Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
IBGE
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
SL-018MR-20
EDITAL Nº 002/2020
ÍNDICE
Língua Portuguesa
1 Compreensão E Interpretação De Textos De Gêneros Variados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2 Reconhecimento De Tipos E Gêneros Textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3 Domínio Da Ortografia Oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
4 Domínio Dos Mecanismos De Coesão Textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
4.1 Emprego De Elementos De Referenciação, Substituição E Repetição, De Conectores E De Outros Elementos De Sequenciação
Textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
4.2 Emprego De Tempos E Modos Verbais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
5 Domínio Da Estrutura Morfossintática Do Período . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5.1 Emprego Das Classes De Palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5.2 Relações De Coordenação Entre Orações E Entre Termos Da Oração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5.3 Relações De Subordinação Entre Orações E Entre Termos Da Oração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5.4 Emprego Dos Sinais De Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5.5 Concordância Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5.6 Regência Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5.7 Emprego Do Sinal Indicativo De Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
5.8 Colocação Dos Pronomes Átonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
6 Reescrita De Frases E Parágrafos Do Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
6.1 Significação Das Palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
6.2 Substituição De Palavras Ou De Trechos De Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
6.3 Reorganização Da Estrutura De Orações E De Períodos Do Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
6.4 Reescrita De Textos De Diferentes Gêneros E Níveis De Formalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
7 Correspondência Oficial (Conforme Manual De Redação Da Presidência Da República) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
7.1 Aspectos Gerais Da Redação Oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
7.2 Finalidade Dos Expedientes Oficiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
7.3 Adequação Da Linguagem Ao Tipo De Documento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
7.4 Adequação Do Formato Do Texto Ao Gênero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Conhecimentos Técnicos
1 Conhecimentos técnicos aplicados no Censo Demográfico 2020 (documento “Estudo dos Conhecimentos Técnicos” disponível no
endereço eletrônico http://www.cebraspe.org.br/concursos/ibge_20_agente, para download). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
DICA
Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esse artigo com algumas dicas que irá fazer toda diferença na sua preparação.
Então mãos à obra!
- Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo, a aprovação no concurso. Você vai
ter que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
- Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção em um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando
você tenta focar em vários certames, devido as matérias das diversas áreas serem diferentes. Desta forma, é importante que você
defina uma área se especializando nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
- Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito, de-
terminado um local, os horários e dias específicos para estar estudando cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo
não pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
- Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis, preci-
sa de dedicação. É praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter
uma planilha contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
- Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o
assunto estudado, é fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, caso o mesmo ainda não esteja publica-
do, busque editais de concursos anteriores. Busque refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
- Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado.
Esses materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo muito exercícios. Quando
mais exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
- Cuide de sua preparação: Não é só os estudos que é importante na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.
O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes so-
bre o mesmo, conversando com pessoas que já foram aprovadas absorvendo as dicas e experiências, analisando a banca examinadora
do certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, será ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estu-
dados até o dia da realização da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora próximo ao dia da prova.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar?! Uma dica, comece pela Língua Portuguesa, é a matéria com maior requisi-
ção nos concursos, a base para uma boa interpretação, no qual abrange todas as outras matérias.
DICA
Vida Social!
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado, verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Ner-
voso Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
Motivação!
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e as vezes bate aquele
desânimo com vários fatores ao nosso redor. Porém a maior garra será focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
É absolutamente normal caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir
conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir mo-
tivação:
- Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
- Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
- Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
- Escreve o porque que você deseja ser aprovado no concurso, quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para
seguir focado, tornando o processo mais prazeroso;
- Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irá aparecer.
- Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta,
felizes com seu sucesso.
Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua
dedicação e motivação para estar realizando o seu grande sonho, de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu
potencial.
A Solução tem ajudado há mais de 35 anos quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas
chances de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br
LÍNGUA PORTUGUESA
1
LÍNGUA PORTUGUESA
2
LÍNGUA PORTUGUESA
Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais é possível, adquirindo lentes que custam centavos, transformar
de residência com os centros comerciais e os locais onde traba- o smartphone num supermicroscópio que permite fazer diag-
lham, uma vez que a esmagadora maioria dos habitantes que so- nósticos ainda mais sofisticados.
frem com esse processo são trabalhadores com baixos salários. Tudo isso aliado à democratização do conhecimento, diz To-
Incluem-se a isso as precárias condições de transporte público e pol, fará com que as pessoas administrem mais sua própria saú-
a péssima infraestrutura dessas zonas segregadas, que às vezes de, recorrendo ao médico em menor número de ocasiões e de
não contam com saneamento básico ou asfalto e apresentam preferência por via eletrônica. É o momento, assegura o autor,
elevados índices de violência. de ampliar a autonomia do paciente e abandonar o paternalis-
mo que desde Hipócrates assombra a medicina.
A especulação imobiliária também acentua um problema
Concordando com as linhas gerais do pensamento de Topol,
cada vez maior no espaço das grandes, médias e até pequenas
mas acho que, como todo entusiasta da tecnologia, ele prova-
cidades: a questão dos lotes vagos. Esse problema acontece por velmente exagera. Acho improvável, por exemplo, que os hos-
dois principais motivos: 1) falta de poder aquisitivo da popula- pitais caminhem para uma rápida extinção. Dando algum des-
ção que possui terrenos, mas que não possui condições de cons- conto para as previsões, “The Patient...” é uma excelente leitura
truir neles e 2) a espera pela valorização dos lotes para que es- para os interessados nas transformações da medicina.
ses se tornem mais caros para uma venda posterior. Esses lotes Folha de São Paulo online – Coluna Hélio Schwartsman –
vagos geralmente apresentam problemas como o acúmulo de 17/01/2016.
lixo, mato alto, e acabam tornando-se focos de doenças, como
a dengue. Segundo o autor citado no texto, o futuro da medicina:
PENA, Rodolfo F. Alves. “Problemas socioambientais urba- A) encontra-se ameaçado pela alta tecnologia;
nos”; Brasil Escola. Disponível em http://brasilescola.uol.com. B) deverá contar com o apoio positivo da tecnologia;
br/brasil/problemas-ambientais-sociais-decorrentes-urbaniza- C) levará à extinção da profissão de médico;
ção.htm. Acesso em 14 de abril de 2016. D) independerá completamente dos médicos;
E) estará limitado aos meios eletrônicos.
A estruturação do texto é feita do seguinte modo:
A) uma introdução definidora dos problemas sociais urba- RESPOSTAS
nos e um desenvolvimento com destaque de alguns problemas;
B) uma abordagem direta dos problemas com seleção e ex- 01 C
plicação de um deles, visto como o mais importante; 02 C
C) uma apresentação de caráter histórico seguida da explici-
tação de alguns problemas ligados às grandes cidades; 03 D
D) uma referência imediata a um dos problemas sociais ur- 04 B
banos, sua explicitação, seguida da citação de um segundo pro- 05 B
blema;
E) um destaque de um dos problemas urbanos, seguido de
sua explicação histórica, motivo de crítica às atuais autoridades.
2 RECONHECIMENTO DE TIPOS
05. MPE-RJ – Técnico do Ministério Público - Administrati- E GÊNEROS TEXTUAIS.
va – 2016 - FGV
Gêneros Textuais
O futuro da medicina
São textos encontrados no nosso dia-a-dia e apresentam
O avanço da tecnologia afetou as bases de boa parte das características sócio comunicativas (carta pessoal ou comercial,
profissões. As vítimas se contam às dezenas e incluem músicos, diários, agendas, e-mail, facebook, lista de compras, cardápio
jornalistas, carteiros etc. Um ofício relativamente poupado até entre outros).
aqui é o de médico. Até aqui. A crer no médico e “geek” Eric To- É impossível se comunicar verbalmente a não ser por um
pol, autor de “The Patient Will See You Now” (o paciente vai vê- texto e obriga-nos a compreender tanto as características estru-
-lo agora), está no forno uma revolução da qual os médicos não turais (como ele é feito) como as condições sociais (como ele
escaparão, mas que terá impactos positivos para os pacientes. funciona na sociedade).
Os gêneros são tipos relativamente estáveis de enunciados
Para Topol, o futuro está nos smartphones. O autor nos
elaborados pelas mais diversas esferas da atividade humana.
coloca a par de incríveis tecnologias, já disponíveis ou muito
Por essa relatividade a que se refere o autor, pode-se entender
próximas disso, que terão grande impacto sobre a medicina. Já que o gênero permite certa flexibilidade quanto à sua composi-
é possível, por exemplo, fotografar pintas suspeitas e enviar as ção, favorecendo uma categorização no próprio gênero, isto é, a
imagens a um algoritmo que as analisa e diz com mais precisão criação de um subgênero.
do que um dermatologista se a mancha é inofensiva ou se pode Os gêneros textuais são fenômenos históricos,
ser um câncer, o que exige medidas adicionais. profundamente vinculados à vida cultural e social, portanto, são
Está para chegar ao mercado um apetrecho que transforma entidades sócio discursivas e formas de ação social em qualquer
o celular num verdadeiro laboratório de análises clínicas, reali- situação comunicativa. Caracterizam-se como eventos textuais
zando mais de 50 exames a uma fração do custo atual. Também altamente maleáveis e dinâmicos.
3
LÍNGUA PORTUGUESA
Os gêneros textuais caracterizam-se muito mais por suas Texto Narrativo: apresentam ações de personagens no
funções comunicativas; cognitivas e institucionais, do que por tempo e no espaço. A estrutura da narração é dividida em: apre-
suas peculiaridades linguísticas e estruturais. sentação, desenvolvimento, clímax e desfecho.
Os textos, tanto orais quanto escritos, que têm o objetivo
de estabelecer algum tipo de comunicação, possuem algumas Exemplos de gêneros textuais narrativos:
características básicas que fazem com que possamos saber em Romance
qual gênero textual o texto se encaixa. Algumas dessas carac- Novela
terísticas são: o tipo de assunto abordado, quem está falando, Crônica
para quem está falando, qual a finalidade do texto, qual o tipo Contos de Fada
do texto (narrativo, argumentativo, instrucional, etc.). Fábula
É essencial saber distinguir o que é gênero textual, gênero Lendas
literário e tipo textual. Cada uma dessas classificações é Texto Descritivo: se ocupam de relatar e expor determina-
referente aos textos, porém é preciso ter atenção, cada uma da pessoa, objeto, lugar, acontecimento. São textos cheios de
possui um significado totalmente diferente da outra. adjetivos, que descrevem ou apresentam imagens a partir das
Gêneros textuais – cada um deles possui o seu próprio estilo percepções sensoriais do locutor (emissor).
de escrita e de estrutura. Desta forma fica mais fácil compreen-
der as diferenças entre cada um deles e poder classifica-los de Exemplos de gêneros textuais descritivos:
acordo com suas características. Diário
Gênero Literário –os textos abordados são apenas os literá- Relatos (viagens, históricos, etc.)
rios, diferente do gênero textual, que abrange todo tipo de tex- Biografia e autobiografia
to. O gênero literário é classificado de acordo com a sua forma, Notícia
podendo ser do gênero líricos, dramático, épico, narrativo e etc. Currículo
Tipo textual –forma como o texto se apresenta, podendo Lista de compras
ser classificado como narrativo, argumentativo, dissertativo, Cardápio
descritivo, informativo ou injuntivo. Cada uma dessas classifica- Anúncios de classificados
ções varia de acordo como o texto se apresenta e com a finalida-
de para o qual foi escrito. Texto Dissertativo-Argumentativo: encarregados de expor
um tema ou assunto por meio de argumentações. São marcados
Quando pensamos nos diversos tipos e gêneros textuais, pela defesa de um ponto de vista, ao mesmo tempo que tentam
devemos pensar também na linguagem adequada a ser adota- persuadir o leitor. Sua estrutura textual é dividida em três par-
da em cada um deles. Por isso existem a linguagem literária e a tes: tese (apresentação), antítese (desenvolvimento), nova tese
linguagem não literária. Diferentemente do que acontece com (conclusão).
os textos literários, nos quais há uma preocupação com o ob-
jeto linguístico e também com o estilo, os textos não literários Exemplos de gêneros textuais dissertativos:
apresentam características bem delimitadas para que possam Editorial Jornalístico
cumprir sua principal missão, que é, na maioria das vezes, a de Carta de opinião
informar. Resenha
Quando pensamos em informação, alguns elementos de- Artigo
vem ser elencados, como a objetividade, a transparência e o Ensaio
compromisso com uma linguagem não literária, afastando assim Monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado
possíveis equívocos na interpretação de um texto.
Os gêneros textuais são fenômenos históricos, profunda- Texto Expositivo: possuem a função de expor determinada
mente vinculados à vida cultural e social, portanto, são entida- ideia, por meio de recursos como: definição, conceituação, in-
des sócio discursivas e formas de ação social em qualquer situa- formação, descrição e comparação.
ção comunicativa. Exemplos de gêneros textuais expositivos:
Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleá- Seminários
veis e dinâmicos. Palestras
Os gêneros textuais caracterizam-se muito mais por suas Conferências
funções comunicativas; cognitivas e institucionais, do que por Entrevistas
suas peculiaridades linguísticas e estruturais. Trabalhos acadêmicos
Enciclopédia
Tipos de Gêneros Textuais Verbetes de dicionários
Existem inúmeros gêneros textuais dentro das categorias Texto Injuntivo: também chamado de texto instrucional,
tipológicas de texto, e cada texto possuiu uma linguagem e indica uma ordem, de modo que o locutor (emissor) objetiva
estrutura. Em outras palavras, gêneros textuais são estruturas orientar e persuadir o interlocutor (receptor). Apresentam, na
textuais peculiares que surgem dos tipos de textos: narrativo, maioria dos casos, verbos no imperativo.
descritivo, dissertativo-argumentativo, expositivo e injuntivo.
4
LÍNGUA PORTUGUESA
5
LÍNGUA PORTUGUESA
RESPOSTAS O h é utilizado:
- No final de interjeições: Ah!, Oh!
- Por etimologia: hoje, homem.
01 B
- Nos dígrafos ch, lh, nh: tocha, carvalho, manhã.
02 D - Palavras compostas: sobre-humano, super-homem.
03 D - Exceção: Bahia quando se refere ao estado. O acidente
geográfico baía é escrito sem h.
04 A
05 E Uso do s/z
O s é utilizado:
- Adjetivos terminados pelos sufixos -oso/-osa que indicam
grande quantidade, estado ou circunstância: maudoso, feiosa.
6
LÍNGUA PORTUGUESA
- Nos sufixo -ês, -esa, -isa que indicam origem, título ou pro- Palavras homônimas têm a mesma pronúncia, mas signifi-
fissão: marquês, portuguesa, poetisa. cados diferentes.
- Depois de ditongos: coisa, pousa. Exemplos:
- Na conjugação dos verbos pôr e querer: pôs, quiseram.
cela (cômodo pequeno) sela (de cavalos)
O z é utilizado:
ruço (pardo claro) russo (da Rússia)
- Nos sufixos -ez/-eza que formam substantivos a partir de tachar (censurar) taxar (fixar taxa)
adjetivos: magro - magreza, belo - beleza, grande - grandeza.
- No sufixo - izar, que forma verbo: atualizar, batizar, hospi- Consoantes dobradas
talizar.
- Só se duplicam as consoantes C, R, S.
Escreve-se com s Escreve-se com z - Escreve-se com CC ou CÇ quando as duas consoantes soam
distintamente: convicção, cocção, fricção, facção, etc.
Alisar amizade - Duplicam-se o R e o S em dois casos: Quando, intervocáli-
atrás azar cos, representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante, respecti-
através azia vamente: carro, ferro, pêssego, missão, etc. Quando há um ele-
mento de composição terminado em vogal a seguir, sem inter-
gás giz posição do hífen, palavra começada com /r/ ou /s/: arroxeado,
groselha prazer correlação, pressupor, etc.
invés rodízio
Uso do hífen
Uso do g/j
Desde a entrada em vigor do atual acordo ortográfico, a
escrita de palavras com hífen e sem hífen tem sido motivo de
O g é utilizado:
dúvidas para diversos falantes.
- Palavras que terminem em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio:
pedágio, relógio, refúgio.
Palavras com hífen:
- Substantivos que terminem em -gem: lavagem, viagem.
segunda-feira (e não segunda feira);
bem-vindo (e não benvindo);
O j é utilizado:
mal-humorado (e não mal humorado);
- Palavras com origem indígena: pajé, canjica.
micro-ondas (e não microondas);
- Palavras com origem africana: jiló, jagunço.
bem-te-vi (e não bem te vi).
Há diferentes formas de escrita que existem, mas cujo sig- A ortografia estuda a forma correta da escrita das palavras
nificado é diferente. de uma determinada língua, no caso a Língua Portuguesa. É in-
fluenciada pela etimologia e fonologia das palavras, assim sendo
Palavras parônimas são parecidas na grafia ou na pronúncia, observe com atenção o texto. Agente Penitenciário, Agente Pri-
mas têm significados diferentes. sional, Agente de Segurança Penitenciário ou Agente Estadual/
Exemplos: Federal de Execução Penal. Entre suas atribuições estão: manter
a ordem, diciplina, custódia e vigilância no interior das unida-
des prisionais, assim como no âmbito externo das unidades,
cavaleiro (de cavalos) cavalheiro (educado) como escolta armada para audiências judiciais, transferência de
descrição (descrever) discrição (de discreto) presos etc. Desempenham serviços de natureza policial como
emigrar (deixar o país) imigrar (entrar no país) aprensões de ilícitos, revistas pessoais em detentos e visitan-
tes, revista em veículos que adentram as unidades prisionais,
controle de rebeliões e ronda externa na área do perímetro de
7
LÍNGUA PORTUGUESA
segurança ao redor da unidade prisional. Garantem a seguran- 05. MPE-GO - Auxiliar Administrativo – 2018 – MPE-GO
ça no trabalho de ressosialização dos internos promovido pelos Assinale a opção que completa corretamente as lacunas do
pisicólogos, pedagogos e assistentes sociais. Estão subordinados período abaixo.
às Secretarias de Estado de Administração Penitenciária - SEAP,
secretarias de justiças ou defesa social, dependendo da nomen- Agora que há uma câmera de ________. isto provavelmen-
clatura adotada em cada Estado. te não _____acontecerá, mas _____vezes em que, no meio de
Fonte: Wikipedia – *com alterações ortográficas. uma noite __________, o poeta levantava de seu banco [...]
Assinale a alternativa que apresenta todas as palavras, reti- A) investigassâo mas ouve chuvosa
radas do texto, com equívocos em sua ortografia. B) investigassâo mais houve chuvoza
A) atribuições; diciplina; audiências; desempenham. C) investigação mais houve chuvosa
B) diciplina; aprensões; ressosialização; pisicólogos. D) investigação mas houve chuvosa
C) audiências; ilícitos; atribuições; desempenham. E) investigação mais ouve chuvoza
D) perímetro; diciplina; desempenham; ilícitos.
E) aprensões; ressosialização; desempenham; audiências. RESPOSTAS
COESÃO E COERÊNCIA
8
LÍNGUA PORTUGUESA
A coesão pode ser obtida através de alguns mecanismos: São inúmeros os fatores que contribuem para a coerência
anáfora e catáfora. Ambas se referem à informação expressa no de um texto. Vejamos alguns:
texto e, por esse motivo, são qualificadas como endofóricas.
Enquanto a anáfora retoma um componente, a catáfora o Conhecimento de Mundo: conjunto de conhecimento que
antecipa, contribuindo com a ligação e a harmonia textual. adquirimos ao longo da vidae que são arquivados na nossa me-
mória.
Regras para a coesão textual:
Inferências: as informações podem ser simplificadas se par-
Referência timos do pressuposto que os interlocutores partilham do mes-
mo conhecimento.
Pessoal: usa pronomes pessoais e possessivos. Exemplo: Fatores de contextualização
Eles são irmãos de Elisabete. (Referência pessoal anafórica)
Demonstrativa: usa pronomes demonstrativos e advérbios. Há fatores que inserem o interlocutor na mensagem pro-
Exemplo: Terminei todos os livros, exceto este. (Referência de- videnciando a sua clareza, como os títulos de uma notícia ou a
monstrativa catafórica) data de uma mensagem. Exemplo:
Comparativa: usa comparações através de semelhanças. — Começaremos às 8h.
Exemplo: Dorme igual ao irmão. (Referência comparativa endo- — O que começará às 8h? Não sei sobre o que está falando.
fórica)
Substituição Informatividade
Substitui um elemento (nominal, verbal, frasal) por outro Quanto mais informação não previsível um texto tiver, mais
é uma forma de evitar as repetições. Exemplo: Vamos à praia rico e interessante ele será. Assim, dizer o que é óbvio ou insistir
amanhã, eles irão nas próximass férias.
numa informação e não desenvolvê-la, com certeza desvaloriza
Observe que a substituição acrescenta uma informação
o texto.
nova ao texto.
Resumidamente:
Elipse
Coesão: conjunto de elementos posicionados ao longo do
Pode ser omitido através da elipse um componente textual,
texto, numa linha de sequência e com os quais se estabelece um
quer seja um nome, um verbo ou uma frase. Exemplo: Temos
vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via
entradas a mais para o show. Você as quer? (A segunda oração
é perceptível mediante o contexto. Assim, sabemos que o que gramática, fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do
está sendo oferecido são as entradas para o show.) vocabulário, tem-se a coesão lexical.
Coerência: é a rede de ligação entre as partes e o todo de
Conjunção um texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada
relação semântica, que se manifesta na compatibilidade entre
As conjunções ligam orações estabelecendo relação entre as ideias.
elas. Exemplo: Nós não sabemos quanto custam as entradas,
mas ele sabe. (adversativa) QUESTÕES
9
LÍNGUA PORTUGUESA
02. TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA – 2014 - VUNESP As subprefeituras e a Vigilância Sanitária dizem que existe
Meu amigo lusitano, Diniz, está traduzindo para o francês um protocolo para identificar os focos de reprodução do mos-
meus dois primeiros romances, Os Éguas e Moscow. Temos tro- quito transmissor, depois que uma pessoa é infectada. Mas
cado e-mails muito interessantes, por conta de palavras e gírias quando alguém fica doente e avisa as autoridades, não é bem
comuns no meu Pará e absolutamente sem sentido para ele. Às isso que acontece.
vezes é bem difícil explicar, como na cena em que alguém empi- (Saúde Uol).
na papagaio e corta o adversário “no gasgo”.
“Só este ano...” O ano a que a reportagem se refere é o ano
Os termos muito e bem, em destaque, atribuem aos termos A) em que apareceu a dengue pela primeira vez.
aos quais se subordinam sentido de: B) em que o texto foi produzido.
A) comparação. C) em que o leitor vai ler a reportagem.
B) intensidade. D) em que a dengue foi extinta na cidade de São Paulo.
C) igualdade. E) em que começaram a ser registrados os casos da doença.
D) dúvida.
E) quantidade. 06. CEFET/RJ - REVISOR DE TEXTOS – 2015 - CESGRANRIO
03. TJ/RJ – Analista Judiciário – 2015 - FGV Em qual dos períodos abaixo, a troca de posição entre a
“A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a poluição palavra sublinhada e o substantivo a que se refere mantém o
em São Paulo mata o dobro do que o trânsito”. sentido?
A) Algum autor desejava a minha opinião sobre o seu tra-
A oração em forma desenvolvida que substitui correta e balho.
adequadamente o gerúndio “advertindo” é: B) O mesmo porteiro me entregou o pacote na recepção
A) com a advertência de; do hotel.
B) quando adverte; C) Meu pai procurou uma certa pessoa para me entregar o
C) em que adverte; embrulho.
D) Contar histórias é uma prazerosa forma de aproximar os
D) no qual advertia;
indivíduos.
E) para advertir.
E) Grandes poemas épicos servem para perpetuar a cultura
de um povo.
04. PREF. DE PAULISTA/PE – RECEPCIONISTA – 2016 -
UPENET
RESPOSTAS
Observe o fragmento de texto abaixo:
“Mas o que fazer quando o conteúdo não é lembrado justa-
mente na hora da prova?” 1 C
Sobre ele, analise as afirmativas abaixo: 2 B
3 C
I. O termo “Mas” é classificado como conjunção subordi-
nativa e, nesse contexto, pode ser substituído por “desde que”. 4 D
II. Classifica-se o termo “quando” como conjunção subordi- 5 B
nativa que exprime circunstância temporal.
III. Acentua-se o “u” tônico do hiato existente na palavra 6 D
“conteúdo”.
IV. Os termos “conteúdo”, “hora” e “prova” são palavras in-
variáveis, classificadas como substantivos.
10
LÍNGUA PORTUGUESA
11
LÍNGUA PORTUGUESA
Simples - formado por um só radical. Exemplo: bonita. Somente seis adjetivos têm o grau comparativo de superio-
Composto - formado por mais de um radical. Exemplo: lati- ridade sintético. Veja-os:
no-americano.
Primitivo - não deriva de outra palavra. Exemplo: claro, gran- bom – melhor
de. mau – pior
Derivado - tem origem em outra palavra. Exemplo: tolerante grande – maior
(vem de tolerar). pequeno – menor
Pátrio - é o que se refere a países, estados, cidades, etc. alto – superior
Exemplo: brasileiro, mineiro, carioca, etc. baixo – inferior
12
LÍNGUA PORTUGUESA
O numeral é a palavra que indica, em termos numéricos, Dependendo da pessoa a quem nos dirigimos, do seu cargo,
um número exato ou a posição que tal coisa ocupa numa série. idade, título, o tratamento será familiar ou cerimonioso: Vossa
Alteza (V.A.) - príncipes, duques; Vossa Eminência (V.Ema) - car-
Classificação deais; Vossa Excelência (V.Ex.a) - altas autoridades, presidente,
oficiais; Vossa Magnificência (V.Mag.a) - reitores de universida-
Cardinais: Forma básica dos números, indicam contagem, des; Vossa Majestade (V.M.) – reis, imperadores; Vossa Santida-
medida. Exemplo, um, dois, três… de (V.S.) - Papa; Vossa Senhori (V.Sa) - tratamento cerimonioso.
Ordinais: Indica ordem de uma sequência. Exemplo, primei- - Além desses, são pronomes de tratamento: senhor, senho-
ro, segundo, terceiro… ra, senhorita, dona, você.
- A forma Vossa (Senhoria, Excelência) é empregada quando
Fracionários: Indicam a diminuição das proporções numé-
se fala com a própria pessoa: Vossa Senhoria não compareceu à
ricas, ou seja, representam uma parte de um todo. Exemplo,
reunião dos semterra? (falando com a pessoa)
meio, terço, quarto, quinto…
- A forma Sua (Senhoria, Excelência ) é empregada quando
se fala sobre a pessoa: Sua Eminência, o cardeal, viajou paraum
Multiplicativos: Determina o aumento da quantidade por
meio de múltiplos. Exemplo, dobro, triplo, quádruplo, quíntu- Congresso. (falando a respeito do cardeal)
plo…
Pronomes Possessivo
Coletivos: Número exato que faz referência a um conjun-
to de seres. Exemplo: dúzia (conjunto de 12), dezena (conjunto Os pronomes possessivos são aqueles que transmitem a
de 10), centena (conjunto de 100), semestre (conjunto de 6), ideia de posse, por exemplo: Esse carro é seu?
bimestre (conjunto de 2).
Pessoas Verbais Pronomes Possessivos
Ordinal Cardinal Ordinal Cardinal
Um Primeiro Vinte Vigésimo 1ª pessoa do singular meu, minha (singular); meus,
(eu) minhas (plural)
Dois Segundo Trinta Trigésimo
Três Terceiro Cinquenta Quinquagésimo 2ª pessoa do singular
teu, tua (singular); teus, tuas (plural)
(tu, você)
Quatro Quarto Sessenta Sexagésimo
Cinco Quinto Oitenta Octogésimo 3ª pessoa do singular
seu, sua (singular); seus, suas (plural)
Seis Sexto Cem Centésimo (ele/ela)
Sete Sétimo Quinhentos Quingentésimo
1ª pessoa do plural nosso, nossa (singular); nossos,
Oito Oitavo Setecentos Setingentésimo (nós) nossas (plural)
Nove Nono Novecentos Noningentésimo
2ª pessoa do plural vosso, vossa (singular); vossos,
Dez Décimo Mil Milésimo (vós, vocês) vossas (plural)
13
LÍNGUA PORTUGUESA
14
LÍNGUA PORTUGUESA
15
LÍNGUA PORTUGUESA
São consideradas palavras invariáveis por não terem flexão A preposição é invariável. Porém, pode unir-se a outras pa-
de número (singular e plural) e gênero (masculino, feminino); lavras e estabelecer concordância em gênero ou em número.
entretanto, são flexionadas nos graus comparativo e superlativo. Ex.: por + o = pelo; por + a = pela.
16
LÍNGUA PORTUGUESA
17
LÍNGUA PORTUGUESA
-Conjunções Aditivas: Exprimem soma, adição de pensa- Exemplo: Se não chover, irei à festa.
mentos: e, nem, não só...mas também, não só...como também.
-Conjunções Conformativas: Iniciam orações subordinadas
Exemplo: João não lê nem escreve. que exprimem acordo, concordância de um fato com outro: se-
gundo, como, conforme.
-Conjunções Adversativas: Exprimem oposição, contraste,
compensação de pensamentos: mas, porém, contudo, entre- Exemplo: Cada um oferece conforme ganha.
tanto, no entanto, todavia.
-Conjunções Consecutivas: Iniciam orações subordinadas
Exemplo: Não viajamos, porém, poupamos dinheiro. que exprimem a consequência ou o efeito do que se declara na
oração principal: que, de forma que, de modo que, de maneira
-Conjunções Alternativas: Exprimem escolha de pensamen- que.
tos: ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer, seja...seja.
Exemplo: Estava tão linda, de modo que todos pararam para
Exemplo: Ou você casa, ou compra uma bicicleta. olhar.
Conjunções Conclusivas: Exprimem conclusão de pensa- -Conjunções Temporais: Iniciam orações subordinadas que
mento: logo, por isso, pois (quando vem depois do verbo), por- dão ideia de tempo: logo que, antes que, quando, assim que,
tanto, por conseguinte, assim. sempre que.
Exemplo: Não pode ligar, pois estava sem bateria. -Conjunções Proporcionais: Iniciam orações subordinadas
que exprimem concomitância, simultaneidade: à medida que,
Conjunções Subordinativas: Ligam orações dependentes à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto menos,
uma da outra. quanto menor, quanto melhor.
-Conjunções Integrantes: Introduzem orações subordinadas Exemplo: Ao passo que cresce, sua educação diminui.
com função substantiva: que, se.
18
LÍNGUA PORTUGUESA
QUESTÕES
Acostumados a lidar com tragédias naturais, os japoneses costumam se reerguer em tempo recorde depois de catástrofes. Mi-
nas irá buscar experiência e tecnologias para superar a tragédia em Mariana
A partir de janeiro, Minas Gerais irá se espelhar na experiência de enfrentamento de catástrofes e tragédias do Japão, para tentar
superar Mariana e recuperar os danos ambientais e sociais. Bombeiros mineiros deverão receber treinamento por meio da Agência
de Cooperação Internacional do Japão (Jica), a exemplo da troca de experiências que já acontece no Estado com a polícia comunitária,
espelhada no modelo japonês Koban.
O terremoto seguido de um tsunami que devastou a costa nordeste do Japão em 2011 deixando milhares de mortos e desapareci-
dos, e prejuízos que quase chegaram a US$ 200 bilhões, foi uma das muitas tragédias naturais que o país enfrentou nos últimos anos.
Menos de um ano depois da catástrofe, no entanto, o Japão já voltava à rotina. É esse tipo de experiência que o Brasil vai buscar para
lidar com a tragédia ocorrida em Mariana.
(Juliana Baeta, http://www.otempo.com.br, 10.12.2015. Adaptado)
No trecho – Bombeiros mineiros deverão receber treinamento... – (1o parágrafo), a expressão em destaque é formada por
substantivo + adjetivo, nessa ordem. Essa relação também se verifica na expressão destacada em:
Parte superior do formulário
a) A imprudente atitude do advogado trouxe-me danos.
b) Entrou silenciosamente, com um espanto indisfarçável.
c) Alguma pessoa teve acesso aos documentos da reunião?
d) Trata-se de um lutador bastante forte e preparado.
e) Estiveram presentes à festa meus estimados padrinhos.
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns
para com os outros em espírito de fraternidade. Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Toda a pessoa
tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desem-
prego”.
19
LÍNGUA PORTUGUESA
De acordo com a gramática da língua portuguesa, adjetivo é O termo “que” é pronome e pode ser substituído por “o
a palavra que qualifica um substantivo. Aponte a afirmativa que qual” APENAS em
contenha somente adjetivos retirados do texto. Parte superior do formulário
a) livres, iguais, equitativas, satisfatórias. a) I e II.
b) todos, dever, fraternidade, liberdade. b) II e III.
c) trabalho, ter, direito, desemprego. c) I, II e IV.
d) espírito, seres, nascer, livre. d) I e IV.
e) III e IV.
04. Prefeitura de Barra de Guabiraba/PE - Nível Funda-
mental Completo – 2016 - IDHTEC 06. Pref. de Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo –
Assinale a alternativa em que o numeral está escrito por 2017 - IDHTEC
extenso corretamente, de acordo com a sua aplicação na frase:
a) Os moradores do bairro Matão, em Sumaré (SP), temem
Morto em 2015, o pai afirma que Jules Bianchi não
que suas casas desabem após uma cratera se abrir na Avenida
__________culpa pelo acidente. Em entrevista, Philippe Bian-
Papa Pio X. (DÉCIMA)
chi afirma que a verdade nunca vai aparecer, pois os pilotos
b) O acidente ocorreu nessa terça-feira, na BR-401 (QUA-
TROCENTAS E UMA) __________ medo de falar. “Um piloto não vai dizer nada se
c) A 22ª edição do Guia impresso traz uma matéria e teve a existir uma câmera, mas quando não existem câmeras, todos
sua página Classitêxtil reformulada. (VIGÉSIMA SEGUNDA) __________ até mim e me dizem. Jules Bianchi bateu com seu
d) Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilíci- carro em um trator durante um GP, aquaplanou e não conseguiu
ta, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, __________para evitar o choque.
mediante artifício, ardil. (CENTÉSIMO SETÉSIMO PRIMEIRO) (http://espn.uol.com.br/noticia/603278_pai-diz-que-pilo-
e) A Semana de Arte Moderna aconteceu no início do sécu- tos-da-f-1-temmedo-de-falar-a-verdade-sobre-o-acidente-fatal-
lo XX. (SÉCULO DUCENTÉSIMO) -de-bianchi)
05. ELETROBRAS-ELETROSUL - Técnico de Segurança do Complete com a sequência de verbos que está no tempo,
Trabalho – 2016 - FCC modo e pessoa corretos:
a) Tem – tem – vem - freiar
Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com tudo movido a b) Tem – tiveram – vieram - frear
energia solar c) Teve – tinham – vinham – frenar
d) Teve – tem – veem – freiar
Bem no meio do deserto, há um lugar onde o calor é extre- e) Teve – têm – vêm – frear
mo. Sessenta e três graus ou até mais no verão. E foi exatamente
por causa da temperatura que foi construída em Abu Dhabi uma 07. (UNIFESP - Técnico em Segurança do Trabalho – VU-
das maiores usinas de energia solar do mundo. NESP/2016)
Os Emirados Árabes estão investindo em fontes energéticas
renováveis. Não vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra É permitido sonhar
por mais 100 anos pelo menos. O que pretendem é diversificar e
poluir menos. Uma aposta no futuro. Os bastidores do vestibular são cheios de histórias – curio-
A preocupação com o planeta levou Abu Dhabi a tirar do pa- sas, estranhas, comoventes. O jovem que chega atrasado por
pel a cidade sustentável de Masdar. Dez por cento do planejado
alguns segundos, por exemplo, é uma figura clássica, e patética.
está pronto. Um traçado urbanístico ousado, que deixa os car-
Mas existem outras figuras capazes de chamar a atenção.
ros de fora. Lá só se anda a pé ou de bicicleta. As ruas são bem
Takeshi Nojima é um caso. Ele fez vestibular para a Faculda-
estreitas para que um prédio faça sombra no outro. É perfeito
para o deserto. Os revestimentos das paredes isolam o calor. E a de de Medicina da Universidade do Paraná. Veio do Japão aos
direção dos ventos foi estudada para criar corredores de brisa. 11 anos, trabalhou em várias coisas, e agora quer começar uma
(Adaptado de: “Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com carreira médica.
tudo movido a energia solar”. Disponível em:http://g1.globo. Nada surpreendente, não fosse a idade do Takeshi: ele tem
com/globoreporter/noticia/2016/04/abu-dhabi-constroi-cida- 80 anos. Isto mesmo, 80. Numa fase em que outros já passaram
de-do-futuro-com-tudo-movido-energia-solar.html) até da aposentadoria compulsória, ele se prepara para iniciar
nova vida. E o faz tranquilo: “Cuidei de meus pais, cuidei dos meus
Considere as seguintes passagens do texto: filhos. Agora posso realizar um sonho que trago da infância”.
I. E foi exatamente por causa da temperatura que foi Não faltará quem critique Takeshi Nojima: ele está tirando o
construída em Abu Dhabi uma das maiores usinas de energia lugar de jovens, dirá algum darwinista social. Eu ponderaria que
solar do mundo. (1º parágrafo) nem tudo na vida se regula pelo critério cronológico. Há pais
II. Não vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra por que passam muito pouco tempo com os filhos e nem por isso
mais 100 anos pelo menos. (2º parágrafo) são maus pais; o que interessa é a qualidade do tempo, não a
III. Um traçado urbanístico ousado, que deixa os carros de quantidade. Talvez a expectativa de vida não permita ao vesti-
fora. (3º parágrafo) bulando Nojima uma longa carreira na profissão médica. Mas os
IV. As ruas são bem estreitas para que um prédio faça anos, ou meses, ou mesmo os dias que dedicar a seus pacientes
sombra no outro. (3º parágrafo) terão em si a carga afetiva de uma existência inteira.
20
LÍNGUA PORTUGUESA
Não sei se Takeshi Nojima passou no vestibular; a notícia 5º – Obrigado. Por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou
que li não esclarecia a respeito. Mas ele mesmo disse que isto voltando ao convívio do grupo.
não teria importância: se fosse reprovado, começaria tudo de RANGEL, Alexandre (org.). As mais belas parábolas de to-
novo. E aí de novo ele dá um exemplo. Os resultados do difícil dos os tempos –Vol. II.Belo Horizonte: Leitura, 2004.
exame trazem desilusão para muitos jovens, e não são pou- Assinale a alternativa que preenche corretamente as la-
cos os que pensam em desistir por causa de um fracasso. A cunas do texto:
estes eu digo: antes de abandonar a luta, pensem em Takeshi a) a – ao – por.
Nojima, pensem na força de seu sonho. Sonhar não é proibi- b) da – para o – de.
do. É um dever. c) à – no – a.
(Moacyr Scliar. Minha mãe não dorme enquanto eu não d) a – de – em.
chegar, 1996. Adaptado)
09. IF-PE - Técnico em Enfermagem – 2017 - IF-PE
Observe as passagens:
– … e agora quer começar uma carreira médica. (2° parágra- Crônica da cidade do Rio de Janeiro
fo);
– … ele tem 80 anos. Isto mesmo, 80. (3° parágrafo); No alto da noite do Rio de Janeiro, luminoso, generoso, o
– Talvez a expectativa de vida não permita… (4° parágrafo). Cristo Redentor estende os braços. Debaixo desses braços os ne-
tos dos escravos encontram amparo.
As expressões destacadas expressam, respectivamente, Uma mulher descalça olha o Cristo, lá de baixo, e apontando
sentido de seu fulgor, diz, muito tristemente:
a) lugar, modo e causa. - Daqui a pouco não estará mais aí. Ouvi dizer que vão tirar
b) tempo, afirmação e dúvida. Ele daí.
c) afirmação, afirmação e dúvida. - Não se preocupe – tranquiliza uma vizinha. – Não se preo-
d) tempo, modo e afirmação. cupe: Ele volta.
e) modo, dúvida e intensidade.
A polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia. Na
cidade violenta soam tiros e também tambores: os atabaques,
08. Ceron/RO - Direito – 2016 - EXATUS
ansiosos de consolo e de vingança, chamam os deuses africanos.
Cristo sozinho não basta.
A lição do fogo
(GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre:
L&PM Pocket, 2009.)
1º Um membro de determinado grupo, ao qual prestava
serviços regularmente, sem nenhum aviso, deixou de participar
Na construção “A polícia mata muitos, e mais ainda mata
de suas atividades.
2º Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu a economia”, a conjunção em destaque estabelece, entre as
visitá-lo. Era uma noite muito fria. O líder encontrou o homem orações,
em casa sozinho, sentado diante ______ lareira, onde ardia um Parte superior do formulário
fogo brilhante e acolhedor. a) uma relação de adição.
3º Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vin- b) uma relação de oposição.
das ao líder, conduziu-o a uma cadeira perto da lareira e ficou c) uma relação de conclusão.
quieto, esperando. O líder acomodou-se confortavelmente no d) uma relação de explicação.
local indicado, mas não disse nada. No silêncio sério que se for- e) uma relação de consequência.
mara, apenas contemplava a dança das chamas em torno das Parte inferior do formulário
achas da lenha, que ardiam. Ao cabo de alguns minutos, o líder
examinou as brasas que se formaram. Cuidadosamente, selecio- 10. (IF-PE - Auxiliar em Administração – IF-PE/2016)
nou uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a
______ lado. Voltou, então, a sentar-se, permanecendo silen- A fome/2
cioso e imóvel. O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado
e quieto. Aos poucos, a chama da brasa solitária diminuía, até Um sistema de desvinculo: Boi sozinho se lambe melhor... O
que houve um brilho momentâneo e seu fogo se apagou de vez. próximo, o outro, não é seu irmão, nem seu amante. O outro é
4º Em pouco tempo, o que antes era uma festa de calor e um competidor, um inimigo, um obstáculo a ser vencido ou uma
luz agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de car- coisa a ser usada. O sistema, que não dá de comer, tampouco dá
vão recoberto _____ uma espessa camada de fuligem acinzen- de amar: condena muitos à fome de pão e muitos mais à fome
tada. Nenhuma palavra tinha sido dita antes desde o protocolar de abraços.
cumprimento inicial entre os dois amigos. O líder, antes de se (GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre:
preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil, L&PM Pocket, 2009, p. 81.)
colocando-o de volta ao meio do fogo. Quase que imediatamen-
te ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor dos car- No trecho “O sistema, que não dá de comer, tampouco dá
vões ardentes em torno dele. Quando o líder alcançou a porta de amar”, a conjunção destacada estabelece, entre as orações,
para partir, seu anfitrião disse: a relação de
21
LÍNGUA PORTUGUESA
- Imperativas afirmativas:
SINTAXE: ANÁLISE SINTÁTICA, FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO Vá por ali.
Siga-me!
Sintaxe - Imperativas negativas:
Não vá por ali.
A Sintaxe constitui seu foco de análise na sentença, ou seja, Não me siga!
estuda a função dos vocábulos dentro de uma frase.
A Gramática Tradicional trabalha a Sintaxe sob a forma de Frases interrogativas: ocorrem quando o emissor faz uma
“análise sintática” que, consiste em classificar os vocábulos em pergunta na mensagem. Podem ser diretas ou indiretas.
sujeito, predicado ou outros “termos acessórios da oração” (ad- As interrogativas diretas devem ser sinalizadas com ponto
junto adverbial, adnominal, aposto). de interrogação, enquanto as interrogativas indiretas, ponto fi-
nal.
Análise Sintática
- Interrogativas diretas:
Examina a estrutura do período, divide e classifica as ora- Escreveu o discurso?
ções que o constituem e reconhece a função sintática dos ter- O prazo terminou?
mos de cada oração. - Interrogativas indiretas:
Quero saber se o discurso está feito.
Frase Precisava saber se o prazo terminou.
A construção da fala é feita a partir da articulação de unida- Frases optativas: expressam um desejo e são sinalizadas
des comunicativas. Essas unidades exprimem ideias, emoções,
com ponto de exclamação:
ordens, apelos, enfim, transmitem comunicação. São chamadas
frases
Que Deus te abençoe!
Exemplos: uita sorte para a nova etapa!
Espantoso!
Aonde vai com tanta pressa? Oração
“O bicho, meu Deus, era um homem.” (Manuel Bandeira)
É o enunciado que se organiza em torno de um verbo ou
A frase pode ou não se organizar ao redor de um verbo. Na de uma locução verbal. As orações podem ou não ter sentido
língua falada, a frase é caracterizada pela entonação. completo.
As orações são a base para a construção dos períodos, e são
Tipos de frases formadas por vários termos. Alguns termos estão presentes em
todas ou na maioria das orações. É o caso do sujeito e predica-
A intencionalidade do discurso é manifestada através dos di- do. Outros termos não tão frequentes, ou têm um uso situacio-
ferentes tipos de frases. Para tanto, os sinais de pontuação que as nal, como os complementos e adjuntos.
acompanham auxiliam para expressar o sentido de cada uma delas.
22
LÍNGUA PORTUGUESA
Predicado: segmento linguístico que estabelece concordân- São os termos que completam a significação transitiva dos
cia com outro termo essencial da oração, o sujeito, sendo este verbos e nomes. Integram o sentido da oração, sendo assim in-
o termo determinante (ou subordinado) e o predicado o termo dispensável à compreensão do enunciado. São eles:
determinado (ou principal). Têm por características básicas: - Complemento Verbal (Objeto Direto e Objeto Indireto);
apresentar-se como elemento determinado em relação ao - Complemento Nominal;
sujeito; apontar um atributo ou acrescentar nova informação ao - Agente da Passiva.
sujeito.
23
LÍNGUA PORTUGUESA
24
LÍNGUA PORTUGUESA
25
LÍNGUA PORTUGUESA
Se a oração escrita na carta estivesse completa, como em Mas logo se aprontavam a diminuir-lhe os méritos: o tipo dor-
“Você será amada POR MIM”, o termo destacado funcionaria mia nas árvores, em plena passarada. Eles se igualam aos bichos
como: silvestres, concluíam.
a) complemento nominal. Fosse por desdenho dos grandes ou por glória dos peque-
b) objeto direto. nos, a verdade é que, aos pouco-poucos, o passarinheiro foi vi-
c) agente da passiva. rando assunto no bairro do cimento. Sua presença foi enchendo
d) objeto indireto. durações, insuspeitos vazios. Conforme dele se comprava, as
e) adjunto nominal. casas mais se repletavam de doces cantos. Aquela música se
estranhava nos moradores, mostrando que aquele bairro não
04. EMSERH – Enfermeiro – 2017 – FUNCAB pertencia àquela terra. Afinal, os pássaros desautenticavam os
Assinale a alternativa correspondente ao período onde há residentes, estrangeirando-lhes? [...] O comerciante devia saber
predicativo do sujeito: que seus passos descalços não cabiam naquelas ruas. Os bran-
cos se inquietavam com aquela desobediência, acusando o tem-
O embondeiro que sonhava pássaros po. [...]
As crianças emigravam de sua condição, desdobrando-se
Esse homem sempre vai ficar de sombra: nenhuma memó- em outras felizes existências. E todos se familiavam, parentes
ria será bastante para lhe salvar do escuro. Em verdade, seu as- aparentes. [...]
tro não era o Sol. Nem seu país não era a vida. Talvez, por razão Os pais lhes queriam fechar o sonho, sua pequena e infinita
disso, ele habitasse com cautela de um estranho. O vendedor de alma. Surgiu o mando: a rua vos está proibida, vocês não saem
pássaros não tinha sequer o abrigo de um nome. Chamavam-lhe mais. Correram-se as cortinas, as casas fecharam suas pálpebras.
o passarinheiro. COUTO, Mia. Cada homem é uma raça: contos/ Mia Cou-
Todas manhãs ele passava nos bairros dos brancos carre- to - 1ª ed. - São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p.63 - 71.
gando suas enormes gaiolas. Ele mesmo fabricava aquelas jau- (Fragmento).
las, de tão leve material que nem pareciam servir de prisão. Sobre os elementos destacados do fragmento “Em verdade,
Parecia eram gaiolas aladas, voláteis. Dentro delas, os pássaros seu astro não era o Sol. Nem seu país não era a vida.”, leia as
esvoavam suas cores repentinas. À volta do vendedeiro, era uma afirmativas.
nuvem de pios, tantos que faziam mexer as janelas: I. A expressão EM VERDADE pode ser substituída, sem alte-
- Mãe, olha o homem dos passarinheiros! ração de sentido por COM EFEITO.
E os meninos inundavam as ruas. As alegrias se intercam- II. ERA O SOL formam o predicado verbal da primeira oração.
biavam: a gritaria das aves e o chilreio das crianças. O homem III. NEM, no contexto, é uma conjunção coordenativa.
puxava de uma muska e harmonicava sonâmbulas melodias. O
mundo inteiro se fabulava. Está correto apenas o que se afirma em:
Por trás das cortinas, os colonos reprovavam aqueles abu- a) I e III.
sos. Ensinavam suspeitas aos seus pequenos filhos - aquele pre- b) III.
to quem era? Alguém conhecia recomendações dele? Quem c) I e II.
autorizara aqueles pés descalços a sujarem o bairro? Não, não d) I.
e não. O negro que voltasse ao seu devido lugar. Contudo, os e) II e III.
pássaros tão encantantes que são - insistiam os meninos. Os pais
se agravavam: estava dito. 05. TRE/RR - Técnico Judiciário - Operação de
Mas aquela ordem pouco seria desempenhada.[...] Computadores – 2015 - FCC
O homem então se decidia a sair, juntar as suas raivas com É indiscutível que no mundo contemporâneo o ambiente
os demais colonos. No clube, eles todos se aclamavam: era pre- do futebol é dos mais intensos do ponto de vista psicológico.
ciso acabar com as visitas do passarinheiro. Que a medida não Nos estádios a concentração é total. Vive-se ali situação de
podia ser de morte matada, nem coisa que ofendesse a vista incessante dialética entre o metafórico e o literal, entre o
das senhoras e seus filhos. ___6___ remédio, enfim, se haveria lúdico e o real. O que varia conforme o indivíduo considerado é
de pensar. a passagem de uma condição a outra. Passagem rápida no caso
No dia seguinte, o vendedor repetiu a sua alegre invasão. do torcedor, cuja regressão psíquica do lúdico dura algumas
Afinal, os colonos ainda que hesitaram: aquele negro trazia aves horas e funciona como escape para as pressões do cotidiano.
de belezas jamais vistas. Ninguém podia resistir às suas cores, Passagem lenta no caso do futebolista profissional, que vive
seus chilreios. Nem aquilo parecia coisa deste verídico mundo. quinze ou vinte anos em ambiente de fantasia, que geralmente
O vendedor se anonimava, em humilde desaparecimento de si: torna difícil a inserção na realidade global quando termina a car-
- Esses são pássaros muito excelentes, desses com as asas reira. A solução para muitos é a reconversão em técnico, que os
todas de fora. mantém sob holofote. Lothar Matthäus, por exemplo, recordista
Os portugueses se interrogavam: onde desencantava ele de partidas em Copas do Mundo, com a seleção alemã, Ballon
tão maravilhosas criaturas? onde, se eles tinham já desbravado d’Or de 1990, tornou-se técnico porque “na verdade, para mim,
os mais extensos matos? o futebol é mais importante do que a família”. [...]
O vendedor se segredava, respondendo um riso. Os senho- Sendo esporte coletivo, o futebol tem implicações e signi-
res receavam as suas próprias suspeições - teria aquele negro ficações psicológicas coletivas, porém calcadas, pelo menos em
direito a ingressar num mundo onde eles careciam de acesso? parte, nas individualidades que o compõem. O jogo é coletivo,
26
LÍNGUA PORTUGUESA
como a vida social, porém num e noutra a atuação de um só O elemento que exerce a mesma função sintática que o su-
indivíduo pode repercutir sobre o todo. Como em qualquer blinhado acima encontra-se em
sociedade, na do futebol vive-se o tempo inteiro em equilíbrio a) a fortuna. (4a estrofe)
precário entre o indivíduo e o grupo. O jogador busca o sucesso b) A memória das naus. (2a estrofe)
pessoal, para o qual depende em grande parte dos companhei- c) grandes navios. (2a estrofe)
ros; há um sentimento de equipe, que depende das qualidades d) menos gente. (3a estrofe)
pessoais de seus membros. O torcedor lúcido busca o prazer do e) a América. (4a estrofe)
jogo preservando sua individualidade; todavia, a própria condi-
ção de torcedor acaba por diluí-lo na massa. 07. TRF – 3ª Região – Analista Judiciário – Área Administra-
(JÚNIOR, Hilário Franco. A dança dos deuses: futebol, tiva – 2016 – FCC
cultura, sociedade. São Paulo: Companhia das letras, 2007, p. O museu é considerado um instrumento de neutralização
303-304, com adaptações) – e talvez o seja de fato. Os objetos que nele se encontram reu-
nidos trazem o testemunho de disputas sociais, de conflitos po-
*Ballon d’Or 1990 - prêmio de melhor jogador do ano líticos e religiosos. Muitas obras antigas celebram vitórias milita-
res e conquistas: a maior parte presta homenagem às potências
O jogador busca o sucesso pessoal ... dominantes, suas financiadoras. As obras modernas são, mais
genericamente, animadas pelo espírito crítico: elas protestam
A mesma relação sintática entre verbo e complemento, su- contra os fatos da realidade, os poderes, o estado das coisas. O
blinhados acima, está em: museu reúne todas essas manifestações de sentido oposto. Ex-
a) É indiscutível que no mundo contemporâneo... põe tudo junto em nome de um valor que se presume partilhado
b) ... o futebol tem implicações e significações psicológicas por elas: a qualidade artística. Suas diferenças funcionais, suas
coletivas ... divergências políticas são apagadas. A violência de que partici-
c) ... e funciona como escape para as pressões do cotidiano. pavam, ou que combatiam, é esquecida. O museu parece assim
d) A solução para muitos é a reconversão em técnico ... desempenhar um papel de pacificação social. A guerra das ima-
e) ... que depende das qualidades pessoais de seus mem- gens extingue-se na pacificação dos museus.
bros. Todos os objetos reunidos ali têm como princípio o fato de
terem sido retirados de seu contexto. Desde então, dois pontos
06. MPE/PB - Técnico ministerial - diligências e apoio ad- de vista concorrentes são possíveis. De acordo com o primeiro, o
ministrativo – 2015 - FCC museu é por excelência o lugar de advento da Arte enquanto tal,
separada de seus pretextos, libertada de suas sujeições. Para o
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, segundo, e pela mesma razão, é um “depósito de despojos”. Por
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha um lado, o museu facilita o acesso das obras a um status esté-
aldeia tico que as exalta. Por outro, as reduz a um destino igualmente
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. estético, mas, desta vez, concebido como um estado letárgico.
