elas vivem de suas vidas aos estudos e à vida política. É a
no curso Mulheres e Economia, que já participantes do curso Mulheres e Economia em diversos espaços de convívio. Não basta coragem delas que dá força ao curso Mulheres
formou sete turmas e cerca de 200 mulheres permite dar novos conceitos, por meio da apenas compreender a economia e as questões e Economia.
do Rio de Janeiro. prática, aos fundamentos de uma outra de gênero. É preciso olhar como tudo isso
Economia que estamos construindo. Uma interfere de forma sexista na vida das mulheres. Boa leitura!
Os estudos trabalham a transformação economia que não apenas supere os valores Elas, que ainda ganham salários mais baixos para
social centrada numa perspectiva feminista, neoliberais e o predomínio das leis de mercado trabalhos iguais aos exercidos pelos homens.
desmistifica a ciência econômica e dissemina e da propriedade privada, mas que também E ainda vivem a situação de sobrejornada
conceitos e ferramentas que, até então, ficavam avance na valorização da vida sob todas as suas de trabalho, quer dizer, trabalham fora e
restritas a meios acadêmicos. Conceitos e formas. E que respeite e valorize as diferenças dentro de casa.
ferramentas que são, muitas vezes, utilizados sem as utilizar como meio de dominação e
como forma de domínio de uma classe sobre opressão, tanto sexista quanto racial e social. Pensamos também, durante esta proposta
6 outras. A dinâmica do curso Mulheres e de formação política, na construção de uma 7
Curso Mulheres e Economia
Metodologia

A primeira edição do curso foi realizada em muitas vezes não conseguiam avançar em suas
2005. Na ocasião, com a crescente luta das conquistas. Por meio de relatos, percebemos
mulheres na busca pelo cumprimento de seus que existia a falta de ferramentas técnicas
direitos humanos, sociais, econômicos, políticos para isso. E foi assim que resolvemos construir
e culturais, vimos a necessidade de estruturar o curso Mulheres e Economia.
uma metodologia de apoio a essas lutas. A
luta das mulheres se utiliza de diferentes Desde o início, percebemos que o Pacs não
instrumentos para intervir nas políticas públicas poderia construir esse curso sozinho. Naquele
relacionadas ao trabalho, à saúde, à educação, momento já éramos parte da Rede Economia
entre outros. Todo esse contexto contribuía e Feminismo, que foi um espaço fundamental
e reforçava a participação das mulheres nas para termos o contato com a economia
organizações sociais. Contudo, mesmo com as feminista, por exemplo. As Companheiras da
8 vitórias que as mulheres vinham alcançando, REF nos desafiaram a criar um curso de formação 9
para as mulheres no meio popular. Aceitamos participarem de encontros, cujo objetivo era
o desafio e junto com a Casa da Mulher pensar e construir em conjunto este projeto de
Trabalhadora – Camtra – desenvolvemos o formação. Nossos principais questionamentos
primeiro piloto do curso. eram: como iniciar um processo de formação
em Economia Política sob uma ótica feminista?
Não bastaria e nem seria adequado montar uma Qual seria o melhor formato para o curso?
metodologia fechada, de cima para baixo. Isso
pelo fato de acreditarmos que o conhecimento Queríamos construir um jeito novo de
precisa ser construído de forma coletiva, formação, com uma metodologia que desse
moldado em conjunto. Optamos, portanto, por gosto na luta, que provocasse a mudança
uma metodologia autogestionária, e esta é, social. Começamos, então, a realizar oficinas
atualmente, a nossa maior riqueza. O processo temáticas na perspectiva de ouvir quais seriam
pedagógico para a realização deste trabalho as necessidades e lacunas que essas mulheres
vem se construindo a partir do diálogo com identificavam em sua formação política. Foi
as mulheres trabalhadoras, participantes de assim que as atividades começaram a dar
organizações e movimentos sociais, além de certo, a obter participação e resultados. Já primeira edição do curso Mulheres e Economia Brasil. Queremos fortalecer a luta das mulheres
sindicalistas. são cinco anos de curso Mulheres e Economia. II, com a participação de 20 mulheres. sem distinção, das trabalhadoras formalizadas,
Hoje já temos o curso avançado. Para para com registro em carteira ou contrato, mas
Para escolher as abordagens do curso Mulheres e a formatação deste Curso II (continuidade Foi desta experiência que extraímos também aquelas que não são reconhecidas
Economia, portanto, partimos de uma proposta do primeiro para as alunas que já fizeram o particularidades e vitórias que gostaríamos e valorizadas pelo modelo socioeconômico
experimental, conformando um projeto-piloto, curso Mulheres e Economia I), o Pacs convidou de compartilhar com todos os leitores desta capitalista. Um exemplo específico desta
realizado em 2004. Convidamos algumas mulheres participantes de outras edições do publicação. Desejamos que ela seja mais um situação é o das trabalhadoras domésticas, que
mulheres de diferentes bairros da cidade do Curso I, em 2008, para a formulação de um instrumento de apoio também para outras têm seus afazeres invisibilizados.
10 Rio de Janeiro e de municípios vizinhos para projeto-piloto. E neste ano foi realizada a mulheres trabalhadoras, em diversos cantos do 11
Estou te escrevendo esta carta para te Essa maneira horizontal de participação é um
contar como foi o nosso curso mulheres diferencial do curso Mulheres e Economia. Ela
e economia. Como foi maravilhoso e me faz a contraposição às formalidades impostas
Horizontalidade do surpreenderam as coisas que aprendi. pela escola institucionalizada: dar nota, marcar
Descobri que cada vez mais temos de
conhecimento faltas, provas, um método que inibe a maioria
lutar e guerrear pelos nossos direitos
das participantes. Para não reproduzirmos
e fazer com que novas pessoas se
O que nos chama a atenção ao longo deste o jeito vertical das relações de uma sala de
engajem nessas idéias e conhecimentos.
processo é o modo como as atividades são aula tradicional, os aprendizados acontecem à
Vi que tudo o que temos em nosso país
iniciadas. Chamaremos este processo de pode ser surrupiado em nossa cara medida que conseguimos avançar na discussão
educação popular. Nele, procuramos refletir e ainda estamos sorrindo, pensando dos temas propostos. Acreditamos na troca de
sobre os caminhos de construção de uma nova como somos bananas e aceitamos. Nada saberes e temos consciência de que os limites
sociedade. Caminhos construídos de forma fazemos, por comodidade e desleixo. de tempo para o aprendizado são diferentes
horizontal, com a participação de todos, sem Esperamos que o outro faça e ficamos para cada participante.
hierarquias. As opiniões das participantes iguais a passarinhos no ninho, de boca
do curso são essenciais para socializar-se o aberta esperando acontecer. O espaço de aprendizado também diz muito
conhecimento construído durante a formação Por isso na próxima turma, cara amiga, sobre a quebra da autoridade do conhecimento.
quero que participe comigo para
política. A avaliação se dá ao longo dos Acreditamos que cada militante que se propõe Em nossa opinião, essa sistemática inibe
ampliar teu conhecimento e ajudar a
encontros, principalmente quando, no final a realizar um processo de formação política a maioria das participantes e castra sua
aumentar nossa defesa como “Mulheres
do curso, propomos que cada uma escreva deve se sentir parte do processo. Colocar criatividade e capacidade de construir um saber
que Somos”.
uma carta, como se fosse enviá-la para outras Nós somos mulheres guerreiras, não essa teoria em prática é difícil, já que nossa próprio. Não queremos reproduzir esse método
mulheres, contando como foi participar do curso somos só peito e bunda, somos gente educação escolar, desde os Jesuítas, nos vertical das relações em sala de aula, uma
Mulheres e Economia. Cada carta nos revelou que pensa age e conquista. condicionou aos detentores do conhecimento, vez que acreditamos na troca de saberes, nos
o quão conscientes estavam essas mulheres, hierarquizando a maneira de contribuir na limites de tempo de cada uma dessas relações
12 como podemos ver na carta a seguir. Um grande abraço da amiga Cesira! construção dos saberes. e na construção conjunta dos saberes. 13
A tentativa de horizontalizar o conhecimento Nas dinâmicas, todas são convidadas a O fato de termos níveis de escolaridade e e como isso caracteriza o sistema econômico
também se reflete na arrumação da sala, apresentar suas expectativas com o curso: profissões diversas não faz diferença. Pelo que vivemos como machista e patriarcal,
sempre em roda. Ninguém ganha destaque contrário, o que nos une nessa formação é sobrenomes do capitalismo.
maior ou ocupa uma posição mais central, todas • O que queremos participando do processo? desempenharmos tarefas iguais, de uma mesma
são parte do processo. Procuramos também • O que esperamos? perspectiva, e que nos foram designadas.
enfeitar a sala de forma que ela ganhe o “nosso • Para que estamos neste espaço? Assim é mais fácil encaminhar uma discussão,
jeito”. Nestas atividades, onde também todas combinar o que cada uma quer fazer ou pode Definição de problemas
participam, colamos e fazemos cartazes com As respostas, ainda que bem diferenciadas, fazer. Isso de uma maneira mais agradável, e
temas a serem discutidos no curso, com fotos de sempre abordam razões como: sem sobrecarregar nenhuma mulher. A importância de envolvermos as mulheres
grandes feministas, com flores, com bandeiras em um estudo da Economia tem a ver com a
das organizações e movimentos que nos apoiam • liberdade; A tentativa de mudar as práticas dentro necessidade de compreendermos a realidade
ou participam dos encontros. • dividir as tarefas diárias de casa; do curso pode se refletir no cotidiano das social a qual estamos inseridas. Na nossa opinião,
• estudar; mulheres. As tarefas domésticas e de cuidados essa discussão passa pela raiz patriarcal. Na
Para a coerência na construção deste método • aprender sobre política e economia para com a vida humana, que tradicionalmente são sociedade, está naturalizada a diferenciação
de educação popular, devemos prestar tentar mudar a vida; consideradas deveres da dona de casa, coisa do que são tarefas para mulheres e o que são
atenção nos mínimos detalhes. Nas aulas, as • conhecer mais sobre economia para intervir de mulher, servem como exemplos. A nossa trabalhos para homens.
atividades já são iniciadas com uma dinâmica junto aos gestores públicos. discussão não é se gostamos ou não de fazê-
construída por todas e para todas sem nenhuma las, mas de que elas podem ser compartilhadas Neste contexto, o curso Mulheres e Economia
obrigatoriedade. O que fazemos é um convite Esse processo de querer mudar, esse desejo com toda a família ou com os pertencentes a busca apresentar e discutir: conceitos básicos
para estarmos juntas e compartilharmos os de intervir, também interfere na forma como determinado grupo de convívio. Sejam homens, da economia, profundamente impregnada de
saberes. O objetivo é fazer com que nos sintamos nós, educadoras e educadores populares, nos mulheres, crianças ou idosos. Também faz cultura patriarcal – que direciona a vida calcada
à vontade, olhando umas nos olhos das outras inserimos no curso. Ele nos envolve porque parte do curso Mulheres e Economia a tentativa em teorias sexistas – e também conceitos
e criando uma cumplicidade que possibilitará a somos parte dele. É o nosso dia-a-dia que está de compreendermos por que, historicamente, básicos do feminismo, que surgiu com força
14 construção do curso mais adiante. inserido nessa história. estas tarefas foram designadas às mulheres, como um movimento de luta das mulheres. 15
intuito é munir as mulheres com um conjunto Outros tópicos de estudo são: orçamento
de ferramentas teóricas capazes de contribuir público; dívidas externa e interna; e superávit
na luta por políticas públicas que combatam as primário. Mas o que isso tem a ver com a vida
desigualdades de gênero e desconstruam essa dessas mulheres? Ao contrair empréstimos,
estrutura de sociedade patriarcal. Esse objetivo o governo brasileiro reorganiza as contas do
colabora com a luta por um Estado que cumpra orçamento, realocando verbas que deveriam ser
o seu papel de provedor dos direitos necessários destinadas à saúde, educação, moradia, entre
à população. As políticas públicas para as outras áreas importantes. Isso, muitas vezes,
mulheres constituem-se como importante meio para atingir metas de superávit primário e para
para diminuir o peso que estas carregam das o pagamento de dívidas financeiras, deixando
atribuições impostas pelo sexismo. de lado a dívida com a sociedade.

