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MATEMÁTICA PARA ECONOMIA - I

NOTAS DE AULA

Professor: Aleksandro de Mello


1
Capítulo 1

Limites e Continuidade

1.1 Limites: definição e propriedades

Nessa seção, veremos a ideia intuitiva de limites, juntamente com algumas das suas principais proprieda-
des, para após iniciarmos os cálculos.

Para entendermos essa ideia intuitiva, vamos considerar a seguinte função:

x3 − 2x2
f (x) = .
3x − 6

Pergunta 1.1 Qual é o domínio da função f ?

Resposta: Videoaula.

Pergunta 1.2 O que acontece com os valores de f (x) quando ”x” assume valores próximos de a = 2?

Resposta: Videoaula.

Note que podemos nos aproximar de a = 2 por valores maiores do que 2 (ou seja, pela direita de 2) ou
por valores menores do que 2 (ou seja, pela esquerda de 2). Vejamos a tabela abaixo:

2
x f (x) x f (x)
1, 9 1, 20333333 2, 1 1, 47000000
1, 99 1, 32003333 2, 01 1, 34670000
1, 999 1, 33200033 2, 001 1, 33466700
1, 9999 1, 33320000 2, 0001 1, 33346667
1, 99999 1, 33332000 2, 00001 1, 33334667
1, 999999 1, 33333200 2, 00001 1, 33333467

Observando a tabela, vemos que:

"A medida que x se aproxima de a = 2, os valores de f (x) se aproximam de 1, 3333... = 34 ."

Lembrando que a distância entre dois pontos a, b ∈ R é dada por |a − b|, então podemos reescrever a frase
acima da seguinte maneira:

Se |x − 2| se aproxima de zero, então f (x) − 34 também se aproxima de zero.


Ou seja, para que f (x) − 43 seja muito pequeno, é necessário de |x − 2| seja muito pequeno também.

Esse fato será denotado por


4
lim f (x) =
x→2 3
o qual explicaremos na sequência.

x3 −2x2
Construindo o gráfico de f (x) = 3x−6 , temos:
(Videoaula)

De maneira geral, se f é uma função definida em todo número de um intervalo aberto contendo ”a”,
exceto possivelmente em x = a, podemos perguntar:

• A medida que x se aproxima de ”a” (mas x 6= a), o valor de f (x) se aproxima de um valor L?

• Podemos tornar o valor de f (x) tão próximo de L quanto queiramos, escolhendo x suficientemente
próximo de ”a”?

Se as respostas para as duas perguntas são afirmativas, escreveremos

lim f (x) = L.
x→a

De maneira mais formal, temos o seguinte conceito.

Definição 1.3 Seja f uma função definida em todo número de algum intervalo aberto contendo x = a, com
possível exceção no ponto x = a. Dizemos que o limite de f (x) é L ∈ R quando x se aproxima de ”a se
para qualquer  > 0 dado, existe δ > 0 tal que

0 < |x − a| < δ =⇒ |f (x) − L| < .

3
Quando isso ocorre, denotamos por
lim f (x) = L.
x→a

Em símbolos, escrevemos
lim f (x) = L ⇐⇒
x→a

(i) ∀ > 0, ∃δ > 0 tal que 0 < |x − a| < δ =⇒ |f (x) − L| < .

OU, de forma similar:

(ii) ∀ > 0, ∃δ > 0 tal que x ∈ (a − δ, a + δ), x 6= a =⇒ f (x) ∈ (L − , L + ).

Graficamente: (Videoaula).

Exemplo 1.4 Consideremos os gráficos das funções f (x) e g(x) abaixo.

(Videoaula)

Observação 1.5 Quando estamos analisando o limite de uma função f quando x se aproxima de ”a”, temos
que lembrar que:

• O ponto x = a NÃO PRECISA ser um ponto do domínio de f, apenas precisa conter a sua direita,
ou a sua esquerda, pontos do domínio da função. Por exemplo, como o que ocorreu com a função f no
exemplo anterior.

• Se a ∈ D(f ) (D(f ) = domínio de f ), o valor de f (a) NÃO INTERFERE no processo do cálculo do


limite, o que de fato importa são os valores de f (x) para valores x próximos de ”a”, mas com x 6= a.
Por exemplo, como o que ocorreu com a função g no exemplo anterior.

Vejamos agora algumas das principais propriedades envolvendo limites.

Proposição 1.6 (Unicidade do limite) Se lim f (x) = L e lim f (x) = M , então L = M.


x→a x→a

Demonstração: Ver, por exemplo,[LEI].

Proposição 1.7 Sejam a, c ∈ R e f (x) e g(x) funções tais que lim f (x) = L e lim g(x) = M . Então valem
x→a x→a
os seguintes limites:

1. lim c = c.
x→a

2. lim x = a.
x→a

3. lim (f (x) + g(x)) = lim f (x) + lim g(x) = L + M .


x→a x→a x→a

4
4. lim (f (x) − g(x)) = lim f (x) − lim g(x) = L − M .
x→a x→a x→a

5. lim (f (x) · g(x)) = lim f (x) · lim g(x) = L · M .


x→a x→a x→a


f (x)
 lim f (x) L
x→a
6. lim = = , SE M 6= 0.
x→a g(x) lim g(x) M
x→a

7. lim [c.f (x)] = c. lim f (x) = c.L.


x→a x→a
 n
8. lim [f (x)n ] = lim f (x) = Ln , ∀n ∈ N.
x→a x→a
p
n
q √
n
9. lim f (x) = n lim f (x) = L, dentro das condições de existência das raízes.
x→a x→a

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Segue diretamente das propriedades vistas acima o seguinte resultado.

Corolário 1.8 Se p(x) é um polinômio e a ∈ R, então lim p(x) = p(a).


x→a

Vejamos agora alguns exemplos de aplicação dessas propriedades.

Exemplo 1.9 Calcule, se possível, os seguintes limites:

(a) lim (4x − 2).


x→2

(b) lim (x2 − 4).


x→3

p
(c) lim x4 − 4x + 1.
x→−2

3t + 1
(d) lim .
t→5 −2t + 4

(e) lim [(3x2 − 1).(−4x + 3)].


x→2

3x − 4
(f ) lim .
x→2 x2 − 4
Solução: Videoaula.

(
x − 1, se x 6= 3
Exemplo 1.10 Calcule lim f (x), sabendo que a função é dada por f (x) = .
x→3 4 , se x = 3

Solução: Videoaula.

5
Conforme vimos na letra (f ) do Exemplo 1.9, existem limites cuja solução não é imediata, ou seja,
existem limites cuja resolução depende de técnicas diferentes para a resolução. Começaremos a ver um desses
tipos diferenciados no próximo exemplo, que são os chamados limites indeterminados da forma 0.
0

Exemplo 1.11 Calcule, se possível, os seguintes limites:

x−4
(a) lim .
x→4 x2 − 16

x3 − 1
(b) lim .
x→1 x − 1


1+x−1
(c) lim .
x→0 x

x3 − 1
(d) lim .
x→1 x2 − 1

Solução: Videoaula.

Exercício 1.12 Calcule, se possível, os seguintes limites:

x2 − 4 x3 − 1 x3 − 2x + 4
(a) lim . (b) lim . (c) lim .
x→−2 x2 − 16 x→−1 x − 1 x→4 3x2 − 16

x3 − 2x + 4 p
(d) lim . (e) lim x3 − 4x + 8. (f ) lim [(x3 + 4).(−x2 − 8)].
x→4 3x2 − 16 x→4 x→4


4 − x2 x3 − 3x + 2
(g) lim √ . (h) lim . (i) lim [(x3 + 4).(−3x2 + 10)].
x→3 x3 − 11 x→4 −x2 + 13 x→−4

x3 − 27 x3 − 27 x3 − 9
(j) lim . (k) lim . (l) lim .
x→3 x2 − 9 x→3 3 − x x→3 9 − x


x+1 4−x−1 2x − 3
(m) lim √ . (n) lim . (o) lim √ .
x→−1 2+x−1 x→3 x−3 x→3 4−x−1

Exercício 1.13 ([VIL, Exemplo 4.2]) Determine o valor de ”a” para que o limite abaixo exista:

3x2 + ax + a + 3
lim .
x→−2 x2 + x − 2

f (a + h) − f (a)
Exercício 1.14 Calcule lim para cada uma das funções apresentadas abaixo.
h→0 h

(a) f (x) = c (= constante). (b) f (x) = x. (c) f (x) = x2 . (d) f (x) = x3 .

6
Sugestão: Inicialmente, calcule f (a+h) substituindo x por a+h na função dada. Após, calcule f (a+h)−f (a)
f (a+h)−f (a)
e depois calcule h . Substitua o que encontrar no limite solicitado para então calculá-lo.

1.2 Limites Laterais

Quando consideramos lim f (x), estamos interessados nos valores x próximos de ”a”, tanto pela direita
x→a
(ou seja, valores maiores do que ”a”), quanto pela esquerda (ou seja, valores menores do que ”a”). Mas,

por exemplo, a função f (x) = x − 2 não existe para x < 2, ou seja, a função não está definida à es-
querda de 2. Logo, não podemos considerar a notação lim f (x), mas sim considerar limites laterais, conforme
x→2
apresentaremos abaixo.

Definição 1.15 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto da forma (a, c). Dizemos
que o limite de f (x) é L ∈ R quando x se aproxima de ”a” pela direita se para qualquer  > 0 dado,
existe δ > 0 tal que
⇐⇒ x∈(a,a+δ)
z }| {
0 < x − a < δ =⇒ |f (x) − L| < .

Quando isso ocorre, denotamos por


lim f (x) = L.
x→a+

Definição 1.16 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto da forma (c, a). Dizemos
que o limite de f (x) é L ∈ R quando x se aproxima de ”a” pela esquerda se para qualquer  > 0
dado, existe δ > 0 tal que
⇐⇒ x∈(a−δ,a)
z }| {
−δ < x − a < 0 =⇒ |f (x) − L| < .

Quando isso ocorre, denotamos por


lim f (x) = L.
x→a−

Observação 1.17 Todas as propriedade de limites vistas anteriormente com x → a continuam válidas para
limites laterais.


Exemplo 1.18 Considerando f (x) = x − 2, temos que:
Solução: Videoaula.

Antes de trabalharmos em outros exemplos, vamos apresentar o seguinte resultado.

7
Teorema 1.19 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto I contendo ”a”, exceto
possivelmente no ponto x = a. Então:

lim f (x) = L ⇐⇒ lim f (x) = L = lim f (x).


x→a x→a+ x→a−

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Vejamos alguns exemplos de aplicação desses conceitos e desse resultado.


 −1, se x < 0


Exemplo 1.20 Considere a função f (x) = 0, se x = 0 .


 1, se x > 0

(a) Calcule, se possível, lim+ f (x), lim− f (x) e lim f (x).


x→0 x→0 x→0

(b) Trace um esboço do gráfico de f.

Solução: Videoaula.

(
|x|, se x 6= 0
Exemplo 1.21 Considere a função g(x) = .
2, se x = 0

(a) Calcule, se possível, lim+ g(x), lim− g(x) e lim g(x).


x→0 x→0 x→0

(b) Trace um esboço do gráfico de g.

Solução: Videoaula.

(
2 − x2 , se x ≤ 1
Exemplo 1.22 Considere a função h(x) = .
x2 , se x > 1

(a) Calcule, se possível, lim h(x), lim h(x) e lim h(x).


x→1+ x→1− x→1

(b) Trace um esboço do gráfico de h.

Solução: Videoaula.

Abaixo listamos alguns exercícios para os alunos praticarem e fixar as ideias.

|x|
Exercício 1.23 Considere a função f (x) = x , para x 6= 0. Existe lim f (x)? Justifique. Além disso, esboce
x→0
o gráfico dessa função.

(
2 − x2 , se x ≤ 1
Exercício 1.24 Considere a função f (x) = .
x2 + 1, se x > 1

(a) Calcule, se possível, lim+ f (x), lim− f (x) e lim f (x).


x→1 x→1 x→1

(b) Trace um esboço do gráfico de f.

8
(
2 − x2 , se x < 1
Exercício 1.25 Considere a função g(x) = 2
.
x + 1, se x > 1

(a) Calcule, se possível, lim+ g(x), lim− g(x) e lim g(x).


x→1 x→1 x→1

(b) Trace um esboço do gráfico de f.

(
2 + x2 , se x < 1
Exercício 1.26 Considere a função h(x) = .
x2 + 1, se x > 1

(a) Calcule, se possível, lim h(x), lim h(x) e lim h(x).


x→1+ x→1− x→1

(b) Trace um esboço do gráfico de f.