A colocação em museu foi descrita e denunciada frequente-
O Tejo tem grandes navios mente como uma desvitalização do simbólico, e a musealização
E navega nele ainda, progressiva dos objetos de uso como outros tantos escânda-
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está, los sucessivos. Ainda seria preciso perguntar sobre a razão do
A memória das naus. “escândalo”. Para que haja escândalo, é necessário que tenha
havido atentado ao sagrado. Diante de cada crítica escandali-
O Tejo desce de Espanha zada dirigida ao museu, seria interessante desvendar que valor
E o Tejo entra no mar em Portugal foi previamente sacralizado. A Religião? A Arte? A singularidade
Toda a gente sabe isso. absoluta da obra? A Revolta? A Vida autêntica? A integridade
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia do Contexto original? Estranha inversão de perspectiva. Porque,
E para onde ele vai simultaneamente, a crítica mais comum contra o museu apre-
E donde ele vem senta-o como sendo, ele próprio, um órgão de sacralização. O
E por isso, porque pertence a menos gente, museu, por retirar as obras de sua origem, é realmente “o lugar
É mais livre e maior o rio da minha aldeia. simbólico onde o trabalho de abstração assume seu caráter mais
violento e mais ultrajante”. Porém, esse trabalho de abstração
Pelo Tejo vai-se para o Mundo e esse efeito de alienação operam em toda parte. É a ação do
Para além do Tejo há a América tempo, conjugada com nossa ilusão da presença mantida e da
E a fortuna daqueles que a encontram arte conservada.
Ninguém nunca pensou no que há para além (Adaptado de: GALARD, Jean. Beleza Exorbitante. São Pau-
Do rio da minha aldeia. lo, Fap.-Unifesp, 2012, p. 68-71)
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele. Na frase Diante de cada crítica escandalizada dirigida ao
(Alberto Caeiro) museu, seria interessante desvendar que valor foi previamente
E o Tejo entra no mar em Portugal sacralizado (3°parágrafo), a oração sublinhada complementa o
sentido de
27
LÍNGUA PORTUGUESA
Ponto-e-Vírgula ( ; )
01 B Usamos para:
02 C - separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma peti-
ção, de uma sequência, etc.:
03 C Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas
04 A formais e não formais, como direito de cada um, observados:
05 B I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e asso-
ciações, quanto a sua organização e funcionamento;
06 B II - a destinação de recursos públicos para a promoção prio-
07 C ritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a
do desporto de alto rendimento;
08 B III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional
e o não profissional;
PONTUAÇÃO IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas
de criação nacional.
Pontuação são sinais gráficos empregados na língua escrita - separar orações coordenadas muito extensas ou orações
para demonstrar recursos específicos da língua falada, como: coordenadas nas quais já tenham sido utilizado a vírgula.
entonação, silêncio, pausas, etc. Tais sinais têm papéis variados
no texto escrito e, se utilizados corretamente, facilitam a com- Dois-Pontos ( : )
preensão e entendimento do texto. Usamos para:
- iniciar a fala dos personagens: O pai disse: Conte-me a ver-
dade, meu filho.
28
LÍNGUA PORTUGUESA
29
LÍNGUA PORTUGUESA
No fragmento acima, as vírgulas foram empregadas para: 04. - IF-MT - Direito – 2018 - IF-MT
A) marcar termo adverbial intercalado. O uso adequado da pontuação é fundamental para o bom
B) isolar oração adjetiva explicativa. entendimento do texto. Nos casos abaixo, a vírgula está usada
C) enfatizar o termo sujeito em relação ao predicado. de forma inadequada em:
D) separar termo em função de aposto. A) Todos os cidadãos brasileiros, são iguais perante a lei,
conforme a Constituição Federal.
02. PC – CE - Escrivão da Policia Civil de 1ª classe – 2015 – B) Além disso, à noite, fazer caminhada até a minha casa é
VUNESP inseguro.
Assinale a alternativa correta quanto ao uso da vírgula, con- C) Agora, em relação à tecnologia, os jovens dispõem de
siderando-se a norma-padrão da língua portuguesa. uma série de comodidades, salientou o pesquisador.
A) Os amigos, apesar de terem esquecido de nos avisar, que D) “Eu sei, mas não devia” (Marina Colasanti).
demoraria tanto, informaram-nos de que a gravidez, era algo E) Ainda havia muito a se deliberar, todavia, considerando o
demorado. horário avançado, a reunião foi encerrada.
B) Os amigos, apesar de terem esquecido de nos avisar que
demoraria tanto, informaram-nos de que a gravidez era algo de- 05. EMATERCE - Agente de ATER - Ciências Contábeis –
morado 2018 – CETREDE
C) Os amigos, apesar de terem esquecido, de nos avisar que Analise as duas frases a seguir em relação à ambiguidade.
demoraria tanto, informaram-nos de que a gravidez era algo de- I. Karla comeu um doce e sua irmã também.
morado. II. Mataram a vaca da sua tia.
D) Os amigos apesar de terem esquecido de nos avisar que,
demoraria tanto, informaram-nos, de que a gravidez era algo Marque a opção CORRETA.
demorado. A) O problema da frase I pode ser corrigido com uma vír-
E) Os amigos, apesar de, terem esquecido de nos avisar gula.
que demoraria tanto, informaram-nos de que a gravidez, era B) As duas frases podem ser corrigidas com o uso de pro-
algo demorado. nome.
C) Ao colocarmos apenas um verbo, corrigiremos a frase II.
D) Apenas a frase I apresenta problema de ambiguidade.
03. IPC - ES - Procurador Previdenciário I 2018 - IDECAN
E) Uma preposição resolveria o problema da frase II.
RESPOSTAS
01 D
02 B
03 A
04 A
05 A
Concordância Nominal
30
LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivos e um adjetivo: Quando há mais do que um Nós, vós e eles vamos à igreja.
substantivo e apenas um adjetivo, há duas formas de concordar:
Casos específicos de concordância verbal
- Quando o adjetivo vem antes dos substantivos, o adjetivo
deve concordar com o substantivo mais próximo. - Concordância verbal com verbos impessoais: como não
apresentam sujeito, são conjugados sempre na 3.ª pessoa do
Lindo pai e filho. singular:
Faz cinco anos que eu te conheci. (verbo fazer indicando
- Quando o adjetivo vem depois dos substantivos, o adjeti- tempo decorrido)
vo deve concordar com o substantivo mais próximo ou também
com todos os substantivos. - Concordância verbal com a partícula apassivadora se: o
objeto direto assume a função de sujeito paciente, e o verbo
Comida e bebida perfeita. estabelece concordância em número com o objeto direto:
Comida e bebida perfeitas.
Vende-se ovo.
- Palavras adverbiais x palavras adjetivas: há palavras que Vendem-se ovos.
têm função de advérbio, mas às vezes de adjetivo.
Quando advérbio, são invariáveis: Há bastante comida. - Concordância verbal com a partícula de indeterminação
Quando adjetivo, concordam com o nome a que se referem: do sujeito se: Quando atua como indeterminadora do sujeito, o
Há bastantes motivos para não gostar dele. verbo fica sempre conjugado na 3.ª pessoa do singular:
Fazem parte desta classificação: pouco, muito, bastante, ba- Precisa-se de vendedor.
rato, caro, meio, longe, etc. Precisa-se de vendedores.
- Expressões “anexo” e “obrigado”: tratam-se de palavras - Concordância verbal com a maioria, a maior parte, a meta-
adjetivas, e devem concordar com o nome a que se referem.
de,...: o verbo fica conjugado na 3.ª pessoa do singular. Porém, já
se considera aceitável o uso da 3.ª pessoa do plural:
Seguem anexas as avaliações.
Seguem anexos os conteúdos.
A maioria dos meninos vai…
Muito obrigado, disse ele.
A maior parte dos meninos vai…
Muito obrigada, disse ela.
A maioria dos meninos vão…
A maior parte dos meninos vão…
Sob a mesma regra, temos palavras como: incluso, quite,
leso, mesmo e próprio.
- Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo
Concordância Verbal concorda com o termo antecedente ao pronome relativo que:
A concordância verbal ocorre quando o verbo de flexiona Fui eu que contei o segredo.
para concordar com o sujeito gramatical. Essa flexão verbal é Foi ele que contou o segredo.
feita em número (singular ou plural) e em pessoa (1.ª, 2.ª ou 3.ª Fomos nós que contamos o segredo.
pessoa).
- Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo
Sujeito composto antes do verbo: O sujeito é composto e concorda com o termo antecedente ao pronome relativo quem
vem antes do verbo que deve estar sempre no plural. ou fica conjugado na 3.ª pessoa do singular:
Sujeito formado por pessoas gramaticais diferentes: O su- Eu pedi para eles fazerem a tarefa.
jeito é composto, mas as pessoas gramaticais são diferentes. O
verbo também deve ficar no plural e concordará com a pessoa - Concordância verbal com o infinitivo impessoal: o infinitivo
que, a nível gramatical, tem prioridade. não é flexionado em locuções verbais e em verbos preposicio-
1.ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2.ª (tu, nados:
vós) e a 2.ª tem prioridade em relação à 3.ª (ele, eles).
31
LÍNGUA PORTUGUESA
Foram impedidos de entender a razão. D) Em “Acredita-se que 25% da população frequentem am-
- Concordância verbal com o verbo ser: a concordância em bientes culturais”, a concordância está correta, uma vez que a
número é estabelecida com o predicativo do sujeito: porcentagem é o núcleo do segmento nominal.
E) Na frase “A maioria das pessoas não frequentam o mu-
Isto é verdade! seu”, o verbo encontra-se no plural por concordar com “pes-
Isto são verdades! soas”, ainda que pudesse, no singular, concordar com “maioria”.
- Concordância verbal com um dos que: o verbo fica sempre 05. MPE-SP – Oficial de Promotoria I – 2016 - VUNESP
na 3.ª pessoa do plural:
Fora do jogo
Um dos que foram…
Um dos que podem… Quando a economia muda de direção, há variáveis que logo
se alteram, como o tamanho das jornadas de trabalho e o paga-
QUESTÕES mento de horas extras, e outras que respondem de forma mais
lenta, como o emprego e o mercado de crédito. Tendências ne-
01. Pref. de Nova Veneza/SC – Psicólogo – 2016 - FAEPESUL gativas nesses últimos indicadores, por isso mesmo, costumam
A alternativa que está coerente com as regras da concor- ser duradouras.
dância nominal é: Daí por que são preocupantes os dados mais recentes da
A) Ternos marrons-claros. Associação Nacional dos Birôs de Crédito, que congrega empre-
B) Tratados lusos-brasileiros. sas do setor de crédito e financiamento.
C) Aulas teórico-práticas. Segundo a entidade, havia, em outubro, 59 milhões de con-
D) Sapatos azul-marinhos. sumidores impedidos de obter novos créditos por não estarem
E) Camisas verdes-escuras. em dia com suas obrigações. Trata-se de alta de 1,8 milhão em
dois meses.
02. SAAEB – Engenheiro de Segurança do Trabalho – 2016
Causa consternação conhecer a principal razão citada pelos
- FAFIPA
consumidores para deixar de pagar as dívidas: a perda de em-
Indique a alternativa que NÃO apresenta erro de concor-
prego, que tem forte correlação com a capacidade de pagamen-
dância nominal.
to das famílias.
A) O acontecimento derrubou a bolsa brasileira, argentina
Até há pouco, as empresas evitavam demitir, pois tendem
e a espanhola.
a perder investimentos em treinamento e incorrer em custos
B) Naquele lugar ainda vivia uma pseuda-aristocracia.
trabalhistas. Dado o colapso da atividade econômica, porém,
C) Como não tinham outra companhia, os irmãos viajaram só.
D) Simpáticos malabaristas e dançarinos animavam a festa. jogaram a toalha.
O impacto negativo da disponibilidade de crédito é imedia-
03. CISMEPAR/PR – Advogado – 2016 - FAUEL to. O indivíduo não só perde a capacidade de pagamento mas
A respeito de concordância verbal e nominal, assinale a al- também enfrenta grande dificuldade para obter novos recursos,
ternativa cuja frase NÃO realiza a concordância de acordo com a pois não possui carteira de trabalho assinada.
norma padrão da Língua Portuguesa: Tem-se aí outro aspecto perverso da recessão, que se soma
às muitas evidências de reversão de padrões positivos da última
A) Meias verdades são como mentiras inteiras: uma pessoa década – o aumento da informalidade, o retorno de jovens ao
meia honesta é pior que uma mentirosa inteira. mercado de trabalho e a alta do desemprego.
B) Sonhar, plantar e colher: eis o segredo para alcançar seus (Folha de S.Paulo, 08.12.2015. Adaptado)
objetivos.
C) Para o sucesso, não há outro caminho: quanto mais dis- Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal.
tante o alvo, maior a dedicação. A) A mudança de direção da economia fazem com que se
D) Não é com apenas uma tentativa que se alcança o que altere o tamanho das jornadas de trabalho, por exemplo.
se quer. B) Existe indivíduos que, sem carteira de trabalho assinada,
enfrentam grande dificuldade para obter novos recursos.
04. TRF – 3ª Região – Analista Judiciário-Área Administra- C) Os investimentos realizados e os custos trabalhistas fize-
tiva – 2017 - FCC ram com que muitas empresas optassem por manter seus fun-
A respeito da concordância verbal, é correto afirmar: cionários.
A) Em “A aquisição de novas obras devem trazer benefícios D) São as dívidas que faz com que grande número dos con-
a todos os frequentadores”, a concordância está correta por se sumidores não estejam em dia com suas obrigações.
tratar de expressão partitiva. E) Dados recentes da Associação Nacional dos Birôs de Cré-
B) Em “Existe atualmente, no Brasil, cerca de 60 museus”, dito mostra que 59 milhões de consumidores não pode obter
a concordância está correta, uma vez que o núcleo do sujeito é novos créditos.
“cerca”.
C) Na frase “Hão de se garantir as condições necessárias à 06. COPEL – Contador Júnior - 2017 - NC-UFPR
conservação das obras de arte”, o verbo “haver” deveria estar Assinale a alternativa em que os verbos sublinhados estão
no singular, uma vez que é impessoal. corretamente flexionados quanto à concordância verbal
32
LÍNGUA PORTUGUESA
A) A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recen- em] - atencioso [com, para com] - benéfico [a] - benefício [a]
temente a nova edição do relatório Smoke-free movies (Filmes – bom [para] - capacidade [de, para] - capaz [de, para] – cego
sem cigarro), em que recomenda que os filmes que exibem ima- [a] - certeza [de] - comum [de] - conforme [a, com] - consulta
gens de pessoas fumando deveria receber classificação indicati- [a] - contente [com, de, em, por] - cuidadoso [com] – curioso
va para adultos. [de, por] descontente [com] - desfavorável [a] –desrespeito [a]
B) Pesquisas mostram que os filmes produzidos em seis paí- - diferente [de] - dificuldade [com, de, em, para] – digno [de]
ses europeus, que alcançaram bilheterias elevadas (incluindo - dúvida [acerca de, em, sobre] – entendido [em] – essencial
alemães, ingleses e italianos), continha cenas de pessoas fuman- [para] – fácil [a, de, para] - facilidade [de, em, para] - fiel [a] - fe-
do em filmes classificados para menores de 18 anos. liz [de, com, em, por] - grato [a] - horror [a, de, por] -– idêntico
C) Para ela, a indústria do tabaco está usando a “telona” [a] - impaciência [com] – incapaz [de, para] –influência [sobre]
como uma espécie de última fronteira para anúncios, mensa- - insensível [a] - intolerante [com] - junto [a, de] - leal [a] - lento
gens subliminares e patrocínios, já que uma série de medidas [em] – liberal [com] - maior [de] – manifestação [contra] - medo
em diversos países passou a restringir a publicidade do tabaco. [de, a] – menor [de] –morador [em] - natural [de] - necessário
D) E 90% dos filmes argentinos também exibiu imagens de [a] - obediente [a] - ódio [a, contra] - orgulhoso [de, com] - pai-
fumo em filmes para jovens. xão [de, por] – parecido [a, com] - referência [a, por] –propício
E) Os especialistas da organização citam estudos que mos- [a] - próximo [a, de] - pronto [para, em] - propensão [para] - re-
tram que quatro em cada dez crianças começa a fumar depois lação [a, com, de, por, para com] - relacionado [com] - rente [a,
de ver atores famosos dando suas “pitadas” nos filmes. de, com] - responsável [por] - rico [de, em] –satisfeito [com, de,
em, por] - semelhante [a] - suspeito [a, de] - tentativa [contra,
RESPOSTAS de, para, para com] –único [em] - vazio [de]– visível [a] - vizinho
[a, de, com] – zelo [a, de, por].
01 C
02 D Regência de Advérbios: são importantes os advérbios: lon-
ge [de], perto [de] e proximamente [a, de]. Todos os advérbios
03 A terminados em -mente, tendem a apresentar a mesma preposi-
04 E ção dos adjetivos: Compatível [com]; compativelmente [com].
Relativo [a]; relativamente [a]
05 C
06 C Regência Verbal
33
LÍNGUA PORTUGUESA
Quando a regência verbal é feita através de uma prepo- No caso desse segmento do texto, a preposição a é de uso
sição, as mais utilizadas são: a, de, com, em, para, por, sobre. gramatical, pois é exigida pela regência do verbo dirigir.
agradar a;
obedecer a; Assinale a opção que indica a frase em que a preposição “a”
assistir a; introduz um adjunto e não um complemento.
visar a; A) O Brasil dá Deus a quem não tem nozes, dentes etc.
lembrar-se de; B) É preciso passar o Brasil a limpo.
simpatizar com; C) Um memorando serve não para informar a quem o lê,
comparecer em; mas para proteger quem o escreve.
convocar para; D) Quem é burro pede a Deus que o mate e ao diabo que
trocar por; o carregue.
alertar sobre. E) O desenvolvimento é uma receita dos economistas para
promover os miseráveis a pobres – e, às vezes, vice-versa.
QUESTÕES
01. MPE-GO - Secretário Auxiliar – Goiás – 2018 – MPE-GO
03. Pref. de Florianópolis/SC – Auxiliar de Sala – 2016 - FE-
PESE
Embora de ocorrência frequente no cotidiano, a gramática
normativa não aceita o uso do mesmo complemento para ver- A linguagem poética
bos com regências diferentes. Assinale a opção em que esse tipo
de transgressão não ocorre. Em relação à prosa comum, o poema se define de certas
A) “Pode-se concordar ou discordar, até radicalmente, de restrições e de certas liberdades. Frequentemente se confunde
toda a política externa brasileira.” (Clóvis Rossi) a poesia com o verso. Na sua origem, o verso tem uma função
B) “Educador é todo aquele que confere e convive com es- mneumotécnica (= técnica de memorizar); os textos narrativos,
ses conhecimentos.” (J. Carlos de Sousa) líricos e mesmo históricos e didáticos eram comunicados oral-
C) Vi e gostei muito do filme O jardineiro fiel cujo diretor é mente, e os versos – repetição de um mesmo número de sílabas
um brasileiro. ou de um número fixo de acentos tônicos e eventualmente re-
D) A sociedade brasileira quer a paz, anseia por ela e a ela petição de uma mesma sonoridade (rima) – facilitavam a me-
aspira. morização. Mais tarde o verso se tornou um meio de enfeitar o
E) Interessei-me e desinteressei-me pelo assunto quase que discurso, meio que se desvalorizou pouco a pouco: a poesia con-
simultaneamente. temporânea é rimada, mas raramente versificada. Na verdade
o valor poético do verso decorre de suas relações com o ritmo,
02. CODEBA – Analista Portuário – Administrador – 2016 com a sintaxe, com as sonoridades, com o sentido das palavras.
- FGV O poema é um todo.
(…)
Relatórios Os poetas enfraquecem a sintaxe, fazendo-a ajustar-se às exi-
gências do verso e da expressão poética. Sem se permitir verdadei-
Relatórios de circulação restrita são dirigidos a leitores de ras incorreções gramaticais, eles se permitem “licenças poéticas”.
perfil bem específico. Os relatórios de inquérito, por exemplo, Além disso, eles trabalham o sentido das palavras em dire-
são lidos pelas pessoas diretamente envolvidas na investigação ções contrárias: seja dando a certos termos uma extensão ou
de que tratam. Um relatório de inquérito criminal terá como lei- uma indeterminação inusitadas; seja utilizando sentidos raros,
em desuso ou novos; seja criando novas palavras.
tores preferenciais delegados, advogados, juízes e promotores.
Tais liberdades aparecem mais particularmente na utiliza-
Autores de relatórios que têm leitores definidos podem
ção de imagens. Assim, Jean Cohen, ao estudar o processo de
pressupor que compartilham com seus leitores um conhecimen-
fabricação das comparações poéticas, observa que a linguagem
to geral sobre a questão abordada. Nesse sentido, podem fazer
corrente faz espontaneamente apelo a comparações “razoáveis”
um texto que focalize aspectos específicos sem terem a necessi- (pertinentes) do tipo “a terra é redonda como uma laranja” (a
dade de apresentar informações prévias. redondeza é efetivamente uma qualidade comum à terra e a
Isso não acontece com relatórios de circulação mais ampla. uma laranja), ao passo que a linguagem poética fabrica compa-
Nesse caso, os autores do relatório devem levar em considera- rações inusitadas tais como: “Belo como a coisa nova/Na pra-
ção o fato de terem como interlocutores pessoas que se inte- teleira até então vazia” (João Cabral de Melo Neto). Ou, então
ressam pelo assunto abordado, mas não têm qualquer conhe- estranhas como: “A terra é azul como uma laranja” (Paul Éluard).
cimento sobre ele. No momento de elaborar o relatório, será Francis Vanoye
preciso levar esse fato em consideração e introduzir, no texto,
todas as informações necessárias para garantir que os leitores Assinale a alternativa correta quanto à regência verbal.
possam acompanhar os dados apresentados, a análise feita e a A) Chamaram Jean de poeta.
conclusão decorrente dessa análise. B) “Não obedeço a rima das estrofes”, disse o poeta.
C) Todos os escritores preferem o elogio do que a crítica
“Relatórios de circulação restrita são dirigidos a leitores de D) Passou no cinema o filme sobre aquele poeta que gosto
perfil bem específico”. muito.
E) Eu me lembrei os dias da leitura de poesia na escola.
34
LÍNGUA PORTUGUESA
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de - Pronome substantivo possessivo feminino no singular ou
modo a concordar com o elemento sublinhado na seguinte frase: plural: Aquela casa é semelhante à nossa. O acento indicativo de
A) Entre as várias atrações que (conter) um livro, uma é a de crase é obrigatório porque, no masculino, ficaria assim: Aquele
tornar-se um obieto do afeto de quem o possui. carro é semelhante ao nosso (preposição + artigo definido).
B) Se há imagens pelas quais se (deixar) prender um
espectador, há palavras que encantam um leitor. - Não confundir devido com dado (a, os, as): a expressão
C) Quando há num livro imagens excessivas, que pede preposição “a”, tendo crase antes de palavra feminina de-
(contaminar) um texto, as palavras saem desvalorizadas. terminada pelo artigo definido. Devido à chuva de ontem, os
D) A despeito de (haver) nele figuras demais, esse livro in- trabalhos foram cancelados (= devido ao temporal de ontem,
fantil atrai também um leitor adulto. os trabalhos...); Já a outra expressão não aceita preposição “a”
E) Aos frequentadores da internet (atrair) sobretudo o volu- (o “a” que aparece é artigo definido, não se usa, crase): Dada
me de informações que nela circulam. a resposta sobre o acidente (= dado o esclarecimento sobre...).
35
LÍNGUA PORTUGUESA
Fora os casos anteriores, deve-se substituir a palavra femi- - Antes de pronome adjetivo possessivo feminino singular:
nina por outra masculina da mesma função sintática. Caso use Pediu permissão à minha esposa; Pediu permissão a minha es-
“ao” no masculino, haverá crase no “a” do feminino. Se ocorrer posa. Mesma explicação é idêntica à do item anterior. Portanto,
“a” ou “o” no masculino, não haverá crase no “a” do feminino. mesmo com a presença da preposição, a crase é facultativa.
- Na expressão valer a pena (no sentido de valer o sacrifí- 03. MPE/SC – Promotor de Justiça – 2016 - MPE/SC
cio, o esforço), não ocorre crase, pois o “a” é artigo definido: Em relação ao emprego do sinal de crase, estão corretas as
Não sei se este trabalho vale a pena. frases:
a) Solicito a Vossa Excelência o exame do presente documen-
Crase Facultativa: to.
b) A redação do contrato compete à Diretoria de Orçamento
- Antes de nomes próprios femininos: Dei os parabéns à e Finanças.
Cida; Dei os parabéns a Cida. Antes de um nome de pessoa, po- ( ) Certo ( ) Errado
de-se ou não usar o artigo “a” (“A Camila é uma boa amiga”. Ou
“Camila é uma boa amiga”). Sendo assim, mesmo que a prepo-
sição esteja presente, a crase é facultativa.
36
LÍNGUA PORTUGUESA
04. TRF-3ª Região – Técnico Judiciário – Informática – 2016 - Pronomes relativos, indefinidos ou demonstrativos.
- FCC Foi ele que o disse a verdade.
O sinal indicativo de crase está empregado corretamente em: Alguns lhes custaram a vida.
A) Não era uma felicidade eufórica, semelhava-se mais à Isso me lembra infância.
uma brisa de contentamento.
B) O vinho certamente me induziu àquela súbita vontade de - Verbos antecedidos por advérbios ou expressões
abraçar uma árvore gigante. adverbiais, a não ser que haja vírgula depois do advérbio, pois
C) Antes do fim da manhã, dediquei-me à escrever tudo o assim o advérbio deixa de atrair o pronome.
que me propusera para o dia. Ontem me fizeram uma proposta.
D) A paineira sobreviverá a todas às 18 milhões de pessoas Agora, esqueça-se.
que hoje vivem em São Paulo.
E) Acho importante esclarecer que não sou afeito à essa tra- - Orações exclamativas e orações que exprimam desejo que
dição de se abraçar árvore. algo aconteça.
Deus nos ajude.
05. Pref. De Criciúma/SC – Engenheiro Civil – 2016 - FEPESE Espero que me dês uma boa notícia.
Analise as frases quanto ao uso correto da crase.
1. O seu talento só era comparável à sua bondade. - Orações com conjunções subordinativas.
2. Não pôde comparecer à cerimônia de posse na Prefei- Exemplos:
tura. Embora se sentisse melhor, saiu.
3. Quem se vir em apuros, deve recorrer à coordenação lo- Conforme lhe disse, hoje vou sair mais cedo.
cal de provas.
4. Dia a dia, vou vencendo às batalhas que a vida me apre- - Verbo no gerúndio regido da preposição em.
senta. Em se tratando de Brasil, tudo pode acontecer.
5. Daqui à meia hora, chegarei a estação; peça para me Em se decidindo pelo vestido, opte pelo mais claro.
aguardarem.
- Orações interrogativas.
Quando te disseram tal mentira?
A) São corretas apenas as frases 1 e 4.
Quem te ligou?
B) São corretas apenas as frases 3 e 4.
C) São corretas apenas as frases 1, 2 e 3.
Mesóclise
D) São corretas apenas as frases 2, 3 e 4.
E) São corretas apenas as frases 2, 4 e 5.
É possível apenas com verbos do Futuro do Presente ou do
Futuro do Pretérito. Se houver palavra atrativa, dá-se preferência
RESPOSTAS ao uso da Próclise.
Encontrar-me-ei com minhas raízes.
01 D Encontrar-me-ia com minhas raízes.
02 B
Ênclise
03 Certo
04 B Usa-se a Ênclise quando o uso da Próclise e Mesóclise não
forem possíveis. A colocação de pronome depois do verbo é
05 C atraída pelas seguintes situações:
COLOCAÇÃO DOS PRONOMINAL - Verbo no imperativo afirmativo.
Depois de avaliar, chamem-nos.
A colocação dos pronomes oblíquos átonos é um fator Ao iniciar, distribuam-lhes as senhas!
importante na harmonia da frase. Ela respeita três tipos de
posição que os pronomes átonos me, te, o, a, lhe, nos, vos, os, - Verbo no infinitivo impessoal.
as, lhes podem ocupar na oração: Preciso apresentar-te a minha irmã.
O seu pior pesadelo é casar-se.
Próclise - o pronome é colocado antes do verbo.
Mesóclise - o pronome é colocado no meio do verbo. - Verbo inicia a oração.
Ênclise - o pronome é colocado depois do verbo. Disse-lhe a verdade sobre nosso amor.
Arrepiei-me com tal relato.
Próclise
- Verbo no gerúndio (sem a preposição em, pois regido pela
- Orações negativas, que contenham palavras como: não, preposição em usa-se a Próclise).
ninguém, nunca. Vivo perguntando-me como pode ser tão falso.
Não o vi ontem. Faço muitos apontamentos, perguntando-lhe o motivo do
Nunca o tratei mal. fingimento.
37
LÍNGUA PORTUGUESA
Todos os exemplos até agora têm apenas um verbo atraindo o pronome. Vejamos como fica a colocação do pronome nas locuções
verbais (seguindo todas as regras citadas anteriormente).
- Ênclise depois do verbo auxiliar ou depois do verbo principal nas locuções verbais em que o verbo principal está no infinitivo
ou no gerúndio.
Devo chamar-te pelo primeiro nome.
Devo-lhe chamar pelo primeiro nome.
- Caso não haja palavra que atraia a Próclise, Ênclise é usada depois do verbo auxiliar onde o verbo principal está no particípio.
Foi-lhe dito como deveria impedir isso.
Tinha-lhe feito as malas para que partisse o mais rápido possível.
QUESTÕES
38
LÍNGUA PORTUGUESA
B) Pagar-lhes-ei tudo o que lhes devo, mas no devido tempo e na devida forma.
C) A situação não é melhor na Rússia, onde os antigos servos tornaram-se mujiques famintos, nem nos países mediterrâneos,
onde os campos sobrecarregados de homens são incapazes de alimentá-los.
D) Deus me livre desse maldito mosquito! Nem me falem nessas doenças que ele transmite!
E) Pede a Deus que te proteja e dê muita vida e saúde a teus pais.
06. TRT – 14ª Região – Técnico Judiciário – Área Administrativa – 2017 - FCC
No que se refere ao emprego do acento indicativo de crase e à colocação do pronome, a alternativa que completa corretamente
a frase O palestrante deu um conselho... É:
A) à alguns jovens que escutavam-no.
B) à estes jovens que o escutavam.
C) àqueles jovens que o escutavam
D) à juventude que escutava-o.
E) à uma porção de jovens que o escutava.
RESPOSTAS
01 E
02 A
03 B
04 B
05 A
06 C
6 REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO. 6.1 SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS. 6.2 SUBSTITUIÇÃO DE PALA-
VRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO. 6.3 REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO.
6.4 REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTESGÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE.
A Significação das palavras é estudada pela semântica, que estuda o sentido das palavras e as relações de sentido que as palavras
estabelecem entre si.
Sinônimos e antônimos
Geralmente é indiferente usar um sinônimo ou outro. O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinonímia, palavra que
também designa o emprego de sinônimos.
39
LÍNGUA PORTUGUESA
40
LÍNGUA PORTUGUESA
03. TJ/MT – Analista Judiciário – Ciências Contábeis – 2017 palavra é melhor que “columbófilo”) querem matar o gavião.
- UFMT Os amigos deste dizem que ele não é malvado tal; na verdade
Na língua portuguesa, há muitas palavras parecidas, seja no come a sua pombinha com a mesma inocência com que a pom-
modo de falar ou no de escrever. A palavra sessão, por exemplo, ba come seu grão de milho.
assemelha-se às palavras cessão e seção, mas cada uma apre- Não tomarei partido; admiro a túrgida inocência das pom-
senta sentido diferente. Esse caso, mesmo som, grafias diferen- bas e também o lance magnífico em que o gavião se despenca
tes, denomina-se homônimo homófono. Assinale a alternativa sobre uma delas. Comer pombas é, como diria Saint-Exupéry, “a
em que todas as palavras se encontram nesse caso. verdade do gavião”, mas matar um gavião no ar com um belo
A) taxa, cesta, assento tiro pode também ser a verdade do caçador.
B) conserto, pleito, ótico Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente
C) cheque, descrição, manga o gavião; ao homem, se não houver outro bicho que o mate,
D) serrar, ratificar, emergir pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro homem.
(Rubem Braga. Ai de ti, Copacabana, 1999. Adaptado)
04. TJ/MT – Analista Judiciário – Direito – 2017 - UFMT
O termo gavião, destacado em sua última ocorrência no
A fuga dos rinocerontes texto – … pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em ou-
Espécie ameaçada de extinção escapa dos caçadores da tro homem. –, é empregado com sentido
maneira mais radical possível – pelo céu. A) próprio, equivalendo a inspiração.
B) próprio, equivalendo a conquistador.
Os rinocerontes-negros estão entre os bichos mais visados C) figurado, equivalendo a ave de rapina.
da África, pois sua espécie é uma das preferidas pelo turismo de D) figurado, equivalendo a alimento.
caça. Para tentar salvar alguns dos 4.500 espécimes que ainda E) figurado, equivalendo a predador.
restam na natureza, duas ONG ambientais apelaram para uma
solução extrema: transportar os rinocerontes de helicóptero. A 06. Pref. de Florianópolis/SC – Auxiliar de Sala – 2017 - FE-
ação utilizou helicópteros militares para remover 19 espécimes
PESE
– com 1,4 toneladas cada um – de seu habitat original, na pro-
O termo (ou expressão) em destaque, que está empregado
víncia de Cabo Oriental, no sudeste da África do Sul, e transfe-
em seu sentido próprio, denotativo, ocorre em:
ri-los para a província de Lampopo, no norte do país, a 1.500
A) Estou morta de cansada.
quilômetros de distância, onde viverão longe dos caçadores.
B) Aquela mulher fala mal de todos na vizinhança! É uma co-
Como o trajeto tem áreas inacessíveis de carro, os rinocerontes
bra.
tiveram de voar por 24 quilômetros. Sedados e de olhos venda-
C) Todo cuidado é pouco. As paredes têm ouvidos.
dos (para evitar sustos caso acordassem), os rinocerontes foram
D) Reclusa desde que seu cachorrinho morreu, Filomena fi-
içados pelos tornozelos e voaram entre 10 e 20 minutos. Parece
meio brutal? Os responsáveis pela operação dizem que, além nalmente saiu de casa ontem.
de mais eficiente para levar os paquidermes a locais de difícil E) Minha amiga é tão agitada! A bateria dela nunca acaba!
acesso, o procedimento é mais gentil.
(BADÔ, F. A fuga dos rinocerontes. Superinteressante, nº RESPOSTAS
229, 2011.)
01 A
A palavra radical pode ser empregada com várias acepções,
02 A
por isso denomina-se polissêmica. Assinale o sentido dicionari-
zado que é mais adequado no contexto acima. 03 A
A) Que existe intrinsecamente num indivíduo ou coisa. 04 C
B) Brusco; violento; difícil.
C) Que não é tradicional, comum ou usual. 05 E
D) Que exige destreza, perícia ou coragem. 06 D
41
LÍNGUA PORTUGUESA
- continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma caixa Ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade
de bombons. (a palavra caixa, que designa o continente ou aqui- ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior
lo que contém, está sendo usada no lugar da palavra bombons). expressividade que se dá ao sentido. São as mais importantes fi-
guras de construção:
- abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A gravidez
deve ser tranquila. (o abstrato gravidez está no lugar do concre- Elipse: consiste na omissão de um termo da frase, o qual, no
to, ou seja, mulheres grávidas). entanto, pode ser facilmente identificado. Exemplo: No fim da co-
memoração, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. (Omissão
- instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Os micro- do verbo haver: No fim da festa comemoração, sobre as mesas,
fones foram atrás dos jogadores. (Os repórteres foram atrás dos copos e garrafas vazias).
jogadores.)
Pleonasmo: consiste no emprego de palavras redundantes
- lugar pelo produto. Exemplo: Fumei um saboroso havana. para reforçar uma ideia. Exemplo: Ele vive uma vida feliz.
(Fumei um saboroso charuto.). Deve-se evitar os pleonasmos viciosos, que não têm valor de
reforço, sendo antes fruto do desconhecimento do sentido das
- símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Não te palavras, como por exemplo, as construções “subir para cima”,
afastes da cruz. (Não te afastes da religião.). “entrar para dentro”, etc.
- a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os desabriga- Polissíndeto: repetição enfática do conectivo, geralmente o
dos. (a parte teto está no lugar do todo, “o lar”). “e”. Exemplo: Felizes, eles riam, e cantavam, e pulavam, e dança-
vam.
42
LÍNGUA PORTUGUESA
Inversão ou Hipérbato: alterar a ordem normal dos termos Zeugma: omissão de um ou mais termos anteriormente
ou orações com o fim de lhes dar destaque: enunciados. Exemplo: Ele gosta de geografia; eu, de português.
“Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drum- (na segunda oração, faltou o verbo “gostar” = Ele gosta de geo-
mond de Andrade) grafia; eu gosto de português.).
“Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não
sei.” (Graciliano Ramos) Assíndeto: quando certas orações ou palavras, que pode-
Observação: o termo deseja realçar é colocado, em geral, riam se ligar por um conectivo, vêm apenas justapostas. Exem-
no início da frase. plo: Vim, vi, venci.
Anacoluto: quebra da estrutura sintática da oração. O tipo Anáfora: repetição de uma palavra ou de um segmento do
mais comum é aquele em que um termo parece que vai ser o texto com o objetivo de enfatizar uma ideia. É uma figura de
sujeito da oração, mas a construção se modifica e ele acaba sem construção muito usada em poesia. Exemplo: Este amor que
função sintática. Essa figura é usada geralmente para pôr em re- tudo nos toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus
levo a ideia que consideramos mais importante, destacando-a nos inspira, e que um dia nos há de salvar
do resto. Exemplo:
O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem. Paranomásia: palavras com sons semelhantes, mas de signi-
A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo ficados diferentes, vulgarmente chamada de trocadilho. Exemplo:
Castelo Branco) Comemos fora todos os dias! A gente até dispensa a despensa.
Silepse: concordância de gênero, número ou pessoa é feita Neologismo: criação de novas palavras. Exemplo: Estou a
com ideias ou termos subentendidos na frase e não claramente fim do João. (estou interessado). Vou fazer um bico. (trabalho
expressos. A silepse pode ser: temporário).
- de gênero. Exemplo: Vossa Majestade parece desanimado.
(o adjetivo desanimado concorda não com o pronome de trata- Figuras de Pensamento
mento Vossa Majestade, de forma feminina, mas com a pessoa
Utilizadas para produzir maior expressividade à comunica-
a quem esse pronome se refere – pessoa do sexo masculino).
ção, as figuras de pensamento trabalham com a combinação de
- de número. Exemplo: O pessoal ficou apavorado e saíram
ideias, pensamentos.
correndo. (o verbo sair concordou com a ideia de plural que a
palavra pessoal sugere).
Antítese: Corresponde à aproximação de palavras contrá-
- de pessoa. Exemplo: Os brasileiros amamos futebol. (o su-
rias, que têm sentidos opostos. Exemplo: O ódio e o amor an-
jeito os brasileiros levaria o verbo na 3ª pessoa do plural, mas a
dam de mãos dadas.
concordância foi feita com a 1ª pessoa do plural, indicando que
Apóstrofe: interrupção do texto para se chamar a atenção
a pessoa que fala está incluída em os brasileiros).
de alguém ou de coisas personificadas. Sintaticamente, a após-
trofe corresponde ao vocativo. Exemplo: Tende piedade, Senhor,
Onomatopeia: Ocorre quando se tentam reproduzir na for- de todas as mulheres.
ma de palavras os sons da realidade.
Exemplos: Os sinos faziam blem, blem, blem, blem. Eufemismo: Atenua o sentido das palavras, suavizando as
Miau, miau. (Som emitido pelo gato) expressões do discurso Exemplo: Ele foi para o céu. (Neste caso,
Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar. a expressão “para a céu”, ameniza o discurso real: ele morreu.)
As onomatopeias, como no exemplo abaixo, podem resultar Gradação: os termos da frase são fruto de hierarquia (or-
da Aliteração (repetição de fonemas nas palavras de uma frase dem crescente ou decrescente). Exemplo: As pessoas chegaram
ou de um verso). à festa, sentaram, comeram e dançaram.
“Vozes veladas, veludosas vozes, Hipérbole: baseada no exagero intencional do locutor, isto
volúpias dos violões, vozes veladas, é, expressa uma ideia de forma exagerada.
vagam nos velhos vórtices velozes Exemplo: Liguei para ele milhões de vezes essa tarde. (Ligou
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” várias vezes, mas não literalmente 1 milhão de vezes ou mais).
(Cruz e Sousa)
Ironia: é o emprego de palavras que, na frase, têm o sentido
Repetição: repetir palavras ou orações para enfatizar a afir- oposto ao que querem dizer. É usada geralmente com sentido
mação ou sugerir insistência, progressão: sarcástico. Exemplo: Quem foi o inteligente que usou o compu-
“E o ronco das águas crescia, crescia, vinha pra dentro da tador e apagou o que estava gravado?
casona.” (Bernardo Élis)
“O mar foi ficando escuro, escuro, até que a última lâmpada Paradoxo: Diferente da antítese, que opõem palavras, o pa-
se apagou.” (Inácio de Loyola Brandão) radoxo corresponde ao uso de ideias contrárias, aparentemente
absurdas. Exemplo: Esse amor me mata e dá vida. (Neste caso, o
mesmo amor traz alegrias (vida) e tristeza (mata) para a pessoa.)
43
LÍNGUA PORTUGUESA
Personificação ou Prosopopéia ou Animismo: atribuição de Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo!...) mas vejo também que
ações, sentimentos ou qualidades humanas a objetos, seres irra- a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende demoniacamente
cionais ou outras coisas inanimadas. Exemplo: O vento suspirou tentadora - como a Certeza... cintilantemente firme - como a Es-
essa manhã. (Nesta frase sabemos que o vento é algo inanimado perança... em nós outros, teus filhos, gerando, formando, anun-
que não suspira, sendo esta uma “qualidade humana”.) ciando -o dia da humanidade.
(Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudan-
Reticência: suspender o pensamento, deixando-o meio ve- tes do Império)
lado. Exemplo:
“De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... O poema, Mamã Negra:
não sei se digo.” (Machado de Assis) A) É uma metáfora para a pátria sendo referência de um país
africano que foi colonizado e teve sua população escravizada.
Retificação: consiste em retificar uma afirmação anterior. B) É um vocativo e clama pelos efeitos negativos da escravi-
Exemplos: O médico, aliás, uma médica muito gentil não sabia zação dos povos africanos.
qual seria o procedimento. C) É a referência resumida a todo o povo que compõe um
país libertado depois de séculos de escravidão.
QUESTÕES D) É o sofrimento que acometeu todo o povo que ficou na
terra e teve seus filhos levados pelo colonizador.
01. IF/PA - Assistente em Administração – 2016 - FUNRIO E) É a figura do colonizador que mesmo exercendo o poder
“Quero um poema ainda não pensado, / que inquiete as por meio da opressão foi „ninado‟ pela Mamã Negra.
marés de silêncio da palavra ainda não escrita nem pronuncia-
da, / que vergue o ferruginoso canto do oceano / e reviva a ruína 04. Pref. de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala – 2016 - FE-
que são as poças d’água. / Quero um poema para vingar minha PESE
insônia. ” (Olga Savary, “Insônia”) Analise as frases abaixo:
1. ”Calções negros corriam, pulavam durante o jogo.”
Nesses versos finais do poema, encontramos as seguintes 2. A mulher conquistou o seu lugar!
figuras de linguagem: 3. Todo cais é uma saudade de pedra.
A) silepse e zeugma 4. Os microfones foram implacáveis com os novos artistas.
B) eufemismo e ironia.
C) prosopopeia e metáfora. Assinale a alternativa que corresponde correta e sequen-
D) aliteração e polissíndeto. cialmente às figuras de linguagem apresentadas:
E) anástrofe e aposiopese. A) metáfora, metonímia, metáfora, metonímia
B) metonímia, metonímia, metáfora, metáfora
02. IF/PA - Auxiliar em Administração – 2016 - FUNRIO C) metonímia, metonímia, metáfora, metonímia
“Eu sou de lá / Onde o Brasil verdeja a alma e o rio é mar / D) metonímia, metáfora, metonímia, metáfora
Eu sou de lá / Terra morena que eu amo tanto, meu Pará.” (Pe. E) metáfora, metáfora, metonímia, metáfora
Fábio de Melo, “Eu Sou de Lá”) 05. COMLURB - Técnico de Segurança do Trabalho – 2016
- IBFC
Nesse trecho da canção gravada por Fafá de Belém, encon- Leia o poema abaixo e assinale a alternativa que indica a
tramos a seguinte figura de linguagem: figura de linguagem presente no texto:
A) antítese.
B) eufemismo. Amor é fogo que arde sem se ver
C) ironia Amor é fogo que arde sem se ver;
D) metáfora É ferida que dói e não se sente;
E) silepse. É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
03. Pref. de Itaquitinga/PE - Técnico em Enfermagem – (Camões)
2016 - IDHTEC
A) Onomatopeia
MAMÃ NEGRA (Canto de esperança) B) Metáfora
C) Personificação
Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama D) Pleonasmo
de carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos!
Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz da 06.Pref. de Paulínia/SP - Agente de Fiscalização – 2016 - FGV
ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poesia
de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras gen- Descaso com saneamento deixa rios em estado de alerta
tes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias semoventes,
coisas várias, mais são filhos da desgraça: a enxada é o seu brin- A crise hídrica transformou a paisagem urbana em muitas
quedo trabalho escravo - folguedo... Pelos teus olhos, minha cidades paulistas. Casas passaram a contar com cisternas e cai-
Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol-posto, paisagens xas-d’água azuis se multiplicaram por telhados, lajes e até em
44
LÍNGUA PORTUGUESA
garagens. Em regiões mais nobres, jardins e portarias de prédios (WILLER, Claudio, Estranhas experiências, 2004, p. 46)
ganharam placas que alertam sobre a utilização de água de reu- No poema acima, do poeta paulista Claudio Willer (1940), no
so. As pessoas mudaram seu comportamento, economizaram e verso “ouvir as vozes das cores”, entre outros versos, é expressa
cobraram soluções. uma figura de linguagem. Esta pode ser assim definida: “Figura que
As discussões sobre a gestão da água, nos mais diversos as- consiste na utilização simultânea de alguns dos cinco sentidos”
pectos, saíram dos setores tradicionais e técnicos e ganharam (CAMPEDELLI, S. Y. e SOUZA, J. B. Literatura, produção de
espaço no cotidiano. Porém, vieram as chuvas, as enchentes e textos & gramática. São Paulo, Saraiva, 1998, p. 616).
os rios urbanos voltaram a ficar tomados por lixo, mascarando,
de certa forma, o enorme volume de esgoto que muitos desses Como é denominada esta figura de linguagem?
corpos de água recebem diariamente. A) Eufemismo.
É como se não precisássemos de cada gota de água desses B) Hipérbole.
rios urbanos e como se a água limpa que consumimos em nossas C) Sinestesia.
casas, em um passe de mágica, voltasse a existir em tamanha D) Antítese.
abundância, nos proporcionando o luxo de continuar a poluir
centenas de córregos e milhares de riachos nas nossas cidades. RESPOSTAS
Para completar, todo esse descaso decorrente da falta de sanea-
mento se reverte em contaminação e em graves doenças de vei-
culação hídrica. 01 C
Dados do monitoramento da qualidade da água – que reali- 02 D
zamos em rios, córregos e lagos de onze Estados brasileiros e do
03 A
Distrito Federal – revelaram que 36,3% dos pontos de coleta anali-
sados apresentam qualidade ruim ou péssima. Apenas 13 pontos 04 C
foram avaliados com qualidade de água boa (4,5%) e os outros 05 B
59,2% estão em situação regular, o que significa um estado de
06 D
alerta. Nenhum dos pontos analisados foi avaliado como ótimo.
Divulgamos esse grave retrato no Dia Mundial da Água (22 07 C
de março), com base nas análises realizadas entre março de
2015 e fevereiro de 2016, em 289 pontos de coleta distribuídos ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS
em 76 municípios.
(MANTOVANI, Mário; RIBEIRO, Malu. UOL Notícias, São três os elementos essenciais para a composição de um
abril/2016.) texto: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos
estudar cada uma de forma isolada a seguir:
Em termos de linguagem figurada, o fato de a divulgação do
texto ter sido feita no Dia Mundial da Água funciona como Introdução
A) metáfora.
B) pleonasmo. É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto.
C) eufemismo. A introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.
D) ironia.
E) hipérbole. Desenvolvimento
07. Pref. de Chapecó/SC - Engenheiro de Trânsito – 2016
- IOBV Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto.
O desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução
O outro lado e a conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e
posicionamento do autor vão sendo formados e desenvolvidos
só assim o poema se constrói: com a finalidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
quando o desejo tem forma de ilha Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e
e todos os planetas são luas, embriões da magia aptas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.
então podemos atravessar as chamas
sentir o chão respirar São três principais erros que podem ser cometidos na ela-
ver a dança da claridade boração do desenvolvimento:
ouvir as vozes das cores
- Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
fruir a liberdade animal
- Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos ou-
de estarmos soltos no espaço
tros.
ter parte com pedra e vento
- Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-
seguir os rastros do infinito
-las, dificultando a linha de compreensão do leitor.
entender o que sussurra o vazio
– e tudo isso é tão familiar
para quem conhece
a forma do sonho
45
LÍNGUA PORTUGUESA
Conclusão cia? Como punir o vandalismo moral do Estado? Ah, pelo voto.
Não, não é suficiente. Deveríamos dispor de instrumentos legais
Ponto final de todas as argumentações discorridas no de- para processar quem abusa do poder contra os eleitores – e esse
senvolvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questio- abuso transcende partidos e ideologias. […] (
namentos levantados pelo autor. Texto retirado do artigo de Ruth Aquino. Revista Época,
Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como: 02/09/2103.)
“Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.
O texto apresenta como ideia central:
Parágrafo A) inúmeros questionamentos e dúvidas que demonstram a
falta de informação da autora sobre o modo de punir o serviço
Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à mar- público de má qualidade.
gem esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo B) questionamentos retóricos que refletem a indignação
deve conter introdução, desenvolvimento e conclusão. da autora diante dos desmandos de políticos e de instituições
- Introdução – apresentação da ideia principal, feita de ma- públicas contra os cidadãos que não têm como punir os que de-
neira sintética de acordo com os objetivos do autor. viam representá-los.
- Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdu- C) a ideia de que o cidadão que não é vândalo tem que ser
ção), atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar bem tratado pelos políticos e pelos servidores públicos.
credibilidade na discussão. D) a discussão de que é pelo voto que podemos punir os
- Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressu- políticos e seus partidos pelo desrespeito imposto aos cidadãos.
postos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los. E) a ideia de que abusos contra os cidadãos que não são
eleitores ocorrem todos os dias e devem ser punidos.
Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdu- 02. TRE SP - Analista Judiciário – 2017 – FCC
ção, desenvolvimento e conclusão):
A amizade é um exercício de limites afetivos em permanen-
“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. te desejo de expansaõ
Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado
perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas Amizade
psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados
não terão estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, A amizade é um exercício de limites afetivos em permanente
viveremos o caos. ” desejo de expansão. Por mais completa que pareça ser uma rela-
(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações) ção de amizade, ela vive também do que lhe falta e da esperança
de que um dia nada venha a faltar. Com o tempo, aprendemos a
Elemento relacionador: Nesse contexto. esperar menos e a nos satisfazer com a finitude dos sentimentos
Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha. nossos e alheios, embora no fundo de nós ainda esperemos a
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação súbita novidade que o amigo saberá revelar. Sendo um exercício
do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda bem-sucedido de tolerância e paciência – amplamente recom-
exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de re- pensadas, diga-se – a amizade é também a ansiedade e a expec-
cuperação de viciados não terão estrutura suficiente para aten- tativa de descobrirmos em nós, por intermédio do amigo, uma
der à demanda. dimensão desconhecida do nosso ser.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos. Há quem julgue que cabe ao amigo reconhecer e estimular
nossas melhores qualidades. Mas por que não esperar que o valor
QUESTÕES maior da amizade está em ser ela um necessário e fiel espelho de
nossos defeitos? Não é preciso contar com o amigo para conhe-
01. IFCE – Administrador - 2014 cermos melhor nossas mais agudas imperfeições? Não cabe ao
amigo a sinceridade de quem aponta nossa falha, pela esperança
Como processar quem não nos representa? de que venhamos a corrigi-la? Se o nosso adversário aponta nos-
sas faltas no tom destrutivo de uma acusação, o amigo as identifi-
Não somos vândalos. E deveríamos ganhar flores. Cidadãos ca com lealdade, para que nos compreendamos melhor.
que respeitam as regras são diariamente maltratados por ser- Quando um amigo verdadeiro, por contingência da vida ou
viços públicos ineficientes. Como processar o prefeito e o go- imposição da morte, é afastado de nós, ficam dele, em nossa
vernador se nossos impostos não se traduzem no respeito ao consciência, seus valores, seus juízos, suas percepções. Pergun-
cidadão? Como processar um Congresso que se comporta de tas como “O que diria ele sobre isso?” ou “O que faria ele com
maneira vil, ao manter como deputado, em voto secreto, o pre- isso?” passam a nos ocorrer: são perspectivas dele que se fixa-
sidiário Natan Donadon, condenado a 13 anos por roubo de di- ram e continuam a agir como um parâmetro vivo e importante.
nheiro público? As marcas da amizade não desaparecem com a ausência do ami-
Se posso ser multada (e devo ser) caso jogue no chão um go, nem se enfraquecem como memórias pálidas: continuam a
papel de bala, por que não posso multar o prefeito quando a ser referências para o que fazemos e pensamos.
cidade não funciona? E por que não posso multar o governador, (CALÓGERAS, Bruno, inédito)Considere as seguintes afirma-
se o serviço público me provoca sentimentos de fúria e impotên- ções:
46
LÍNGUA PORTUGUESA
I. No primeiro parágrafo, há a sugestão de que a tolerân- III. No terceiro parágrafo, estabelece-se uma conexão entre
cia e a paciência, qualidades positivas mas dispensáveis entre diferentes culturas e diferentes formas de discussão, concluindo-
amigos verdadeiros, dão lugar à recompensa da incondiciona- -se que um acordo é mais fácil nas contendas mais acaloradas.
lidade do afeto.