Essa temática não é feita de forma isolada. O Todos os temas que abordamos ao longo do
estudo aprofundado dessas questões induziu, curso servem de base para pensarmos nos
A diversidade de mulheres motivadas em de perpetuação da condição de inferioridade por exemplo, às mulheres a estarem atentas fundamentos para uma outra economia.
participar enriqueceu nosso trabalho. São da mulher, pertencente a uma mesma estrutura aos acordos financeiros multilaterais feitos Incluímos, então, como tema final, o estudo de
mulheres de várias classes sociais, de diferentes econômica do sistema capitalista que se pelo governos, como empréstimos junto ao noções de economia solidária. A ideia é pautar
escolaridades e raças, que, no entanto, padecem apropria da riqueza gerada pelo trabalho Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco a transformação da economia que temos hoje,
dos mesmos problemas no que diz respeito ao invisibilizado da mulher. Interamericano de Desenvolvimento (BID). financeirizada e centrada no lucro máximo.
trabalho. Problemas como a sobrejornada de Acordos que condicionam o País a seguir com No curso Mulheres e Economia construímos
trabalho; a diferença de salários para o mesmo Por tudo isso, apresentar os conceitos políticas de reajustes fiscais, cortando gastos conhecimentos em torno de uma economia
tipo de trabalho que concorrem mulheres básicos de trabalho e como ele é dividido destinados a áreas sociais, reduzindo verbas que seja solidária e esteja centrada no
e homens; a não valorização do trabalho por sexo, raça e classe é também um tema destinadas a políticas públicas, necessárias à trabalho, na cooperação e na sustentabilidade
16 doméstico. Essas são evidentes características profundamente trabalhado durante o curso. O vida das mulheres. da vida humana. 17
O curso Mulheres e Economia é composto por: distribuição deste material. Ao longo desses
anos de Mulheres e Economia, percebemos
Módulo I – Conceitos Básicos de Economia que, no primeiro dia de formação, o número de
e Feminismo; mulheres é maior, com cerca de 60 inscritas.
Módulo II - Conceitos Básicos de Trabalho; Normalmente, trabalhamos com grupos
Módulo III – Políticas Públicas menores de mulheres. Então, essa margem é
para as Mulheres; importante, pois já no segundo encontro esse
Módulo IV – Orçamento Público, Dívida número se reduz para aproximadamente 40.
e Superávit Primário; A partir do terceiro encontro, costumam ficar
Módulo V – Mulheres e as IFIs; e apenas as mulheres que seguirão até o final:
Módulo VI – Noções de Economia Solidária. em torno de 35 mulheres.

Também faz parte da nossa política o convite às Essa não é uma regra matemática, nem sempre
mulheres para fazerem parte da coordenação vai ser assim. Achamos que todos os leitores e
político-pedagógica do curso subsequente. leitoras sabem disso. Porém, cabe destacar que
Buscamos, assim, enriquecer nossa proposta nosso curso é construído em um contexto de
Falando em combinar... com os saberes e os depoimentos trazidos por dificuldades que impedem a participação política
elas. Esta proposta de construção coletiva tem das mulheres. São problemas financeiros, de
No decorrer dos anos, de 2005 a 2009, No entanto, cabe lembrar sempre que o foco tido bons resultados. transporte, ou até mesmo a implicância de um
mantivemos o processo de construção principal é entender e desconstruir o modo marido, entre outros impedimentos.
pedagógica coletiva. Definimos os temas como a mulher se insere no atual contexto Como uma das formas de divulgar a proposta,
macro, meso e microeconômicos que socioeconômico e político da sociedade produzimos uma ficha de inscrição do curso. No nosso caso, o Mulheres e Economia é
18 deveriam compor o programa do curso. capitalista. São as próprias educandas as responsáveis pela desenvolvido na Zona Oeste do Rio de Janeiro. 19
A ZONA OESTE (iniciados em 1950), e, por outro, áreas produzindo situações de injustiça e de
mais naturais e menos artificializadas, racismo ambiental.
A região da Zona Oeste do Rio de Janeiro cuja economia gira em torno da pesca e de Nesse quadro de marginalização
é formada pelas Regiões Administrativas atividades relacionadas ao turismo. sociogeográfica, cumpre destacar o papel
de Bangu, Barra da Tijuca, Campo Grande, A Zona Oeste (excetuando-se a Barra da ativo exercido ao longo dos anos pelos
Guaratiba, Jacarepaguá, Realengo e Tijuca) possui índices bem inferiores de poderes públicos. O Estado, por meio
Santa Cruz. Trata-se de uma região que escolaridade, renda, saneamento básico, das políticas públicas implementadas, da
apresenta grandes contrastes, abrigando fornecimento de água e outros serviços. ausência de fiscalização e de suas omissões,
áreas de intensa urbanização e ocupação, Este quadro influencia os índices de tem desempenhado um papel que, ao invés
como Realengo e Santa Cruz, e regiões qualidade de vida da população da região de reverter essa situação, tem reforçado
que ainda apresentam mais da metade de (IDH) e contribui para que a mão-de-obra este quadro de abandono e exploração de
sua superfície ocupada por áreas naturais, seja barata e pouco organizada, um recursos humanos e ambientais. Em sua
como mangues e mata atlântica. Ao longo elemento-chave para as empresas ação, continua a dirigir os investimentos
das últimas décadas, a Zona Oeste vem no processo de escolha do local para para obras e melhorias urbanas de maneira
sendo palco de intensas transformações seus empreendimentos. São áreas que desigual, concentradora e excludente. Os Essas dificuldades enfrentadas só confirmam a
de ordem econômica e social, o que tem apresentam, portanto, a maior concentração investimentos sociais (saneamento, escolas, necessidade de formação e participação política
contribuído ainda mais para a acentuação de população negra e de baixa renda no centros culturais, bibliotecas, hospitais da população. No curso Mulheres e Economia,
desses contrastes. Claramente ampliam-se Estado do Rio de Janeiro, com aluguéis e e postos de saúde, e transporte) na Zona realizamos seis encontros, de maneira que
as disparidades econômicas e sociais entre terrenos mais baratos e desvalorizados. A Sul continuam sendo bem maiores (em cada módulo corresponde a um dia do curso.
diferentes áreas constituintes da Zona Oeste. população, normalmente, possui menores quantidade e em qualidade) do que na Zona Os módulos são introdutórios e têm duração
O perfil econômico desta área reflete esses poderes políticos e econômicos para incidir Oeste, o que não só cristaliza os padrões de de cinco horas nos dias de semana e de oito
contrastes. Assim, por um lado temos áreas nas decisões públicas sobre o território. desigualdade econômica, social e no acesso horas aos sábados. A maioria das participantes
industrializadas, com maior urbanização, Isso determina uma distribuição espacial às políticas públicas, como acentua essa do Mulheres e Economia é responsável pelo
20 fruto de surtos de industrialização anteriores desigual dos danos ambientais e dos riscos, disparidade. cuidado da suas casas ou exerce alguma 21
Atividades para fazer em casa Alguns depoimentos

Como cada módulo é realizado de 15 em 15 dias,


para que as mulheres não percam o entusiasmo - “Queremos fazer a pesquisa sobre saúde, educação, transporte...
pelos estudos, são propostas atividades de ou seja, descobrir como anda o desenvolvimento no nosso bairro,
casa. Vemos importância na pesquisa de campo para que possam ter argumentos na luta por políticas públicas
e, ao final de cada módulo, são definidas que são isentas na maioria das localidades que residimos”.
tarefas que deverão ser realizadas entre um
modulo e outro. Em anexo, estão alguns desses - “Hoje sabemos a quem servem as políticas públicas
exercícios de casa. vigentes no estado e município em que moramos”.

