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NOTAS DE AULA
Limites e Continuidade
Nessa seção, veremos a ideia intuitiva de limites, juntamente com algumas das suas principais proprieda-
des, para após iniciarmos os cálculos.
x3 − 2x2
f (x) = .
3x − 6
Resposta: Videoaula.
Pergunta 1.2 O que acontece com os valores de f (x) quando ”x” assume valores próximos de a = 2?
Resposta: Videoaula.
Note que podemos nos aproximar de a = 2 por valores maiores do que 2 (ou seja, pela direita de 2) ou
por valores menores do que 2 (ou seja, pela esquerda de 2). Vejamos a tabela abaixo:
2
x f (x) x f (x)
1, 9 1, 20333333 2, 1 1, 47000000
1, 99 1, 32003333 2, 01 1, 34670000
1, 999 1, 33200033 2, 001 1, 33466700
1, 9999 1, 33320000 2, 0001 1, 33346667
1, 99999 1, 33332000 2, 00001 1, 33334667
1, 999999 1, 33333200 2, 00001 1, 33333467
Lembrando que a distância entre dois pontos a, b ∈ R é dada por |a − b|, então podemos reescrever a frase
acima da seguinte maneira:
Ou seja, para que f (x) − 43 seja muito pequeno, é necessário de |x − 2| seja muito pequeno também.
x3 −2x2
Construindo o gráfico de f (x) = 3x−6 , temos:
(Videoaula)
De maneira geral, se f é uma função definida em todo número de um intervalo aberto contendo ”a”,
exceto possivelmente em x = a, podemos perguntar:
• A medida que x se aproxima de ”a” (mas x 6= a), o valor de f (x) se aproxima de um valor L?
• Podemos tornar o valor de f (x) tão próximo de L quanto queiramos, escolhendo x suficientemente
próximo de ”a”?
lim f (x) = L.
x→a
Definição 1.3 Seja f uma função definida em todo número de algum intervalo aberto contendo x = a, com
possível exceção no ponto x = a. Dizemos que o limite de f (x) é L ∈ R quando x se aproxima de ”a se
para qualquer > 0 dado, existe δ > 0 tal que
3
Quando isso ocorre, denotamos por
lim f (x) = L.
x→a
Em símbolos, escrevemos
lim f (x) = L ⇐⇒
x→a
Graficamente: (Videoaula).
(Videoaula)
Observação 1.5 Quando estamos analisando o limite de uma função f quando x se aproxima de ”a”, temos
que lembrar que:
• O ponto x = a NÃO PRECISA ser um ponto do domínio de f, apenas precisa conter a sua direita,
ou a sua esquerda, pontos do domínio da função. Por exemplo, como o que ocorreu com a função f no
exemplo anterior.
Proposição 1.7 Sejam a, c ∈ R e f (x) e g(x) funções tais que lim f (x) = L e lim g(x) = M . Então valem
x→a x→a
os seguintes limites:
1. lim c = c.
x→a
2. lim x = a.
x→a
4
4. lim (f (x) − g(x)) = lim f (x) − lim g(x) = L − M .
x→a x→a x→a
f (x)
lim f (x) L
x→a
6. lim = = , SE M 6= 0.
x→a g(x) lim g(x) M
x→a
p
(c) lim x4 − 4x + 1.
x→−2
3t + 1
(d) lim .
t→5 −2t + 4
3x − 4
(f ) lim .
x→2 x2 − 4
Solução: Videoaula.
(
x − 1, se x 6= 3
Exemplo 1.10 Calcule lim f (x), sabendo que a função é dada por f (x) = .
x→3 4 , se x = 3
Solução: Videoaula.
5
Conforme vimos na letra (f ) do Exemplo 1.9, existem limites cuja solução não é imediata, ou seja,
existem limites cuja resolução depende de técnicas diferentes para a resolução. Começaremos a ver um desses
tipos diferenciados no próximo exemplo, que são os chamados limites indeterminados da forma 0.
0
x−4
(a) lim .
x→4 x2 − 16
x3 − 1
(b) lim .
x→1 x − 1
√
1+x−1
(c) lim .
x→0 x
x3 − 1
(d) lim .
x→1 x2 − 1
Solução: Videoaula.
x2 − 4 x3 − 1 x3 − 2x + 4
(a) lim . (b) lim . (c) lim .
x→−2 x2 − 16 x→−1 x − 1 x→4 3x2 − 16
x3 − 2x + 4 p
(d) lim . (e) lim x3 − 4x + 8. (f ) lim [(x3 + 4).(−x2 − 8)].
x→4 3x2 − 16 x→4 x→4
√
4 − x2 x3 − 3x + 2
(g) lim √ . (h) lim . (i) lim [(x3 + 4).(−3x2 + 10)].
x→3 x3 − 11 x→4 −x2 + 13 x→−4
x3 − 27 x3 − 27 x3 − 9
(j) lim . (k) lim . (l) lim .
x→3 x2 − 9 x→3 3 − x x→3 9 − x
√
x+1 4−x−1 2x − 3
(m) lim √ . (n) lim . (o) lim √ .
x→−1 2+x−1 x→3 x−3 x→3 4−x−1
Exercício 1.13 ([VIL, Exemplo 4.2]) Determine o valor de ”a” para que o limite abaixo exista:
3x2 + ax + a + 3
lim .
x→−2 x2 + x − 2
f (a + h) − f (a)
Exercício 1.14 Calcule lim para cada uma das funções apresentadas abaixo.
h→0 h
6
Sugestão: Inicialmente, calcule f (a+h) substituindo x por a+h na função dada. Após, calcule f (a+h)−f (a)
f (a+h)−f (a)
e depois calcule h . Substitua o que encontrar no limite solicitado para então calculá-lo.
Quando consideramos lim f (x), estamos interessados nos valores x próximos de ”a”, tanto pela direita
x→a
(ou seja, valores maiores do que ”a”), quanto pela esquerda (ou seja, valores menores do que ”a”). Mas,
√
por exemplo, a função f (x) = x − 2 não existe para x < 2, ou seja, a função não está definida à es-
querda de 2. Logo, não podemos considerar a notação lim f (x), mas sim considerar limites laterais, conforme
x→2
apresentaremos abaixo.
Definição 1.15 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto da forma (a, c). Dizemos
que o limite de f (x) é L ∈ R quando x se aproxima de ”a” pela direita se para qualquer > 0 dado,
existe δ > 0 tal que
⇐⇒ x∈(a,a+δ)
z }| {
0 < x − a < δ =⇒ |f (x) − L| < .
Definição 1.16 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto da forma (c, a). Dizemos
que o limite de f (x) é L ∈ R quando x se aproxima de ”a” pela esquerda se para qualquer > 0
dado, existe δ > 0 tal que
⇐⇒ x∈(a−δ,a)
z }| {
−δ < x − a < 0 =⇒ |f (x) − L| < .
Observação 1.17 Todas as propriedade de limites vistas anteriormente com x → a continuam válidas para
limites laterais.
√
Exemplo 1.18 Considerando f (x) = x − 2, temos que:
Solução: Videoaula.
7
Teorema 1.19 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto I contendo ”a”, exceto
possivelmente no ponto x = a. Então:
−1, se x < 0
Exemplo 1.20 Considere a função f (x) = 0, se x = 0 .
1, se x > 0
Solução: Videoaula.
(
|x|, se x 6= 0
Exemplo 1.21 Considere a função g(x) = .
2, se x = 0
Solução: Videoaula.
(
2 − x2 , se x ≤ 1
Exemplo 1.22 Considere a função h(x) = .
x2 , se x > 1
Solução: Videoaula.
|x|
Exercício 1.23 Considere a função f (x) = x , para x 6= 0. Existe lim f (x)? Justifique. Além disso, esboce
x→0
o gráfico dessa função.
(
2 − x2 , se x ≤ 1
Exercício 1.24 Considere a função f (x) = .
x2 + 1, se x > 1
8
(
2 − x2 , se x < 1
Exercício 1.25 Considere a função g(x) = 2
.
x + 1, se x > 1
(
2 + x2 , se x < 1
Exercício 1.26 Considere a função h(x) = .
x2 + 1, se x > 1
(
2 + x2 , se x ≤ 1
Exercício 1.27 Considere a função g(x) = .