II. No segundo parágrafo, expressa-se a convicção de que o Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
amigo verdadeiro não apenas releva nossos defeitos como tam- A) I, II e III.
bém é capaz de convertê-los em qualidades nossas. B) I e II, apenas.
III. No terceiro parágrafo, considera-se que da ausência oca- C) II e III, apenas.
sional ou definitiva do amigo não resulta que seus valores e seus D) I e III, apenas.
pontos de vista deixem de atuar dentro de nossa consciência. E) II, apenas.
Em relação ao texto está correto o que se afirma em: 04. Polícia Civil - AP - Oficial de Polícia Civil – 2017 – FCC
A) I, II e III.
B) I e II, apenas. Ações e limites
C) II e III, apenas.
D) I e III, apenas. Quem nunca ouviu a frase “Conte até dez antes de agir”? Não
E) III, apenas. é comum que se respeite esse conselho, somos tentados a dar
livre vasão aos nossos impulsos, mas a recomendação tem sua
03. TRE SP - Analista Judiciário – 2017 – FCC utilidade: dez segundos são um tempo precioso, podem ser a
diferença entre o ato irracional e a prudência, entre o abismo
Discussão – o que é isso? e a ponte para um outro lado. Entre as pessoas, como entre os
grupos ou grandes comunidades, pode ser necessário abrir esse
A palavra discussão tem sentido bastante controverso: tanto momento de reflexão e diplomacia, que antecede e costuma
pode indicar a hostilidade de um confronto insanável (“a discus- evitar os desastres irreparáveis.
são entre vizinhos acabou na delegacia”) como a operação ne- Tudo está em reconhecer os limites, os nossos e os alheios.
cessária para se esclarecer um assunto ou chegar a um acordo Desse reconhecimento difícil depende nossa humanidade. Dar a
(“discutiram, discutiram e acabaram concordando”). Mas o que si mesmo e ao outro um tempo mínimo de consideração e aná-
toda discussão supõe, sempre, é a presença de um outro diante lise, antes de irromper em fúria sem volta, é parte do esforço
de nós, para quem somos o outro. A dificuldade geral está nes-
civilizatório que combate a barbárie. A racionalidade aceita e
se reconhecimento a um tempo simples e difícil: o outro existe, e
convocada para moderar o tumulto passional dificilmente traz
pode estar certo, sua posição pode ser mais justa do que a minha.
algum arrependimento. Cansamo-nos de ouvir: “Eu não sabia o
Entre dois antagonistas há as palavras e, com elas, os argu-
que estava fazendo naquela hora”. Pois os dez segundos existem
mentos. Uma discussão proveitosa deverá ocorrer entre os argu-
exatamente para nos dar a oportunidade de saber.
mentos, não entre as pessoas dos contendores. Se eu trago para
O Direito distingue, é verdade, o crime praticado sob “vio-
uma discussão meu juízo já estabelecido sobre o caráter, a índole, a
lenta emoção” daquele “friamente premeditado”. Há, sim, ate-
personalidade do meu interlocutor, a discussão apenas servirá para
a exposição desses valores já incorporados em mim: quero destruir nuantes para quem age criminosamente sob o impulso do ódio.
a pessoa, não quero avaliar seu pensamento. Nesses casos, a dis- Mas melhor seria se não houvesse crime algum, porque alguém
cussão é inútil, porque já desistiu de qualquer racionalização se convenceu da importância de contar até dez.
As formas de discussão têm muito a ver, não há dúvida, com (Décio de Arruda Tolentino, inédito)
a cultura de um povo. Numa sociedade em que as emoções mais
fortes têm livre curso, a discussão pode adotar com naturalidade Considere estas orações:
uma veemência que em sociedades mais “frias” não teria lugar. Os impulsos instintivos são brutais.
Estão na cultura de cada povo os ingredientes básicos que tem- A irracionalidade marca os impulsos instintivos.
peram uma discussão. Seja como for, sem o compromisso com o Precisamos dominar nossos impulsos instintivos.
exame atento das razões do outro, já não haverá o que discutir: As orações acima estão articuladas, de modo claro, coeren-
estaremos simplesmente fincando pé na necessidade de procla- te e correto, no seguinte período:
mar a verdade absoluta, que seria a nossa. Em casos assim, fa- A) Dado que os instintos sejam brutais, em razão de sua irra-
lar ao outro é o mesmo que falar sozinho, diante de um espelho cionalidade, sendo necessário que nos urge dominá-los.
complacente, que refletirá sempre a arrogância da nossa vaidade. B) Os brutais impulsos instintivos caracterizam-se pela irra-
(COSTA, Teobaldo, inédito) cionalidade, motivo pelo qual se impõe que os dominemos.
C) Urge que venhamos a dominar aos nossos impulsos ins-
Atente para as seguintes afirmações: tintivos, conquanto marcam nossa brutalidade.
D) O domínio dos impulsos instintivos mais brutais precisam
I. No primeiro parágrafo, expõe-se a condição mínima para a de se impor diante de sua irracionalidade.
ocorrência de uma discussão, sem que se mencione a ação de um E) Sendo brutais, os impulsos instintivos cuja a marca é a
entrave inicial que possa dificultá-la. irracionalidade, impõe-se que sejam dominados.
II. No segundo parágrafo, aponta-se, como elemento fre-
quente em algumas discussões, a intolerância, que não me deixa
reconhecer os argumentos da pessoa a quem já julguei.
47
LÍNGUA PORTUGUESA
48
LÍNGUA PORTUGUESA
das características específicas da forma oficial de redigir não 1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
deve ensejar o entendimento de que se proponha a criação – A necessidade de empregar determinado nível de lingua-
ou se aceite a existência – de uma forma específica de lingua- gem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do pró-
gem administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente se prio caráter público desses atos e comunicações; de outro, de
chama burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de
a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos ci-
clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção dadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o que
de frases. A redação oficial não é, portanto, necessariamente só é alcançado se em sua elaboração for empregada a lingua-
árida e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade básica gem adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja
– comunicar com impessoalidade e máxima clareza – impõe cer- finalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade.
tos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa As comunicações que partem dos órgãos públicos federais de-
daquele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência vem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro.
particular, etc. Apresentadas essas características fundamentais Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem
da redação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada restrita a determinados grupos. Não há dúvida que um texto
uma delas. marcado por expressões de circulação restrita, como a gíria, os
regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua com-
1.1. A Impessoalidade preensão dificultada. Ressalte-se que há necessariamente uma
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamen-
escrita. Para que haja comunicação, são necessários: te dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de
a) alguém que comunique, costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos
b) algo a ser comunicado, e que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação,
c) alguém que receba essa comunicação. etc. Para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por
essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as
No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o transformações, tem maior vocação para a permanência, e vale-
Serviço Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departa- -se apenas de si mesma para comunicar. A língua escrita, como a
mento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre falada, compreende diferentes níveis, de acordo com o uso que
algum assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; o dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo, podemos
destinatário dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos nos valer de determinado padrão de linguagem que incorpore
cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um pare-
Poderes da União. Percebe-se, assim, que o tratamento impes- cer jurídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário
soal que deve ser dado aos assuntos que constam das comuni- técnico correspondente. Nos dois casos, há um padrão de lin-
cações oficiais decorre: guagem que atende ao uso que se faz da língua, a finalidade com
a) da ausência de impressões individuais de quem comuni- que a empregamos. O mesmo ocorre com os textos oficiais: por
ca: embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado seu caráter impessoal, por sua finalidade de informar com o má-
por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço ximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto
Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma dese- da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em que
jável padronização, que permite que comunicações elaboradas a) se observam as regras da gramática formal, e b) se emprega
em diferentes setores da Administração guardem entre si certa um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É
uniformidade; importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com culto na redação oficial decorre do fato de que ele está acima
duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos
concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois ca- modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permi-
sos, temos um destinatário concebido de forma homogênea e tindo, por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão
impessoal; por todos os cidadãos.
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o uni- Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplici-
verso temático das comunicações oficiais se restringe a questões dade de expressão, desde que não seja confundida com pobreza
que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica
qualquer tom particular ou pessoal. Desta forma, não há lugar na emprego de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos
redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exem- sintáticos e figuras de linguagem próprios da língua literária.
plo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assina- Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um “pa-
do de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial drão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão culto
deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora. nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá preferência
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos pelo uso de determinadas expressões, ou será obedecida certa
valemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, tradição no emprego das formas sintáticas, mas isso não implica,
para que seja alcançada a necessária impessoalidade. necessariamente, que se consagre a utilização de uma forma de
linguagem burocrática. O jargão burocrático, como todo jargão,
deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações
que a exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos
49
LÍNGUA PORTUGUESA
rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpreta-
determinada área, são de difícil entendimento por quem não es- ções que poderia decorrer de um tratamento personalista dado
teja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de ao texto;
explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de en-
administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. Outras tendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circula-
questões sobre a linguagem, como o emprego de neologismo ção restrita, como a gíria e o jargão;
e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica. c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a im-
prescindível uniformidade dos textos;
1.3. Formalidade e Padronização d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos lin-
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, güísticos que nada lhe acrescentam.
obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas
exigências de impessoalidade e uso do padrão culto de lingua- É pela correta observação dessas características que se
gem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitu-
se trata somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego ra de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de
deste ou daquele pronome de tratamento para uma autoridade trechos obscuros e de erros gramaticais provém principalmente
de certo nível (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes da falta da releitura que torna possível sua correção. Na revi-
de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito à são de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de fá-
polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cil compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio
cuida a comunicação. A formalidade de tratamento vincula-se, pode ser desconhecido por terceiros. O domínio que adquiri-
também, à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se mos sobre certos assuntos em decorrência de nossa experiên-
a administração federal é una, é natural que as comunicações cia profissional muitas vezes faz com que os tomemos como de
que expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse conhecimento geral, o que nem sempre é verdade. Explicite,
padrão, uma das metas deste Manual, exige que se atente para desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o significado
todas as características da redação oficial e que se cuide, ainda, das siglas e abreviações e os conceitos específicos que não pos-
sam ser dispensados. A revisão atenta exige, necessariamente,
da apresentação dos textos. A clareza datilográfica, o uso de pa-
tempo. A pressa com que são elaboradas certas comunicações
péis uniformes para o texto definitivo e a correta diagramação
quase sempre compromete sua clareza. Não se deve proceder à
do texto são indispensáveis para a padronização. Consulte o Ca-
redação de um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não
pítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de normas especí-
há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evi-
ficas para cada tipo de expediente.
te-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
1.4. Concisão e Clareza
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica
do texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um 2. Introdução
máximo de informações com um mínimo de palavras. Para que A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo,
se redija com essa qualidade, é fundamental que se tenha, seguir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais
além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o da Redação Oficial. Além disso, há características específicas de
necessário tempo para revisar o texto depois de pronto. É nessa cada tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe neste
releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias capítulo. Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros as-
ou repetições desnecessárias de idéias. O esforço de sermos pectos comuns a quase todas as modalidades de comunicação
concisos atende, basicamente ao princípio de economia linguís- oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a forma dos
tica, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de palavras fechos e a identificação do signatário.
para informar o máximo. Não se deve de forma alguma enten-
dê-la como economia de pensamento, isto é, não se devem eli- 2.1. Pronomes de Tratamento
minar passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em
tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inúteis, re- 2.1.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento
dundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já foi dito. O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento
Procure perceber certa hierarquia de idéias que existe em todo tem larga tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali,
texto de alguma complexidade: idéias fundamentais e idéias se- após serem incorporados ao português os pronomes latinos tu
cundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas, e vos, “como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem
detalhá-las, exemplificá-las; mas existem também idéias secun- se dirigia a palavra”, passou-se a empregar, como expediente
dárias que não acrescentam informação alguma ao texto, nem linguístico de distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural
têm maior relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser no tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue o
dispensadas. A clareza deve ser a qualidade básica de todo tex- autor: “Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir
to oficial, conforme já sublinhado na introdução deste capítulo. que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade eminente da
Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata pessoa de categoria superior, e não a ela própria. Assim apro-
compreensão pelo leitor. No entanto a clareza não é algo que se ximavam-se os vassalos de seu rei com o tratamento de vossa
atinja por si só: ela depende estritamente das demais caracterís- mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se o tratamento ducal de
ticas da redação oficial. Para ela concorrem: vossa excelência e adotou-se na hierarquia eclesiástica vossa re-
50
LÍNGUA PORTUGUESA
verência, vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.” O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos
A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indire- Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo res-
to já estava em voga também para os ocupantes de certos car- pectivo:
gos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e depois para o Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes de Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Fe-
tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos às autorida- deral.
des civis, militares e eclesiásticas.
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Se-
2.1.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento nhor, seguido do cargo respectivo:
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indi- Senhor Senador,
reta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordância Senhor Juiz,
verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pes- Senhor Ministro,
soa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige Senhor Governador,
a comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É
que o verbo concorda com o substantivo que integra a locução No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas
como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substi- às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte
tuto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”. Da mesma forma, forma:
os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento
são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu A Sua Excelência o Senhor
substituto” (e não “Vossa... vosso...”). Já quanto aos adjetivos Fulano de Tal
referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir Ministro de Estado da Justiça
com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo 70.064-900 – Brasília. DF
que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem,
o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria A Sua Excelência o Senhor
deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está ata- Senador Fulano de Tal
refada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”. Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF
2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obe- A Sua Excelência o Senhor
dece a secular tradição. São de uso consagrado: Fulano de Tal
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: Juiz de Direito da 10a Vara Cível
Rua ABC, no 123
a) do Poder Executivo; 01.010-000 – São Paulo. SP
Presidente da República;
Vice-Presidente da República; Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento
Ministros de Estado; digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dig-
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito nidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público,
Federal; sendo desnecessária sua repetida evocação.
Oficiais-Generais das Forças Armadas; Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e
Embaixadores; para particulares. O vocativo adequado é:
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes Senhor Fulano de Tal,
de cargos de natureza especial; (...)
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
Prefeitos Municipais. No envelope, deve constar do endereçamento:
Ao Senhor
b) do Poder Legislativo: Fulano de Tal
Deputados Federais e Senadores; Rua ABC, nº 123
Ministro do Tribunal de Contas da União; 70.123 – Curitiba. PR
Deputados Estaduais e Distritais;
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Como se depreende do exemplo acima fica dispensado o
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que re-
cebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É su-
c) do Poder Judiciário: ficiente o uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se
Ministros dos Tribunais Superiores; que doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico.
Membros de Tribunais; Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-
Juízes; -o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal
Auditores da Justiça Militar. grau por terem concluído curso universitário de doutorado. É
costume designar por doutor os bacharéis, especialmente os
51
LÍNGUA PORTUGUESA
bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos, o trata- (espaço para assinatura)
mento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações. NOME
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada Ministro de Estado da Justiça
por força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de
universidade. Corresponde-lhe o vocativo: Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatu-
ra em página isolada do expediente. Transfira para essa página
Magnífico Reitor, ao menos a última frase anterior ao fecho.
(...)
3. O Padrão Ofício
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela
a hierarquia eclesiástica, são: finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando.
Com o fito de uniformizá-los, pode-se adotar uma diagramação
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vo- única, que siga o que chamamos de padrão ofício. As peculiari-
cativo correspondente é: dades de cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as
Santíssimo Padre, suas semelhanças.
(...)
3.1. Partes do documento no Padrão Ofício
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes
comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo: partes:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, que o expede:
(...) Exemplos:
Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações
dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa b) local e data em que foi assinado, por extenso, com ali-
Senhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superio- nhamento à direita:
res religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, Exemplo:
clérigos e demais religiosos. 13
Brasília, 15 de março de 1991.
2.2. Fechos para Comunicações
O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalida- c) assunto: resumo do teor do documento
de óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os Exemplos:
modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram regu- Assunto: Produtividade do órgão em 2002.
lados pela Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, que Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los e uni-
formizá-los, este Manual estabelece o emprego de somente dois d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é diri-
fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação gida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também
oficial: o endereço.
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamen-
República: to de documentos, o expediente deve conter a seguinte estru-
Respeitosamente, tura:
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia – introdução, que se confunde com o parágrafo de abertu-
inferior: ra, na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação.
Atenciosamente, Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”,
“Cumpre-me informar que”, empregue a forma direta;
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o tex-
a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró- to contiver mais de uma idéia sobre o assunto, elas devem ser
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do Mi- tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à
nistério das Relações Exteriores. exposição;
– conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapre-
2.3. Identificação do Signatário sentada a posição recomendada sobre o assunto.
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da Re- Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos
pública, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o casos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e
nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local subtítulos.
de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte: Já quando se tratar de mero encaminhamento de documen-
tos a estrutura é a seguinte:
(espaço para assinatura) – introdução: deve iniciar com referência ao expediente que
NOME solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo
52
LÍNGUA PORTUGUESA
da comunicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de ar-
completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou quivo Rich Text nos documentos de texto;
signatário, e assunto de que trata), e a razão pela qual está sen- n) dentro do possível, todos os documentos elaborados de-
do encaminhado, segundo a seguinte fórmula: vem ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior
“Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, ou aproveitamento de trechos para casos análogos;
encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem
do Departamento Geral de Administração, que trata da requi- ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número
sição do servidor Fulano de Tal.” Ou “Encaminho, para exame do documento + palavras-chaves do conteúdo Ex.: “Of. 123 - re-
e pronunciamento, a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de latório produtividade ano 2002”
fevereiro de 1991, do Presidente da Confederação Nacional de
Agricultura, a respeito de projeto de modernização de técnicas 3.3. Aviso e Ofício
agrícolas na região Nordeste.”
– desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fa- 3.3.1. Definição e Finalidade
zer algum comentário a respeito do documento que encaminha, Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial pra-
poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso ticamente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso
contrário, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para auto-
ofício de mero encaminhamento. ridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido
para e pelas demais autoridades. Ambos têm como finalidade o
f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações); tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração
Pública entre si e, no caso do ofício, também com particulares.
g) assinatura do autor da comunicação; e
3.3.2. Forma e Estrutura
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Sig- Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do pa-
natário). drão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatá-
rio (v. 2.1 Pronomes de Tratamento), seguido de vírgula.
3.2. Forma de diagramação Exemplos:
Os documentos do Padrão Ofício5 devem obedecer à se- Excelentíssimo Senhor Presidente da República
guinte forma de apresentação: Senhora Ministra
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de Senhor Chefe de Gabinete
corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as se-
rodapé; guintes informações do remetente:
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman – nome do órgão ou setor;
poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings; – endereço postal;
c) é obrigatória constar a partir da segunda página o núme- – telefone e endereço de correio eletrônico.
ro da página;
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser im- 3.4. Memorando
pressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens es-
querda e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares 3.4.1. Definição e Finalidade
(“margem espelho”); O memorando é a modalidade de comunicação entre
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar
distância da margem esquerda; hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no -se, portanto, de uma forma de comunicação eminentemente
mínimo, 3,0 cm de largura; interna. Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser em-
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; pregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a
5 O constante neste item aplica-se também à exposição de moti- serem adotados por determinado setor do serviço público. Sua
vos e à mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5. Mensagem). característica principal é a agilidade. A tramitação do memoran-
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e do em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela sim-
de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de plicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar desneces-
texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em sário aumento do número de comunicações, os despachos ao
branco; memorando devem ser dados no próprio documento e, no caso
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinha- de falta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento
do, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou permite formar uma espécie de processo simplificado, assegu-
qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a rando maior transparência à tomada de decisões, e permitindo
sobriedade do documento; que se historie o andamento da matéria tratada no memorando.
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em pa-
pel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para 3.4.2. Forma e Estrutura
gráficos e ilustrações; Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do pa-
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser drão ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser
impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm; mencionado pelo cargo que ocupa.
53
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplos: Mencionar:
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Sub- - se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;
chefe para Assuntos Jurídicos - se há projetos sobre a matéria no Legislativo;
- outras possibilidades de resolução do problema.
4. Exposição de Motivos
4. Custos
4.1. Definição e Finalidade Mencionar:
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente - se a despesa decorrente da medida está prevista na lei or-
da República ou ao Vice-Presidente para: çamentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la;
a) informá-lo de determinado assunto; - se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordiná-
b) propor alguma medida; ou rio, especial ou suplementar;
c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo. - valor a ser despendido em moeda corrente;
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente
da República por um Ministro de Estado. 5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido so-
Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um mente se o ato proposto for medida provisória ou projeto de lei
Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por to- que deva tramitar em regime de urgência)
dos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de Mencionar:
interministerial. - se o problema configura calamidade pública;
- por que é indispensável a vigência imediata;
4.2. Forma e Estrutura - se se trata de problema cuja causa ou agravamento não
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação tenham sido previstos;
do padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha - se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação
a exposição de motivos que proponha alguma medida ou apre- já prevista.
sente projeto de ato normativo, segue o modelo descrito adian-
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou
te. A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade, apre-
medida proposta possa vir a tê-lo)
senta duas formas básicas de estrutura: uma para aquela que
7. Alterações propostas
tenha caráter exclusivamente informativo e outra para a que
Texto atual Texto proposto
proponha alguma medida ou submeta projeto de ato normativo.
8. Síntese do parecer do órgão jurídico
No primeiro caso, o da exposição de motivos que simples-
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida pro-
mente leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da
posta à luz das questões levantadas no item 10.4.3.
República, sua estrutura segue o modelo antes referido para o
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode
padrão ofício.
acarretar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa
Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que se com-
Presidente da República a sugestão de alguma medida a ser ado- plete o exame ou se reformule a proposta. O preenchimento
tada ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora obrigatório do anexo para as exposições de motivos que propo-
sigam também a estrutura do padrão ofício –, além de outros nham a adoção de alguma medida ou a edição de ato normativo
comentários julgados pertinentes por seu autor, devem, obriga- tem como finalidade:
toriamente, apontar: a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção busca resolver;
da medida ou do ato normativo proposto; b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou problema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a
aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e edição do ato, em consonância com as questões que devem ser
eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; analisadas na elaboração de proposições normativas no âmbito
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, do Poder Executivo (v. 10.4.3.).
ou qual ato normativo deve ser editado para solucionar o pro- c) conferir perfeita transparência aos atos propostos.
blema. Dessa forma, ao atender às questões que devem ser ana-
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à expo- lisadas na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder
sição de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o Executivo, o texto da exposição de motivos e seu anexo com-
seguinte modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de plementam-se e formam um todo coeso: no anexo, encontra-
28 de março de 2002. mos uma avaliação profunda e direta de toda a situação que
Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministé- está a reclamar a adoção de certa providência ou a edição de
rio ou órgão equivalente) nº de 200. um ato normativo; o problema a ser enfrentado e suas causas;
a solução que se propõe, seus efeitos e seus custos; e as alter-
1. Síntese do problema ou da situação que reclama provi- nativas existentes. O texto da exposição de motivos fica, assim,
dências reservado à demonstração da necessidade da providência pro-
2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na posta: por que deve ser adotada e como resolverá o problema.
medida proposta Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal (no-
3. Alternativas existentes às medidas propostas meação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, re-
54
LÍNGUA PORTUGUESA
versão, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, jurídico e econômico-financeiro das matérias objeto das pro-
exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposenta- posições por elas encaminhadas. Tais exames materializam-se
doria), não é necessário o encaminhamento do formulário de em pareceres dos diversos órgãos interessados no assunto das
anexo à exposição de motivos. proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da União. Mas,
Ressalte-se que: na origem das propostas, as análises necessárias constam da
– a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Expo-
não dispensa o encaminhamento do parecer completo; sição de Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a
– o tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos mensagem de encaminhamento ao Congresso.
pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão b) encaminhamento de medida provisória.
dos comentários a serem ali incluídos. Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constitui-
ção, o Presidente da República encaminha mensagem ao Con-
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente gresso, dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro
que a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza, Secretário do Senado Federal, juntando cópia da medida provi-
concisão, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do sória, autenticada pela Coordenação de Documentação da Pre-
padrão culto de linguagem) deve ser redobrada. A exposição de sidência da República.
motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao c) indicação de autoridades.
Presidente da República pelos Ministros. Além disso, pode, em As mensagens que submetem ao Senado Federal a indica-
certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ção de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistra-
ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da dos dos Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e
União, no todo ou em parte. Diretores do Banco Central, Procurador-Geral da República,
Chefes de Missão Diplomática, etc.) têm em vista que a Cons-
5. Mensagem tituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa do
Congresso Nacional competência privativa para aprovar a indi-
5.1. Definição e Finalidade cação. O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado,
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos acompanha a mensagem.
Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presi-
Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar so- dente da República se ausentarem do País por mais de 15 dias.
bre fato da Administração Pública; expor o plano de governo por Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e
ocasião da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congres- 83), e a autorização é da competência privativa do Congresso
so Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Ca- Nacional. O Presidente da República, tradicionalmente, por cor-
sas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma
tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e da Nação. comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes mensa-
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios gens idênticas.
à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de
final. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congres- concessão de emissoras de rádio e TV. A obrigação de submeter
so Nacional têm as seguintes finalidades: tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple- XII do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos le-
mentar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou comple- gais a outorga ou renovação da concessão após deliberação do
mentar são enviados em regime normal (Constituição, art. 61) Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pe-
ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). Cabe lembrar dir na mensagem a urgência prevista no art. 64 da Constituição,
que o projeto pode ser encaminhado sob o regime normal e porquanto o § 1o do art. 223 já define o prazo da tramitação.
mais tarde ser objeto de nova mensagem, com solicitação de Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensagem
urgência. Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Mem- o correspondente processo administrativo.
bros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do f) encaminhamento das contas referentes ao exercício an-
Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro terior. O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias
Secretário da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso
tramitação (Constituição, art. 64, caput). Quanto aos projetos Nacional as contas referentes ao exercício anterior (Constitui-
de lei financeira (que compreendem plano plurianual, diretri- ção, art. 84, XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista per-
zes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicionais), manente (Constituição, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara
as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros dos Deputados realizar a tomada de contas (Constituição, art.
do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são endereça- 51, II), em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Regi-
dos ao Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o mento Interno.
art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual sobre g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
as leis financeiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situa-
forma do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso ção do País e solicitação de providências que julgar necessárias
Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constituição, (Constituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe
art. 57, § 5o), que comanda as sessões conjuntas. As mensa- da Casa Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere
gens aqui tratadas coroam o processo desenvolvido no âmbito das demais porque vai encadernada e é distribuída a todos os
do Poder Executivo, que abrange minucioso exame técnico, Congressistas em forma de livro.
55
LÍNGUA PORTUGUESA
56
LÍNGUA PORTUGUESA
lário de correio eletrônico mensagem deve ser preenchido de na praça da capital e a criar uma escola de
modo a facilitar a organização documental tanto do destinatário
quanto do remetente. Para os arquivos anexados à mensagem taquigrafia, que fechou em pouco tempo, devido à
deve ser utilizado, preferencialmente, o formato Rich Text. A baixa procura. Atualmente, a professora dá aulas
mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informa- 30 gratuitas na Universidade Federal do Acre (Ufac)
ções mínimas sobre seu conteúdo. Sempre que disponível, de-
ve-se utilizar recurso de confirmação de leitura. Caso não seja como Projeto de Extensão.
disponível, deve constar na mensagem o pedido de confirmação “A taquigrafia foi a base para nós, inclusive de
de recebimento. sobrevivência. (...) É uma profissão cativante”,
8.3 Valor documental falou a filha da professora, Nádia Carvalho, de 38
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de 35 anos. Segundo Nádia, a taquigrafia parece ser
correio eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa
difícil de aprender no primeiro momento, porém o
ser aceito como documento original, é necessário existir certi-
ficação digital que ateste a identidade do remetente, na forma aprendizado é simples. O curso tem duração de
estabelecida em lei. aproximadamente 140 horas. “A princípio parece
extremamente difícil uma pessoa adulta voltar a
QUESTÕES
40 escrever de outra forma. Parece impossível até,
01. AL-RR – Taquígrafo - 2018 - FUNRIO mas 100% das pessoas conseguem aprender
taquigráfia”.
No Acre, amor pela taquigrafia une três gerações de uma
MELLO, Bruna, 2016. Disponível em: < http://agazetadoa-
família
cre.com/no-acreamor-pela-taquigrafia-une-tres-geracoes-de-u-
ma-familia/>. Acesso em: 06 abr.2018.
A professora acrena Mariusa Carvalho, de 72
anos, conheceu a taquigrafia ainda na Contribuem para a correção da redação oficial a utilização
adequada das formas de tratamento bem como a concordância
adolescência. O estágio na Câmara Municipal de
verbal e nominal em relação ao pronome.
Rio Branco foi sua primeira experiência
5 profissional na área. De lá pra cá, o rumo da sua Entre os seguintes, o único trecho que foi redigido segundo
as normas da redação oficial, é:
vida mudou completamente. Na década de 70,
A) Vossa Senhoria não atendestes ao meu pedido em regi-
após morar em outros estadose trabalhar em áreas me de urgência.
diferentes, Carvalho voltou para o Acre. B) Vossa Excelência tem tido as melhores proposições de
seus subordinados.
A taquigrafia parecia ser a vocação da
C) Vossa Excelência atendeu ao pedido urgente de vossos
10 professora. De volta ao estado, Carvalho foi subordinados.
aprovada em um processo seletivo e voltou a D) Vossa Magnificência tendo os melhores títulos e honra-
rias acadêmicas.
compor o grupo de taquíagrafos da Câmara. Anos
depois, aprovada em um concurso público, 02. TJ-PA -Médico Psiquiatra – 2014 - VUNESP
Carvalho passou a fazer parte da Assembleia Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do Manual
de Redação da Presidência da República, no qual expressões fo-
15 Legislativa do Acre, onde se aposentou como ram substituídas por lacunas.
taquígrafa em 2014. Senhor Deputado
A carreira escolhida pela acreana foi Em complemento às informações transmitidas pelo tele-
grama n.º 154, de 24 de abril último, informo ______de que as
responsável pelo sustento e educação das três medidas mencionadas em ______ carta n.º 6708, dirigida ao
filhas, que aprenderam taquigrafia durante a Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo proce-
20 adolescência e, apesar de não exercerem a dimento administrativo de demarcação de terras indígenas ins-
tituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de 1991 (cópia
profissão, são apaixonadas pela taquigrafia. Hoje, anexa).
o amor pela taquigrafia une três gerações da (http://www.planalto.gov.br. Adaptado)
família Carvalho: mãe, filhas e neto. A alternativa que completa, correta e respectivamente, as
lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão da língua por-
Carvalho é uma das poucas professoras de tuguesa e atendendo às orientações oficiais a respeito do uso de
25 taquigrafia no Acre. Em busca de capacitar novos formas de tratamento em correspondências públicas, é:
profissionais na área, ela chegou a ministrar aulas
57
LÍNGUA PORTUGUESA
58
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
1 Estruturas lógicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2 Lógica de argumentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3 Diagramas lógicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4 Aritmética. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
5 Leitura e interpretação de tabelas e gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Exemplo:
1 ESTRUTURAS LÓGICAS. Proposições simples:
p: Meu nome é Raissa
Estruturas lógicas q: São Paulo é a maior cidade brasileira
r: 2+2=5
1. Proposição s: O número 9 é ímpar
Proposição ou sentença é um termo utilizado para exprimir t: O número 13 é primo
ideias, através de um conjunto de palavras ou símbolos. Este
conjunto descreve o conteúdo dessa ideia. Proposições compostas
São exemplos de proposições: P: O número 12 é divisível por 3 e 6 é o dobro de 12.
p: Pedro é médico. Q: A raiz quadrada de 9 é 3 e 24 é múltiplo de 3.
q: 5 > 8 R(s, t): O número 9 é ímpar e o número 13 é primo.
r: Luíza foi ao cinema ontem à noite.
6. Tabela-Verdade
2. Princípios fundamentais da lógica A tabela-verdade é usada para determinar o valor lógico de
Princípio da Identidade: A é A. Uma coisa é o que é. O que uma proposição composta, sendo que os valores das proposi-
é, é; e o que não é, não é. Esta formulação remonta a Parméni- ções simples já são conhecidos. Pois o valor lógico da proposição
des de Eleia. composta depende do valor lógico da proposição simples.
Principio da não contradição: Uma proposição não pode A seguir vamos compreender como se constrói essas tabe-
ser verdadeira e falsa, ao mesmo tempo. las-verdade partindo da árvore das possibilidades dos valores
Principio do terceiro excluído: Uma alternativa só pode ser lógicos das preposições simples, e mais adiante veremos como
verdadeira ou falsa. determinar o valor lógico de uma proposição composta.
4. Conectivos lógicos
Conectivos lógicos são palavras usadas para conectar as
proposições formando novas sentenças.
Os principais conectivos lógicos são: Proposição composta do tipo P(p, q, r)
~ não
∧ e
V Ou
→ se…então
↔ se e somente se
Proposição composta do tipo P(p, q, r, s)
5. Proposições simples e compostas A tabela-verdade possui 24 = 16 linhas e é formada igual-
As proposições simples são assim caracterizadas por apre- mente as anteriores.
sentarem apenas uma ideia. São indicadas pelas letras minúscu-
las: p, q, r, s, t...
As proposições compostas são assim caracterizadas por
apresentarem mais de uma proposição conectadas pelos conec- Proposição composta do tipo P(p1, p2, p3,..., pn)
tivos lógicos. São indicadas pelas letras maiúsculas: P, Q, R, S, T...
Obs: A notação Q(r, s, t), por exemplo, está indicando que A tabela-verdade possui 2n linhas e é formada igualmente
a proposição composta Q é formada pelas proposições simples as anteriores.
r, s e t.
1
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
p = 2 é par P q p→q
q = o céu é rosa
p Λ q = 2 é par e o céu é rosa V V V
p=7+5<4
P q pΛq q = 2 é um número primo
V F F p → q: Se 7 + 5 < 4 então 2 é um número primo.
p=9<6 P q p→q
q = 3 é par
p Λ q: 9 < 6 e 3 é par F V V
p = 24 é múltiplo de 3 q = 3 é par
P q pΛq p → q: Se 24 é múltiplo de 3 então 3 é par.
F F F
P q p→q
2
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
V F F
p = 25 é múltiplo de 2
q = 12 < 3
p → q: Se 25 é múltiplo de 2 então 2 < 3.
P q p→q
F F V
P q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V
Exemplo
p = 24 é múltiplo de 3
q = 6 é ímpar
= 24 é múltiplo de 3 se, e somente se, 6 é ímpar.
P q p↔q
V F F
Exemplo
Veja como se procede a construção de uma tabela-verdade da proposição composta P(p, q) = ((p ⋁ q) → (~p)) → (p ⋀ q), onde p e
q são duas proposições simples.
Resolução
Uma tabela-verdade de uma proposição do tipo P(p, q) possui 24 = 4 linhas, logo:
3
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
b) Valores lógicos de ~P
d) Valores lógicos de p Λ q
13. Tautologia
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma Tautologia se ela for sempre verdadei-
ra, independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem.
Exemplos:
• Gabriela passou no concurso do INSS ou Gabriela não passou no concurso do INSS
• Não é verdade que o professor Zambeli parece com o Zé gotinha ou o professor Zambeli parece com o Zé gotinha.
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso melhor.
Exemplo:
Grêmio cai para segunda divisão ou o Grêmio não cai para segunda divisão
Exemplo
A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu valor lógico é sempre V, conforme a tabela-verdade.
4
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
5
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Dizemos que duas proposições são logicamente equivalen- 1) Se p então q = Se não q então não p.
tes (ou simplesmente equivalentes) quando os resultados de Ex: Se chove então me molho = Se não me molho então não
suas tabelas-verdade são idênticos. chove
Uma consequência prática da equivalência lógica é que ao
trocar uma dada proposição por qualquer outra que lhe seja 2) Se p então q = Não p ou q.
equivalente, estamos apenas mudando a maneira de dizê-la. Ex: Se estudo então passo no concurso = Não estudo ou pas-
A equivalência lógica entre duas proposições, p e q, pode so no concurso
ser representada simbolicamente como: pq, ou simplesmente Colocando estes resultados em uma tabela, para ajudar a
por p = q. memorização, teremos:
Começaremos com a descrição de algumas equivalências
lógicas básicas.
Equivalências Básicas
1. p e p = p
Ex: André é inocente e inocente = André é inocente Equivalências com o Símbolo da Negação
Este tipo de equivalência já foi estudado. Trata-se, tão so-
2. p ou p = p mente, das negações das proposições compostas! Lembremos:
Ex: Ana foi ao cinema ou ao cinema = Ana foi ao cinema
3. p e q = q e p
Ex: O cavalo é forte e veloz = O cavalo é veloz e forte
4. p ou q = q ou p
Ex: O carro é branco ou azul = O carro é azul ou branco
5. p ↔ q = q ↔ p
Ex: Amo se e somente se vivo = Vivo se e somente se amo.
6. p ↔ q = (pq) e (qp)
Ex: Amo se e somente se vivo = Se amo então vivo, e se É possível que surja alguma dúvida em relação a última
vivo então amo linha da tabela acima. Porém, basta lembrarmos do que foi
Para facilitar a memorização, veja a tabela abaixo: aprendido:
p↔q = (pq) e (qp)
1) p e (p ou q) = p
Ex: Paulo é dentista, e Paulo é dentista ou Pedro é médico
= Paulo é dentista
6
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
7
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
A decisão foi: Se não P então Q, logo VV = V A negação de uma condicional do tipo: “Se A, então B” (AB)
A questão afirma: Se P então Q, logo FV = V será da forma:
Não contrariou, iria contrariar se a questão resultasse V + ~(A B)A^ ~B
F=F Ou seja, para negarmos uma proposição composta repre-
sentada por uma condicional, devemos confirmar sua primeira
6. As proposições “Se o réu não estiver preso por outro mo- parte (“A”), trocar o conectivo condicional (“”) pelo conectivo
tivo, deve ser imediatamente solto” e “Se o réu não for ime- conjunção (“^”) e negarmos sua segunda parte (“~ B”). Assim,
diatamente solto, então, ele está preso por outro motivo” são teremos:
logicamente equivalentes. RESPOSTA:“B”.
8
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
“Se Camila não é médica, então Ana não é professora.” Lembramos que uma disjunção simples, na forma: “P vQ”,
será verdadeira (V) se, pelo menos, uma de suas partes for ver-
2ª) Pela Teoria da Involução ou Dupla Negação: “Se A, então dadeira (V). Nesse caso, se “P” for falsa e “PvQ” for verdadeira,
B” é equivalente a “~A ou B” então “Q” será, necessariamente, verdadeira.
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será equi- Resposta: CERTO.
valente a:
“Ana não é professora ou Camila é médica.” (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013)
Ficaremos, então, com a segunda equivalência, já que esta P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta.
configura no gabarito. P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz.
RESPOSTA:“A”. P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
P4: Há criminosos livres.
(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Consideran- C: Portanto a criminalidade é alta.
do que P e Q representem proposições conhecidas e que V e Considerando o argumento apresentado acima, em que P1,
F representem, respectivamente, os valores verdadeiro e falso, P2, P3 e P4 são as premissas e C, a conclusão, julgue os itens
julgue os próximos itens. (374 a 376) subsequentes. (377 e 378)
12. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) (PC/DF – 15. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) O argu-
Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) As proposições Q e P(¬ Q) mento apresentado é um argumento válido.
são, simultaneamente, V se, e somente se, P for F. ()Certo () Errado
()Certo () Errado
Verificaremos se as verdades das premissas P1, P2, P3 e P4
Observando a tabela-verdade da proposição composta “P(¬ sustentam a verdade da conclusão. Nesse caso, devemos consi-
Q)”, em função dos valores lógicos de “P” e “Q”, temos: derar que todas as premissas são, necessariamente, verdadei-
ras.
P Q ¬Q P→(¬Q) P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta. (V)
P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz.(V)
V V F F P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres. (V)
V F V V P4: Há criminosos livres. (V)
F V F V Portanto, se a premissa P4 – proposição simples – é verda-
deira (V), então a 2ª parte da condicional representada pela pre-
F F V V missa P3 será considerada falsa (F). Então, veja:
Observando-se a 3 linha da tabela-verdade acima, ―Q‖ e
―P ® (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, ―P‖ for F.
Resposta: CERTO.
P(P;Q) = VFVV
Portanto, essa proposição composta é uma contingência ou
indeterminação lógica.
Resposta: ERRADO.
9
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Sendo verdadeira (V) a premissa P2 (disjunção simples) e O argumento pode ser representado da seguinte forma:
conhecendo-se o valor lógico de uma das partes como falsa (F),
então o valor lógico da outra parte deverá ser, necessariamen-
te, verdadeira (V). Lembramos que, uma disjunção simples será
considerada verdadeira (V), quando, pelo menos, uma de suas
partes for verdadeira (V).
EXEMPLOS:
1. Todos os cariocas são alegres.
Todas as pessoas alegres vão à praia
Todos os cariocas vão à praia.
2. Todos os cientistas são loucos.
Einstein é cientista.
Einstein é louco!
10
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
EXEMPLO: CONCLUSÕES
Todo ser humano têm mãe.
Todos os homens são humanos. VALIDADE DE UM ARGUMENTO
Todos os homens têm mãe. Uma proposição é verdadeira ou falsa. No caso de um argu-
mento dedutivo diremos que ele é válido ou inválido. Atente-se
2) O argumento será INDUTIVO quando suas premissas não para o fato que todos os argumentos indutivos são inválidos,
fornecerem o “apoio completo” para ratificar as conclusões. portanto não há de se falar em validade de argumentos indu-
Portanto, nos argumentos indutivos, a conclusão possui infor- tivos.
mações que ultrapassam as fornecidas nas premissas. Sendo as- A validade é uma propriedade dos argumentos que depen-
sim, não se aplica, então, a definição de argumentos válidos ou de apenas da forma (estrutura lógica) das suas proposições (pre-
não válidos para argumentos indutivos. missas e conclusões) e não do seu conteúdo.
EXEMPLO:
O Flamengo é um bom time de futebol. Argumento Válido
O Palmeiras é um bom time de futebol. Um argumento será válido quando a sua conclusão é uma
O Vasco é um bom time de futebol. consequência obrigatória de suas premissas. Em outras pala-
O Cruzeiro é um bom time de futebol. vras, podemos dizer que quando um argumento é válido, a ver-
Todos os times brasileiros de futebol são bons. dade de suas premissas deve garantir a verdade da conclusão do
Note que não podemos afirmar que todos os times brasilei- argumento. Isso significa que, se o argumento é válido, jamais
ros são bons sabendo apenas que 4 deles são bons. poderemos chegar a uma conclusão falsa quando as premissas
forem verdadeiras.
Exemplo: (FCC) Considere que as seguintes afirmações são
verdadeiras: Exemplo: (CESPE) Suponha um argumento no qual as pre-
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.” missas sejam as proposições I e II abaixo.
“Existem crianças que são inteligentes.” I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz.
Assim sendo, certamente é verdade que: II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco.
(A) Alguma criança inteligente não gosta de passear no Nesse caso, se a conclusão for a proposição “Mulheres de-
Metrô de São Paulo. sempregadas vivem pouco”, tem-se um argumento correto.
(B) Alguma criança que gosta de passear no Metrô de São
Paulo é inteligente. SOLUÇÃO:
(C) Alguma criança não inteligente não gosta de passear Se representarmos na forma de diagramas lógicos (ver arti-
no Metrô de São Paulo. go sobre diagramas lógicos), para facilitar a resolução, teremos:
(D) Toda criança que gosta de passear no Metrô de São I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz. =
Paulo é inteligente. Toda mulher desempregada é infeliz.
(E) Toda criança inteligente não gosta de passear no Me- II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. = Toda
trô de São Paulo. mulher infeliz vive pouco.
SOLUÇÃO:
Representando as proposições na forma de conjuntos (dia-
gramas lógicos – ver artigo sobre diagramas lógicos) teremos:
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
“Existem crianças que são inteligentes.”
11
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Exemplo: (CESPE) É válido o seguinte argumento: Se Ana Portanto não é uma tautologia.
cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspeita, mas (e)
Ana não cometeu um crime perfeito, então Ana é suspeita. 2. As proposições “Luiz joga basquete porque Luiz é alto”
e “Luiz não é alto porque Luiz não joga basquete” são logica-
SOLUÇÃO: mente equivalentes.
Representando as premissas do enunciado na forma de dia- A) Certo
gramas lógicos (ver artigo sobre diagramas lógicos), obteremos: B) Errado
Premissas:
“Se Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é sus- Resposta: A.
peita” = “Toda pessoa que comete um crime perfeito não é sus- São equivalentes por que “Luiz não é alto porque Luiz não
peita”. joga basquete” nega as duas partes da proposição, a deixando
“Ana não cometeu um crime perfeito”. equivalente a primeira.
Conclusão:
“Ana é suspeita”. (Não se “desenha” a conclusão, apenas as 3. A sentença “A justiça e a lei nem sempre andam pelos
premissas!) mesmos caminhos” pode ser representada simbolicamente
por PΛQ, em que as proposições P e Q são convenientemente
escolhidas.
A) Certo
B) Errado
Resposta: B.
Não, pois ^ representa o conectivo “e”, e o “e” é usado para
unir A justiça E a lei, e “A justiça” não pode ser considerada uma
proposição, pois não pode ser considerada verdadeira ou falsa.
EXERCICIOS:
Resposta: B.
Fazendo a tabela verdade:
12
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
Fazendo a tabela verdade:
P Q R (P→Q)^(~R)
V V V F
V V F V
V F V F
V F F F
F V V F
F V F V
F F V F
F F F V
5. O argumento cujas premissas correspondem às quatro afirmações do jornalista e cuja conclusão é “Pedro não disputará a
eleição presidencial da República” é um argumento válido.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
Argumento válido é aquele que pode ser concluído a partir das premissas, considerando que as premissas são verdadeiras então
tenho que:
Se João for eleito prefeito ele disputará a presidência;
13
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
6. A proposição “Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades, então não
tenho um mínimo de maturidade” é equivalente a “Se eu tenho um mínimo de maturidade, então não estou há 7 anos na faculdade
e tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: B.
Equivalência de Condicional: P -> Q = ~ Q -> ~ P
Negação de Proposição: ~ (P ^ Q)=~ P v ~ Q
7. Considere as seguintes proposições: “Tenho 25 anos”, “Moro com você e papai”, “Dou despesas a vocês” e “Dependo de
mesada”. Se alguma dessas proposições for falsa, também será falsa a proposição “Se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou
despesas a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha idade”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
(A^B^C^D) E
Ora, se A ou B ou C ou D estiver falsa como afirma o enunciado, logo torna a primeira parte da condicional falsa, (visto que trata-se
da conjunção) tornando- a primeira parte da condicional falsa, logo toda a proposição se torna verdadeira.
8. A proposição “Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança, e se não tenho um mínimo de ma-
turidade, sou tratado como criança” é equivalente a “Se não ajo como um homem da minha idade ou não tenho um mínimo de
maturidade, sou tratado como criança”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
A = Se não ajo como um homem da minha idade,
B = sou tratado como criança,
C= se não tenho um mínimo de maturidade
14
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
F V V V F V V V V V
F V F V V V V V V V
F F V V F F V V F F
F F F V V F F V F F
3 DIAGRAMAS LÓGICOS.
As questões de Diagramas lógicos envolvem as proposições categóricas (todo, algum, nenhum), cuja solução requer que dese-
nhemos figuras, os chamados diagramas.
Todo A é B.
Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como ficam os valores lógicos das outras?
Pensemos nessa frase: Toda criança é linda.
Nenhum A é B.
15
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Quando “nenhum A é B” é verdadeira, vamos ver como fi- c) Todos os elementos de B estão em A.
cam os valores lógicos das outras?
Algum A não é B.
O conjunto A tem pelo menos um elemento que não per-
tence ao conjunto B.
16
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Algum A é B é indeterminada
Algum copo é de vidro, não consigo determinar se tem al-
gum de vidro ou não.
O quantificador universal
O quantificador existencial
Exemplos:
(∃x)(x + 5 = 9)
Lê-se: “Existe um número x, tal que x + 5 = 9” (verdadeira).
c) Não há elementos em comum entre os dois conjuntos Nesse caso, existe um número, ahh tudo bem...claro que
existe algum número que essa afirmação será verdadeira.
(∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)]
Quantificador: ∃
Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver como Condição de existência da variável: não há.
ficam os valores lógicos das outras? Predicado: “(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)”.
Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior
Frase: Algum copo não é de vidro. Negações de proposições quantificadas ou funcionais
Seja uma sentença (∀x)(A(x)).
Nenhum A é B é indeterminada (contradição com as figuras Negação: (∃x)(~A(x))
a e b)
Nenhum copo é de vidro, algum não é, mas não sei se todos Exemplo
não são de vidro. (∀x)(2x-1=3)
Negação: (∃x)(2x-1≠3)
Todo A é B , é necessariamente falsa
Todo copo é de vidro, mas eu disse que algum copo não era. Seja uma sentença (∃x)(Q(x)).
Negação: (∀x)(~Q(x)).
(∃x)(2x-1=3)
Negação: (∀x)(2x-1≠3)
17
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
03. (COPERGAS – Auxiliar Administrativo – FCC/2016) É 07. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Assistente Administra-
verdade que existem programadores que não gostam de com- tivo – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2015) Em certa comunidade,
putadores. A partir dessa afirmação é correto concluir que: é verdade que:
(A) qualquer pessoa que não gosta de computadores é um - todo professor de matemática possui grau de mestre;
programador. - algumas pessoas que possuem grau de mestre gostam de
(B) todas as pessoas que gostam de computadores não são empadão de camarão;
programadores. - algumas pessoas que gostam de empadão de camarão não
(C) dentre aqueles que não gostam de computadores, al- possuem grau de mestre.
guns são programadores.
(D) para ser programador é necessário gostar de computa- Uma conclusão necessariamente verdadeira é:
dor.
(E) qualquer pessoa que gosta de computador será um bom (A) algum professor de matemática gosta de empadão de
programador. camarão.
(B) nenhum professor de matemática gosta de empadão de
camarão.
(C) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão gosta
de matemática.
18
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
19
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
08. Resposta: C.
O diagrama C deve ficar para fora, pois todo estudante de C
não é da disciplina B, ou seja, não tem ligação nenhuma.
05. Resposta: B.
Alguns agrônomos são veterinários e podem ser só agrô-
nomos.
09. Resposta: A.
06. Resposta: D.
20
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Exemplo 1
10 + 12 – 6 + 7
22 – 6 + 7
16 + 7
23
Referências
Carvalho, S. Raciocínio Lógico Simplificado. Série Provas e Exemplo 2
Concursos, 2010.
40 – 9 x 4 + 23
40 – 36 + 23
4 ARITMÉTICA. 4 + 23
27
Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
Números Naturais 25-20+20=25
Os números naturais são o modelo matemático necessário
para efetuar uma contagem. Números Inteiros
Começando por zero e acrescentando sempre uma unida- Podemos dizer que este conjunto é composto pelos núme-
de, obtemos o conjunto infinito dos números naturais ros naturais, o conjunto dos opostos dos números naturais e o
zero. Este conjunto pode ser representado por:
Z={...-3, -2, -1, 0, 1, 2,...}
Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero. 2) Conjuntos dos números inteiros não negativos
Z+={0, 1, 2, ...}
a) O antecessor do número m é m-1. pode ser expresso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer,
b) O antecessor de 2 é 1. com b≠0
c) O antecessor de 56 é 55. São exemplos de números racionais:
d) O antecessor de 10 é 9. -12/51
-3
-(-3)
-2,333...
21
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
As dízimas periódicas podem ser representadas por fração, 2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, então
portanto são consideradas números racionais. como podemos transformar em fração?
Como representar esses números?
Exemplo 1
Representação Decimal das Frações
Transforme a dízima 0, 333... .em fração
Temos 2 possíveis casos para transformar frações em deci- Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízima
mais dada de x, ou seja
X=0,333...
1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o número Se o período da dízima é de um algarismo, multiplicamos
decimal terá um número finito de algarismos após a vírgula. por 10.
10x=3,333...
E então subtraímos:
10x-x=3,333...-0,333...
9x=3
X=3/9
X=1/3
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vírgula, Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de perí-
mas lembrando que a dízima deve ser periódica para ser núme- odo.
ro racional
OBS: período da dízima são os números que se repetem, se Exemplo 2
não repetir não é dízima periódica e assim números irracionais, Seja a dízima 1,1212...
que trataremos mais a frente.
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... .
Subtraindo:
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111
X=111/99
Números Irracionais
Identificação de números irracionais
Representação Fracionária dos Números Decimais - Todas as dízimas periódicas são números racionais.
- Todos os números inteiros são racionais.
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar com - Todas as frações ordinárias são números racionais.
o denominador seguido de zeros. - Todas as dízimas não periódicas são números irracionais.
O número de zeros depende da casa decimal. Para uma - Todas as raízes inexatas são números irracionais.
casa, um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por - A soma de um número racional com um número irracional
diante. é sempre um número irracional.
- A diferença de dois números irracionais, pode ser um nú-
mero racional.
-Os números irracionais não podem ser expressos na
22
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x ∈R|x≤b}
Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x ∈R|x<b}
Semirreta direita, fechada de origem a – números reais
maiores ou iguais a a.
INTERVALOS LIMITADOS
Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou Intervalo:[a,+ ∞[
iguais a e menores do que b ou iguais a b. Conjunto:{x ∈R|x≥a}
Intervalo:[a,b]
Conjunto: {x ∈R|a≤x≤b}
Intervalo:]a,+ ∞[
Intervalo aberto – números reais maiores que a e menores Conjunto:{x ∈R|x>a}
que b.
Potenciação
Multiplicação de fatores iguais
2³=2.2.2=8
Intervalo:]a,b[
Conjunto:{x ∈R|a<x<b} Casos
Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores que 1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.
a ou iguais a a e menores do que b.
23
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta 4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores elevados a
em um número positivo. um expoente, podemos elevar cada um a esse mesmo expoente.
(4.3)²=4².3²
Radiciação
Radiciação é a operação inversa a potenciação
Técnica de Cálculo
6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor A determinação da raiz quadrada de um número torna-se
do expoente, o resultado será igual a zero. mais fácil quando o algarismo se encontra fatorado em números
primos. Veja:
Propriedades
Exemplos:
24 . 23 = 24+3= 27
(2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27
64=2.2.2.2.2.2=26
2)(am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma
base. Conserva-se a base e subtraem os expoentes. Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-se”
um e multiplica.