(
2 + x2 , se x ≤ 1
Exercício 1.27 Considere a função g(x) = .
−x2 + 1, se x > 1

(a) Calcule, se possível, lim+ g(x), lim− g(x) e lim g(x).


x→1 x→1 x→1

(b) Trace um esboço do gráfico de f.




 x2 , se x < 0
Exercício 1.28 Considere a função f (x) = 3 − x, se 0 ≤ x < 1 .

se x ≥ 1

 4x,

(a) Calcule, se possível, lim+ f (x), lim− f (x) e lim f (x).


x→0 x→0 x→0

(b) Calcule, se possível, lim f (x), lim f (x) e lim f (x).


x→1+ x→1− x→1

(c) Trace um esboço do gráfico de f.


2
 x − 1, se x < 0


Exercício 1.29 Considere a função f (x) = 3 − x, se 0 < x < 1 .

se x ≥ 1

 2x,

(a) Calcule, se possível, lim+ f (x), lim− f (x) e lim f (x).


x→0 x→0 x→0

(b) Calcule, se possível, lim+ f (x), lim− f (x) e lim f (x).


x→1 x→1 x→1

(c) Trace um esboço do gráfico de f.


2
 −x − 1, se x < 0


Exercício 1.30 Considere a função f (x) = 3 + x, se 0 < x < 1 .

se x ≥ 1

 2x,

9
(a) Calcule, se possível, lim+ f (x), lim− f (x) e lim f (x).
x→0 x→0 x→0

(b) Calcule, se possível, lim f (x), lim f (x) e lim f (x).


x→1+ x→1− x→1

(c) Trace um esboço do gráfico de f.

1.3 Limites no infinito

O que veremos nessa seção é como calcular limites de uma função f quando x cresce ilimitadamente
(x → +∞) ou quando x decresce ilimitadamente (x → −∞).
Para tal objetivo, vamos iniciar essa seção considerando a função abaixo:

2x2
f (x) = .
x2 + 1
Observe a tabela abaixo:

x f (x) x f (x)
0 0 0 0
1 1 −1 1
10 1, 98019802 −10 1, 98019802
100 1, 99980002 −100 1, 99980002
1000 1, 99999800 −1000 1, 99999800

Note que a medida que x cresce muito, os valores de f (x) se aproximam de 2. O mesmo ocorre
quando x decresce muito. Veremos que, nesses casos, podemos escrever o seguinte:

lim f (x) = 2 e lim f (x) = 2.


x→+∞ x→−∞

2x2
Essa notação fica mais evidente quando observamos o gráfico da função f (x) = x2 +1 , que esboçamos
abaixo:
(Videoaula)

Agora que temos uma noção intuitiva do conceito, vamos ao conceito formal.

Definição 1.31 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto da forma (a, +∞).
Dizemos que L é o limite de f (x) quando x cresce ilimitadamente se: dado qualquer  > 0, existe
N > 0 tal que
x>N =⇒ |f (x) − L| < .

10
Nesse caso, denotamos por:
lim f (x) = L.
x→+∞

Graficamente, (Videoaula).

Definição 1.32 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto da forma (−∞, a).
Dizemos que L é o limite de f (x) quando x decresce ilimitadamente se: dado qualquer  > 0, existe
N < 0 tal que
x<N =⇒ |f (x) − L| < .

Nesse caso, denotamos por:


lim f (x) = L.
x→−∞

Graficamente, (Videoaula).

Para nos auxiliar nos cálculos de limites como os acima, vamos utilizar o seguinte resultado.

Teorema 1.33 Sejam c ∈ R e r ∈ N. Então vale que:


c
• lim = 0.
x→+∞ xr

c
• lim = 0.
x→−∞ xr

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Vejamos alguns exemplos para entendermos as técnicas de resolução desse tipo de limite utilizando o
resultado acima.

Exemplo 1.34 Calcule, se possível, os seguintes limites.

2x − 4
(a) lim .
x→+∞ 8x + 3

3x2 − 2x + 4
(b) lim .
x→−∞ 5x3 + 2

2x − 5
(c) lim √ .
x→+∞ 3x2 + 2

7x + 2
(d) lim √ .
x→−∞ 2x2 − 1
Solução: Videoaula.

11
Exercício 1.35 Calcule, se possível, os seguintes limites.

2x2 − 4 −8x2 + 5x − 3
(a) lim . (e) lim .
x→+∞ 8x2 − 5 x→−∞ 4x3 + 7

8x3 − 2x + 3 4x2 − 6x − 1
(b) lim . (f ) lim .
x→−∞ 5x3 + 2 x→+∞ −2x3 + 7


4x3 − 5x2 + 1 3x2 + 2x − 5
(c) lim . (g) lim .
x→+∞ 5x4 + 2x3 − 4x + 3 x→−∞ −x + 7

−7x + 2 8x2 + 6x − 1
(d) lim √ . (h) lim .
x→−∞ 2x2 − 1 x→−∞ −x + 7

1.4 Limites infinitos

Para entendermos esse tipo de limite, vamos iniciar essa seção considerando a função abaixo:
3
f (x) = .
(x − 2)2
Observe a tabela abaixo:

x f (x) x f (x)
3 3 1 3
2, 1 300 1, 9 300
2, 01 30000 1, 99 30000
2, 001 3000000 1, 999 3000000

Note que: a medida que x se aproxima de 2, tanto pela direita, quanto pela esquerda, podemos perceber
que os valores de f (x) crescem ilimitadamente. Veremos que, nesses casos, podemos escrever o seguinte:

lim f (x) = +∞ e lim f (x) = +∞.


x→2+ x→2−

Assim, nesse caso, podemos escrever:


lim f (x) = +∞.
x→2

Essa notação fica mais evidente quando observamos o gráfico da função f (x) = (x−2)2 ,
3
que esboçamos
abaixo:
(Videoaula)

Agora que temos uma noção intuitiva do conceito, vamos ao conceito formal.

12
Definição 1.36 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto I contendo ”a”, exceto
possivelmente no ponto x = a. Escreveremos

lim f (x) = +∞.


x→a

se: dado qualquer  > 0, existe δ > 0 tal que

0 < |x − a| < δ =⇒ f (x) > .

Definição 1.37 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto I contendo ”a”, exceto
possivelmente no ponto x = a. Escreveremos

lim f (x) = −∞.


x→a

se: dado qualquer  < 0, existe δ > 0 tal que

0 < |x − a| < δ =⇒ f (x) < .

Observação 1.38 Definições semelhantes existem para limites laterais (x → a+ e x → a− ), fazendo as


devidas modificações.

Para nos auxiliar nos cálculos de limites como os acima, vamos utilizar os seguintes resultados.

Teorema 1.39 Seja r ∈ N. Então vale que:


1
• lim = +∞.
x→0+xr
(
1 −∞, se r é ímpar
• lim r = .
x→0− x +∞, se r é par

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Teorema 1.40 Sejam a ∈ R e f e g duas funções tais que valem os seguintes limites: lim f (x) = 0 e
x→a
lim g(x) = c. Então:
x→a

• Se c > 0 e f (x) → 0+ , então


g(x)
lim = +∞.
x→a f (x)

• Se c > 0 e f (x) → 0− , então


g(x)
lim = −∞.
x→a f (x)

• Se c < 0 e f (x) → 0+ , então


g(x)
lim = −∞.
x→a f (x)

13
• Se c < 0 e f (x) → 0− , então
g(x)
lim = +∞.
x→a f (x)

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Observação 1.41 O teorema acima também vale para limites laterais (ou seja, com x → a+ e x → a− no
lugar de x → a) e para limites no infinito (ou seja, com x → +∞ e x → −∞ o lugar de x → a).

Vejamos alguns exemplos para entendermos as técnicas de resolução desse tipo de limite utilizando os
resultados apresentados acima.

Exemplo 1.42 Calcule, se possível, os seguintes limites.

3
(a) lim− .
x→2 x−2

3
(b) lim .
x→2+ x−2

x2 + x + 2
(c) lim− .
x→3 x2 − 2x − 3

x2 + x + 2
(d) lim .
x→3+ x2 − 2x − 3

x2 − 4
(e) lim+ .
x→3 9 − x2

−x2 + 2x + 3
(f ) lim .
x→3− x2 − 6x + 9

Exercício 1.43 Calcule, se possível, os seguintes limites.

8x2 − 5 −x2 + 5x − 3 x2 − 4
(a) lim . (e) lim . (i) lim .
x→2+ x2 − 4 x→5+ x2 − 7x + 10 x→2+ x2 − 4x + 4

8x2 − 5 −x2 + 5x − 3 x2 − 4
(b) lim . (f ) lim− . (j) lim− .
x→2− x2 − 4 x→5 x2 − 7x + 10 x→2 x2 − 4x + 4

3x − 4 −x2 + 5x − 3 −x2 + 9
(c) lim . (g) lim + . (k) lim + .
x→2+ 4 − x2 x→−2 x2 − 3x − 10 x→−3 x2 + 6x + 9

3x − 4 −x2 + 5x − 3 −x2 + 9
(d) lim . (h) lim . (l) lim .
x→2− 4 − x2 x→−2− x2 − 3x − 10 x→−3− x2 + 6x + 9

14
1.5 Limites infinitos no infinito

Para entendermos esse tipo de limite, vamos iniciar essa seção considerando o gráfico de duas funções
bem conhecidas, a saber: f (x) = x2 e g(x) = x3 .

Gráficos: Videoaula.

No caso da função f (x) = x2 , podemos notar que:


• A medida que x cresce ilimitadamente (ou seja, x → +∞), podemos perceber que os valores de f (x)
crescem ilimitadamente.

• A medida que x decresce ilimitadamente (ou seja, x → −∞), podemos perceber que os valores de
f (x) também crescem ilimitadamente.
Veremos que, nesses casos, podemos escrever o seguinte:

lim f (x) = +∞ e lim f (x) = +∞.


x→+∞ x→−∞

Agora, no caso da função g(x) = x3 , podemos notar que:

• A medida que x cresce ilimitadamente (ou seja, x → +∞), podemos perceber que os valores de f (x)
crescem ilimitadamente.

• A medida que x decresce ilimitadamente (ou seja, x → −∞), podemos perceber que os valores de
f (x) DEcrescem ilimitadamente.
Veremos que, nesses casos, podemos escrever o seguinte:

lim g(x) = +∞ e lim g(x) = −∞.


x→+∞ x→−∞

Agora que temos uma noção intuitiva do conceito, vamos ao conceito formal.

Atenção: As notações que estou utilizando nas definições abaixo NÃO são as padrões que aparecem na
maioria dos livros. Por exemplo, onde chamo de  nas definições abaixo, a maioria dos livros chama de ”A”,
e onde utilizo δ nas definições abaixo, a maioria dos livros chama de N . MAS, a minha experiência mostra
que os alunos que estão tendo o primeiro contato com esses conceitos, assimilam melhor o conceito quando
faço como abaixo, ou seja, eu mantenho o padrão da notação vista na definição de lim f (x) = L, ou seja, o 
x→a
está relacionado com a parte onde aparece a expressão com f (x), enquanto o δ está relacionado com a parte
onde aparece a expressão com x.

15
Definição 1.44 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo da forma (a, +∞). Escreve-
remos
lim f (x) = +∞.
x→+∞

se: dado qualquer  > 0, existe δ > 0 tal que

x > δ =⇒ f (x) > .

Definição 1.45 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo da forma (a, +∞). Escreve-
remos
lim f (x) = −∞.
x→+∞

se: dado qualquer  > 0, existe δ > 0 tal que

x > δ =⇒ f (x) < −.

Definição 1.46 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo da forma (−∞, a). Escreve-
remos
lim f (x) = +∞.
x→−∞

se: dado qualquer  > 0, existe δ > 0 tal que

x < −δ =⇒ f (x) > .

Definição 1.47 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo da forma (−∞, a). Escreve-
remos
lim f (x) = −∞.
x→−∞

se: dado qualquer  > 0, existe δ > 0 tal que

x < −δ =⇒ f (x) < −.

Para nos auxiliar nos cálculos de limites como os acima, vamos utilizar os seguintes resultados.