−x2 + 1, se x > 1
x2 , se x < 0
Exercício 1.28 Considere a função f (x) = 3 − x, se 0 ≤ x < 1 .
se x ≥ 1
4x,
2
x − 1, se x < 0
Exercício 1.29 Considere a função f (x) = 3 − x, se 0 < x < 1 .
se x ≥ 1
2x,
2
−x − 1, se x < 0
Exercício 1.30 Considere a função f (x) = 3 + x, se 0 < x < 1 .
se x ≥ 1
2x,
9
(a) Calcule, se possível, lim+ f (x), lim− f (x) e lim f (x).
x→0 x→0 x→0
O que veremos nessa seção é como calcular limites de uma função f quando x cresce ilimitadamente
(x → +∞) ou quando x decresce ilimitadamente (x → −∞).
Para tal objetivo, vamos iniciar essa seção considerando a função abaixo:
2x2
f (x) = .
x2 + 1
Observe a tabela abaixo:
x f (x) x f (x)
0 0 0 0
1 1 −1 1
10 1, 98019802 −10 1, 98019802
100 1, 99980002 −100 1, 99980002
1000 1, 99999800 −1000 1, 99999800
Note que a medida que x cresce muito, os valores de f (x) se aproximam de 2. O mesmo ocorre
quando x decresce muito. Veremos que, nesses casos, podemos escrever o seguinte:
2x2
Essa notação fica mais evidente quando observamos o gráfico da função f (x) = x2 +1 , que esboçamos
abaixo:
(Videoaula)
Agora que temos uma noção intuitiva do conceito, vamos ao conceito formal.
Definição 1.31 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto da forma (a, +∞).
Dizemos que L é o limite de f (x) quando x cresce ilimitadamente se: dado qualquer > 0, existe
N > 0 tal que
x>N =⇒ |f (x) − L| < .
10
Nesse caso, denotamos por:
lim f (x) = L.
x→+∞
Graficamente, (Videoaula).
Definição 1.32 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto da forma (−∞, a).
Dizemos que L é o limite de f (x) quando x decresce ilimitadamente se: dado qualquer > 0, existe
N < 0 tal que
x<N =⇒ |f (x) − L| < .
Graficamente, (Videoaula).
Para nos auxiliar nos cálculos de limites como os acima, vamos utilizar o seguinte resultado.
c
• lim = 0.
x→−∞ xr
Vejamos alguns exemplos para entendermos as técnicas de resolução desse tipo de limite utilizando o
resultado acima.
2x − 4
(a) lim .
x→+∞ 8x + 3
3x2 − 2x + 4
(b) lim .
x→−∞ 5x3 + 2
2x − 5
(c) lim √ .
x→+∞ 3x2 + 2
7x + 2
(d) lim √ .
x→−∞ 2x2 − 1
Solução: Videoaula.
11
Exercício 1.35 Calcule, se possível, os seguintes limites.
2x2 − 4 −8x2 + 5x − 3
(a) lim . (e) lim .
x→+∞ 8x2 − 5 x→−∞ 4x3 + 7
8x3 − 2x + 3 4x2 − 6x − 1
(b) lim . (f ) lim .
x→−∞ 5x3 + 2 x→+∞ −2x3 + 7
√
4x3 − 5x2 + 1 3x2 + 2x − 5
(c) lim . (g) lim .
x→+∞ 5x4 + 2x3 − 4x + 3 x→−∞ −x + 7
√
−7x + 2 8x2 + 6x − 1
(d) lim √ . (h) lim .
x→−∞ 2x2 − 1 x→−∞ −x + 7
Para entendermos esse tipo de limite, vamos iniciar essa seção considerando a função abaixo:
3
f (x) = .
(x − 2)2
Observe a tabela abaixo:
x f (x) x f (x)
3 3 1 3
2, 1 300 1, 9 300
2, 01 30000 1, 99 30000
2, 001 3000000 1, 999 3000000
Note que: a medida que x se aproxima de 2, tanto pela direita, quanto pela esquerda, podemos perceber
que os valores de f (x) crescem ilimitadamente. Veremos que, nesses casos, podemos escrever o seguinte:
Essa notação fica mais evidente quando observamos o gráfico da função f (x) = (x−2)2 ,
3
que esboçamos
abaixo:
(Videoaula)
Agora que temos uma noção intuitiva do conceito, vamos ao conceito formal.
12
Definição 1.36 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto I contendo ”a”, exceto
possivelmente no ponto x = a. Escreveremos
Definição 1.37 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo aberto I contendo ”a”, exceto
possivelmente no ponto x = a. Escreveremos
Para nos auxiliar nos cálculos de limites como os acima, vamos utilizar os seguintes resultados.
Teorema 1.40 Sejam a ∈ R e f e g duas funções tais que valem os seguintes limites: lim f (x) = 0 e
x→a
lim g(x) = c. Então:
x→a
13
• Se c < 0 e f (x) → 0− , então
g(x)
lim = +∞.
x→a f (x)
Observação 1.41 O teorema acima também vale para limites laterais (ou seja, com x → a+ e x → a− no
lugar de x → a) e para limites no infinito (ou seja, com x → +∞ e x → −∞ o lugar de x → a).
Vejamos alguns exemplos para entendermos as técnicas de resolução desse tipo de limite utilizando os
resultados apresentados acima.
3
(a) lim− .
x→2 x−2
3
(b) lim .
x→2+ x−2
x2 + x + 2
(c) lim− .
x→3 x2 − 2x − 3
x2 + x + 2
(d) lim .
x→3+ x2 − 2x − 3
x2 − 4
(e) lim+ .
x→3 9 − x2
−x2 + 2x + 3
(f ) lim .
x→3− x2 − 6x + 9
8x2 − 5 −x2 + 5x − 3 x2 − 4
(a) lim . (e) lim . (i) lim .
x→2+ x2 − 4 x→5+ x2 − 7x + 10 x→2+ x2 − 4x + 4
8x2 − 5 −x2 + 5x − 3 x2 − 4
(b) lim . (f ) lim− . (j) lim− .
x→2− x2 − 4 x→5 x2 − 7x + 10 x→2 x2 − 4x + 4
3x − 4 −x2 + 5x − 3 −x2 + 9
(c) lim . (g) lim + . (k) lim + .
x→2+ 4 − x2 x→−2 x2 − 3x − 10 x→−3 x2 + 6x + 9
3x − 4 −x2 + 5x − 3 −x2 + 9
(d) lim . (h) lim . (l) lim .
x→2− 4 − x2 x→−2− x2 − 3x − 10 x→−3− x2 + 6x + 9
14
1.5 Limites infinitos no infinito
Para entendermos esse tipo de limite, vamos iniciar essa seção considerando o gráfico de duas funções
bem conhecidas, a saber: f (x) = x2 e g(x) = x3 .
Gráficos: Videoaula.
• A medida que x decresce ilimitadamente (ou seja, x → −∞), podemos perceber que os valores de
f (x) também crescem ilimitadamente.
Veremos que, nesses casos, podemos escrever o seguinte:
• A medida que x cresce ilimitadamente (ou seja, x → +∞), podemos perceber que os valores de f (x)
crescem ilimitadamente.
• A medida que x decresce ilimitadamente (ou seja, x → −∞), podemos perceber que os valores de
f (x) DEcrescem ilimitadamente.
Veremos que, nesses casos, podemos escrever o seguinte:
Agora que temos uma noção intuitiva do conceito, vamos ao conceito formal.
Atenção: As notações que estou utilizando nas definições abaixo NÃO são as padrões que aparecem na
maioria dos livros. Por exemplo, onde chamo de nas definições abaixo, a maioria dos livros chama de ”A”,
e onde utilizo δ nas definições abaixo, a maioria dos livros chama de N . MAS, a minha experiência mostra
que os alunos que estão tendo o primeiro contato com esses conceitos, assimilam melhor o conceito quando
faço como abaixo, ou seja, eu mantenho o padrão da notação vista na definição de lim f (x) = L, ou seja, o
x→a
está relacionado com a parte onde aparece a expressão com f (x), enquanto o δ está relacionado com a parte
onde aparece a expressão com x.