Exemplos:
96 : 92 = 96-2 = 94
Observe:
a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * ,
24
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
então: Divisão
n
a.b = n a .n b
1 1 Adição e subtração
2 2 2 22 2
= = 1 =
3 3 3
Observe: 32 Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.
De modo geral,
se
a ∈ R+ , b ∈ R *+ , n ∈ N * ,
então:
a na Caso tenha:
n =
b nb
O radical de índice inteiro e positivo de um quociente in- Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.
dicado é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos
termos do radicando. Racionalização de Denominadores
Raiz quadrada números decimais Normalmente não se apresentam números irracionais com
radicais no denominador. Ao processo que leva à eliminação dos
radicais do denominador chama-se racionalização do denomi-
nador.
Operações
Multiplicação
25
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
QUESTÕES 7ª expressão: █ x 9 + ▲
01. (Prefeitura de Salvador /BA - Técnico de Nível Superior Seguindo esse padrão e colocando os números adequados
II - Direito – FGV/2017) Em um concurso, há 150 candidatos em no lugar dos símbolos █ e ▲, o resultado da 7ª expressão será
apenas duas categorias: nível superior e nível médio.
Sabe-se que: (A) 1 111 111.
(B) 11 111.
• dentre os candidatos, 82 são homens; (C) 1 111.
• o número de candidatos homens de nível superior é igual (D) 111 111.
ao de mulheres de nível médio; (E) 11 111 111.
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mulheres.
06. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Durante um trei-
O número de candidatos homens de nível médio é namento, o chefe da brigada de incêndio de um prédio comer-
cial informou que, nos cinquenta anos de existência do prédio,
(A) 42. nunca houve um incêndio, mas existiram muitas situações de
(B) 45. risco, felizmente controladas a tempo. Segundo ele, 1/13 dessas
(C) 48. situações deveu-se a ações criminosas, enquanto as demais situ-
(D) 50. ações haviam sido geradas por diferentes tipos de displicência.
(E) 52. Dentre as situações de risco geradas por displicência,
− 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inadequa-
02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON- damente;
CURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, Isabella e José − 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas;
foram a uma prova de hipismo, na qual ganharia o competidor − 1/3 deveu-se a vazamentos de gás e
que obtivesse o menor tempo final. A cada 1 falta seriam incre- − as demais foram geradas por descuidos ao cozinhar.
mentados 6 segundos em seu tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1
falta, Maria Eduarda fez 1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com De acordo com esses dados, ao longo da existência desse
2 faltas, Raoni fez 1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. prédio comercial, a fração do total de situações de risco de in-
Verificando a colocação, é correto afirmar que o vencedor foi: cêndio geradas por descuidos ao cozinhar corresponde à
(A) José (A) 3/20.
(B) Isabella (B) 1/4.
(C) Maria Eduarda (C) 13/60.
(D) Raoni (D) 1/5.
(E) 1/60.
03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária - MSCON-
CURSOS/2017) O valor de √0,444... é: 07. (ITAIPU BINACIONAL -Profissional Nível Técnico I - Téc-
(A) 0,2222... nico em Eletrônica – NCUFPR/2017) Assinale a alternativa que
(B) 0,6666... apresenta o valor da expressão
(C) 0,1616...
(D) 0,8888...
26
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
01.Resposta: B.
150-82=68 mulheres
Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 são
de nível médio. 09. Resposta: C.
Portanto, há 37 homens de nível superior. 2-2(1-2N)=12
82-37=45 homens de nível médio. 2-2+4N=12
4N=12
02. Resposta: D. N=3
Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o ven-
cedor. 10. Resposta: E.
Como tem o mesmo número de homens e mulheres:
03. Resposta: B.
Primeiramente, vamos transformar a dízima em fração
X=0,4444....
10x=4,444...
9x=4 Dos homens que saíram:
Saíram no total
04. Resposta: A.
Como o maior resto possível é 10, o divisor é o número 11
que é igual o quociente.
11x11=121+10=131
05. Resposta: E.
A 7ª expressão será: 1234567x9+8=11111111
27
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Algumas equações não tem solução no conjunto dos núme- Dois números complexos são iguais se, e somente se, suas
ros reais. partes reais e imaginárias forem respectivamente iguais.
Exemplo
1. Adição
Para somarmos dois números complexos basta somarmos,
separadamente, as partes reais e imaginárias desses números.
Assim, se z=a+bi e z2=c+di, temos que:
O número , foi denominado unidade imaginária, z1+z2=(a+c) + (b+d)i
devido à desconfiança que os matemáticos tinham dessa nova
criação. 2. Subtração
Para subtrairmos dois números complexos basta subtrair-
Para simplificar a notação: mos, separadamente, as partes reais e imaginárias desses nú-
meros. Assim, se z=a+bi e z2=c+di, temos que:
z1-z2=(a-c) + (b-d)i
4. Divisão
Para dividirmos dois números complexos basta multiplicar-
mos o numerador e o denominador pelo conjugado do denomi-
nador. Assim, se z1= a + bi e z2= c + di, temos que:
A forma z=a+ bi é denominada forma algébrica de um nú-
mero complexo em que a é a parte real e b a parte imaginária.
Se a parte imaginária do número complexo é nula, então o
número é real.
28
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Dados os complexos:
Multiplicação
Divisão
Do triângulo retângulo, temos:
29
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Barra horizontal
! !
θ + 2kπ θ + 2kπ
w! = z= p(cos + i ∙ sen! )
n n
!
5 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE
TABELAS E GRÁFICOS.
Barra vertical
Fonte: tecnologia.umcomo.com.br
30
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
aparelho quantidade
televisão 3
celular 4
Geladeira 1
QUESTÕES
31
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
O número total de ônibus dessa empresa é Analisando o gráfico, é correto afirmar que a medida do ân-
gulo interno correspondente ao setor circular que representa o
(A) 270. conceito BOM é igual a
(B) 250. (A) 144º.
(C) 220 (B) 135º.
(D) 180. (C) 126º
(E) 120. (D) 117º
(E) 108º.
03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário -VUNESP/2017) O
gráfico mostra o número de carros vendidos por uma concessio- 05. (TCE/PR – Conhecimentos Básicos – CESPE/2016)
nária nos cinco dias subsequentes à veiculação de um anúncio
promocional.
32
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
06. (BRDE – Assistente Administrativo – FUNDATEC/2015) 07. (TJ/SP – Estatístico Judiciário – VUNESP/2015) A distri-
Assinale a alternativa que representa a nomenclatura dos três buição de salários de uma empresa com 30 funcionários é dada
gráficos abaixo, respectivamente. na tabela seguinte.
xi fi
30-35 4
35-40 12
40-45 10
45-50 8
50-55 6
TOTAL 40
(B)
(C)
33
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
(D)
(E)
09. (DEPEN – Agente Penitenciário Federal – CESPE/2015) A partir das informações e do gráfico apresentados, julgue
o item que se segue.
Se os percentuais forem representados por barras verticais,
conforme o gráfico a seguir, então o resultado será denominado
histograma.
04. Resposta: A.
34
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
X+0,5x+4x+3x+1,5x=360 ANOTAÇÃO
10x=360
X=36
Como o conceito bom corresponde a 4x: 4x36=144° ————————————————————————
————————————————————————
05. Resposta: B.
Analisando o primeiro quadrimestre, observamos que os ————————————————————————
dois primeiros meses de receita diminuem e os dois meses se-
guintes aumentam, o mesmo acontece com a despesa. ————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————
————————————————————————
06. Resposta: C.
Como foi visto na teoria, gráfico de barras, de setores ou ————————————————————————
pizza e de linha ————————————————————————
07. Resposta: D. ————————————————————————
(A) 1,8x10+2,5x8+3,0x5+5,0x4+8,0x2+15,0x1=104 salários
(B) 60% de 30=18 funcionários e se juntarmos quem ganha ————————————————————————
mais de 3 salários (5+4+2+1=12) ————————————————————————
(C)10% de 30=0,1x30=3 funcionários
E apenas 1 pessoa ganha ————————————————————————
(D) 40% de 104=0,4x104= 41,6
20% de 30=0,2x30=6 ————————————————————————
5x3+8x2+15x1=46, que já é maior. ————————————————————————
(E) 60% de 30=0,6x30=18
30% de 104=0,3x104=31,20da renda: 31,20 ————————————————————————
Referências ————————————————————————
http://www.galileu.esalq.usp.br
————————————————————————
————————————————————————
35
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
36
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Todo trabalho realizado no IBGE, seja ele de natureza fi na- Código de Ética Profissional do Servidor Público do IBGE
lística, seja ele de natureza administrativa, está pautado pela
competência e pela excelência técnica adquiridas ao longo des- Capítulo I
ses quase 80 anos em que vimos servindo aos cidadãos brasilei- Seção I
ros, sem qualquer espécie de discriminação. Das regras deontológicas
Considero importante que os princípios éticos sejam mais
conhecidos por todos os servidores para orientar suas condutas I - A dignidade, o decoro, o zelo, a efi cácia, a efi ciência e
no trabalho diário. Foi com essa ideia em mente que reconstitu- a consciência dos princípios morais são primados maiores que
ímos, em 2013, a Comissão de Ética do IBGE, a qual vem agora devem nortear o servidor público do IBGE, seja no exercício do
apresentar-nos importante documento: o Código de Ética do cargo ou função, ou fora dele, já que refl etirá o exercício da
IBGE. vocação do próprio poder estatal.
Tenho a convicção de que todo servidor do IBGE contribui Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados
sobremaneira para que diariamente cumpramos nossa missão para a preservação da honra e da tradição do serviço público,
institucional, de todos bem conhecida. A expectativa da Direção como um todo, e, em especial, das pesquisas estatísticas e ge-
do IBGE é a de que nossa missão, no que diz respeito ao ambien- ocientífi cas ofi ciais, cujas fontes de dados escolhidas devem
te de trabalho profi ssional, seja agora aperfeiçoada pela pre- contemplar a qualidade, a oportunidade, os custos e o ônus para
sença ainda mais intensa da ética em todos os setores da Casa. os cidadãos.
Agradeço, por fi m, a todos os servidores a seriedade e a II - O servidor público não poderá jamais desprezar o ele-
extremada dedicação com que realizam seu trabalho. São vo- mento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somen-
cês que fazem do IBGE uma das instituições mais respeitadas te entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o
do País. inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente
entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no
Introdução art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal. Por se integrar
à condição de servidor do IBGE, o elemento ético da conduta
Na Administração Pública brasileira, a ética tem assumido abrange, além dos primados maiores, a adoção dos melhores
relevante papel. O IBGE, como não poderia deixar de ser, vem princípios, métodos e práticas, de acordo com considerações es-
fomentando e instigando a disseminação daquilo que se enten- tritamente profi ssionais, incluídos os princípios técnicos, científi
de por ética no âmbito administrativo federal. Para tanto, a Pre- cos e a ética profi ssional.
sidência da Casa, entre outras medidas, delegou à Comissão de III - A moralidade da Administração Pública não se limita à
Ética do IBGE a elaboração de dois documentos essenciais: o Có- distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia
digo de Ética Profi ssional do Servidor Público do IBGE, que ora de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a le-
apresentamos nesta singela publicação em papel, e o Regimento galidade e a fi nalidade, na conduta do servidor público, é que
Interno da Comissão de Ética do IBGE (disponível somente em poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. Para me-
formato digital, no seguinte endereço eletrônico: http://w3.pre- lhor exercício de sua função pública no IBGE, o servidor deve
sidencia.ibge.gov.br/etica). ter consciência da relevância das informações estatísticas e ge-
O Código de Ética Profi ssional do Servidor Público do IBGE ocientífi cas, a fi m de atender ao direito à informação pública
visa a estabelecer, fundamentalmente, os princípios de natureza de modo imparcial e com igualdade de acesso. É imprescindível
deontológica, os deveres e as vedações a que estão sujeitos os que o servidor do IBGE zele pela qualidade dos processos de
agentes públicos lotados no Instituto. Documento de impres- produção das informações ofi ciais, adotando critérios de boas
cindível leitura para todos nós, o Código foi construído, natural- práticas tanto nas atividades fi nalísticas quanto nas atividades
mente, a partir do Código de Ética Profi ssional do Servidor Pú- de apoio.
blico Civil do Poder Executivo Federal (Decreto n° 1.171/1994), IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos
agregando a ele, contudo, algumas particularidades do trabalho tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele
realizado no IBGE. próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a morali-
dade administrativa se integre no Direito, como elemento indis-
sociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como
consequência, em fator de legalidade.
1
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante de pública é a grande oportunidade para o crescimento e o en-
a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu pró- grandecimento da Nação. O caráter colaborativo e participativo
prio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, deve estar presente nas atividades estatísticas e cartográfi cas,
o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior privilegiando-se, assim, um contato estreito e harmonioso entre
patrimônio. ambas as atividades – contato essencial para melhorar a quali-
VI - A função pública deve ser tida como exercício profi ssio- dade, comparabilidade e coerência dos dados produzidos. Esse
nal e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor espírito colaborativo e participativo deve estender-se à coorde-
público. Assim, os fatos e atos verifi cados na conduta do dia a nação dos sistemas estatísticos e cartográficos nacionais de res-
dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom ponsabilidade do IBGE. Portanto, compete ao Instituto propor,
conceito na vida funcional. discutir e estabelecer, em conjunto com as demais instituições
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações nacionais, diretrizes, planos e programas para a produção esta-
policiais ou interesse superior do Estado e da Administração Pú- tística e cartográfi ca – processo que deve irradiar-se à esfera
blica, a serem preservados em processo previamente declarado internacional, especialmente na cooperação bilateral e multila-
sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato admi- teral, a fim de melhorar as informações estatísticas e geocientífi-
nistrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejan- cas oficiais em todos os países, por meio da utilização de concei-
do sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, tos, classifi cações e métodos que promovam a coerência e a efi
imputável a quem a negar. Entretanto, os dados individuais de ciência entre os diversos sistemas estatísticos e cartográfi cos.
pessoas físicas ou jurídicas coletados pelo IBGE são estritamente
Seção II
confi denciais e exclusivamente utilizados para fins estatísticos.
Dos principais deveres do servidor público do IBGE
Ademais, leis, regulamentos e medidas que regem a operação
dos sistemas estatístico e cartográfi co no Instituto devem ser de
XIV - São deveres fundamentais do servidor do IBGE:
conhecimento público.
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não ou emprego público de que seja titular;
pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendi-
da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. mento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver si-
Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder tuações procrastinatórias, principalmente diante de fi las ou de
corruptivo do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo
sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais setor em que exerça suas atribuições, com o fi m de evitar dano
a de uma Nação. moral ao usuário;
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedi- c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri-
cados ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante
Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indireta- de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;
mente signifi ca causarlhe dano moral. Da mesma forma, causar d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição
dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, dete- essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade
riorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas a seu cargo;
uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfei-
a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteli- çoando o processo de comunicação e contato com o público;
gência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para cons- f ) ter consciência de que seu trabalho é regido por prin-
truí-los. cípios éticos que se materializam na adequada prestação dos
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de serviços públicos;
solução que compete ao setor em que exerça suas funções, per- g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res-
mitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os
atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconcei-
contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente gra- to ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião,
ve dano moral aos usuários dos serviços públicos. cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens causar-lhes dano moral;
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de
legais de seus superiores, velando atentamente por seu cum-
representar contra qualquer comprometimento indevido da es-
primento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos
trutura em que se funda o Poder Estatal;
erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes,
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de
difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no
contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer
desempenho da função pública. favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de
XII - Toda ausência injustifi cada do servidor de seu local ações imorais, ilegais ouaéticas e denunciá-las;
de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências es-
quase sempre conduz à desordem nas relações humanas. pecífi cas da defesa da vida e da segurança coletiva;
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutu- l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua
ra organizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refl etindo nega-
colabora e de todos pode receber colaboração, pois sua ativida- tivamente em todo o sistema;
2
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e d) usar de artifícios para procrastinar ou difi cultar o exer-
qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as cício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano
providências cabíveis; moral ou material;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu
seguindo os métodos mais adequados à sua organização e dis- alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mis-
tribuição; ter;
o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, capri-
com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo chos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato
a realização do bem comum; com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;
ao exercício da função; g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de tipo de ajuda fi nanceira, gratifi cação, prêmio, comissão, do-
serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas ação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou
funções; qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instru- influenciar outro servidor para o mesmo fim;
ções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva enca-
possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sem- minhar para providências;
pre em boa ordem; i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem atendimento em serviços públicos;
de direito; j) desviar servidor público para atendimento a interesse
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcio- particular;
nais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contraria- l) retirar da Instituição, sem estar legalmente autorizado,
mente aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio
dos jurisdicionados administrativos; público;
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, po- m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbi-
der ou autoridade com fi nalidade estranha ao interesse público, to interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de
mesmo que observando as formalidades legais e não cometen- amigos ou de terceiros;
do qualquer violação expressa à lei; n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habi-
v) apresentar, nas análises estatísticas e geográfi cas, infor- tualmente;
mações que estejam de acordo com as normas científi cas sobre o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente con-
fontes, métodos e procedimentos, bem como comentar as inter- tra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana;
pretações errôneas e o uso indevido de informações estatísticas p) exercer atividade profi ssional aética ou ligar o seu nome
e geocientífi cas; a empreendimentos de cunho duvidoso.
x) zelar pela qualidade dos processos de produção das infor- q) disponibilizar informações de caráter sigiloso e confiden-
mações estatísticas e geocientífi cas ofi ciais, adotando critérios cial sobre pessoas físicas ou jurídicas, bem como antecipar re-
de boas práticas tanto nas atividades fi nalísticas quanto nas ati- sultados de pesquisas à sua divulgação oficial, exceto quando
vidades de apoio; autorizado.
z) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe
sobre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu in- Capítulo II
tegral cumprimento. A conduta ética do servidor do IBGE deve Da Comissão de Ética do IBGE
respeitar a legislação e as normatizações do Ministério do Plane-
jamento, Orçamento e Gestão, assim como as normas internas XVI – A Comissão de Ética do IBGE está encarregada de
desta Fundação, expressas em suas Resoluções, Ordens de Ser- orientar e aconselhar sobre a ética profi ssional dos servidores
viço, Portarias, Normas de Serviço e Memorandos. da Casa, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio pú-
blico, competindo-lhe conhecer concretamente de imputação
Seção III ou de procedimento susceptível de censura.
Das vedações ao servidor público do IBGE XVII - À Comissão de Ética do IBGE incumbe fornecer, quan-
do necessário e a quem de direito, os registros sobre a conduta
XV - É vedado ao servidor público do IBGE: ética dos servidores da Casa, para o efeito de instruir e funda-
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, mentar promoções e para todos os demais procedimentos pró-
posição e influências, para obter qualquer favorecimento, para prios da carreira de servidor público no âmbito do IBGE.
si ou para outrem; XVIII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servi- Ética do IBGE é a de censura e sua fundamentação constará do
dores ou de cidadãos que deles dependam; respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, coniven- ciência do faltoso.
te com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de
Ética de sua profissão;
3
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
XIX - Para fins de apuração do comprometimento ético, en- Parágrafo único.A representação de que trata o inciso XII
tende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autori-
contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza dade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se
permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retri- ao representando ampla defesa.
buição fi nanceira, desde que ligado direta ou indiretamente a
qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias, as funda- Capítulo II
ções públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e Das Proibições
as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde
prevaleça o interesse do Estado. Art. 117.Ao servidor é proibido:(Vide Medida Provisória nº
2.225-45, de 4.9.2001)
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia
autorização do chefe imediato;
LEI 8.112/90 (ART.116, INCISOS I A V, ALÍNEAS A E C,
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
VI A XII E PARÁGRAFO ÚNICO; 117, INCISOS I A VI E IX
A XVIII; 118 A 126; 127, INCISOS I, II E III, A 132, INCI- qualquer documento ou objeto da repartição;
SOS I A VII, E IX A XIII; 136 A 142, INCISOS I, PRIMEIRA III - recusar fé a documentos públicos;
PARTE, A III, E §§ 1º A 4º) IV - opor resistência injustificada ao andamento de docu-
mento e processo ou execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no re-
cinto da repartição;
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis responsabilidade ou de seu subordinado;
da União, das autarquias e das fundações públicas federais. IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou-
PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº 8.112, DE 11 DE DE- trem, em detrimento da dignidade da função pública;
ZEMBRO DE 1990, DETERMINADA PELO ART.13 DA LEI Nº 9.527,
X - participar de gerência ou administração de sociedade
DE 10 DE DEZEMBRO DE 1997.
privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio,
exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;(Re-
Título IV
dação dada pela Lei nº 11.784, de 2008
Do Regime Disciplinar
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a re-
Capítulo I partições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previ-
Dos Deveres denciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de
cônjuge ou companheiro;
Art. 116.São deveres do servidor: XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
II - ser leal às instituições a que servir; XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado es-
III - observar as normas legais e regulamentares; trangeiro;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifes- XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
tamente ilegais; XV - proceder de forma desidiosa;
[...] XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
a) ao público em geral, prestando as informações requeri- serviços ou atividades particulares;
das, ressalvadas as protegidas por sigilo; XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao car-
[...] go que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompa-
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do tíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando hou- trabalho;
ver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra
autoridade competente para apuração;(Redação dada pela Lei Capítulo III
nº 12.527, de 2011) Da Acumulação
VII - zelar pela economia do material e a conservação do
patrimônio público; Art. 118.Ressalvados os casos previstos na Constituição, é
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
IX - manter conduta compatível com a moralidade adminis- § 1oA proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
trativa;
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públi-
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
cas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Fede-
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
ral, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
§ 2oA acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicio-
poder.
nada à comprovação da compatibilidade de horários.
4
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 3oConsidera-se acumulação proibida a percepção de ven- Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado
cimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autorida-
inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas re- de superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta,
munerações forem acumuláveis na atividade.(Incluído pela Lei a outra autoridade competente para apuração de informação
nº 9.527, de 10.12.97) concernente à prática de crimes ou improbidade de que tenha
Art. 119.O servidor não poderá exercer mais de um cargo conhecimento, ainda que em decorrência do exercício de car-
em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. go, emprego ou função pública.(Incluído pela Lei nº 12.527, de
9o, nem ser remunerado pela participação em órgão de delibe- 2011)
ração coletiva.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 127.São penalidades disciplinares:
Parágrafo único.O disposto neste artigo não se aplica à re- I - advertência;
muneração devida pela participação em conselhos de adminis- II - suspensão;
tração e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia III - demissão;
mista, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer em- IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
presas ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, V - destituição de cargo em comissão;
detenha participação no capital social, observado o que, a res- VI - destituição de função comissionada.
peito, dispuser legislação específica. (Redação dada pela Medi- Art. 128.Na aplicação das penalidades serão consideradas a
da Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
Art. 120.O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acu- provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes
ou atenuantes e os antecedentes funcionais.
mular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em
Parágrafo único.O ato de imposição da penalidade mencio-
cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os
nará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibili-
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dade de horário e local com o exercício de um deles, declarada
Art. 129.A advertência será aplicada por escrito, nos casos
pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, re-
gulamentação ou norma interna, que não justifique imposição
Capítulo IV de penalidade mais grave.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de
Das Responsabilidades 10.12.97)
Art. 130.A suspensão será aplicada em caso de reincidên-
Art. 121.O servidor responde civil, penal e administrativa- cia das faltas punidas com advertência e de violação das demais
mente pelo exercício irregular de suas atribuições. proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de
Art. 122.A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário § 1oSerá punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o
ou a terceiros. servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido
§ 1oA indenização de prejuízo dolosamente causado ao erá- a inspeção médica determinada pela autoridade competente,
rio somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a deter-
de outros bens que assegurem a execução do débito pela via minação.
judicial. § 2oQuando houver conveniência para o serviço, a penali-
§ 2oTratando-se de dano causado a terceiros, responderá o dade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. 50% (cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remunera-
§ 3oA obrigação de reparar o dano estende-se aos sucesso- ção, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.
res e contra eles será executada, até o limite do valor da herança Art. 131.As penalidades de advertência e de suspensão
recebida. terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5
Art. 123.A responsabilidade penal abrange os crimes e con- (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor
travenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
Art. 124.A responsabilidade civil-administrativa resulta de Parágrafo único.O cancelamento da penalidade não surtirá
ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo efeitos retroativos.
Art. 132.A demissão será aplicada nos seguintes casos:
ou função.
I - crime contra a administração pública;
Art. 125.As sanções civis, penais e administrativas poderão
II - abandono de cargo;
cumular-se, sendo independentes entre si.
III - inassiduidade habitual;
Art. 126.A responsabilidade administrativa do servidor será
IV - improbidade administrativa;
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repar-
do fato ou sua autoria. tição;
VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, sal-
vo em legítima defesa própria ou de outrem;
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
cargo;
5
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com de-
nacional; missão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e desti-
XI - corrupção; tuição de cargo em comissão;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções pú- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
blicas; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. § 1oO prazo de prescrição começa a correr da data em que
Art. 136.A demissão ou a destituição de cargo em comissão, o fato se tornou conhecido.
nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indis- § 2oOs prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-
ponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo -se às infrações disciplinares capituladas também como crime.
da ação penal cabível. § 3oA abertura de sindicância ou a instauração de processo
Art. 137.A demissão ou a destituição de cargo em comissão, disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida
por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex- por autoridade competente.
-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo § 4oInterrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
prazo de 5 (cinco) anos. correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
Parágrafo único.Não poderá retornar ao serviço público
federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em EXERCÍCIOS
comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
Art. 138.Configura abandono de cargo a ausência intencio- 01. Com relação aos deveres do servidor, conforme esta-
belece a lei do regime jurídico dos servidores públicos federais,
nal do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
está INCORRETO afirmar que é dever do servidor:
Art. 139.Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao
A. Observar as normas legais e regulamentares.
serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpolada-
B. Definir seu horário de entrada e saída do serviço.
mente, durante o período de doze meses.
C. Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo.
Art. 140.Na apuração de abandono de cargo ou inassidui- D. Guardar sigilo sobre assunto da repartição.
dade habitual, também será adotado o procedimento sumário a E. Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de po-
que se refere o art. 133, observando-se especialmente que:(Re- der.
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - a indicação da materialidade dar-se-á:(Incluído pela Lei 02.O Regime Jurídico, dispõe sobre os deveres e proibições
nº 9.527, de 10.12.97) inerentes ao servidor. Desta forma, considera-se DEVER do ser-
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa vidor:
do período de ausência intencional do servidor ao serviço supe- A. Opor resistência injustificada ao andamento de docu-
rior a trinta dias;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) mento e processo ou execução de serviço.
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos B. Promover manifestação de apreço ou desapreço no re-
dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual cinto da repartição.
ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante o perío- C. Utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
do de doze meses;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) serviços ou atividades particulares.
II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará re- D. Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de po-
latório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do der e manter conduta compatível com a moralidade adminis-
servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará trativa.
o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono E. Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço supe- que ocupa.
rior a trinta dias e remeterá o processo à autoridade instaura-
dora para julgamento.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 03. Segundo o art. 121 da Lei 8.112/90, “O servidor respon-
Art. 141.As penalidades disciplinares serão aplicadas: de civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Ca- suas atribuições”.
sas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procura- Segundo as responsabilidades imputadas ao servidor, mar-
dor-Geral da República, quando se tratar de demissão e cassa- que a alternativa correta:
A. Tratando-se de dano causado a terceiros, o servidor res-
ção de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado
ponderá perante ao terceiro e a Administração
ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
B. O servidor somente responde civil, penal e administrati-
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imedia-
vamente pelo exercício irregular de suas atribuições se cometer
tamente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quan-
atos em benefício próprio
do se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias; C. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior
dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de ad- ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra au-
vertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias; toridade competente para apuração de informação concernente
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento,
se tratar de destituição de cargo em comissão. ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou
Art. 142.A ação disciplinar prescreverá: função pública
6
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
7
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
———————————————————————— ————————————————————————
8
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Administração é, segundo o Dicionário Houaiss, “ato, processo ou efeito de administrar”. E este verbo etmologicamente vem do
latim “administrare”, significando “ajudar em alguma coisa, servir alguém, ocupar-se de, dirigir, governar, regrar, executar, adminis-
trar”. Na mesma linha, “a palavra administração deriva da expressão latina “administratio” e significa a ação de governar, de dirigir,
de supervisionar, de gerir os negócios próprios ou de terceiros” (CASSIANO, BARRETTI, 1980, p.18).
O Professor Natanael C. Pereira descreve as habilidades do administrador em seu trabalho no Instituto Federal de São Paulo
(2014)1:
Segundo Katz, existem três tipos de habilidades que o administrador deve possuir para trabalhar com sucesso: habilidade técnica,
habilidade humana e habilidade conceitual. Habilidade é o processo de visualizar, compreender e estruturar as partes e o todo dos
assuntos administrativos das empresas, consolidando resultados otimizados pela atuação de todos os recursos disponíveis. A seguir é
apresentado a definição das três habilidades e na Fig. 3 é apresentado os níveis organizacionais e a três habilidades do administrador
segundo Katz.
– habilidade técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos necessários para realização de
tarefas específicas por meio da experiência profissional;
– habilidade humana: consiste na capacitação e discernimento para trabalhar com pessoas, comunicar, compreender suas
atitudes e motivações e desenvolver uma liderança eficaz;
– habilidade conceitual: consiste na capacidade para lidar com ideias e conceitos abstratos. Essa habilidade permite que a
pessoa faça abstrações e desenvolva filosofias e princípios gerais de ação.
A adequada combinação dessas habilidades varia à medida que um indivíduo sobe na escala hierárquica, de posições de super-
visão a posição de alta direção.
A TGA (Teoria Geral da Administração) se propõe a desenvolver a habilidade conceitual, ou seja, a desenvolver a capacidade de
pensar, de definir situações organizacionais complexas, de diagnosticar e de propor soluções.
Contudo essas três habilidades – técnicas, humanas e conceituais – requerem certas competências pessoais para serem colo-
cadas em ação com êxito. As competências – qualidades de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver
assuntos ou problemas. O administrador para ser bem sucedido profissionalmente precisa desenvolver três competências duráveis:
o conhecimento, a perspectiva e a atitude.
• Conhecimento significa todo o acervo de informações, conceitos, ideias, experiências, aprendizagens que o administrador
possui a respeito de sua especialidade. Como o conhecimento muda a cada instante em função da mudança e da inovação que
ocorrem com intensidade cada vez maior, o administrador precisa atualizar-se constantemente e renova-lo continuamente.
1. Introdução à Administração – Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Instituto Federal de
São Paulo – Campus São Carlos. Obtido em http://www.cefetsp.br/edu/natanael/Apostila_ADM_parte1.pdf
1
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
• Isso significa aprender a aprender, a ler, a ter contato com outras pessoas e profissionais e, sobretudo reciclar-se continua-
mente para não tornar-se obsoleto e ultrapassado;
• Perspectiva significa a capacidade de colocar o conhecimento em ação. Em saber transformar a teoria em prática. Em aplicar
o conhecimento na análise das situações e na solução dos problemas e na condução do negócio. É a perspectiva que dá autonomia e
independência ao administrador, que não precisa perguntar ao chefe o que deve fazer e como fazer nas suas atividades;
• Atitude representa o estilo pessoal de fazer as coisas acontecerem, a maneira de liderar, de motivar, de comunicar e de
levar as coisas para frente. Envolve o impulso e a determinação de inovar e a convicção de melhorar continuamente, o espírito
empreendedor, o inconformismo com os problemas atuais e, sobretudo, a facilidade de trabalhar com outras pessoas.
Conforme o Art. 2º da Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965, que regulamentou a profissão de administrador, sua atividade
profissional será exercida, como profissão liberal ou não, mediante:
a) pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens, laudos, assessoria em geral, chefia intermediária, direção superior;
b) pesquisas, estudos, análise, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos da
Administração, como administração e seleção de pessoal, organização e métodos, orçamentos, administração de material, adminis-
tração financeira, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros campos em que
esses se desdobrem ou aos quais sejam conexos.
Assim, o administrador deve ocupar diversas posições estratégicas nas organizações e desenvolver papéis essenciais à susten-
tabilidade e crescimento dos negócios.
De acordo com o Professor Natanael C. Pereira, citando Mintzberg, é possível identificar dez papéis específicos do administrador
divididos em três categorias: interpessoal, informacional e decisorial. “Papel significa um conjunto de expectativas da organização a
respeito do comportamento de uma pessoa. Cada papel representa atividades que o administrador conduz para cumprir as funções
de planejar, organizar, dirigir e controlar.” (PEREIRA, 2014).
2
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
O papel do gerente
De acordo com Ronaldo Guedes (2006)2, o administrador deve desenvolver várias habilidades e algumas características são
apontadas como fundamentais ao bom desempenho para desempenhar suas funções e sustentar sua posição:
Classificação de Administradores
Stoner (1999) classifica o Administrador pelo nível que ocupa na organização (de primeira linha, intermediários e altos admi-
nistradores) e pelo âmbito das atividades organizacionais pelas quais são responsáveis (os chamados administradores funcionais e
gerais).
Papéis Interpessoais
São os papéis que os Administradores executam relativos ao relacionamento com as pessoas e construção conjunto dos resulta-
dos. São divididos em três papéis: Símbolo, Líder e Ligação.
Símbolo representa a função de estar presente em locais e momentos importantes, basicamente tarefas cerimoniais, compare-
cer a casamentos, e outros eventos. O Administrador representa a organização, portanto ele é um símbolo desta organização, e ela
será conceituada à partir do Administrador.
2. Obtido em http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/administrador-habilidades-e-caracteristicas/13089/
3
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
4
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
São características desafiadoras, não é fácil desenvolvê-las, trouxe o crescimento acelerado e desorganizado das empresas
sustentá-las é ainda mais complicado. Essa é exatamente a mis- e a necessidade de aumentar a produção de bens, reduzindo a
são do Administrador, vencer todos seus desafios e mostrar sua imprevisão, melhorando a eficiência e aumentando a competi-
capacidade de se manter e crescer nos mais diferentes cenários. tividade.
Somente assim o Administrador será considerado capaz de Inicia-se, nesse período, a produção em massa, com o
Administrar (GUEDES, 2006). domínio dos monopólios, principalmente nos Estados Unidos, e,
com uma cadeia de sucessivos acontecimentos, aumentou-se o
número de assalariados nas indústrias. Tornou-se urgente evitar
o desperdício de materiais (insumos) e programar a economia
de mão-de-obra (CARVALHO, 2008).
Neste contexto surge a divisão do trabalho, são fixados
os padrões de produção, descritos os cargos, determinadas as
funções, estudados os métodos e normas de trabalho, criando
assim, condições econômicas e técnicas para o surgimento do
taylorismo e fordismo nos Estados Unidos e do fayolismo na
Europa (CHIAVENATO, 2003). A abordagem da escola da Admi-
nistração Científica tem sua ênfase, de acordo com Lacombe
(2003, p. 37), “na divisão do trabalho em tarefas elementares
e praticamente indivisíveis e na especialização das pessoas na
execução dessas tarefas, visando a obter ganhos de produtivi-
dade”.
A Escola da Teoria Clássica enfatiza a estrutura organiza-
Figura – As habilidades administrativas, segundo Chiave- cional. De acordo com Chiavenato (2003), recebeu esse nome
nato devido ao período anterior à mesma ter sido bastante empírico
e, à tentativa de aplicação de métodos da ciência aos proble-
Segundo Patrick J. Montana e Bruce H. Charnov (2010, mas administrativos com a finalidade de aumentar a eficiência
pp.9-10), “competência administrativa é a habilidade que industrial.
contribui para um alto desempenho no cargo gerencial”. Estes Conforme Carvalho (2008),
autores destacam as recomendações da American Assembly of Essas duas Escolas são correntes clássicas do pensamento
Collegiate Schools of Business (AACSB) para o desenvolvimento administrativo, que apesar de terem ênfases diferentes, comple-
de habilidades pessoais que levem ao sucesso gerencial: tam-se com propriedade, pois enquanto a Teoria Clássica criou
• Liderança – habilidade para influenciar outros na princípios para o comando e a alta direção, a Administração
execução de tarefas; Científica tem seus princípios voltados para o chão da fábrica.
• Auto-objetividade – habilidade da pessoa de se avaliar São, portanto, princípios de uma mesma teoria, com postulados
de modo realista; organizacionais que diferem entre si, mas possuem a coerência
• Pensamento analítico – habilidade para interpretar e típica para compor uma única teoria, que se tornou a base da
explicar padrões nas informações; Administração Contemporânea.
• Comportamento flexível – habilidade para modificar o A abordagem das organizações nesta teoria é prescritiva
comportamento pessoal para atingir um objetivo; e normativa, portanto formal, com o que se tem a fazer por
• Comunicação oral – habilidade para se expressar clara- parte do empregado, determinado pela gerência ou supervisão,
mente em apresentações orais; porque a maior preocupação de seus idealizadores eram com
• Comunicação escrita – habilidade para expressar com as técnicas, métodos e rotinas para execução de tarefas, para a
clareza as próprias ideias ao escrever; racionalização do trabalho do operário, por meio do Estudo de
• Impacto pessoal – habilidade para passar uma boa Tempos e Movimentos (originou-se da busca para definir o valor
impressão e infundir confiança;
dos salários).
• Resistência ao estresse – habilidade para desempe-
Segundo Chiavenato, (2003 p.622) o conceito de organiza-
nhar sob condições estressantes; e
ção na Teoria Clássica é de “estrutura formal, como conjunto de
• Tolerância à incerteza – habilidade para desempenhar
órgãos, cargos e tarefas”, com o estabelecimento de padrões de
em situações ambíguas.
execução e treinamento de operários. Entre os mais destacados
Teorias e escolas da Administração representantes encontra-se Frederick Winslow Taylor, funda-
dor da Administração Científica. Nascido na Filadélfia – EUA,
Teoria Clássica em 1895 Taylor apresentou um trabalho que seria a base da
Administração Científica, denominado A Pierce-rate sistem, um
A Teoria Clássica, segundo Chiavenato (2003) está fun- sistema de pagamento por peça, em que propunha um estudo
damentada na escola que foi denominada de Administração de quanto tempo levaria para um homem fazer o seu melhor
Científica, surgida no início do século XX e influenciada pelas trabalho, completando sua tarefa, e trabalhando o suficiente,
consequências da Revolução Industrial do século anterior, que assegurando uma remuneração razoável.
5
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
De acordo com Maximiano (2007), Taylor chamou poste- • Técnicas – produção de bens ou serviços da empresa;
riormente esse trabalho de estudo sistemático e científico do • Comerciais – compra, venda e troca de bens;
tempo – dividir cada tarefa nos seus elementos básicos, com • Financeiras – procura e gerenciamento de capitais;
a colaboração dos trabalhadores, cronometrá-las e registrá-las. • Segurança – proteção e preservação de bens;
O processo compreendia ainda a seleção de trabalhadores e o • Contábeis – inventários, registros, balanços, custos e
pagamento de incentivos, permitindo o controle de todos os estatísticas;
aspectos da produção e a sua padronização. Em 1903, publicou • Administrativas – coordenam e comandam as outras
“Shop Management” – Administração de operações fabris, na cinco, constituindo-se na mais importante.
qual a padronização das ferramentas e equipamentos, sequen- A Administração como as demais ciências, deve se basear
ciamento e programação de operações e Estudo dos Movimen- em leis ou princípios. Fayol (1975) apud Ferreira et al (2002),
tos, eram a temática central. definiu os “Princípios Gerais da administração” em:
Dentre os princípios que Taylor defendeu e destacou, 1. Divisão do trabalho – especialização das tarefas e das
encontram-se: pessoas para aumento da eficiência.
• Seleção científica do trabalhador – tarefas mais com- 2. Autoridade e Responsabilidade – autoridade é direito de
paráveis com sua aptidão e após muito treino. dar ordens e o poder de esperar obediência e responsabilidade
• Tempo-padrão – trabalhador deve atingir, no mínimo, é a contrapartida, devendo haver equilíbrio.
a produção padrão exigida pela empresa. 3. Disciplina – estabelecimento das normas de conduta e de
• Plano de incentivo salarial – remuneração proporcio-
trabalho (obediência, comportamento e respeito).
nal ao número de peças produzidas.
4. Unidade de comando – cada funcionário recebendo
• Trabalho em conjunto – interesses dos funcionários
ordens de um superior apenas. Princípio de autoridade única.
(altos salários) e da administração da fábrica (baixo custo de
5. Unidade de direção – controle único com objetivo de
produção) podem ser conciliados.
• Gerentes planejam, operários executam – planeja- aplicação de um mesmo plano para um grupo de atividades de
mento de responsabilidade da gerência. mesmo objetivo.
• Divisão do trabalho – tarefas divididas no maior núme- 6. Prevalência de interesses gerais – os interesses gerais
ro possível de subtarefas. devem prevalecer aos interesses individuais.
• Supervisão – deve ser funcional, especializada por 7. Remuneração – deve ser eficiente para garantir a sa-
áreas. tisfação dos funcionários e para a organização em termos de
• Ênfase na eficiência – uma única maneira certa de retribuição.
executar uma tarefa (tempos e movimentos), (FERREIRA et al, 8. Centralização – as atividades cruciais da organização e a
2002, p.16). autoridade para a sua adoção devem ser centralizadas.
Segundo Maximiano (2007), os estudos de Taylor influen- 9. Hierarquia (cadeia escolar) – prioridade para a estrutura
ciaram outros autores e pesquisadores, defensores e seguidores hierárquica (escalão mais alto ao mais baixo).
de suas ideias, dentre eles destacam-se: 10. Ordem – mantida a organização, preservar cada pessoa
a) Henry Ford – foi um dos responsáveis pelo avanço empre- e objeto em seu lugar.
sarial das organizações, lançou alguns princípios que agilizaram a 11. Equidade – tratamento das pessoas com benevolência
produção, diminuindo custos e tempo de fabricação, que foram: e justiça, não excluindo o rigor, justificando a lealdade e a devo-
Integração vertical e horizontal (integração da matéria-prima ao ção dos funcionários à empresa.
produto final e rede de distribuição); padronização da linha de 12. Estabilidade dos funcionários – a rotatividade excessiva
montagem e do equipamento utilizado; economicidade-redu- é prejudicial para a eficiência da organização e tem consequên-
ção dos estoques e agilização da produção. cias negativas sobre o desempenho dos trabalhadores.
b) Frank e Lílian Gilbreth – autores do estudo dos movimen- 13. Iniciativa – capacidade de estabelecer um plano e asse-
tos e da fadiga; uso da psicologia aplicada à administração. gurar seu cumprimento e seu sucesso.
c) Henry Gantt – autor do gráfico Gantt, no qual descreveu 14. Espírito de equipe – trabalho conjunto facilitado pela
um método gráfico de acompanhamento de produção. união entre equipes, gerando consciência de classes e defesa de
d) Henri Fayol – foi outro grande pensador e autor, e um dos seus propósitos.
fundadores da Teoria Clássica, de (1841-1925), engenheiro fran-
cês, nascido em Constantinopla, e radicado em Paris – França,
Negativamente, a Teoria Clássica considerava a empresa
formado em engenharia de minas, foi contratado para trabalhar
como um sistema fechado, que não mantinha relações com o
na empresa mineradora e metalúrgica francesa Comambault.
meio em que se encontrava. Desenvolveu princípios que busca-
Passou toda a sua vida nesta corporação, aposentando-se como
Diretor Geral, aos 77 anos. vam explorar os trabalhadores e criavam chefias com obsessão
Em 1916, Fayol publicou o livro “Administração Geral e pelo comando. Ao mesmo tempo, a Administração Científica
industrial” (Administration Industrialle et Générale) divulgando foi acusada de massificar e tornar mecanicista o trabalho do
suas ideias, que estavam voltadas, ao contrário de Taylor (chão homem nas empresas.
da fábrica), para a alta administração da empresa exigindo de Positivamente, a Teoria Clássica, a partir de seus principais
quem a comandasse conhecimentos gerenciais. Segundo Chia- expoentes, Taylor e Fayol, trouxe conhecimentos para as teorias
venato (2003), Fayol apresenta neste livro seis funções básicas que foram posteriormente desenvolvidas, principalmente em
que considera essenciais à toda empresa: seus aspectos mais estruturais. O taylorismo e o fayolismo avan-
6
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
7
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Teoria Neoclássica da Administração 4. Ênfase nos objetivos e nos resultados: é em função dos
objetivos e resultados que a organização deve ser dimensionada,
A década de 1950 e o período pós Segunda Guerra Mundial estruturada e orientada, como meio de avaliar seu desempenho.
trouxeram modificações econômicas e sociais que geraram gran- A Administração por objetivos é produto da Teoria Neoclássica.
de desenvolvimento industrial. Nessa época, as organizações 5. Ecletismo da Teoria Neoclássica: os autores neoclássicos
passaram por transformações significativas, com o surgimento absorveram o conteúdo de outras teorias administrativas e
da televisão, do motor a jato e o avanço das telecomunicações, assim misturaram várias doutrinas administrativas, fundindo a
que tiveram influência sobre o mundo organizacional. Essas teoria com o perfil e formação do administrador contemporâ-
modificações ocorridas fizeram com que a ciência administra- neo do século passado.
tiva, em geral, sentisse a repercussão do que estava ocorrendo,
e após receber as inovações propostas das ciências sociais, Um dos principais expoentes da Teoria Neoclássica foi Peter
passou-se a verificar que mudanças haviam acontecido e que Ferdinand Drucker, idealizador da Administração por Objetivos
os postulados clássicos, mesmo servindo de parâmetro, já não (APO – 1954), publicou vários livros e é mundialmente conhe-
eram suficientes. Era necessário rever as teorias administrativas cido e respeitado pelo conjunto de sua obra. Outros autores
existentes e fazer adequações que se pudessem adaptar aos importantes e com várias publicações são: Harold Koontz, Cris
novos tempos, costumes e necessidades (CHIAVENATO, 2003). O’Donnell, William H. Newman, Ernest Dale, John W. Humble,
Surgiu a abordagem neoclássica, baseada nos fundamentos George Odiorne, Ralph Davis e Alfred Sloan.
de que a Administração é um processo operacional composto Segundo Chiavenato (2003), o auge da Teoria Neoclássica
por funções de planejamento, organização, direção e controle ocorreu entre as décadas de 1960 e 1970, porque o mundo
e, porque envolve uma série de situações organizacionais, ne- dos negócios não era mais tão estável como no início de século
cessita estar baseada em princípios em que se possam prever XX. As soluções apresentadas por essa Teoria se adequaram
enquanto as empresas eram mais formais.
soluções administrativas. Esses princípios básicos da Adminis-
Conceitos como a organização linha-staff e a criação de
tração devem ter a característica da universalidade e, a exemplo
comissões, são atualmente bastante utilizadas ainda, contudo
de outras ciências, serem logicamente verdadeiros, porque irão,
com algumas inovações (comissões = equipes multifuncionais).
com o decorrer do tempo, sofrer alterações do meio ambiente
no quais se colocaram à prova (CHIAVENATO, 2003). Consiste Teoria da Burocracia
primeiramente em identificar as funções do administrador, e
na sequência, extrair dela os princípios fundamentais da prática Surgiu a partir da descoberta dos estudos de Max Weber,
administrativa, tendo, portanto, uma abordagem prescritiva e sociólogo e economista alemão, autor da obra Sociologia da
normativa e de caráter misto, com aspectos formais e informais. Burocracia. Com a tradução inglesa e a divulgação nos EUA des-
Segundo Pereira (2004), os aspectos formais da organização ses estudos, os conceitos da teoria weberiana foram adaptados
são configurados por cargos, funções e relações hierárquicas, aos pressupostos organizacionais administrativos da época,
determinados pela própria organização, enquanto que os aspec- como alternativa às limitações das teorias existentes e em face
tos informais são caracterizados pela inter-relação estabelecida da necessidade de um modelo organizacional mais racional,
pelas pessoas e não pelas organizações, constituindo-se em adequado ao crescimento desordenado e à complexidade das
relações espontâneas e naturais que surgem a partir da forma- empresas.
ção de grupos e podem beneficiar as organizações, através da A etimologia da palavra burocracia tem origem nos compo-
comunicação mais rápida . nentes linguísticos francês, bureau – escritório – e grego, krátos
– poder. Portanto, a palavra burocracia dá a ideia do exercício
Segundo Chiavenato (2003) a Teoria Neoclássica apresenta do poder por meio dos escritórios e das repartições públicas.
as seguintes características: Assim, burocracia remete às organizações que se baseiam em
1. Ênfase na prática da Administração: o foco nos aspectos regulamentos, que criam direitos e obrigações. A atual socie-
práticos administrativos e suas considerações, e procura de re- dade organizacional é uma sociedade burocratizada, regida por
sultados concretos e mais palpáveis, visa ações administrativas regulamentos ou leis, que criam direitos e obrigações, sendo
e seus aspectos instrumentais. a burocracia um estágio na evolução das organizações. Nessa
2. Reafirmação relativa dos aspectos clássicos: foi uma Teoria, as organizações são formais ou burocráticas e apresenta
reação à influência enorme e crescente das ciências social-com- um sistema social como conjunto de funções oficializadas.
portamentais no campo da Administração, e em contraposição Possuem ainda três características que as distinguem de grupos
aos aspectos administrativos e econômicos que são estruturais informais ou primários: formalidade – sistema de normas com
autoridade definida pela lei; impessoalidade – nenhuma pessoa
e que envolvem as organizações. Um retorno às origens estrutu-
é subserviente à outra e a obediência é devida aos cargos;
rando a Teoria Clássica, modernizando-a, dando-lhe amplitude
profissionalismo – significa que a burocracia é formada por fun-
e flexibilidade.
cionários com uma carreira profissional e meios de subsistência
3. Ênfase nos princípios gerais de administração: os neoclás-
para os mesmos (MAXIMIANO, 2007).
sicos estabeleceram normas do comportamento administrativo, Segundo Chiavenato (2003), dentre os principais represen-
e os princípios que os clássicos usavam como leis científicas são tantes da Teoria da Burocracia, encontra-se Max Weber (1864-
retomados como critérios maleáveis para busca de soluções 1920), principal mentor. Os estudiosos que colaboraram para
administrativas. explicitar a Teoria da Burocracia foram: Robert K. Merton; Philip
8
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Selznich, Alvin Goudner, Peter M. Blau; Richard Scott; Reinhard • Superconformidade às rotinas e aos procedimentos.
Bendix; Robert Michels; Terence Hopkins; Daniel Katz e Robert • Exibição de sinais de autoridade.
L. Kahn, entre outros. • Dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com
A burocracia, segundo Weber (1947) apud Chiavenato o público.
(2003), tem as seguintes características:
1. Caráter legal das normas e regulamentos – é baseada em Teoria Estruturalista
legislação própria e previamente estabelecida e possui caráter
legal porque confere às pessoas nomeadas em cargos, poder de Criada a partir de um desdobramento da Teoria da Burocra-
coação sobre os subordinados. cia e como contrapartida da reviravolta na Administração, cau-
2. Caráter formal das comunicações – na burocracia, as sada pelos princípios sociais e filósofos da Teoria das Relações
comunicações regras e decisões, são escritas, criando a for- Humanas. Ao final da década de 1950, as Teorias Clássica e das
malidade com o preenchimento de formulários e a rotina que Relações Humanas criaram situações sem saída que a Teoria da
advém desse procedimento. Burocracia não deu conta de resolver, e a Teoria Estruturalista
3. Caráter racional e divisão do trabalho – a divisão do foi criada na tentativa de suprir essa carência de soluções na
trabalho é sistemática e adequada aos objetivos pretendidos Administração (CHIAVENATO, 2003).
de máxima eficiência com cada funcionário e sua respectiva A Teoria Estruturalista tem como objetivo principal o estudo
função, com suas atribuições e responsabilidades. das organizações, fundamentalmente na estrutura interna e na
4. Impessoalidade nas relações profissionais – a distribuição interação com outras organizações, que são as unidades sociais
das atividades é feita em termos de cargos e funções, e não e são concebidas para cumprir e atingir objetivos específicos,
pessoas envolvidas. mantendo relações estáveis a fim de viabilizar o conjunto de
5. Hierarquia da autoridade – segundo o princípio da hierar- metas propostas.[...] A análise é feita dentro de uma aborda-
quia, cada cargo inferior deve estar sob o controle e supervisão gem global e com a dualidade que sua origem compreende; a
de um posto superior. organização que pode ser formal e informal e abrange os mais
6. Rotinas e procedimentos padronizados – as regras e diversos tipos de organizações, com o sistema de recompensa
normas técnicas regulam a conduta do ocupante de cada cargo e sanções, materiais e sociais, centradas no comportamento
e suas atividades são executadas de acordo com as rotinas e organizacional [...] O sistema social é intencionalmente cons-
procedimentos. truído e reconstruído porque as organizações são sistemas em
7. Competência técnica e por mérito – a escolha do profis- constante mutação e a concepção é de homem organizacional
sional é feita por meio de méritos adquiridos e na competência que vive dentro das organizações, onde os conflitos são inevitá-
técnica. São usados critérios de avaliação e classificação para veis. O estruturalismo ampliou o estudo das interações entre os
toda a organização. grupos sociais para as interações entre as organizações sociais,
8. Especialização da Administração – os administradores que passaram a interagir entre si mesmas (CARVALHO, 2008).
da burocracia não são seus donos ou acionistas, assim surgiu a Segundo Chiavenato (2003), o foco é o homem organizacio-
especialidade de gerir o negócio. nal, que desempenha diferentes papéis em várias organizações
9. Profissionalização dos participantes – cada funcionário e que, para ser bem sucedido, necessita possuir as seguintes
da burocracia é um profissional especializado nas atividades do características:
cargo que ocupa. • Flexibilidade – para enfrentar as mudanças bruscas e a
10. Completa previsibilidade do comportamento funcio- diversidade de papéis/funções bem como novos relacionamen-
nal – os funcionários deverão comportar-se de acordo com as tos.
normas e regulamentos da organização e conforme o previsto. • Tolerância emocional – por causa do desgaste do en-
Os aspectos positivos da burocracia, segundo Weber (1947) frentamento dos conflitos gerados por necessidades individuais
apud Chiavenato (2003, p.266): e organizacionais.
