Você está na página 1de 21

Noções de Saneamento, Resíduos e Emergências

Conteudista: Prof.ª M.ª Marli dos Reis


Revisão Textual: Esp. Pérola Damasceno

Material Teórico

Material Complementar

Referências
1/3

Material Teórico

 Objetivos da Unidade:

Conhecer de nições e conceitos básicos de Saneamento Ambiental;

Conhecer conceitos da Política Nacional de Resíduos Sólidos no que tange aos resíduos e à sua
destinação;

Conhecer o Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências


Ambientais com Produtos Químicos Perigosos (P2R2);

Adquirir Noções de Direito Ambiental.

Introdução
A palavra “saneamento” vem do latim “sanus” e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “saneamento é
o gerenciamento ou controle dos fatores físicos que podem exercer efeitos nocivos ao homem, prejudicando seu
bem-estar físico, mental e social” (OMS apud FUNASA, 2015).

Podemos dizer que esta de nição é a que melhor traduz o conceito do Saneamento, uma vez que não nomeia os
fatores físicos que possam oferecer riscos ao homem, variando de acordo com fatores como a época, circunstância
e cultura.

Se pensarmos nas civilizações desde a Pré-História, podemos concluir que as necessidades e formas de sanear
variam de acordo com a evolução da espécie humana.

As civilizações primitivas eram nômades e alimentavam-se de caça, pesca e do cultivo de subsistência, a quantidade
de lixo gerada era pequena e consistia, em sua maior parte, em rejeitos orgânicos, sem gerar um grande problema
sanitário. No entanto, um dos fatores que implicavam na migração das tribos era o esgotamento dos recursos
naturais da localidade, no que se refere a área para deposição de resíduos, poluição dos corpos hídricos e saúde do
solo. A migração possibilitava a recuperação do ecossistema (OPERSAN, 2014).
Ao longo do tempo, as formas de organização social foram mudando: constituíram-se as cidades, que vêm
evoluindo e requisitando novos usos dos recursos naturais e, consequentemente, gerando outros tipos e maiores
volumes de resíduos, o que requer novas formas de gerenciamento (OPERSAN, 2014).

A Revolução Industrial, iniciada em 1760, foi responsável por signi cativas mudanças culturais, sociais,
comportamentais e ambientais em todo o mundo. 

O êxodo rural, ocasionado pela intensa atividade migratória para os grandes centros, as novas formas de
desenvolvimento da atividade produtiva, com velocidade e volume maiores de produção, foram responsáveis pelo
aumento da geração de resíduos e de e uentes (IGLÉSIAS, 1990).

Observa-se um grande aumento da população mundial a partir da Revolução Industrial e a população, então
contabilizada em 603 milhões de habitantes, passou a 1 bilhão, em 1850 . 

O período pós a Segunda Guerra Mundial também se caracteriza por um grande aumento populacional: em 1950 a
população era contabilizada em 2,5 bilhões de habitantes, chegando a 6 bilhões no ano 2000.

Esse aumento populacional, sobretudo a partir de 1950, foi marcado por um intenso e rápido avanço tecnológico,
in uenciando as formas de produção industrial, as características das cidades, a produção agrícola e o acesso à
tecnologia, causando alterações nos biomas e afetando a fauna e a ora, com grande aumento da poluição do solo,
ar e água.

Em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, foi tratado o conceito
do Desenvolvimento Sustentável. Esta conferência contou com a participação de líderes de 113 países, incluindo o
Brasil, além de representantes de organizações não governamentais e da sociedade civil.

Na conferência de Estocolmo, o Brasil, que estava vivendo o chamado “milagre econômico”, posicionou-se
contrário às medidas de defesa ao meio ambiente, defendendo o uso indiscriminado dos recursos naturais.

Até o início do século XX, as condições sanitárias das cidades brasileiras, sobretudo as portuárias e capitais, eram
muito precárias e as ações de saneamento eram incipientes. Os portos eram portas de entrada de agentes
causadores de grandes epidemias e o intenso movimento migratório, motivado principalmente, pela agricultura e
atividade industrial, eram disseminadores das epidemias pelo país.

O desenvolvimento das ações de saneamento no Brasil, ocorreu de forma muito lenta e quase sempre com um
caráter corretivo, ou seja, motivado pelo abrandamento de alguma consequência. 