15
Definição 1.44 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo da forma (a, +∞). Escreve-
remos
lim f (x) = +∞.
x→+∞
Definição 1.45 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo da forma (a, +∞). Escreve-
remos
lim f (x) = −∞.
x→+∞
Definição 1.46 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo da forma (−∞, a). Escreve-
remos
lim f (x) = +∞.
x→−∞
Definição 1.47 Seja f uma função definida em todo número de um intervalo da forma (−∞, a). Escreve-
remos
lim f (x) = −∞.
x→−∞
Para nos auxiliar nos cálculos de limites como os acima, vamos utilizar os seguintes resultados.
• lim xr = +∞.
x→+∞
(
−∞, se r é ímpar
• r
lim x = .
x→−∞ +∞, se r é par
16
Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].
Atenção: No teorema abaixo, o símbolo lim representa todas as possibilidades, ou seja, vale para lim ,
x→a
lim , lim , lim e lim .
x→a+ x→a− x→+∞ x→−∞
Teorema 1.49 Sejam f e g duas funções, cujos domínios estejam de acordo com alguma das situações
descritas acima. Valem os seguintes limites:
Vejamos alguns exemplos para entendermos as técnicas de resolução desse tipo de limite utilizando os
resultados apresentados acima.
17
Exemplo 1.50 Calcule, se possível, os seguintes limites.
2x − x2
(a) lim .
x→+∞ 3x + 5
2x − x2
(b) lim .
x→−∞ 3x + 5
−5x3 + 3x + 4
(c) lim .
x→+∞ 2x2 + 5
−5x3 + 3x + 4
(d) lim .
x→−∞ 2x2 + 5
−5x4 + 3x + 4
(e) lim .
x→+∞ 2x2 + 5
−5x4 + 3x + 4
(f ) lim .
x→−∞ 2x2 + 5
Solução: Videoaula.
Nessa seção, vamos apresentar um dos principais resultados envolvendo limites, que é o chamado Teorema
do Sanduíche. Veremos algumas aplicações desse teorema e alguns limites que são obtidos a partir desse
resultado.
Teorema 1.52 (Teorema do Sanduíche) Sejam f, g e h três funções tais que f (x) ≤ g(x) ≤ h(x) em todo
número x que está em um intervalo aberto contendo ”a”, exceto possivelmente em x = a. Se lim f (x) = L e
x→a
18
lim h(x) = L, então
x→a
lim g(x) = L.
x→a
2 1
Exemplo 1.53 Calcule, se possível, lim x sen .
x→0 x2
Multiplicando essa desigualdade por x2 (que é positivo independente do valor de x 6= 0) temos que
2 2 1
−x ≤ x sen ≤ x2 . (I)
x2
Agora note que:
• lim x2 = 0. (III)
x→0
1
Como valem (I), (II) e (III), então o Teorema do Sanduíche nos garante que lim x2 sen = 0.
x→0 x2
1
Exemplo 1.54 Calcule, se possível, lim x2 cos − 4 .
x→0 x3
Multiplicando essa desigualdade por x2 (que é positivo independente do valor de x 6= 0) temos que
2 2 1
−x ≤ x cos − 4 ≤ x2 . (I)
x3
Agora note que:
• lim x2 = 0. (III)
x→0
1
Como valem (I), (II) e (III), então o Teorema do Sanduíche nos garante que lim x2 cos − 4 = 0.
x→0 x3
19
1
Exemplo 1.55 Calcule, se possível, lim −5 + x2 sen .
x→0 x4
Multiplicando essa desigualdade por x2 (que é positivo independente do valor de x 6= 0) temos que
1
−x2 ≤ x2 sen ≤ x2 .
x4
lim sen(x) = 0.
x→0
20
Exemplo 1.58 Calcule, se possível, lim cos(x).
x→0
Solução: Videoaula.
Observação 1.59 Utilizando as propriedades de limites vistas até o momento, juntamente com os dois
limites vistos acima, pode-se mostrar que valem os dois limites abaixo, chamados limites fundamentais.
sen(x) cos(x) − 1
lim =1 e lim = 0.
x→0 x x→0 x
Demonstração: Ver, por exemplo, [LEI].
Nessa seção, vamos apresentar o conceito de função contínua, juntamente com algumas das suas principais
propriedades.
Se pelo menos uma das condições acima não for verdadeira, dizemos que f é descontínua em x = a.
Veremos agora alguns exemplos que envolvem esse conceito e como devemos analisá-lo em cada caso.
Solução: Videoaula.
1
Exemplo 1.63 f (x) = x−2 é contínua em x = 2?
Solução: Videoaula.
21
(
2 + x, se x ≤ 1
Exemplo 1.64 f (x) = é contínua em x = 1?
−x + 4, se x > 1
Solução: Videoaula.
(
−x + 3, se x > 1
Exemplo 1.65 f (x) = é contínua em x = 1?
3 + x, se x ≤ 1
Solução: Videoaula.
(
x − 2, se x 6= 2
Exemplo 1.66 f (x) = é contínua em x = 2?
1, se x = 2
Solução: Videoaula.
(
2x + 1, se x ≤ 2
Exemplo 1.67 Seja f (x) = . Determine o valor de k tal que f seja contínua em
kx − 2, se x > 2
x = 2.
Solução: Videoaula.
Observação 1.68 Pode-se mostrar que as funções polinomiais e as funções f (x) = sen(x), g(x) = cos(x) e
h(x) = ex são funções contínuas em x = a, ∀ a ∈ R.
(i) f + g é contínua em x = a.
(ii) f − g é contínua em x = a.
(iii) f · g é contínua em x = a.
f
(iv) g é contínua em x = a, se g(a) 6= 0.
Uma consequência imediata da Observação 1.68, juntamente com o item (iv) do teorema acima, é o
seguinte resultado.
p(x)
Corolário 1.70 Uma função racional é contínua em todos os pontos do seu domínio, ou seja: se f (x) = q(x) ,
onde p(x) e q(x) são polinômios, então f é contínua em todos os pontos do conjunto D(f ) = {x ∈ R; q(x) 6= 0}.
22
Teorema 1.71 Se lim g(x) = b e f é contínua em b, então
x→a
Corolário 1.72 Se g é contínua em x = a (ou seja, se lim g(x) = g(a)) e f é contínua em g(a), então f ◦ g
x→a
é contínua em x = a, ou seja,
1
Exemplo 1.73 Sejam f (x) = x e g(x) = x2 − 2x + 4. Calcule a função (f ◦ g)(x) e verifique se essa função
é contínua em x = 2.
Logo,
1 1 1
lim (f ◦ g)(x) = lim = = .
x→2 x→2 x2 − 2x + 4 (2)2 − 2(2) + 4 4
por (ii) por (i)
1 z}|{
(iii) lim (f ◦ g)(x) = (f ◦ g)(2).
z}|{
=
x→2 4
Como valem as três condições acima, temos que f ◦ g é contínua em x = 2.
Até o momento, vimos a definição de função contínua em um ponto x = a. O que apresentaremos agora
são as definições de funções contínuas em intervalos.
23
Definição 1.74 Dizemos que uma função f é contínua em um intervalo aberto I se f é contínua em
todos os pontos a ∈ I.
Exemplo 1.75 Pelo que vimos na Observação 1.68, podemos afirmar que as funções polinomiais e as funções
f (x) = sen(x), g(x) = cos(x) e h(x) = ex são funções contínuas em R.
1
Exemplo 1.76 A função f (x) = x−3 é contínua em quais intervalos abertos?
D(f ) = {x ∈ R; x 6= 3} .
Definição 1.77 Dizemos que uma função f é contínua em um intervalo fechado [a, b] se cumprir as
três condições abaixo:
Exemplo 1.78 Pelo que vimos no Exemplo 1.75, podemos afirmar que as funções polinomiais e as funções
f (x) = sen(x), g(x) = cos(x) e h(x) = ex são funções contínuas em qualquer intervalo aberto I, e também
são contínuas em qualquer intervalo fechado.
√
Exemplo 1.79 A função f (x) = x é contínua em todos os pontos do seu domínio D(f ) = {x ∈ R; x ≥ 0} =
[0, +∞).
Solução: Videoaula.