O objetivo maior é desenvolver um senso de


pesquisa e investigação sobre a região em que - “A nossa atuação na nossa realidade local nos permite dizer não,
as mulheres vivem e atuam. Assim, elas podem por exemplo, a candidatos que vêm com promessas que sabemos
despertar interesse em conhecer melhor o seu que não serão cumpridas, mas que serão usadas apenas
bairro, município, estado e país. Neste processo como troca de votos. Isso nós não aceitamos mais”.
de pesquisa, as mulheres não querem apenas
recolher dados e conhecimentos, mas ser parte As educadoras que frequentam o curso Mulheres civil, permitindo a interação das relações de
atividade informal. Foi principalmente por esse do processo de descoberta destes mesmos e Economia têm o cuidado de trocar informações, maneira plena. Temas relacionados às questões
motivo que decidimos realizar encontros com dados. Entre os entrevistados estão moradores, participar de seminários, encontros e oficinas de gênero, como etnia, classe, discriminação,
dias diferenciados e também a cada 15 dias, pequenos empresários locais, gestores da saúde, que ampliam e atualizam os horizontes de preconceito, cidadania, direitos sociais, entre
um bom tempo para se programar e organizar a representantes de associações de bairro, etc. discussão sobre o Feminismo e a Economia. outros, sempre foram debatidos com o conjunto
participação. Essa é uma forma de não intervir Assim, vão-se descobrindo especificidades da Isso pelo fato de também ser intenção do curso de mulheres que fazem parte da história do
22 bruscamente na rotina dessas mulheres. economia e da política do local onde moram. criar espaços partilhados com toda a sociedade curso Mulheres e Economia. 23
Mas é difícil fazer política e participar de O desdobramento do curso acontece com a para outro Estado. Discutimos temas como a
debates e ações quando se têm que cuidar da realização de um seminário anual. A atividade divisão sexual do trabalho, violência contra
casa e dos filhos praticamente sozinhas, e ainda também é organizada em conjunto com uma a mulher, soberania alimentar, agroecologia,
realizar trabalhos extras para o complemento coordenação político-pedagógica participativa, agricultura urbana, economia solidária, saúde
de suas rendas. Essa é uma realidade onde definimos juntas os temas para debate, da mulher, entre outros. Comemoramos também
desafiadora à maior parte das participantes do o local para o evento, tempo do seminário, o aniversário do Comitê Popular de Mulheres-
Curso Mulheres e Economia. alimentação, dinâmicas e por aí vai. O RJ, com um belo churrasco de confraternização
diferencial é que a partir do ano de 2007,este e muita dança, comes e bebes.
seminário passa a acontecer em lugares fora
“Alice! Aprendi tanta coisa neste
da cidade do Rio de Janeiro, permitindo uma Em 2006, por exemplo, surge dentro do
curso! Olha, nós mulheres que somos
dedicação mais concentrada nos estudos, pois, seminário o Comitê Popular de Mulheres - RJ
donas de casa, muitas vezes, por falta
geralmente, quando é na cidade, as mulheres com planos para a continuidade do processo
de informação e participação, ficamos
meio bitoladas. Ficamos só pensando em sua maioria saem mais cedo e chegam mais de formação política dessas mulheres.
Desafios nos nossos maridos, nossos filhos, e tarde, para dar conta das atividades domésticas. O principal questionamento era: o que fazer
esquecemos que somos importantes Realizamos ainda oficinas temáticas, em ações a partir do conhecimento e dos interesses que
O enfrentamento dos problemas provenientes também. Precisamos participar dos como hortas urbanas, saúde preventiva e temos em comum?
de uma sociedade desigual também se dá na eventos em que possamos expressar outras. As mulheres convidadas são todas as
superação de cada mulher trabalhadora, que, nossas ideias, projetos e sonhos. Afinal, que já participaram dos cursos anteriores, não A proposta do Comitê Popular de Mulheres - RJ
mesmo com tantas tarefas para realizar, diz somos necessárias para ajudar a construir importando em que ano. Compreendemos que é bastante construtiva e proveitosa. Desde o
sim à luta político-social. È um grande avanço um mundo melhor, não devemos nos este momento é também para uma relação de seu surgimento, as componentes se reúnem
contar com elas na construção de uma nova omitir nem nos acomodarmos e deixar proximidade e trocas de acontecimentos da uma vez por mês. Os encontros têm duração
sociedade. Mulheres que resistem apesar que a sociedade dite as leis. vida privada como ter conseguido um emprego, de uma tarde ou manhã, mais ou menos quatro
de tantas atribuições impostas pelo sistema Alice, um grande abraço de sua amiga ou afastamento por doenças pessoais ou de horas. Materiais didáticos e artigos de análise
24 capitalista, patriarcal e machista. Vera Diniz C. Oliveira”. familiares, nascimento de um filho/a, viagem política são lidos e debatidos. Assuntos como 25
violência contra a mulher, soberania alimentar,
militarização de periferias, saúde, gênero e
economia solidária estão sempre em pauta.
Hoje o Comitê está mais fortalecido. As
integrantes participam de atos públicos,
seminários, conferências, audiências públicas,
algumas já compõem a Rede de Socioeconomia
Solidária da Zona Oeste do Rio de Janeiro,
Passo a passo:
entre outros espaços de atuação. Além disso,
também é característica do grupo a produção
como montar os cursos
de produtos como o artesanato com biscuit e
com escama de peixe, bolsas ecológicas, além
da troca de sementes e fibras vegetais. Neste capítulo, vamos detalhar o conteúdo
de cada um dos seis módulos realizados no
O Comitê Popular de Mulheres fabrica seus Mulheres e Economia. Nosso maior objetivo
produtos aos moldes da economia solidária, isto é estimular outras companheiras a montar
é, sem deixar de pensar no desenvolvimento processos semelhantes, respeitando, é claro, a
integral do ser humano e da sociedade, sem se realidade vivida pelas mulheres em cada região
esquecer da preservação da natureza. Essa foi ou localidade do nosso país. Queremos mostrar
a maneira encontrada por elas de colocar em a nossa experiência para que a partir dela
prática as possibilidades e descobertas no curso nasçam novas maneiras de formação política e
26 e no dia-a-dia. militância de mulheres. 27
Como criar um ambiente de troca e confiança Quando acabava de falar jogava a batata para as duas mulheres passam a conversar durante A intenção é contar a história de vida de
Módulo I

Módulo I
entre mulheres que acabaram de se conhecer? outra participante; ficamos todas em roda para cinco, dez minutos. Falam sobre si, sobre a mulheres como Rosa de Luxemburgo e Ângela
Mulheres que, por vezes, vivenciam pela que possamos olhar e trocar: expectativas e realidade de onde vivem, ou sobre um assunto Borba, como exemplos. Separadas em grupos,
primeira vez uma experiência de discussão boas energias. que lhes chama atenção no momento. Depois, elas têm contato com biografias de mulheres
política. Sabendo que muita gente costuma voltam a abrir uma grande roda. Nisso, cada feministas. O nome de cada lutadora fica sendo
torcer o nariz para palavrinhas como economia, Discussão final livre sobre todos os trabalhos. uma apresenta ao coletivo sua companheira o nome do grupo, que permanece o mesmo até
política e feminismo, a quebra de preconceito de “cochicho” e não a si mesma. O objetivo o final do curso.
passa pela linguagem e pelas maneiras de se é criarmos uma relação interpessoal para
Conceitos Básicos

Conceitos Básicos
Economia e Feminismo

Economia e Feminismo
praticar a educação popular. no decorrer do curso ficarmos menos tímidas A primeira tarefa proposta aos grupos é a
e desenvolvermos de maneira mais agradável seguinte: construir regras de convivência,
Um bom processo para “quebrar o gelo” é o para todas. discutir as expectativas do curso, fazer previsões
das dinâmicas. Para muitos movimentos sociais, de como esse curso estaria até o final, e também
essas brincadeiras são chamadas de “místicas”. Depois que todas já se conhecem, é hora de apresentar um pouco a biografia estudada por
Isso por serem carregadas de sentidos e apresentar o Pacs e falar sobre o histórico do cada grupo para toda a turma. Esta atividade
representação. Essa interação pode ser a partir curso Mulheres e Economia, sobre os desafios tem a duração 30 a 35 minutos, em média.
de uma música ou por meio de brincadeiras bem e expectativas da nova turma. Uma pastinha
simples, como nos exemplos a seguir. traz o material didático: cartinha do curso, Intervalos entre essas atividades de estudo
programação com o roteiro dos módulos, são importantes. Após um lanche que dura
A Batata Quente Bochicho jornais impressos, entre outras publicações de 15 a 20 minutos, os grupos retornam. Para
produzidas pelo Pacs, cadernos de música e animar a turma, as mulheres puxam palavras
A animadora convida as participantes a No aparelho toca uma música animada. [Mulher poemas sobre mulheres. de ordem como: “A nossa luta é todo dia, somos
ficarem em círculo. Qual a batata quente? Brasileira] . As mulheres, então, andam pelos mulheres e não mercadoria!”, ou letras de
Cada participante se apresentava e dizia o cantos da sala até que uma delas bate palmas. O curso Mulheres e Economia também tem músicas animadas que motivem a autoestima
28 que esperava do curso segurando uma batata. Este é o sinal para que duplas se formem. Daí a função de lembrar a luta das mulheres. das mulheres. 29
Módulo I

Módulo I
Texto 1: Economia e
Com as propostas já discutidas nos grupos,
Feminismo – conceitos básicos e o magistério (vale lembrar que
as mulheres definem o que há de comum
muitas mulheres já trabalhavam como
entre as decisões dos grupos e o que é
O Feminismo é um movimento professoras, e algumas até como
prioridade para o bom funcionamento dos cinco
político de ideias e práticas que têm diretoras de escolas no século XIX). As
próximos encontros.
o objetivo de construir um mundo trabalhadoras, no Brasil e no mundo,
melhor, com justiça e igualdade para destacam-se na luta por melhores
A atividade principal do Módulo I é a construção
todos e, sobretudo, sem opressão e condições de trabalho e salário.
Conceitos Básicos

Conceitos Básicos
Economia e Feminismo

Economia e Feminismo
do Mapa Conceitual sobre o tema Economia
discriminação às mulheres, de qualquer
e Feminismo, onde sugerimos que os grupos  QUE QUEIMEM OS SUTIÃS!
tipo, seja essa discriminação política,
se formem e descrevam o que é feminismo, século XIX e desenvolveu-se com
econômica, sexual, etc. Uma mulher
colocando a palavra no meio da folha de mais ou menos força em diferentes O feminismo colocou a importância de
feminista é uma mulher que luta
papel pardo e dizendo palavras que definem períodos. separar maternidade de sexualidade
pelos seus direitos para acabar com as
Feminismo para elas, o que permite o e defendeu o direito das mulheres de
desigualdades entre mulheres e homens
empoderamento desta construção de conceitos As mulheres já participavam do expressar seu desejo sexual. Construiu
e não para ser superior a estes.
a partir dos saberes trazidos por cada uma. Os mercado de trabalho, principalmente formas coletivas de expressão das
grupos novamente se separam e passam a ler e Desde o século XVIII, quando as as das classes mais pobres, porém mulheres. Colocou a questão da sua
discutir textos da Cartilha. mulheres, assim como os homens, o começo do século XX no Brasil é autonomia e do seu poder de decidir
foram trabalhar nas fábricas, nós, caracterizado como o período em e escolher. Questionou a repressão, a
No final de cada módulo, geralmente damos mulheres, nos organizamos para lutar que as mulheres formaram grandes imposição e o castigo. Ao questionar
informes das ações/eventos que acontecem pelos nossos direitos. No entanto, o organizações, lutaram e conquistaram a supremacia masculina, contribuiu
nas agendas feministas, como atos públicos, feminismo passou a ser reconhecido o direito à educação, ao voto e a também para construir o conceito de
audiências, seminários, oficinas, etc. como movimento apenas no fim do certas profissões, como a advocacia perigo sexual para as mulheres.
30 31
Texto 2 : Tópicos sobre
Módulo I