No entanto, as medidas sanitárias, juntamente com o desenvolvimento do Programa de Imunização, foram as


responsáveis pela redução da mortalidade infantil e pelo controle e redução de ocorrência de doenças
infectocontagiosas relacionadas à higiene, causadas por vetores e veiculadas por meio hídrico.

Todo este cenário apresentado, que visita desde a constituição das sociedades primitivas, oferece uma oportunidade
de compreender a importância e analisar a forma de constituição das políticas e medidas sanitárias e de proteção
ambiental, discutidas nesta Unidade.

Saneamento Básico

Figura 1
Fonte: Getty Images

As primeiras ações sanitárias que se tem registro na sociedade atual ocorreram na Europa, no período da
“urbanização industrial”, em que ocorreu rápida disseminação de doenças transmissíveis entre as pessoas e
relacionadas às condições precárias de higiene. A saída encontrada para resolver estes problemas foi o
saneamento, visto nesta época também como forma de melhorar o aspecto plástico das cidades. Desta forma, as
ações de saneamento iniciaram como forma de melhorar as condições de saúde, passando, também, ao
desenvolvimento do planejamento urbano, de tal forma que, entre os anos de 1830 e 1875, passaram a ser vistos de
forma indissociada. A seguinte descrição permite entender a fragilidade da situação sanitária comum à toda Europa
(GUIMAR, 2014, p. 82).

“[...] Ao longo do rio estão ainda intercaladas fábricas: também aqui as construções são apertadas e desordenadas,

tal como na parte inferior de Long Millgate. À direita e à esquerda, uma quantidade de passagens cobertas conduz

da rua principal aos numerosos pátios, entrando nos quais se depara com uma revoltante imundície que não tem

igual, particularmente nos pátios virados ao Irk, que contêm as mais horrendas habitações que eu alguma vez vira.

Num destes pátios, mesmo à entrada, onde termina a passagem coberta, existe uma latrina privada de porta e tão

imunda que os moradores, para entrarem e saírem do pátio, têm de atravessar uma poça lamacenta de urina

putrefacta e de excrementos que a circunda. É o primeiro pátio junto do Irk, por cima de Ducie Bridge, se alguém

tiver vontade de o ir ver; embaixo, sobre o rio, encontram-se numerosas fábricas de curtumes, que empestam toda

a zona com o fedor da putrefação animal. Nos pátios por baixo de Ducie Bridge desce-se além disso por escadas

estreitas e sujas, e só atravessando montões de escombros e de imundícies se consegue chegar às casas [...]”

- GUIMAR, 2014, p. 82

Os primeiros registros de saneamento no Brasil datam de 1.561 na cidade do Rio de Janeiro, com a perfuração de
um poço para abastecimento da cidade. A partir de então foram estabelecidas pequenas ações individuais de
saneamento voltadas, principalmente, ao abastecimento de água. No nal do século XIX, os serviços de
saneamento foram entregues a companhias estrangeiras, principalmente inglesas e o primeiro serviço de
abastecimento de água encanada foi construído entre os anos de 1857 e 1877. Devido à má qualidade dos serviços
prestados pelas empresas estrangeiras, o serviço foi estatizado e a partir de 1940 surgem as primeiras autarquias,
sendo cobrados os serviços com a nalidade de mantê-lo (FUNASA, 2016; MEJIA et al., 2003; MINISTÉRIO DO
MEIO AMBIENTE, 2007).

Os maiores entraves para a Saúde Pública conhecidos hoje já delineavam o quadro no nal do século XIX, como
descreve Sidney Chalhoub citado por Nara Azevedo e Isabel Pereira:

“O Brasil chega ao m do século XIX com graves problemas de Saúde Pública e projetando uma imagem de lugar

extremamente insalubre, onde a vida encontrava-se em risco constante, em virtude das precárias condições

sanitárias de seus centros urbanos e dos diversos surtos epidêmicos que costumavam atingir sua população. O
processo de urbanização e o crescimento populacional, aliados à ausência de infraestrutura básica, de legislação, de

scalização e de conhecimentos adequados, agravavam os problemas resultantes das reduzidas condições de

higiene observadas nas cidades da velha colônia portuguesa.”

- CHALHOUB apud AZEVEDO; PEREIRA, 2010, p. 49

O Saneamento básico, portanto, possui uma amplitude muito mais abrangente do que a distribuição de água e
coleta e afastamento de esgotos. Ele oferece condições de desenvolvimento intelectual, social e econômico da
população, reduzindo custos em outros setores, como por exemplo a Saúde.