24
Finalizaremos essa seção com um dos principais resultados envolvendo continuidade.
Teorema 1.81 (Teorema do Valor Intermediário - TVI) Seja f uma função contínua em um intervalo
[a, b]. Se w ∈ R é tal que f (a) < w < f (b) (ou se f (b) < w < f (a)), então existe c ∈ (a, b) tal que f (c) = w.
Uma consequência imediata desse teorema é o seguinte resultado, que fornece uma maneira de localizar
as raízes reais de uma função.
Corolário 1.82 Se f é uma função contínua em [a, b] tal que f (a) · f (b) < 0, então existe c ∈ (a, b) tal que
f (c) = 0.
Exemplo 1.83 Considere a função f (x) = x4 − 2x2 − 3. Essa função possui raiz real? Justifique.
Solução: Videoaula.
Para finalizar esse capítulo, vamos apresentar alguns exemplos de aplicação, baseados no livro [Vil].
Solução: Videoaula.
Exemplo 1.85 ([Vil, Exemplo 5.1, p. 197]) Uma montadora de computadores determina que um empregado
após x dias de treinamento, monta m computadores por dia, onde:
20x2
m(x) = .
x2 + x + 5
Qual é o comportamento de m = m(x) para treinamentos longos?
Solução: Videoaula.
Exercício 1.86 Resolva os seguintes exercícios. (OBS: O PDF do livro citado nas letra (a) - (d) será
enviado por e-mail).
25
(a) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 183 - 185. Estudar os exemplos resolvidos e
complementá-los.
(b) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 187 - 190. Estudar os exemplos resolvidos e
complementá-los.
(c) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 191 - 195. Lista de exercícios. (Nenhum é
obrigatório, mas quanto mais exercícios você resolverem, melhor será o domínio do conteúdo).
(d) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 197 - 214. Capítulo 5, com várias aplicações
e exemplos. Estudar os exemplos resolvidos e complementá-los. (Nenhum é obrigatório, mas quanto mais
exercícios você resolverem, melhor será o domínio do conteúdo).
26
Capítulo 2
Nessa seção, entenderemos a interpretação geométrica da derivada, juntamente com sua definição formal
e com algumas das suas principais propriedades. Veremos que a derivada está relacionada com taxas de
variação em vários problemas e fenômenos.
Para os objetivos relacionados acima, vamos iniciar essa seção apresentando o seguinte problema:
Problema da reta tangente: Como deduzir a equação da reta tangente ao gráfico de uma função contínua
y = f (x) passando por um ponto P = (a, f (a))?
• A equação da reta tangente ao gráfico da função y = f (x) passando pelo ponto P = (a, f (a)) é da
forma:
y − f (a) = m(a).(x − a)
onde m(a) é o coeficiente angular (inclinação) da reta tangente no ponto P = (a, f (a)).
GRÁFICOOOOOOOOOO
O coeficiente angular mP Q da reta secante ao gráfico da função f passando pelos pontos P e Q é dado
por:
f (x) − f (a)
mP Q = .
x−a
Fazendo o ponto Q = (x, f (x)) se aproximar do ponto P = (a, f (a)), (ou seja, fazendo x → a), podemos
perceber que a reta secante se aproxima da reta tangente. Portanto, o coeficiente angular da reta secante
27
mP Q se aproxima do coeficiente angular m(a) da reta tangente que estamos considerando. Assim, se o
limite abaixo existir, então o coeficiente angular da reta tangente gráfico da função f passando
pelo ponto P é dado por:
f (x) − f (a)
m(a) = lim .
x→a x−a
Exemplo 2.1 Determinar a equação da reta tangente ao gráfico de f (x) = x2 nos pontos abaixo.
Solução: Videoaula.
Observação 2.2 Se o gráfico de y = f (x) representa a posição de um objeto móvel em função do tempo,
então:
• A velocidade média do objeto quando se move de P = (a, f (a)) ao ponto Q = (x, f (x)) é dada
por:
f (x) − f (a)
vmed (P Q) = mP Q = .
x−a
• A velocidade instantânea do objeto no tempo x = a é dada por:
f (x) − f (a)
vinst (a) = m(a) = lim ,
x→a x−a
se existir o limite.
Exemplo 2.3 Um objeto move-se de tal forma que a sua posição é dada por f (x) = 3x2 + x, onde f
representa a posição em km e x representa o tempo em horas.
Solução:
(a): No intervalo [1, 3] o objeto se moveu do ponto P = (1, f (1)) ao ponto Q = (3, f (3)). Como vimos na
observação anterior, a velocidade média desejada é dada por
(b): Como vimos na observação anterior, a velocidade instantânea desejada é dada por
=f (1)
z}|{ 0
2 0
f (x) − f (1) 3x + x − 4 z}|{
vinst (1) = m(1) = lim = lim =
x→1 x−1 x→1 x−1
28
3. x + 43 . (x − 1)
4 4
= lim = lim 3. x + = 3. 1 + = 7,
x→1 x−1 x→1 3 3
ou seja, a velocidade no instante x = 1 é de 7 km/h.
Observação 2.4 Considerando novamente uma função contínua y = f (x) e P = (a, f (a)), muitas vezes é
útil representar o ponto Q = (x, f (x)) da forma Q = (a + h, f (a + h)), ou seja, estamos escrevendo x = a + h,
de onde obtemos que:
• h = x − a.
• x → a ⇐⇒ h → 0.
f (x) − f (a)
m(a) = lim
x→a x−a
OU
f (a + h) − f (a)
m(a) = lim .
h→0 h
Exemplo 2.5 Um objeto move-se de tal forma que a sua posição é dada por f (x) = 3x2 + x, onde f
representa a posição em km e x representa o tempo em horas. Refazendo o Exemplo 2.3 (b) com a segunda
forma apresentada na observação acima, teríamos:
=f (1)
z}|{
2
f (1 + h) − f (1) 3(1 + h) + (1 + h) − 4
vinst (1) = m(1) = lim = lim =
h→0 h h→0 h
3 + 6h + 3h2 + 1 + h − 4 7h + 3h2 h.(7 + 3h)
= lim = lim = lim =
h→0 h h→0 h h→0 h
Exercício 2.6 Utilizando a segunda expressão de m(a) vista na Observação 2.4, encontre a equação da
reta tangente ao gráfico da função f (x) = x3 − 10, no ponto P = (a, f (a)) = (a, a3 − 10).
Observação 2.7 Vimos que o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de uma função contínua y =
f (x) no ponto P = (a, f (a)) é dado por
f (a + h) − f (a) f (x) − f (a)
m(a) = lim = lim
h→0 h x→a x−a
29
e vimos que se y = f (x) representa a posição de um objeto móvel em função do tempo, então o limite acima
representa a velocidade instantânea do objeto no instante x = a.
Na verdade, esse limite aparece em vários problemas e recebe o nome de derivada, conforme apresentamos
abaixo.
(c) f (x) = x2 .
Solução: Videoaula.
Exercício 2.10 Dada f (x) = x3 , calcule a derivada dessa função utilizando a definição.
Resposta: f 0 (x) = 3x2 .
Observação 2.11 Resumindo o que mostramos nos itens acima, temos que:
30
Antes de apresentarmos exemplos e regras de como calcular a derivada de uma função, precisamos do
seguinte conceito.
Definição 2.12 Uma função y = f (x) é dita derivável (ou diferenciável) em x = a se existir o limite
abaixo:
f (a + h) − f (a)
f 0 (a) = lim .
h→0 h
Geometricamente, y = f (x) é derivável nos pontos onde é possível traçar uma reta tangente ao gráfico.
"Se y = f (x) é contínua em x = a, não podemos afirmar que y = f (x) é derivável em x = a."
Exemplo 2.14 Seja f (x) = |x|. Já vimos no Exemplo 1.62 que essa função é contínua em x = 0. Vamos
ver que essa função não é derivável em x = 0.
Solução: Videoaula.
(
x2 + 2, se x ≤ 1
Exemplo 2.15 Seja f (x) = . Faça o que se pede.
x + 2, se x > 1
Solução: Videoaula.
(
x2 + 1, se x ≤ 1
Exercício 2.16 Seja f (x) = . Faça o que se pede.