Módulo I
Economia Política. valores da ciência econômica. Assim,
historicamente, o trabalho realizado pelas
– Trabalho criando valor mulheres não teve o reconhecimento Outra ferramenta fundamental é a série Para expandir o conhecimento das próprias
merecido, uma vez que o que elas faziam radiofônica “Trocando em Miúdos”. A mulheres sobre o local onde elas vivem,
Tanto o valor de uso como o de troca são
não tinha valor de troca e existia em comunicação oral é importante para a pedimos que elas conversem com duas outras
produzidos pelo trabalho humano. Pode-
abundância. Portanto, o alto valor do apropriação de conhecimento, principalmente mulheres do seu bairro, comunidade ou campo
se dizer, portanto, que só o trabalho
trabalho doméstico foi desvalorizado por para mulheres que tiveram dificuldades de de trabalho. Para o estudo do tema “trabalho
humano cria valor. Pela maneira pela
Conceitos Básicos

Conceitos Básicos
Economia e Feminismo

Economia e Feminismo
ter valor de uso. acesso à educação. Para esse primeiro módulo, na atual conjuntura”, ou seja, de acordo com
qual a economia está estruturada e
o programa de rádio “Mercantilização das os acontecimentos do momento, pedimos duas
organizada, somente bens e/ou serviços – A origem do valor de troca Mulheres” chama atenção para como o corpo entrevistas: uma com trabalhadora formal
que possam ser comercializados,
da mulher é constantemente visto como (carteira assinada) e outra com trabalhadora
colocados no mercado, são viáveis O que permite que um bem possa ser
mercadoria em propagandas da TV, jornais e no informal.
economicamente, uma vez que eles trocado por outro, isto é, que tenha valor
próprio rádio.
têm valor de troca. Para aqueles que de troca, é precisamente o trabalho
Nem sempre as atividades são aceitas ou
possuem apenas valor de uso, seu lugar humano, contido em todos os bens, que
Programa de rádio Trocando em Miúdos – Para cumpridas. De qualquer forma, a atividade
é infinitamente inferior na escala de permite serem estes trocados entre si.
ouvir acesse o site: http://www.pacs.org.br/ é importante para motivar e fortalecer laços
publicacoes_audiovisuais.php comunitários com essas mulheres. Como forma
de incentivo, avisamos que as mulheres que
Na volta, os grupos apresentam os mapas sistema capitalista; desemprego; o processo Para que essas mulheres não percam o interesse trouxerem as atividades prontas no módulo II
conceituais que eles mesmos construíram. histórico da luta das mulheres por conquistas pelos estudos e pelas temáticas do curso, farão parte de um sorteio. O prêmio? Livros
Todas debatem os conceitos trabalhados. Os dos direitos; divisão sexual do trabalho; incentivamos o estudo em casa. Neste módulo, a sobre os temas do curso Mulheres e Economia
questionamentos introduzidos durante o debate e invisibilidade do trabalho doméstico, primeira atividade proposta é o preenchimento e artesanatos e produtos confeccionados por
32 recebem atenção. Alguns deles são: a lógica do entre outros. do quadro das tarefas realizadas no lar. grupos de Economia Solidária. 33
Neste segundo módulo, o encontro das Um poema para as mulheres O Filme “Mulheres e o Mundo do Trabalho” das 11h, temos um intervalo para um lanche
Módulo II

Módulo II
mulheres vai de 9h às 17h. O tema “Conceito Mariana Boujikian Felippe destaca as relações sociais desiguais de coletivo que dura uma média de 15 minutos.
de Trabalho – direito das mulheres ao emprego” Cresceram trabalho e a questão de gênero, evidenciando No retorno, voltamos às apresentações
é aprofundado a partir de três eixos: modo Lutaram dificuldades enfrentadas pelas mulheres frente instigadoras e reflexivas feita pelas próprias
de produção capitalista; divisão sexual do Abraçaram e conquistaram ao atual modelo econômico. mulheres em seus locais de vivência. A partir
trabalho; e patriarcado. Viveram e aprenderam... dessas realidades, entramos no debate sobre
Venceram e perderam...
O capitalismo se aproveita da precarização do diversos temas correlacionados: a divisão sexual
Mas sempre de cabeça para o alto
A dinâmica inicial, como é de costume, é feita Velhas ou jovens. trabalho feminino. “Para funcionar”, o sistema do trabalho; o trabalho doméstico; as relações
com músicas e místicas que representem as Rigorosas, algumas fogosas. capitalista precisa do trabalho reprodutivo, sociais de gênero; e o mercado de trabalho e
Conceito de trabalho
Direito das mulheres ao emprego

Conceito de trabalho
Direito das mulheres ao emprego
mulheres em luta, o tema a ser discutido, entre Perfeccionistas devemos admitir.... que é aquele trabalho invisibilizado, como os sua precarização.
outras criatividades. Mas quando se trata de homens... serviços do lar.
Nos faz até rir! A atividade de casa é essencial para isso, pois
Nos amam nos imitam
Assim como usamos recursos de áudio para A apresentação das produções é intercalada debatemos a partir da inserção dessas mulheres
Mas nunca são iguais
democratizar os conceitos teóricos em linguagem por debates. A participação é grande, já que para depois localizar a realidade delas em
Ser mulher não é um objetivo
mais fácil, outra ferramenta de comunicação é É algo que vai crescendo... essas mulheres se identificam com a realidade geral. Partimos dos casos específicos dessas
o vídeo. O documentário “Mulheres e o Mundo Depois a gente constrói a gente mostrada nos filmes e programas de rádio. Essa localidades para debates nacionais e até globais.
do Trabalho”, realizado pelo Pacs, é exibido Que faz! prática cria proximidade e aumenta a confiança Essa prática tem a ver com a postura descrita
neste módulo. Produções de parceiros também Do Brasil ou no mundo entre as mulheres. na ‘missão’ do Pacs: tratar do micro ao macro,
são usadas, como o filme “Marcha Mundial de Mais belas do que nunca do local ao global, sempre contextualizando os
Impenetráveis
Mulheres: 8 de março”. Depois, o programa Depois disso, as integrantes dos diferentes debates políticos.
Indomáveis
de rádio Trocando em Miúdos, Mulheres x Deliciosamente grupos do Mulheres e Economia apresentam o
Mercantilização. Para ouvir o programa de rádio Carinhosas e amáveis... resultado das atividades realizadas em casa, Encerramos a primeira parte do dia e vamos
Trocando em Miúdos acesse o site: www.pacs. fazem comentários e perguntas às demais almoçar todas juntas. O almoço dura, em
34 org.br/publicacoes_audiovisuais.php Mulheres! participantes. Neste momento, por volta média, uma hora. Às 14h retornamos cantando 35
Módulo II

Módulo II
e dançando para animar. Afinal, o sono não A segunda parte deste módulo trata-se de uma discussão do trabalho invisível realizado O uso frequente de ferramentas de comunicação
pode impedir nosso objetivo. Um detalhe mesa redonda. Neste ponto cabe destacar pelas mulheres. Ao exporem suas práticas de democratiza informações. Muitas mulheres
interessante é que até isso está relacionado à a valorização do saber popular. Diferente trabalho, essas mulheres abrem às participantes declaram que quase nunca vão ao cinema, por
“combinação” feita pelas mulheres no início do da maioria de painéis de debate, formados uma discussão que levanta questionamentos exemplo, seja pela dificuldade financeira ou
curso. Tem a ver com as regras de convivência. basicamente por acadêmicos, os debates do sobre o seu dia-a-dia, dimensões que não pela dificuldade de acesso, já que são poucas as
Quando acharmos que a programação está Mulheres e Economia respeitam o equilíbrio de são comumente apresentadas nos espaços de salas de cinema próximas às suas moradias. Ao
dando sono ou está muito cansativa, cada frentes de luta e a perspectiva de produção do formação escolar e nos espaços públicos. mesmo tempo, a prática de distribuir materiais
Conceito de trabalho
Direito das mulheres ao emprego

Conceito de trabalho
Direito das mulheres ao emprego
mulher tem a liberdade de interromper, levantar conhecimento. áudiovisuais de comunicação que estão fora
e animar de alguma maneira a turma. Isso é Em seguida, convidamos a todas para assistirem de circulação comercial, valoriza produções
bem legal, já que desperta a criatividade das Convidamos, portanto, uma trabalhadora ao filme “Exclusão Social”, fazendo assim o audiovisuais e impressas com uma visão crítica
mulheres. Surgem danças, cantorias, palavras doméstica, uma professora e uma trabalhadora fechamento do tema. sobre a sociedade que vivemos.
de motivação e carinho e até alongamento! informal para apresentar seu cotidiano na
Este filme retrata a exclusão social, em especial A cada final de módulo, preparamos
o papel da mulher nesse panorama atual de coletivamente o tom da atividade de casa. A
- “Ô abre alas que eu quero passar, ou abre alas que eu quero passar, sou sociedade capitalista, onde ela é vista como proposta é fazer com que a prática de pesquisa
feminista não posso negar, sou feminista não posso negar.” mercadoria e que, segundo o relato de Lélia se multiplique nos bairros dessas mulheres,
Abramo, já nasce excluída. Uma das principais montando grupos de formação nesses locais.
causas dessa exclusão são as desigualdades No caso, a participante do curso Mulheres
- “João, João, cozinhe seu feijão. José, José, cozinhe se quiser.” sociais, que contribuem em grande parte para e Economia seria a grande fomentadora de
a manutenção desse cenário. debates entre outras mulheres.