As vantagens da burocracia são: racionalidade dos obje- • Capacidade de adiar as recompensas – compensar o
tivos, precisão na definição do cargo e na operação, rapidez
trabalho rotineiro em detrimento de preferências e vocações
nas decisões, única interpretação de informações recebidas,
pessoais.
uniformidade de rotina e procedimentos, continuidade da orga-
• Permanente desejo de realização – garantir a confor-
nização, redução dos conflitos interpessoais, decisões tomadas
midade das normas que controlam e asseguram o acesso às
nas mesmas circunstâncias, confiabilidade e benefícios para as
posições de carreira dentro da organização.
pessoas da organização.
Negativamente, a Teoria da Burocracia não considera as
A análise das organizações do ponto de vista estruturalista
disfunções, que são anomalias de funcionamento. Robert K.
é feita a partir de uma abordagem múltipla e envolve:
Merton apud Chiavenato (2003), destaca:
• Organização formal e informal – como ponto de
• Internalização das regras e apego aos regulamentos
(passam de meios a principais objetivos). equilíbrio entre os clássicos mecanicistas (formais) e sócio-hu-
• Excesso de formalismo e de papelada. manistas (informais).
• Resistência às mudanças. • Recompensas materiais e sociais – significa o uso de
• Despersonalização do relacionamento. recompensas salariais e sociais e tudo que possa ser incluído nos
• Categorização como base do processo decisório. símbolos de posição/status.
9
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
10
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
11
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A Teoria dos Sistemas trouxe para a ciência administrativa, • Joan Woodward, socióloga industrial pesquisou a
uma ampliação na visão dos problemas organizacionais se avaliação da prática dos princípios administrativos propostos
contrapondo às abordagens mais antigas de sistemas fechados. pelas teorias. Usou como amostragem cem empresas inglesas
A concepção de homem funcional, com desempenho de vários de ramos diferentes e classificou a tecnologia de produção em
papéis e seus conflitos somados aos da organização (mistos) unitária ou oficina, em massa ou mecanizada e em processo ou
compõem o quadro organizacional dessa abordagem, que automatizada, provando que a tecnologia vai muito além da
necessita de melhor sistematização e possui pouca aplicação produção, influenciando a organização por completo (CHIAVE-
prática (CHIAVENATO, 2003). NATO, 2003).
• Alfred Chandler publicou em 1962 as conclusões de
Teoria da Contingência uma pesquisa realizada em quatro empresas americanas: Du
Diante da verificação de que não há um único e melhor Pont, General Motors, Standard Oil Company, e Sears, Raebuck
meio de se organizar, a Teoria da Contingência conduz a uma & Company. Concluiu que a estrutura segue a estratégia orga-
nova concepção de organização: a estrutura organizacional e nizacional e que a estrutura pode ser definida como design da
o seu funcionamento são dependentes da interface (fronteira organização através do qual a empresa é administrada (FERREI-
compartilha por dois sistemas) com o ambiente externo (CHIA- RA et al, 2002).
VENATO, 2003).
Esta abordagem enfatiza a Administração como dependen- A Teoria Contingencial incorpora conceitos de várias teorias
te de um determinado conjunto de circunstâncias, uma situação, anteriores, passando uma mensagem de que nada é absoluto e
um contexto, para conseguir resultados almejados (CARVALHO, que existe uma continuação entre teorias aparentemente opos-
2008). Assim, segundo Chiavenato, (2003, p. 504) pode-se supor tas. Esta teoria nos mostra que existe um leque de alternativas
que: “[Ações Administrativas] são contingentes das [Caracterís- à disposição do Administrador e que após seu diagnóstico da
ticas Situacionais] para obter [Resultados Organizacionais]”. situação organizacional, poderá fazer a abordagem que achar
Segundo o mesmo autor (2003), a pesquisa realizada por Paul conveniente (FERREIRA et al, 2002).
R. Laurence e Jay W. Lorsch, sobre confrontamento entre as or-
ganizações e o ambiente, deu origem à Teoria da Contingência, Administração por Objetivos (APO)
em 1967.
Na Teoria da Contingência, a ênfase recai no ambiente e na A Administração por Objetivos (APO) pode ser definida
tecnologia, sem desprezar as tarefas, as pessoas e a estrutura, como um estilo ou sistema de administração que relaciona as
sendo que esta última passa a ser um dos pilares dessa aborda- metas organizacionais com o desempenho e desenvolvimento
gem, que também é explicativa e descritiva. individual, por meio do envolvimento de todos os níveis admi-
O conceito de organização é de sistema aberto, com intera- nistrativos. É um processo que tenta alinhar metas pessoais com
ção entre si e com o ambiente. As características ambientais são a estratégia do negócio, por meio do aumento da comunicação
variáveis independentes, e as características organizacionais e percepções compartilhadas entre a gerência e os subordina-
são variáveis dependentes. A concepção humanista é de homem dos, seja como indivíduos ou como um grupo, pela conciliação
complexo, que desempenha vários papéis, caracterizando estre- do conflito quando este existir.
ma dinamicidade do sistema. A APO dá atenção aos objetivos dos participantes da organi-
A abordagem contingencial procura analisar as relações zação e como estes objetivos se relacionam com os objetivos da
organização, como um todo.
dentro e entre os subsistemas, e entre a organização e seu
As características principais da APO são:
ambiente, definindo as relações e os arranjos mais convenientes
• Estabelecimento conjunto de objetivos entre o geren-
a partir de suas variáveis. Esta abordagem dá ênfase ao estilo
te e seus subordinados;
extremamente variado das organizações, verificando continua-
• Estabelecimento de objetivos para cada departamento
mente como é o método de operação das mesmas por causa das
ou setor;
constantes mudanças nas condições ambientais (CARVALHO,
• Interligação dos objetivos departamentais;
2008).
• Elaboração dos planos operacionais, com ênfase no
controle;
Os principais representantes desta teoria são:
• Continua avaliação, revisão e reciclagem dos planos;
• Tom Burn e G. M. Stalker, sociólogos, realizaram, na • Participação atuante da chefia na estimulação de
década de 1960, pesquisas nas indústrias inglesas para verificar envolvimento dos subordinados.
como eram as relações entre práticas administrativas e ambien-
te externo. Classificaram as organizações em mecanísticas e As fases do processo da APO são:
orgânicas. 1. Estabelecimento de metas e objetivos organizacionais
• Paul R. Lawrence e Jay W. Lorsch, pesquisaram sobre – objetivos desafiadores, justos e consistentes são o ponto de
as organizações e o ambiente organizacional, confrontando partida para o ciclo da APO. Os objetivos devem ser postos por
ambos, e esse estudo deu origem à Teoria da Contingência. Con- escrito, para posterior acompanhamento.
cluíram que os problemas encontrados são a diferenciação e a 2. Desenvolvimento do plano de ação – alternativas de
integração nas organizações. Publicaram em 1967, “As Empre- ação para os objetivos estabelecidos participativamente, que
sas e o Ambiente: Diferenciação e Integração Administrativa”. conclui a fase do planejamento da APO.
12
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
13
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
14
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
JOSEPH JURAN foi o segundo revolucionário da qualidade e ferramentas estatísticas e analíticas. Este programa foi desen-
seu livro Quality Control Handbook, publicado em 1951, tornou- volvido como um guia a fim de assegurar o comprometimento
-se a bíblia da qualidade nos Estados Unidos, Japão e no mundo. da gerência, e ganhar o envolvimento dos empregados pelas
Foi ainda codesenvolvedor do primeiro controle estatístico de ações como “O Dia do Zero defeito” (Caravantes,1997).
processo ao lado de seu mestre Walter Shewhart que foi discí- As 14 etapas da filosofia de Crosby
pulo de Clarence Ervin Lews o criado da “Teoria Pragmática do 1- Os gerentes devem estar comprometidos, de tal maneira
Conhecimento” que construiu a arquitetura critica e visionária a admitir que o aprimoramento da Qualidade é a única via que
para os gurus da Qualidade pudessem ver o óbvio sem perder incrementa os lucros.
a noção do saber critico W. Shewhart, tendo ficado conhecido 2- Devem ser criadas equipes para o aprimoramento da
por ensinar o Princípio de Pareto e as cartas controles (Caravan- Qualidade. Os chefes dos departamentos lideram as equipes,
tes(1997), Brocka & Brocka (1994)). orientando-as sobre seu propósito e metas.
Juran acredita que o conceito de Qualidade tem mudado, e 3- Avaliação dos resultados para avaliar como o processo
que o mundo ocidental precisa aprender a adotar os princípios está se comportando.
da Qualidade japonesa. Para que possa ocorrer é necessário três 4- Avaliação dos custos da Qualidade: os gerentes devem
pontos: estar conscientes em relação a eles.
1º Um programa anual, bem estruturado, visando ao apri- 5- Garantia da Qualidade: comunicar e divulgar as noticias
moramento da Qualidade dos produtos: referentes aos custos da Qualidade entre supervisores e empre-
pode permitir resultados rápidos. Inclui o desenvolvimento gados.
de um senso de responsabilidade para participação ativa , de 6- Ação corretiva: promover reuniões de forma a encontrar
habilidades especificas para esse aprimoramento e criar o hábi- e solucionar todos os tipos de problema.
7- Estabelecer comitês ad hoc para atingir Zero Defeito.
to do aprimoramento anual.
Formar equipes para investigar o conceito Zero Defeito e modos
2º Um sólido programa de treinamento para a qualidade. A
de implementa-lo. Zero defeito leva em torno de um ano e mio
ciência da Qualidade inclui os métodos, ferramentas e técnicas
para ser implementado.
usados para manter a função da Qualidade.
8- Treinar todos os empregados para carregarem ativamen-
3º Alto nível de motivação, medição e avaliação dos resul-
te as suas partes no programa de qualidade.
tados e compromisso com a Qualidade durante todo o tempo
9- Estabelecer o dia do zero defeito, este é o dia em que
na empresa.
todos se reúnem e celebram o seu compromisso pela qualidade.
A responsabilidade dos itens acima são da alta direção da
10- Estabelecer metas de melhoria para transformar um
empresa. Juran não acredita no Programa Zero Defeito pro-
comprometimento em ação, as pessoas devem estabelecer
posto por Crosby. Juran defende que deve ser gasto um tempo metas de melhoramento para si próprias e para seus grupos.
suficiente para que todos entendem o compromisso com a Estabelecer as metas é descrever as funções específicas que
Qualidade em todos os níveis da organização. cada um vai desempenhar.
A sua fundamentação teórica é conhecida como A Trilogia 11- Remoção das Causas dos Erros: estimular os emprega-
de Juran: 1- Controle da Qualidade; 2- Aprimoramento da Qua- dos a comunicar à gerência os obstáculos que encontram para
lidade e 3- Planejamento da Qualidade. atingir sua meta de zero defeito. É um sistema de identificação
PHILIP CROSBY é certamente a pessoa mais associada com exata e eliminação dos obstáculos para se conseguir o zero
a ideia de defeito zero e com a abordagem centrada nos custos defeitos.
da (não)Qualidade. Crosby está associado com o conceito de 12- Reconhecer e valorizar aquele que atinge sua meta de
Zero Defeito, criada por ele em 1961. Para Crosby, qualidade qualidade.
é a conformidade com assspecificações, a qual é medida pelo 13- Conselhos de Qualidade: estabelecer conselhos para
custo da não conformidade. Utilizar essa abordagem significa fazer comunicações a intervalos regulares para dividirem pro-
que o objetivo do desempenho é o zero defeito (Brocka & blemas, experiências e ideias.
Brocka,1994). Crosby apresenta quatro conceitos da qualidade: 14- Etapa final: Faça tudo novamente. A Melhoria da Quali-
1- Qualidade é definida como conformidade as especifica- dade nunca termina.
ções, tencionando-se fazer certo da primeira vez, todos devem ARMAND FEIGENBAUM criou o TQC: Total Quality Control.
saber o que isto significa; A proposta de um sistema eficiente para integrar o desenvol-
2- Qualidade se origina da prevenção. Vacinação é a rota vimento, manutenção e aprimoramento da Qualidade através
para prevenir o desastre organizacional. Prevenção se origina de esforços dos vários grupos que formam uma organização
do treinamento, da disciplina, do exemplo, da liderança e de tais como marketing, engenharia, produção e serviços a fim de
outros aspectos; atingir e satisfazer as necessidades do consumidor, da maneira
3- padrão de desempenho da qualidade é o zero defeito, mais econômica possível.
não níveis de qualidade aceitáveis; Distanciou-se de Crosby, e sua filosofia aproximou-se mais
4- A qualidade é medida pelo preço da não conformidade, da concepção de Deming.
e não por índices; Empregando a noção do custo da qualidade procurou
O programa de 14 pontos para o melhoramento da qua- mostrar aos administradores que os investimentos feitos em
lidade proposto por Crosby dá ênfase: na prevenção em vez qualidade geravam retornos maiores do que os realizados em
da detecção, na mudança da cultura organizacional em vez de outras áreas.
15
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Trata a qualidade como uma estratégia que requer a As sete ferramentas básicas de Ishikawa são: Gráfico de
participação efetiva de todos na organização. A qualidade se Pareto, Diagrama de Causa e Efeito,
estende além dos defeitos no chão de fabrica; é uma filosofia e Histograma, Folhas de Verificação, Gráficos de Dispersão,
um compromisso para com a excelência. Fluxogramas e Cartas de Controle.
Feigenbaum define Controle da Qualidade Total como: Alguns benefícios básicos da filosofia de Ishikawa:
qualidade total significa ser guiado para a excelência, em vez de 1- A qualidade começa e termina com a educação.
ser guiado pelos defeitos (Brocka & Brocka, 1994). 2- O primeiro passo na qualidade é conhecer as especifica-
Feigenbaum defende que, é o cliente externo que tem a ções do cliente.
palavra final, e os fatores que afetam a 3- O estado ideal do Controle da Qualidade é quando a
Qualidade podem ser divididos em duas categorias distin- inspeção não é mais necessária.
tas: 4- Remova a causa principal e não os sintomas.
– Tecnológicos: máquinas, materiais, insumos e proces- 5- Controle de Qualidade é responsabilidade de todos os
sos. trabalhadores e de todas as divisões.
– Humanos: tempo e pessoal ( considerados por Fei- 6- Não confunda os meios com os objetivos.
genbaum como os mais importantes). 7- Coloque a qualidade em primeiro lugar e estabeleça suas
Brocka & Brocka cita que Armand Feigenbaum apresenta perspectivas de longo prazo.
três passos para a Qualidade: 8- O marketing é a entrada e saída da qualidade.
1. Liderança para a Qualidade. A qualidade deve ser pla- 9- A alta gerência não deve mostrar reações negativas
nejada em termos específicos. Essa abordagem é guiada para quando os fatos forem apresentados pelos subordinados.
a excelência em lugar da tradicional abordagem com foco nas 10- Noventa e cinco por cento dos problemas na empresa
falhas. Excelência significa manter foco constante na manuten- podem ser resolvidos pelas sete ferramentas do Controle de
ção da qualidade. Qualidade.
2. Tecnologia moderna da qualidade. Todos os membros 11- Dados sem a informação da sua dispersão são dados
da organização devem ser responsáveis pela qualidade de seus falsos – por exemplo, estabelecer a média sem fornecer o des-
produtos e/ou serviços, Isto quer dizer, todo o pessoal do escri- vio-padrão.
tório no processo como os engenheiros e os trabalhadores do A gestão da qualidade total é um modelo de gestão que visa
chão de fabrica devem trabalhar integrados num só objetivo. O a plena satisfação do cliente. Deming, referência na área dos
trabalho deve estar livre de erros e deve ser o objetivo de novas programas de qualidade, foca os seguintes pontos4,:
técnicas quando apropriadas. Aquilo que é aceitável hoje a nível Criar uma constância de propósitos para a melhoria dos
de qualidade para um cliente hoje poderá não sê-lo amanhã. produtos e dos serviços:
3. Compromisso organizacional. Exige motivação contínua. • Definir a missão e a visão da qualidade.
Para Armand Feigenbaum a qualidade é um modo de vida cor- • Definir a política da qualidade, os objetivos e os pa-
porativa; um estilo de gerenciamento. O Controle da Qualidade drões.
Total produz impacto por toda a empresa. • Desenvolver planos de longo prazo.
Para Feigenbaum uma considerável parte do processo de • Identificar o nível de engajamento e responsabilidade
contínua da administração no tocante à qualidade.
aprendizado na qualidade, atitudes, conhecimentos e habi-
• Desenvolver liderança em qualidade.
lidades acontecem: de forma bastante informal, através da
• Instituir treinamento contínuo.
experiência vivenciada, dos contatos diários entre operador e
• Destinar recursos para pesquisas, educação e manu-
chefia e da discussão entre colegas.
tenção de equipamentos.
O autor complementa, as contribuições e ideias dos funcio-
• Inovar e constantemente melhorar o projeto do pro-
nários devem ser seriamente consideradas e colocadas em ope-
duto.
ração quando se revelarem eficientes e relevantes; assim sendo
• Constância de propósito e dedicação.
é muito importante conseguir a participação e envolvimento do
Adotar a nova filosofia:
funcionário em âmbito organizacional. O sucesso do programa • Realizar transformações na gestão e aceitar o desafio
da qualidade japonês deu-se em boa parte pelo programa de para fazer a coisa certa logo da primeira vez.
sugestões eficientemente implantado. • Rever e analisar constantemente os sistemas e os
KAORU ISHIKAWA foi o nobre japonês da Qualidade. Desde procedimentos relacionados com a qualidade.
1946 já estudava e pesquisava a qualidade nas empresas japo- • Substituir supervisão inadequada por liderança.
nesas. Definiu sete ferramentas como instrumentos fundamen- • Ensinar, desenvolver habilidades e abandonar a men-
tais de auxílio nos processos de controle da qualidade, podendo talidade que permite um nível aceitável de deficiências.
ser utilizadas por qualquer trabalhador. Ishikawa redefiniu o Por fim à dependência da inspeção para alcançar a quali-
conceito de cliente e criou os famosos círculos de controle da dade:
qualidade-CCQ. • A qualidade não pode advir da inspeção; deve surgir
Para Brocka & Brocka (1994), Ishikawa é a figura mais na fabricação.
importante no Japão na defesa do controle da qualidade, Kaoru • Reduzir a dependência da inspeção massificada para a
recebeu muitos prêmios em sua vida, incluindo o Prêmio De- obtenção da qualidade.
ming e a Segunda Ordem do Tesouro Sagrado, uma altíssima
4. Obtido em www.jusbrasil.com.br/diarios/65757759/mp-
honraria do governo japonês.
sc-06-02-2014-pg-14
16
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
• Obter qualidade por meio do controle de processos. • Não estabelecer objetivos que possam fazer com que
• Produzir certo logo da primeira vez. os trabalhadores façam concessões e sacrifiquem a qualidade.
Melhorar constantemente e continuamente cada proces- Eliminar cotas numéricas para a força de trabalho e objeti-
so: vos numéricos para o gerenciamento:
• Procurar constantemente áreas e processos a serem • Eliminar os padrões de trabalho que prescrevam cotas
melhorados: aquisição, projeto, produção, coleta de dados, numéricas.
sistema de medição, satisfação do cliente, envolvimento dos • Eliminar as metas e os objetivos que atrapalhem o
colaboradores, etc. desempenho.
• Melhorar constantemente o sistema de produção e • Aprender, ensinar e instituir métodos de melhoria de
serviços. Usar o ciclo Deming de melhoria contínua da qualida- processo.
de: PDCA (Plan, Do, Check, Act), em português: planejar, fazer, Remover as barreiras que roubam das pessoas a satisfação
verificar, agir. no trabalho. Remover fatores/barreiras (físicos, ambientais,
• Compreender a variação e suas causas. Usar métodos psicológicos, emocionais, etc.) que inibam a melhoria da quali-
estatísticos de controle de processo para eliminar as deficiências dade e da produtividade:
e melhorar os processos. • Envolver e habilitar as pessoas a realizarem bem suas
Instituir o treinamento na tarefa: funções.
• Instituir métodos modernos de treinamento na fun- • Remover barreiras que se interponham entre os
ção/tarefa. trabalhadores e seu orgulho pelo trabalho, principalmente a
• O treinamento aplica-se a todos os níveis da organi- classificação anual por mérito.
zação. Instituir um vigoroso programa de educação e automelho-
• Não deixar de considerar a possibilidade de que os ria para todos:
melhores instrutores podem ser os próprios colaboradores. • Identificar as necessidades de treinamento e instituir
• Procurar oferecer oportunidades de treinamento em um programa vigoroso de educação, auto-aperfeiçoamento e
técnicas novas e eficazes. autodesenvolvimento.
• Estabelecer um cronograma para treinamento contí- • Enfatizar e incentivar oportunidades educacionais.
nuo. • Criar um clima de crescimento e realização pessoal.
Adotar e instituir lideranças: Colocar todos da organização trabalhando para realizar a
• Liderança emana de conhecimento, perícia, habilida- transformação:
des interpessoais; não do nível de autoridade. • A transformação é trabalho de todos. Criar uma estru-
• As qualidades da liderança não são mais mistérios tura de gestão que permita e incentive a participação de todos
distantes e inatos – elas podem ser aprendidas. para assegurar o êxito da transformação.
• Cabe ao novo supervisor garantir que, em todas as áre- • Criar uma cultura da qualidade.
as que tem impacto sobre a qualidade, estejam sendo realizadas • Tornar as pessoas responsáveis e orgulhosas do seu
ações para ela. trabalho.
Banir os receios: • Reconhecer o desempenho.
• Criar um ambiente de gestão em que as pessoas se • Fazer da qualidade uma preocupação de todos.
sintam seguras, confiantes, responsáveis e satisfeitas. Além desses pontos, algumas técnicas para a boa gestão da
• Todos da organização devem ser capazes de expressar qualidade merecem destaque. São elas:
suas ideias e opiniões, fazer perguntas e sugestões quanto a • Programa 5 S.
deficiências e melhorias de sistemas, além de ter orgulho de seu • 5W 2H.
trabalho. • Programa de Gerência da Rotina Diária.
• Criar um clima de confiança e abertura. • Programa de Gerência pelas Diretrizes.
Derrubar as barreiras entre as áreas: • Programa de Melhoria Contínua.
• Romper as barreiras nos departamentos e entre os • Diagrama de Causa e Efeito.
departamentos. • Folha de Verificação.
• Estabelecer uma interface interfuncional para incenti- • Diagrama de Pareto.
var a comunicação. • Shake-down (sacudir para derrubar).
• Instituir um enfoque participativo de equipe. • Brainstorming (tempestade de ideias).
• Tentar eliminar ou minimizar barreiras psicológicas • Método de Análise e Solução de Problemas (Masp).
ou emocionais no desempenho das funções, tais como: ciúmes, É bom lembrar que essas metodologias são bastante
ambição, medo, conflitos de personalidade, medo de mudança, complexas e exigem preparo dos servidores para seu pleno fun-
etc. cionamento. Por isso, a importância da realização de programas
Eliminar slogans, exortações e alvos para a força de tra- de capacitação. Os servidores precisam ser treinados, em nível
balho: técnico, gerencial e comportamental, para que um programa de
• Eliminar metas e slogans arbitrários. qualidade seja bem-sucedido, bem como para alavancar outras
• Não julgar os desempenhos por números. Em vez ferramentas mais sofisticadas na gestão pública, por exemplo, o
disso, incentivar as pessoas a serem produtivas e inovadoras. Balanced Scorecard (BSC).
17
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
De acordo com Bernardo Felipe Estellita Lins (1993), as ferramentas de qualidade permitem abordar problemas relacionados
com processos de produção de bens e serviços. Geralmente, duas situações distintas irão ocorrer. Por um lado, pode-se atacar um
problema a partir de sua identificação em função de uma reclamação, uma falha ou uma perda ocorrida. A identificação das causas
e a solução definitiva do problema representarão uma melhoria. Terá sido uma melhoria por demanda. Outra situação decorre
da identificação de possibilidades de melhoria por pessoas diretamente envolvidas no processo, sem que tenha ocorrido qualquer
demanda externa. São situações em que se elimina desperdício e se reduzem custos. Uma equipe treinada é capaz de avaliar per-
manentemente o processo, fazendo pequenas melhorias com muita frequência. Essa melhoria do processo por aperfeiçoamento
interno denomina-se melhoria contínua. As ferramentas básicas da qualidade são úteis em ambas as situações. São também simples
de usar, mas não devemos nos deixar enganar por essa simplicidade. A sua aplicação deve ser feita de forma organizada, seguindo-se
uma rotina preestabelecida e sistematicamente seguida. O ciclo PDCA deve ser respeitado e os resultados da análise devem redundar
em soluções efetivamente implantadas e verificadas. Não se pode esquecer, de fato, que a própria aplicação dessas ferramentas se
constitui em um processo a ser criado, implantado e melhorado ao longo do tempo (LINS, 1993).
O Ciclo PDCA (em inglês Plan, Do, Check e Action) é uma ferramenta gerencial de tomada de decisões para garantir o alcance das
metas necessárias à sobrevivência de uma organização. É um ciclo de análise e melhoria, de fundamental importância para a análise
e melhoria dos processos organizacionais e para a eficácia do trabalho em equipe.
Conforme explica a Ouvidoria da SSPJ de Goiás, o PDCA pode ser utilizado na realização de toda e qualquer atividade da organi-
zação, sendo ideal que todos utilizem esta ferramenta de gestão no dia a dia de suas atividades. Assim, busca-se com o PDCA eliminar
a cultura “tarefeira” que muitas organizações insistem em perpetuar e que incentiva a se realizar o trabalho sem antes planejar,
desprezando o autocontrole, o uso de dados gerados pelas medições por indicadores e a atitude preventiva, para que os problemas
dos processos nunca ocorram.5
5. Disponível em ouvidoria.sspj.go.gov.br/policia.../aulas-do.../material-de-apoio.doc
18
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
O Ciclo PDCA é um instrumento de gestão aplicável a qual- O modelo de criação de valor proposto por KAPLAN e NOR-
quer processo organizacional, do mais simples ao mais comple- TON no setor público e nas organizações sem fins lucrativos,
xo. O que muda são as técnicas e ferramentas a serem utilizadas é semelhante ao modelo do setor privado, porém, apresenta
em cada tipo de processo. Constitui-se na razão do sistema de diferenças importantes. O critério definitivo de sucesso é o de-
gerenciamento pela qualidade. Todas as ações da organização sempenho no cumprimento da missão. Como no setor privado,
deverão ter como orientação básica o cumprimento deste ciclo, as organizações públicas cumprem sua missão ao atenderem às
o qual é dinâmico, devendo haver continuidade entre suas necessidades dos seus clientes. Alcançam o sucesso por meio do
fases, numa espécie de “giro do ciclo do PDCA”. desempenho de seus processos internos, com o apoio de seus
Outra metodologia relevante é o Balanced Scorecard (BSC), ativos intangíveis (aprendizado e crescimento). A perspectiva
que permite implantar um sistema de medição de desempenho financeira, embora não dominante, reflete os objetivos de im-
da unidade, bem como dar sustentabilidade ao processo de portante grupo de interessados – no caso do Inmetro, os órgãos
aprimoramento contínuo de determinada função do órgão. do governo federal que se constituem nos que provém e que
O BSC proporciona maior integração com as demais funções autorizam formalmente a utilização dos recursos orçamentários
corporativas de apoio e um maior alinhamento da gestão dessa e financeiros (GODINHO e COSTA, 2010).
função aos objetivos estratégicos institucionais. Segundo Kaplan e Norton (1997), o BSC permite:
Ao discorrerem sobre uma proposta de metodologia de • traduzir a Visão, Missão e Objetivos da empresa em
gerenciamento para o Serviço de Planejamento Orçamentário Metastangíveis e mensuráveis.
(SEPLO) do INMETRO, Godinho e Costa (2010) justificam a opção • indicadores financeiros e não financeiros passam a ser
da ferramenta largamente utilizada no setor privado: parte do sistema de informações daempresa.
A opção pelo Balanced Scorecard – BSC se deve, principal- • o equilíbrio (por isso Balanced) entre indicadores de
mente, pelo fato do Inmetro já possuir uma estrutura sólida de resultados do passado e indicadores do que impulsiona o de-
planejamento estratégico, necessitando apenas aprimorar o sis- sempenho futuro.
tema de medição de desempenho de seus projetos e processos, • esses indicadores permitem monitorar o progresso
tornando-se possível com o BSC, sistema de medição sugerido na construção das competências que a empresa precisa dispor
pela Fundação Nacional da Qualidade e pelo GESPÚBLICA para para continuar crescendo e se diferenciando no mercado.
melhor avaliar resultados, bem como seu efetivo alinhamento • os Balanced Scorecards tem a habilidade de ligar estra-
com os objetivos estratégicos institucionais.6 tégias de longo prazo e ações de curto prazo.
Estes autores resumem a metodologia do BSC em três Assim, a ideia principal do Balanced Scorecard é traduzir
etapas assim definidas: a missão, visão e a estratégia das empresas num conjunto
a) Definição das estratégias – Trata-se da elaboração do abrangente de medidas de desempenho que sirvam de base
mapa estratégico proposto por KAPLAN e NORTON, em que os para um sistema de medição e gestão estratégica. A adoção do
objetivos estratégicos são inseridos nas perspectivas do modelo
BSC possibilita:
e trabalhados numa relação de causa e efeito. O mapa estraté-
• Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia;
gico descreve a lógica da estratégia, mostrando com clareza os
• Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas;
objetivos dos processos internos críticos que criam valor e os
• Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estra-
ativos intangíveis (perspectiva de aprendizado e crescimento)
tégicas;
necessários para respaldá-los;
• Melhorar o “feedback” e o aprendizado estratégico.
b) Definição dos planos de ação – Para cada objetivo es-
tratégico, definido nas perspectivas descritas no item anterior,
O BSC parte da perspectiva de que a gestão do desempenho
foram identificados desafios, obstáculos e todo tipo de dificul-
dade para realização dos mesmos. Estes desafios, obstáculos e estratégico não dever ser analisada somente pela ótica finan-
dificuldades, são denominados fatores críticos para o sucesso e ceira. O desempenho em várias dimensões é fundamental para
são a base para a elaboração do plano de ação da organização. o êxito de longo prazo. Assim, a Estratégia será articulada por
Segundo KAPLAN e NORTON (2004, p.55), os planos de ação que relações de causa e efeito em quatro perspectivas.
definem e fornecem recursos para as iniciativas estratégicas Para traduzir a missão e a estratégia em objetivos e me-
devem estar sempre alinhados aos objetivos estratégicos e didas, Kaplan e Norton (1992) estruturam o BSC em quatro
visualizados como um pacote integrado de investimentos, e não perspectivas: financeira, do cliente, dos processos internos e do
como um grupo de projetos isolados. aprendizado e crescimento:
c) Sistema de medição – indicadores – Trata-se da forma
mais objetiva para medir-se a evolução da execução do plano de PERSPECTIVA FINANCEIRA
ação e seus reflexos nos objetivos estratégicos da instituição. O Analisa se a estratégica da empresa está contribuindo
Balanced Scorecard (BSC) traduz os objetivos do mapa estraté- para a melhoria dos resultados financeiros relacionados à
gico em indicadores e metas. rentabilidade, crescimento e valor dos acionistas, sintetizando
as consequências imediatas das ações realizadas. As medidas
6. GODINHO, Raul Machareth; COSTA, Stella Regina Reis
selecionadas devem fazer parte de uma cadeia de relações de
da. Implantação do mapa estratégico como metodologia para
causa e efeito que levam a melhoria do desempenho financeiro,
o aprimoramento do processo de planejamento da função orça-
assim os objetivos e medidas das outras três perspectivas têm
mentária do INMETRO. Obtido em http://www.inmetro.gov.br/
como foco os objetivos financeiros definidos nesta perspectiva.
producaointelectual/obras_intelectuais/206_obraIntelectual.
pdf
19
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
20
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Não existe padrão ou exigibilidade temporal para o desenvolvimento ou revisão de um plano estratégico. Usualmente, os planos
estratégicos são elaborados com vistas a um horizonte temporal mínimo de cinco anos. Uma vez que a característica de um planeja-
mento estratégico é ser um norteador de futuro, as empresas utilizam-no para projetar sua “Visão” empresarial associada a longos
períodos, o que faz sentido, especialmente, para empresas desejosas e conscientes de que, para sobreviverem no futuro longínquo,
devem iniciar seus preparativos hoje. Contudo, a flexibilidade do plano estratégico estende-se, também, para curto e médio prazos,
caso isso seja um desejo das empresas.
Imagine empresas atuantes no segmento de petróleo e gás, ou do segmento automotivo, essas empresas já investem, nos dias
atuais, em pesquisas, no sentido de perpetuarem nos negócios em um futuro longínquo. As empresas do segmento de petróleo e gás
são atuantes no segmento de comercialização de energia, que, circunstancialmente, nos dias de hoje advém do petróleo. No futuro,
entretanto a energia elétrica será, certamente, mais relevante e, dessa forma, justifica-se o planejamento de longo prazo. Estende-se
o mesmo pensamento a outros tipos de indústrias, tais como montadoras, tecnologia, papel e celulose, etc..
As rápidas e constantes mudanças e evoluções dos ambientes interno e, especialmente, externo criam uma necessidade de que
esses processos sejam revisados e ajustados às novas condições contextuais no mínimo em base anual ou mesmo em condições
especiais de urgência em que ações estratégicas de curtíssimo prazo devem ser, rapidamente, adotadas (DORTES, 2009).
Assume relevância a análise de indicadores. Denomina-se “Indicador” qualquer elemento adotado, por uma empresa ou área de
negócios, como elemento de acompanhamento. Diversos indicadores são comumente utilizados pelas empresas, tais como:
• indicadores associados à atividade comercial;
• custo;
• lucratividade;
• retorno para os ativos empregados;
• endividamento;
• alavancagem;
• giro financeiro;
• produtividade;
• entre outros diversos e específicos.
A análise periódica dos dados desses indicadores permite aos gestores obter uma ampla gama de importantes informações
tanto sobre a sua forma de atuação (agressividade, eficiência, eficácia, assertividade etc.) bem como informações de seus mercados,
clientes, concorrentes etc..
Em linhas gerais, o processo de análise de índices compreende a tabulação dos dados em forma de tabelas e gráficos de maneira
que os gestores possam estudar tendências, gradientes de crescimento, decréscimo, aceleração etc..
Modelo japonês
O programa japonês denominado Kaizen enquadra-se, segundo a classificação proposta por Chiavenato (2008) no grupo das mu-
danças contínuas. Dentro do grupo de mudanças contínuas estão os programas de Kaizen e Qualidade Total; no grupo de mudanças
planejadas o Desenvolvimento Organizacional; nas mudanças radicais está a Reengenharia e nas mudanças estratégicas os programas
como o Balanced Scorecard – BSC.
Quadro – Tipologia das mudanças organizacionais
Tipos de
Caracterização Programas
mudanças
São baseadas nas ciências comportamentais, são feitas também com o objetivo de continui-
dade e geralmente tem visões de médio e longo prazo. Resumem-se a mudanças culturais
e comportamentais que de certa maneira impactam em toda a organização. As mudanças
Desenvolvimento
Planejadas planejadas primam por um planejamento de ação baseado em diagnóstico prévio e com a
Organizacional
utilização de técnicas de intervenção. Para o alcance dos resultados almejados depende de
uma interatividade entre os membros os conduzindo ao aprendizado constante e à compre-
ensão da experiência, percepção e comportamento.
21
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Estão centradas nos processos empresariais visam basicamente o redesenho dos procedi-
mentos de trabalho e também um reposicionamento do negócio. Geralmente envolvem de-
Radicais cisões da direção da empresa para serem procedidas aos níveis hierárquicos mais baixos. Reengenharia
São gerenciadas por grupos multifuncionais que são os responsáveis pela implementação do
programa de mudança.
Os japoneses desenvolveram métodos operacionais, tais como o layout das instalações e estoques just in time ou o custeio
kaizen, que possibilitam apoiar a redução dos custos totais do ciclo de vida do produto na fase de fabricação.
Qualidade total:
• Kaizen – aprimoramento contínuo;
Modelo de gestão japonesa:
• Keireitsu;
• Família; • Rengi – tomada de decisão por
• Kanban;
Wood • Empresa = clã; consenso;
• Sistema “just in time”;
Yoshino • Coletivo prevalece sobre o indivi- • Cerimoniais, respeito pelos anti-
• Produção puxada;
Ishikawa dual; gos;
• Eliminação de desperdícios;
Schonberger • Consenso e cooperação; e • Controle implícito;
• TQM – total quality management;
• Integração. • Cooperação, harmonia, lea dade; e
• Autonomação (“bakayoke”);
• Gestor como “mediador”.
• Células de trabalho; e
• Zero defeito (CCQ).
No custeio do ciclo de vida são usados análise de custo-benefício, fluxo futuro de caixa a valor presente, análise de sensibilidade
e outras técnicas que levam os administradores a pensar no custo de administrar ativos, a fim de maximizarem o valor dos mesmos.
O kaizen, “uma das iguarias mais apreciadas do cardápio de métodos de gestão japonês”, enfatiza as melhorias que podem ser
obtidas na fase de fabricação de um produto. “Kaizen” é um termo japonês que significa “melhoria contínua” e busca pequenas
melhoras em um determinado processo, ao invés de grandes inovações. Criado pelo guru japonês Masaaki Imai, o kaizen prega a
melhoria contínua como fórmula para atingir o sucesso. Seu objetivo é o de reduzir custos gradualmente, à medida que a linha de
produção se torna mais eficiente e vai inserindo, lentamente, progressos no estágio de fabricação. Realmente, na fase de produção
é difícil e caro implementar grandes mudanças para redução de custos, pois a fase de projeto do produto já foi encerrada; daí
ser razoável a intenção do kaizen, que propicia oportunidades para efetuar pequenas melhoras, bem ao estilo dos orientais: sem
grandes rupturas ou traumas. Devagar e sempre, sem contentar-se com os resultados iniciais. [...] O custeio kaizen está ligado ao
sistema de planejamento de lucro. Todas as reduções de custo usam uma base predeterminada como ponto inicial. Esta base pode
ser, por exemplo, igual ao custo real do produto no ano anterior. O lucro-meta anual orçado é alocado a cada unidade e a taxa de
redução-meta é o índice entre o montante de redução-meta e a base de custo. O gerente, então, faz comparações dos montantes de
reduções efetivas com os montantes de redução-meta preestabelecidos. O objetivo do custeio kaizen é assegurar que os custos de
produção reais sejam menores que os custos-base.7
7. GABEIRA NETTO, MELLO e BARROSO. Análise da utilização do custeio do ciclo de vida e do custeio kaizen para a tomada de
decisão.
22
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
23
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Benchmark – prática ou resultado considerado um Função – atribuição conferida a uma categoria profissional
referencial ou padrão de excelência, utilizado para efeito de ou atribuída a um colaborador para a execução de serviços
comparação de desempenho. O melhor da classe. Dependendo eventuais. Todo cargo tem função, mas pode haver função sem
da abrangência do conjunto de empresas considerado para sua cargo. As funções do cargo são definitivas, as funções autôno-
seleção, o benchmark pode ser internacional, nacional, regional mas são transitórias.
ou setorial. Indicador – dado que representa ou quantifica um insumo,
Benchmarking – procedimento de comparar processos, um resultado, uma característica ou o desempenho de um pro-
práticas, funções e resultados com benchmarkings, para identi- cesso, de um serviço, de um produto ou da organização como
ficar as oportunidades para melhoria do desempenho. Trata-se um todo. Pode ser simples (decorrente de uma única medição)
de um processo contínuo. Essa comparação pode ser feita inclu- ou composto; direto ou indireto em relação à característica me-
sive com resultados coletados em ramos de atuação diferentes dida; específico (atividades ou processos específicos) ou global
do setor em que atua a organização. (resultados pretendidos pela organização como um todo); e
Cargo público – ocupação instituída na estrutura do serviço direcionadores (indicam que algo pode ocorrer) ou resultantes
público, com denominação própria, atribuições e responsabili- (indicam o que aconteceu).
dades específicas e estipêndio correspondente, a ser provido Indicadores de processo – representação objetiva de carac-
por um titular. terísticas do processo que devem ser acompanhadas ao longo
Carreira – no setor público é um conjunto de cargos sujeito do tempo para avaliar e melhorar o seu desempenho. Medem a
a regras específicas de ingresso, promoção, atuação, lotação e eficiência e a eficácia dos processos.
remuneração, cujos integrantes detêm um repertório comum Informações relevantes – informações que a organização
de qualificações e habilidades. A carreira é criada por lei e deve necessariamente tem que conhecer e manter atualizadas como
aplicar-se às atividades típicas de Estado. O cargo público pode subsídio ao seu processo decisório.
ser isolado ou de carreira. Necessidades – conjunto de requisitos, expectativas e
Ciclo para aprendizado – conjunto de atividades visando preferências dos cidadãos usuários ou das demais partes inte-
avaliar, melhorar e/ou inovar as práticas de gestão e os respec- ressadas.
tivos padrões de trabalho. As organizações devem possuir even- Organização do trabalho – maneira pela qual as pessoas
são organizadas ou se organizam em áreas formais ou infor-
tos específicos e pró-ativos para reflexão e questionamento das
mais, temporárias ou permanentes, tais como: equipes, áreas
práticas e padrões existentes e buscar a sua melhoria contínua.
funcionais, times, grupos de trabalho, comissões, forças-tarefa
Ciclo para controle – conjunto de atividades visando ve-
e outras.
rificar se os padrões de trabalho das práticas de gestão estão
Padrões de trabalho – qualquer meio que oriente o fun-
sendo cumpridos, estabelecendo prioridades, planejando e
cionamento das práticas de gestão, podendo estar na forma de
implementando, quando necessário, as ações de correção e/ou
diretrizes organizacionais, procedimentos, rotinas de trabalho,
prevenção.
normas administrativas, fluxogramas, quantificação dos níveis
Controle social – acompanhamento e fiscalização das ativi-
que se pretende atingir ou qualquer meio que permita orientar
dades de uma organização, exercidos pelas partes interessadas, a execução das práticas. O padrão de trabalho pode ser esta-
pela comunidade, pela sociedade como um todo e pelos meios belecido utilizando como critérios as necessidades das partes
de comunicação social. interessadas, as estratégias, requisitos legais, o nível de desem-
Definição dos rumos – procedimento de projetar o estado penho de concorrentes, informações comparativas pertinentes,
futuro desejado da organização, partindo da sua missão insti- normas nacionais e internacionais etc.
tucional. Parceria institucional – relação de trabalho estabelecida
Desempenho global – desempenho da organização como entre duas ou mais organizações públicas e/ou privadas, por
um todo, explicitado por meio de resultados que refletem as meio da qual cada uma desenvolve um conjunto de ações que,
necessidades de todas as partes interessadas. Está relacionado integradas, tem a finalidade de atingir a objetivos comuns.
com os resultados planejados pela estratégia da organização. Partes interessadas – são as pessoas físicas ou jurídicas
Eficácia – grau de atingimento de uma meta ou dos resulta- envolvidas ativa ou passivamente no processo de definição,
dos institucionais da organização. elaboração, implementação e prestação de serviços e produtos
Eficiência – relação entre o custo e o benefício envolvido na da organização, na qualidade de clientes, agentes, fornecedores
execução de um procedimento ou na prestação de um serviço. ou parceiros. Podem ser servidores públicos, organizações
Fatores Críticos de Sucesso – são condições fundamentais públicas, instituições privadas, cidadãos, grupos de interesse,
que precisam ser satisfeitas para que a instituição ou a estraté- associações e a sociedade como um todo.
gia tenha sucesso. Pessoal do Quadro Próprio – Pessoal vinculado ao Regime
Fornecedor – aquele que fornece insumos para os pro- Jurídico Único ou à CLT, pertencente ao quadro de pessoal do
cessos da organização, seja um produto, seja um serviço, seja órgão ou de outros órgãos públicos.
informação ou orientação. No setor público, as relações entre Pessoal Terceirizado – Pessoal oriundo de empresa contra-
organização e fornecedor, que envolvam a aquisição de bens ou tada para prestação de serviços especializados.
serviços, são regulamentadas por lei e regidas por um contrato Práticas de gestão – atividades executadas sistematica-
administrativo com características distintas das observadas em mente com a finalidade de gerenciar uma organização, consubs-
contratos privados, tais como a exigência de licitação, só dispen- tanciadas nos padrões de trabalho. São também chamadas de
sável em determinadas situações previstas em lei. processos, métodos ou metodologias de gestão.
24
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Pró-atividade – capacidade de antecipar-se aos fatos com Usuários atuais – todos os cidadãos efetivamente atendi-
ações preventivas e de promover a inovação e o aperfeiçoamen- dos pela organização ou que têm acesso garantido ao serviço
to de processos, serviços e produtos. quando dele necessita.
Processo – conjunto de recursos e atividades inter-relacio- Usuários potenciais – todos os cidadãos com direito a re-
nadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em ceber o serviço prestado pela organização e que não consegue
produtos/serviços (saídas). Esses processos são geralmente pla- obtê-lo.
nejados e realizados para agregar valor aos produtos/serviços. Valores organizacionais – entendimentos e expectativas
Processo crítico – processo de natureza estratégica para o que descrevem como todos os profissionais da organização se
sucesso institucional. comportam e sobre os quais todas as relações e decisões orga-
Processos de apoio – processos que dão suporte a alguma nizacionais estão baseadas.
atividade-fim da organização, tais como a gestão de pessoas, a Visão de futuro – representação do que a organização
gestão de compras, o planejamento e o acompanhamento das espera de si mesma e de seu desempenho dentro de um ce-
ações institucionais etc. nário futuro. É uma projeção de si mesma, com base em suas
Processo finalístico – processo associado às atividades-fim expectativas.
da organização ou diretamente envolvido no atendimento às
necessidades dos seus usuários. Estrutura do planejamento (estra-
Qualidade – adequação para o uso (Juran). Fazer certo a tégico, tático, operacional)
coisa certa já na primeira vez, com excelência no atendimen-
to. Totalidade de características de uma organização que lhe O Planejamento Estratégico fundamenta-se nos princípios
confere a capacidade de satisfazer as necessidades explícitas e da prevenção de problemas e na visão de longo alcance como
implícitas dos clientes. estratégia para o progressivo desenvolvimento institucional.
Referenciais comparativos adequados – indicadores, Como se estabelecem as diretrizes estratégicas, os fatores crí-
práticas ou resultados desenvolvidos ou alcançados por orga- ticos para o sucesso e os principais planos estratégicos, e como
nização pública ou privada, que possam ser usados para fins de são desdobrados em planos e metas para todas as áreas, para
comparação ou benchmarking. os fornecedores e parceiros da organização, considerando-se os
Requisitos – condições que devem ser satisfeitas, exigên- objetivos da organização.
cias legais ou particulares essenciais para o sucesso de um O planejamento estratégico consiste em definir-se de ma-
processo, serviço ou produto. São as necessidades básicas dos neira clara, participativa e com base em um diagnóstico atual e
usuários ou das demais partes interessadas, explicitadas por futuro dos ambientes interno e externo, a direção que se quer
eles, de maneira formal ou informal, e essenciais e importantes dar à organização, formulando missão, visão e valores, e ainda
para sua satisfação. programar e controlar os objetivos, as estratégias8 e os planos
de ações definidos. É o modelo de gestão que pauta a adminis-
Responsabilidade pública – consiste na responsabilidade
tração pública gerencial.9
dos administradores e dos servidores públicos em promover e
disseminar os valores e os princípios fundamentais da Adminis-
tração Pública e apresentar comportamentos éticos, exercendo
um estilo de administração transparente, voltada para a presta-
ção de contas, procurando estar continuamente consciente dos
impactos públicos potenciais relacionados com sua atuação.
Resultados da organização – são os resultados institu-
cionais obtidos pela organização pública, no exercício de suas
principais atividades, de acordo com suas atribuições e áreas de
competência.
8. “Caminho, maneira ou ação formulada e adequada
Resultados orçamentários/financeiros – são os resultados
para alcançar, preferencialmente, de maneira diferenciada, os
relacionados com a utilização eficiente e eficaz dos recursos
objetivos e desafios, estabelecidos, no melhor posicionamento
orçamentários/financeiros da União ou oriundos de receita pró-
da empresa perante seu ambiente” (Djalma Oliveira). “A estra-
pria, medidos, entre outros, por meio da redução de custos dos
tégia consiste de ações e abordagens comerciais que a gerência
processos, pela relação entre o orçamento aprovado e projetos
emprega para atingir os objetivos de desempenho da empresa.
realizados etc.
“ (Arthur Thompson).
Sinergia – coordenação de um ato ou esforço simultâneo
9. A administração pública gerencial caracteriza-se, entre
de várias organizações, unidades ou pessoas na realização de
outras coisas, pela descentralização política (os recursos são
uma atividade ou projeto. Combinação da ação de dois ou mais
transferidos para os níveis regionais e locais) e administrativa,
agentes que usualmente gera resultados superiores quando
em que os administradores públicos são transformados em
comparado à ação individual desses agentes.
gerentes autônomos. Organizações que adotam esse modelo
Sistema de liderança – refere-se à forma como a liderança
gerencial contam com poucos níveis hierárquicos, e nelas existe
é exercida por toda a organização, de modo a captar as neces-
confiança limitada, em substituição à desconfiança total, em
sidades das partes interessadas e usar as informações para a
relação aos funcionários e dirigentes. Trata-se de administração
tomada de decisão e a sua comunicação e condução em todos
voltada para o atendimento do cidadão e aberta ao controle
os níveis.
social.
25
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Nível
Estratégico
o
– Tempos e conteúdo
Nível do planejamento
Tático
Nível
operacional
26
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
No Planejamento Estratégico, premissas são os grandes Não há como identificar necessidades sem ter conhecimen-
balizamentos que mediante análise do ambiente interno e to do meio social em que está inserido e de sua realidade inter-
externo orientarão as ações da empresa. Servem para comuni- na. Segundo Mintzberg (1994), a organização precisa planejar
car os princípios éticos e as intenções maiores da empresa. As porque:
premissas são compostas de: • necessita coordenar suas atividades de modo integra-
• Missão: Razão de ser da Instituição, do grupo ou orga- do;
nização que planeja. • necessita considerar o futuro:
• Visão de Futuro: Situação desejada onde se pretende • Preparar-se para o inevitável;
chegar. • Ter opções frente ao indesejável;
• Valores: São crenças, normas, princípios ou padrões • Controlar o controlável.
que orientam a atuação da organização. Também expressam • precisa de racionalidade através da adoção de proce-
motivações e necessidades dos componentes das organizações. dimentos formalizados, padronizados e sistemáticos;
• necessita exercer controle.
A questão do que fazer é a fixação dos objetivos que pode-
rão ser desenvolvidos em um planejamento. Planeja-se:
1. Para verificar prioridades – por que fazer?
2. Para estabelecer metas – quando fazer?
3. Para definir estratégias e ações – como fazer?
4. Para estabelecer responsabilidades – quem fará?
5. Para delinear recursos – qual o custo?
6. Para executar e acompanhar.
27
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Esta etapa é fundamental para que não se inicie o pro- A partir da definição de negócio, pode-se formular um
cesso de planejamento estratégico em momento errado. Esta slogan para a organização, que poderá e deverá ser usado como
avaliação pode ser feita em uma reunião ou em circulação pela marketing institucional.
organização. – Os valores devem representar a forma de conduta de
todas as pessoas da organização.
Etapa 2 – Sensibilização Após a apresentação dos valores de uma organização,
Uma vez identificada a necessidade de se desenvolver desenvolve-se uma justificativa, no sentido de explicar por que
um planejamento estratégico, é fundamental sensibilizar os aquele valor é importante para a organização.
integrantes de toda a organização para a importância do plane- – Os objetivos estratégicos representam um resultado a
jamento, desmistificando os “fantasmas” que existem em torno ser atingido.
de qualquer ação que provoque mudança.
Etapa 5 – Definição de estratégias
Etapa 3 – Diagnóstico Estratégico Para cada estratégia definida, deve-se atribuir uma nota aos
Após a etapa da sensibilização, o próximo passo a ser dado fatores. Quanto maior o valor atribuído, maior será o nível de
é o desenvolvimento de um diagnóstico estratégico mais deta- gravidade, urgência ou tendência. A matriz GUT entra em ação.
lhado da real situação da organização e de seu ambiente exter-
no – meio social. É também chamado de análise situacional. Etapa 6 – Definição de Planos de Ação
Vale a pena observar que deve ser apenas um roteiro, Para cada estratégia definida, um conjunto de ações, para
podendo-se acrescentar variáveis e alterando o que pensar ser cada ação uma meta e um responsável em administrá-la. Envol-
interessante, a fim de adaptá-lo à realidade da organização na vendo todos os níveis hierárquicos no planejamento elaborado
qual está sendo desenvolvido o diagnóstico estratégico. Para dentro de um cronograma de execução.
poder otimizar os resultados de qualquer diagnóstico é sempre
bom considerar os conceitos de ponto forte, ponto fraco, opor- Etapa 7 – Definição de recursos
tunidade e ameaça: Todos os gastos devem ser calculados, mesmo que a orga-
• Ponto Forte: é uma diferenciação da organização que nização não vá gastar além dos desembolsos normais, tendo em
lhe proporciona uma vantagem competitiva; vista que a partir do momento que as pessoas estão envolvidas
• Ponto Fraco: é um aspecto negativo da organização com qualquer tipo de atividade, isso representa gasto para a
que lhe proporciona uma desvantagem competitiva; organização.
• Oportunidade: é uma força ambiental externa que
pode criar uma situação favorável para a organização; Etapa 8 – Implementação
• Ameaça: é uma força ambiental externa que cria uma Nesta etapa, pode-se definir como será deflagrado o
situação de risco para a organização e que não pode ser evitada. processo de implementação do planejamento e deve-se desen-
Um roteiro no estilo de lista de verificação ou check list volver um relatório detalhado do que foi planejado e distribuído
pode ser utilizado para o desenvolvimento estratégico. aos responsáveis pelos objetivos, estratégias e ações. E mais,
um relatório resumido e personalizado para as outras pessoas.