2x, se x > 1
31
Proposição 2.17 (Regras de derivação:) Sejam f (x) e g(x) duas funções deriváveis e c ∈ R. Então vale
que:
(c) f (x) = x4 .
Solução: Videoaula.
−x4 −5x+2
(h) f (x) = −2x3 +3x2 −2x .
32
x2 +3
Exercício 2.20 Encontre a equação da reta tangente ao gráfico de f (x) = 3x−1 no ponto P = (1, 2).
(Sugestão: Lembre que o coeficiente angular da reta tangente no ponto P = (a, f (a)) é dado por m(a) = f 0 (a).
Solução: Videoaula.
cos(x)
(h) f (x) = 2sen(x)+6x .
33
π
(c) Encontre a equação da reta tangente ao gráfico de f (x) = tg(x) no ponto P = 4,1 .
(Sugestão: Lembre que o coeficiente angular da reta tangente no ponto P = (a, f (a)) é dado por m(a) = f 0 (a).
Nessa seção, veremos mais algumas propriedades das derivadas, bem como as derivadas das funções
exponenciais e logaritmas.
Teorema 2.25 (Regra da Cadeia) Se f é uma função derivável em ”x” e g é uma função derivável em
y = f (x), então a função composta g ◦ f é derivável em ”x” e sua derivada é dada por
34
Proposição 2.28 Derivada da função logaritmo e da função exponencial:
Proposição 2.30 Derivada da função inversa: Se f é uma função bijetora em seu domínio e f −1 é a
sua função inversa, então
−1 0 1
f (x) = .
f 0 (f −1 (x))
Solução:
Para utilizar a fórmula dada na proposição acima, precisamos calcular inicialmente a derivada da função
f:
f (x) = x2 =⇒ f 0 (x) = 2x.
−1 0 1 1 1
f (x) = = 0 √ = √ .
f 0 (f −1 (x)) f ( x) 2 x
35
Isso finaliza a solução da letra (a).
√
Note que, ao calcular a função f −1 (x) = x, poderíamos ter derivado diretamente reescrevendo
√ 1
f −1 (x) = x = x2
1
−1 1 −1 0 1 1 −1 x− 2 1 1
f (x) = x 2 =⇒ f (x) = .x 2 = = 1 = √ .
2 2 2x 2 2 x
Para utilizar a fórmula dada na proposição acima, precisamos calcular inicialmente a derivada da função
f:
f (x) = x3 =⇒ f 0 (x) = 3x2 .
−1 0 1 1 1 1
f (x) = = 0 √ = √ = √ .
f 0 (f −1 (x)) f ( 3 x) 3( 3 x)2 3
3 x2
Isso finaliza a solução da letra (b).
√
Note que, ao calcular a função f −1 (x) = x, poderíamos ter derivado diretamente reescrevendo
√ 1
f −1 (x) = 3
x = x3
Definição 2.32 (Derivadas de ordem superior) Seja f 0 (x) é a derivada de uma função f (x). Note f 0 (x)
também é uma função.
0 f 0 (x + h) − f 0 (x)
f 00 (x) = (f 0 (x)) = lim
h→0 h
então dizemos que f 00 (x) é a derivada segunda de f (também chamada derivada de segunda
ordem de f ).
0 f 00 (x + h) − f 00 (x)
f 000 (x) = (f 00 (x)) = lim
h→0 h
então dizemos que f 000 (x) é a derivada terceira de f (também chamada derivada de terceira ordem
de f ).
36
• As derivadas com ordem maior ou igual a 4 são definidas de maneria similar. No entanto, para
derivadas de ordem n ≥ 4 , a notação é a seguinte:
f (n) (x).
Exemplo 2.33 Encontre as cinco primeiras derivadas da função f (x) = 2x4 − 3x2 + x − 4.
Solução: Videoaula.
Exemplo 2.34 Encontre as três primeiras derivadas da função f (x) = e2x + sen(x3 ).
Solução: Videoaula.
Exercício 2.36 Exercícios extras para fixação, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês
fizerem, melhor será o entendimento do conteúdo.
(a) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 217 - 219. Estudar os exemplos resolvidos e
complementá-los.
(b) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 221 (Exemplo 6.4) - 228. Estudar os exemplos
resolvidos e complementá-los.
37
(c) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 233 (Seção 6.8 - Aproximação linear) - 238.
Estudar os exemplos resolvidos e complementá-los.
(d) Livro: Cálculo para Economia e Administração: página 243 - 244. Estudar os exemplos resolvidos e
complementá-los.
Observação 2.37 ATENÇÃO: o conteúdo para a Primeira Prova (P1) finaliza aqui. Daqui em diante
é conteúdo para a P2, ou seja, os resultados e propriedades que serão vistos daqui para frente não podem
ser utilizadas na prova P1 e nem no trabalho T1.
38
2.3 Teoremas Importantes e Aplicações da Derivada
Nessa seção, veremos vários teoremas importantes que utilizam derivadas para resolver determinados
problemas, como por exemplo: Teorema de L’Hopital e o Teorema de Rolle. Além disso, veremos algumas
das principais aplicações de derivadas, como por exemplo: crescimento e decrescimento de funções, extremos
relativos (máximos e mínimos locais e globais) e pontos de inflexão.
Antes de iniciarmos com a proposta acima mencionada, vamos apresentar a seguinte observação, que será
muito útil nos exemplos que veremos na sequência.
• lim ex = +∞.
x→+∞
• lim ex = 0.
x→−∞
Todos esses limites podem ser demonstrados e também ficam evidentes quando observamos os gráficos
dessas funções, que estão abaixo:
39
Agora estamos em condições de apresentar alguns dos principais resultados envolvendo derivadas.
Teorema 2.39 (Regra de L’Hopital para o caso ” 00 ”) Suponha que ” lim ” representa um dos seguintes
limites:
lim , lim , lim , lim , lim .
x→a x→a+ x→a− x→+∞ x→−∞
Se f e g são funções deriváveis, tais que lim f (x) = 0 e lim g(x) = 0, então
f (x) f 0 (x)
lim = lim .
g(x) g 0 (x)
cos(x) − 1
(b) lim .
x→0 x
sen(x)
(c) lim .
x→0 x
Solução: Videoaula.
∞
Teorema 2.41 (Regra de L’Hopital para o caso ” ∞ ”) Suponha que ” lim ” representa um dos seguintes
limites:
lim , lim , lim , lim , lim .
x→a x→a+ x→a− x→+∞ x→−∞
Se f e g são funções deriváveis, tais que lim f (x) = ±∞ e lim g(x) = ±∞, então
f (x) f 0 (x)
lim = lim .
g(x) g 0 (x)
40
−1
(d) Se f (x) = x e g(x) = x3 , calcule lim+ [f (x).g(x)].
x→0
1 −1
(e) Se f (x) = x e g(x) = sen(x) , calcule lim+ [f (x) + g(x)].
x→0
1 1
(f ) Se f (x) = x e g(x) = 1 − sen(x) , calcule lim [f (x) + g(x)].
x→0+
Solução: Videoaula.
EM CONFECÇÃO ......
41
Capítulo 3
Nessa seção, veremos o conceito de integral indefinida juntamente com algumas das suas principais pro-
priedades. Mas para entender esse conceito, precisaremos da seguinte definição.
Definição 3.1 Seja f : I −→ R uma função definida no intervalo I ⊂ R. Uma função F (x) é chamada
uma primitiva (ou uma antiderivada) da função f no intervalo I se
F 0 (x) = f (x), ∀ x ∈ I.
x3
• Se f (x) = x2 , então podemos ver que F (x) = 3 é uma primitiva de f (x) em R, pois
0
x3 3x2
F 0 (x) = = = x2 = f (x), ∀ x ∈ R.
3 3
x3
Note também que a função G(x) = 3 + 4 também é uma primitiva de f (x) em R, pois
0
x3 3x2
0
G (x) = +4 = = x2 = f (x), ∀ x ∈ R.
3 3
x3
Na verdade, qualquer função da forma F (x) = 3 + c, onde c ∈ R é uma primitiva de f (x) em R,
pois
0
x3 3x2
0
F (x) = +c = = x2 = f (x), ∀ x ∈ R.