“Considerando que o acesso aos serviços de saneamento, são medidas preventivas que, além das externalidades

positivas ao meio ambiente aqui não contabilizadas, evitam os riscos e desconfortos das doenças, nossos

resultados sugerem que as ações preventivas de saneamento, em particular no tratamento da água, seriam mais

justi cáveis economicamente para a contínua redução da mortalidade infantil do que os gastos defensivos nos

serviços de saúde.”

- MENDONÇA; MOTTA, 2005 apud NOZAKI, 2007

Os números o ciais do Saneamento no Brasil, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento
(SNIS), indicam que 83% da população total do país é atendido por rede de água, sendo que deste total 93% está
instalada em áreas urbanas e os 17% não atendidos correspondem a 34 milhões de pessoas. 

Quanto à infraestrutura de esgoto, 49,8% da população total do Brasil é atendida, sendo que deste montante 57,6%
está instalada em áreas urbanas e os 51,2% não atendidos correspondem a 86 milhões de pessoas. 

Sobre a coleta e tratamento de esgotos os números mostram que apenas 40,8% do total produzido é coletado, e
deste montante 70,9% é tratado, ou seja 29,1% do esgoto coletado não recebe nenhum tipo de tratamento. 

No ano de 2013 foram registradas 340.000 internações hospitalares devido a doenças relacionadas à falta de
saneamento ou à precariedade das instalações existentes e houve 2135 mortes por infecções intestinais
(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2014).
Neste mesmo ano, estimou-se que o custo para a universalização do saneamento (água e esgoto) era de R$ 304
bilhões e que seriam necessários 20 anos para alcançar a universalização, sendo necessário investimento de R$
15.063 bilhões por ano (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2014). 

Os grá cos representados pelas Figuras de 2 a 4 ilustram estes números.

Figura 2
Fonte: Adaptada de ABRELPE, 2020.

Em janeiro de 2007, entrou em vigor a Lei 11.445, apelidada de Marco Regulatório do Saneamento, estabelecendo
diretrizes nacionais para o Saneamento Básico e para e Política Federal de Saneamento Básico e de ne o município
com o titular dos serviços.

Foi considerada um grande avanço para o setor, uma vez que prevê que tanto os serviços quanto as políticas de
saneamento básico tenham foco na universalização, em observância aos princípios constantes da Constituição de
1988, que visa assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos (MOURA; LUZ; LANDAU, 2016)

A Lei 11.445 de 05/01/2007 dá as seguintes de nições para o Saneamento Básico e Ambiental:


“Saneamento Básico: De acordo com a Lei 11445/07 Saneamento Básico é o Conjunto de serviços, infraestrutura e

instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos e

drenagem e manejo das águas pluviais Saneamento Ambiental: É um conjunto de ações que visam a salubridade

ambiental, formadas por abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, gerenciamento de resíduos

sólidos, gasosos, drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis e demais medidas.”

- FUNASA, 2015

Dentre as de nições da Lei 11.445/2007, destacamos:

“Art. 48 e 49 – Determina que sejam priorizadas ações para garantir equidade social e territorial para acesso ao

Saneamento Básico, incluindo-se soluções especí cas para atendimento de áreas rurais e núcleos afastados.

Art.52 – De ne o Ministério das Cidades como coordenador do Plano Nacional de Saneamento e dos Plano

Regionais em articulação com estados e municípios e das ações especí cas da união para saneamento básico nas

áreas indígenas, extrativistas e quilombolas.

Art.53 - De nição do Sistema Nacional de Informações do Saneamento – SNIS como o responsável por divulgar os

dados do Saneamento informados pelos municípios.”

Em junho de 2020, o Senado aprovou o Projeto de Lei que de ne o chamado Novo Marco Legal do Saneamento: a
Lei 14.023/2020 atualiza a Lei 11.445, de ne a ANA como órgão regulador do Saneamento e propõe mudanças, cujo
objetivo é alcançar a universalização do saneamento no Brasil.

Fixa o ano de 2033 como prazo nal para a universalização e abre espaço para a privatização do setor, com intuito
de gerar concorrência e maior abrangência do saneamento no Brasil, uma vez que pretende criar lotes mistos -
com municípios mais desenvolvidos e os mais pobres.
A meta de atendimento para a universalização é de 99% da população atendida com água potável e 90% com coleta
e tratamento de esgotos até 2033.

