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MESTRADO EM ESTUDOS E GESTÃO DA CULTURA

INVENTÁRIO E INTERPRETAÇÃO PATRIMONIAL

Ano letivo 2020-2021 | 1º Semestre

Aluno: José Vieira

Comentário ao excerto de texto Winter, Tim (2013), “Clarifying the critical in critical
heritage studies”, International Journal of Heritage Studies, Vol. 19 (6), pp. 532–545

A modernização dos imensos contextos sociais, económicos e políticos empurrou a


globalização para um plano muito mais relevante, tornando-se necessária uma aproximação
alternativa aos estudos críticos do património. Este artigo propõe dois métodos para o
conseguir: o primeiro passa pela modernização e resolução de uma relação instável entre o
setor de conservação (orientado pelo materialismo científico) e as abordagens cientifico-
humanísticas ao património; e um segundo onde se torna indispensável o entendimento da
correlação dos estudos críticos do património com os desafios regionais de cada contexto,
tendo em conta a força ocidental que a atualiza.

São apontados diversos estudos e estatísticas que traçam esta correlação de uma forma muito
específica, desde ao fluxo populacional (em termos de habitação, de onde nasce uma
necessidade de expansão e reorganização das cidades), às faixas etárias dominantes (pela
relação que estas têm com o património), aos focos político-económicos (“The widespread
trend towards the incorporation of cultural quarters or hubs into planning processes means
museums, historic waterfronts, historic properties and urban parks, which together constitute
an urban heritage, help position cities in these regions on the global stage. In the new cultural
economies of heritage, Mexico City, Abu Dhabi, Macau and Seoul all now promote their
‘unique’ pasts in an effort to attract tourists, business travellers and expatriates. Crucially,
much of the economic impetus for such initiatives now stems from domestic and intra-
regional forms of mobility and consumption associated with fast rising middle classes”
(Winter et al. 2009)), e até mesmo nos contextos sociopolíticos (“In June 2012, for example,
UNESCO was helpless to prevent the destruction of cemeteries and mausolea in Timbuktu by
Islamists of the Ansar Dine. In broad terms then, from societies experiencing conflict to those
witnessing rapid economic development, what we now see is a widespread use and abuse of
heritage, which often reaches a level of intensity, pace and impact that has few parallels in
Western Europe or North America” (Winter, Tim (2013), “Clarifying the critical in critical
heritage studies”, International Journal of Heritage Studies, Vol. 19 (6), pp. 534)).

Da mesma forma, Winter sugere que a sociedade dos estudos críticos tende a interpretar os
profissionais de conservação como identidades abstratas, incapazes de reconhecer (sob os
seus próprios conceitos) os problemas que desafiam o setor. E, embora os críticos se centrem
nas práticas, mostram muito pouco interesse em estabelecer uma relação mais positiva onde
as duas áreas têm imenso a ganhar.

O casamento entre o património e a história é um crucial alicerce na produção de


conhecimento. Permite-nos estender as barreiras da nossa narrativa, libertando espaço para a
discussão e interpretação das mesmas, contribuindo para uma pluralidade de perspetivas
fundamental para o desenrolar dos complexos desafios que enfrentam (e enfrentaram) as
sociedades.

“The authors argue (…) for open-ended heritage places where the emphasis is not necessarily
on achieving consensus, but where contradictions, complexity and conflicts, due to inevitable
differences in interpretation, may be continuously explored and debated, and seen as an
opportunity for an increase in cultural vibrancy and cultural tolerance.” (Bakker & Müller
2010: 53-54)

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