Teorema 1.48 Seja r ∈ N. Então vale que:

• lim xr = +∞.
x→+∞
(
−∞, se r é ímpar
• r
lim x = .
x→−∞ +∞, se r é par

16
Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Atenção: No teorema abaixo, o símbolo lim representa todas as possibilidades, ou seja, vale para lim ,
x→a
lim , lim , lim e lim .
x→a+ x→a− x→+∞ x→−∞

Teorema 1.49 Sejam f e g duas funções, cujos domínios estejam de acordo com alguma das situações
descritas acima. Valem os seguintes limites:

• Se lim f (x) = +∞ e lim g(x) = c, então

lim[f (x) + g(x)] = +∞.

• Se lim f (x) = +∞ e lim g(x) = c, então

lim[f (x) − g(x)] = +∞.

• Se lim f (x) = −∞ e lim g(x) = c, então

lim[f (x) + g(x)] = −∞.

• Se lim f (x) = −∞ e lim g(x) = c, então

lim[f (x) − g(x)] = −∞.

• Se lim f (x) = +∞ e lim g(x) = c > 0, então

lim[f (x) · g(x)] = +∞.

• Se lim f (x) = +∞ e lim g(x) = c < 0, então

lim[f (x) · g(x)] = −∞.

• Se lim f (x) = −∞ e lim g(x) = c > 0, então

lim[f (x) · g(x)] = −∞.

• Se lim f (x) = −∞ e lim g(x) = c < 0, então

lim[f (x) · g(x)] = +∞.

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Vejamos alguns exemplos para entendermos as técnicas de resolução desse tipo de limite utilizando os
resultados apresentados acima.

17
Exemplo 1.50 Calcule, se possível, os seguintes limites.

2x − x2
(a) lim .
x→+∞ 3x + 5

2x − x2
(b) lim .
x→−∞ 3x + 5

−5x3 + 3x + 4
(c) lim .
x→+∞ 2x2 + 5

−5x3 + 3x + 4
(d) lim .
x→−∞ 2x2 + 5

−5x4 + 3x + 4
(e) lim .
x→+∞ 2x2 + 5

−5x4 + 3x + 4
(f ) lim .
x→−∞ 2x2 + 5
Solução: Videoaula.

Exercício 1.51 Calcule, se possível, os seguintes limites.

2x2 − x + 1 4x3 − x + 2 3x4 − 4


(a) lim . (e) lim . (i) lim .
x→+∞ 3x + 5 x→+∞ −3x2 + x − 5 x→+∞ x3 − 4x + 4

5x2 − x + 2 4x3 − x − 5 −2x4 − 1


(b) lim . (f ) lim . (j) lim .
x→−∞ 3x − 4 x→−∞ −3x2 + x − 9 x→−∞ 5x3 − 4x + 4

−2x3 − x + 3 4x3 − x + 6 7x4 − 2x + 4


(c) lim . (g) lim . (k) lim .
x→+∞ −4x + 1 x→+∞ −2x3 + 3x − 5 x→+∞ −2x3 − 5x + 4

−2x3 − x + 3 4x3 − 3x + 8 −2x4 − +x3 − 5


(d) lim . (h) lim . (l) lim .
x→−∞ −4x + 1 x→−∞ −2x3 + x − 7 x→−∞ −2x3 − x + 8

1.6 Teorema do Sanduíche e Limites Fundamentais

Nessa seção, vamos apresentar um dos principais resultados envolvendo limites, que é o chamado Teorema
do Sanduíche. Veremos algumas aplicações desse teorema e alguns limites que são obtidos a partir desse
resultado.

Teorema 1.52 (Teorema do Sanduíche) Sejam f, g e h três funções tais que f (x) ≤ g(x) ≤ h(x) em todo
número x que está em um intervalo aberto contendo ”a”, exceto possivelmente em x = a. Se lim f (x) = L e
x→a

18
lim h(x) = L, então
x→a
lim g(x) = L.
x→a

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].


Graficamente, podemos ver essa situação como no esboço abaixo. (Videoaula)

  
2 1
Exemplo 1.53 Calcule, se possível, lim x sen .
x→0 x2

Solução: Note que, x → 0 significa que x se aproxima de 0, MAS x 6= 0. Portanto, a expressão 1


x2 está bem
definida e sabemos que a função seno satisfaz:
 
1
−1 ≤ sen ≤ 1.
x2

Multiplicando essa desigualdade por x2 (que é positivo independente do valor de x 6= 0) temos que
 
2 2 1
−x ≤ x sen ≤ x2 . (I)
x2
Agora note que:

• lim −x2 = 0. (II)


x→0

• lim x2 = 0. (III)
x→0
  
1
Como valem (I), (II) e (III), então o Teorema do Sanduíche nos garante que lim x2 sen = 0.
x→0 x2


  
1
Exemplo 1.54 Calcule, se possível, lim x2 cos − 4 .
x→0 x3

Solução: Note que, x → 0 significa que x se aproxima de 0, MAS x 6= 0. Portanto, a expressão 1


x3 está bem
definida e sabemos que a função cosseno satisfaz:
 
1
−1 ≤ cos − 4 ≤ 1.
x3

Multiplicando essa desigualdade por x2 (que é positivo independente do valor de x 6= 0) temos que
 
2 2 1
−x ≤ x cos − 4 ≤ x2 . (I)
x3
Agora note que:

• lim −x2 = 0. (II)


x→0

• lim x2 = 0. (III)
x→0
  
1
Como valem (I), (II) e (III), então o Teorema do Sanduíche nos garante que lim x2 cos − 4 = 0.
x→0 x3


19
  
1
Exemplo 1.55 Calcule, se possível, lim −5 + x2 sen .
x→0 x4

Solução: Note que, x → 0 significa que x se aproxima de 0, MAS x 6= 0. Portanto, a expressão 1


x4 está bem
definida e sabemos que a função seno satisfaz:
 
1
−1 ≤ sen ≤ 1.
x4

Multiplicando essa desigualdade por x2 (que é positivo independente do valor de x 6= 0) temos que
 
1
−x2 ≤ x2 sen ≤ x2 .
x4

Somando −5 na desigualdade acima, obtemos que:


 
1
−x2 − 5 ≤ x2 sen − 5 ≤ x2 − 5. (I)
x4
| {z }
=−5+x2 sen( x14 )

Agora note que:

• lim (−x2 − 5) = −5. (II)


x→0

• lim (x2 − 5) = −5. (III)


x→0
  
1
Como valem (I), (II) e (III), então o Teorema do Sanduíche nos garante que lim −5 + x sen 2
= −5.
x→0 x4


Exercício 1.56 Calcule, se possível:


        
2 1 6 1 4 1
(a) lim x cos . (e) lim 4x sen . (i) lim 3 + x sen .
x→0 x2 x→0 x x→0 x2
        
4 1 4 1 2 1
(b) lim x sen . (f ) lim 2x sen . (j) lim −2 + x cos .
x→0 x2 x→0 x x→0 x3
        
1 1 1
(c) lim x2 sen . (g) lim −2x2 cos . (k) lim 4 + x6 cos − 6 .
x→0 x7 x→0 x3 x→0 x3
        
1 1 1
(d) lim x4 cos . (h) lim −5x4 sen . (l) lim −2 + x4 sen +3 .
x→0 x5 x→0 x2 x→0 x

Observação 1.57 Utilizando o Teorema do Sanduíche, pode-se mostrar que

lim sen(x) = 0.
x→0

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

20
Exemplo 1.58 Calcule, se possível, lim cos(x).
x→0

Solução: Videoaula.

Observação 1.59 Utilizando as propriedades de limites vistas até o momento, juntamente com os dois
limites vistos acima, pode-se mostrar que valem os dois limites abaixo, chamados limites fundamentais.

sen(x) cos(x) − 1
lim =1 e lim = 0.
x→0 x x→0 x
Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Exercício 1.60 Fazer os exercícios listados abaixo.

1.7 Continuidade de funções

Nessa seção, vamos apresentar o conceito de função contínua, juntamente com algumas das suas principais
propriedades.

Definição 1.61 Uma função f é contínua em x = a se cumprir as três condições abaixo:

(i) Existe f (a), ou seja, a função está definida em x = a.

(ii) Existe lim f (x).


x→a

(iii) lim f (x) = f (a).


x→a

Se pelo menos uma das condições acima não for verdadeira, dizemos que f é descontínua em x = a.

Veremos agora alguns exemplos que envolvem esse conceito e como devemos analisá-lo em cada caso.

Exemplo 1.62 f (x) = |x| é contínua em x = 0?

Solução: Videoaula.

1
Exemplo 1.63 f (x) = x−2 é contínua em x = 2?

Solução: Videoaula.

21
(
2 + x, se x ≤ 1
Exemplo 1.64 f (x) = é contínua em x = 1?
−x + 4, se x > 1

Solução: Videoaula.

(
−x + 3, se x > 1
Exemplo 1.65 f (x) = é contínua em x = 1?
3 + x, se x ≤ 1

Solução: Videoaula.

(
x − 2, se x 6= 2
Exemplo 1.66 f (x) = é contínua em x = 2?
1, se x = 2

Solução: Videoaula.

(
2x + 1, se x ≤ 2
Exemplo 1.67 Seja f (x) = . Determine o valor de k tal que f seja contínua em
kx − 2, se x > 2
x = 2.

Solução: Videoaula.

Observação 1.68 Pode-se mostrar que as funções polinomiais e as funções f (x) = sen(x), g(x) = cos(x) e
h(x) = ex são funções contínuas em x = a, ∀ a ∈ R.

Teorema 1.69 Se f e g são funções contínuas em x = a, então:

(i) f + g é contínua em x = a.

(ii) f − g é contínua em x = a.

(iii) f · g é contínua em x = a.
f
(iv) g é contínua em x = a, se g(a) 6= 0.

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Uma consequência imediata da Observação 1.68, juntamente com o item (iv) do teorema acima, é o
seguinte resultado.

p(x)
Corolário 1.70 Uma função racional é contínua em todos os pontos do seu domínio, ou seja: se f (x) = q(x) ,
onde p(x) e q(x) são polinômios, então f é contínua em todos os pontos do conjunto D(f ) = {x ∈ R; q(x) 6= 0}.

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

22
Teorema 1.71 Se lim g(x) = b e f é contínua em b, então
x→a

lim (f ◦ g)(x) = lim f (g(x)) = f ( lim g(x)) = f (b).


x→a x→a x→a

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Segue diretamente do teorema anterior o próximo resultado.

Corolário 1.72 Se g é contínua em x = a (ou seja, se lim g(x) = g(a)) e f é contínua em g(a), então f ◦ g
x→a
é contínua em x = a, ou seja,

lim (f ◦ g)(x) = lim f (g(x)) = f ( lim g(x)) = f (g(a)) = (f ◦ g)(a).


x→a x→a x→a

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

1
Exemplo 1.73 Sejam f (x) = x e g(x) = x2 − 2x + 4. Calcule a função (f ◦ g)(x) e verifique se essa função
é contínua em x = 2.

Solução: Primeiro vamos calcular a função solicitada:


1
(f ◦ g)(x) = f (x2 − 2x + 4) = .
x2 − 2x + 4
Agora, para verificar se essa função é contínua em x = 2, devemos verificar as três condições da definição
de continuidade:

(i) (f ◦ g)(2) existe? Note que sim, pois


1 1
(f ◦ g)(2) = = .
(2)2 − 2(2) + 4 4

(ii) Existe lim (f ◦ g)(x)?


x→2
Note que sim, pois (f ◦ g)(x) é uma fração de polinômios tais que o limite do denominador é diferente de
zero, como mostramos abaixo:

lim (x2 − 2x + 4) = (2)2 − 2(2) + 4 = 4 6= 0.


x→2

Logo,
1 1 1
lim (f ◦ g)(x) = lim = = .
x→2 x→2 x2 − 2x + 4 (2)2 − 2(2) + 4 4
por (ii) por (i)
1 z}|{
(iii) lim (f ◦ g)(x) = (f ◦ g)(2).
z}|{
=
x→2 4
Como valem as três condições acima, temos que f ◦ g é contínua em x = 2.


Até o momento, vimos a definição de função contínua em um ponto x = a. O que apresentaremos agora
são as definições de funções contínuas em intervalos.

23
Definição 1.74 Dizemos que uma função f é contínua em um intervalo aberto I se f é contínua em
todos os pontos a ∈ I.

Exemplo 1.75 Pelo que vimos na Observação 1.68, podemos afirmar que as funções polinomiais e as funções
f (x) = sen(x), g(x) = cos(x) e h(x) = ex são funções contínuas em R.

1
Exemplo 1.76 A função f (x) = x−3 é contínua em quais intervalos abertos?

Solução: Note que f (x) = 1


x−3 é uma função racional. Logo, conforme vimos no Corolário 1.70, sabemos que
f é contínua em todos os pontos do seu domínio, que é o conjunto

D(f ) = {x ∈ R; x 6= 3} .

