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UNIDADE 3 aula 3

A comunidade educacional e o processo de reflexão filosófica sobre educação.

Valores e Educação

Objetivos da Aula:

Provocar a reflexão sobre o conceito de valores, distinguir a formação escolar e a educação


familiar, apontar o papel da escola e dos educadores na construção de valores como princípios
da formação do sujeito.

Requer uma compreensão do sujeito, “ser humano”, em toda sua complexidade. Significa não
ter um ponto de partida ou de chegada, pois, os valores se dimensionam na medida das
necessidades e potencialidades dos sujeitos.

segundo Morin (2012), Dimensionar o sujeito, significa dizer que nossa mente se divide em
duas, conforme olhamos o mundo de modo reflexivo ou compreensivo, ou de modo científico
e determinista. Vislumbrar o sujeito no todo, significa salva-lo do desaparecimento
determinista redutor.  Assim, podemos identificar os valores pelos quais a humanidade
se constituiu e se transforma, e, portanto, da própria educação como forma
emancipatória, ainda que dependente do meio ambiente biológico, cultural ou social.
cabe salientar que o significado de valor não é sinônimo de valioso. Ainda que, os
objetivos apresentados quando elegemos valores sejam valiosos, este não está
relacionado a ganho pessoal, mas sim coletivo. Tampouco pode-se aferir valor
econômico ao sentido de valor que discutimos aqui.

Valores
O ser humano é cultural, transformador da natureza para atender suas necessidades.
Da mesma forma, ele planeja e estabelece prioridades dentre as necessidades
fazendo escolhas a partir de valores.

De acordo com Aranha (1996),


O sistema de valores que cada sujeito expressa, no âmbito individual ou
coletivo, o leva aos sentimentos de atração e retração, desejo e repulsa,
entre outros. Destaca ainda, que esse sistema de valores está presente
na sociedade antes do nascimento do sujeito, onde já está
predeterminado valores e significados que são ensinados desde a
infância.
Alguns exemplos desses valores são observados nos comportamentos e hábitos,
quando estamos na rua, na mesa de jantar, entre outros. Aranha (1996), ensina que
os valores abraçam todos os níveis da vivência humana, essa diversidade de valores
está presente nos aspectos econômicos, lógicos, éticos, estéticos, religiosos, e por
sua amplitude, seria impossível viver sem eles.
Valores e Práticas educativas
Entretanto, na escola os valores constituem a base das disputas entre tendências pedagógicas,
uma vez que não há neutralidade ou não intencionalidade na ação pedagógica escolar. Toda
escolha é fundada em valores.

Arantes (2007) defende que a escola intencionalmente promova a educação de


valores, que para a autora, não são heranças. Portanto, são reflexos de sentimentos
positivos projetados que despertam a disposição de repetir os comportamentos
desejáveis. A repetição, não é mecanizada, uma vez que, foi aprendida, avaliada
segundo motivações apresentadas pelas emoções e razões.

Aranha (1996) apresenta que a educação de valores passa pela formação moral, lembra que os
valores morais são aprendidos e nessa perspectiva, o professor é um professor de moral, e
assim, a intencionalidade de sua ação é fundamental.

Corrobora nesse sentido, Freire (1996) ao lembrar que: 

a autonomia docente, passa por uma rigorosidade metódica, em que


sua prática esteja de acordo com sua teoria, que a ética do educador se
reflete como um compromisso de sua intencionalidade ao ensinar e
aprender e do aprender ao ensinar.
Nesse processo o professor que é aquilo que fala, não só aparenta o que fala, se torna símbolo
da virtude na construção do caráter, um sujeito de prestígio, que no entanto, não exerce
autoritarismo, mas a autoridade do exemplo.

Para Aranha (1996), o sujeito forma sua consciência no processo educativo, o sistema de
valores que aprende, reconhece e pratica passam a valorizar as virtudes de sujeitos numa
sociedade do “bem viver”. Uma sociedade em que os objetivos indicados pelos valores são
alcançados ou tangíveis de alcançar.

Nessa perspectiva, ao observar que a educação de valores é voltada para o sujeito, e que desse
sujeito se espera autonomia e liberdade para aprender e construir os valores que escolhe para
a vida social. Destacamos que, “os valores indicam as expectativas, as aspirações que
caracterizam o ser humano em seu esforço de transcender-se a si mesmo e à sua situação
histórica, como tal marcam aquilo que deve ser em contraposição aquilo que é”.

Morin (2012), ensina que a complexidade que forma o sujeito, guarda a necessidade de
transformar o pensamento, nesse sentido, a “ética” se apresenta como conjunto de valores
pelos quais reconhecer que a incompletude dos sujeitos é característica comum. Essa
incompletude é apresentada por Freire (1996), que ao identificar que além de incompletos
somos inacabados, provoca a reflexão para que os educadores busquem valorar aquilo que é
do cotidiano, não para assimila-lo, mas para transforma-lo.

As ressignificações que marcam o processo educativo, se faz de maneira dialógica.

Gadotti (2009) indica que o professor como mediador, recupera Rousseau e Gusdorf, aprender
e ensinar, construir e transformar, constituem a prática educativa em que todos são sujeitos
que apresentam valores, não sendo uma imposição ou doutrinação via autoridade, visto que
cada sujeito aprendente deve trilhar seu próprio caminho.
Saviani (2002) indica que os valores nos colocam diante dos problemas objetivos. Com efeito,
um objetivo é aquilo que ainda não foi alcançado, mas que deve ser alcançado. A partir da
valoração é possível definir objetivos para a educação.