Etapa 4 – Definição da base estratégica corporativa
Esta etapa consiste em definir missão, visão, negócio e con- Etapa 9 – Monitoração, Avaliação e Controle
sequentemente slogan, valores e objetivos para a organização. Como as mudanças ambientais não param somente porque
Abordando os temas separadamente, temos que: estamos implementando um planejamento, deve-se definir
– A missão deve representar o que a organização quer ser. o responsável pelo monitoramento, isto é, quem irá refazer o
Tem uma conotação futura. Da mesma forma que a etapa diagnóstico estratégico e com qual periodicidade.
de sensibilização, a definição da missão pode ser feita a partir de Segundo Dortes (2009), a atividade de planejamento es-
uma reunião com a cúpula da organização, com as pessoas-cha- tratégico não é uma atividade estática, que uma vez realizada
ve ou até mesmo com todos os colaboradores. termina em si própria. Planejamentos estratégicos devem ser
Há várias maneiras de se desenvolver uma missão, se realizados e revisados periodicamente, de forma que as diversas
tivermos em mão algumas perguntas, esse processo ficará mais mudanças ambientais possam ser devidamente tratadas, no
simples. As questões que devem ser colocadas: sentido de que a empresa continue ou efetue ajustes de rota
• O que devemos fazer? para se manter sempre no melhor caminho que a leve a seus
• Qual o perfil de nosso “cliente”? objetivos e consequentemente a seu sucesso. Neste sentido o
• Como devemos atender nossos “clientes”? Quais processo de planejamento estratégico torna-se uma atividade
meios devem ser escolhidos? cíclica, com periodicidade de revisão anual ou de bienal. A figura
• Qual a responsabilidade social que devemos ter? abaixo ilustra um ciclo típico de planejamento.
28
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
29
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Há quatro grupos de posicionamento tipicamente identifi- • A gestão de projetos: diz respeito ao planejamento,
cados em pessoas envolvidas em processos de mudança. Esses organização, liderança e avaliação da execução da carteira de
grupos podem ser agregados em dois conjuntos de característi- projetos necessários à implementação de uma dada estratégia
cas comportamentais. O processo de comunicação da estratégia (ou, à entrega de uma missão); e,
precisa levar as pessoas do primeiro grupo ao segundo. • O ciclo de aprendizado estratégico: diz respeito à
avaliação da execução da estratégia escolhida pela organização
(ou, à entrega de sua missão).
Na análise do ambiente externo, a análise PEST é uma
ferramenta do planejamento estratégico, consistindo na análise
de quatro variáveis do ambiente externo: Político-legal, Econô-
mico, Sócio-cultural e Tecnológico.
Uma ferramenta utilizada para a prospecção de cenários é a
análise PEST. Segundo Castor (2000, p. 05) “O acrônimo PEST é
utilizado para identificar quatro dimensões de análise ambiental
de natureza qualitativa de fenômenos dificilmente quantificá-
veis: a Política, a Econômica, a Social e a Tecnológica”. O mesmo
afirma que essa ferramenta torna-se mais útil quando utilizada
conjuntamente com outros instrumentos de análises, e a limi-
tação quanto à quantidade de variáveis a ser investigadas tem
uma razão de ser. Pois, quando há um excesso de informações,
uma empresa pode ficar imobilizada, com receio de deixar uma
variável importante de lado, perdendo o foco e deixando de
agir tempestivamente. Contudo, mesmo sendo uma ferramenta
de análise qualitativa, Castor (2000) afirma que a utilização de
métodos quantitativos seja importante, onde são atribuídas
probabilidades a cada uma das variáveis, e feitas avaliações
sobre os impactos das mesmas sobre a capacidade da empresa
de alcançar seus objetivos corporativos (SOBER, 2010).14
Na análise do ambiente interno, recomenda-se a Cadeia
de valor, que consiste na análise de adequação e suficiência do
sequenciamento dos processos necessários ao fornecimento
dos serviços aos clientes.
Segundo Kaplinsky e Morris (2000), a cadeia de produção é
chamada de cadeia de valor, que consiste no arranjo das ativi-
dades necessárias para produzir um bem ou serviço, desde a sua
Figura – conjuntos de características comportamentais concepção, passando pelas diferentes fases da produção até a
Fonte: Conselho Nacional de Justiça-CNJ entrega para o consumidor final. Sob esse enfoque, os agentes
presentes em cada um dos elos da cadeia de produção dão a
Os processos de planejamento estratégico definem três sua contribuição para aumentar o valor do produto final. Vale
graus de intensidade de mudanças nas organizações: ressaltar que o produto que chega ao consumidor final é a soma
• Satisfação = é encontrada nos processos em que os as- dos valores adicionados por cada um dos elos ao longo da ca-
pectos financeiros relacionados são preocupações básicas, não deia produtiva, resultado da ação dos agentes e da coordenação
possuindo, assim, outros desdobramentos tais como expansão, entre eles (BESANKO et al., 2004). Sendo assim, as condições
refinamento operacional, melhoria de qualidade ou outros.
em que o produto chega ao consumidor final depende tanto das
• Otimização = pode ser considerada um avanço da
atividades internas à organização quanto da sua coordenação
“Satisfação”, pois busca também, além da otimização e maxi-
com os outros elos da cadeia produtiva da qual faz parte.
mização dos aspectos financeiros, a otimização dos processos
Vale ressaltar que as relações entre os diferentes elos de
diversos da organização, porém atêm-se, somente, ao ambiente
interno da empresa. uma cadeia produtiva geralmente são desiguais, o que revela a
• Adaptação = pode ser considerada um avanço da “Oti- presença de agentes que capturam maior valor do que outros
mização”, pois, por ser mais abrangente, estabelece o equilíbrio ao longo da cadeia (Roberta de Castro Souza e João Amato
entre o ambiente interno e externo como preocupação, promo- Neto, 2005).15
vendo, assim, a melhoria constante do processo, independente
das alterações do ambiente externo.
O Processo de Gestão da Estratégia (PGE) enfatiza três 14. Obtido em http://www.sober.org.br/palestra/15/744.
elementos gerenciais, quais sejam: pdf
• O ciclo de gestão da operação: diz respeito ao planeja- 15. Obtido em ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/asp1-
mento, organização, liderança e avaliação das operações; 2-05.pdf
30
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A abordagem do planejamento estratégico e o desdobra- Este tipo de planejamento exige também maior atuação do
mento dos planos da organização incluem o desenvolvimento, a grupo gerencial e envolve cada tarefa/atividade; é direcionado
tradução e o desdobramento eficaz dos requisitos globais de de- a curto prazo; foca o imediato/presente; tem ação específica. É
sempenho (operacional e em relação aos clientes), provenientes a formalização das metodologias de desenvolvimento e implan-
da estratégia. Enfatizam, portanto, que a qualidade centrada no tação estabelecidas. Apresenta-se principalmente através de
cliente e a excelência do desempenho operacional são questões documentos escritos. São os planos de ação ou planos operacio-
estratégicas críticas que, obrigatoriamente, precisam ser partes nais, que correspondem a um conjunto de partes homogêneas
integrantes do planejamento da organização. do planejamento tático. Seu conteúdo abrange:
Deste modo, a melhoria e a aprendizagem devem fazer • Recursos necessários para desenvolvimento e implan-
parte das atividades diárias de todas as unidades de trabalho. tação
O papel fundamental do planejamento estratégico é direcionar • Procedimentos básicos a serem adotados
o trabalho cotidiano, alinhando-o com as diretrizes estratégicas • Produtos ou resultados finais esperados
da organização e assegurando, dessa forma, que a melhoria • Prazos estabelecidos
reforce as prioridades da organização. • Responsáveis pela sua execução e implantação
O Planejamento Tático são os objetivos de médio prazo. É o
planejamento dos subsistemas organizacionais. Organização
O plano que ocupa a categoria “Tático” tem como foco os
departamentos operacionais da empresa. Com base na visão, O Prof. Antonio C. A. Maximiano define organização como
objetivos e metas preestabelecidas pelo plano estratégico, os “um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de ob-
planos táticos tratam de estabelecer seus próprios objetivos e jetivo (ou conjunto de objetivos). Além de objetivos e recursos,
metas que, sendo cumpridos, colaborarão para o cumprimento as organizações têm dois outros componentes importantes:
dos objetivos e metas maiores (Marcos Dortes, 2009). processos de transformação e divisão do trabalho” (2010, p.3).
Este tipo de planejamento exige maior atuação do grupo Maximiano explica:
gerencial e envolve cada departamento; é direcionado a médio • Objetivos – o principal é fornecer alguma combinação
prazo; foca o mediato; tem Ação departamental. Tem por obje- de produtos e serviços, do qual decorrem outros objetivos, tais
tivo otimizar determinada área de resultado e não a empresa como satisfazer clientes, gerar lucros para sócios, gerar empre-
como um todo. Trabalha com decomposições dos objetivos, gos, promover bem-estar social etc.
estratégias e políticas fixadas no planejamento estratégico. De- • Recursos – as pessoas são o principal recurso tangível
senvolve-se em níveis organizacionais inferiores e busca a utili- das organizações; além dos recursos humanos são necessários
zação eficiente dos recursos disponíveis para a consecução de recursos materiais, recursos financeiros e recursos intangíveis
objetivos previamente estabelecidos, segundo uma estratégia (tempo, conhecimentos, tecnologias).
predeterminada. Visa às políticas orientativas para o processo • Processos de transformação – os processos viabilizam
decisório da empresa. Pode ser: mercadológico, financeiro, de o alcance dos resultados, pois são um conjunto ou sequência
recursos humanos, de produção, organizacional etc. de atividades interligadas com início, meio e fim, combinando
Enquanto o planejamento estratégico relaciona-se com os recursos para fornecer produtos ou serviços. É a estrutura
objetivos de longo prazo (institucionais) e com maneiras e ações de ação de um sistema, sendo os mais importantes: processo
para alcançá-los que afetam a empresa como um todo, o pla- de produção (transformação de matérias-primas) e processo de
nejamento tático relaciona-se a objetivos de mais curto prazo administração de recursos humanos (transformação de neces-
e com maneiras e ações que geralmente, afetam somente uma sidades de mão-de-obra em pessoas capacitadas e motivadas
parte da empresa. para atuarem na organização).
O Planejamento Operacional está relacionado com os • Divisão do trabalho – cada pessoa e cada grupo de
objetivos a curto prazo e com os níveis hierárquicos mais pessoas são especializadas em tarefas necessárias ao alcance
baixos da organização. Consiste nos planos de ação ou planos dos objetivos da organização, sendo que a especialização faz
operacionais, que formalizam o processo de planejamento. “É superar limitações individuais. A soma das especializações de
a formalização, principalmente através de documentos escritos, cada um produz sinergia, um resultado maior que o trabalho
das metodologias de desenvolvimento e implantação estabele- individual.
cidas” (OLIVEIRA, 2002). Para Robbins, Decenzo e Wolter (2012, p.127), organização
O plano que ocupa a categoria “Operacional” ou de “Ação” “é a ordenação e agrupamento de funções, alocação de recur-
nada mais é do que um desdobramento dos planos táticos que sos e atribuição de trabalho em um departamento para que as
contempla o detalhamento de ações, recursos, tempos, prazos, atividades possam ser realizadas conforme o planejado”.
enfim, todo o necessário ao cumprimento dos objetivos e metas Segundo Chiavenato (2009), a organização é um sistema de
estabelecidas nos planos táticos. Usualmente, são desenvolvi- atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pes-
dos por chefes de departamento, supervisores ou outros níveis soas, que cooperam entre si, comunicando-se e participando
próximos do escalão executivo(Marcos Dortes, 2009). em ações conjuntas a fim de alcançarem um objetivo comum.
Continua o autor em uma abordagem mais ampla:
31
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
As organizações são unidades sociais (ou agrupamentos hu- • Finanças – responsável pelo dinheiro da organização,
manos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de busca a proteção e a utilização eficaz dos recursos financeiros,
atingir objetivos específicos. Isso significa que as organizações inclusive a maximização do lucro quando se trata de empresas.
são construídas de maneira planejada e elaboradas para atingir Preocupa-se com a liquidez para saldar obrigações da organiza-
determinados objetivos. Elas também são reconstruídas, isto é, ção e abrange financiamento (busca de recursos financeiros),
reestruturadas e redefinidas, na medida em que os objetivos investimento (aplicação), controle do desempenho financeiro e
são atingidos ou que se descobrem meios melhores para atingi- destinação dos resultados.
-los com menor custo e menor esforço. Uma organização nunca • Recursos humanos – também chamada de gestão de
constitui uma unidade pronta e acabada, mas um organismo pessoas, busca encontrar, atrair e manter as pessoas de que a
social vivo e sujeito a constantes mudanças (CHIAVENATO, organização necessita, envolvendo atividades anteriores à con-
2009, p.12-13). tratação do funcionário e posteriores ao seu desligamento, tais
Uma organização é a coordenação de diferentes atividades como: planejamento de mão-de-obra, recrutamento e seleção,
de contribuintes individuais com a finalidade de efetuar transa- treinamento, avaliação de desempenho e remuneração etc.
ções planejadas com o ambiente. Esse conceito utiliza a noção • Pesquisa e Desenvolvimento – busca transformar
tradicional de divisão de trabalho ao se referir às diferentes as informações de marketing, as ideias originais e os avanços
atividades e à coordenação existente na organização e aos da ciência em produtos e serviços. Identifica e introduz novas
recursos humanos como participantes ativos dos destinos dessa tecnologias, bem como melhora os processos produtivos para
organização. redução de custos.
No que se refere à importância econômica e social, a or-
ganização permite o emprego dos fatores de produção (terra, Departamentalização
capital, trabalho, tecnologia etc.) para satisfazer necessidades
A departamentalização é uma forma de fracionar a estrutu-
humanas de modo racional e sustentável, uma vez que os bens
ra organizacional (divisões, seções, diretorias, departamentos,
são escassos e as necessidades são ilimitadas.
coordenações, serviços etc.), objetivando agrupar as atividades
Com a transformação de recursos em produtos e serviços,
que possuem uma mesma linha de ação, de forma a aumen-
a sociedade se beneficia com a geração de renda, empregos,
tar a eficiência, o controle, e descentralizar a autoridade e a
tributos, infra-estrutura, serviços públicos e o equilíbrio do responsabilidade. Representa a divisão do trabalho no sentido
mercado. horizontal, ou seja, em sua variedade de tarefas, uma vez que
Quanto aos tipos de organização, as organizações podem a divisão do trabalho no sentido vertical refere-se aos níveis de
ser públicas ou privadas; com fins econômicos (lucrativos) ou autoridade.
não. Como pessoas jurídicas, sua tipologia segue o Código Civil Surge diante da necessidade de se aumentar a perícia, a efi-
(Lei 10.406, de 2002): ciência e a melhor qualidade do trabalho em si, correspondendo
• Pessoas jurídicas de direito público interno – União, a uma especialização de atividade e de conhecimentos.
Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias (in- O grau de complexidade/diferenciação estrutural do núcleo
clusive as associações públicas) e demais entidades de caráter operacional está relacionado predominantemente aos seguin-
público criadas por lei (art. 41); tes fatores (definidores de critérios de departamentalização):
• Pessoas jurídicas de direito público externo – Estados a) diferenciação de produtos/serviços/áreas de resultado; b)
estrangeiros e todas as pessoas regidas pelo direito internacio- segmentos de beneficiários; c) regiões de atuação; d) temas ou
nal público (art. 42); questões relevantes (vínculos institucionais, assuntos sensíveis
• Pessoas jurídicas de direito privado – associações, que envolvem riscos, regulações governamentais etc.); etc.
sociedades, fundações, organizações religiosas e partidos (MARTINS, 2010).
políticos (art. 44). Destas, somente as sociedades possuem fins Idalberto Chiavenato, em sua obra Introdução à Teoria
econômicos. Geral da Administração, apresenta os seguintes tipos de depar-
Funções organizacionais são as tarefas especializadas que tamentalização:
ocorrem nos processos da organização, resultando em produtos 1. Por funções (ou funcional).
e serviços. De acordo com Maximiano, as funções mais impor- 2. Por produtos ou serviços.
tantes são: 3. Por localização geográfica.
• Operações – também chamada de produção, é a res- 4. Por clientes.
ponsável pelo fornecimento do produto ou serviço, por meio da 5. Por fases do processo.
transformação dos recursos. 6. Por projetos.
• Marketing – seu objetivo básico é estabelecer e man-
Departamentalização por Funções
ter a ligação entre a organização e seus clientes, consumidores,
Características: Agrupamento das atividades de acordo
usuários ou público-alvo, realizando atividades de desenvolvi-
com as funções principais da empresa.
mento de produtos, definição de preços, propaganda e vendas
etc. É uma função que ocorre tanto em organizações lucrativas Vantagens:
como naquelas que não visam lucro em suas operações. • Agrupa especialistas comuns em uma única chefia.
• Garante plena utilização das habilidades técnicas das
pessoas.
32
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
33
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
• Adapta a empresa aos projetos que ela pretende QUINN (1998) destaca que as grandes companhias inovado-
construir. ras tentam manter toda a organização horizontal e as equipes
• Unidades e grupos são destacados e concentrados de projetos pequenas, constituindo-se de seis a sete pessoas,
durante longo tempo. que segundo o autor, propiciam massa crítica de habilidades
• É uma departamentalização temporária por produto. e o máximo de comunicação e comprometimento entre os
membros.
Desvantagens: Grupos de pequenas equipes multidisciplinares reunidos
• O projeto tem vida planejada. É descontínuo. sem barreiras organizacionais ou físicas para o desenvolvimento
• Quando ele termina a empresa pode desligar pessoas de novos produtos, utilizados por grandes empresas, imita as
ou paralisar equipamentos. práticas das pequenas empresas, o que o autor se refere como
• Produz ansiedade e angústia nas pessoas pela sua “abordagem vale tudo”. Essa abordagem elimina as burocracias,
descontinuidade. permite comunicações rápidas e diretas para experiências e
incute um alto grau de identidade grupal e lealdade. Esse am-
Maximiano acrescenta a departamentalização por Áreas do biente é altamente interativo e inovador (PEREIRA, 2002).17
Conhecimento, ou seja, linhas de produto – comum em escolas,
laboratórios e institutos de pesquisa. Nessas organizações, os Delegação
departamentos são criados para realizar atividades especia-
lizadas nas diferentes áreas do conhecimento, por exemplo:
As delegações são frequentes no âmbito administrativo. O
contabilidade, economia, engenharia elétrica etc. “Este tipo
conceito de delegação é exposto por Hely Lopes Meirelles da
de organização promove a concentração de pessoas com as
seguinte forma:
mesmas competências e que normalmente têm interesses si-
Delegar é conferir a outrem atribuições que originariamen-
milares de estudo e ensino. Por isso, facilita o desenvolvimento
da competência técnica e a acumulação de conhecimentos” te competiam ao delegante. As delegações dentro do mesmo
(MAXIMIANO, 2010, p.155). Poder são, em princípio, admissíveis, desde que o delegado
Chiavenato, fazendo uma apreciação crítica da departa- esteja em condições de bem exercê-las. O que não se admite,
mentalização, destaca os seguintes pontos: a) constitui ainda no nosso sistema constitucional, é a delegação de atribuições de
hoje o critério básico de estruturação das empresas; b) apesar um Poder a outro, como também não se permite delegação de
de critérios mais recentes, não se descobriu ainda uma melhor atos de natureza política, como a do poder de tributar, a sanção
maneira de organizar empresas; c) mesmo a organização por e o veto de lei (MEIRELLES, 1998, p. 107).
equipes e o modelo adhocrático não conseguiram substituir Meirelles (1998) destaca as seguintes restrições à delega-
inteiramente os critérios de departamentalização; d) o depar- ção:
tamento (ou unidade organizacional) ainda prevalece apesar de • Como emanam do poder hierárquico, não podem ser
todo o progresso na teoria administrativa. recusadas pelo inferior, como também não podem ser subdele-
Pinheiro et al (2012) relatam que o Modelo Adhocrático (la- gadas sem expressa autorização do delegante.
tim ad hoc = para este fim) surgiu como resposta a um ambiente • A delegação de atribuição conferida pela lei especifica-
dinâmico e mutável, onde as organizações necessitam de mode- mente a determinado órgão ou agente.
los inovadores que rompam com padrões pré-estabelecidos. De “Delegáveis, portanto, são as atribuições genéricas, não
acordo com Mintzberg, o modelo Adhocrático propõe um siste- individualizadas nem fixadas como privativas de certo executor
ma gerencial baseado em projetos, ou seja, sistema provisório, (Meirelles, 1998, p.107).
variável e adaptável, no qual as equipes precisam ser enxutas Vale destacar a delegação de competência, que o Decre-
e multidisciplinares e ter um objetivo específico. Tal formato to-lei n. 200 de 1967 considera como princípio autônomo, mas
reduz burocracias, possibilitando maior troca de informações, Hely Lopes Meirelles entende ser uma forma de aplicação do
criando equipes coesas e comprometidas, nas quais os níveis princípio da descentralização.
hierárquicos tornam-se horizontalizados, pois cada projeto terá
um líder que possua as habilidades necessárias para cumprir os Centralização, descentralização e desconcentração
objetivos específicos de cada projeto (MINTZBERG, 2000).16 De acordo com o Manual de Orientação para Arranjo
No artigo “Bases Conceituais de um Modelo de Gestão para
Institucional de Órgãos e Entidades do Poder Executivo Federal
Organizações Baseadas no Conhecimento”, o Prof. Heitor José
(Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão-MP, 2008),
Pereira fala das vantagens do modelo adhocrático:
o princípio da descentralização de processos de trabalho deve
MINTZBERG (1998) cita que as formas organizacionais
ser aplicado para descongestionar o núcleo central de atuação
tradicionais não são capazes de introduzir “sofisticação inova-
dora”. O modelo adhocrático é o que melhor responde a essa do Estado.
necessidade. Numa adhocracia, os gerentes “raramente geren- Ana Patricia da Cunha Oliveira comenta no artigo Adminis-
ciam no sentido usual de dar ordens; em vez disso, passam boa tração Gerencial o processo de descentralização no Brasil:
parte do tempo agindo na forma de elemento de ligação, para
coordenar o trabalho lateralmente, entre as diversas equipes
que executam seu trabalho” (MINTZBERG, 1998, p. 239)
16. Obtido em http://www.ead.fea.usp.br/semead/12se- 17. Obtido em http://www.sincor-pr.org.br/arquivos_pdf/
mead/resultado/trabalhosPDF/925.pdf bases_ conceituais_para_um_modelo_de_gestao.pdf
34
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A Constituição de 1988, em seu artigo 175, até hoje não tituía o setor dinâmico da administração pública. Ela foi equipa-
alterado por emendas constitucionais, é categórica ao atribuir rada, para efeito de mecanismos de controle e procedimentos,
ao Poder Público, (União, dos Estados, dos Municípios ou do à administração direta. A aplicação de um regime jurídico único
Distrito Federal), conforme a repartição administrativa de (RJU) a todos os servidores públicos abruptamente transformou
competências plasmada nos artigos 21, 23, 25, 30 e 32 da Carta milhares de empregados celetistas em estatutários, gerando um
Política, que a prestação de serviços públicos, de ser realizada problema ainda não solucionado para a gestão da previdência
por meio de órgãos, agentes e pessoas jurídicas e sua organi- dos servidores públicos, pois assegurou aposentadorias com
zação encontra-se calcada em três situações fundamentais: salário integral para todos aqueles que foram incorporados
centralização, descentralização e desconcentração. compulsoriamente ao novo regime sem que nunca tivessem
[...] contribuído para esse sistema.
A existência da centralização e da descentralização, é o que Apesar do propalado retrocesso em termos gerenciais,
fundamenta a estrutura da Administração Pública, em Direta a Constituição de 1988 não deixou de produzir avanços signi-
(União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal) e Indireta ficativos, particularmente no que se refere à democratização
(Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de da esfera pública. Atendendo aos clamores de participação nas
Economia Mista), possuindo por excelência uma função execu- decisões públicas, foram institucionalizados mecanismos de
tiva de governo. democracia direta, favorecendo um maior controle social da
A descentralização administrativa acarreta a especialização gestão estatal, incentivou-se a descentralização político-admi-
na prestação do serviço descentralizado, o que é desejável em nistrativa e resgatou-se a importância da função de planejamen-
termos de técnica administrativa. Por esse motivo, já em 1967, to (OLIVEIRA, 2011).18
ao disciplinar a denominada – Reforma Administrativa Federal O Manual do MP esclarece que descentralizar processos
–, o Decreto-Lei nº 200, em seu artigo 6º, inciso III, elegeu organizacionais significa deslocar competências do núcleo
a – descentralização administrativa – como um dos princípios central da Administração Pública para uma outra pessoa jurí-
fundamentais da Administração Federal. dica. No Poder Executivo Federal, verifica-se a descentralização
Afirmativa de MELLO (2009), é que no processo de descen- administrativa por serviços, funcional ou técnica – que ocorre
tralização de atividades do Estado para o particular, aquele deve quando o Poder Público cria uma pessoa jurídica de direito
demonstrar a regularidade do instituto. “O Estado tanto pode público ou privado e a ela atribui a titularidade e a execução de
desenvolver por si mesmo as atividades administrativas que tem determinado serviço público. Dá-se por lei e corresponde às fi-
constitucionalmente a seu encargo, como pode prestá-las atra- guras das autarquias, fundações, sociedades de economia mista
vés de outros sujeitos.” Da mesma forma ensinava MEIRELLES e empresas públicas. Também pode ocorrer a descentralização
(2003): “Descentralizar, em sentido jurídico-administrativo, é por colaboração, que se verifica quando, por meio de contrato
atribuir a outrem poderes da Administração.” ou ato administrativo unilateral, se transfere a execução de de-
O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, foi o mais terminado serviço público a pessoa jurídica de direito privado,
sistemático e ambicioso empreendimento para a reforma da conservando o Poder Público a titularidade do serviço. No Poder
administração federal. Esse dispositivo legal era uma espécie Executivo Federal, podem ser mencionados como exemplos
de lei orgânica da administração pública, fixando princípios, desse tipo de descentralização de serviços as organizações
estabelecendo conceitos, balizando estruturas e determinando sociais, as OSCIPs19 e os serviços sociais autônomos.
providências. Apoiava-se numa doutrina consistente e definia Organizações com processos de alta complexidade ou alto
preceitos claros de organização e funcionamento da máquina nível de diferenciação tendem a dispor de estruturas com alto
administrativa, eis que prescrevia que a administração pública grau de descentralização ou de atomização. Essas estruturas
deveria se guiar pelos princípios do planejamento, da coorde- necessitam de mecanismos integradores, tais como comitês,
nação, da descentralização, da delegação de competência e do grupos ou forças-tarefa, equipes de projeto, gerentes integra-
controle; estabelecia a distinção entre a administração direta e dores etc., que garantam a sinergia entre os seus processos
a indireta, constituída pelos órgãos descentralizados; fixava a institucionais (MP, 2008).
estrutura do Poder Executivo federal, indicando os órgãos de as- O estabelecimento de cotas de provimento exclusivo para
sistência imediata do presidente da República e distribuindo os servidores de carreira favorece, ainda, o pacto federativo e a
ministérios entre os setores político, econômico, social, militar e política de descentralização da ação pública, ao permitir a mo-
de planejamento, além de apontar os órgãos essenciais comuns bilidade entre servidores dos órgãos da administração pública
aos diversos ministérios; desenhava os sistemas de atividades direta e das suas entidades vinculadas e entre servidores das
auxiliares (pessoal, orçamento, estatística, administração três esferas de Governo, para ocupação de cargos comissiona-
financeira, contabilidade e auditoria e serviços gerais); definia dos de direção e assessoramento superiores (MP, 2008).
as bases do controle externo e interno; indicava diretrizes gerais Paulo Adriano Cunha (2009) explica, em sua monografia
para um novo plano de classificação de cargos; e ainda, estatuía sobre a análise do modelo de organização do Comando Opera-
normas de aquisição e contratação de bens e serviços. cional dos bombeiros militares, que os termos “descentralização
Do ponto de vista da gestão pública, a Carta de 1988, no 18. II Ciclo de Debates Direito e Gestão Pública – Ano 2011;
anseio de reduzir as disparidades entre a administração central III Seminário Democracia, Direito e Gestão Pública, Edição Brasí-
e a descentralizada, acabou por eliminar a flexibilidade com que lia-DF, 24 e 25 de novembro de 2011.
contava a administração indireta que, apesar de casos de inefi- 19. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público,
ciência e abusos localizados em termos de remuneração, cons- criadas pela Lei Federal nº 9.790 de 1999.
35
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
e desconcentração têm sido tratados muitas vezes como sinôni- A desconcentração de processos públicos é realizada no
mos, causando um certo desconforto para muitos autores que Poder Executivo Federal por meio da criação das “unidades
consideram haver uma distinção formal entre essas acepções.” descentralizadas” que são órgãos de execução em nível local e,
Ambos os modelos (desconcentração e descentralização), portanto, compõem o Nível Técnico da organização. A descon-
enquanto técnicas de descongestionamento administrativo, centração de atribuições deve decorrer da análise dos sistemas
revelam processos distintos, havendo uma notória diferença de trabalho e das necessidades do sistema de liderança (MP,
nas consequências da implantação de um ou de outro. 2008).
[...]
A desconcentração não ameaça tanto as estruturas con- Estruturas organizacionais
solidadas, quanto a descentralização. Esta sim, em seu sentido O Professor Humberto Martins, da Universidade de Brasília,
real, significa uma alteração profunda na distribuição do poder. citando Donaldson (1999), esclarece que estrutura organiza-
Quando se pretende transformar um aparato políticoinstitucio- cional é “o conjunto recorrente de relacionamentos entre os
nal consolidado em bases centralizadoras, em uma estrutura membros da organização [....] o que inclui (sem se restringir a
descentralizada, dever-se-á mexer em núcleos de poder bastan- isto) os relacionamentos de autoridade e de subordinação como
te fortes. (LOBO, 1989). representados no organograma, os comportamentos requeri-
Quanto ao significado de desconcentração Brooke (1989, dos pelos regulamentos da organização e os padrões adotados
p.28) diz que ela é: na tomada de decisão, como descentralização, padrões de
Mais o remanejamento de determinadas atividades do que comunicação e outros padrões de comportamento. [...]
uma descentralização propriamente dita. Para que haja uma Martins acrescenta que um desenho estrutural apresenta
desconcentração de um nível governamental para outro, ou 5 blocos lógicos, cada um deles requerendo uma modelagem
mais comumente, para um órgão local expressamente criado específica e uma “montagem final”:
para esta finalidade, deve haver uma relação hierárquica entre a) cúpula, onde se inclui a estrutura de governança cor-
eles, permitindo que o ônus dos encargos remanejados seja porativa (as instâncias máximas deliberativas que controlam a
assumido sem a parcela de poder de decisão que as acompanha. organização);
Mello (1968, p.27) acrescenta que “[...] a desconcentração b) núcleo operacional, o espaço onde os processos de tra-
pode ser entendida como o fenômeno da distribuição dentro de balho finalísticos operam para produzir os resultados definidos
uma hierarquia administrativa.” pela estratégia;
Ao desconcentrar suas atividades, a organização buro- c) suporte administrativo, onde se situam os processos de
crática visa descongestionar sua administração, mantendo o gestão de insumos (recursos humanos, financeiros, logísticos,
vínculo hierárquico para que os subalternos fiquem adstritos a materiais etc) que serão aplicados nos processos finalísticos;
um dever legal de obediência. d) suporte técnico-corporativo, onde se incluem os pro-
No processo de desconcentração não se verifica de maneira cessos de definição de requisitos técnicos, desenvolvimento
preocupante a desestabilização das estruturas da organização de produtos, planejamento corporativo e desenvolvimento
uma vez que não implica em uma alteração mais importante da institucional; e
distribuição do poder. e) linha intermediária, a estrutura de coordenação que
O termo desconcentração pode ser compreendido então deve proporcionar integração horizontal (entre os processos
como a relação de competências sendo distribuídas no âmbito finalísticos e entreestes e os de suporte) e vertical (entre o nível
da organização, mantendo-se o vínculo da hierarquia adminis- operacional, finalístico e de suporte, e a cúpula.
trativa.
A desconcentração é a simples distribuição de funções
a órgãos que continuam ligados ao poder central do qual são
somente delegados (CUNHA, 2009).
O Manual do MP ensina que o princípio da desconcentra-
ção aplica-se na organização de sistemas de trabalho que têm
atuação local.
A desconcentração de processos de trabalho é um me-
canismo utilizado para organizar o Nível Técnico dos órgãos e
entidades com atuação direta junto ao cidadão ou a instituições
do mercado e da sociedade civil organizada, como é o caso do
Ministério do Trabalho; da Receita Federal do Brasil do Ministé-
rio da Fazenda, do Instituto Nacional do Seguro Social, dentre
outros.
Desconcentrar significa distribuir competências entre as
unidades administrativas do próprio órgão ou entidade, ou seja,
dentro da mesma pessoa jurídica, com o objetivo de descon-
gestionar ou desconcentrar atividades do centro e permitir seu
mais adequado e racional desempenho, próximo do usuário Figura – Níveis hierárquicos
final da atividade, seja ele o cidadão ou outras organizações Fonte: Idalberto Chiavenato, Introdução à Teoria Geral
públicas, privadas ou da sociedade civil organizada. da Administração
36
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Conforme explica Duarte (2011), estrutura organizacional é ESTRUTURA HORIZONTAL: SONHO OU REALIDADE?
a maneira pela qual as atividades da organização são divididas,
organizadas e coordenadas. Constitui a arquitetura ou formato Hierarquia faz parte do mundo corporativo e a falta dela
organizacional que assegura a divisão e coordenação das ativi- afeta diretamente a rotina de trabalho. Porém, muitas empre-
dades dos membros da organização. Nesse sentido, a estrutura sas têm apostado em um novo formato de RH, diferente do
organizacional costuma apresentar uma natureza predominan- convencional, que segue um organograma vertical. Ao contrário
temente estática. deste, baseado em uma hierarquia larga, com vários diretores,
A estrutura organizacional é o resultado das decisões sobre gerentes e subgerentes, a estrutura horizontal busca simplificar
a divisão do trabalho e sobre a atribuição de autoridade e de as relações internas, diminuindo as barreiras entre a alta direção
responsabilidades a pessoas e unidades de trabalho. É também e o restante da equipe.
o mecanismo de coordenação das pessoas e unidades de tra- A grande dúvida que paira entre os gestores é se realmente
balho. A estrutura organizacional é representada pelo gráfico as empresas estão preparadas para esse novo modelo, que
chamado organograma (MAXIMIANO, 2010, p.141). garante mais liberdade aos colaboradores.
Um dos principais diferenciais de uma empresa horizontal é
o fato de as relações hierárquicas serem mais amenas, ou seja,
o cargo mais baixo na hierarquia não está numa posição abaixo
dos outros (o que pode ser avaliado como menos importante),
mas sim ao lado dos demais. Essa eliminação de camadas
intermediárias de gerência aproxima o principal executivo dos
subordinados.
Além disso, várias pessoas passam a responder para um
único representante – normalmente o presidente ou o country
manager. A estrutura horizontal mescla a centralização e a des-
centralização de suas operações, pois as decisões deixam de vir
de cima e passam a ser delegadas. Por um lado, temos o diretor
executivo conectado diretamente com os níveis mais baixos na
organização, em uma forma de centralização, mas, por outro, a
Figura – Os fatores envolvidos no desenho organizacional. autoridade para tomada de decisões está sendo delegada para
Fonte: CHIAVENATO, 2004. os níveis mais baixos, descentralizando.
O trabalho em uma empresa com RH horizontal é um
A estrutura organizacional pode ser definida como: desafio diário, pois o perfil de profissional indicado para atuar
a) O conjunto de tarefas formais atribuídas às unidades nessas companhias precisa acumular características de líder e
organizacionais – divisões ou departamentos – e às pessoas. gerente, ter foco, clareza e entender que o negócio tem que
b) As relações de subordinação, incluindo linhas de au- gerar resultado sempre. Paralelamente, a estrutura tem que ser
toridade, responsabilidade pelas decisões, número de níveis leve e deve dar feedback aos colaboradores em tempo real.
hierárquicos e amplitude do controle administrativo. A grande verdade é que não existe estrutura melhor ou
c) As comunicações para assegurar coordenação eficaz pior. Tudo depende do perfil da empresa e, principalmente,
entre órgãos e pessoas ao longo das unidades organizacionais. dos seus executivos, do quanto eles estão maduros para lidar
A tarefa básica da organização, enquanto função adminis- com a abertura dada aos funcionários para a troca de ideias e
trativa, é estabelecer a estrutura organizacional. Existem dois contribuições. Em uma empresa horizontal, todos são líderes e
caminhos para se abordar a estrutura organizacional: a especia- se sentem à vontade para expor suas vontades e projetos.
lização vertical e a especialização horizontal. Antes de optar por essa forma de trabalho, a companhia
ESTRUTURA VERTICAL precisa ser minuciosamente analisada quanto ao seu negócio,
Refere-se ao aparato que envolve três fatores principais: a perfil de produto, público, etc. A tendência é que, naturalmen-
hierarquia administrativa, a amplitude e o grau de centralização te, as empresas com RH mais avançados se tornem horizontais,
ou descentralização do processo de tomada de decisões da pois essa forma de trabalho encurta as distâncias, reduz as ope-
organização. Esses três fatores são estreitamente relacionados rações burocráticas e aumenta a velocidade das informações e
entre si. Se uma organização adiciona mais um nível administra- tomada de decisões. Quanto maior o nível hierárquico dentro
tivo, sua amplitude de controle fica mais estreita, a estrutura de uma empresa, mais lentamente as decisões são tomadas e as
administrativa mais elevada e o grau de centralização/descen- situações resolvidas, pois sempre precisam passar por consultas
tralização é afetado. Se ela reduz um nível administrativo, sua e avaliação de vários executivos que têm suas agendas cheias
amplitude de controle fica mais larga, sua estrutura administra- de compromissos.
tiva mais achatada e o grau de centralização/descentralização O organograma horizontal para as empresas, portanto, está
também é afetado. São três fatores interligados que precisam entre as principais tendências do mundo corporativo. Sua estru-
ser considerados de maneira interdependente (DUARTE, 2011). tura se destaca porque toda sua organização se dá em torno dos
Sobre a estrutura horizontal, que busca simplificar as processos e do gerenciamento dos projetos em equipe, gerando
relações internas e é bastante diferente do tradicional modelo recompensa e estímulo.
verticalizado de organização, vale apreciar os comentários de
Marcos Perez (2011), presidente da Digisystem:
37
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Essa forma de trabalho proporciona mais satisfação dos en- O estruturalismo ampliou o estudo das interações entre os
volvidos e, nesse cenário, todos podem contribuir diretamente grupos sociais para as interações entre as organizações sociais,
para o crescimento da companhia onde atuam (PEREZ, 2011).20 que passaram a interagir entre si mesmas (CARVALHO, 2008).
De acordo com o Guia de Modelagem de Estruturas Organi- Segundo Chiavenato (2003), o foco é o homem organizacio-
zacionais elaborado pelo governo paulista21, a definição do novo nal, que desempenha diferentes papéis em várias organizações
modelo de gestão e da nova estrutura organizacional devem e que, para ser bem sucedido, necessita possuir as seguintes
abordar, necessariamente: características:
• o diagnóstico do modelo de gestão vigente e da estru- • Flexibilidade – para enfrentar as mudanças bruscas e
tura a ele associada; a diversidade de papéis/ funções bem como novos relaciona-
• as razões que levaram à escolha da alternativa propos- mentos.
ta de (re)modelagem organizacional; • Tolerância emocional – por causa do desgaste do en-
• uma análise das vantagens e dificuldades previstas na frentamento dos conflitos gerados por necessidades individuais
implementação da alternativa escolhida (destacando aquelas
e organizacionais.
relacionadas ao critério de departamentalização, ao modelo de
• Capacidade de adiar as recompensas – compensar o
centralização ou descentralização, à comunicação interna e ao
trabalho rotineiro em detrimento de preferências e vocações
alinhamento entre os macroprocessos);
pessoais.
• a definição do papel de cada gestor nas decisões
organizacionais; • Permanente desejo de realização – garantir a confor-
• a definição das principais competências das unidades midade das normas que controlam e asseguram o acesso às
e dos cargos da nova estrutura; e posições de carreira dentro da organização.
• os ganhos esperados com a mudança (não só de natu- Os principais autores e expoentes da Teoria Estruturalista
reza financeira, mas também operacional e estratégica). são: James D. Thompson; Victor A. Thompson; Amitai Etzioni;
Uma definição possível de estrutura organizacional é: “o Peter M. Blau; David Sills; Burston Clarke e Jean Viet. Os autores
conjunto recorrente de relacionamentos entre os membros da da Teoria da Burocracia, também são considerados estruturalis-
organização [...], o que inclui (sem se restringir a isto) os rela- tas – Weber, Merton, Selznick e Gourdner.
cionamentos de autoridade e de subordinação como represen-
tados no organograma, os comportamentos requeridos pelos Modelos de organização
regulamentos da organização e os padrões adotados na tomada A análise das organizações do ponto de vista estruturalista
de decisão, como descentralização, padrões de comunicação e é feita a partir de uma abordagem múltipla e envolve:
outros padrões de comportamento” (Donaldson, 1999 : 105). • Organização formal e informal – como ponto de
Embora obedeçam a múltiplos determinantes, as estru- equilíbrio entre os clássicos mecanicistas (formais) e sócio-hu-
turas organizacionais são um ingrediente essencial da própria manistas (informais).
arquitetura organizacional – o conjunto de princípios e padrões • Recompensas materiais e sociais – significa o uso de
que orientam como as atividades devem se organizar para recompensas salariais e sociais e tudo que possa ser incluído nos
implementar uma estratégia. símbolos de posição/status.
Com efeito, distintos determinantes da estrutura organiza- • Os diferentes enfoques da organização – as organiza-
cional (e, consequentemente, distintas concepções de modela- ções segundo duas diferentes concepções: modelo racional e
gem organizacional) têm sido tratados de forma diferenciada modelo do sistema natural.
por todo o pensamento gerencial. • Os níveis da organização – as organizações caracteri-
É o campo da Teoria Estruturalista, que tem como objetivo zam-se por uma hierarquia de autoridade, pela diferenciação
principal o estudo das organizações, fundamentalmente na de poder e desdobram-se em três níveis: institucional (mais
estrutura interna e na interação com outras organizações, que
elevado), gerencial (intermediário) e técnico ou operacional
são as unidades sociais e são concebidas para cumprir e atingir
(mais baixo).
objetivos específicos, mantendo relações estáveis a fim de viabi-
• A diversidade de organizações – ampliação do campo
lizar o conjunto de metas propostas.[...] A análise é feita dentro
da análise das organizações com a finalidade de expandir a
de uma abordagem global e com a dualidade que sua origem
compreende; a organização que pode ser formal e informal e classificação que existia nas teorias anteriores.
abrange os mais diversos tipos de organizações, com o sistema • Análise interorganizacional – a análise interorganiza-
de recompensa e sanções, materiais e sociais, centradas no cional tornou-se significativa a partir da crescente complexidade
comportamento organizacional [...] O sistema social é intencio- ambiental e da interdependência das organizações.
nalmente construído e reconstruído porque as organizações são O Professor Renato Curto Júnior (2011) define que a orga-
sistemas em constante mutação e a concepção é de homem or- nização informal é o resultado da interação social entre seus
ganizacional que vive dentro das organizações, onde os conflitos membros com o objetivo de atender a suas necessidades. Estas
são inevitáveis. são encontradas em todos os níveis da sociedade.
No Modelo de organização informal, a sua liderança é uma
20. Obtido em http://www.abrhnacional.org.br/compo-
concessão do grupo, apresenta uma autoridade mais instável,
nent/content/article/121-estrutura-horizontal-sonho-ou-reali-
dade-.html pois está sujeita aos sentimentos pessoais dos seus membros.
21. Obtido em <www.gestaopublica.sp.gov.br/conteudo/ As organizações informais podem existir como entidades inde-
guia/Guia_Modelagem.pdf>. Acesso em 31 jul 2012. pendentes.
38
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Os líderes dos grupos informais surgem por várias causas, No texto de Lima e Albano (2002), estes autores concluem
como por exemplo: que muitas vezes tenta-se encontrar soluções mágicas para uma
• Idade; melhor administração das organizações, mas na verdade não há.
• Competência; Todas as propostas de gestão devem estar embasadas em um
• Localização de trabalho; conhecimento e compreensão mais profundos da organização
• Conhecimento; a intervir.
• Personalidade; Deve ficar claro que quando se fala em organizações, as mu-
• Comunicação; danças significativas não ocorreram a curto prazo. Isto acontece
• Dentre várias outras situações. devido à dificuldade natural de não só mudar a cultura vigente
Algumas vezes, a estrutura informal se torna uma força como conseguir administrar as forças e influências externas
negativa dentro da empresa, porém se a administração conse- à organização. Portanto, refletir sobre clima e cultura organi-
guir conciliar e/ou integrar os grupos formais com os informais zacional significa rever vários fatores internos e externos que
haverá uma harmonização nas tarefas, e se torna uma condição influenciam diretamente no desenvolvimento das organizações.
favorável de rendimento e produção (CURTO JÚNIOR, 2011). E, por isso, volta-se a afirmar que é inviável adotar um modelo
de gestão, medidas em relação às políticas de recursos humanos
Vantagens Desvantagens ou promover qualquer mudança organizacional se os gestores
não tiverem conhecimento de que todo o investimento pode
• Rapidez no processo; • Desconhecimento ser em vão se essa premissa não for considerada. Não há como
• Redução de comunicação de chefia;
negar que a investigação da cultura e do clima organizacional é
entre chefe e empregado; • Dificuldade de controle; tarefa árdua e os profissionais da área devem fazê-lo com muita
• Motiva e integra os • Atrito entre pessoas. seriedade, coerência, prudência e bom senso, através de uma
grupos de trabalho. metodologia adequada à realidade para, com isso, evitar erros e
descrédito das novas propostas. Portanto, justifica-se novamen-
Figura – Vantagens e desvantagens da organização te a impossibilidade de se adotar um modelo de gestão pronto,
informal como esses “pacotes” importados, sem considerar a complexi-
Fonte: Renato Curto Júnior, 2011 dade das organizações e o contexto sócio-político-econômico e
cultural em que elas estão inseridas.
A Profa. Ana Flávia de Moraes Moraes (2013) alinha vários
aspectos das organizações informais: Entretanto, não há definição de estrutura organizacional
Os grupos informais não têm chefes, mas é possível que te- que circunscreva firmemente seu objeto a priori; mas cada
nham líderes. Resultam da interação espontânea dos membros [abordagem teórica] focaliza vários aspectos diferentes da
da organização. estrutura organizacional, sem pretender que seu foco esgote
O grupo informal tem sua origem na necessidade do indiví- as questões” (Donaldson, 1999: 105). O Professor Humberto
duo de conviver com os demais seres humanos. Martins destaca ainda que distintos determinantes da estrutura
Não existe organização formal sem sua informal contrapar- organizacional (e, consequentemente, distintas concepções de
tida. modelagem organizacional) são tratados de forma diferenciada
Existem padrões de relações encontrados na empresa mas ao longo do pensamento gerencial, podendo-se perceber cinco
que não aparecem no organograma. principais enfoques:
Encontramos amizades, indivíduos que se identificam com
outros, grupos que se afastam de outros e uma variedade de 1) Clássico – a modelagem da estrutura deve obedecer a
relações no trabalho ou fora dele e que constituem o chamado aplicação de princípios universalmente válidos, dentre os quais
grupo informal. Esse grupo se desenvolve a partir da interação destacam-se os seguintes: divisão do trabalho, autoridade, dis-
imposta e determinada pela organização formal. ciplina, unidade de comando, unidade de direção, amplitude de
comando, especialização, diferenciação, amplitude de controle,
CARACTERÍSTICAS DO GRUPO INFORMAL homogeneidade, delegação e responsabilidade. Este enfoque
• Relação de coesão ou antagonismo; está amparado nas formulações de Fayol (1916), Gulick (1937),
• Colaboração espontânea; Urwick (1937), Mooney (1937) e Graicunas (1937). Segundo esta
• A possibilidade de oposição à organização formal; concepção, estruturas são arranjos racionais (deliberadamente
• A organização informal transcende a organização concebidos para promover resultados pré-estabelecidos),
formal. ordenados segundo padrões “científicos” (mediante a aplicação
invariável de princípios universais de modelagem), altamente
ORIGENS DO GRUPO INFORMAL formalizados (implantados e controlados segundo regras
• Interesses comuns; formais) e relativamente estáveis (estabelecidos em bases
• A interação provocada pela própria organização for- fixas ou rígidas para durar, sendo a mudança considerada uma
mal; perturbação da ordem).
• A flutuação do pessoal dentro da empresa;
• Os períodos de lazer (os chamados “tempos livres”).
39
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
2) Contingencial – a funcionalidade dos desenhos estrutu- (que, em abstrato, prescindiria de estruturas organizacionais)
rais está correlacionada à variáveis tais como porte e dinâmica para denunciar o caráter estruturalmente ineficiente das
ambiental (covariação estrutural). Este enfoque se estabeleceu estruturas (um custo de transação a ser adicionado aos custos
a partir das formulações de Burns & Stalker (1961), Woodward de produção), tornando-as, na melhor das hipóteses, segundas
(1965), Lawrence & Lorsh (1967), Pugh et al (1968), Perrow melhores (second best) escolhas racionais (Gibbons, 1999). A
(1967), Thompson (1967), Trist (1981) e Chandler (1962). A teoria da agencia destaca a insuficiência e a inconfiabilidade
dinâmica ambiental está relacionada a fatores contingenciais das estruturas, uma vez que as relações definidas estão sempre
externos e/ou internos de mercado e tecnologia (competição, sujeitas a diversos problemas (de agência) tais como seleção
novos produtos e inovação), que impõem um determinado adversa (baixo padrão produtivo), risco moral (auto-orientação)
grau de incerteza da tarefa e, por sua vez, determinam arranjos e assimetria de informações etc. Daí, a necessidade de se es-
mais ou menos descentralizados e/ou flexíveis. Nesse sentido, tabelecerem arranjos contratuais mediante incentivos. (Arrow,
a proposição central da teoria da contingência estrutural é de 1991; Alchian & Demsetz, 1972, e Ross, 1973)
que o desempenho organizacional depende de uma lógica de 5) Novo contingencialismo (Morgan, 1997) – uma expansão
contínuo ajustamento estrutural (ou structural adaptation to (incorporando variáveis do ambiente institucional e do imagi-
regain fit – SARFIT). Segundo esta concepção, estruturas são nário organizacional) dinamizada (incorporando elementos da
arranjos altamente específicos (cada configuração representa teoria avançada de sistemas) do enfoque contingencial. Por
uma posição peculiar de ajustamento ao longo do tempo) e um lado, este enfoque, menos “racional” e normativo que o
dinâmicos, sujeitos a contínuos e deliberados ajustamentos em contingencialismo original, busca investigar a correlação entre
razão da dinâmica ambiental (determinismo ambiental). estruturas e ambientes institucionais, valores, estruturas de
3) Institucionalismo sociológico, que considera que as dominação e elementos do imaginário (tais como estruturas de
personalidade e mitos organizacionais). A exemplo do enfoque
organizações estão sujeitas a elementos simbólicos, sociais e
institucional, as estruturas aparecem como arranjos cuja defi-
culturais do seu macro-ambiente institucional (o conjunto de
nição sujeita-se a fatores culturais e intrapsíquicos. Por outro
regras sedimentadas que a circunda e penetra) em relação aos
lado, o novo contingencialismo baseia-se numa visão sistêmica
quais a adaptação é muito mais um processo de legitimação que
avançada (valendo-se de elementos da denominada “teoria do
de promoção do desempenho. Neste enfoque, destacam-se as
caos”, paradigma da complexidade e sistemas dinâmicos) que in-
proposições de Powell & DiMaggio (1991), Meyer & Rowan
corpora dois elementos essenciais: complexidade e autopoiese.
(1991) e Pfeffer & Salancik (1998), que argumentam, respec-
A complexidade está relacionada a altas doses de incerteza, am-
tivamente, que o desenho da estrutura é altamente sujeito a
biguidade, pluralidade e interconexão de eventos em ambientes
mimetismo e conformação a padrões consagrados (isomor-
externo e interno hiperdinâmicos (Morgan, 1997; Beinhocker,
fismo institucional), que a estrutura formal pode de descolar 1997), impondo às estruturas formas e lógicas fluídas e virtuais
(loose-coupling) do conjunto de práticas e relacionamentos e padrões orgânicos de organização (rede, estruturas celulares,
sedimentados e se tornar uma fachada de conformidade, e que holográficas etc.). A noção de autopoiese está relacionada a um
a adoção de determinadas concepções estruturais pode estar padrão autoreferenciado e circular de organização (estruturas
relacionada à dependência da organização por recursos num auto-produtivas, auto-organizadas e auto-mantidas) (Luhmann,
contexto que impõe requisitos para acessa-los. Segundo esta 1990; 1995), a partir de interações internas que se constituem
concepção, estruturas não são arranjos tão “racionais” (ou ao relações suficientes para a reprodução e renovação organi-
menos, a racionalidade das escolhas das opções estruturais é zacional (por meio das quais o ambiente, que não se define a
altamente limitada), possuem uma função simbólica (sinalizar, priori, é “criado” pela organização, refletindo muito mais o que
aparentar e fazer sentido para os integrantes) e sua dinâmica a organização é) (Morgan, 1997; Dissanayake, 2004). O novo
está relacionada a processos institucionais (de dependência, contingencialismo não valida nem invalida incondicionalmente
identidade, pertencimento e legitimação). a perspectiva funcionalista do ajustamento estrutural, conside-
4) (neo) institucionalismo econômico – põe-se em relevo, rando-o limitado por fatores institucionais, pela complexidade
numa perspectiva normativa, a eficiência das estruturas, defini- ambiental e pela natureza autopoiética (em alguma extensão
das em sentido análogo às instituições como conjunto de regras aplicável a qualquer organização), mas baseia-se numa visão
e incentivos que buscam guiar o comportamento de distintos mais eclética e abrangente segundo a qual as estruturas são
atores (dotados de interesses não necessariamente conver- complexas e instáveis definições que atendem a condicionantes
gentes) para a produção de resultados. Destacam-se, nessa tanto externos quanto internos (e, por conseguinte, qualquer
abordagem, três perspectivas: escolha racional (institutional definição ótima de arranjo estrutural deveria levá-los explicita-
rational choice), teoria da firma (e custos de transação) e teoria mente em conta).
da agência. A abordagem da escolha racional destaca a relação O Guia de Modelagem de Estruturas Organizacionais ofere-
entre estruturas e resultados em pelo menos dois sentidos: re- ce elementos importantes para entendimento da estruturação
sultados são produtos de estruturas e a estrutura mais eficiente organizacional no setor público, inspirado nas bases administra-
é a que promove os melhores resultados com menos recursos tivas das organizações privadas:
– o que só pode ser identificado de forma comparativa. (Os- A questão central da arquitetura organizacional é orien-
trom, Gardner & Walker, 1994). A teoria da firma (Coase, 1937; tar-se para os resultados da organização, servindo de ponte
Williamson (1963, 1985 e 1986) parte de uma comparação entre entre a estratégia e os processos que a implementam. Nesse
a eficiência de formas organizacionais e a eficiência do mercado sentido, é fundamental atender ao princípio da congruência
40
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
(Nadler & Tushman, 1997), segundo o qual quanto maior for o • o estabelecimento das relações (a plotagem dos nós)
grau de congruência ou alinhamento dos vários componentes entre as unidades programáticas de resultado (os programas
da arquitetura organizacional, maior será o desempenho da do PPA) e as respectivas plataformas implementadoras (as
organização. organizações);
Em linha com esta função-ponte (entre estratégia e platafor- • a elaboração da arquitetura organizacional dos progra-
ma implementadora) da arquitetura organizacional propõe-se mas, ou o modelo de gestão das redes de governança, formadas
uma metodologia de definição da estrutura organizacional. Esta pelos nós das respectivas organizações implementadoras; e,
metodologia busca, em última análise, integrar o planejamento finalmente,
(a agenda estratégica dos governos, usualmente expressa em • a elaboração da arquitetura organizacional, propria-
programas) e a gestão (a arquitetura organizacional ou as estru- mente dita, das organizações implementadoras dos programas,
turas implementadoras), a partir da definição de uma matriz de a partir (1) do alinhamento de suas agendas, de modo a incor-
programas e organizações. Essa definição é necessária porque porar as contribuições dadas para a promoção dos resultados
programas não são auto-executáveis nem organizações são dos programas a que estão submetidas, e (2) do traçado de uma
auto-orientadas para resultados. estrutura condizente com a promoção dos resultados visados.