Logo, f é contínua em todo intervalo aberto I tal que 3 6∈ I.




Definição 1.77 Dizemos que uma função f é contínua em um intervalo fechado [a, b] se cumprir as
três condições abaixo:

• f é contínua em todos os pontos do intervalo aberto (a, b);

• lim f (x) = f (a); (que significa que f é contínua à direita de x = a);


x→a+

• lim f (x) = f (b); (que significa que f é contínua à esquerda de x = b).


x→b−

Exemplo 1.78 Pelo que vimos no Exemplo 1.75, podemos afirmar que as funções polinomiais e as funções
f (x) = sen(x), g(x) = cos(x) e h(x) = ex são funções contínuas em qualquer intervalo aberto I, e também
são contínuas em qualquer intervalo fechado.


Exemplo 1.79 A função f (x) = x é contínua em todos os pontos do seu domínio D(f ) = {x ∈ R; x ≥ 0} =
[0, +∞).

Solução: Videoaula.

Exercício 1.80 Faça o que se pede.

(a) Dada f (x) = √1 , determine todos os valores de x onde f é contínua.


x−4

(b) Dada f (x) = √1 , determine todos os valores de x onde f é contínua.


3−x

(b) Dada f (x) = √ 1 , determine todos os valores de x onde f é contínua.


16−x2

24
Finalizaremos essa seção com um dos principais resultados envolvendo continuidade.

Teorema 1.81 (Teorema do Valor Intermediário - TVI) Seja f uma função contínua em um intervalo
[a, b]. Se w ∈ R é tal que f (a) < w < f (b) (ou se f (b) < w < f (a)), então existe c ∈ (a, b) tal que f (c) = w.

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Uma consequência imediata desse teorema é o seguinte resultado, que fornece uma maneira de localizar
as raízes reais de uma função.

Corolário 1.82 Se f é uma função contínua em [a, b] tal que f (a) · f (b) < 0, então existe c ∈ (a, b) tal que
f (c) = 0.

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Exemplo 1.83 Considere a função f (x) = x4 − 2x2 − 3. Essa função possui raiz real? Justifique.

Solução: Videoaula.

Para finalizar esse capítulo, vamos apresentar alguns exemplos de aplicação, baseados no livro [Vil].

Exemplo 1.84 ([Vil, Exemplo 4, p. 184]) Considere a função





 2, se x ≤ −1
f (x) = Ax + B, se −1 < x < 3

−2, se x ≥ 3

Determine os valores de A e B tais que f seja contínua em R.

Solução: Videoaula.

Exemplo 1.85 ([Vil, Exemplo 5.1, p. 197]) Uma montadora de computadores determina que um empregado
após x dias de treinamento, monta m computadores por dia, onde:

20x2
m(x) = .
x2 + x + 5
Qual é o comportamento de m = m(x) para treinamentos longos?

Solução: Videoaula.

Exercício 1.86 Resolva os seguintes exercícios. (OBS: O PDF do livro citado nas letra (a) - (d) será
enviado por e-mail).

25
(a) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 183 - 185. Estudar os exemplos resolvidos e
complementá-los.

(b) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 187 - 190. Estudar os exemplos resolvidos e
complementá-los.

(c) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 191 - 195. Lista de exercícios. (Nenhum é
obrigatório, mas quanto mais exercícios você resolverem, melhor será o domínio do conteúdo).

(d) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 197 - 214. Capítulo 5, com várias aplicações
e exemplos. Estudar os exemplos resolvidos e complementá-los. (Nenhum é obrigatório, mas quanto mais
exercícios você resolverem, melhor será o domínio do conteúdo).

26
Capítulo 2

Derivada de uma função

2.1 Derivada: definição e propriedades

Nessa seção, entenderemos a interpretação geométrica da derivada, juntamente com sua definição formal
e com algumas das suas principais propriedades. Veremos que a derivada está relacionada com taxas de
variação em vários problemas e fenômenos.

Para os objetivos relacionados acima, vamos iniciar essa seção apresentando o seguinte problema:

Problema da reta tangente: Como deduzir a equação da reta tangente ao gráfico de uma função contínua
y = f (x) passando por um ponto P = (a, f (a))?

• A equação da reta tangente ao gráfico da função y = f (x) passando pelo ponto P = (a, f (a)) é da
forma:
y − f (a) = m(a).(x − a)
onde m(a) é o coeficiente angular (inclinação) da reta tangente no ponto P = (a, f (a)).

• Como determinar o valor de m(a)?

Considere um ponto Q = (x, f (x)) no gráfico de f, como na figura abaixo.

GRÁFICOOOOOOOOOO

O coeficiente angular mP Q da reta secante ao gráfico da função f passando pelos pontos P e Q é dado
por:
f (x) − f (a)
mP Q = .
x−a
Fazendo o ponto Q = (x, f (x)) se aproximar do ponto P = (a, f (a)), (ou seja, fazendo x → a), podemos
perceber que a reta secante se aproxima da reta tangente. Portanto, o coeficiente angular da reta secante

27
mP Q se aproxima do coeficiente angular m(a) da reta tangente que estamos considerando. Assim, se o
limite abaixo existir, então o coeficiente angular da reta tangente gráfico da função f passando
pelo ponto P é dado por:

f (x) − f (a)
m(a) = lim .
x→a x−a

Exemplo 2.1 Determinar a equação da reta tangente ao gráfico de f (x) = x2 nos pontos abaixo.

(a) P = (a, a2 ). (b) P = (2, 4).

Solução: Videoaula.

Observação 2.2 Se o gráfico de y = f (x) representa a posição de um objeto móvel em função do tempo,
então:

• A velocidade média do objeto quando se move de P = (a, f (a)) ao ponto Q = (x, f (x)) é dada
por:
f (x) − f (a)
vmed (P Q) = mP Q = .
x−a
• A velocidade instantânea do objeto no tempo x = a é dada por:

f (x) − f (a)
vinst (a) = m(a) = lim ,
x→a x−a
se existir o limite.

Exemplo 2.3 Um objeto move-se de tal forma que a sua posição é dada por f (x) = 3x2 + x, onde f
representa a posição em km e x representa o tempo em horas.

(a) Encontre a velocidade média do objeto no intervalo [1, 3].


(b) Encontre a velocidade instantânea do objeto em x = 1.

Solução:

(a): No intervalo [1, 3] o objeto se moveu do ponto P = (1, f (1)) ao ponto Q = (3, f (3)). Como vimos na
observação anterior, a velocidade média desejada é dada por

f (3) − f (1) (3.(3)2 + 3) − (3.(1)2 + 1) 30 − 4


vmed (P Q) = mP Q = = = = 13,
3−1 2 2
ou seja, a velocidade média desejada é 13 km/h.

(b): Como vimos na observação anterior, a velocidade instantânea desejada é dada por
=f (1)
z}|{ 0
2 0
f (x) − f (1) 3x + x − 4 z}|{
vinst (1) = m(1) = lim = lim =
x→1 x−1 x→1 x−1

28
3. x + 43 . (x − 1)
     
4 4
= lim = lim 3. x + = 3. 1 + = 7,
x→1 x−1 x→1 3 3
ou seja, a velocidade no instante x = 1 é de 7 km/h.


Observação 2.4 Considerando novamente uma função contínua y = f (x) e P = (a, f (a)), muitas vezes é
útil representar o ponto Q = (x, f (x)) da forma Q = (a + h, f (a + h)), ou seja, estamos escrevendo x = a + h,
de onde obtemos que:

• h = x − a.

• x → a ⇐⇒ h → 0.

• Assim podemos calcular m(a) de duas formas:

f (x) − f (a)
m(a) = lim
x→a x−a
OU
f (a + h) − f (a)
m(a) = lim .
h→0 h

Exemplo 2.5 Um objeto move-se de tal forma que a sua posição é dada por f (x) = 3x2 + x, onde f
representa a posição em km e x representa o tempo em horas. Refazendo o Exemplo 2.3 (b) com a segunda
forma apresentada na observação acima, teríamos:

=f (1)
z}|{
2
f (1 + h) − f (1) 3(1 + h) + (1 + h) − 4
vinst (1) = m(1) = lim = lim =
h→0 h h→0 h
3 + 6h + 3h2 + 1 + h − 4 7h + 3h2 h.(7 + 3h)
= lim = lim = lim =
h→0 h h→0 h h→0 h

= lim (7 + 3h) = 7 + 3.(0) = 7,


h→0

ou seja, a velocidade no instante x = 1 é de 7 km/h.

Exercício 2.6 Utilizando a segunda expressão de m(a) vista na Observação 2.4, encontre a equação da
reta tangente ao gráfico da função f (x) = x3 − 10, no ponto P = (a, f (a)) = (a, a3 − 10).

Observação 2.7 Vimos que o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de uma função contínua y =
f (x) no ponto P = (a, f (a)) é dado por
 
f (a + h) − f (a) f (x) − f (a)
m(a) = lim = lim
h→0 h x→a x−a

29
e vimos que se y = f (x) representa a posição de um objeto móvel em função do tempo, então o limite acima
representa a velocidade instantânea do objeto no instante x = a.
Na verdade, esse limite aparece em vários problemas e recebe o nome de derivada, conforme apresentamos
abaixo.

Definição 2.8 A derivada de uma função y = f (x) é a função f 0 definida por


f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 h
se existir esse limite.

• Notações para a derivada da função y = f (x):


df dy
f 0 (x), Dx f (x), Dx y, (x), .
dx dx
• A derivada de y = f (x) em um ponto específico x = a é
f (a + h) − f (a)
f 0 (a) = lim
h→0 h
se existir esse limite. Ou seja, f 0 (a) = m(a).

Exemplo 2.9 Calcule a derivada das funções abaixo utilizando a definição.

(a) f (x) = c = constante.

(b) f (x) = ax + b, com a 6= 0.

(c) f (x) = x2 .

Solução: Videoaula.

Exercício 2.10 Dada f (x) = x3 , calcule a derivada dessa função utilizando a definição.
Resposta: f 0 (x) = 3x2 .

Observação 2.11 Resumindo o que mostramos nos itens acima, temos que:

(i) f (x) = c = constante =⇒ f 0 (x) = 0.

(ii) f (x) = ax + b =⇒ f 0 (x) = a.

(iii) Pode-se mostrar que:


f (x) = xn =⇒ f 0 (x) = nxn−1 , ∀ n ∈ N.

Na verdade, vale que:


f (x) = xr =⇒ f 0 (x) = rxr−1 , ∀ r ∈ Q.

30
Antes de apresentarmos exemplos e regras de como calcular a derivada de uma função, precisamos do
seguinte conceito.

Definição 2.12 Uma função y = f (x) é dita derivável (ou diferenciável) em x = a se existir o limite
abaixo:
f (a + h) − f (a)
f 0 (a) = lim .
h→0 h

Geometricamente, y = f (x) é derivável nos pontos onde é possível traçar uma reta tangente ao gráfico.

Teorema 2.13 Se y = f (x) é uma função derivável em x = a, então y = f (x) é contínua em x = a.

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

No entanto, a recíproca do teorema acima não vale, ou seja:

"Se y = f (x) é contínua em x = a, não podemos afirmar que y = f (x) é derivável em x = a."

Exemplo 2.14 Seja f (x) = |x|. Já vimos no Exemplo 1.62 que essa função é contínua em x = 0. Vamos
ver que essa função não é derivável em x = 0.

Solução: Videoaula.

(
x2 + 2, se x ≤ 1
Exemplo 2.15 Seja f (x) = . Faça o que se pede.
x + 2, se x > 1

(a) Esboce o gráfico de f.

(b) f é contínua em x = 1 ? Justifique.

(c) f é derivável em x = 1 ? Justifique.

Solução: Videoaula.

(
x2 + 1, se x ≤ 1
Exercício 2.16 Seja f (x) = . Faça o que se pede.
2x, se x > 1

(a) Esboce o gráfico de f.

(b) f é contínua em x = 1 ? Justifique.

(c) f é derivável em x = 1 ? Justifique.

31
Proposição 2.17 (Regras de derivação:) Sejam f (x) e g(x) duas funções deriváveis e c ∈ R. Então vale
que:

(i) [cf (x)]0 = c.f 0 (x).

(ii) [f (x) + g(x)]0 = f 0 (x) + g 0 (x).

(iii) [f (x) − g(x)]0 = f 0 (x) − g 0 (x).