3 3
42
• Se f (x) = cos(x), então podemos ver que F (x) = sen(x) é uma primitiva de f (x) em R, pois
0
F 0 (x) = (sen(x)) = cos(x) = f (x), ∀ x ∈ R.
Note também que a função G(x) = sen(x) − 3 também é uma primitiva de f (x) em R, pois
0
G0 (x) = (sen(x) − 3) = cos(x) = f (x), ∀ x ∈ R.
Na verdade, qualquer função da forma F (x) = sen(x) + c, onde c ∈ R, é uma primitiva de f (x) em
R, pois
0
F 0 (x) = (sen(x) + c) = cos(x) = f (x), ∀ x ∈ R.
• Se f (x) = 1
x, então, pelo que vimos nos exemplos acima, podemos ver que qualquer função da forma
F (x) = ln |x| + c, onde c ∈ R, é uma primitiva de f (x) em R, pois
0 1
F 0 (x) = (ln |x|) = = f (x), ∀ x ∈ R.
x
• Se f (x) = ex , então, pelo que vimos nos exemplos acima, podemos ver que qualquer função da forma
F (x) = ex + c, onde c ∈ R, é uma primitiva de f (x) em R, pois
0
F 0 (x) = (ex + c) = ex = f (x), ∀ x ∈ R.
• Se f (x) = a = constante, então, pelo que vimos nos exemplos acima, podemos ver que qualquer função
da forma F (x) = ax + c, onde c ∈ R, é uma primitiva de f (x) em R, pois
0
F 0 (x) = (ax + c) = a = f (x), ∀ x ∈ R.
Com o exemplo acima, podemos perceber que, se existe a primitiva de uma função, essa primitiva não é
única. Isso nos fornece a definição abaixo.
Definição 3.3 (Integral Indefinida): Seja F (x) uma primitiva da função f : I −→ R. A expressão
F (x) + c, onde c ∈ R, é chamada integral indefinida de f (x) e é denotada por
Z
f (x) dx = F (x) + c, c ∈ R.
Combinando o que vimos no Exemplo 3.2 com a definição acima, podemos reescrever o Exemplo 3.2 da
seguinte maneira.
x3
Z
• x2 dx = + c, c ∈ R.
3
43
Z
• cos(x) dx = sen(x) + c, c ∈ R.
Z
1
• dx = ln |x| + c, c ∈ R.
x
Z
• ex dx = ex + c, c ∈ R.
Z
• a dx = ax + c, c ∈ R.
Exercício
Z 3.5 Calcule as seguintesZ integrais indefinidas.
(a) x3 dx. (g) −sen(x) dx.
Z Z
(b) x4 dx. (h) sen(x) dx.
Z Z
(c) x−2 dx. (i) −cos(x) dx.
Z Z
(d) x−3 dx. (j) −ex dx.
Z
R
(e) 4 dx. (k) −2 dx.
Z
(f ) xn dx, onde n ∈ Z − {−1}. (Se n = −1, qual a diferença?)
Observação 3.6 Com o que vimos até o momento, podemos perceber que:
Z
• f (x) dx = F (x) + c, c ∈ R ⇐⇒ F 0 (x) = f (x).
Isso segue diretamente da Definição 1.3.
Z
• f 0 (x) dx = f (x) + c, c ∈ R.
Essa propriedade nos diz que: "Se primeiro derivarmos uma função f (x), vamos obter f 0 (x) e se após
formos calcular a integral indefinida de f 0 (x), o resultado será a função inicial f (x) adicionada de uma
x3
constante. Por exemplo, se tomarmos f (x) = 3 + 5, então f 0 (x) = x2 . Mas ao calcular a integral
indefinida de f 0 (x), obtemos
ver Exemplo 1.4
x3
Z Z
f 0 (x) dx = x2 dx + c, c ∈ R
z}|{
=
3
e essa expressão final pode ser reescrita como
= constante
x3 x3 z }| {
+c = + 5 + (c − 5) = f (x) + (c − 5) .
3 3
Vejamos algumas propriedades da integral indefinida que irão nos auxiliar durante esse curso.
44
Teorema 3.7 (Linearidade da integral indefinida) Sejam F (x) e G(x) são primitivas de f : I −→ R e
g : I −→ R, respectivamente, onde I ⊂ R é um intervalo, e α, β ∈ R. Então α.F (x) + β.G(x) é uma
primitiva da função α.f (x) + β.g(x) e vale que
Z Z Z
(α.f (x) + β.g(x)) dx = α. f (x) dx + β. g(x) dx.
Exemplo 3.8 Utilizando o Exemplo 3.4 juntamente com o Teorema 3.7, podemos fazer o seguinte:
Z T eor 3.7 Z Z Ex 3.4 3
x
• 2
(4x − 2cos(x)) dx 2
4 x dx − 2 cos(x) dx = 4 + c1 − 2.(sen(x) + c2 ) =
z}|{ z}|{
=
3
4x3
= − 2sen(x) + 4c1 − 2c2 , onde c1 , c2 ∈ R.
3
Como c1 e c2 são constantes, podemos reescrever 4c1 −2c2 = C, onde C ∈ R, ou seja, podemos simplificar
a manipulação acima e, de agora em diante, vamos realizar essas operações como descreveremos
abaixo:
T eor 3.7 Ex 3.4
x3
Z Z
• (4x2 − 2cos(x)) dx x2 dx − 2
R
− 2.(sen(x)) + C =
z}|{ z}|{
= 4 cos(x) dx = 4.
3
4x3
= − 2sen(x) + C, onde C ∈ R.
3
Teorema 3.9 Se F (x) e G(x) são duas primitivas da função f : I −→ R, onde I ⊂ R é um intervalo, então
G(x) − F (x) = C, para alguma constante C ∈ R.
Observação 3.10 Como podemos perceber, o processo de integrar se reduz a descobrir uma função conhe-
cendo apenas a sua derivada. Usando a tabela de derivadas, obtemos uma lista de integrais, por exemplo:
Z
1
2
dx = arctg(x) + C, onde C ∈ R,
x +1
pois (arctg(x))0 = 1
x2 +1 . No entanto, nem sempre é imediato (ou fácil) descobrir a função desejada, mesmo
usando a tabela. Por essas razões, o que vamos estudar agora são os métodos de integração, cujo objetivo
nesse curso será:
"Resolver integrais indefinidas, de vários tipos, utilizando os métodos de integração para recair em
integrais simples e básicas (como, por exemplo, as que vimos no Exemplo 1.4)."
Observação 3.11 ATENÇÃO: Ao final desse capítulo, explicitarei uma lista de integrais que poderão
ser utilizadas nas avaliações sem a necessidade de justificá-las.
45
3.2 Métodos de Integração
Nessa seção, veremos quatro dos principais métodos de integração utilizados para a resolução de integrais
indefinidas, juntamente com vários exemplos para auxiliar no entendimento de cada um deles.
Utilizamos esse método quando estamos diante de uma integral do tipo abaixo:
Z
f (g(x)).g 0 (x) dx. (∗)
u = g(x) (I)
46
Solução: Videoaula.
Z
1
Observação 3.13 Note que o argumento utilizado para resolver a integral dx pode ser refeito para
x+2
a integral abaixo Z
1
dx
x+a
para qualquer constante a ∈ R. Portanto, a integral abaixo pode ser utilizada como uma das simples e básicas:
Z
1
dx = ln |x + a| + C, onde C ∈ R.
x+a
Z
Observação 3.14 Note que o argumento utilizado para resolver a integral e2x dx pode ser refeito para a
integral abaixo Z
eax dx
para qualquer constante a ∈ R∗ . Portanto, a integral abaixo pode ser utilizada como uma das simples e básicas:
eax
Z
eax dx = + C, onde C ∈ R.
a
(c) Exercícios 5.2 - [SWO1, páginas 324-325] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista tem 63 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.
47
3.2.2 Método da Integração por Partes
Esse método é muito similar ao anterior, mas tem algumas particularidades que apresentaremos abaixo.
Se u = f (x), v = g(x) e se f 0 e g 0 são contínuas no domínio das funções, então temos que
du = f 0 (x) dx e dv = g 0 (x) dx
Ou seja,
=u =dv =u =v =v =du
Z z}|{ z }| { z}|{ z}|{ Z z}|{ z }| {
0 0
f (x) . g (x) dx = f (x) . g(x) − g(x) . f (x) dx .