Outras alterações referem-se a combater o desperdício de água, estimular o investimento privado, a possibilidade
de mudança de titularidade dos serviços e o m do direito de preferência para empresas estaduais, com risco de
perda do direito de executar o serviço para a empresa que não cumprir as metas.

Política Nacional de Resíduos Sólidos

Figura 3
Fonte: Getty Images

O desenvolvimento econômico impulsionado pelo processo de industrialização é o principal responsável pela atual
con guração e organização das cidades, enquanto que o êxodo rural, a migração para os grandes centros e o livre
comércio são responsáveis pelo aumento da produção de resíduos.
Os países europeus são os pioneiros no gerenciamento de resíduos, sendo a Alemanha o mais desenvolvido no
setor, desde o início dos anos 1970 vem desenvolvendo ações de gerenciamento de resíduos. O Japão, começou a
implantar ação de gerenciamento de resíduos na década de 1960.

A meta para as políticas de gerenciamento de resíduos é de zerar o envio de materiais recicláveis e reaproveitáveis
para os aterros.

No Brasil, as preocupações com a geração de resíduos foram muito tardias: foram onze anos de discussões até que
em 2010 foi promulgada a Lei 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Dentre os avanços da PNRS, podemos destacar:

Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos resíduos (fabricantes, revendedores, importadores,
consumidores e Estado);

Sistema de Logística reversa;

Determinou prazo para o m dos lixões;

Reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como bem com valor econômico e gerador de renda;

Implantação de coleta seletiva com participação de cooperativas e associações de catadores.

Embora a Política apresente um projeto moderno com possibilidades de avanços signi cativos na gestão dos
resíduos, as mudanças não foram totalmente implementadas, uma vez que grande parte dos estados e municípios
não concluíram os Planos de Resíduos Sólidos (FEDERAL, 2014). 

Existem interpretações diferentes sobre as causas dos retardos na implementação efetiva da PNRS, dentre elas
temos os fatores relacionados aos recursos e corpo técnico, alega-se que, principalmente, os pequenos municípios,
não tiveram tempo para se estruturar do ponto de vista orçamentário e funcional para elaboração e implementação
do Plano, considerando que os aterros sanitários são obras caras e que demandam longo tempo para execução e a
di culdade de se formar consórcios entre os pequenos municípios, a consciência sobre a importância da gestão
dos resíduos ainda é recente e não chegou para grande parte da população brasileira (FEDERAL, 2014).

Avaliar os números do resíduo no Brasil também ajuda a compreender toda a complexidade em torno da PNRS. A
Abrelpe divulga, anualmente, os dados referentes aos resíduos sólidos no Brasil. As guras de 5 a 8, foram
extraídas do seu último relatório, baseado no ano de 2020:
Figura 4
Fonte: Adaptada de ABRELPE, 2020

Tabela 1 – Quantidade de municípios brasileiros com iniciativas de coleta seletiva

Centro-
Regiões Norte Nordeste Sudeste sul Brasil
oeste

2010 2019 2010 2019 2010 2019 2010 2019 2010 2019 2010 2019

Sim 198 286 614 987 122 227 1313 1496 905 1083 3152 4070

Não 251 164 1.180 816 344 240 355 172 293 108 2413 1500

Total 449 450 1.794 466 467 1668 1188 1191 5565 5570

Fonte: Adaptado de ABRELPE, 2020


Figura 5
Fonte: Adaptada de ABRELPE, 2020

Tabela 2 – Disposição nal dos resíduos nas regiões do Brasil – por tipo de destinação

Região 2010 2019

Aterro Aterro Aterro Aterro


Lixão Lixão
Sanitário Controlado Sanitário Controlado

Norte 1.165.810 1.015.795 1.348.675 1.683.745 1.421.675 1.664.765

Nordeste 4.314.300 4.312.110 4.486.215 5.686.700 5.255.270 5.031.525

Centro-
1.272.025 2.217.010 1.036.235 2.252.415 1.957.860 1.243.190
oeste

Sudeste 22.166.085 5.322.065 3.639.780 28.121.425 6.653.220 3.906.960

Sul 4.488.040 1.170.555 840.960 5.556.030 1.440.290 873.445


Região 2010 2019

Brasil 33.406.260 14.037.535 11.351.865 43.300.315 16.727.950 12.720.250

Fonte: Adaptado de ABRELPE, 2020

Com base nos dados apresentados, percebe-se que as regiões com maiores avanços são as regiões Sul e Sudeste e
que existe uma evolução maior na adesão à coleta seletiva, com espaço para crescimento; a região Centro-Oeste,
por exemplo, não chegou nem a 50% de adesão dos municípios, embora tenha avançado bastante com relação à
situação em 2010.