(iv) [f (x) · g(x)]0 = f 0 (x) · g(x) + f (x) · g 0 (x).


i0 0
− f (x)·g 0 (x)
h
(v) fg(x)
(x)
= f (x)·g(x)[g(x)] 2 , se g(x) 6= 0.

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Agora estamos em condições de apresentar exemplos de aplicação das regras de derivação.

Exemplo 2.18 Calcule a derivada das funções abaixo.



(a) f (x) = x.

(b) f (x) = 3
x.

(c) f (x) = x4 .

(d) f (x) = 3x5 .

(e) f (x) = 3x5 − 2x3 + 4x2 − x + 4.

(f ) f (x) = (2x3 − 4).(3x4 + 8x).


2x3 −4
(g) f (x) = 3x4 +8x .
√ √
4
(h) f (x) = 3
x− x7 .

Solução: Videoaula.

Exercício 2.19 Calcule a derivada das funções abaixo.



(a) f (x) = x − 4x2 + 1.

5 √
(b) f (x) = x2 + 8 x − 5x + 2.

(c) f (x) = −2x4 + 3x2 − 2x + 7.

(d) f (x) = 3x5 − 4x3 − 3x − 9.

(e) f (x) = (3x5 − 2x3 + 4x2 ).(−2x + 4).

(f ) f (x) = (−4x3 − 2).(7x4 + 8x − 3).


−2x3 +2x−4
(g) f (x) = −x4 +3x .

−x4 −5x+2
(h) f (x) = −2x3 +3x2 −2x .

32
x2 +3
Exercício 2.20 Encontre a equação da reta tangente ao gráfico de f (x) = 3x−1 no ponto P = (1, 2).
(Sugestão: Lembre que o coeficiente angular da reta tangente no ponto P = (a, f (a)) é dado por m(a) = f 0 (a).

Observação 2.21 Já vimos anteriormente que


sen(h) cos(h) − 1
lim sen(h) = 0, lim cos(h) = 1, lim =1 e lim = 0.
h→0 h→0 h→0 h h→0 h
Utilizando os limites acima, juntamente com a definição de derivada, podemos mostrar que:

• f (x) = sen(x) =⇒ f 0 (x) = cos(x).

• f (x) = cos(x) =⇒ f 0 (x) = −sen(x).

Exemplo 2.22 Calcule a derivada das seguintes funções:

(a) f (x) = tg(x).

(b) f (x) = sec(x).

(c) f (x) = 4x2 + 3sen(x) − 2.

(d) f (x) = 2x3 + 5cos(x) − 2sen(x) + 4.

Solução: Videoaula.

Exercício 2.23 Calcule a derivada das seguintes funções:

(a) f (x) = cotg(x).

(b) f (x) = cossec(x).

(c) f (x) = 3x2 + 2sen(x) − 4.

(d) f (x) = 3cos(x) − 2sen(x) − 4x2 + 6.

(e) f (x) = (cos(x) + 3x).(2sen(x) − x3 ).

(f ) f (x) = (−2cos(x) + 3).(4sen(x) − x + 1).


sen(x)
(g) f (x) = 1+cos(x) .

cos(x)
(h) f (x) = 2sen(x)+6x .

Exercício 2.24 Faça o que se pede.


π 1

(a) Encontre a equação da reta tangente ao gráfico de f (x) = sen(x) no ponto P = 6, 2 .
π 1

(b) Encontre a equação da reta tangente ao gráfico de f (x) = cos(x) no ponto P = 3, 2 .

33
π

(c) Encontre a equação da reta tangente ao gráfico de f (x) = tg(x) no ponto P = 4,1 .

(Sugestão: Lembre que o coeficiente angular da reta tangente no ponto P = (a, f (a)) é dado por m(a) = f 0 (a).

2.2 Derivada de uma função composta e derivadas de ordem supe-


rior

Nessa seção, veremos mais algumas propriedades das derivadas, bem como as derivadas das funções
exponenciais e logaritmas.

Teorema 2.25 (Regra da Cadeia) Se f é uma função derivável em ”x” e g é uma função derivável em
y = f (x), então a função composta g ◦ f é derivável em ”x” e sua derivada é dada por

(g ◦ f )0 (x) = g 0 (f (x)).f 0 (x).

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Vejamos alguns exemplos para entendermos esse resultado.

Exemplo 2.26 Calcule a derivada das funções abaixo.

(a) h(x) = (x2 − x + 12)10 .



(b) h(x) = x2 + 1.

(c) h(x) = 4cos(x3 ).

(d) h(x) = sen(4x).


3
(e) h(x) = √
x2 −2x+3
.

Exercício 2.27 Calcule a derivada das funções abaixo.


−4 7x2 −3x+2
(a) h(x) = (2x3 −x+7)2 . (f ) h(x) = (sen(x)−4x3 )5 . (k) h(x) = sen(5x2 −1).(4cos(x2 +3x)).
x3 −4x
(b) h(x) = x3 .(x2 + 1)5 . (g) h(x) = (x2 +1)5 . (l) h(x) = −2cos(−x3 + 5).sen(x2 + 3)).
4sen(x2 −1)
p
(c) h(x) = x3 + sen(x). (h) h(x) = cos(7x−1) . (m) h(x) = (−2x + 1).(−2sen(3x2 − 1)).
√ p 
x3 −4x x2 +1
(d) h(x) = (x2 +1)5 . (i) h(x) = cos(x) . (n) h(x) = sen 1 + cos(x) .
−x.cos(3x)
p
(e) h(x) = −3 x3 + sen(x). (j) h(x) = √
x2 +1
. (o) h(x) = (7x2 −3x+2).(sen(x)−4x3 )5 .

34
Proposição 2.28 Derivada da função logaritmo e da função exponencial:

• Se f (x) = ln(x), então f 0 (x) = x1 .

• Se f (x) = ex , então f 0 (x) = ex .

• Se f (x) = logb (x), então f 0 (x) = 1


x. ln(b) .

• Se f (x) = bx , então f 0 (x) = bx . ln(b).

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Exemplo 2.29 Calcule a derivada das funções abaixo.

(a) f (x) = ln(x3 − 4x).


3
(b) f (x) = e2x .

(c) f (x) = log3 (2x3 ).


4
−3x
(d) f (x) = 2x .

Proposição 2.30 Derivada da função inversa: Se f é uma função bijetora em seu domínio e f −1 é a
sua função inversa, então
 −1 0 1
f (x) = .
f 0 (f −1 (x))

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].

Exemplo 2.31 Calcule a derivada da função inversa das funções abaixo.

(a) f : [0, +∞] → [0, +∞], onde f (x) = x2 .

(b) f : R → R, onde f (x) = x3 .

Solução:

(a) Note que a função inversa da função f (x) = x2 é a função



f −1 (x) = x.

Para utilizar a fórmula dada na proposição acima, precisamos calcular inicialmente a derivada da função
f:
f (x) = x2 =⇒ f 0 (x) = 2x.

Agora podemos aplicar a fórmula:

 −1 0 1 1 1
f (x) = = 0 √ = √ .
f 0 (f −1 (x)) f ( x) 2 x

35
Isso finaliza a solução da letra (a).

Note que, ao calcular a função f −1 (x) = x, poderíamos ter derivado diretamente reescrevendo
√ 1
f −1 (x) = x = x2

e derivando como fizemos no início do material:

1
−1 1  −1 0 1 1 −1 x− 2 1 1
f (x) = x 2 =⇒ f (x) = .x 2 = = 1 = √ .
2 2 2x 2 2 x

(b) Note que a função inversa da função f (x) = x3 é a função



f −1 (x) = 3
x.

Para utilizar a fórmula dada na proposição acima, precisamos calcular inicialmente a derivada da função
f:
f (x) = x3 =⇒ f 0 (x) = 3x2 .

Agora podemos aplicar a fórmula:

 −1 0 1 1 1 1
f (x) = = 0 √ = √ = √ .
f 0 (f −1 (x)) f ( 3 x) 3( 3 x)2 3
3 x2
Isso finaliza a solução da letra (b).

Note que, ao calcular a função f −1 (x) = x, poderíamos ter derivado diretamente reescrevendo
√ 1
f −1 (x) = 3
x = x3

e derivando como fizemos no início do material:


1 0 1 1 − 23
f −1 (x) = x 3 =⇒ f −1 (x) = 13 x 3 −1 = = 1 1

3x = = 3 2.
2 √
3x 3 3 x

Definição 2.32 (Derivadas de ordem superior) Seja f 0 (x) é a derivada de uma função f (x). Note f 0 (x)
também é uma função.

• Se a derivada da função f 0 (x) existe, ou seja, se existe o limite abaixo,

0 f 0 (x + h) − f 0 (x)
f 00 (x) = (f 0 (x)) = lim
h→0 h
então dizemos que f 00 (x) é a derivada segunda de f (também chamada derivada de segunda
ordem de f ).

• Se a derivada da função f 00 (x) existe, ou seja, se existe o limite abaixo,

0 f 00 (x + h) − f 00 (x)
f 000 (x) = (f 00 (x)) = lim
h→0 h
então dizemos que f 000 (x) é a derivada terceira de f (também chamada derivada de terceira ordem
de f ).

36
• As derivadas com ordem maior ou igual a 4 são definidas de maneria similar. No entanto, para
derivadas de ordem n ≥ 4 , a notação é a seguinte:

f (n) (x).

Vejamos alguns exemplos.

Exemplo 2.33 Encontre as cinco primeiras derivadas da função f (x) = 2x4 − 3x2 + x − 4.

Solução: Videoaula.

Exemplo 2.34 Encontre as três primeiras derivadas da função f (x) = e2x + sen(x3 ).

Solução: Videoaula.

Exercício 2.35 Calcule as três primeiras derivadas das funções abaixo.



(a) f (x) = x − 4x2 + 1. (l) f (x) = tg(x).

5 √
(b) f (x) = x2 + 8 x − 5x + 2. (m) f (x) = sec(x).

(c) f (x) = −2x4 + 3x2 − 2x + 7. (n) f (x) = cotg(x).

(d) f (x) = 3x5 − 4x3 − 3x − 9. (o) f (x) = cossec(x).

(e) f (x) = 4x2 + 3sen(x) − 2. (p) h(x) = 4cos(x3 ).

(f ) f (x) = 2x3 + 5cos(x) − 2sen(x) + 4. (q) h(x) = sen(4x).


3
(g) f (x) = 3x2 + 2sen(x) − 4. (r) f (x) = e2x .

(h) f (x) = 3cos(x) − 2sen(x) − 4x2 + 6. (s) f (x) = ln(x3 − 4x).



(i) h(x) = (x2 − x + 12)10 . (t) h(x) = x2 + 1.
3
(j) h(x) = √
x2 −2x+3
. (u) f (x) = log3 (2x3 ).
4
(k) f (x) = 2x −3x
. (v) h(x) = √ −8 .
x2 −2x+3

Exercício 2.36 Exercícios extras para fixação, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês
fizerem, melhor será o entendimento do conteúdo.

(a) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 217 - 219. Estudar os exemplos resolvidos e
complementá-los.

(b) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 221 (Exemplo 6.4) - 228. Estudar os exemplos
resolvidos e complementá-los.

37
(c) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 233 (Seção 6.8 - Aproximação linear) - 238.
Estudar os exemplos resolvidos e complementá-los.

(d) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 243 - 244. Estudar os exemplos resolvidos e
complementá-los.

Observação 2.37 ATENÇÃO: o conteúdo para a Primeira Prova (P1) finaliza aqui. Daqui em diante
é conteúdo para a P2, ou seja, os resultados e propriedades que serão vistos daqui para frente não podem
ser utilizadas na prova P1 e nem no trabalho T1.

38
2.3 Teoremas Importantes e Aplicações da Derivada

Nessa seção, veremos vários teoremas importantes que utilizam derivadas para resolver determinados
problemas, como por exemplo: Teorema de L’Hopital e o Teorema de Rolle. Além disso, veremos algumas
das principais aplicações de derivadas, como por exemplo: crescimento e decrescimento de funções, extremos
relativos (máximos e mínimos locais e globais) e pontos de inflexão.

Antes de iniciarmos com a proposta acima mencionada, vamos apresentar a seguinte observação, que será
muito útil nos exemplos que veremos na sequência.