Professor e aluno na educação de valores

Se considerarmos que a escola é espaço social pelo qual os educandos tem acesso a vida
social, os valores difundidos em casa, serão agora consolidados ou questionados.
Tomamos o conceito de espaço social de Bourdieu (1996) que ele é a realidade primeira
e última já que comanda até as representações que os agentes sociais podem ter dele.
Assim, professor e aluno são atores sociais que na escola interagem no controle das
relações que serão cultivadas por eles no cotidiano. Lembrando que não neutralidade na
ação, ao analisar o professor como ator social, Tardif e Raymond (2000) dizem que
durante a trajetória de suas vivências o professor adquire diversos conhecimentos e
representações, que na sua trajetória profissional vão sendo desenvolvidos e
modificados pelas regras, valores e saberes vivenciados na experiência.
Com isso, o professor não é um sujeito de valores estáticos, acompanha o movimento que o
espaço social escolar apresenta, produzindo e reproduzindo o sentido dos valores escolhidos a
serem desenvolvidos.

Os valores não são desejos pessoais, uma vez que, possuem uma dimensão
intersubjetiva como ensina Aranha (1996), que o valor escolhido apresenta o efeito de
responsabilização e de reciprocidade. Um dos desafios para educação de valores na
escola, está na imersão cultural, em que os meios de comunicação inundam o espaço
social escolar, de forma que o diálogo e a reflexão na ação professor/aluno seja reduzido
a reprodução de valores utilitaristas.

Contextualização

Há tempos é discutido no âmbito social e educacional, a chamada “crise de valores”. A escola,


os professores e alunos estão sob a disputa de concepções ideológicas, onde os valores, que
compõem o ideário organizacional para a vida e o convívio social são definidos, produzidos,
consolidados para manutenção de uma coesão social.

Quando apresentamos as vertentes filosóficas das quais os valores são “bens” imateriais e
significam o sentido da própria existência humana em sociedade. Provoca a reflexão tanto na
prática pedagógica, como das intencionalidades que formam professores e alunos dentro do
espaço escolar.

Compreender que o sujeito é mais que uma parte, que constitui um todo no qual é um dos
elementos a serem observados na ética da existência e que os valores decorrentes dessa ética
significam a transformação histórica da realidade vivida é o objetivo da ação educativa.

Com isso, revelamos que moralidade, estética, economia, família, religião, vida, liberdade,
política, cultura, entre outros. Estão constantemente na disputa entre a mudança e
permanência, e que, tanto uma quanto outra decorrem dos valores escolhidos no tempo e no
espaço social vivido pelos atores envolvidos. Na escola essa relação é entre professor e aluno.

Existe a necessidade do cuidado, pois o professor não deve ser o doutrinador de seus valores,
mesmo que, ele esteja consolidado socialmente. Cada indivíduo deve ter a liberdade como
princípio e valor ativo, o professor com a liberdade de ensinar e o aluno com a liberdade de
questionar, colocar em dúvida e ressignificar, desconstruir e construir seu caminho de
escolhas.

VIDEO AULA

 Quando pensamos na educação, devemos levar em conta que existem valores que
fundamentam a ação educadora. Esses valores são do convívio familiar e também se
consolidam ou são transformados na educação escolar. Assim, entramos diretamente
ou começaremos a abordar a questão moral. O que existe de moralidade dentro
desses valores familiares.
 O professor e a escola cria regras, ele está trabalhando com valores. Quando os
valores dentro de sala de aula é quebrado, a criança cobra o valor da justiça. Ter noção
que esse valor está em construção desse valor, é importante para que se consolide de
forma pratica, para que passe a ter sentido na vida desse criança e do futuro cidadão.
 O valor deve estar relacionado a própria ação do professor. O professor tem que ter os
valores como exemplo. Todas essas características ou tudo aquilo que buscamos
transmitir ou passar como valor, tem que ter um significado real. E essa realidade se
concretiza na ação do professor, é ele o exemplo do valor. Não dá pra falar de
honestidade, sem ser honesto.
 O valor só tem sentido (pensando no aspecto moral) se está relacionado de fato a sua
vida.
Exemplo; Um homem muito respeitado por seus valores, ganhou um anel da
invisibilidade, e com isso se perderam seus valores e princípios. Ou seja, os valores não
estavam consolidados em sua vida. Eram valores que existiam para o outro e não para
si.
 A existência do valor tem que ser para si, se fazendo fundamental no processo
educativo. Os educandos pelos quais trabalhamos os valores tem que compreender
que esse valor tem sentido para além do outro, para si próprio. E nessa correlação
entre ele e o outro, esse valor se torna um bem consolidado.
 Trabalhamos numa linha tênue entre a ética e a moral. Ética é aquilo que projetamos,
planejamos para a vida. A moral é aquilo que regra a minha existência com o outro.
Trabalhar tudo isso, é fundamentar a própria convivência. Sem valores não há a
convivência.
 Essa convivência em território escolar, vai se perpetuar para a sociedade. São
convivência ou são valores que todo indivíduo vai regrar sua conduta, sua ação, no
meio social. Essa ação não deve ser apenas para o outro, deve ser uma ação para si.
Independente da presença do outro, preciso reconhecer esse valor em mim.

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