Porém com relação aos lixões, a PNRS determinou um prazo de 4 anos para sua total extinção e em 10 anos
avançou de 40,5% de destinação adequada para 43,2% em 2020. Vale ressaltar que os lixões são proibidos no Brasil
desde 1981 e foi criminalizado desde 1995 pela Lei de Crimes Ambientais. Esse fato faz cair por terra as alegações
de que 4 anos é um prazo curto para que os municípios se organizem.

Emergências Ambientais
Figura 6
Fonte: Getty Images

A relação do homem com a natureza passou a conhecer a sua criticidade a partir da formação das cidades e,
sobretudo, a partir da Revolução Industrial. Ao mesmo tempo que a natureza passou a ser primordial para o
desenvolvimento das sociedades, o homem construiu uma relação com a natureza que vai da submissão e aceitação
dos fenômenos à crença de controle a partir da tecnologia (SANTORO; AMARAL, 2009). 

Assim como o homem vem sofrendo com fenômenos naturais como inundações, terremotos e tsunamis, também
é vitimado pela degradação ambiental provocada pelas suas ações, como poluição das águas, ar e solo,
desmatamentos, queimadas.

Desastres e emergências ambientais são fenômenos causados por uma alteração abrupta ao meio, causando danos
- reversíveis ou não - à fauna, ora, solo, água e ar, às estruturas e aos seres humanos, podendo ter causas
naturais ou ter origem antrópica, ou seja, provocada por ação do homem (SANTORO; AMARAL, 2009).
Algumas fases de gerenciamento de riscos são de nidas com o objetivo de permitir uma ação rápida, estruturada e
precisa. O Quadro 1 ilustra um conjunto de etapas que pode compor o gerenciamento de riscos.

Tabela 3 – Etapas que compõem o gerenciamento de riscos

Antes do desastre Durante o desastre Depois do desastre

Prevenção: objetiva evitar que


ocorra o evento. Reabilitação: periodo de
transição de que inicia ao nal
Atividades de resposta ao da emergência e no qual se
Mitigação: pretende desastre: são aquelas que se restabelecem os serviços vitais
minimizar o impacto do desenvolvem no período de indispensáveis e os sistemas
mesmo, reconhecendo que emergência ou imediatamente de abastecimento da
muitas vezes não é possível após de ocorrido o evento. comunidade afetada.
evitar a sua ocorrência. Podem envolver ações de
evacuação, busca e resgate, de
assistência e alivio a
população afetada e ações que Reconstrução: caracteriza-se
Preparação: estrutura a
se realizam durante o período pelos esforços para reparar a
resposta.
em que a comunidade se infraestrutura dani cada e
encontra desorganizada e os restaurar o sistema de
serviços básicos de infra- produção, revitalizar a

Alerta: corresponde a estrutura não funcionam. economia, buscando alcançar


noti cação formal de um ou superar o nível de
perigo iminente. desenvolvimento prévio ao
desastre.

Fonte: Adaptado de SANTORO; AMARAL, 2009

Nas últimas décadas pudemos acompanhar vários eventos que causaram grandes desastres ambientais, dentre eles
podemos citar alguns, conforme a Figura 10.
Figura 7 – Grandes desastres ambientais ocorridos no Brasil
Fonte: Marli dos Reis

As tragédias listadas evidenciam a conturbada relação do homem com a natureza, sendo vítima e algoz, uma vez
que produz as condições favoráveis para o acontecimento de catástrofes. Uma das medidas para prevenção das
emergências ambientais foi a criação do Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências
Ambientais com Produtos Químicos Perigosos - P2R2.

Orientações para Leitura Obrigatória


Pesquisadores do mundo todo defendem em vários artigos cientí cos os benefícios da leitura. E, dentre os
benefícios citados, estão: o desenvolvimento do cérebro, estímulo da memória, melhora da capacidade de
concentração, melhora do vocabulário, aprimoramento da escrita, crescimento pro ssional, desenvolvimento da
inteligência emocional.