Observação 2.38 Os limites abaixo serão utilizados daqui para frente:

• lim ex = +∞.
x→+∞

• lim ex = 0.
x→−∞

• lim ln(x) = +∞.


x→+∞

• lim+ ln(x) = −∞.


x→0

Todos esses limites podem ser demonstrados e também ficam evidentes quando observamos os gráficos
dessas funções, que estão abaixo:

• f (x) = ex . (Gráfico em verde na figura abaixo);

• g(x) = ln(x). (Gráfico em vermelho na figura abaixo);

39
Agora estamos em condições de apresentar alguns dos principais resultados envolvendo derivadas.

Teorema 2.39 (Regra de L’Hopital para o caso ” 00 ”) Suponha que ” lim ” representa um dos seguintes
limites:
lim , lim , lim , lim , lim .
x→a x→a+ x→a− x→+∞ x→−∞

Se f e g são funções deriváveis, tais que lim f (x) = 0 e lim g(x) = 0, então

f (x) f 0 (x)
lim = lim .
g(x) g 0 (x)

Demonstração: Ver, por exemplo, [LIMA].

Vejamos alguns exemplos de aplicação desse resultado.

Exemplo 2.40 Calcule, se possível, os seguintes limites.


x2 − 9
(a) lim .
x→3 x − 3

cos(x) − 1
(b) lim .
x→0 x
sen(x)
(c) lim .
x→0 x
Solução: Videoaula.


Teorema 2.41 (Regra de L’Hopital para o caso ” ∞ ”) Suponha que ” lim ” representa um dos seguintes
limites:
lim , lim , lim , lim , lim .
x→a x→a+ x→a− x→+∞ x→−∞

Se f e g são funções deriváveis, tais que lim f (x) = ±∞ e lim g(x) = ±∞, então

f (x) f 0 (x)
lim = lim .
g(x) g 0 (x)

Demonstração: Ver, por exemplo, [LIMA].

Vejamos alguns exemplos de aplicação desse resultado.

Exemplo 2.42 Calcule, se possível, os seguintes limites.


f (x)
(a) Se f (x) = x e g(x) = ex , calcule lim .
x→+∞ g(x)
f (x)
(b) Se f (x) = ex e g(x) = x2 , calcule lim .
x→+∞ g(x)
(c) Se f (x) = x e g(x) = ln(x), calcule lim [f (x).g(x)].
x→0+

40
−1
(d) Se f (x) = x e g(x) = x3 , calcule lim+ [f (x).g(x)].
x→0
1 −1
(e) Se f (x) = x e g(x) = sen(x) , calcule lim+ [f (x) + g(x)].
x→0
1 1
(f ) Se f (x) = x e g(x) = 1 − sen(x) , calcule lim [f (x) + g(x)].
x→0+

Solução: Videoaula.

EM CONFECÇÃO ......

41
Capítulo 3

Integração de funções com uma variável

3.1 Integral Indefinida

Nessa seção, veremos o conceito de integral indefinida juntamente com algumas das suas principais pro-
priedades. Mas para entender esse conceito, precisaremos da seguinte definição.

Definição 3.1 Seja f : I −→ R uma função definida no intervalo I ⊂ R. Uma função F (x) é chamada
uma primitiva (ou uma antiderivada) da função f no intervalo I se

F 0 (x) = f (x), ∀ x ∈ I.

Vejamos alguns exemplos de primitivas para algumas funções bem conhecidas.

Exemplo 3.2 Vejamos as seguintes funções:

x3
• Se f (x) = x2 , então podemos ver que F (x) = 3 é uma primitiva de f (x) em R, pois
0
x3 3x2

F 0 (x) = = = x2 = f (x), ∀ x ∈ R.
3 3
x3
Note também que a função G(x) = 3 + 4 também é uma primitiva de f (x) em R, pois
0
x3 3x2

0
G (x) = +4 = = x2 = f (x), ∀ x ∈ R.
3 3
x3
Na verdade, qualquer função da forma F (x) = 3 + c, onde c ∈ R é uma primitiva de f (x) em R,
pois
0
x3 3x2

0
F (x) = +c = = x2 = f (x), ∀ x ∈ R.
3 3

42
• Se f (x) = cos(x), então podemos ver que F (x) = sen(x) é uma primitiva de f (x) em R, pois

0
F 0 (x) = (sen(x)) = cos(x) = f (x), ∀ x ∈ R.

Note também que a função G(x) = sen(x) − 3 também é uma primitiva de f (x) em R, pois

0
G0 (x) = (sen(x) − 3) = cos(x) = f (x), ∀ x ∈ R.

Na verdade, qualquer função da forma F (x) = sen(x) + c, onde c ∈ R, é uma primitiva de f (x) em
R, pois
0
F 0 (x) = (sen(x) + c) = cos(x) = f (x), ∀ x ∈ R.

• Se f (x) = 1
x, então, pelo que vimos nos exemplos acima, podemos ver que qualquer função da forma
F (x) = ln |x| + c, onde c ∈ R, é uma primitiva de f (x) em R, pois

0 1
F 0 (x) = (ln |x|) = = f (x), ∀ x ∈ R.
x

• Se f (x) = ex , então, pelo que vimos nos exemplos acima, podemos ver que qualquer função da forma
F (x) = ex + c, onde c ∈ R, é uma primitiva de f (x) em R, pois

0
F 0 (x) = (ex + c) = ex = f (x), ∀ x ∈ R.

• Se f (x) = a = constante, então, pelo que vimos nos exemplos acima, podemos ver que qualquer função
da forma F (x) = ax + c, onde c ∈ R, é uma primitiva de f (x) em R, pois

0
F 0 (x) = (ax + c) = a = f (x), ∀ x ∈ R.

Com o exemplo acima, podemos perceber que, se existe a primitiva de uma função, essa primitiva não é
única. Isso nos fornece a definição abaixo.

Definição 3.3 (Integral Indefinida): Seja F (x) uma primitiva da função f : I −→ R. A expressão
F (x) + c, onde c ∈ R, é chamada integral indefinida de f (x) e é denotada por
Z
f (x) dx = F (x) + c, c ∈ R.

Combinando o que vimos no Exemplo 3.2 com a definição acima, podemos reescrever o Exemplo 3.2 da
seguinte maneira.

Exemplo 3.4 Pelo Exemplo 3.2, temos que

x3
Z
• x2 dx = + c, c ∈ R.
3

43
Z
• cos(x) dx = sen(x) + c, c ∈ R.
Z
1
• dx = ln |x| + c, c ∈ R.
x
Z
• ex dx = ex + c, c ∈ R.
Z
• a dx = ax + c, c ∈ R.

Exercício
Z 3.5 Calcule as seguintesZ integrais indefinidas.
(a) x3 dx. (g) −sen(x) dx.
Z Z
(b) x4 dx. (h) sen(x) dx.
Z Z
(c) x−2 dx. (i) −cos(x) dx.
Z Z
(d) x−3 dx. (j) −ex dx.
Z
R
(e) 4 dx. (k) −2 dx.
Z
(f ) xn dx, onde n ∈ Z − {−1}. (Se n = −1, qual a diferença?)

Observação 3.6 Com o que vimos até o momento, podemos perceber que:
Z
• f (x) dx = F (x) + c, c ∈ R ⇐⇒ F 0 (x) = f (x).
Isso segue diretamente da Definição 1.3.
Z
• f 0 (x) dx = f (x) + c, c ∈ R.
Essa propriedade nos diz que: "Se primeiro derivarmos uma função f (x), vamos obter f 0 (x) e se após
formos calcular a integral indefinida de f 0 (x), o resultado será a função inicial f (x) adicionada de uma
x3
constante. Por exemplo, se tomarmos f (x) = 3 + 5, então f 0 (x) = x2 . Mas ao calcular a integral
indefinida de f 0 (x), obtemos
ver Exemplo 1.4
x3
Z Z
f 0 (x) dx = x2 dx + c, c ∈ R
z}|{
=
3
e essa expressão final pode ser reescrita como
= constante
x3 x3 z }| {
+c = + 5 + (c − 5) = f (x) + (c − 5) .
3 3

Vejamos algumas propriedades da integral indefinida que irão nos auxiliar durante esse curso.

44
Teorema 3.7 (Linearidade da integral indefinida) Sejam F (x) e G(x) são primitivas de f : I −→ R e
g : I −→ R, respectivamente, onde I ⊂ R é um intervalo, e α, β ∈ R. Então α.F (x) + β.G(x) é uma
primitiva da função α.f (x) + β.g(x) e vale que
Z Z Z
(α.f (x) + β.g(x)) dx = α. f (x) dx + β. g(x) dx.

Demonstração: Ver, por exemplo, [SWO1, Teorema 5.6].

Exemplo 3.8 Utilizando o Exemplo 3.4 juntamente com o Teorema 3.7, podemos fazer o seguinte:
Z T eor 3.7 Z Z Ex 3.4  3 
x
• 2
(4x − 2cos(x)) dx 2
4 x dx − 2 cos(x) dx = 4 + c1 − 2.(sen(x) + c2 ) =
z}|{ z}|{
=
3
4x3
= − 2sen(x) + 4c1 − 2c2 , onde c1 , c2 ∈ R.
3
Como c1 e c2 são constantes, podemos reescrever 4c1 −2c2 = C, onde C ∈ R, ou seja, podemos simplificar
a manipulação acima e, de agora em diante, vamos realizar essas operações como descreveremos
abaixo:
T eor 3.7 Ex 3.4
x3
Z Z  
• (4x2 − 2cos(x)) dx x2 dx − 2
R
− 2.(sen(x)) + C =
z}|{ z}|{
= 4 cos(x) dx = 4.
3
4x3
= − 2sen(x) + C, onde C ∈ R.
3

Teorema 3.9 Se F (x) e G(x) são duas primitivas da função f : I −→ R, onde I ⊂ R é um intervalo, então
G(x) − F (x) = C, para alguma constante C ∈ R.

Demonstração: Ver, por exemplo, [SWO1, Teorema 5.2].

Observação 3.10 Como podemos perceber, o processo de integrar se reduz a descobrir uma função conhe-
cendo apenas a sua derivada. Usando a tabela de derivadas, obtemos uma lista de integrais, por exemplo:
Z
1
2
dx = arctg(x) + C, onde C ∈ R,
x +1
pois (arctg(x))0 = 1
x2 +1 . No entanto, nem sempre é imediato (ou fácil) descobrir a função desejada, mesmo
usando a tabela. Por essas razões, o que vamos estudar agora são os métodos de integração, cujo objetivo
nesse curso será:
"Resolver integrais indefinidas, de vários tipos, utilizando os métodos de integração para recair em
integrais simples e básicas (como, por exemplo, as que vimos no Exemplo 1.4)."

Observação 3.11 ATENÇÃO: Ao final desse capítulo, explicitarei uma lista de integrais que poderão
ser utilizadas nas avaliações sem a necessidade de justificá-las.

Na próxima seção, iniciaremos o estudo dos métodos de integração.

45
3.2 Métodos de Integração

Nessa seção, veremos quatro dos principais métodos de integração utilizados para a resolução de integrais
indefinidas, juntamente com vários exemplos para auxiliar no entendimento de cada um deles.

3.2.1 Método da Substituição

Utilizamos esse método quando estamos diante de uma integral do tipo abaixo:
Z
f (g(x)).g 0 (x) dx. (∗)

Nesse caso, faremos a seguinte substituição:

u = g(x) (I)

de onde resulta que


du
= g 0 (x)
dx
a qual escreveremos como
du = g 0 (x) dx. (II)

Utilizando (I) e (II) em (∗), obtemos que


Z Z
0
f (g(x)).g (x) dx = f (u) du. (∗∗)

Vejamos alguns exemplos de como utilizar esse método.

Exemplo 3.12 Vamos calcular as seguintes integrais indefinidas.


Z
1
• dx =
x+2
Z
2x
• dx =
1 + x2
Z
• sen2 (x).cos(x) dx =
Z
• e2x dx =
Z
ln(x)
• dx =
x
Z
dx
• dx =
(3x + 5)7

46
Solução: Videoaula.

Z
1
Observação 3.13 Note que o argumento utilizado para resolver a integral dx pode ser refeito para
x+2
a integral abaixo Z
1
dx
x+a
para qualquer constante a ∈ R. Portanto, a integral abaixo pode ser utilizada como uma das simples e básicas:
Z
1
dx = ln |x + a| + C, onde C ∈ R.
x+a

Z
Observação 3.14 Note que o argumento utilizado para resolver a integral e2x dx pode ser refeito para a
integral abaixo Z
eax dx

para qualquer constante a ∈ R∗ . Portanto, a integral abaixo pode ser utilizada como uma das simples e básicas:
eax
Z
eax dx = + C, onde C ∈ R.
a

Exercício 3.15 Resolva as integrais abaixo utilizando o método da substituição.


Z Z
(a) tg(x) dx. (b) cotg(x) dx.