36 37
Módulo III

Módulo III
O Módulo III do curso Mulheres e Economia trabalhos. Este espaço de organização dura Golpe de 64; o êxodo rural, entre 1960/70; a
centra-se nas questões da não existência aproximadamente 40 minutos. Constituição de 1988; as privatizações dos anos
de políticas públicas para as mulheres. Iniciamos 90 e a introdução da política de modernização,
os trabalhos, mais uma vez, com a exibição Depois dessa conversa, os trabalhos são a partir de 2000.
de um filme. O escolhido para a temática apresentados de forma coletiva. O conjunto
é o “História das Mulheres no Brasil”, de apresentações deve durar no máximo 20 Após a dinâmica, seguimos com o trabalho de
realizado pelo Ibase. minutos, já que esse encontro é mais curto, grupos. A missão agora é estudar textos de forma
durando apenas uma tarde. coletiva e, em seguida, apresentar os conteúdos
Políticas Públicas
para as Mulheres

Políticas Públicas
para as Mulheres
Este filme aborda as conquistas obtidas pelas a toda a turma. Os recursos utilizados ficam a
mu­lhe­­­res neste século, que foram as mais Fazemos uma dinâmica: “Contradições do cargo dos grupos, sendo o formato livre.
signifi­ca­tivas de todos os tempos. No Brasil, a Estado Brasileiro”. Esta dinâmica conta a
mudança da condição e dos direitos femininos é história do Brasil de 1500 a 2002, dando ênfase Neste momento, é incrível como a criatividade
instigante e en­vo­lvente. História das Mulheres às contradições desta formação do Estado toma conta das mulheres. Geralmente são optar por um tema: educação, violência, saúde,
separa as vitó­rias e as derrotas das mulheres, brasileiro. Distribuímos o texto de forma apresentados desenhos, murais, poesias, entre outros.
mas propõe-se tam­bém a derrubar mitos, aleatória para que algumas mulheres possam músicas e até mesmo esquetes. Logo depois,
encorajar debates e aná­­li­ses, estimular a ler quando a música pára. O destaque se dá abrimos para o debate sobre as apresentações e Um bom assunto a ser debatido é a diferença
reflexão com base nos fatos apresentados e no questionamento: “E se não fosse assim?”. é feita a socialização de opiniões entre todas. entre políticas públicas e comunitárias. Quais
colocar a questão na ordem do dia. A história é contada em oito partes, e, em são as diferenças entre elas? Esta conversa é
cada trecho do texto, paramos e ouvimos uma Por volta das 16h15, todos os grupos já se levada para a turma do Mulheres e Economia.
Após o debate sobre o filme, são feitas as música que faz a crítica ao tema lido. Iniciamos apresentaram. Agora é hora de fazer uma pausa Para a atividade de casa, as mulheres pesquisam
apresentações dos resultados das atividades com o descobrimento do Brasil; a colonização; para o lanche coletivo. Na sequência, decidimos sobre as políticas públicas em sua região
de casa. Primeiro, as participantes se reúnem a proclamação da Republica; O Golpe de 1930; o que será feito nas atividade de casa. Mais uma voltadas para a área de gênero, procurando
38 nos grupos para trocar informações sobre seus A indústria automobilística dos anos 50/60; o vez, reunidas em grupos, as mulheres deverão observar se são públicas ou comunitárias. 39
O século XX por sua vez foi marcado pela luta Nesta aula mostramos como termos difíceis,
Módulo III

Módulo IV
por Direitos Sociais, como: SAÚDE, MORADIA E EDUCAÇÃO como “superávit”, são mais que palavras do No Brasil há dois modelos de dívida
“economês”. Entender o que elas significam publica: interna e externa. A dívida
pode ser uma chave para se compreender o externa é toda aquela que é contraída
desemprego e o empobrecimento do povo em moeda estrangeira, ou seja, em dólar,

ESTADO brasileiro. euro, libra, iyen,etc. Dívida interna é


fruto de títulos ou bônus emitidos pelo
O encontro começa com a apresentação dos governo que agregam os juros da taxa
trabalhos de casa, que deve ser sucinta, já que Selic. Hoje as dívidas interna e externa
Políticas Públicas
para as Mulheres

Orçamento Público,
Dívida e Superávit
só temos uma tarde de estudo. Organizamos, em estão cada vez mais interligadas.
seguida, uma mesa redonda para a discussão dos
Política social não é igual Política econômica, Procura dar os
temas: Orçamento Público, Dívida e Superávit
a política pública, atendimento às direitos de forma
Primário. O que esses termos significam? Quais
é só parte dela. necessidades do Capital. que se apague a luta
são suas implicações na vida das mulheres? O QUE É ORÇAMENTO PÚBLICO?
Bancar infraestrutura para do povo, a fim de
Quem realmente deve a quem? É o planejamento das receitas e das
as empresas, isso tudo conquistá-lo.
despesas. Estabelece o quanto se aplica
também é política pública,
em cada pasta (exemplos de pastas:
pois também é política de
O QUE É DÍVIDA? Saúde, Educação, Saneamento Básico,
ESTADO.
Empréstimo, dependência, desemprego, Previdência Social, Segurança pública,
exploração, inflação, cortes nas entre outras) naquele ano. Aqui vale
políticas sociais, pagamento de juros, destacar que Saúde e Educação têm um
investimentos – a Dívida é um grande mínimo do que deve ser investido nelas
O Estado, em geral, faz o povo acreditar que as políticas sociais são doações, para que não se problema do brasileiro. previsto na Constituição de 1988.
40 compreenda que foram ganhas por meio da luta de classes. 41
Há um intervalo depois da mesa redonda em apresentação de forma descontraída, com
Módulo IV

Módulo IV
torno de 10 a 15 minutos, depois retornamos os “jeitinhos” próprios de cada uma. Já teve
O QUE É SUPERÁVIT PRIMÁRIO? com o trabalho de grupo. As participantes se âncora de jornal da TV, repórter interpretando
Em primeiro lugar, é preciso entender o dividem, e cada grupo recebe um texto para as situações e até apresentações de muita
que é déficit e o que é superávit . O déficit ler, comentar e debater. sátira em cima dos padrões dos noticiários.
ocorre quando as despesas são maiores
do que as receitas. O superávit ocorre Faz parte da nossa metodologia a troca de Com a finalidade de criar questionamentos
quando as receitas são maiores do que experiências e a ações para o empoderamento entre as mulheres, apresentamos o programa
as despesas, num período determinado. das mulheres. É nítida a mudança nelas, que se de rádio Trocando em Miúdos “Dívidas” como
Orçamento Público,

Orçamento Público,
Dívida e Superávit

Dívida e Superávit
No caso do governo, o resultado (déficit sentem mais seguras para falar em público. E finalização do tema.
ou superávit) é igual aos gastos do porque não brincar de falar para milhões? Neste pena!”, ou seja, o que queriam que fosse
governo menos as receitas do mesmo módulo, montamos um noticiário. Geralmente, Para ouvir o programa de rádio Trocando em diferente; e a terceira, onde falem: “Que tal?”,
(como tributos diretos, indiretos e outras as matérias de economia na TV, rádio e jornal Miúdos acessar o site: http://www.pacs.org. ou seja, façam sugestões.
receitas). são cheias de gráficos e investimentos, cheias br/publicacoes_audiovisuais.php
de cifras! Mas no noticiário elaborado pelas Ao final de cada módulo do curso Mulheres e
O Superávit Primário é acumulado mulheres e economia é relacionado à realidade Seguimos com a explicação da atividade de Economia, abrimos uma rodada de informes e
sacrificando-se o social, deixando de de cada uma delas. casa. socialização da agenda. Parece um momento
fazer reforma agrária, moradia popular; simples de encerramento, mas também é
portanto, deixando o povo em segundo Os textos escolhidos são a base para os O dever de casa é a leitura da Cartilha das objetivo deste curso de formação aproximar
plano para pagar uma dívida que já trabalhos de grupo e levantam debates sobre Assembléias Populares e a avaliação do as mulheres da luta dos movimentos e
cansou de ser paga. pobreza e desemprego, por exemplo. Durante módulo. Para essa avaliação elas deverão organizações sociais.
uma hora o cochicho entre os grupos é grande. trazer por escrito três fichas – uma onde falem:
Nesse tempo, as mulheres trabalham os temas “Que bom!”, ou seja, o que elas destacam Em seguida, concluímos mais um módulo com
42 e preparam o noticiário. Depois, fazem a positivamente; outra onde elas falem: “Que muita música, dança e alegria. 43
O encontro começa com uma mística que conta Logo depois, iniciamos a apresentação dos
Módulo V

Módulo V
QUANDO SURGEM AS ORGANIZAÇÕES
sobre algumas lutadoras ao longo de nossa trabalhos de casa. Durante uma hora todas
MULTILATERAIS?
história. as mulheres apresentam de forma livre os
Estas organizações internacionais, chamadas
resultados de suas pesquisas nos respectivos
de instituições financeiras multilaterais, ou
Nesse momento as mulheres trazem os textos locais de moradia.
seja, que não pertencem a nenhum país,
pesquisados sobre a biografia de várias lutadoras
surgem no pós-segunda guerra mundial,
feministas e as apresentam através de leituras Neste módulo, siglas que parecem verdadeiros
onde o capitalismo disputa o mundo com o
dos mesmos. Exemplo: lobos bem maus na boca de especialistas são
chamado socialismo real, e por isso precisa
apresentadas para as mulheres de forma
Mulheres e as Instituições Financeiras

Mulheres e as Instituições Financeiras


Multilaterais (IFI’S), as transnacionais

Multilaterais (IFI’S), as transnacionais


se apresentar como “bom”, ajudar na
simples. “Em que o Banco Mundial influencia
Clara Zetkin (1857-1933) foi a primeira democrata alemão, após a eclosão da I reconstrução da Europa, continente mais
na minha vida”? “O que é BID”? “Passarinho em
grande líder feminina (e feminista) Guerra Mundial, e a ajudar a organizar atingido pelas guerras, e assim controlar o
inglês”? “Não! Esse é bird”. “E FMI”? “Parece
do movimento socialista alemão e o Partido Comunista. Foi eleita membro avanço da União Soviética.
nome de inseticida”.
internacional. Em 1891 passou a ser do Comitê Executivo da Internacional
redatora do órgão de imprensa feminina Comunista e presidente do Socorro
da social-democracia alemã, considerado Vermelho, organização mundial de O FMI (Fundo Monetário Internacional) surge na Conferência de Bretton Woods já após uma
o jornal feminista de maior influência na solidariedade às vítimas da reação e disputa de posições, pois um dos economistas que pensou este fundo, John Maynard Keynes,
história. Em 1896 apresentou o seu famoso do fascismo. Quando Hitler assumiu o entendia que deveria ser criada uma moeda internacional, que não fosse a moeda corrente
informe sobre a questão da mulher no poder ela era deputada comunista no de nenhum país, mas os representantes dos Estados Unidos (que já eram muito fortes na
Congresso do Partido em Gotha. Reichstag e teve que se exilar na URSS, época) impuseram o dólar como moeda mundial, a partir da qual se dariam os empréstimos
Zetkin foi uma das poucas, ao lado de onde veio a falecer ainda em 1933. Seu e os pagamentos administrados pelo FMI. Os EUA ganham esta disputa e portanto se tornam
Rosa de Luxemburgo, a romper com a corpo foi enterrado nas muralhas do uma espécie de Banco do Mundo, por serem o único país que produz a moeda usada nas
direção reformista do Partido Social- Kremlin ao lado dos heróis da revolução. negociações internacionais.
44 45
Módulo V

Módulo V
BID – BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO
Aproveitamos, então, para refletir sobre a Como sempre, a cada módulo, as mulheres
O FMI avalia a confiabilidade ou não de um país para que o Banco Mundial e o Banco
relação dessas instituições – Banco Mundial, levam para casa uma atividade. Essa é uma
Interamericano de Desenvolvimento (BID) então emprestem o dinheiro, em dólar, para nós
FMI, BID, entre outras – com as políticas tentativa de envolver o restante da família na
gastarmos em real, e depois devolvê-lo em dólar. Um exemplo de projeto que pegou esse
públicas para as mulheres, assunto estudado temática.
empréstimo com o BID foi o Favela-Bairro. Se foi feito no Brasil com tijolo brasileiro, então
no módulo anterior. Depois, abrimos um
por que pegar o dinheiro emprestado com fundos internacionais? Por que esses organismos
espaço para debate e questionamentos O dever de casa é uma redação sobre o
dizem que o governo brasileiro não tem dinheiro? Porque o dinheiro que efetivamente
referentes ao tema. tema do curso, “relação entre mulheres e
temos deve ser usado para pagar a divida externa, ou seja, o dinheiro que o país arrecada
Mulheres e as Instituições Financeiras