Solução: Vamos apresentar duas formas de solução, a primeira seria a forma natural de solução, mas conforme
veremos, essa parte pode ser simplificada, e, portanto, seguiremos o método da segunda solução.
=⇒ v = ex + c2 − c1 , onde c1 , c2 ∈ R.
v = ex + c3 , onde c3 ∈ R. (III)
48
Z Z =u =dv =u =v Z z =v =du
x z}|{ zx}| { z}|{ z x }| { x
}| { z}|{
x.e dx = x . e dx = x . (e + c3 ) − (e + c3 ) . 1 dx =
Z Z
= x.ex + c3 x − ex dx + c3 dx = x.ex + c3 x − (ex + c4 + c3 x + c5 ) =
ou seja, Z
x.ex dx = x.ex − ex − c4 − c5 , onde c4 , c5 ∈ R. (IV )
u=x e dv = ex dx (I)
Z Z =u =dv =u =v =v
Z z}|{ =du
x z}|{ zx}| { z}|{ z}|{
x x
z}|{
x.e dx = x . e dx = x . e − e . 1 dx =
Z
= x.ex − ex dx = x.ex − ex + C, onde C ∈ R (V )
49
Z
Exemplo 3.17 Resolva a integral x.e2x dx.
Solução: (Videoaula)
Z
Exemplo 3.18 Resolva a integral ln(x) dx.
Solução: (Videoaula)
Z
Exemplo 3.19 Resolva a integral x2 .sen(x) dx.
Solução: (Videoaula)
(e) Exercícios 9.1 - [SWO1, páginas 583 - 584] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista tem 54 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.
Esse método é muito utilizado para integrar funções racionais, ou seja, funções f (x) da forma
P (x)
f (x) =
Q(x)
onde P (x) e Q(x) são polinômios tais que Grau(P (x)) < Grau(Q(x)).
50
Esse método depende, basicamente, da fatoração do polinômio Q(x) em fatores lineares (que correspondem
as suas raízes) e em fatores quadráticos irredutíveis.
Essa fatoração de Q(x) fornece quatro casos possíveis, os quais apresentaremos abaixo.
Observação 3.21 Em todos os quatro casos dessa seção, vamos supor que
P (x)
f (x) =
Q(x)
onde P (x) e Q(x) são polinômios tais que Grau(P (x)) < Grau(Q(x)) e vamos supor que Q(x) é mônico,
ou seja, o coeficiente do termo de maior grau em Q(x) é 1.
Por exemplo: Q(x) = 2x3 − 2x + 1 não é mônico, pois o coeficiente da maior potência de x é 2 (6= 1). Já
Q(x) = x3 − 2x + 6 é mônico, pois o coeficiente da maior potência de x é 1.
Q(x) = (x − r1 ) · (x − r2 ) · ... · (x − rn )
onde ri ∈ R são raízes de Q(x), para todo i = 1, 2, ..., n e esses ri s são dois a dois distintos. Nesse caso,
reescrevemos f (x) como
P (x) A1 A2 An
f (x) = = + + ... +
Q(x) (x − r1 ) (x − r2 ) (x − rn )
onde A1 , A2 , ..., An são constantes a serem determinadas.
3x − 2
Z
Exemplo 3.22 Resolva a integral dx.
x2 + 3x − 10
Solução: Videoaula.
Observação 3.23 Se o Grau(P (x)) > Grau(Q(x)), primeiramente dividimos P (x) por Q(x) para depois
usarmos frações parciais, conforme apresentamos no próximo exemplo.
x3 + 5x2 − x − 22
Z
Exemplo 3.24 Resolva a integral dx.
x2 + 3x − 10
Solução: Videoaula.
Q(x) = (x − r1 ) · (x − r2 ) · ... · (x − rn )
51
onde ri ∈ R são raízes de Q(x), para todo i = 1, 2, ..., n e alguns desses ri s são repetidos. Nesse caso,
faremos da seguinte maneira:
• O item acima é feito para cada fator linear repetido, conforme veremos nos exemplos nas video-
aulas.
3x2 + 4x + 2
Z
Exemplo 3.25 Resolva a integral dx.
x3 + 2x2 + x
Solução: Videoaula.
CASO 3: Q(x) se decompõe em fatores lineares e em fatores quadráticos irredutíveis (que são fatores
quadráticos que não possuem raiz real, como por exemplo x2 + 1), sendo que os fatores quadráticos
irredutíveis NÃO se repetem. Nesse caso, faremos da seguinte maneira:
• A cada o fator quadrático ax2 + bx + c que é irredutível, associamos uma expressão da forma:
Cx + D
ax2 + bx + c
onde C, D ∈ R são constantes a serem determinadas, conforme veremos nos exemplos nas videoaulas.
8x2 + 3x + 20
Z
Exemplo 3.26 Resolva a integral dx.
x3 + x2 + 4x + 4
Solução: Videoaula.
CASO 4: Q(x) se decompõe em fatores lineares e em fatores quadráticos irredutíveis sendo que
alguns dos fatores quadráticos irredutíveis se repetem. Nesse caso, faremos da seguinte maneira:
52
• Os fatores lineares são tratados como nos CASOS 1 e 2.
• Os fatores quadráticos irredutíveis que NÃO se repetem são tratados como no CASO 3.
(ax2 + bx + c)k
x3 + x + 2
Z
Exemplo 3.27 Resolva a integral dx.
x(x2 + 1)2
Solução: Videoaula.
(a) Exercícios 9.4 - [SWO1, páginas 603 - 604] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista possui 44 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.
(b) Exercícios 10.4 - [LEI1, páginas 425 - 426] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista possui 34 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.
(c) Exercícios 10.5 - [LEI1, página 429] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista possui 29 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.
Nessa seção, veremos o conceito de integral definida, juntamente com algumas das suas principais pro-
priedades. Veremos também como calcular esse tipo de integral utilizando um dos principais teoremas desse
capítulo, a saber, o Teorema Fundamental do Cálculo.
53
Uma das motivações para o estudo de integrais baseia-se no seguinte problema:
Problema 1: Sejam f, g : [a, b] −→ R duas funções contínuas. Como determinar a área da região plana R
delimitada pelo gráfico das funções y = f (x), y = g(x) e pelas retas x = a e x = b? (Veja figura abaixo).
FIGURA: (Videoaula)
Problema 2: Seja f : [a, b] −→ R uma função contínua tal que f (x) ≥ 0, para todo x ∈ [a, b]. Como
determinar a área da região plana R delimitada pelo gráfico da função y = f (x), o eixo x (reta y = 0) e pelas
retas x = a e x = b? (Veja figura abaixo).
FIGURA: (Videoaula)
Para entendermos a ideia para responder esses problemas, vamos apresentar alguns conceitos e resultados
de maneira geral, para, posteriormente, apresentarmos exemplos e aplicações. Para simplificar as figuras e
a escrita, vamos nos basear no Problema 2 e na Figura 2. (O Problema 1, conforme veremos, é uma
adaptação das ideias envolvidas para responder o Problema 2).
Definição 3.29 Um subconjunto P = {x0 , x1 , ..., xn } ⊂ [a, b] é chamado uma partição de [a, b] de ordem
”n” se
a = x0 < x1 < ... < xn = b.
• Para simplificar a notação e a figura abaixo, vamos supor que dividimos o intervalo [a, b] em ”n”
intervalos com mesmo comprimento ∆x = b−a
n .
• Para cada i = 1, 2, ..., n, considere o retângulo Ri limitado pelas retas x = xi−1 , x = xi , y = 0 (eixo
x) e y = f (ci ), conforme podemos ver na figura abaixo.
FIGURA: (Videoaula)
Note que obtemos ”n” retângulos Ri , com i = 1, 2, ..., n, cuja soma das áreas é uma "aproximação" da
área da região R. Como a área de cada retângulo Ri é dado por
54
que é chamada soma de Riemann da função y = f (x).
"Conforme o valor de ”n” cresce (ou seja, quanto mais subintervalos considerarmos em [a, b]), a soma
Sn se aproxima cada vez mais da área da região R."