(c) Exercícios 5.2 - [SWO1, páginas 324-325] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista tem 63 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.

47
3.2.2 Método da Integração por Partes

Esse método é muito similar ao anterior, mas tem algumas particularidades que apresentaremos abaixo.

Se u = f (x), v = g(x) e se f 0 e g 0 são contínuas no domínio das funções, então temos que

du = f 0 (x) dx e dv = g 0 (x) dx

e assim pode-se mostrar que Z Z


u dv = uv − v du. (∆)

Ou seja,
=u =dv =u =v =v =du
Z z}|{ z }| { z}|{ z}|{ Z z}|{ z }| {
0 0
f (x) . g (x) dx = f (x) . g(x) − g(x) . f (x) dx .

Vejamos alguns exemplos para entender como esse método funciona.


Z
Exemplo 3.16 Resolva a integral x.ex dx.

Solução: Vamos apresentar duas formas de solução, a primeira seria a forma natural de solução, mas conforme
veremos, essa parte pode ser simplificada, e, portanto, seguiremos o método da segunda solução.

Primeira forma: Escrevendo


u=x e dv = ex dx (I)

podemos ver que:

• Derivando u em relação a x, obtemos du = 1 dx. (II)

• Integrando dv = ex dx, obtemos que Z Z


dv = ex dx

que pode ser reescrito como


Z Z
1 dv = ex dx =⇒ v + c1 = ex + c2 , onde c1 , c2 ∈ R =⇒

=⇒ v = ex + c2 − c1 , onde c1 , c2 ∈ R.

Como c1 , c2 ∈ R, podemos reescrever a expressão acima como

v = ex + c3 , onde c3 ∈ R. (III)

Portanto, usando a expressão Z Z


u dv = uv − v du (∆)

com as informações em (I), (II) e (III), temos que

48
Z Z =u =dv =u =v Z z =v =du
x z}|{ zx}| { z}|{ z x }| { x
}| { z}|{
x.e dx = x . e dx = x . (e + c3 ) − (e + c3 ) . 1 dx =
Z Z 
= x.ex + c3 x − ex dx + c3 dx = x.ex + c3 x − (ex + c4 + c3 x + c5 ) =

= x.ex + c3 x −ex − c4 − c3 x −c5 = x.ex − ex − c4 − c5 , onde c4 , c5 ∈ R,


z}|{ z}|{

ou seja, Z
x.ex dx = x.ex − ex − c4 − c5 , onde c4 , c5 ∈ R. (IV )

Como c4 , c5 ∈ R, podemos reescrever a expressão acima como


Z
x.ex dx = x.ex − ex + C, onde C ∈ R (V )

o que conclui a solução.

Agora note que:

• As constantes c1 , c2 ∈ R obtidas anteriormente, tornaram-se simplesmente a constante c3 em (III) e


que essa constante c3 "desapareceu" em (IV ).

• Além disso, as constantes c4 e c5 que surgiram posteriormente também "desapareceram" e tornaram-se


uma única constante no final, que foi a constante C em (V ).

Portanto, para esse método de integração, podemos fazer simplesmente o seguinte:

Segunda forma: Escrevendo

u=x e dv = ex dx (I)

podemos ver que:

• Derivando u em relação a x, obtemos du = 1 dx. (II)

• Integrando dv = ex dx, obtemos que Z Z


dv = ex dx

que pode ser reescrito como


Z Z
1 dv = ex dx =⇒ v = ex . (III 0 )

Portanto, usando a expressão Z Z


u dv = uv − v du (∆)

com as informações em (I), (II) e (III 0 ), temos que

Z Z =u =dv =u =v =v
Z z}|{ =du
x z}|{ zx}| { z}|{ z}|{
x x
z}|{
x.e dx = x . e dx = x . e − e . 1 dx =
Z
= x.ex − ex dx = x.ex − ex + C, onde C ∈ R (V )

o que conclui a solução.

49


Z
Exemplo 3.17 Resolva a integral x.e2x dx.

Solução: (Videoaula)

Z
Exemplo 3.18 Resolva a integral ln(x) dx.

Solução: (Videoaula)

Z
Exemplo 3.19 Resolva a integral x2 .sen(x) dx.

Solução: (Videoaula)

Exercício 3.20 Resolva as integrais abaixo


Z Z
(a) x.sen(x) dx. (g) x.ex dx.
Z Z
(b) x.cos(x) dx. (h) x. ln(x) dx.
Z Z
2
(c) ex .sen(x) dx. (i) x3 .ex dx.
Z
(d) ex .cos(x) dx.

(e) Exercícios 9.1 - [SWO1, páginas 583 - 584] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista tem 54 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.

(f) Exercícios 10.2 - [LEI1, página415] da "Lista de exercícios para P1".


Observação: Essa lista tem 35 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.

3.2.3 Integração de Funções Racionais utilizando Frações Parciais

Esse método é muito utilizado para integrar funções racionais, ou seja, funções f (x) da forma
P (x)
f (x) =
Q(x)
onde P (x) e Q(x) são polinômios tais que Grau(P (x)) < Grau(Q(x)).

50
Esse método depende, basicamente, da fatoração do polinômio Q(x) em fatores lineares (que correspondem
as suas raízes) e em fatores quadráticos irredutíveis.

Essa fatoração de Q(x) fornece quatro casos possíveis, os quais apresentaremos abaixo.

Observação 3.21 Em todos os quatro casos dessa seção, vamos supor que
P (x)
f (x) =
Q(x)
onde P (x) e Q(x) são polinômios tais que Grau(P (x)) < Grau(Q(x)) e vamos supor que Q(x) é mônico,
ou seja, o coeficiente do termo de maior grau em Q(x) é 1.
Por exemplo: Q(x) = 2x3 − 2x + 1 não é mônico, pois o coeficiente da maior potência de x é 2 (6= 1). Já
Q(x) = x3 − 2x + 6 é mônico, pois o coeficiente da maior potência de x é 1.

CASO 1: Q(x) se decompõe em fatores lineares distintos, ou seja, conseguimos escrever

Q(x) = (x − r1 ) · (x − r2 ) · ... · (x − rn )

onde ri ∈ R são raízes de Q(x), para todo i = 1, 2, ..., n e esses ri s são dois a dois distintos. Nesse caso,
reescrevemos f (x) como
P (x) A1 A2 An
f (x) = = + + ... +
Q(x) (x − r1 ) (x − r2 ) (x − rn )
onde A1 , A2 , ..., An são constantes a serem determinadas.

Vejamos os exemplos abaixo para entendermos esse caso.

3x − 2
Z
Exemplo 3.22 Resolva a integral dx.
x2 + 3x − 10
Solução: Videoaula.

Observação 3.23 Se o Grau(P (x)) > Grau(Q(x)), primeiramente dividimos P (x) por Q(x) para depois
usarmos frações parciais, conforme apresentamos no próximo exemplo.

x3 + 5x2 − x − 22
Z
Exemplo 3.24 Resolva a integral dx.
x2 + 3x − 10
Solução: Videoaula.

CASO 2: Q(x) se decompõe em fatores lineares com alguns fatores repetidos,

Q(x) = (x − r1 ) · (x − r2 ) · ... · (x − rn )

51
onde ri ∈ R são raízes de Q(x), para todo i = 1, 2, ..., n e alguns desses ri s são repetidos. Nesse caso,
faremos da seguinte maneira:

• Os fatores lineares distintos são tratados como no Caso 1.

• Se o fator linear (x − ri ) aparece k vezes (onde k ∈ Z+ ) na decomposição de Q(x), ou seja, se na


decomposição de Q(x) existir o fator
(x − ri )k

então para esse fator associamos a seguinte expressão:


B1 B2 Bk
+ 2
+ ... +
(x − ri ) (x − ri ) (x − ri )k
onde B1 , B2 , ..., Bk são constantes a serem determinadas.

• O item acima é feito para cada fator linear repetido, conforme veremos nos exemplos nas video-
aulas.

Vejamos o exemplo abaixo para entendermos esse caso.

3x2 + 4x + 2
Z
Exemplo 3.25 Resolva a integral dx.
x3 + 2x2 + x
Solução: Videoaula.

CASO 3: Q(x) se decompõe em fatores lineares e em fatores quadráticos irredutíveis (que são fatores
quadráticos que não possuem raiz real, como por exemplo x2 + 1), sendo que os fatores quadráticos
irredutíveis NÃO se repetem. Nesse caso, faremos da seguinte maneira:

• Os fatores lineares são tratados como nos Casos 1 e 2.

• A cada o fator quadrático ax2 + bx + c que é irredutível, associamos uma expressão da forma:
Cx + D
ax2 + bx + c
onde C, D ∈ R são constantes a serem determinadas, conforme veremos nos exemplos nas videoaulas.

Vejamos o exemplo abaixo para entendermos esse caso.

8x2 + 3x + 20
Z
Exemplo 3.26 Resolva a integral dx.
x3 + x2 + 4x + 4
Solução: Videoaula.

CASO 4: Q(x) se decompõe em fatores lineares e em fatores quadráticos irredutíveis sendo que
alguns dos fatores quadráticos irredutíveis se repetem. Nesse caso, faremos da seguinte maneira:

52
• Os fatores lineares são tratados como nos CASOS 1 e 2.

• Os fatores quadráticos irredutíveis que NÃO se repetem são tratados como no CASO 3.

• Se o fator quadrático irredutível ax2 + bx + c se repete k vezes (onde k ∈ Z+ ) na decomposição de


Q(x), ou seja, se na decomposição de Q(x) existir o fator

(ax2 + bx + c)k

então para esse fator associamos a seguinte expressão:


C1 x + D 1 C2 x + D 2 Ck x + Dk
+ + ... +
ax2 + bx + c (ax2 + bx + c)2 (ax2 + bx + c)k
onde C1 , D1 , C2 , D2 , ..., Ck , Dk ∈ R são constantes a serem determinadas, conforme veremos nos exem-
plos nas videoaulas.

Vejamos o exemplo abaixo para entendermos esse caso.

x3 + x + 2
Z
Exemplo 3.27 Resolva a integral dx.
x(x2 + 1)2
Solução: Videoaula.

Exercício 3.28 Resolva as integrais abaixo.

(a) Exercícios 9.4 - [SWO1, páginas 603 - 604] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista possui 44 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.

(b) Exercícios 10.4 - [LEI1, páginas 425 - 426] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista possui 34 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.

(c) Exercícios 10.5 - [LEI1, página 429] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista possui 29 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.

3.3 Integral Definida

Nessa seção, veremos o conceito de integral definida, juntamente com algumas das suas principais pro-
priedades. Veremos também como calcular esse tipo de integral utilizando um dos principais teoremas desse
capítulo, a saber, o Teorema Fundamental do Cálculo.

53
Uma das motivações para o estudo de integrais baseia-se no seguinte problema:

Problema 1: Sejam f, g : [a, b] −→ R duas funções contínuas. Como determinar a área da região plana R
delimitada pelo gráfico das funções y = f (x), y = g(x) e pelas retas x = a e x = b? (Veja figura abaixo).
FIGURA: (Videoaula)

Ou, de maneira mais resumida, poderíamos questionar:

Problema 2: Seja f : [a, b] −→ R uma função contínua tal que f (x) ≥ 0, para todo x ∈ [a, b]. Como
determinar a área da região plana R delimitada pelo gráfico da função y = f (x), o eixo x (reta y = 0) e pelas
retas x = a e x = b? (Veja figura abaixo).
FIGURA: (Videoaula)

Para entendermos a ideia para responder esses problemas, vamos apresentar alguns conceitos e resultados
de maneira geral, para, posteriormente, apresentarmos exemplos e aplicações. Para simplificar as figuras e
a escrita, vamos nos basear no Problema 2 e na Figura 2. (O Problema 1, conforme veremos, é uma
adaptação das ideias envolvidas para responder o Problema 2).

Definição 3.29 Um subconjunto P = {x0 , x1 , ..., xn } ⊂ [a, b] é chamado uma partição de [a, b] de ordem
”n” se
a = x0 < x1 < ... < xn = b.

Agora vamos considerar o seguinte:

• Seja P = {x0 , x1 , ..., xn } ⊂ [a, b] uma partição de [a, b] de ordem ”n”.

• Para simplificar a notação e a figura abaixo, vamos supor que dividimos o intervalo [a, b] em ”n”
intervalos com mesmo comprimento ∆x = b−a
n .

• Em cada subintervalo [xi−1 , xi ], com i = 1, 2, ..., n, escolha um valor ci ∈ [xi−1 , xi ].