A metodologia matricial busca, nesse sentido, equacionar A rede obtida resulta na sobreposição (integradora) de dois
uma questão crítica da gestão pública contemporânea (e dos tipos de arquitetura: (1) uma delas orgânica, fluida, virtual, em
modelos de gestão por programas, em particular), que é a rede, vinculada aos programas (elementos da estratégia); e (2) a
seguinte: como assegurar que o desenho das estruturas organi- outra mais concreta, uma vez que “fixamente associada” a uma
zacionais seja congruente com a agenda prioritária de governo, dada organização.
expressa nos programas? Com efeito, nenhuma das duas arquiteturas é capaz de
Para que isso ocorra, é necessário que se estabeleça um gerar per se o necessário alinhamento para que os resultados
alinhamento entre programas e organizações (não apenas as programados aconteçam.
organizações da estrutura do governo, mas também outras, tais
como: entes federativos, organizações não-governamentais, or-
ganismos internacionais, parcerias público-privada etc.). O que
se pretende com isso é verificar a convergência (ou não) entre
as agendas de governo (expressa nos programas prioritários) e
as das organizações implementadoras – que normalmente pos-
suem agenda própria. Embora os resultados estejam previstos
nos programas, é na arquitetura organizacional que eles se re-
alizam, pois é nela que estão alocados os recursos e a estrutura
de poder. Daí por que é preciso construir dois alinhamentos: um
horizontal (alinhar os pontos de implementação das distintas
organizações no âmbito de cada programa, definindo-se arran-
jos específicos de coordenação); e um vertical (alinhar as orga-
nizações com os resultados dos programas que as perpassam).
A figura a seguir ilustra este alinhamento matricial.
41
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
42
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
43
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Controle
44
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
• Comparação e ação corretiva – na etapa final do Os aspectos humanos do processo de controle, segundo
processo de controle, a informação sobre o desempenho real Maximiano (2010), são:
é comparada com os objetivos ou padrões, resultando em me- • Tipos de controle sobre as pessoas – para que as
didas de correção ou de reforço da atividade ou desempenho. pessoas comportem-se de acordo com padrões definidos por
• Recomeço do ciclo de planejamento – tomada de outras pessoas, existem os seguintes tipos: controle formal
decisões sobre novos objetivos e novos padrões de controle; (utilização da autoridade formal para induzir ou inibir algum
o controle complementa o planejamento e vice-versa, pois é comportamento), controle social (aceitação das crenças, valores
comum o planejamento depender muito mais de informações e normas sociais de um grupo = conformidade social), controle
de controle do que de projeções ou previsões sobre o futuro, técnico (exercido por sistemas e não por pessoas, como ocorre
segundo Maximiano. com o relógio de ponto, a velocidade das máquinas, o orçamen-
O processo de controle envolve todos os aspectos de uma to disponível).
organização, abrangendo seus três níveis hierárquicos princi- • Resistência ao controle – para combater o sentimento
pais: de perda da liberdade e serem eficazes, os sistemas de controle
• Controle estratégico – complementa o planejamento devem: ter legitimidade (reconhecidos como necessários); ser
estratégico (sua definição e redefinição), monitorando: grau participativos (promover a participação das pessoas na defini-
de realização das missões, estratégias e objetivos estratégicos, ção e avaliação de seu próprio desempenho); ser flexíveis (para
a adequação dos mesmos às ameaças e oportunidades do possibilitar o erro).
ambiente; concorrência e outros fatores externos; eficiência e • Avaliação do desempenho – todo sistema de controle
outros fatores internos. deve dar feed-back aos integrantes da equipe do gerente, infor-
• Controles administrativos – produzem informações mando-os qual é seu desempenho, para reforçá-lo (feed-back
especializadas e possibilitam a tomada de decisão em cada uma positivo) ou inibi-lo (feed-back negativo). As características do
das áreas operacionais: produção, marketing, finanças, recursos feed-back eficaz são: rapidez (o intervalo entre a observação
humanos etc. do desempenho do desempenho e a aplicação do reforço ou
• Controle operacional – focaliza as atividades e o correção deve ser o menor possível, sob pena de esquecimento
consumo de recursos em qualquer nível da organização, nota- e ineficácia); descrição em lugar de julgamento (quando se trata
damente por meio de cronogramas, diagramas de precedência de ações corretivas, ao invés de julgar os atos ou motivos do
e orçamentos. avaliado, o avaliador descreve as expectativas ou objetivos, o
É preciso eficácia na definição dos procedimentos e das desempenho observado que deve ser feito para igualar os dois);
ferramentas para produção, processamento e apresentação administração de recompensas (os princípios do behaviorismo
das informações necessárias ao desempenho do sistema de mostram que recompensas incentivam o bom desempenho e
controle. Maximiano (2010) destaca as principais características são mais eficazes que as punições, que apenas suprimem tem-
de um sistema de controle eficaz: porariamente o comportamento indesejado).
• Foco nos pontos estratégicos – são aqueles em que há • Autocontrole – o compromisso e a disciplina interior
maior probabilidade de ocorrência de algum desvio em relação é o melhor substituto para a obediência ditada pelos controles,
aos resultados esperados; os desvios provocariam os maiores o que faz o autocontrole substituir os sistemas formais e ser
problemas; as atividades, operações ou processos são críticos uma das ferramentas da autogestão. Maximiano ressalta que
para o desempenho da organização. Podem ser detectados nas criar uma cultura orientada para o compromisso e a disciplina
atividades de transformação ou nos elementos mais significati- interior é um dos principais desafios da moderna administração.
vos de determinada operação.
• Precisão – informação precisa para permitir a decisão Avaliação e feed-back
adequada, caso contrário será difícil ou impossível decidir. A Avaliação de Desempenho é um processo que tem como
• Rapidez – o encaminhamento rápido da informação objetivo conseguir que os membros da equipe de trabalho
permite que a ação corretiva ou de reforço possa ser posta em orientem seus esforços no sentido dos objetivos da organização.
prática a tempo de produzir os efeitos esperados. A demora Os gestores utilizando de instrumento específico identificam
poderá gerar uma decisão tardia. habilidades e competências dos funcionários que precisam ser
• Objetividade – informações claras sobre o desempe- mantidas e as que necessitam ser desenvolvidas. A avaliação de
nho e indicação qual o desvio em relação ao objetivo. desempenho é parte atuante da estratégia gerencial e orientam
• Economia – o sistema de controle eficaz tem custo as ações e decisões dos gestores relacionadas a promoções,
menor que seus benefícios, por exemplo, a fiscalização não transferências, treinamentos, desligamentos (ROBBINS, 2005).
pode custar mais que a arrecadação.
• Aceitação pelas pessoas – para enfrentar a resistência Pode-se definir desempenho como a forma como os recur-
e a sabotagem dos sistemas de controle, as pessoas precisam sos se organizam, interagem e atuam para atingir um objetivo
entender as razões do controle; perceber o controle como pro- expresso ou tácito, segundo um roteiro e sequência de passos
cesso importante para seu trabalho ou sua segurança; enxergar formal ou informalmente estabelecidos. O grau de eficácia com
o controle como evidência de sua importância como indivíduos. que são atingidos os objetivos realmente pretendidos, associa-
• Ênfase na exceção – diante da impossibilidade de do ao grau de eficiência na utilização dos recursos, determina o
controlar tudo, o controle enfatiza as exceções e seu sistema nível de desempenho. Mede-se o desempenho através de indi-
procura focalizar a atenção da administração no que é essencial cadores diversos. O resultado das medidas permite interpretar
em termos de desvios. o nível do desempenho.
45
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Menezes define que é uma apreciação sistemática do • Compreender a importância das pessoas para a realização
desempenho de cada pessoa em função das atividades que ela dos objetivos organizacionais.
desempenha, das metas e resultados a serem alcançados e do • Estabelecer a relação entre o planejamento estratégico e o
seu potencial de desenvolvimento, sendo justificável porque: planejamento de pessoas.
• toda pessoa precisa receber retroação a respeito de • Desenvolver habilidades fundamentais no relacionamento
seu desempenho (chefe e funcionário); interpessoal (TRT 14ª Região).24
• a organização precisa saber como as pessoas desem- O estudo das relações interpessoais pode ter vários objeti-
penham suas atividades (para fundamentar aumentos salariais, vos, como por exemplo:
promoções, transferências, demissões). • Trabalhar a auto-motivação dos servidores;
A avaliação de desempenho traz benefícios para as organi- • Desenvolver espírito de cooperação e trabalho em equipe;
zações, pois: • Propor reflexões sobre o clima e cultura organizacionais.
• abarca o desempenho do funcionário dentro do cargo Tais objetivos não excluem os fatores éticos e devem ser
ocupado, o alcance das metas estabelecidas e objetivos; trabalhados em caráter de equipe. É preciso demonstrar aos
• enfatiza o indivíduo no cargo; servidores públicos o quanto uns podem precisar dos outros e
• melhora a produtividade do indivíduo à medida em o quanto alguns podem auxiliar, mesmo que indiretamente, no
que é aceita pelo funcionário e pela organização (MENEZES). desenvolvimento do trabalho de outros tantos. Alguns tópicos
A avaliação permite identificar os aspectos menos desen- que podem otimizar tais estudos são:
volvidos (pontos fracos) em relação ao modelo, que devem ser • Auto-motivação;
considerados como oportunidades de melhoria da organização, • Inteligência emocional;
ou seja, aspectos que devem ser, prioritariamente, objeto de • Equipes de trabalho;
ações de melhoria. Se realizada de forma sistemática, a avaliação • Código de Ética.
da gestão institucional funciona como forma de aprendizado so-
bre a própria organização e como instrumento de internalização A colunista Luisa Lessa faz em seu artigo “A Importância das
dos princípios, valores e práticas da gestão pela excelência. Relações Interpessoais no Mundo do Trabalho” interessantes
considerações sobre as relações interpessoais no serviço públi-
co, cujos trechos mais relevantes são destacados a seguir:
3 MOTIVAÇÃO, COMUNICAÇÃO E LIDERANÇA.
[...] Por isso entendo ser urgente encontrar um novo es-
tilo de administração, voltado para o trabalho em equipe e o
desenvolvimento das potencialidades humanas, acabando, de
Relações interpessoais e motivação vez, com feudos e grupos parasitários que se apossam de bens
e serviços públicos como se fossem coisas pessoais. Gente que
As teorias administrativas bem como as vivências de gestão
age dessa forma deveria ser penalizada, perder o emprego, ir
de pessoas, têm trabalhado com ênfase no indivíduo e nas
para uma clínica, hospício etc. O serviço público, como o nome
relações pessoais que estes têm no âmbito profissional. No
diz, existe para servir o público e servir bem, sem cara feia. E
setor público a abordagem é a mesma. Neste contexto, são im-
qual solução se tem para este quadro lastimável? É urgente
portantes os esclarecimentos pertinentes para que as relações
que ele seja melhorado. E, para tanto, devem-se analisar alguns
interpessoais se desenvolvam de forma a agregar valor ao setor.
aspectos do ser humano, como por exemplo, a personalidade
Justifica-se pela necessidade urgente do estímulo das relações
dos indivíduos; as habilidades sociais e técnicas; as atitudes; os
interpessoais sem detrimento da ética profissional e também
processos de comunicação, percepção, feedback, entre outros.
pelo relacionamento que os cargos e áreas devem ter entre si.23
Um dos pilares que sustentam a gestão pública de ex- São aspectos fundamentais ao sucesso do serviço público.
celência é o envolvimento de todos os servidores na busca Entendo que a base para a melhoria das relações interpessoais
do alto desempenho da organização, por meio de estímulo à é a compreensão de que cada pessoa tem uma personalidade
colaboração e ao compromisso de atingir os seus objetivos. própria, que precisa ser respeitada. Cada ser humano traz consi-
Aqui abordamos o grande desafio de gerenciar talentos, de gerir go necessidades sociais, materiais e psicológicas, que precisam
pessoas. Afinal, o bom clima organizacional tem forte influência ser satisfeitas, pois elas influenciam o seu comportamento e,
sobre os resultados institucionais, isto é, sobre o desempenho consequentemente, os resultados na produção das tarefas
da organização, uma vez que está diretamente relacionado com executadas. Mas há pessoas que precisam ser tratadas com
o comprometimento profissional de seus colaboradores, in psicólogos, psiquiatras, analistas. Há gente que não gosta de si
casu , os servidores. As práticas de gestão de pessoas devem, mesma, então, como vai gostar dos outros e tratá-los bem?
portanto, garantir um ambiente de trabalho seguro, saudável Por isso tudo entendo que as relações interpessoais atuam
e propício ao desenvolvimento, ao bem estar, à motivação e à como uma disposição interior, uma aceitação do outro, que
satisfação dos colaboradores. transparece no modo de falar, de olhar, na conduta com o outro
É imprescindível que os gestores de pessoas sejam capacita- e, sobretudo, na forma de agir educadamente.
dos para melhor:
23. Obtido em http://www.cascavel.pr.gov.br/portal_servi- 24. Obtido em http://www.trt14.jus.br/Qualidade/ProjIm-
dor/projeto-capacitacao.php?id=25 plantacao.htm
46
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Assim, os líderes, os chefes de setores, os governantes, Maximiano (2010) diz que o desempenho na realização de
administradores, precisam conhecer aqueles que os cercam e qualquer tipo de tarefa ou objetivo é influenciado pelos moti-
desenvolver a coragem de intervir com sinceridade, firmeza, vos, que são forças que produzem a motivação para o trabalho.
clareza, determinação, no sentido de coibir abusos, incentivar Esta motivação é um estado psicológico de disposição, interesse
boas condutas, que cada pessoa faça a aquilo que lhe compete, ou vontade de perseguir ou realizar uma tarefa ou meta, onde a
da melhor forma possível. Trabalhar não é um favor que se faz pessoa apresenta disposição favorável ou positiva para realizar
a alguém, é uma obrigação, um dever social, cívico de cada o trabalho.
pessoa. Motivação é induzir uma pessoa ou grupo de pessoas, cada
O psicólogo e educador francês Pierre Weil (1971), estudioso qual com suas necessidades e personalidades distintas, a traba-
das relações interpessoais, propõe dez mandamentos a serem lhar para atingir os objetivos da organização, ao mesmo tempo
observados pelos membros de um grupo: em que trabalha para alcançar os seus próprios objetivos (Pietri,
1º) Respeitar o próximo como ser humano; 2º) Evitar cortar Moley e Megginson, 1986, p.307).
a palavra a quem fala, esperar sua vez; O comportamento humano é sempre motivado, resultante
3º) Controlar as suas reações agressivas, evitando ser inde- de uma interação complexa entre os motivos internos (da pes-
licado ou irônico; soa) e externos (estímulos da situação ou ambiente):
4º) Evitar o “pular” por cima de seu chefe imediato, quando Motivos internos – são impulsos interiores, de natureza
o fizer dar explicação; fisiológica e psicológica, afetados por fatores sociológicos, que
5º) Procurar conhecer melhor os membros de seu grupo, a se traduzem em necessidades, aptidões, interesses, valores e
fim de compreendê-los; habilidades das pessoas. Determinam a capacidade de fazer,
6º) Evitar o tomar a responsabilidade atribuída a outro, a de se sentir atraída, de valorizar certos comportamentos, ou o
não ser a pedido deste ou em caso de emergência; inverso de tudo isso.
7º) Procurar a causa das suas antipatias a fim de vencê-las; Motivos externos – são estímulos ou incentivos que o
8º) Estar sempre sorridente; ambiente oferece ou objetivos que a pessoa persegue, satis-
9º) Procurar definir bem o sentido das palavras no caso de fazendo necessidades, despertando sentimentos de interesse
discussões em grupo, para evitar mal entendido; ou representando recompensas desejadas, como por exemplo:
10º) Ser modesto nas discussões, pensar que talvez o outro o trabalho que a pessoa faz, o ambiente no qual o trabalho é
tenha razão e, senão, procurar compreender-lhe as razões. feito, as recompensas, os padrões estabelecidos pelo grupo de
As sugestões aqui postas, se colocadas em prática, podem colegas e os valores do meio social.
mudar o quadro das relações interpessoais tanto no setor de Motivação é o desejo de exercer altos níveis de esforço em
trabalho quanto no seio de uma família. A questão da comuni- direção a determinados objetivos organizacionais, tendo como
cação entre as pessoas é hoje um aspecto que ganha destaque condição a satisfação de necessidades. Está relacionada a alguns
por sua relevância na qualidade de vida. Não raras vezes, assis- aspectos:
timos, assustados, episódios nos telejornais, expondo situações • Objetivos: direção do comportamento;
corriqueiras, próprias do cotidiano, que terminam em ações • Esforços: força e intensidade do comportamento;
violentas, chegando, por vezes, às ultimas consequências. Do • Necessidades: duração e persistência do comportamento.
mesmo modo assistimos conflitos que envolvem até os órgãos A motivação procura explicar por que as pessoas se compor-
responsáveis, eles próprios, pela segurança das pessoas. tam. O homem é motivado não só por estímulos econômicos
Todos esses sintomas vão delineando um formato social pre- e salariais, mas também por recompensas sociais e simbólicas.
ocupante, onde o imediatismo, a intolerância com a dificuldade, Ciclo motivacional é a sequência de eventos que vão desde
seja em que grau for, vai assumindo a tonalidade predominante a carência de uma necessidade até a satisfação e retorno ao
nas relações pessoais. Nos setores onde houver necessidade, estágio anterior de equilíbrio.
estas são algumas sugestões que podem ser observadas, anali- Motivação é o “motivo” que nos leva à “ação”. A motivação
sadas e aplicadas dentro das organizações, repartições públicas, ativa o comportamento do indivíduo. É uma força, uma energia
enfim, entidades governamentais ou não governamentais. É que os impulsiona na direção de alguma coisa. Ela é intrínseca,
preciso trabalhar com qualidade, atender com qualidade e viver isto é, está dentro de nós, nasce de nossas necessidades. Nin-
com qualidade. guém motiva ninguém. Nós é que nos motivamos, ou não. Tudo
Então, se desejarmos uma sociedade diferente, teremos que o que os de fora podem fazer é estimular, incentivar, provocar
mudar as pessoas, a maneira de pensar e sentir, para que se nossa motivação. Motivação no contexto do trabalho é satisfa-
possa alterar a conduta, já que são essas maneiras de ser que zer aspirações. É a importância de identificar o que é importante
determinam o comportamento do ser humano. Relacionar-se é para as pessoas e gerenciar levando em conta essas aspirações.
dar e receber ao mesmo tempo, ou seja, é estar aberto para Motivação é um tema que sempre despertou muita atenção,
o novo. É a capacidade de escolher, de desenvolver uma visão dada a sua relação com o comprometimento, o reconhecimento
para si mesmo, reescrevendo a vida, iniciando um novo hábito e as recompensas nas suas mais diversas modalidades.
ou abandonando um antigo em prol da felicidade. E a felicidade Devido a esse interesse pelo tema, várias pesquisas e teorias
é democrática, todos têm o direito a ela.25 foram desenvolvidas para a explicação desse assunto. As princi-
pais teorias motivacionais, segundo Vergara (2003), são: Teoria
25. Obtido em http://www.gostodeler.com.br/mate-
de Maslow, Teoria de Herzberg, Teoria de McClelland, Teoria
ria/12930/a_importancia_das_relacoes_interpessoais_no_
ERC e a Teoria da Equidade.
mundo_do_trabalho.html
47
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
I. Hierarquia das necessidades de Maslow 1- Fatores Motivacionais que estão relacionados ao próprio
As necessidades humanas estão organizadas e dispostas em trabalho:
níveis, numa hierarquia de importância e de influência. A Teoria • trabalho criativo e desafiante;
de Maslow ou teoria das necessidades é a mais importante das • sentido de realização, de algo importante;
explicações modernas sobre o conteúdo da motivação esta- • exercício de responsabilidade;
belece que as pessoas sejam motivadas essencialmente pelas • possibilidade de crescimento;
necessidades humanas. • orgulho e sentimentos de prestígio decorrente da profis-
• Quanto mais forte a necessidade, mais intensa é a moti- são.
vação. Abraham Maslow (1908-1970), psicólogo estudioso das 2- Fatores Higiênicos que estão relacionados às condições
necessidades humanas, dividiu essas necessidades em cinco de trabalho:
grupos: • estilo de supervisão do chefe;
• Necessidades Básicas: relacionam-se com a sobrevivência • relações pessoais com os colegas;
– alimento, roupa, abrigo e conforto material; • salário;
• Necessidade de Segurança: relacionam-se com garantias, • política de administração de pessoal;
com evitar danos e perdas e manter aquilo que se conquistou; • condições físicas e segurança do trabalho.
• Necessidade Sociais: relacionam-se com o de ser aceito
como membro de um grupo; Fatores Motivacionais Fatores Higiênicos
• Necessidade de Estima: relacionam-se com o ser reconhe-
cido e recompensado por habilidades especiais, capacidade de Conteúdo do cargo Contexto do cargo
desempenho; • As condições de trabalho
• Necessidades de Auto-realização: relacionam-se com a • O trabalho em si
• Administração da empresa
liberdade pessoal, a criatividade e a autonomia. • Realização
• Salário
• Reconhecimento
• Relações com o supervisor
• Progresso profissional
auto-realização • Benefícios e serviços
• Responsabilidade
sociais
estima Figura – Fatores da Teoria de Herzberg
48
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
49
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
50
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
• Esperança de melhoria: é o conceito do “Estou com ele, es- do o modelo de liderança a ser seguido. “Todo administrador
tou bem”. Bons líderes transmitem uma sensação de conforto, deve ter profundo entendimento da conjuntura de liderança,
segurança, aliada sempre a uma expectativa até inconsciente de em particular em seus aspectos culturais” (MAXIMIANO, 2010,
que as coisas irão melhorar. (RODRIGUES, 2010) p.195).
É relevante ressaltar que Liderança é algo que se conquista b) Estilos de liderança
e para muitas pessoas, há um esforço a ser feito, uma vez que Autocracia e democracia são termos que definem dois esti-
precisarão modificar muitas coisas na vida. Isso significa que o los básicos de liderança, conforme Maximiano (2010):
candidato à líder deve se perguntar: “Eu quero isso?”. Liderança orientada para a tarefa – autocracia, liderança
O verdadeiro líder acredita nesses aspectos e os internaliza diretiva e liderança orientada para a tarefa são nomes que
de forma natural e as pessoas à sua volta percebem isso. A comumente indicam estilos em que o poder de tomar decisões
artificialidade e a superficialidade nessas práticas podem dar está concentrado no líder. O excesso da autocracia é a tirania
margem a uma interpretação de falsidade e arrogância, e isso (abuso de autoridade).
não é nada bom se queremos cultivar uma imagem de lideran-
ça. Então, é preciso internalizar, acreditar e assumir a postura LIDERANÇA AUTOCRÁTICA
verdadeiramente. Isso não significa, entretanto, que as pessoas • Apenas o líder fixa as diretrizes, sem qualquer participação
irão passar a reconhecer o indivíduo como líder num piscar de do grupo;
olhos. É preciso paciência. O reconhecimento é uma consequên- • O líder determina as providências e as técnicas para a
cia (RODRIGUES, 2010).27 execução das tarefas, cada uma pôr vez, na medida em que se
tornam necessárias e de modo imprevisível para o grupo;
a) Liderança como processo social • O líder determina qual a tarefa que cada um deve executar
e qual o seu companheiro de trabalho;
Maximiano explica que a liderança não é apenas um atributo • O líder é Dominador e é “pessoal” nos elogios e nas críticas
da pessoa, mas também um processo social complexo, no qual ao trabalho de cada membro (www.administradores.com).
interagem quatro variáveis ou componentes: Liderança orientada para as pessoas – democracia, lideran-
As motivações dos liderados – há uma relação de influência ça participativa e liderança orientada para as pessoas são nomes
recíproca entre líder e liderados, de dependência mútua; a que designam estilos onde há algum grau de participação dos
liderança é legitimada pelo atendimento das expectativas do funcionários no poder do chefe ou em suas decisões e, quanto
grupo de liderados, sejam eles “fiéis” (movidos por ideologia) maior for essa influência dos liderados, mais democrático é o
ou “mercenários” (movidos por interesse). comportamento do líder. O excesso da democracia é a demago-
A tarefa ou missão – sem missão não há liderança, apenas gia (buscar a popularidade com os governados).
influência ou popularidade, pois a missão deve estar em sinto- LIDERANÇA DEMOCRÁTICA
nia com as motivações dos liderados. Há dois tipos de missão, • As diretrizes são debatidas pelo grupo, estimulado e assis-
correspondentes aos dois tipos de liderados: missão moral tido pelo líder;
(liderados fiéis) e missão calculista (liderados mercenários). • O próprio grupo esboça as providências e as técnicas para
O líder – precisa dirigir os esforços dos outros para realizar atingir o alvo solicitando aconselhamento técnico ao líder quan-
objetivos da organização, atingir metas com a colaboração de do necessário, passando este a sugerir duas ou mais alternativas
para o grupo escolher. As tarefas ganham nova perspectivas
grupos. A liderança pode se estudada a partir dos traços de
com os debates;
personalidade dos líderes (determinação, iniciativa nas relações
• A divisão das tarefas fica a critério do próprio grupo e
pessoais, vontade de liderar, autoconfiança – contudo, ter os
cada membro tem liberdade de escolher seus companheiros de
mesmos traços não significa necessariamente que a pessoa
trabalho;
será um líder), das motivações isoladas de outros traços de
• O líder procura ser um membro normal do grupo, em
personalidade (necessidade de poder, segundo McClelland,
espírito, sem encarregar-se muito de tarefas;
manifestada pela busca da satisfação pessoal por meio da
• O líder é “objetivo” e limita-se aos “fatos” em suas críticas
influência sobre o comportamento alheio = líder dominante
e elogios (www.administradores.com).
e que cobra submissão, lealdade e inspiração dos liderados; e
Os dois estilos básicos (autocrático e democrático) se desdo-
pela busca das satisfações coletivas por meio da ênfase dada bram em outros, existindo uma escala ou régua dos estilos de
ao poder social ou institucional, mobilizando esforços alheios liderança, proposta por Tannenbaum e Schmidt para explicar a
para realizar a missão do grupo) e da habilidade que pode ser combinação entre a autoridade do gerente e a autonomia dos
desenvolvida (segundo Mintzberg, a liderança é um complexo liderados. O aumento da autoridade gerencial diminui a auto-
de habilidades, sendo a principal delas a comunicação = capaci- nomia dos liderados (mais autocracia); o inverso faz aumentar o
dade de transmitir sua mensagem de modo a persuadir, inspirar grau de democracia.
ou motivar os liderados). Maximiano (2010) esclarece que o líder pode ser autocrático
A conjuntura ou contexto dentro do qual ocorre a relação e democrático ao mesmo tempo: os dois estilos não são mutu-
entre o líder e os liderados – é o meio organizacional e social amente excludentes ou ideias em conflito, o que traz a ideia da
onde se dá a liderança, influenciando líder e liderados e definin- liderança bidimensional – que gera quatro estilos de liderança
27. Obtido em http://www.rhportal.com.br/artigos/wm- (muita ênfase para a tarefa, pouca ênfase para a tarefa, muita
view.php?idc_cad=mpiz8nggo ênfase para as pessoas, pouca ênfase para as pessoas).
51
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
52
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Liderança Transacional – Na liderança transacional, para Frequentemente a liderança é definida como uma forma
atingir os objetivos propostos, o líder utiliza os interesses dos de dominação, ou controle, baseada no prestígio e aceito
liderados, recompensando-os, materialmente ou emocional- pelo dirigido. Mas, com a evolução das teorias que estudam a
mente, pelo alcance das metas. Maximiano explica a liderança liderança, levando-se em consideração as situações, a figura do
transacional: A liderança transacional baseia-se no principio de líder, e mesmo as relações entre líder e liderados, este conceito
que o desempenho e a competência devem ser recompensados vem mudando e liderança passa a ser não apenas dominação
segundo algum critério. O líder transacional estabelece metas e ou controle, mas um papel assumido, conscientemente ou não,
oferece incentivos para sua realização. Tanto o gerente quanto pela pessoa do líder.
o funcionário (ou líder e liderado), em uma relação transacional, A liderança pode funcionar de duas formas: ela pode ser
enxergam o trabalho como um sistema de trocas entre con- uma autoridade delegada, quando o líder é aquele que possui
tribuições e recompensas. A troca tende a ser racional, sem o um cargo de liderança, mas não necessariamente lidera, ou
fundo emocional que caracteriza a liderança carismática. influencia, sua equipe; ou a liderança pode ser uma autoridade
natural, quando o líder é aquele que consegue influenciar ou
direcionar a equipe sem, necessariamente, possuir um cargo de
liderança.
A teoria que define os tipos de liderança de acordo com a
personalidade e características do líder é chamada de Teoria dos
Traços e foi a primeira a ser desenvolvida a esse respeito. Segun-
do ela existem os seguintes tipos de líder: o “líder executivo”, o
“líder coercitivo”, o “líder distributivo”, o “líder educativo” e o
“líder inspirador”. Mas, esta teoria se baseia no pressuposto de
que a liderança é uma característica nata do líder. Ela não con-
sidera os aspectos referentes às diversas situações enfrentadas
Figura – Dois estilos de liderança baseados no estimo motiva- pelo líder e sua equipe, quando os variados tipos de liderança
cional podem se suceder (o líder coercitivo, é sempre coercitivo, nunca
Fonte: Maximiano (2010, p.204) será educativo, etc.).
Atualmente liderança é encarada não mais como uma
Maximiano demonstra algumas recompensas que podem característica apenas, mas como um comportamento e, como
ser oferecidas pelo líder transacional, como: promoções, tal, é algo que poderia ser aprendido. A “Teoria do Enfoque Si-
aumentos salariais, autonomia e liberdade no uso do tempo, tuacional”, a mais recente, além de abranger essa nova visão de
atendimento às solicitações, dentre outras. Os dois tipos de liderança, ainda vai um pouco além, encarando-a como algo que
recompensa, psicológica e material, devem ser equilibrados. deve ser considerado dentro de um contexto integrado. Não se
Em certas situações, a recompensa material é mais eficaz e deve mais focar apenas, o líder, o subordinado e sua relação
em outras a psicológica. A figura aponta as características das com aquele, ou mesmo, apenas as situações em que a liderança
lideranças carismáticas e transacionais. se insere. Mas todos estes fatores conjuntamente.
De acordo com o SEBRAE, “mais do que simplesmente De acordo com a nova abordagem da liderança foram traça-
chefiar, liderar é fazer com que um grupo de pessoas trabalhem dos estilos de liderança que refletem alguns padrões:
em equipe e gerem os resultados desejados pela empresa. Para O “Líder carismático”: carisma é uma palavra grega que
isto, um líder deve possuir habilidades como capacidade de significa “dom de inspiração divina”. Ou seja, o líder carismático
motivar e influenciar as pessoas que trabalham com ele e qua- é aquele que inspira em seus liderados a confiança, aceitação in-
lidades como dedicação, equilíbrio e vocação.28 Significa dizer condicional, obediência espontânea e envolvimento emocional.
que o líder é um agente estratégico dentro da organização, pois O líder carismático é visto por seus liderados como alguém que
responde em grande parte pelos bons resultados e o crescimen- possui qualidades excepcionais. “Carismáticas” em sua acepção
to do negócio, sempre buscando novas formas de aprimorar o original. Um exemplo deste tipo de líder são os líderes religiosos
relacionamento com os seus colaboradores. como Jesus Cristo ou Gandhi;
Chefiar, segundo o Corpo de Bombeiros do Estado Rio de O “Líder executivo”: é aquele que surgiu por causa da busca
Janeiro, “é simplesmente, fazer um grupo funcionar para que das organizações pela obtenção da ordem, ele costuma possuir
sejam atingidos determinados objetivos, enquanto, que liderar, muitas habilidades técnicas, competência;
é mais do que isso, é a habilidade de exercer influência e ser “Líder coercitivo”: aquele que exerce a liderança através da
influenciado pelo grupo, através de um processo de relações coerção, violência, que pode ser verbal ou física. Neste estilo de
interpessoais adequadas para a consecução de um ou mais liderança a relação entre líder e liderado é instável;
objetivos comuns a todos os participantes”. Para este órgão, O “Líder distributivo”: aquele que apenas delega tarefas,
liderar é engajar-se em um ato que inicia uma estrutura nas sempre controlando, acompanhando de perto e cobrando re-
interações como parte do processo de solucionar um problema sultados. É o líder que não constrói nem destrói mantendo um
mútuo. posicionamento de “posições e papéis”;
O “líder educativo”, aquele que costuma dar o exemplo,
seus liderados tem uma relação de responsabilidade com o
36. http://www.sebrae.com.br/momento/quero-melhorar- trabalho. É onde existe abertura para troca de conhecimentos
-minha-empresa/comece-por-voce/lider anca não apenas técnicos, mas também humanos;
53
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
54
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
De acordo com o CIEE, o surgimento de um bloqueio obriga 2. A comunicação como forma de expressão de identidade
os interlocutores a questionar suas comunicações e geralmente – tuba de ressonância
lhes permite reatá-las e restabelecê-las em clima mais aberto Função: Imagem e credibilidade. O Poder Executivo sofre
e em uma base mais autêntica. Desde que cada interlocutor, constantemente da desintegração das estruturas e equipes, o
tenha tomado consciência de que neles, e entre eles, existam que acaba gerando dissonância na comunicação. E dissonân-
obstáculos às suas trocas. Em caso de filtragem, a comunicação cia fragmenta a identidade governamental. A comunicação
tende a acompanhar-se de reticências e de restrições mentais, integrada e comandada por um polo central tem condições de
degradando-se pouco a pouco em mensagens cada vez mais equacionar esse problema.
ambíguas e equivocadas. O poder legislativo carece de um planejamento de co-
Alguns aspectos podem ser refletidos com a finalidade de municação externa, voltado para traduzir todas as funções e
minimizar as barreiras na comunicação, segundo o CIEE: atividades, salvaguardando a imagem da instituição. O poder
Comunicação é sempre uma via de mão dupla. Uma das judiciário, o mais fechado, carece da mesma intensificação de
melhores maneiras de fortalecer a comunicação é desenvolver programas de comunicação externa.
a habilidade não apenas de falar, mas de ouvir também. Dar
a atenção completa, inclusive com os olhos e as expressões 3. A comunicação como base de lançamento de valores
faciais. Quando concentramos nossa atenção, mostrando que Função: expressão de cultura. O sistema de comunicação é
não estamos apenas escutando com os ouvidos, poderemos
fonte de irradiação de valores. No planejamento, um conjunto
nos identificar com o que a outra pessoa está sentindo ou
de princípios valorativos se faz necessário para alimentar a
experimentando. Consequentemente, a pessoa que nos fala
cultura interna e projetar o conceito junto aos diversos públi-
também nos dará a atenção que desejamos quando formos nós
cos-alvo. Os valores devem estar centrados no interesse e no
os locutores.
papel da instituição, não nos interesses do dirigente. É claro que
É preciso o momento certo para se comunicar. Às vezes ele irá imprimir a sua marca, mas a identidade institucional é o
passamos por cima dos sentimentos das pessoas, sem observar- foco principal.
mos se estão preparadas para ouvirem determinadas coisas ou
se aquele momento é adequado para uma conversa mais séria. 4. A comunicação como base de cidadania
É preciso boa vontade e discernimento para saber qual a melhor Função: direito à informação. A comunicação deve ser en-
ocasião para que o diálogo seja eficaz. tendida como um dever da administração pública e um direito
dos usuários e consumidores serviços. Sonegar tal dever e negar
A precipitação ao responder pode ser prejudicial. Esperar esse direito é um grave erro das entidades públicas. Os comuni-
o outro terminar de dizer o que pensa, para que então se possa cadores precisam internalizar esse conceito, na crença de que a
emitir o próprio pensamento, pode ser uma grande arma para base da cidadania se assenta também no direito à informação.
resolver uma barreira de comunicação. Às vezes pensamos que
sabemos o que o outro vai dizer e, sem vacilar, cortamos o seu 5. A comunicação como função orientadora do discurso
momento na conversa. Somente depois descobrimos que não dos dirigentes
era nada daquilo que iria falar, correndo o risco de criarmos Função: assessoria estratégica. Essa é uma das mais rele-
uma barreira ainda maior. vantes funções da comunicação. Trata-se de elevar o status do
sistema de comunicação ao patamar estratégico de orientação
É preciso estar aberto à cordialidade. Nunca será demais das cúpulas dirigentes. Essa função exige dos comunicadores
estarmos dispostos a desejar um bom dia, pedir desculpas, dizer boa bagagem conceitual e cultural.
obrigado, pedir por favor... e a sorrir. Às vezes, gestos como es-
tes desarmam mecanismos de defesa e formas de ser não muito 6. A comunicação como forma de mapeamento dos inte-
dadas ao contato pessoal, ao diálogo e à interação. resses sociais
O exercício de se colocar no lugar do outro (empatia) Função: pesquisa. Há de se considerar a prospecção ambien-
permite fazer da comunicação um importante instrumento de tal como ferramenta importante do planejamento estratégico
fortalecimento das relações interpessoais.
de comunicação. Afinal de contas, a pesquisa é que detecta o
Gaudêncio Torquato destaca as funções da comunicação na
foco, os eixos centrais e secundários, as demandas e expectati-
Administração Pública:
vas dos receptores.
Um dos modos eficientes de planejar a comunicação na
administração púbica é espelhar seus programas em um leque
de funções. A seguir, um pequeno roteiro com 10 funções. 7. A comunicação como forma de orientação aos cidadãos
Função: educativa. Nesse aspecto, a comunicação assume
1. A comunicação como forma de integração interna – dia- o papel da fonte de educação, pela transmissão de valores,
pasão ideias e cargas informativas que sedimentarão a bagagem de
Função: ajustamento organizacional. Os ambientes internos, conhecimento dos receptores.
alimentados por eficientes fontes de comunicação, motivam-se
e integram-se ao espírito organizacional, contribuindo de forma
mais eficaz para a consecução das metas.
55
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
8. A comunicação como forma de democratização do poder públicas, destaca os aspectos relacionados com a missão, os va-
Função: política. Compartilhar as mensagens é democratizar lores e a filosofia da organização e soma para o desenvolvimento
o poder. Pois a comunicação exerce um poder. Assim, detém do que chama de subsistema institucional, compreendido pela
mais poder quem tem mais informação. Nas estruturas admi- “junção desses atributos.” Como comunicadores e formadores
nistrativas, tal poder é maior nas altas chefias. E quando se de opinião que somos, com a utilização dessa importante
repartem as informações por todos os ambientes e categorias ferramenta, temos o poder de passar a informação de forma
de públicos, o que se está fazendo, de certa forma, é uma repar- positiva sem nos esquecer, entretanto, de que a comunicação
tição de poderes. institucional deve passar veracidade e confiabilidade.
9. A comunicação como forma de integração social Por sua vez, a comunicação interpessoal é informal e
Função: social. A comunicação tem o dom de integrar os acontece quando pessoas trocam informações entre si, troca
grupos pelo elo informativo. Ou seja, quem dispõe das mesmas que pode ser direta e imediata ou pode ser indireta e media-
informações pode entender melhor seus semelhantes, dialogar, da, conforme Dante Diniz Bessa (2006). No primeiro caso, as
colocar-se no lugar do interlocutor. A comunicação, como a lín- pessoas estão cara a cara e se relacionam, principalmente, por
gua, exerce o extraordinário poder de integrar as comunidades, meio da fala e da gesticulação, como, por exemplo, quando
conversam em algum ambiente informal (em uma festa ou no
unindo-as em torno de um ideal.
intervalo do trabalho, por exemplo) e contam histórias; relatam
acontecimentos; descrevem pessoas; dizem o que leram no jor-
10. A comunicação como instrumento a serviço da verdade
nal; avisam da chegada de alguém, contam piadas, entre outros.
Função: ética. Não se deve transigir. A verdade deve ser
Já a comunicação indireta e mediada acontece quando as
a fonte de inspiração da comunicação pública. Até porque a pessoas estão distantes e não podem se enxergar nem escutar
mentira e as falsas versões acabam sendo desmascaradas. A uma a outra. Nessa situação, elas precisam usar algum meio que
comunicação precisa servir ao ideário da ética, valor básico dos lhes possibilite a troca de informações, transportando a voz ou
cidadãos.30 os gestos que uma faz até a outra. Os meios utilizados podem
A comunicação pode ser formal e informal. A comunicação ser variados (telefone, carta, computador), mas uma vez usado
institucional é formal e diz respeito a qualquer tipo de infor- um meio, ele estará mediando (intermediando) a comunicação
mação que tenha caráter oficial de uma instituição pública ou entre as pessoas (BESSA, 2006).
privada. Conforme Bessa (2006), “há uma semelhança fundamental
entre os dois tipos de comunicação: ambos são relações sociais
De acordo com Aluízio Ferreira (1997, 236), “é toda infor- que colocam as pessoas em interação no próprio ato da troca
mação cuja fonte ou proveniência seja uma entidade ou órgão de informações”
estatal, ou um ente privado que realize atividades que tenha
caráter público”. Em Planejamento de Relações Públicas na Co- 4 PROCESSO DECISÓRIO E RESOLUÇÃO DE
municação Integrada, Margarida Maria Krohiling Kunsch (2003, PROBLEMAS.
165) afirma que “a comunicação institucional é a responsável
direta, por meio da gestão estratégica das relações públicas,
pela construção e formação de uma imagem e identidade cor- Nos dias de hoje, com a competitividade cada vez mais acir-
porativas fortes e positivas de uma organização. A comunicação rada entre as organizações, a todo momento necessitamos to-
institucional está diretamente ligada aos aspectos corporativos mar decisões sempre que estamos diante de um problema que
institucionais que explicitam o lado público das organizações, apresenta mais de uma alternativa de solução. Mesmo quando
constrói uma personalidade creditiva organizacional e tem como possuímos uma única opção para solucioná-lo, poderemos ter a
proposta básica a influência político-social na sociedade onde alternativa de adotar ou não essa opção.
está inserta”. Uma definição objetiva e simples de comunicação O processo de escolher o caminho mais adequado para a
institucional é a de Abílio da Fonseca (1999, 140), professor e empresa, naquela circunstância, também é conhecido como to-
mada de decisão.
especialista em relações públicas de Portugal, que a designa
Os administradores devem ter como objetivo em suas to-
“como conjunto que é de procedimentos destinados a difundir
madas de decisão:
informações de interesse público sobre as filosofias, as políticas,
• minimizar perdas;
as práticas e os objetivos das organizações, de modo a tornar
• maximizar ganhos; e
compreensíveis essas propostas”. Para Gaudêncio Torquato do • alcançar uma situação em que, comparativamente, o ges-
Rego (Apud Kunsh, 2003), “a comunicação institucional objetiva tor julgue que haverá um ganho entre o estado em que se en-
conquistar simpatia, credibilidade e confiança, realizando, como contra a organização e o estado em que irá se encontrar depois
meta finalista, a influência político-social, a partir da utilização de implementada a decisão.
de estratégias de relações públicas, tanto no campo empresarial
como no governamental, de imprensa, publicidade, até as técni- Para que se tome a melhor decisão em determinadas situa-
cas e práticas do lobby”. Em última instância, Margarida Kunsh ções de problema, cabe à pessoa que vai tomar a decisão elabo-
conclui que a comunicação institucional,através das relações rar todas as alternativas possíveis sobre o problema em questão,
30. Obtido em http://votoemarketing.blogspot.com. visando escolher o melhor caminho para otimizar a opção pela
br/2010/02/funcoes-da-comunicacao-na-administracao_28. qual se decidiu, possibilitando à empresa crescer e desenvolver-
html -se nesse contexto de competitividade tão agressiva.
56
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
O que significa decidir Há, portanto, um ponto ideal para a solução, em que se
• “Tomar decisões é o processo de escolher uma dentre um pode obter o maior benefício para o menor esforço, o que pode
conjunto de alternativas.”(Caravantes) ser definido como decisão ótima (BAZERMAN).
• “Uma decisão pode ser descrita, de forma simplista, como A construção do MASP como método destinado a solucio-
uma escolha entre alternativas ou possibilidades com o objeti- nar problemas dentro das organizações passou pela idealização
vo de resolver um problema ou aproveitar uma oportunidade.” de um conceito, o ciclo PDCA, para incorporar um conjunto de
(Sobral). ideias inter-relacionadas que envolve a tomada de decisões, a
• “A tomada de decisão ocorre em reação a um problema, formulação e comprovação de hipóteses, a objetivação da análi-
isto é, existe uma discrepância entre o estado atual das coisas e se dos fenômenos, dentre outros, o que lhe confere um caráter
o estado desejável que exige uma consideração sobre cursos de sistêmico.
ação alternativos. (...) O conhecimento sobre a existência de um Embora o MASP derive do ciclo PDCA, é importante que não
problema e sobre a necessidade de uma decisão depende da se confunda os dois métodos, pois: O MASP é um método eficaz,
percepção da pessoa.” (Robbins). ele procura resolver problemas de forma rápida e objetiva e com
• “(...) Embora tudo aquilo que um administrador faz envol- menor custo a empresa, ou seja, é um método que tem como
va a tomada de decisões, isso não significa que todas as decisões característica a racionalidade utilizando lógica e dados.
sejam complexas e demoradas. Naturalmente, as decisões es-
tratégicas têm mais visibilidade, mas os administradores tomam
O MASP é formado por oito etapas:
muitas pequenas decisões todos os dias. Aliás, quase sempre
as decisões gerenciais são de rotina. No entanto, é o conjunto
dessas decisões que permite à organização resolver problemas,
aproveitar oportunidades e, com isso, alcançar seus objetivos.”
(Sobral)
57
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
58
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
3. Análise 5. Ação
A etapa de análise é aquela em que serão determinadas Na sequência da elaboração do plano de ação, está o de-
as principais causas do problema. Se não identificamos clara- senvolvimento das tarefas e atividades previstas no plano. Esta
mente as causas provavelmente serão perdidos tempo e dinhei- etapa do MASP consiste em nomear os responsáveis pela sua
ro em várias tentativas infrutíferas de solução. Por isso ela é a execução, iniciando-se por meio da comunicação do plano com
etapa mais importante do processo de solução de problemas. as pessoas envolvidas, passando pela execução propriamente
Para Kume a análise se compõe de duas grandes partes que é a dita, e terminando com o acompanhamento dessas ações para
identificação de hipóteses e o teste dessas hipóteses para con- verificar se sua execução foi feita de forma correta e conforme
firmação das causas. A identificação das causas deve ser feita de planejado.
maneira “científica” o que consiste da utilização de ferramentas Passos da Etapa 5 –
da qualidade, informações, fatos e dados que deem ao processo Ação
um caráter objetivo. - Divulgação e alinhamento
Essa etapa consiste em fazer uma análise das perdas que - Execução das ações
estão ocorrendo, que estão sendo causadas pelo problema em - Acompanhamento das ações
questão, assim como os potenciais ganhos que o MASP pode tra-
zer. O item “quanto” da fase anterior pode subsidiar a presente.
6. Verificação
Falconi afirma que nesta fase se deve responder, basicamente,
Essa etapa do MASP representa a fase de check do ciclo
a duas coisas: o que se está perdendo e o que é possível ganhar.
PDCA e consiste na coleta de dados sobre as causas, sobre o
Lembramos que quando nos referirmos a perdas de natu-
reza qualitativa temos grande dificuldade para medir seu custo efeito final (problema) e outros aspectos para analisar as varia-
para a organização ou até mesmo podemos dizer que isso seja ções positivas e negativas possibilitando concluir pela efetivida-
impossível. Quais podem ser os custos do aumento do número de ou não das ações de melhoria (contramedidas). É nesta etapa
de ocorrências de reclamações dos clientes? Quais serão os cus- que se verifica se as expectativas foram satisfeitas, possibilitan-
tos para a imagem da organização, provocados pela perda de do aumento da autoestima, crescimento pessoal e a descoberta
credibilidade em decorrência de algum defeito existente em um do prazer e excitação que a solução de problemas pode propor-
determinado produto? cionar às pessoas (HOSOTANI).
Parker observa que “nenhum problema pode ser considera-
Passos da Etapa 3 – do resolvido até que as ações estejam completamente implan-
Análise tadas, ela esteja sob controle e apresente uma melhoria em per-
- Levantamento das variáveis que influenciam no problema formance”. Assim, o monitoramento e medição da efetividade
- Escolha das causas mais prováveis (hipóteses) da solução implantada são essenciais por um período de tempo
- Coleta de dados nos processos para que haja confiança na solução adotada. Hosotani também
- Análise das causas mais prováveis; confirmação das hipó- enfatiza este ponto ao afirmar que os resultados devem ser me-
teses didos em termos numéricos, comparados com os valores defini-
- Teste de consistência da causa fundamental dos e analisados usando ferramentas da qualidade para ver se as
- Foi descoberta a causa fundamental? melhorias prescritas foram ou não atingidas.
59
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Os padrões devem ser incorporados para se tornar “uma dos pensamentos e hábitos dos trabalhadores” (KUME), o que inclui a
educação e o treinamento.
Passos da Etapa 7 –
Padronização
- Elaboração ou alteração de documentos
- Registro e comunicação
- Definir mudanças que devem ser incorporadas ao Procedimento Padrão Operacional — PPO.
- Revisar padrão (Modificar / Comunicar).
- Treinar pessoal (no PPO revisado).
- Comunicação clara e adequada dos motivos do treinamento.
- Auditar cumprimento do padrão
8. Conclusão
A etapa de Conclusão fecha o método de análise e solução de problemas. Os objetivos da conclusão são basicamente rever todo
o processo de solução de problemas e planejar os trabalhos futuros. Parker reconhece a importância de fazer um balanço do aprendi-
zado, aplicar a lições aprendidas em novas oportunidades de melhoria.
Passos da Etapa 8 –
Conclusão
- Identificação dos problemas remanescentes
- Planejamento das ações antirreincidência
- Balanço do aprendizado
- Concluir MASP e elaborar relatório sobre o mesmo.
O MASP é um método que permanece atual e em prática contínua, resistindo às ondas do modismo, incluindo aí a da Gestão da
Qualidade Total, sendo aplicado regularmente até progressivamente por organizações de todos os portes e ramos.
60
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
São inúmeros os fatores que afetam a decisão, tais como As decisões nas organizações se dividem em duas catego-
custos envolvidos, fatores políticos, objetivos, riscos que podem rias principais: as programadas e as não programadas.
ser assumidos, tempo disponível para decidir, quantidade de
informações disponíveis, viabilidade das soluções, autoridade e Podemos considerar decisões programadas aquelas que to-
responsabilidade do tomador de decisão, estrutura de poder da mamos quando percebemos os problemas como bem compre-
organização etc. endidos, altamente estruturados, rotineiros, repetitivos e para
Chiavenato destaca três condições sob as quais a decisão cuja solução podemos utilizar procedimentos e regras sistemáti-
pode ser tomada: cos. Essas decisões são sempre semelhantes.
As decisões programadas ou estruturadas compõem o acer-
vo, o estoque de soluções armazenadas pela organização, com
base nas experiências anteriores por que passou.
São utilizadas, portanto, para resolver problemas que já
foram enfrentados antes e que possuem um comportamento
semelhante.
Para estes tipos de problemas, não há necessidade de cria-
ção de alternativas de solução e escolha da mais adequada.
CERTEZA RISCO INCERTEZA Basta seguir as ações que já foram exercidas com sucesso nas
ocasiões anteriores. Por este motivo, são mais comuns no nível
operacional, na base da pirâmide hierárquica.
Certeza: É a situação em que temos sob controle todos os Como exemplo, podemos citar uma situação de incêndio,
fatores que afetam a tomada de decisão. Sabemos quais são os onde já há um roteiro de etapas a serem seguidas, já se sabe
riscos e probabilidades de ocorrência de eventos, temos infor- qual caminho os ocupantes de cada andar do prédio devem se-
mações sobre custos, sabemos quais são os fatores potenciali- guir, pois todo o estudo da melhor rota de fuga já foi feito com
zadores e restritores, temos estudos de viabilidade das alterna- antecedência. Esses são exemplos de decisões programadas,
tivas etc. pois são repetitivas e rotineiras.
Risco: É a situação em que sabemos a probabilidade de Por este motivo, são mais comuns no nível operacional, na
ocorrência de um evento, mas que tomamos diferentes deci-
base da pirâmide hierárquica.
sões, de acordo com os riscos que estamos dispostos a assumir.
Incerteza: Situação em que o tomador de decisão tem pou-
As decisões não programadas ou não estruturadas são ne-
ca ou nenhuma informação a respeito da probabilidade de ocor-
cessárias em situações em que as decisões programadas não
rência de cada evento futuro.
conseguem resolver.