Mulheres e as Instituições Financeiras


Multilaterais (IFI’S), as transnacionais

Multilaterais (IFI’S), as transnacionais


economia”, que pode ser feita em forma de
não pode ser reinvestido aqui porque tem de se cumprir as metas de superávit, e as obras
Fazemos o intervalo costumeiro com lanche texto ou de tópicos. O texto deverá abordar:
sociais tem de ser feitas com empréstimos.
coletivo. Retornamos com os trabalhos de grupo as contribuições do curso para que cada uma
da seguinte maneira: distribuímos revistas e entenda sua realidade concreta, o que fazer ao
jornais para uma leitura coletiva de fotos e término do curso, como dar continuidade aos
Mesmo que o curso Mulheres e Economia seja imagens. Todas procuram imagens que tenham estudos e à mobilização, e como difundir o que
BM (BANCO PARA RECONSTRUÇÃO E dividido em módulos, nunca as discussões são muito a dizer sobre as representações dos temas debatemos, para contribuirmos na alteração da
DESENVOLVIMENTO MUNDIAL) estanques, isto é, feitas de maneira separada. e, inclusive, das mulheres na sociedade. nossa realidade.
O presidente deste banco sempre foi e é A reflexão deve incluir faces específicas da
estadunidense. E a função deste banco vida de cada uma dessas mulheres, porém As participantes dividem-se em grupos de cinco, Como complemento de conteúdo desta aula,
é emprestar dinheiro a juros altos e com é objetivo do curso apresentar elementos que receberão um texto-base para debater. todas são convidadas a assistir ao filme “As
pré-condições, como por exemplo, as para que elas percebam que pertencem a Seguimos com a apresentação dos trabalhos, mudas romperam o silêncio das mulheres da Via
privatizações. A cada novo empréstimo o um conjunto de pessoas que têm, em muitos com um debate sobre as apresentações e a Campesina”, do 8 de março de 2006. A pauta
BM aumenta essas pré-condições. aspectos, realidades parecidas. Elas percebem socialização das opiniões entre todas. agora é o debate sobre o agronegócio.
46 que pertencem a uma mesma classe. 47
Chegamos ao final do curso Mulheres e De manhã iniciamos os trabalhos com a dinâmica a recuperação das ideias de algumas economistas No mapa conceitual do Módulo I – Economia, as
Módulo VI

Módulo VI
Economia. Durante os estudos, as participantes do “Bom dia” para “acordar”. Logo depois, silenciadas pela História. palavras-chave foram:
tiveram contato com temas importantes mais uma ferramenta de comunicação: o
para a nossa sociedade. Identificamos as programa Trocando em Miúdos sobre “Mulheres A proposta da Economia solidária é a de criar planejamento,
mazelas do atual sistema econômico. Porém, e Economia Solidária”. formas alternativas pautadas na cooperação e organização,
acreditamos que apontar um novo modelo de na solidariedade, centradas no trabalho e que balanço (equilíbrio),
desenvolvimento, uma nova forma de economia, Para assistir ao programa Trocando em Miúdos contribuam na sustentabilidade da vida e do dívida,
é muito importante. Maneiras de se construir a basta acessar o site; http://www.pacs.org.br/ planeta, e não apenas visando o lucro, como a educação,
socioeconomia solidária, uma economia crítica e publicacoes_audiovisuais.php Economia capitalista. lucros,
tão voltada para as mulheres, é o principal ponto lista gastos,
Noções de

Noções de
Socioeconomia Solidária

Socioeconomia Solidária
deste último módulo. Depois, partimos para os trabalhos de grupo Avançamos, após o retorno dos trabalhos, com preços,
com textos que reflitam acerca da participação uma mesa redonda: Mulheres e a Economia controle.
E os estudos acontecem em três momentos. das mulheres na economia solidária, ou Solidária. Geralmente, convidamos mulheres de
Como este é o último encontro, não começamos que tratem dos diálogos de valores entre a entidades parceiras, professoras universitárias No último módulo, olhem só as mudanças!
as atividades como nos outros módulos, em que economia solidária e a economia feminista. ou mesmo militantes de movimentos sociais
as mulheres apresentavam os acúmulos do estudo Também são levantados, neste momento, pela para contar sobre suas experiências. O grupo foi um pouco modificado, pois
realizado em casa. Esse retorno será dado mais nossa equipe e pelas participantes, os desafios algumas companheiras da primeira aula não
tarde, junto com o espaço de avaliação do curso. para as mulheres nesses grupos de produção e Após esse diálogo, vamos almoçar juntas. E a compareceram e outras, que não tiveram na
mesmo no trato com sua família. atividade em seguida é novamente a montagem primeira aula, foram incluídas no grupo.
As atividades deste último módulo duram o dia do Mapa Conceitual, feito pela primeira vez no
todo, de 9h às 17h. Nesse primeiro momento, Para Sandra Quintela, 2006, a Economia femi­ primeiro módulo do curso. Mas qual é o motivo Discutimos o modelo do cartaz e expomos as
fazemos um contraponto ao modelo econômico nista estuda a história do pensamento econômico de repetir esse exercício? Elas mesmas vão nossas ideias para serem colocadas à mostra.
dominante, estudado em diferentes frentes nos numa vertente dupla: a crítica à invisibilidade das perceber o quanto aprofundaram os elementos
48 módulos anteriores. mulheres no pensamento clássico e neoclássico e apontados na primeira etapa dessa atividade. 49
Algumas dessas palavras foram: Nossos pensamentos mudam! expectativas, resolvi fazer de novo. “a discussão no grupo é a de que o papel da
Módulo VI

Módulo VI
Aprofundei alguns temas, tirei dúvidas sobre economia é fazer com que possamos adquirir
capitalismo,
Ao longo do curso podemos observar e aprender algumas questões que estavam pendentes, e conhecimentos necessários para a utilização dos
poder político,
exploração do trabalho, que a palavra ”feminismo”, quando a ouvimos, aprendi outros assuntos, os quais não havia recursos de forma racional e consciente. É por
economia. nos traz uma outra ideia. tido no curso anterior. meio do trabalho, do processo de produção, que
Como já havia feito o curso anteriormente, os bens e serviços são produzidos para satisfazer
E como contraponto a esse modelo surgem as
Agora sabemos que feminismo é: tive a oportunidade de participar do as necessidades. Esse trabalho pode ou não
palavras-chave:
conhecimento, consciência, luta, força, Seminário em Santa Tereza, o que eu gostei ter valor. O trabalho doméstico realizado pelas
solidariedade, mobilização, organização, liberdade, muito. Tive ainda, por meio do curso mulheres, por exemplo, durante muito tempo
trabalho livre, igualdade, direitos e emoção. Mulheres e Economia, a chance de estar na não foi valorizado, pois não produz riqueza
Noções de

Noções de
Socioeconomia Solidária

Socioeconomia Solidária
coletividade,
Marcha Mundial das Mulheres, realizada no material e portanto não tem valor de troca.
economia solidária.
Em seguida, os grupos socializam os trabalhos dia 08 de março. Nossa conclusão é que houve a participação de
As palavras do mapa do Módulo I - Feminismo, de casa, feitos do módulo V para o VI. São todas de forma igualitária, onde todas deram
foram: lidas também as cartas de avaliação do curso, Lucia Helena G.D. Leandro suas opiniões”.
vida, em que as mulheres falam um pouquinho sobre Gostei muito deste curso. Aprendi muita
luta, as transformações e os conhecimentos obtidos coisa e me fiz uma nova mulher. Gostaria de Lilian Salles
justiça, durante o curso. Essa socialização faz com participar de cursos que tenham mulheres. “Nós mulheres, que procuramos nos informar,
direito, que elas pensem individual e coletivamente os Agradeço por estas oportunidades que vocês após o curso, percebemos que já temos
decisão, desafios postos a elas, mulheres. me deram. Ah! Que bom que nós iremos alguma bagagem cultural e materiais , para
coragem, nos encontrar de novo. Não vamos perder que sutilmente, ou não, comecemos a abrir os
educação, Carolina Alves dos Santos o contato nunca. A luta é nossa, mulheres! olhos da mãe, irmãs, amigas e comunitárias,
igualdade, Esta já é a minha segunda participação no Agradeço a todas. pois recebemos informações reais e precisas.
emancipação, curso de Mulheres e Economia. E como da Sabemos que sem lutas não há possibilidade
50
autonomia. primeira vez, correspondeu muito às minhas Olha aí o que aprendemos neste curso: de vitórias e, a luta não é só ir as ruas, mas 51
conscientizar, conscientizar, conscientizar, as POEMA
Módulo VI

Módulo VI
pessoas através desses cursos de formação.
Sinais de outra economia...
A minha proposta é que a continuidade de
minha parte será reunir mães da comunidade Tanto tempo! 200 anos
do Parque Colonial em Belford Roxo, onde Para então ser trazida à luz
A economia Solidária
moro, para participarem de palestras, A que o Feminismo conduz
oficinas, curso”..
Conduz por ser criadora
Criadora como mulher
Ao final de seis encontros – regados a muita Que dá a luz, cria e sofre
troca, sorrisos e reflexão – realizamos de forma E luta para o capitalismo
Noções de

Noções de
Socioeconomia Solidária

Socioeconomia Solidária
coletiva a dinâmica de encerramento. não fazer o que quer

Desafio? Esta é a palavra certa


Essa dinâmica de encerramento se dá com para a base da sobrevivência das famílias
cada uma entregando o certificado a outra Que hoje se reúnem e debatem
Como reeducar as suas filhas
companheira e falando alguma qualidade desta.
Fazemos trocas solidárias com artesanatos ou Na economia solidária se encontra
quitutes feitos por elas. Durante esse momento Uma nova forma de construção
de um mundo feminino que luta
trocamos muitos afetos também. Abraços de Por igualdade, direitos e comunhão
saudades, de convívio e de desabafos de como
Mulher-base, organizando
éramos antes dessa formação e como estamos
o planejamento da família
agora. Muita alegria, coragem, estímulo e Deixando de ser “O pano de fundo”
companheirismo para as lutas. Saímos sabendo Com certeza será vitoriosa
que temos espaços coletivos para lutarmos Pois quem muda a família, muda o mundo. Nada como uma linda confraternização com quitutes e bebidinhas para alegrar e festejar o final
52 juntas!!! (Lilian Salles Costa) desta formação em economia e feminismo. 53
Anexos Ficha para atividade de casa do Módulo II. Entregar no Módulo III. Quantos hospitais públicos têm no bairro/ região ?