O conteúdo dessa Unidade requer conhecimento de fatores históricos, ligados ao desenvolvimento político, social e
econômico do Brasil e do mundo para compreensão da realidade sanitária e ambiental.

Os cursos de Educação à Distância requerem maior planejamento e organização para que se obtenha êxito na
ampliação dos conhecimentos e desenvolvimento do pensamento crítico.

O material apresentado nesta Unidade objetiva apresentar os principais assuntos referentes ao tema e dar dicas
para que se aprofunde nos assuntos, entendendo as circunstâncias que envolvem a problemática.
Para tanto, é importante criar um roteiro de estudos, considerando aspectos como:

Destinar pelo menos 1 hora do dia para as leituras obrigatórias;

Ler textos completos, não car somente nos resumos;

Fazer anotações;

Contextualizar as informações da leitura com situações reais;

Fazer comparativos com outras leituras relacionadas ao mesmo assunto;

Buscar novas leituras que complementem assuntos que ainda não caram muito claros (PORTAL MEC, 2021).
2/3

Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites

Lei do Saneamento: 11.445/2007

ACESSE

PNRS 12.305/2010

ACESSE

Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida à Emergências Ambientais com Produtos
Químicos e Perigosos: Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja
embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso; pilhas e baterias; pneus; óleos lubri cantes, seus
resíduos e embalagens; lâmpadas uorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; produtos
eletroeletrônicos e seus componentes. 

ACESSE

Livros

10 Anos da Política Nacional de Resíduos Sólidos: Caminhos e Agendas para um Futuro Sustentável.
ACESSE

Vídeos
Antes e depois da Lei #26: Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Antes & Depois da Lei #26 - Política Nacional de Resíduos Sólidos


3/3

Referências

ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no brasil 2020. 1. ed. São Paulo: Abrelpe,
2020. 

BRASIL. Ministério da Educação. Pesquisas cientí cas comprovam que o hábito de ler
promove o desenvolvimento do cérebro. 2016. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/211-218175739/40291-estudos-comprovam-
que-o-habito-de-ler-traz-bene cios-ao-cerebro . Acesso em: 26/06/2021.

CHALHOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na corte imperial. São Paulo:
Companhia das Letras, 1996

 _______. Senado Federal. Na prática, a história é outra. 2014. Disponível em:


http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/emdiscussao/residuos-solidos/materia.html?
materia=na-pratica-a-historia-e-outra.html Acesso em: 26/06/2021.

 _______. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de


Resíduos Sólidos. Altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, DF, 2010. Disponível em: . Acesso
em: <http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/emdiscussao/residuos-
solidos/materia.html?materia=na-pratica-a-historia-e-outra.html> Acesso em:
26/06/2021.

FEDERAL, S. Na prática a história é outra. Revista em Discussão, p. 35, set. 2014. 

FUNASA. Manual do Saneamento. BMC Public Health, p. 165, 2015. 


IGLÉSIAS, F. A Revolucao industrial - parte 2. 10. ed. São Paulo: Brasiliense, 1990. 

MEJIA, A. et al. Série Água 4 - Água Redução da Pobreza e Desenvolvimento Sustentável.


1. ed. Brasília, 2003.

MINISTÉRIO DAS CIDADES. Diagnóstico dos Serviços de água e Esgotos - 2014. 1. ed.
Brasilia: SNSA/MCIDADES, 2014. 

MOURA, L.; LUZ, W. V.; LANDAU, E. C. Legislação sobre Saneamento Básico. In:
EMBRAPA. Variação Geográ ca do Saneamento Básico no Brasil em 2010: domicílios
urbanos e rurais. 1. ed. Brasília: [s.n.]. p. 19-22. 

NOZAKI, V. T. Análise do Setor do Saneamento Básico no Brasil. [s.l.] Universidade de


São Paulo, 2007.

OPERSAN. Avanços no saneamento básico ao longo da história contribuíram para


melhorar a qualidade de vida do homem. 2014. Disponível em:
http://info.opersan.com.br/bid/197830/avan-os-no-saneamento-b-sico-ao-longo-da-
hist-ria-contribu-ram-para-melhorar-a-quali. Acesso em: 21/06/2021.

SANTORO, J.; AMARAL, R. Desastres Naturais: conhecer para prevenir. 1. ed. São Paulo:
Instituto Geológico, 2009. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2007/lei-11445-5-janeiro-2007-549031-
normaatualizada-pl.html.  Acesso em: 21/06/2021. 

Você também pode gostar