• Para cada i = 1, 2, ..., n, considere o retângulo Ri limitado pelas retas x = xi−1 , x = xi , y = 0 (eixo
x) e y = f (ci ), conforme podemos ver na figura abaixo.

FIGURA: (Videoaula)

Note que obtemos ”n” retângulos Ri , com i = 1, 2, ..., n, cuja soma das áreas é uma "aproximação" da
área da região R. Como a área de cada retângulo Ri é dado por

f (ci ).∆x (altura x base)

então a soma das áreas dos ”n” retângulos é dada por


n
X
Sn = f (ci ).∆x
i=1

54
que é chamada soma de Riemann da função y = f (x).

Pode-se mostrar que:

"Conforme o valor de ”n” cresce (ou seja, quanto mais subintervalos considerarmos em [a, b]), a soma
Sn se aproxima cada vez mais da área da região R."

Para mais detalhes de como isso é provado, ver, por exemplo, [LIMA, Capítulo IX]. Com isso, temos o
seguinte conceito.

Definição 3.30 Seja f : [a, b] −→ R uma função contínua tal que f (x) ≥ 0, para todo x ∈ [a, b]. A área da
região plana R delimitada pelo gráfico da função y = f (x), pelo eixo x e pelas retas x = a e x = b é dada
por
n
X
A(R) = lim f (ci ).∆x.
∆x→0
i=1

Observação 3.31 Baseado no que apresentamos acima, podemos destacar que:

• ∆x → 0 ⇐⇒ n → +∞.

• Pode-se mostrar que o limite acima sempre existe e é igual a A(R), independente das escolhas dos
ci s.

• Supomos, anteriormente, que os subintervalos tinham o mesmo comprimento ∆x. Mas essa condição
não é necessária, ou seja, poderíamos ter realizado a mesma análise acima com subintervalos com
comprimentos distintos, e mesmo assim, o limite acima existiria.

• A existência do limite acima está diretamente ligado ao fato que supomos que a função f era contínua
em [a, b].

Para mais detalhes de como essas afirmações são demonstradas, ver, por exemplo, [LIMA, Capítulo IX].

Com base na análise feita para funções contínuas, apresentamos agora o conceito de integral definida para
uma função f genérica.

Definição 3.32 Sejam f : [a, b] −→ R uma função definida em [a, b] e P = {x0 , x1 , ..., xn } ⊂ [a, b] uma
partição de [a, b]. Denotaremos o comprimento do intervalo [xi−1 , xi ] por ∆i x e considere um ponto ci ∈
[xi−1 , xi ], para cada i = 1, 2, ..., n.
A integral definida de f de ”a” até ”b” é denotada por
Z b
f (x) dx
a

e é definida por
Z b n
X
f (x) dx = lim f (ci ).∆i x.
a ∆i x→0
i=1

55
se este limite existir e Z a
f (x) dx = 0.
a

Vejamos alguns pontos importantes.

• Se o limite na Definição 3.32 existe, ele independe das escolhas feitas, assim como na definição de Área
(Definição 3.30). Portanto, tal limite deve ter um único valor.

• Se f : [a, b] −→ R é contínua e não-negativa (isto é, f (x) ≥ 0, ∀ x ∈ [a, b]), então a definição de


integral definida coincide com a definição de área da região R delimitada pelo gráfico de f, pelas
retas x = a, x = b e y = 0 (eixo x). Nesse caso, se R é a região

R = {(x, y); a ≤ x ≤ b, 0 ≤ y ≤ f (x)}

cuja figura podemos representar como abaixo


FIGURA: (Videoaula)
então a área da região R é dada por
Z b
A(R) = f (x) dx.
a

Os números ”a” e ”b” são chamados de limite inferior e superior, respectivamente.

Definição 3.33 Seja f : [a, b] −→ R uma função definida em [a, b]. Se a integral definida
Z b n
X
f (x) dx = lim f (ci ).∆i x.
a ∆i x→0
i=1

existe, dizemos que f é integrável em [a, b].

Teorema 3.34 Se f : [a, b] −→ R é uma função contínua em [a, b], então f é integrável em [a, b].

Demonstração: Ver, por exemplo, [LIMA, Capítulo IX].

Observação 3.35 A recíproca do teorema acima é falsa, ou seja,

f integrável em [a, b] 6=⇒ f contínua em [a, b].

Veremos isso na sequência.

Vejamos agora algumas propriedades da integral definida.

56
Proposição 3.36 Sejam f, g : [a, b] −→ R duas funções integráveis em [a, b] e α, β ∈ R. Então valem as
seguintes propriedades:

• α.f (x) + β.g(x) é integrável em [a, b] e


Z b Z b Z b
(α.f (x) + β.g(x)) dx = α. f (x) dx + β. g(x) dx.
a a a

• Se g(x) ≤ f (x), ∀x ∈ [a, b], então


Z b Z b
g(x) dx ≤ f (x) dx.
a a

• A função |f (x)| é integrável em [a, b] e


Z Z
b b
f (x) dx ≤ |f (x)| dx.


a a

• Se a < c < b e f (x) é integrável em [a, c] e em [c, b], então f (x) é integrável em [a, b] e
Z b Z c Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a c

Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI1, Seção 6.4].

Já vimos a definição de integral definida e algumas das suas propriedades, mas: como calcular a integral
definida?
Quem responde a essa pergunta é um dos mais importantes teoremas que veremos nesse curso, o qual
apresentamos abaixo.

Teorema 3.37 (Teorema Fundamental do Cálculo) Seja f : [a, b] −→ R uma função contínua em [a, b]
e seja F (x) uma primitiva para f (x) em [a, b] (isto é, F 0 (x) = f (x), ∀ x ∈ [a, b]). Então
Z b
f (x) dx = F (x)|ba = F (b) − F (a).
a

Demonstração: Ver, por exemplo, [LIMA, Capítulo IX].

Observação 3.38 O Teorema Fundamental do Cálculo (TFC) nos fornece que:

• A integral definida resulta em um número real.

• Para calcular o valor da integral definida de uma função f (x), basta encontrar uma primitiva F (x)
e calcular F (b) − F (a).

Corolário 3.39 Nas condições do TFC, temos que


Z b Z a
f (x) dx = − f (x) dx.
a b

57
Vejamos alguns exemplos para entender como calcular integrais definidas.

Exemplo 3.40 Resolva as seguintes integrais:


Z 2
(a) x2 dx.
−1
Z 2
(b) −x2 dx.
−1
Z e2
(c) ln(x) dx.
e
Z π
(d) sen(x) dx.
0
Z 1
(e) e2x dx. (Veremos esse em duas formas distintas.)
0

Solução: Videoaula.

Exercício 3.41 Resolva as seguintes integrais:


Z 1 p √ √
(a) x. 2x2 + 3 dx. (Resposta: 5 6 5 − 3 6 3 .)
0
Z 4
15
(b) x. ln(x) dx. Resposta: 8 ln(4) − 4 .
1
Z 1
(c) (8x4 − 3x2 ) dx. Resposta: 6
5.
−1

(d) Exercícios 6.6 - [LEI1, página 262, Exercícios 1 ao 22] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista possui 22 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.

(e) Exercícios 5.5 - [SWO1, páginas 359-360] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista possui 34 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.

(f ) Exercícios 5.6 - [SWO1, páginas 373-374, Exercícios 1-36 ] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista possui 36 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.

Observação 3.42 ATENÇÂO: Abaixo vou descrever as primitivas imediatas que podem ser utili-
zadas diretamente nas avaliações, sem auxílio de métodos de integração:
Z
• k dx = kx + C, C ∈ R.

58
xr+1
Z
• xr dx = + C, C ∈ R, para r 6= −1.
r+1
Z
1
• dx = ln |x + a| + C, C ∈ R.
x+a

ekx
Z
• ekx dx = + C, C ∈ R, para k 6= 0.
k
Z
• cos(x) dx = sen(x) + C, C ∈ R.

Z
• sen(x) dx = −cos(x) + C, C ∈ R.

Z
• sec2 (x) dx = tg(x) + C, C ∈ R.

Z
1
• dx = arctg(x) + C, C ∈ R.
x2 + 1

3.4 Integrais Impróprias

Até o presente momento, quando trabalhamos com integral definida, em geral consideramos funções
contínuas em um intervalo limitado e fechado do tipo [a, b]. Agora, estenderemos esta definição para casos
em que as funções estão definidas em intervalos do tipo:

[a, +∞), (−∞, b], (−∞, +∞)

e para casos em que a função é descontínua em um ponto

c ∈ (a, b).

Definição 3.43 Seja f uma função integrável em [a, t], ∀ t > a. Definimos
Z +∞ Z t
f (x) dx = lim f (x) dx
a t→+∞ a

se este limite existir, como sendo a integral imprópria de f estendida ao intervalo [a, +∞).

59
Definição 3.44 Seja f uma função integrável em [t, b], ∀ t < b. Definimos
Z b Z b
f (x) dx = lim f (x) dx
−∞ t→−∞ t

se este limite existir, como sendo a integral imprópria de f estendida ao intervalo (−∞, b].

Definição 3.45 Seja f uma função integrável em [−t, t], ∀ t > 0. Definimos
Z +∞ Z 0 Z +∞
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx =
−∞ −∞ 0
Z 0 Z t
= lim f (x) dx + lim f (x) dx
t→−∞ t t→+∞ 0
se estes limites existirem, como sendo a integral imprópria de f estendida ao intervalo (−∞, +∞).

Observação 3.46 Nas Definições 3.43, 3.44 e 3.45, se os limites existirem (ou seja, resultam em um
número real, dizemos que as integrais impróprias são convergentes. Caso contrário, dizemos que são
divergentes.

Vejamos alguns exemplos envolvendo esses conceitos.

Exemplo 3.47 Calcule as integrais abaixo.


Z +∞
1
(a) dx.
1 x2
Z +∞
1
(b) dx.
1 x
Z −1
1
(c) dx.
−∞ x5
Z +∞
1
(d) dx.
−∞ x2 + 1
Solução: Videoaula.

Agora vamos analisar os casos em que f é descontínua em algum ponto c ∈ [a, b].

Definição 3.48 Temos três possíveis casos.

1. Se f é contínua em [a, b) e descontínua em ”b”, então


Z b Z t
f (x) dx = lim− f (x) dx
a t→b a

se este limite existir.

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2. Se f é contínua em (a, b] e descontínua em ”a”, então
Z b Z b
f (x) dx = lim+ f (x) dx
a t→a t

se este limite existir.

3. Se f é descontínua em c ∈ (a, b), então


Z b Z c Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx =
a a c
Z t Z b
= lim f (x) dx + lim f (x) dx
t→c+ a t→c− t
se estes limites existirem.

Vejamos alguns exemplos.

Exemplo 3.49 Calcule as integrais abaixo.

Z 5
1
(a) √ dx.
2 x−2
Z 0
1
(b) dx.
−1 x
Z 3
1
(c) dx.
0 x−1
Solução: Videoaula.

Observação 3.50 Se não tivéssemos observado a assíntota x = 1 na letra (c) do exemplo acima, teríamos
calculado: Z 3
1
dx = ln |x − 1||30 = ln |2| − ln | − 1| = ln |2| ERRADO.
0 x−1
Desse modo, de agora em diante, devemos observar primeiro se a função dada é contínua ou
não no intervalo de integração que foi dado.

Para finalizar esse capítulo, vamos apresentar um critério que pode nos garantir a convergência ou diver-
gência de algumas integrais.

Teorema 3.51 (Critério de Comparação): Se f e g são funções integráveis em [a, t], ∀ t > a, e vale que
0 ≤ f (x) ≤ g(x), ∀ x ≥ a, então:
Z +∞ Z +∞
• Se g(x) dx converge, então f (x) dx converge.
a a

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Z +∞ Z +∞
• Se f (x) dx diverge, então g(x) dx diverge.
a a

Z +∞
Exemplo 3.52 Sem calcular a integral, verifique que e−x .sen2 (x) dx é convergente.
0

Solução: Videoaula.

+∞
x3
Z
Exemplo 3.53 Sem calcular a integral, verifique que dx é divergente.
1 x4 + 3

Solução: Videoaula.

Exercício 3.54 Calcule as integrais abaixo.

(a) Exercícios 10.3 - [SWO1, página 641 - 642, Exercícios: 1-28] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem, melhor vai ser para o domínio
das manipulações.

(b) Exercícios 10.4 - [SWO1, página 650, Exercícios: 1-30] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem, melhor vai ser para o domínio
das manipulações.

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