Anexos
( ) 1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6 ( )7 ( )8 ( )9 ( )10 ou mais.
Bairro ou Região: ____________________________________________________________________
Quantas pessoas são atendidas por esses hospitais por dia?
Quantas creches públicas (estadual, municipal) têm no bairro / região pesquisada?
___________________________________________________________________________________
( ) 1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6 ( )7 ( )8 ( )9 ( )10 ou mais.
Quantos postos de saúde têm no bairro/região ?
Quantas famílias são atendidas por essas creches? ________________________________________
I – Ficha para Atividade de Casa

I – Ficha para Atividade de Casa


( ) 1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6 ( )7 ( )8 ( )9 ( )10 ou mais.
E quantas creches comunitárias?
Quantas pessoas são atendidas por esses postos de saúde por dia?
( ) 1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6 ( )7 ( )8 ( )9 ( )10 ou mais.
___________________________________________________________________________________
Quantas famílias são atendidas por essas creches? ________________________________________
Escreva aqui a diferença percebida por você entre as instituições públicas e as comunitárias
Quantas escolas de ensino fundamental (1ª a 8ª séries) existem no bairro / região da pesquisa? pesquisadas. ________________________________________________________________________
( ) 1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6 ( )7 ( )8 ( )9 ( )10 ou mais. ____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
Quantos meninos e meninas estudam nessas escolas de ensino fundamental?
____________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
Existe no seu bairro ou região alguma mobilização para reivindicar melhorias para o local?
Quantas escolas de ensino médio (2º grau / profissionalizante) têm no bairro/ região foco de sua ____________________________________________________________________________________
pesquisa?
( ) 1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6 ( )7 ( )8 ( )9 ( )10 ou mais. Se houver, conte-nos um pouco sobre essa mobilização:
____________________________________________________________________________________
Quantos jovens estudam nessas escolas de ensino médio?
____________________________________________________________________________________
54 55
___________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________
Existe no seu bairro ou região algum movimento social organizado (associação de moradores, *Grupo 1:
Anexos

Anexos
Ação da Cidadania, grupo de mulheres...)?
Participantes: Márcia Regina, Márcia Helena, Marilda, Adriene, Neide,
______________________________________________________________________
Joselina, Eliane, e Bárbara Danielly.
Caso a resposta anterior tenha sido sim, diga qual o movimento? Pelo que luta?

___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________ Livro: Realidades da Vida!
I – Ficha para Atividade de Casa

Atividade de Casa
II - Trabalho de grupo –
___________________________________________________________________________________ Rotina do homem Rotina da mulher

Segunda à sexta: Segunda à segunda:


Quais as opções de transporte coletivo que possui o seu bairro/ região? • levanta cedo e vai trabalhar; • funções básicas:
___________________________________________________________________________________ • chega à noite e janta; • lavar;
• cobranças - filhos educados; casa arrumada; • cozinhar;
___________________________________________________________________________________ contas pagas; sexo; • passar;
• deita e dorme. • trabalhar fora;
Há saneamento básico no seu bairro/ região? • estudar;
______________________________________________________________________ Sábado e domingo: • cuidar da aparência.
• farra;
E coleta regular de lixo? • futebol; Responsabilidades: levar ao médico, à escola,
• prioridade para a televisão. fazer compras, pagar contas, cuidar das
______________________________________________________________________ crianças, etc.
No geral, todo homem é igual!!!
Seu bairro/ região costuma ser muito afetado nas chuvas e enchentes? Como? E ainda encontra tempo para os trabalhos
sociais.
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
56 57
Anexos Grupo 2: Grupo 3:

Anexos
Participantes: Clotilde, Marinêz, Moara, Kenia, Luiza Maria, Angélica, Joana, e Conceição. Participantes: Marcia Rita, Flavia, Márcia Leão, Celina, Sônia, Rosângela, e Iracy

Mulheres: Homens: Rotina do Casal


Atividade de Casa
II - Trabalho de grupo –

Atividade de Casa
II - Trabalho de grupo –
Trabalho remunerado X X
Homem: Mulher:
Cozinhar X X
Lavar a louça e limpar a cozinha X
• acorda (05:30h); • acorda;
Arrumar a cama X • se arruma(06h); • se arruma;
Limpar e arrumar a casa X • rotina do café – • rotina do café – revesamento = um dia cada um;
Limpar banheiro X revesamento = um dia para cada um; • sai para o trabalho + deixa os/as filhos/as no colégio;
Lavar a roupa X • sai para o trabalho; • retorna do trabalho + pega os/as filhos/as na escola;
Fazer compras (mercado, açougue, feira) X X • retorna – às vezes com compras; • prepara o jantar;
Cuidar das crianças X X • janta; • limpa a cozinha e a casa;
Cuidar de animais domésticos X X • vê TV/ lê jornal; • coloca os/as filhos/as para dormir;
Levar as crianças na escola, na creche X X • prepara-se para dormir; • se arruma para dormir;
• conversa um pouco com a mulher; • conversa com o marido;
• dorme. • dorme.

58 59
Feminismo – Grupo 1 Feminismo – Grupo 2
Anexos

Anexos
Participantes: Regina Fátima, Maristela, Sandra Regina da Silva, Rosa, Leila Regina,
Participantes: Marilene dos Santos, Silvana Regina, Maria de Lourdes da Silva,
Carmem Lucia, Ana Cristina, Elza, Sabrina, Verônica Rocha, Crislaine, e Helena.
Maria Luiza da Silva, Lidiane Alves dos Santos, Rosangela de Jesus Bastos, Eliza Martins,
Márcia Regina, Silvia Zuleica, e Maria José do Nascimento Lopes.
Mapa Conceitual

Mapa Conceitual
III – Construção do

III – Construção do
Solidariedade
Igualdade Submissão FEMINISMO
Respeito
Conscientização FEMINISMO Cultura machista
Mercado de trabalho
Educação política Somos a maioria!!!
Liberdade de escolha Regrediu na sociedade Rever as desigualdades
Falta de união Respeito para a saúde e a educação
Acordar para a sociedade Ser perseverante nas atitudes
As mulheres não fazem política entre elas Avanço no mercado de trabalho
Lutar pelo hoje

60 61
Economia – Grupo 1 Economia – Grupo 2
Anexos

Anexos
Participantes: Ivete, Eliane Pereira, Mônica, Norma, Val, Eliane Mansur, Márcia Soares, Participantes: Andréa Moderno Casanova, Rosangela Pereira da Silva, Sueli Lourdes Miranda,
Ana Cristina, Kelly, Chocolate e Maria Célia. Maria Flor, Marlene Barbosa Francisco, Leila Lima de Souza, Ivanete, Lair, e Nemese.

ECONOMIA ECONOMIA
Mapa Conceitual

Mapa Conceitual
III – Construção do

III – Construção do
Juros Gestão de recursos
Necessidades Humanas
Economia doméstica Desigualdade
Conscientização Valor

Trocas solidárias Exclusão Responsabilidade Planejamento

Equilíbrio Ética Sustentabilidade


Auto-sustentável Preconceito

Gerar trabalho e renda Equilibrio da saúde Orçamento Avaliação


62 63
Economia – Grupo 3 Feminismo
Anexos

Anexos
Participantes: Andréia Fortes de Lima, Alda Maria, Maria Jane, Rachel, Gloria, Maria de
Fátima, Idenir, Terezinha, Rosane, Maria Pedro, Ana Maria. O feminismo é um movimento político, de ideias magistério. As trabalhadoras, no Brasil e no
e práticas que têm o objetivo de construir mundo destacam-se na luta por melhores
um mundo melhor, com justiça e igualdade condições de trabalho e salário.
para todos e, sobretudo, sem opressão e
discriminação às mulheres. No fim dos anos 60, houve uma nova onda de

ECONOMIA
Mapa Conceitual
III – Construção do

IV – Cartilhas -
Feminismo / Mulheres e Economia
feminismo na Europa e nos EUA, que chegou ao
Uma mulher feminista é uma mulher que Brasil nos anos 70. Vários grupos foram criados
luta pelos seus direitos, para acabar com as em todo o País. As mulheres lutaram pelo
desigualdades entre mulheres e homens e não direito de decidir se queriam ou não ser mães e
para ser superior a estes. por creches públicas; denunciaram a violência
Riqueza do país Geração de renda e se organizaram em torno de várias lutas.
Desde o século XVIII, as mulheres se organizam
para lutar pelos seus direitos, no entanto o A participação intensa de mulheres na
Educação Consumo Renda familiar Saúde feminismo passou a ser reconhecido como constituinte de 1988 foi uma das marcas dos
movimento apenas no fim do século XIX. E anos 80. Na década de 90, ganhou força a
se desenvolveu com mais ou menos força em reivindicação da participação das mulheres
Má distribuição de renda Fome Pobreza Violência diferentes períodos. na política e a exigência de que os governos
tenham ações concretas para melhorar a vida
No começo do século XX, as mulheres delas.
formaram grandes organizações que lutaram
e conquistaram o direito à educação, ao voto Quando olhamos para a História, podemos
64 e a certas profissões, como a advocacia e o observar que o direito de votar e ser votada, 65
de poder trabalhar, de estudar, de participar
Anexos

Anexos
Mulheres e Economia família estiver com algum problema de saúde,
da vida política, foram importantes conquistas indubitavelmente são as mulheres que assumirão
do feminismo. No entanto, a igualdade real As mulheres no conjunto da sociedade são as o acompanhamento na ida a médicos, hospitais,
entre mulheres e homens ainda está por ser maiores responsáveis pela reprodução humana, etc. São as mulheres, na grande maioria dos
conquistada. pela preservação da vida e pelo cuidado das casos, que cuidam dos idosos e dos filhos.
pessoas. Vocês já prestaram atenção a isso?
Só que todos esses trabalhos não são considerados Na maneira pela qual a economia está estruturada
IV – Cartilhas -
Feminismo / Mulheres e Economia