Para mais detalhes de como isso é provado, ver, por exemplo, [LIMA, Capítulo IX]. Com isso, temos o
seguinte conceito.
Definição 3.30 Seja f : [a, b] −→ R uma função contínua tal que f (x) ≥ 0, para todo x ∈ [a, b]. A área da
região plana R delimitada pelo gráfico da função y = f (x), pelo eixo x e pelas retas x = a e x = b é dada
por
n
X
A(R) = lim f (ci ).∆x.
∆x→0
i=1
• ∆x → 0 ⇐⇒ n → +∞.
• Pode-se mostrar que o limite acima sempre existe e é igual a A(R), independente das escolhas dos
ci s.
• Supomos, anteriormente, que os subintervalos tinham o mesmo comprimento ∆x. Mas essa condição
não é necessária, ou seja, poderíamos ter realizado a mesma análise acima com subintervalos com
comprimentos distintos, e mesmo assim, o limite acima existiria.
• A existência do limite acima está diretamente ligado ao fato que supomos que a função f era contínua
em [a, b].
Para mais detalhes de como essas afirmações são demonstradas, ver, por exemplo, [LIMA, Capítulo IX].
Com base na análise feita para funções contínuas, apresentamos agora o conceito de integral definida para
uma função f genérica.
Definição 3.32 Sejam f : [a, b] −→ R uma função definida em [a, b] e P = {x0 , x1 , ..., xn } ⊂ [a, b] uma
partição de [a, b]. Denotaremos o comprimento do intervalo [xi−1 , xi ] por ∆i x e considere um ponto ci ∈
[xi−1 , xi ], para cada i = 1, 2, ..., n.
A integral definida de f de ”a” até ”b” é denotada por
Z b
f (x) dx
a
e é definida por
Z b n
X
f (x) dx = lim f (ci ).∆i x.
a ∆i x→0
i=1
55
se este limite existir e Z a
f (x) dx = 0.
a
• Se o limite na Definição 3.32 existe, ele independe das escolhas feitas, assim como na definição de Área
(Definição 3.30). Portanto, tal limite deve ter um único valor.
Definição 3.33 Seja f : [a, b] −→ R uma função definida em [a, b]. Se a integral definida
Z b n
X
f (x) dx = lim f (ci ).∆i x.
a ∆i x→0
i=1
Teorema 3.34 Se f : [a, b] −→ R é uma função contínua em [a, b], então f é integrável em [a, b].
56
Proposição 3.36 Sejam f, g : [a, b] −→ R duas funções integráveis em [a, b] e α, β ∈ R. Então valem as
seguintes propriedades:
• Se a < c < b e f (x) é integrável em [a, c] e em [c, b], então f (x) é integrável em [a, b] e
Z b Z c Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a c
Já vimos a definição de integral definida e algumas das suas propriedades, mas: como calcular a integral
definida?
Quem responde a essa pergunta é um dos mais importantes teoremas que veremos nesse curso, o qual
apresentamos abaixo.
Teorema 3.37 (Teorema Fundamental do Cálculo) Seja f : [a, b] −→ R uma função contínua em [a, b]
e seja F (x) uma primitiva para f (x) em [a, b] (isto é, F 0 (x) = f (x), ∀ x ∈ [a, b]). Então
Z b
f (x) dx = F (x)|ba = F (b) − F (a).
a
• Para calcular o valor da integral definida de uma função f (x), basta encontrar uma primitiva F (x)
e calcular F (b) − F (a).
57
Vejamos alguns exemplos para entender como calcular integrais definidas.
Solução: Videoaula.
(d) Exercícios 6.6 - [LEI1, página 262, Exercícios 1 ao 22] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista possui 22 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.
(e) Exercícios 5.5 - [SWO1, páginas 359-360] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista possui 34 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.
(f ) Exercícios 5.6 - [SWO1, páginas 373-374, Exercícios 1-36 ] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Essa lista possui 36 exercícios, nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem,
melhor vai ser para o domínio das manipulações.
Observação 3.42 ATENÇÂO: Abaixo vou descrever as primitivas imediatas que podem ser utili-
zadas diretamente nas avaliações, sem auxílio de métodos de integração:
Z
• k dx = kx + C, C ∈ R.
58
xr+1
Z
• xr dx = + C, C ∈ R, para r 6= −1.
r+1
Z
1
• dx = ln |x + a| + C, C ∈ R.
x+a
ekx
Z
• ekx dx = + C, C ∈ R, para k 6= 0.
k
Z
• cos(x) dx = sen(x) + C, C ∈ R.
Z
• sen(x) dx = −cos(x) + C, C ∈ R.
Z
• sec2 (x) dx = tg(x) + C, C ∈ R.
Z
1
• dx = arctg(x) + C, C ∈ R.
x2 + 1
Até o presente momento, quando trabalhamos com integral definida, em geral consideramos funções
contínuas em um intervalo limitado e fechado do tipo [a, b]. Agora, estenderemos esta definição para casos
em que as funções estão definidas em intervalos do tipo:
c ∈ (a, b).
Definição 3.43 Seja f uma função integrável em [a, t], ∀ t > a. Definimos
Z +∞ Z t
f (x) dx = lim f (x) dx
a t→+∞ a
se este limite existir, como sendo a integral imprópria de f estendida ao intervalo [a, +∞).
59
Definição 3.44 Seja f uma função integrável em [t, b], ∀ t < b. Definimos
Z b Z b
f (x) dx = lim f (x) dx
−∞ t→−∞ t
se este limite existir, como sendo a integral imprópria de f estendida ao intervalo (−∞, b].
Definição 3.45 Seja f uma função integrável em [−t, t], ∀ t > 0. Definimos
Z +∞ Z 0 Z +∞
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx =
−∞ −∞ 0
Z 0 Z t
= lim f (x) dx + lim f (x) dx
t→−∞ t t→+∞ 0
se estes limites existirem, como sendo a integral imprópria de f estendida ao intervalo (−∞, +∞).
Observação 3.46 Nas Definições 3.43, 3.44 e 3.45, se os limites existirem (ou seja, resultam em um
número real, dizemos que as integrais impróprias são convergentes. Caso contrário, dizemos que são
divergentes.
Agora vamos analisar os casos em que f é descontínua em algum ponto c ∈ [a, b].
60
2. Se f é contínua em (a, b] e descontínua em ”a”, então
Z b Z b
f (x) dx = lim+ f (x) dx
a t→a t
Z 5
1
(a) √ dx.
2 x−2
Z 0
1
(b) dx.
−1 x
Z 3
1
(c) dx.
0 x−1
Solução: Videoaula.
Observação 3.50 Se não tivéssemos observado a assíntota x = 1 na letra (c) do exemplo acima, teríamos
calculado: Z 3
1
dx = ln |x − 1||30 = ln |2| − ln | − 1| = ln |2| ERRADO.
0 x−1
Desse modo, de agora em diante, devemos observar primeiro se a função dada é contínua ou
não no intervalo de integração que foi dado.
Para finalizar esse capítulo, vamos apresentar um critério que pode nos garantir a convergência ou diver-
gência de algumas integrais.
Teorema 3.51 (Critério de Comparação): Se f e g são funções integráveis em [a, t], ∀ t > a, e vale que
0 ≤ f (x) ≤ g(x), ∀ x ≥ a, então:
Z +∞ Z +∞
• Se g(x) dx converge, então f (x) dx converge.
a a
61
Z +∞ Z +∞
• Se f (x) dx diverge, então g(x) dx diverge.
a a
Z +∞
Exemplo 3.52 Sem calcular a integral, verifique que e−x .sen2 (x) dx é convergente.
0
Solução: Videoaula.
+∞
x3
Z
Exemplo 3.53 Sem calcular a integral, verifique que dx é divergente.
1 x4 + 3
Solução: Videoaula.
(a) Exercícios 10.3 - [SWO1, página 641 - 642, Exercícios: 1-28] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem, melhor vai ser para o domínio
das manipulações.
(b) Exercícios 10.4 - [SWO1, página 650, Exercícios: 1-30] da "Lista de exercícios para P1".
Observação: Nenhum é obrigatório, mas quanto mais exercícios vocês fizerem, melhor vai ser para o domínio
das manipulações.
62