IV – Cartilhas -
Feminismo / Mulheres e Economia
Você Sabia... trabalhos economicamente rentáveis. Vamos e organizada, somente bens e/ou serviços que
ver a seguir que trabalho é esse. possam ser comercializados, colocados no
Que Olympe de Gouges, em plena Revolução Francesa, escreveu a Declaração dos Direitos
mercado, são viáveis economicamente, uma
da Mulher e da Cidadã, diante da exclusão das mulheres na Declaração dos Direitos do
Reprodução da vida: é o cuidado da casa, da vez que eles têm valor de troca. Para aqueles
Homem e do Cidadão?
preparação do alimento, o acordar e preparar que possuem apenas valor de uso seu lugar é
Que Hypatia de Alexandria, cientista, filósofa e matemática, que viveu entre os anos 370 os filhos para ir à escola, garantir que os infinitamente inferior na escala de valores
e 415 depois de Cristo, inventou o astrolábio (que revolucionou as técnicas da navegação)? membros da família possam se reproduzir a fim da ciência econômica. Por isso, o diamante
de produzir para o conjunto da sociedade. é muito mais valioso do que o cuidado da
Que as mulheres foram as primeiras médicas, parteiras e estudiosas de anatomia da
casa. Pois existem interessados em comprar
história ocidental?
Preservação da vida: as mulheres, em muitos diamantes e não em pagar bem pelo serviço
Que Maria – a Judia, importante alquimista, fez descobertas que foram de enorme países, estão à frente na construção de bancos doméstico. E como os diamantes são escassos,
contribuição para a construção das bases da Química Moderna? de sementes, no cuidado com o meio ambiente, eles valem, todavia, muito mais.
E que também foi inventora de instrumentos de laboratório e do famoso método na luta antiguerra, nas campanhas contra a
de aquecer em “banho-maria”? violência, na luta pelo respeito aos direitos Assim, historicamente, o trabalho realizado
humanos. pelas mulheres não teve o reconhecimento
Fonte : Nem Mais, nem Menos: Iguais: Cartilha para alunos; Coordenadoria Especial da Mulher – Cuidado com as pessoas: quando filhos, maridos, merecido, uma vez que o que elas faziam não
66 PMSP – São Paulo, 2002. pais, sogros e sogras, ou qualquer membro da tinha valor de troca e existia em abundância. 67
O movimento de mulheres teve de lutar muito Toda a lógica da economia dominante é uma É urgente e necessário começar e reforçar a Para a construção dessa economia pela vida
Anexos

Anexos
para que as mulheres rurais, por exemplo, lógica de morte: uma floresta não tem valor visão de que é possível construir outras relações tem-se muito que aprender com o movimento
denominassem seu trabalho de “trabalho” econômico em si, só se ela virar madeira, em torna da qual está organizada a produção de de mulheres, afinal foi ele que desconstruiu
e não de “ajuda”, para que as empregadas pasto, etc. Ou seja, só se ela for morta. Não é bens e serviços, sua distribuição e consumo. “verdades” naturalizadas, tais como “mulher
domésticas tivessem os mesmos direitos que à toa que os povos das florestas lutam por uma não trabalha”, “mulher é para ficar em
outras trabalhadoras. Todas as conquistas das outra forma de aproveitar sustentavelmente Existem inúmeras experiências econômicas de casa”. E ao mesmo tempo, nesse movimento,
mulheres no mundo do trabalho se deram a seus recursos. iniciativa e com participação de mulheres. São construíram-se novos lugares e olhares sobre
IV – Cartilhas -
Feminismo / Mulheres e Economia

IV – Cartilhas -
Feminismo / Mulheres e Economia
partir de muita luta. Nada foi de graça. os chamados grupos de geração de trabalho e as mulheres.
Temos de construir um sistema onde em primeiro renda, cooperativas, associações, etc. Diante
Lutar por uma economia pela vida: um lugar esteja o direito básico de comer, vestir- delas o desafio é perceber em que elas aportam O mesmo precisa ser feito com relação à
aprendizado com as mulheres. se, morar, educar-se, viver saudavelmente para a construção desses outros modelos economia. Precisamos desnaturalizar que só
e em liberdade. Para isso é necessário que econômicos, centrados no atendimento às aquilo que tem valor monetário tem valor
Hoje já não basta que lutemos por um espaço invertamos a lógica de como a economia está necessidades materiais básicas. econômico. O que é mesmo valor? Vamos
digno na sociedade e especialmente no organizada. pensar sobre isso?
mundo do trabalho. O desafio é muito maior: Livros, pesquisas, reportagens sobre o tema,
é o de como construir um sistema econômico No campo das relações humanas dentro do ainda que escassos, apontam para a direção de É da economia que tiramos nosso sustento
que garanta o atendimento às necessidades mundo do trabalho, elas foram se afirmando na que o trabalho desenvolvido nessas experiências material. Precisamos fazer com que ela esteja
humanas essenciais e fundamentais. medida exata em que era o inverso das relações econômicas de mulheres tendem a desenvolver nas nossas mãos.
familiares, de amizade, de vizinhança. Não outros valores permeando essas relações,
O mecanismo em torno do qual a economia está que essas sejam isentas de contradições. Mas principalmente a solidariedade construída
À luta!
organizada é abastecido, lubrificado e mantido o concorrer e o competir ganham dimensões no cotidiano. Pode parecer um tanto geral,
pela lógica da destruição e da morte. Violência, infinitas no mundo do trabalho. mas são indícios de que precisam ser melhor
desemprego, miséria e guerras crescentes entendidos e visualizados. Sandra Quintela - Socioeconomista - Pacs
68 afirmam e renovam este mecanismo. 69
Roteiro para Entrevistar uma Mulher de Economia Solidária - dever de casa já que o movimento da FCP é dentro dos Empreendimentos de Economia Solidária e tem uma
Anexos

Anexos
maioria significativa de mulheres?
• Nome completo: • Na sua opinião, qual a visão do papel da mulher nos Empreendimentos de Economia solidária?
• Idade: Qual sua opinião a respeito do fato das mulheres exercerem e executarem as mesmas funções
• Se tem filhos/as e quantos/as: dos homens e receberem salários inferiores?
• Estado civil: • Com respeito às políticas públicas para as mulheres, você as considera como uma das vitórias
uma Mulher de Economia Solidária

uma Mulher de Economia Solidária


V – Roteiro para entrevistar

V – Roteiro para entrevistar


• O que faz? da luta das mulheres por igualdade de direitos e de respeito?
• Em que condições você trabalha? • O que você achou desta entrevista?
• Como é o seu ambiente de trabalho?
• Com que tipo de pessoas você trabalha?
• Já teve algum problema com pessoas no seu ambiente de trabalho,
tanto interno quanto externo? Roteiro para Entrevistar uma Trabalhadora Doméstica - dever de casa
• Quantas mulheres e quantos homens você convive no seu local de trabalho?
• Com quantas mulheres e quantos homens você convive? • Nome completo:

• Satisfação no que faz? • Idade:

• Que profissão pretendia exercer? • Se tem filhos/as e quantos/as:

• Conseguiu exercer a profissão desejada? • Estado civil:

• Consegue satisfação no que realiza atualmente? • O que faz?

• O que falta para a sua realização? • Ambiente e condição de trabalho:

• Qual a sua opinião a respeito de a secretaria da Senaes não possuir mulheres trabalhando, • Em que condições você trabalha?
70 71
• Como é o seu ambiente de trabalho? Resposta:
Anexos

Anexos
• Com que tipo de pessoas você trabalha?
As apresentações dos grupos foram assim:
• Já teve algum problema com pessoas no seu ambiente de trabalho,
tanto interno quanto externo? Grupo 1

• Qual a sua jornada de trabalho? Doméstica Economia solidária


• Você dorme na casa da sua patroa?
• Desconhece o sindicato. • É babá em casa e confeiteira.
uma Mulher de Economia Solidária

uma Mulher de Economia Solidária


V – Roteiro para entrevistar

V – Roteiro para entrevistar


• Você tem de olhar crianças? • Jornada de trabalho diária • Trabalhou e não recebeu.
ultrapassa oito horas. • Falta de reconhecimento de seus direitos.
• Você é a única funcionária na casa, ou tem mais alguma que divida as tarefas com você?
• Desconhece as políticas públicas.
• Que profissão pretendia exercer?
• Conseguiu exercer a profissão desejada?
• Consegue satisfação no que realiza atualmente? Grupo 2

• O que falta para a sua realização? Trabalhadora doméstica Mulher da Economia


• Qual a sua opinião a respeito do sindicato das empregadas domésticas?
• Falta de oportunidades. • Trabalham em casa e fora também.
• Qual a sua opinião a respeito do fato das mulheres exercerem e executarem as mesmas • Necessidade para a sustentação • Lutam para ajudar ao próximo
funções dos homens e receberem salários inferiores? da família. com troca de materiais.
• Concordam com a igualdade social. • Fazem feiras comunitárias para
• Com respeito às políticas públicas para as mulheres, você as considera uma das vitórias da luta gerar renda para algumas instituições.
das mulheres por igualdade de direitos e de respeito?
• O que você achou desta entrevista?

72 73
Grupo 3
Anexos Diarista Mulher da Economia solidária

• A única opção foi ser diarista. • Procura sempre melhorar as suas condições
• Baixa escolaridade e às vezes analfabeta. e de suas companheiras.
• Achou-se importante ao ser entrevistada, • Encontra dificuldades internas e externas.
pois foi a primeira vez. • Dificuldades financeiras e de espaço
para fazer o seu trabalho solidário.
uma Mulher de Economia Solidária
V – Roteiro para entrevistar

Grupo 4

Trabalhadora doméstica Economia solidária

• Nunca é respeitada quanto às horas • Senaes – falta política dentro da própria


de trabalho que executa. instituição que acolhe o movimento FCP.
• Quando perguntadas sobre o sindicato • Salários inferiores – discriminação e certo
das empregadas domésticas, acham preconceito de uma sociedade machista.
ótimo, só depende dos sindicalizados • Economia solidária – há uma grande
acompanhar o desenvolvimento. confusão ainda quanto esta questão
• Quanto às políticas públicas para dentro do próprio processo de militância,
as mulheres, o respeito existe, pouco esclarecimento e pouca informação.
mas ainda faltam muitas coisas.

74 75
O
Pacs - Instituto Políticas Alterna­ diferente e buscando outros rumos ao
tivas para o Cone Sul é uma nosso sistema sócioeconômico. O Pacs
organização sem fins lucrativos, produz estudos, análises e reflexão crítica
dedicada ao Desenvolvimento Solidário, sob a forma de publicações impressas
que trabalha com educação, pesquisas e audiovisuais; políticas alternativas e
e práticas socioeconômicas, e tem sede projetos de desenvolvimento; assessorias e
no Rio de Janeiro. A proposta do Pacs é atividades educativas.
colocar o trabalho e a criatividade de sua
equipe a serviço dos movimentos sociais, A ação do Instituto se resume em oferecer
das entidades eclesiais, dos governos po­ o máximo de apoio, subsídios e sinergia
pulares, dos grupos de produção associada no processo de empoderamento dos seres
(cooperativas, empresas autogestionárias, humanos para que se tornem sujeitos
associações, grupos informais e escolas de plenos, conscientes e soberanos do seu
trabalhadores), das escolas públicas e de próprio desenvolvimento enquanto pessoas
outras organizações de desenvolvimento e coletividades.
solidário, pensando a economia de forma

76

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