Quando nos referimos a decisões não programadas nos re-
Tipos de decisões
ferimos àquelas que resultam de problemas que não são bem
compreendidos, são “pobres” de estruturação, tendem a ser
Maximiano ensina que uma decisão é uma escolha entre
alternativas ou possibilidades. singulares e não se prestam aos procedimentos sistêmicos ou
As decisões são escolhas necessárias para a resolução de rotineiros.
problemas ou aproveitamento de oportunidades, sejam elas re- São situações inesperadas, que a organização está enfren-
lativas a aspectos operacionais, como comprar ou alugar uma tando pela primeira vez e que admitem diferentes formas de re-
máquina, ou estratégicos, como entrar ou não no mercado in- solução, cada uma com suas vantagens e desvantagens.
ternacional. Estas situações exigem uma análise mais profunda, um
Todos sabemos que o tipo e a qualidade de decisões to- diagnóstico para o perfeito entendimento do problema até a to-
madas nas organizações afetam todo o seu contexto, podendo mada de decisão que vai levar à ação. Por este motivo são mais
influenciar estratégias organizacionais, políticas ou até mesmo comuns no nível institucional ou estratégico da organização, no
uma determinada parcela da sociedade onde elas estejam in- topo da pirâmide hierárquica.
seridas.
Por essa razão, ao longo do tempo, os gestores vêm se Os problemas que exigem esse tipo de decisões serão solu-
apoiando em diversos fatores para que a tomada de decisão cionados a partir da habilidade dos gerentes em tomar decisões,
seja o mais assertiva possível e o tomador de decisão possa es- já que não existem soluções rotineiras.
tar mais seguro diante de possíveis e prováveis problemas que Como exemplo, podemos citar os gerentes, principalmen-
possam surgir. te nos níveis mais altos da organização, que muitas vezes ne-
De maneira geral, podemos dizer que os gestores, no mo- cessitam tomar decisões não programadas durante o curso de
mento da tomada de decisão, poderão se defrontar com dois definição de metas e estratégias de uma empresa e em suas
tipos de situação que, de acordo com sua natureza, terão e abor- atividades diárias. Em muitas ocasiões eles utilizam sua própria
dagem diferente para se alcançar as soluções adequadas. experiência na solução desse tipo de problema, procurando
O processo de tomar decisões, ou processo decisório, se princípios e soluções que possam ser aplicados à situação, mas
compõe de uma sequência de etapas, que vão da identificação sempre levando em consideração que as metodologias de solu-
da questão a ser resolvida até a ação, quando uma alternativa ção de problemas passados podem não ser aplicáveis no caso
de solução é colocada em prática. em questão.
61
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Pelo fato de as decisões não programadas serem tão impor- Chamamos de certeza saber 100% sobre a situação que está
tantes para as empresas e tão comuns para a gerência, a efici- ocorrendo no instante em que se está tomando a decisão.
ência de um gerente muitas vezes será julgada de acordo com a • decisão em condições de risco – ocorre quando não são
qualidade de sua tomada de decisão. conhecidas as probabilidades associadas a cada um dos estados
da natureza do processo decisório.
Também há tipos de decisão quanto ao nível organizacional
em que ela é tomada. Assim, decisões estratégicas são aque- A situação é pouco conhecida. Para a tomada de decisão
las mais amplas, referentes à organização como um todo e sua em condições de risco, a certeza irá variar entre 0% e 100%. Sob
relação com o ambiente. São tomadas nos níveis mais altos da condições de risco, o gestor utiliza a experiência pessoal, sua in-
hierarquia e possuem consequências de longo prazo. tuição ou informações secundárias para mensurar as chances de
As decisões táticas ou administrativas são tomadas nos ní- acerto de alternativas ou resultados.
veis das unidades organizacionais ou departamentos. • decisão em condições de incerteza ou em condições de
Decisões operacionais, por sua vez, são aquelas tomadas no ignorância – ocorre quando não se obtiveram informações e da-
dia-a-dia, relacionadas a tarefas e aspectos cotidianos da reali- dos sobre as circunstâncias do processo decisório ou em relação
dade organizacional. Vimos, nos elementos da decisão, a defini- à parcela dessa situação. Para decidir numa situação dessas de-
ção de tomador da decisão. Maximiano nos ensina uma outra ve-se recorrer à intuição e à criatividade.
tipologia, referente a quem é o tomador de decisões: • decisão em condições de competição ou em condições
Decisões autocráticas: São decisões tomadas sem discus- de conflito – ocorre quando a estratégia e a situação em si do
sões, acordos e debates. O tomador de decisão deve ser um ge- processo de tomada de decisão são determinadas pela ação de
rente ou alguém com responsabilidade e autoridade para tal. É competidores. Quando ocorre de um gestor, ao tomar uma de-
uma forma rápida de tomada de decisão e não deve ser questio- cisão, prever que não haverá nenhum resultado não previsto,
nada. Muitas vezes, são decisões de cunho estritamente técnico. classificamos essa decisão como uma decisão programada.
Decisões compartilhadas: São aquelas decisões tomadas de
forma compartilhada, entre gerente e equipe. Têm característi-
cas marcantes, tais como o debate, participação e busca de con- 5 NOÇÕES BÁSICAS DE GERÊNCIA E GESTÃO DE
senso.Podem ser consultivas, quando a decisão é tomada após a ORGANIZAÇÕES E DE PESSOAS.
consulta,ou participativa, quando a decisão é tomada de forma
conjunta.
Decisões delegadas: “São tomadas pela equipe ou pessoa Administração de recursos humanos
que recebeu poderes para isso. As decisões delegadas não pre- Finalidades da gestão de pessoas
cisam ser aprovadas ou revistas pela administração. A pessoa
ou grupo assume plena responsabilidade pelas decisões, tendo Gestão de Pessoas ou Administração de Recursos Humanos
para isso a informação, a maturidade, as qualificações e as atitu- (ARH) é o conjunto de políticas e práticas necessárias para
des suficientes para decidir da melhor maneira possível”. conduzir os aspectos da posição gerencial relacionados com as
“pessoas” ou recursos humanos, incluindo recrutamento, sele-
Identificamos ainda, dentro do conceito de elementos da ção, treinamento, recompensa e avaliação de desempenho. É o
conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego
decisão o item de: Certeza, risco e incerteza - Podemos chamar
que influencia a eficácia dos funcionários e das organizações
de incerteza aquela situação que, muitas vezes, se configura por
(CHIAVENATO, 1999, p.8). Seus objetivos são:
existirem informações insuficientes e dúbias para os tomadores
• Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar
de decisão. Isso certamente inviabiliza a clareza das alternativas
sua missão;
e traz consigo riscos inerentes, fazendo com que a decisão toma-
• Proporcionar competitividade à organização;
da se torne mais difícil de ser operacionalizada.
• Proporcionar à organização, empregados bem treinados
Mas, para escolher a alternativa mais eficaz, além de ser ne-
e bem motivados;
cessário identificar claramente qual é o problema e de se ter em
• Aumentar a auto-realização e a satisfação dos emprega-
mãos informações de qualidade, o gestor precisa possuir tam- dos no trabalho;
bém um conhecimento aprofundado do mercado em que atua, • Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
conhecendo seus concorrentes e a capacidade organizacional • Administrar a mudança;
deles. É assim que são geridas empresas bem estruturadas e • Manter políticas éticas e comportamento socialmente
administradas. Esse grupo é composto especialmente pelas or- responsável.
ganizações de grande porte. Durante muito tempo as organizações consideraram o
É importante que o gestor decida com rapidez e que reduza capital financeiro como a principal fonte de desenvolvimento.
a incerteza. Agindo assim poderá planejar de maneira estratégi- Todavia atualmente percebe-se que a força para o desenvolvi-
ca possíveis ações futuras que poderão dar à sua empresa van- mento das organizações está nas pessoas. Empresas tiveram seu
tagem competitiva em relação às concorrentes. desenvolvimento comprometido pela inabilidade na seleção de
• decisão em condições de certeza – ocorre quando há to- pessoas; por falta de boas ideias; por falta de potencial criativo;
tal conhecimento de todos os estados da natureza do processo falta de entusiasmo e motivação da equipe; falta de conheci-
decisório. mentos e competências e não pela falta de recursos financeiros
(Chiavenato, 2005).
62
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
No trabalho de César et. al. (2006), destaca-se que a estra- Ashton et al. (2004) apontam que a área de RH tem três
tégia e o planejamento de RH têm mudado e crescido signifi- capacidades-chave que devem atuar de maneira simultânea
cativamente nos últimos vinte e cinco anos (GUBMAN, 2004), para ajudar as empresas a serem competitivas: em primeiro
fato revelado pelas mudanças da área de RH no período. Viu-se lugar, distribuir os serviços relacionados a processos de RH, de
uma evolução desde o pensamento pouco estratégico (anterior modo que todos os empregados possam ter acesso aos canais
aos anos da década de 1980 e que resumia a área de RH ao internos ou externos a eles relacionados. Em segundo lugar,
DP – Departamento Pessoal), o aparecimento de estratégias estabelecer serviços de consultoria de gestão de RH que fun-
funcionais (década de 80), a proposta de desenvolvimento de cionem como parceiros para executivos, unidades de negócio
capacidades estratégicas (nos anos iniciais da década de 90) até e gestores de linha; esse tipo de consultoria deve estar ligado
a visão atual, de busca de alinhamento da área aos resultados às necessidades específicas de cada área, oferecendo serviços
estratégicos. Essas mudanças na área de RH espelharam-se nas ligados às competências essenciais da área e aos aspectos de di-
mudanças do mercado de trabalho e das rupturas verificadas ferenciação que sejam chave para o negócio. Em terceiro lugar,
no pensamento relacionado às estratégias de negócios, notada- a área deve oferecer mais apoio e serviços estratégicos para a
mente na discussão que se fez relacionada à competitividade e direção da organização. Esta terceira opção é vista pelos autores
ao desenvolvimento de competências essenciais para o negócio. como o futuro da área e envolve significativas mudanças, que
devem ser feitas na mesma velocidade e às mesmas condições
ANTES AGORA de custo exigidos para o negócio em si. Além disto, Ashton et al.
(2004) propõem seis características para que a área de RH seja
• operacional
• estratégica estratégica:
• foco no curto prazo I – Foco na estratégia do negócio, baseada na compreensão
• foco no longo prazo
• papel administrativo do negócio em si;
• papel consultivo II – medidas de desempenho dos objetivos que sejam ali-
• ênfase na função nhadas aos objetivos do negócio;
• ênfase no “negócio”
• foco no público interno III – alta competência na análise de causa e efeito, prioriza-
• foco públicos interno e
• reativa/solucionadora • externo ção e execução de programas da área, o que envolve habilidades
de problemas analíticas;
• proativa e preventiva IV – excelência em serviços de relacionamento e compe-
• foco no processo e tências para desenvolver o nível de tecnologia da informação;
• foco nos resultados
atividades V – atuação na estrutura da organização e no desenvolvi-
mento de capacidades que estejam alinhadas a ambientes que
Figura – Síntese das mudanças na função de RH exigem alto desempenho;
Fonte: Helena Tonet VI – oferta de gestão de relacionamentos de modo a
equilibrar oferta, demanda e expectativas de clientes internos,
Enquanto as estratégias funcionais prendiam-se às funções escolhendo prioridades e alterando alvos, sempre que necessá-
clássicas da área de RH, voltadas para atender a alguma deman- rio. Em outras palavras, é preciso que gestores da área de RH
da, as capacidades estratégicas tinham como foco o estudo da
pensem como gestores do negócio o que, segundo os autores,
cultura, das competências e do desenvolvimento do comprome-
tradicionalmente não ocorre, vez que gestores de RH não ado-
timento dos empregados para que a empresa alcançasse seus
tam as crenças dos outros altos gestores e não atuam como tal.
objetivos.
Percebe-se que os gestores e áreas de RH precisam migrar
A visão atual pressupõe que a área de RH dê conta: da atra-
de um modelo mais transacional para atuarem como parceiros
ção, provimento e retenção de pessoas; do alinhamento, men-
estratégicos do negócio. Esta visão estratégica da área de Re-
suração e remuneração alinhada à performance da empresa e
cursos Humanos é essencial para que uma empresa se expanda
dos empregados; do controle de investimento em pessoas, de
acordo com as demandas da empresa (GUBMAN, 2004). Dentro globalmente. Globalização, tecnologia e mudanças sociais têm
desta nova visão, estratégica, o foco da área de RH é móvel, contribuído para a emergência de mercados e competidores,
conforme as mudanças no cenário no qual a organização está crescentes pressões de acionistas e desafios crescentes em
imersa, mudanças estas que podem interferir no mercado de relação a custos, tempo de desenvolvimento de produtos e
trabalho ou no resultado da empresa. Assim, dá-se importância serviços, e qualidade. As organizações precisam que as funções
a ações diferentes dentro da área, dependendo das exigências de RH estejam alinhadas ao propósito da organização, de modo
da organização para um determinado momento.31 que as mesmas dêem suporte à estratégia do negócio (ASHTON
et al., 2004).
A questão é ser estratégico quando se tem tempo e
recursos apenas para o operacional, desafiando a área de RH
a estruturar-se para criar maior valor às organizações. David
Ulrich (1988) sugere cinco ações para que RH crie valor para a
31. Ana Maria Roux Valentini Coelho CÉSAR; Roberto CODA; organização:
Mauro Neves GARCIA. Um novo RH? – avaliando a atuação e o I. Entender o mundo externo;
papel da área de RH em organizações brasileiras. FACEF PESQUI- II. Definir e atender os stakeholders (funcionários, clientes,
SA – v.9 – n.2 – 2006. investidores e gerentes de linha);
63
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
III. Atualizar e inovar as práticas de RH (pessoas, performan- A moderna Gestão de Pessoas, segundo Chiavenato (2005),
ce, informação e trabalho); baseia-se em três aspectos:
IV. Reger a organização de RH e definir uma estratégia de I – tratar as pessoas como seres humanos que possuem
recursos humanos; conhecimentos, competências, com uma história pessoal que
V. Assegurar o profissionalismo dos funcionários de RH por os torna únicos, diferentes entre si e não como recursos neces-
meio de suas atuações e competências. sitando que alguém as administre pois são sujeitos passivos das
Estas ações nada mais são do que parte das competências ações das organizações;
de qualquer gestor de área de uma organização Assim, Wessling II – tratar como talentos que impulsionam a organização,
(2008) defende que a área de RH deve olhar o negócio com dotando-a de dinamismo, de conhecimento para continuar
lente estratégica e realizar mudanças profundas e significativas competitiva;
no modo de operar, alinhando seu novo papel junto aos clientes III – tratar as pessoas como parceiros que investem na orga-
internos; definir, remanejar e treinar suas competências, e ade- nização através de seus esforços, dedicação, comprometimen-
quar os sistemas de RH com foco nos resultados, uma vez que a to, responsabilidade tendo como expectativa o retorno deste
Gestão de Pessoas contribui com o dinamismo, a agilidade e a investimento traduzidos em autonomia, desenvolvimento,
competitividade próprias das organizações de sucesso. remuneração, reconhecimento, dentre outros.
A área de RH deve estar totalmente alinhada à cultura da Os programas de RH devem ser desenhados de modo a ofe-
empresa, pois a compreensão dos vínculos construídos dentro recer benefícios e oportunidades de crescimento profissional
do ambiente de trabalho é a etapa inicial para o desafio de gerir aos empregados. A função de administrar Recursos Humanos é
as pessoas. Para Soledade (2007), é através do entendimento das lideranças (supervisores/gerentes) das organizações. A fun-
dos elementos constituintes da cultura que é possível com- ção dos profissionais de Recursos Humanos é de buscar ferra-
preender os mecanismos de interação entre os colaboradores mentas e práticas modernas de gestão de pessoas para facilitar,
e as tarefas que executam, sendo possível destacar ainda os dar suporte e apoiar as lideranças na fixação das estratégias,
seguintes fatores críticos de sucesso: na implementação dos processos de mudança organizacional,
I – Desenvolvimento de lideranças capazes de alinhar as e nos processos de aprendizagem e desenvolvimento das pes-
expectativas do grupo com os objetivos da empresa, criando as soas; estimular o autodesenvolvimento das pessoas; manter os
condições de reciprocidade essenciais para atingir um desempe- referenciais da organização transparente.
nho que atenda às pressões internas e externas da organização. As organizações necessitam de profissionais de RH que
As lideranças devem ser legitimadas tanto pelo enfoque do tenham perfil generalista e não mais de especialistas, dando
maior abrangência às atividades e responsabilidades, devendo
empregado quanto pelo da empresa, para que possam efetiva-
possuir maior qualificação e capacitação profissional (Resende e
mente atuar como elos entre estes dois polos, buscando atuar
Takeshima, 2000). Deve-se atentar para:
de maneira conciliatória na resolução dos conflitos surgidos.
a) GESTÃO ESTRATÉGICA DE RH: Integrar-se com os obje-
II – Busca da melhoria da eficiência dos grupos, calcada nos
tivos maiores da organização e como suporte mais efetivo às
atributos pessoais, cooperação intra e interequipes, capacidade áreas produtivas e de negócios, favorecendo o cumprimento de
de adaptação e desenvolvimento de compromisso entre colabo- suas metas (Resende e Takeshima, 2000)
radores e empresa. b) GESTÃO INTEGRADA DE RH: Entrosar as atividades, os
III – Livre fluxo de informações, tendo cada componente do projetos, planos e sistemas para garantir que a missão e ob-
grupo plena consciência da relação de causa e efeito existente jetivo da área sejam cumpridos, obtendo sinergia nas funções
nas tarefas executadas. principais de recursos humano(Resende e Takeshima, 2000).
IV – Treinamento e reciclagem constantes, permitindo
que os colaboradores incorporem novos conhecimentos que
permitam analisar criticamente o seu trabalho e seu ambiente,
permitindo que busquem a melhoria contínua como indivíduo.
V – Cenário propício para o desenvolvimento de estruturas
auto-reguladoras a partir de indivíduos autônomos e participan-
tes. Desta forma, as equipes possuem a capacitação necessária
para gerir seus próprios recursos de forma otimizada.
Nesta escala, a gestão de RH está plenamente disseminada
pela empresa, sendo cada líder um gestor das pessoas sob a
sua responsabilidade. A área de recursos humanos atua então
como órgão consultivo, constantemente sintonizado com as
tendências do mercado e introduzindo novas ideias à estrutura
vigente. Assim, os profissionais de Recursos Humanos devem
evitar os vícios internos, buscando sempre novos patamares de
desempenho através da aplicação de “benchmarkings” (SOLE-
DADE, 2007).
Figura – Gestão Integrada de RH
Fonte: Tania Del Tedesco- 2007
64
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Das mudanças organizacionais em curso, destacam-se: Entretanto, o passar das últimas décadas mostra uma mu-
• Horizontalização das estruturas, redução de níveis hierár- dança neste cenário, com a gestão de RH sendo exercida não
quicos, estruturas em rede; mais por uma área específica, por haver se tornado um atributo
• Equipes multifuncionais com bastante autonomia e com o de qualquer líder de equipe. Esta mudança de perspectiva levou
compromisso de agregar valor; à descentralização dos objetivos acima citados, que passaram
• Visão e ação estratégica fazendo parte do cotidiano das a ser absorvidos pelas diversas áreas da empresa, sendo res-
pessoas e orientando resultados; ponsabilidade de cada líder, a gestão dos colaboradores sob
• Necessidade da organização aprender continuamente a sua responsabilidade. Cabe então à nova área de RH, atuar
(learning organization). como um agente facilitador do processo de gestão de pessoas,
As tendências relacionadas à estrutura de RH são: propiciando as áreas da empresa os recursos e instrumentos
• formações diversas – predomínio administração e psi- necessários a este novo desafio (SOLEDADE, 2007).
cologia – também pedagogia e engenharias consoantes com o Menezes acrescenta que a Gestão de Pessoas é contingen-
negócio. cial e situacional por ser dependente da cultura da organização,
• ênfase no papel consultivo/parceria com as áreas da da estrutura organizacional adotada, das características do
empresa – maior exigência de competências conceituais e contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia
interpessoais adotada, entre outros fatores. Seus objetivos são:
• por projetos – redução de funções • Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar
• com poucas pessoas sua missão;
• atuação em comissões internas • Proporcionar competitividade à organização;
• comitês suprassistema • Proporcionar à organização, empregados bem treinados
Já a síntese das principais tendências nas ações de gestão e bem motivados;
de pessoas identifica: • Aumentar a auto-realização e a satisfação dos emprega-
• foco nas lideranças dos no trabalho;
• ênfase no trabalho em equipe • Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
• exigência de multiqualificação • Administrar a mudança;
• rodízio na execução de tarefas •Manter políticas éticas e comportamento socialmente
• interesse relaçãopessoal/profissional responsável.
• ênfase em pesquisa As novas ideias de gestão de pessoas no serviço público
• aprendizagem de ferramentas começam a se consolidar a partir do movimento de Reforma do
• treinamento à distância Estado e surgimento do movimento da Nova Gestão Pública ou
• formação in company Gerencialismo. A reforma é gerencial porque busca inspiração
• gestão do conhecimento na administração de empresas privadas, e porque visa dar ao
• compartilhamento de conhecimento administrador público profissional condições efetivas de geren-
• T&D estratégico: programas mais voltados para estratégia ciar (BRESSER-PEREIRA, 1998). As mudanças na Administração
de negócio pública se refletem na Administração de Recursos Humanos
• aprendizado × performance: maior foco no aumento de (ARH), especialmente no estilo de lidar com as pessoas.
performance
• e-learning × presencial: o crescimento dos programas Diferenças de Administração de Recursos Humanos
blended
• liderança e coaching: transformação dos modelos de Estilo Tradicional Estilo Flexível
liderança
• diversidade: inserção e valorização das diferenças • Paradigma burocráti-
• Preocupação desloca-se
• saberes mais demandados: co-mecanicista – ênfase nas
da estrutura organizacional
• técnico – saber fazer – domínio processos de trabalho, tarefas e na estrutura e visão
para os processos e a dinâmi-
normas, tecnologia, know-how da organização percebida
ca organizacional.
• conceitual- saber o porquê – entender as razões, estabe- como “máquina”.
lecer relações, know-why • Estilo aberto, flexível e
• Estilo de administração
• interpessoal – saber ser – entender as pessoas, estabe- participativo, que dá opor-
rígido e autocrático, baseado
lecer relacionamentos convergentes, estimular motivações, tunidades de crescimento
em padrões inflexíveis.
decodificar emoções, perceber perfis individual.
• As pessoas são pregui-
• sobre o negócio – saber realizar – agir consoante de- • Descentralização e par-
çosas por natureza e só são
mandas organizacionais – competências distintivas, essenciais, ticipação nas decisões e de-
motivadas por recompensas
básicas legação de responsabilidades
materiais.
Soledade (2007) diz que tradicionalmente são atribuídos 4
objetivos à área de RH: a) recrutamento e seleção de indivíduos
capazes de atender aos desejos e expectativas da empresa; b)
manutenção dos colaboradores na empresa; c) desenvolvimen- cursos Humanos (2007). Obtido em http://www.ogerente.com.
to das pessoas; d) folha de pagamento, admissão, demissão.32 br/novo/artigos_sug_ler.php?canal=16&canallocal=48&canal-
32. Adilson Silva Soledade. O Novo Papel da Área de Re- sub2=154&id=453
65
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
66
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
67
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
68
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
69
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A habilidade está relacionada com a execução de alguma Em termos tradicionais, a seleção busca entre os candida-
atividade que envolva instauração dos conhecimentos armaze- tos recrutados aqueles mais adequados aos cargos existentes
nados durante a vida por parte de um indivíduo. Ter esse re- na empresa, visando manter ou aumentar a eficiência e o
curso indica que o indivíduo sabe como fazer uma determinada desempenho do pessoal, bem como a eficácia da organização
tarefa, trabalho, etc., dentro de um determinado processo. Por (CHIAVENATO, 2009, p.172).
fim, a atitude diz respeito à conduta das pessoas no interior A seleção é um processo de comparação entre duas variá-
de uma organização. Trata-se do comportamento assumido veis: de um lado, os critérios da organização (como requisitos do
diante dos aspectos sociais e afetivos presentes no contexto da cargo a ser preenchido ou as competências individuais necessá-
organização. rias à organização) e, de outro lado, o perfil das características
Destarte, a presença de indivíduos extremamente qualifica- dos candidatos que se apresentam. A primeira variável é for-
dos no âmbito de uma empresa não é garantia de rendimento necida pela descrição e análise do cargo ou das competências
superior frente aos concorrentes. requeridas, enquanto a seguida é obtida por meio de aplicação
Paralelamente, é fundamental que cada integrante de uma das técnicas de seleção (CHIAVENATO, 2009, p.173).
organização tenha uma atitude favorável à aplicação destes Existem dois tipos de mercado: o Mercado de Trabalho
conhecimentos em situações concretas de trabalho para gerar onde são divulgadas as oportunidades de emprego e o Mer-
resultados cada vez melhores. cado de Recursos Humanos, caracterizado pelo conjunto de
Dessa forma, não se pode confundir potencial com compe- candidatos que estão em busca das oportunidades oferecidas
tência. A competência é a “forma como a pessoa mobiliza seu pelas organizações. Tanto no mercado de trabalho quanto no
estoque e repertório de conhecimentos e habilidades em um mercado de recursos humanos, existem constantes alterações,
determinado contexto, de modo a agregar valor para a organi- que influenciam nas práticas das organizações no que se refere
zação no qual está inserida (competência em ação). Esta agrega- as gestão de pessoas e no comportamento das pessoas que
ção de valor implica em uma contribuição efetiva da pessoa ao estão disponíveis no mercado ou que pretendem buscar outro
patrimônio de conhecimento da organização”. (DUTRA, 2004). emprego.
Um dos mecanismos mais eficazes para conseguir que o Quando o mercado tem mais ofertas do que procura, os
indivíduo contribua para a consolidação da visão de futuro candidatos podem escolher as organizações que oferecem
de sua instituição é incentivar e valorizar suas competências, melhores condições e oportunidades, aumentando assim seu
direcionando-as e desenvolvendo-as de forma alinhada aos poder de negociação. As organizações por outro lado, investem
objetivos estratégicos organizacionais. mais em benefícios sociais e salariais, em treinamento e progra-
Nesse sentido, diversos foram os modelos desenvolvidos, e mas de desenvolvimento, dentre outras, para atrair e reter os
o que parece melhor responder às novas necessidades organi- candidatos. Geralmente os critérios de seleção são mais flexíveis
zacionais parece ser o modelo de gestão de pessoas por compe- e as pessoas sentem-se mais propensas a lançar-se no mercado.
tências, que define quais são os conhecimentos, habilidades e Quando a situação é inversa, existe mais procura por em-
atitudes necessários aos indivíduos. prego do que ofertas de vagas diminui o poder de negociação
O grande apelo à adoção da gestão de competências pelas por parte dos candidatos, sentem-se inseguros em deixar seu
organizações pode ser entendido quando se compreende o ciclo emprego, aumenta a competição entre os candidatos. Há pouco
virtuoso que a mesma tende a gerar principalmente no que diz ou nenhum investimento salarial, benefícios, treinamento e a
respeito ao processo de inovação e aprendizagem organizacio- ênfase acaba sendo no recrutamento externo para melhorar o
nal. O pressuposto é o de que as pessoas, vendo suas diferentes potencial interno.
entregas reconhecidas pela empresa, passem a produzir cada Vários são os fatores que interferem tanto no mercado
vez mais, gerando maiores benefícios para a organização, que de recursos humanos quanto no mercado de trabalho. Um
reconhecerá as novas tecnologias e processos de produção pro- deles está relacionado ao desenvolvimento tecnológico que
piciados pela iniciativa de cada indivíduo ou equipe, passando a aumentou a sofisticação do trabalho, demandando habilidades
valorizá-las ainda mais (OLIVEIRA, DIAS, ROQUETTE). e competências mais variadas dos trabalhadores, automatizan-
do os processos, aumentando a produtividade, gerando novos
1.6.3 Recrutamento e seleção empregos, eliminando postos de trabalho. A intensificação da
tecnologia possibilitou ofertas de produtos mais acessíveis,
O contexto de Gestão de Pessoas, mais conhecido como aumentando o consumo o que pode ser um fator gerador de
Recursos Humanos, é formado, por pessoas e organização, es- emprego.
tabelecendo uma relação de dependência mútua para o alcance O mercado está cada vez mais competitivo fazendo com
das metas e objetivos (CHIAVENATO 2005). Para que exista esta que as organizações criem estratégias para gestão de pessoas
relação entre pessoas e organização, há necessidade de que as mais eficientes para atrair e reter pessoas. A responsabilidade
organizações escolham as pessoas que desejam como empre- por pesquisar interna e externamente os candidatos potenciais
gados e que as pessoas escolham onde pretendem trabalhar. para preencher as vagas existentes na organização, cabe ao
Este processo de escolha mútua ocorre quando as organizações Recrutamento e Seleção. Portanto, o processo de recrutamento
divulgam suas vagas no mercado de trabalho e as pessoas inte- e seleção desempenha um papel essencial.
ressadas, candidatam-se as vagas disponíveis (TEDESCO, 2009).
70
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Para se alcançar a integração estratégica entre a área de O processo de Recrutamento e Seleção terá um resultado
Recursos Humanos e os negócios da empresa, é preciso que positivo, quando atender as necessidades com rapidez; com
cada atividade de RH seja integrada verticalmente, de modo a se quantidade suficiente de candidatos considerados potencial-
alinhar aos imperativos da estratégia da empresa (MILLMORE, mente capacitados; com custo adequado despendido no pro-
2003). Recrutamento e seleção são práticas que se mantiveram cesso e que haja permanência dos candidatos na organização.
relativamente imutáveis ao longo do tempo, sendo ainda fre- O resultado será negativo quando ocorrer um alto turnover
quentemente relacionadas aos modelos psicossomáticos, abor- (rotatividade) no período experimental, poucos candidatos
dagens padronizadas onde se procurava a pessoa certa para potenciais para o processo seletivo, alto custo do recrutamen-
o lugar certo. Hoje o enfoque dessas práticas tem se tornado to;poucos funcionários qualificados o que poderá comprometer
mais orientado estrategicamente, buscando-se pessoas para a a eficiência e eficácia da organização.
organização e não mais para um cargo específico. O que importa O papel primordial do selecionador de pessoal é garantir,
é a busca de capital humano, que se revela pelo conjunto de enquanto estratégia de gestão de Recursos Humanos, a efi-
competências que as pessoas têm e que se alinham às compe- ciência das atividades mediadas por organismos dentro das
tências essenciais da empresa.34 organizações mantendo ou elevando a produtividade via sele-
Se o comportamento estratégico exige que a organização ção de perfil psicológico. Tal qualidade está automaticamente
combine seus recursos no longo prazo, às demandas de mudan- vinculada a prática de recrutamento, compreendida como as
ças ambientais, as organizações consideram que o capital huma-
seguintes etapas:
no seja uma das principais fontes de vantagem competitiva; sob
este aspecto, recrutamento e seleção são funções essenciais
a) Recebimento da Vaga
dentro da área de RH para dar suporte à execução da estratégia
da corporação, o que já vinha sendo percebido há cerca de
quinze anos atrás (HENDRY, PETTIGREW; SPARROW, 1988). O trabalho de recrutamento inicia-se no momento em que
Mas, para que o recrutamento e seleção sejam conside- se recebe a liberação da vaga, solicitação de pessoal, perfil pro-
rados estratégicos, eles precisam atender a três condições fissiográfico ou afim. Embora a nomenclatura deste documento
primárias independentes: integração estratégica; foco no longo se diferencie de empresa para empresa, o objetivo é único:
prazo; e mecanismo para transformar demandas estratégicas munir a divisão de recrutamento e seleção sobre os dados e cri-
em especificações apropriadas para recrutamento e seleção. térios que servirão de base para preterir ou aprovar currículos.
Sob esta perspectiva, o papel das funções de recrutamento e Em algumas empresas, o RH atua como staff ou Consultoria
seleção está no provimento de pessoas com as competências Interna junto aos departamentos requisitantes no desenho do
vistas como críticas para o futuro ou, em outras palavras, em perfil de uma vaga. Em agências de emprego e Consultoria de
saber escolher as pessoas que “tocarão” a gestão da empresa RH, quando recebemos uma vaga, ligamos para os clientes para
no futuro. confirmar o recebimento e automaticamente, aproveitamos a
O termo “recrutamento” pode facilmente ser encontrado contingência para esclarecer ou flexibilizar os requisitos para
em dicionários, como por exemplo, na versão on line do http:// o desempenho de um cargo vago. Negligenciar quaisquer
www.priberam.pt/ como ato ou efeito de recrutar uma leva informações a respeito do perfil de um cargo é sinônimo de
de recrutas. Sua morfologia e significado teve origem, pratica- comprometer o recrutamento e, portanto, o processo seletivo
mente nos exércitos, pois estava vinculado a prática de captar como um todo.
recrutas para vagas de futuros soldados ou postos de guerrilha. Assim, o processo de recrutamento e seleção tem início
Rapidamente o termo, bem como seu objetivo (captação de quando houver disponibilidade de vaga motivada por substitui-
pessoas) foi ampliado para o sistema de RH, em especial, ao ção em função de desligamentos por aposentadoria, promoções,
subsistema de Recrutamento e Seleção de Pessoal.35 afastamentos, dentre outros ou por necessidade de aumentar a
O papel do recrutamento é ser o elo entre a organização e quantidade de pessoas em virtude do aumento da produção,
o mercado de trabalho. Recrutamento e Seleção é um processo novos produtos, ampliações da organização, aquisição de novos
que procura integrar pessoas e trabalho, através do estudo das maquinários, dentre outros.
diferenças individuais das pessoas que se apresentam às vagas, Quando surge a vaga, a área requisitante deve encaminhar
com a finalidade de prognosticar, através da utilização das
a solicitação para recursos humanos, que iniciará o processo de
técnicas de seleção, quais estariam capacitadas para ocupar um
recrutamento e seleção.
cargo dentro de uma organização (Bruno, 2000).
Geralmente o processo tem início com a Análise da Des-
crição de Cargo e/ou Definição do Perfil de competências, que
pode ser feita através da leitura da Descrição do Cargo que está
sendo solicitado ou entrevistando o requisitante para conhecer
34. Ana Maria Roux Valentini Coelho CÉSAR; Roberto CO- quais requisitos são necessários para este cargo.
DA;Mauro Neves GARCIA. Um novo RH? – avaliando a atuação São necessárias as seguintes definições: requisitos mínimos
e o papel da área de RH em organizações brasileiras. FACEF imprescindíveis para ocupar o cargo, que se o candidato não
PESQUISA – v.9 - n.2 – 2006. possuir, não poderá ser indicado para a vaga e os requisitos
35. Eduardo Alencar, Camilla Pauferro, Alcimar Fraga, Érica considerados como adequados, que se o candidato não possuir,
Soares e Tatiane Rosa. Introdução ao Recrutamento de Pessoal poderão ser desenvolvido posteriormente e/ou podem servir
(2008) como diferencial no momento da decisão.
71
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
As informações que o recrutamento e seleção necessita II – Recrutamento Externo: Consiste nas práticas emprega-
para iniciar o processo são as seguintes: atividades que a pessoa das à divulgação de vagas em aberto para o mercado de mão
irá desempenhar; responsabilidades e autonomia; posição do de obra externo à organização/empresa, como por exemplo,
cargo na hierarquia; Conhecimentos e habilidades técnicas anúncios em jornais, contratação de agências de emprego, con-
necessárias para desenvolver as funções e atividades; Os com- sultorias de RH e afins. As vantagens consistem em uma gama
portamento, habilidades e atitudes para o desenvolvimento diversificada de perfis para proceder com seleção de pessoal e
das funções e atividades; Desafios e dificuldades características agilidade na captação de pessoas. As desvantagens são geral-
deste cargo; Relações diretas e indiretas, tanto internas quanto mente, custo e desmotivação de colaboradores internos ao não
externas; Horário de trabalho; Oportunidades de desenvolvi- serem considerados para processos seletivos da empresa.
mento que esta função gera; dentre outras. Assim, o Recrutamento Externo é caracterizado pela iden-
Atualmente os processos estão voltados para a Seleção por tificação de candidatos no mercado externo. Apresenta como
Competências, mapeando-se as competências da organização e vantagens a geração de novas ideias trazidas pelos candidatos;
a que a organização necessita para cada cargo: maior diversidade nos recursos humanos da organização, apro-
a) técnicas que são os pré-requisitos do cargo, conheci- veitamento dos treinamentos de outras empresas; e outros e
mentos e habilidades especificas para atribuições ou funções como limitações, a falta de candidatos potenciais; a demora
específicas e; dos contratados para conhecer os processos e procedimentos
b) comportamentais que são as atitudes e comportamen- da organização; maior tempo despendido no processo; custo
tos compatíveis com as atribuições a serem desempenhadas, mais alto do que no processo interno, e a possibilidade de
por exemplo comunicação, liderança, negociação, persuasão, gerar insatisfações internamente pelo não aproveitamento dos
flexibilidade, etc., como vimo anteriormente (para maiores funcionários.
conhecimentos consulte livro “Seleção por Competência” de Os meios para identificação dos candidatos externos podem
Maria Odete Rabaglio, 2005). ser a consulta ao Banco de Candidatos; a Indicação de Funcioná-
rios; a colocação das oportunidades em Agências de Empregos,
b) Anúncio ou divulgação de vagas em Consultorias; Intercâmbio entre Empresas, os Grupos de Profis-
fontes e parceiros de recrutamento sionais; as Apresentações espontâneas; Associação de Classes,
Sindicatos, Universidades; Jornais, Revistas, Internet, e outros.
Na etapa de anúncios, pode-se proceder com três condutas: A decisão sobre qual o melhor meio para divulgação das
I – Recrutamento Interno: Consiste nas práticas emprega- vagas está relacionada ao custo operacional, retorno rápido; e a
das à divulgação de vagas em aberto dentro das empresas ou eficiência e eficácia do processo.
organizações, focando o mercado de mão de obra interno, como Por exemplo, os anúncios nos jornais, revistas e internet,
por exemplo, um teaser, anúncio na copa, e-mail, comunicado têm como vantagens, além de ser uma fonte para atrair candi-
formal ou semelhante, com o intuito de recrutar colaboradores datos potenciais, é um meio para propaganda da organização,
de outros departamentos que tenham interesse em mudar de se bem elaborados. Os anúncios nos jornais e revistas têm como
área a título de promoção, interesse profissional ou semelhante. desvantagens, o alto custo e o retorno demorado para receber
A grande vantagem de um recrutamento interno é o baixo custo os candidatos e/ou currículos.
com fontes de recrutamento. A desvantagem, é que ingressa- Após a divulgação da(s) vaga(s) e o recebimento dos cur-
mos em um circulo vicioso, ou como diríamos no senso comum, rículos ou dos candidatos, inicia-se o processo de Triagem que
“cobre um santo e descobre outro”. Caso um colaborador venha compreende a análise do currículo ou da ficha de solicitação de
ser aprovado para um processo de recrutamento e seleção emprego e uma entrevista inicial.
interno, a vaga dele no seu antigo cargo, provavelmente abrirá Na análise do currículo ou da Ficha de Solicitação devemos
junto ao subsistema de recrutamento e seleção de pessoal. considerar: as realizações profissionais; os projetos desenvolvi-
Assim, o Recrutamento Interno é fundamentado na mo- dos e implantados; a formação acadêmica; os cursos realizados;
vimentação dos funcionários seja através de transferências, a experiência profissional observando a compatibilidade com
promoções, baseados geralmente nos programas de desenvol- os requisitos solicitados; a compatibilidade entre a formação
vimento de Recursos Humanos. e as funções ou cargos ocupados pelo candidato; as datas de
Este tipo de recrutamento apresenta como vantagens a admissões e demissões; o local onde reside, dentre outros,
rapidez, economia, conhecimento, aumento da motivação, considerando sempre os requisitos definidos pelo requisitante.
utilização dos investimentos em treinamento e como limitações Após a triagem, os candidatos deverão ser convocados
a frustração dos candidatos não selecionados; a demora na para o processo de seleção. Esta convocação pode ser feita
liberação do candidato pela supervisão atual, a quantidade através de mensagens eletrônicas, telegramas, telefonemas,
insuficiente de candidatos para o processo de seleção. cartas, recados através de funcionários, dentre outros. Deve-se
Os meios para divulgação das vagas internamente podem informar horário e local. Na convocação via telefone ou correio
ser o quadro-de-avisos; intranet; consulta aos gestores (geren- eletrônico é possível esclarecer algumas condições de trabalho
tes /supervisores); consulta aos planos de desenvolvimento de tais como: horários da empresa; fases do processo de seleção;
recursos humanos. faixa salarial; a área em que a vaga está disponível e outras.
Devem-se preparar o local, materiais e todos meios que
serão utilizados no processo de seleção.
72
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
III – Recrutamento Misto: Consiste nas práticas emprega- Tendo o currículo em mãos, o recrutador/selecionador de
das à divulgação de vagas em aberto para o mercado de mão pessoal verificará se o candidato tem os pré-requisitos da vaga
de obra interno e externo. As vantagens concentram uma em aberto, em caso de afirmativo, abordará o candidato para
flexibilidade de cenário e vantagens estratégicas mencionadas uma entrevista, em caso de negativo, o candidato fica preterido
nos itens anteriores, bem como a flexibilidade para com as nesta etapa da seleção.
consequências negativas. Particularmente, em processos de recrutamento em
agências e consultorias de RH, onde a demanda de currículos
– Instituições de Ensino (Técnico, Médio, Graduação, Pós é muito grande, qualquer detalhe do candidato que não esteja
Graduação, Profissionalizante, Qualificação profissional e compatível com o perfil da vaga, o retira do processo. No caso
afins); de recrutamento interno, é possível levar em consideração
outros dados além do currículo, como por exemplo, a avaliação
– Sites; de seu gestor imediato.
– Jornais (Locais, Nacionais, regionais) e Mídias; Outro aspecto a ser considerado é a fidedignidade das
– Instituições diversas (Ongs, Associações, Igrejas, even- informações mencionadas no currículo. Se o candidato coloca
tos, etc); cursos, o ideal é que traga na entrevista, cópia destes. Se
coloca informações sobre experiência, o ideal é que traga na
– Anúncio(s) na porta da empresa ou consultoria; entrevista sua carteira de trabalho e assim por diante. Como o
– Agência de Emprego, Consultoria de RH; Outplacement agendamento de entrevistas é a ponte entre o recrutamento
e afins; e a seleção de pessoal propriamente dita, é necessário estes
cuidados metodológicos para não incluirmos candidatos negli-
– Indicação de candidatos ou funcionários;
gentes ou inadimplentes com as informações mencionadas em
– Indicação de empresas parceiras, fornecedores e clien- seus currículos.
tes;
– Internet e seus recursos; D) Convocação de candidatos para processos seletivos
– Etc O Processo de Seleção tem como objetivo identificar e
avaliar o perfil de competências das pessoas no que se refe-
Figura – Algumas fontes e parceiros de recrutamento rem às habilidades cognitivas, os conhecimentos técnicos, a
comunicação, a criatividade, a iniciativa, o trabalho em equipe,
Em aspectos gerais, a escolha de fontes de recrutamento a liderança, as formas de lidar com situações de pressão, os
varia conforme perfil da vaga, criatividade do recrutador e conflitos, as mudanças, a flexibilidade, a tomada de decisão, a
recursos financeiros e institucionais da empresa. capacidade para solução de problemas, o comportamento éti-
co, a negociação, e outros, conforme solicitação do requisitante
C) Análise e triagem de currículos oriundos destas ações (BRUNO, 2000).
O sucesso do processo de seleção depende fundamental-
O currículo é praticamente o “cartão de visita” dos candida- mente da definição clara e objetiva do perfil de competências.
tos recrutados ou interessados em oportunidades de trabalho A definição deve estar voltada não só ao cargo em aberto, mas
junto a uma empresa. Não há uma “fórmula” mágica ou modelo também a carreira, objetivos da posição e perspectivas da
padrão, devido à grande diversidade na conduta de confeccio- organização.
nar este “cartão de visita”. Entretanto, sugere-se: Devem-se estabelecer os requisitos que se o candidato não
Origem: A palavra Curriculum Vitae é de origem latina e possuir, terá pouca probabilidade de sucesso na posição.
traduz-se como “trajetória de vida”. Hoje em dia, não utilizamos Deve-se tomar cuidado com a supervalorização da pessoa
mais esta nomenclatura e nem é necessário colocar “Currículo”. em detrimento do cargo efetivo.
Indica-se como título, o nome do candidato. As técnicas utilizadas na Seleção são identificadas a partir
Abas: é necessário dados pessoais (endereço, telefone, dos requisitos definidos no início do processo. Identificamos
bairro, CEP, estado civil, nacionalidade e e-mail), Objetivo algumas delas: 1) Entrevista; 2) Dinâmica de Grupo; 3) Provas
(Departamento e cargo de interesse), Experiência profissional Situacionais; 4) Teste Psicológico; 5) Testes Técnicos ou Prova
(Empresas onde já trabalhou, tempo que permaneceu, des- de conhecimentos e de capacidades, dentre outras técnicas.
tacando cargo, data de entrada, saída e síntese de atividades
desenvolvidas), escolaridade (técnico, médio, graduação, Entrevista
pós-graduação e afins), idiomas (em caso de tê-los, indicar nível
e instituição onde cursou), Informática (Indicar softwares que É uma forma de coleta de dados e também o recurso mais
sabe operacionalizar, caso tenha feito curso, adicionar a escola eficiente do processo seletivo, se bem elaborada. Portanto não
e período), Atividades extra-curriculares (em caso de estágios deve ser substituída por outra técnica. Os tipos de entrevistas
supervisionados, atividades filantrópicas e afins). são:
Lay-out: O segredo é nada muito extravagante, com portu- a) individual, quando o entrevistador e candidato estão
guês correto, objetivo, claro, conciso. face a face;
b) em Grupo envolvendo vários candidatos e entrevistado-
res;
73
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
c) Por Banca envolvendo dois entrevistadores e um entre- Após a entrevista, deve-se analisar se o perfil do candidato
vistado; é compatível com o solicitado pela organização e preencher
d) o Painel de Entrevista envolvendo grupo de entrevis- imediatamente o relatório com as devidas avaliações e parecer
tadores, geralmente 3, que entrevistam individualmente o da seleção (RABAGLIO, 2005).
candidato. Analisando a Entrevista:
A entrevista por banca, painel ou grupo, em relação à • Correlação entre o que foi narrado e as competências
entrevista individual apresenta algumas vantagens tais como: – postura e estilo pessoal do candidato e a adequação com a
a redução do tempo tanto dos profissionais envolvidos quanto empresa;
dos entrevistadores; evitam repetições de perguntas ou temas; • Competências que não atendem as exigências, se são
permitem o confronto de percepções dos entrevistadores passíveis de treinamento e a viabilidade para a empresa.
aumentando a objetividade e permitem a participação de pro- • Se as expectativas e reivindicações do candidato vão ao
fissionais de áreas diferentes, porém interdependentes. encontro às da empresa;
Podemos ter indicar como desvantagens que alguns dados • Contribuições que serão efetivas para a empresa (RABA-
pessoais ou referentes ao emprego anterior não podem ser GLIO, 2005).
pesquisados para não expor os entrevistados, pois estes podem Parecer da Seleção: relatar os principais atributos e os
perder a espontaneidade ou sentir-se constrangidos. aspectos que não atendem a necessidade. Indicar se está:
A utilização da técnica de entrevista prevê a preparação dos • acima do esperado.
entrevistadores para que não ocorram perguntas repetidas, que • se é favorável ou atende as expectativas.
não façam perguntas dirigidas apenas para um candidato, para • se é Favorável, porém com restrições.
não demonstrar falta de planejamento. O método de entrevista • se é inaceitável ou desfavorável.
pode ser: Com relação às características do entrevistador, destacam-
a) Diretivo – baseia-se em um roteiro planejado, permite -se: atenção concentrada, capacidade analítica, receptividade,
manter o controle da situação quanto ao tempo a ser utilizado e neutralidade; mobilidade, empatia, sensibilidade, equilíbrio,
perguntas a serem feitas, é recomendado quando se dispõe de dentre outras.
pouco tempo para coleta de dados; quando os dados a serem • Algumas perguntas que podem ser feitas na entrevista:
pesquisados são objetivos. • Descreva suas tarefas e responsabilidades mais importan-
b) Não Diretivo – enfatiza-se a relação entrevistado e en- tes.
trevistador , assim como suas expressões verbais e não verbais, • Relate duas ou Três situações que experimentou ou pro-
é adequado para situações onde o entrevistado apresenta jetos que realizou no último(s) trabalho(s) que representaram
acentuada tensão emocional; apresenta recursos intelectuais realização.
• Relate situações/atividades/projetos que representaram
satisfatórios. O responsável pelo processo de recrutamento e se-
frustração e como lidou com estas situações.
leção deve preparar-se para a entrevista através da elaboração
• Na sua vida profissional, qual ou quais metas ou situações
do Roteiro da Entrevista; ler novamente o currículo ou Ficha de
que foram as mais desafiadoras – as mais frustrantes e as mais
Solicitação de Emprego; preparação dos outros entrevistadores;
estressantes.
preparação do local de atendimento garantindo privacidade e
• Quais expectativas para esta posição, nesta empresa.
outras características que permitam condições éticas e pessoais
• Como espera contribuir para com esta empresa.
mínimas; evitar que haja interrupções, que a sala seja fechada,
• Os objetivos para daqui a dois e cinco anos e o que está
iluminada e arejada.
fazendo para alcançá-los.
No início da entrevista, deve estabelecer o rapport, quebrar • O que te levou a deixar a(s) ou que te faz pensar em deixar
o gelo através de um conversa informal criando um ambiente a(s) empresa(s) anterior(es).
descontraído e cordial, falar sobre a empresa, seu histórico, • Quais as decisão mais difícil que você já tomou.
missão, valores, produtos, perspectivas, organograma, benefí- • Qual situação faria você desrespeitar alguma norma da
cios, motivo da abertura da vaga, dentre outras. Deve-se tomar empresa.
cuidado para não superdimensionar a organização, falar sobre • Dê exemplo de uma situação onde antecipou possíveis
o cargo, o motivo da abertura da vaga, principais atividades, problemas para seu cliente e qual foi à solução recomendada.
responsabilidades, perspectivas, fornecer ao candidato as • Exemplifique um trabalho/projeto/nova tecnologia e qual
informações sobre o perfil esperado e como será o processo metodologia usaria para implementação.
seletivo. Isto possibilita que o candidato analise se atende suas Existem outras questões relevantes dependo da área /
expectativas e se deseja continuar. cargo/perfil estabelecido.
O candidato é cliente da seleção e deve ser tratado com Além disso, podem-se criar situações relacionadas à área/
consideração, ética e respeito. empresa/atividades e solicitar para que o candidato relate como
O fechamento da entrevista deve dar oportunidade ao agiria ou o que pensa a respeito da situação ou problemática
candidato para expressar opiniões ou fazer alguma pergunta; abordada.
devem-se dar explicações sobre as próximas fases e comprome- Ao convocar candidatos para fase de entrevistas, o ideal é
ter-se com o retorno. utilizar uma abordagem que perpasse os seguintes itens:
A duração da entrevista é de 45 a 60 minutos. Este tempo • Empatia;
é utilizado para: Introdução – Informações Pessoais e Profissio- • Clareza;
nais – Informações sobre Perfil de Atribuições e Competências. • Apresentação da empresa;
74
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
• Apresentação da Vaga, focando condições de trabalho; Os testes são ferramentas auxiliares no processo de de-
Etc. cisão, nunca podem ser vistos como fim. Eles complementam
Pode-se utilizar o período de contato telefônico com os as impressões que são colhidas nas entrevistas, dinâmicas de
recrutados para analisar: grupos e nas provas. Os testes psicológicos para serem usados
• Fluência verbal; devem passar por um crivo científico que comprovem sua va-
• Expectativas; lidade (capacidade de medir aquilo a que se propõe), precisão
• Motivação para participar do processo; e fidedignidade (consistência dos resultados e estabilidade das
• Desenvoltura; respostas, comparando-se grupos de pesquisa e instrumentos
• Etc. similares) e padronização (instruções normativas para aplicação
dos testes) e a existência de normas específicas e atualizadas
Dinâmica de Grupo para a população brasileira.
Técnica que integra o processo seletivo através da aplica- Testes Técnicos ou Prova de
ção de exercícios, jogos e simulações. Ela dá aos examinadores a conhecimentos e de capacidades
possibilidade de observar as pessoas exercendo diversos papéis
onde são encontrados os requisitos básicos exigidos para o car-
São instrumentos utilizados para avaliar o nível de conhe-
go a ser preenchido. Faz parte de um conjunto de instrumentos
cimentos gerais e específicos dos candidatos exigidos pelo
para avaliar o candidato. Sua finalidade é auxiliar a revelar ao
cargo a ser preenchido. Podem ser orais ou escritas, através de
selecionador se o candidato apresenta as características profis-
perguntas e respostas ou de realização, aplicadas por meio de
sionais e pessoais que a empresa está buscando. Esta técnica
consiste em oferecer algumas situações que possam colocar execução de uma tarefa (CHIAVENATO, 2005).
o grupo em funcionamento, a fim de que se estabeleça uma Algumas empresas estão utilizando o recrutamento on-line.
dinâmica, de tal forma que os candidatos venham a se expor. Existe uma série de funcionalidades de e-Recruitment que orga-
Embora as etapas e propostas das dinâmicas mudem de nizam cada processo seletivo de modo que cada candidato em
uma empresa para outra, de modo geral, elas consistem de cada vaga mantenha seu status atualizado, tal como: avaliações
três etapas: Estas atividades grupais possibilitam que algumas do recrutador – entrevistas e dinâmicas, testes on-line etc. Isso
características dos candidatos se revelem e, assim, permitam facilita o trabalho dos recrutadores, consultores, assistentes e
ao selecionador avaliar a compatibilidade entre o candidato e a das áreas coligadas como: Administração de Pessoal, Cargos
vaga oferecida. Observa-se como cada pessoa se comporta em e Salários, Treinamento e Desenvolvimento, Planejamento de
grupo, como é a comunicação, o nível de iniciativa, a liderança, Carreira, já que todas as informações podem ser compartilha-
o processo de pensamento, o nível de frustração, se aceita bem das.
o fato de não ter sua ideia levada em conta, dentre outros. As empresas podem manter um contato mais personali-
Provas situacionais zado com os candidatos, enviando mensagens de atualização,
São simulações de problemas rotineiros e/ou de situações agradecimento, informando sobre os processos seletivos etc.,
do dia-a-dia ocorridos nas organizações onde os candidatos podendo atingir um grande público individualmente, melhoran-
devem posicionar-se apresentando soluções para estas situa- do a sintonia com todos os profissionais. Por outro lado, bene-
ções, demonstrando suas capacidades para percepção, análise ficia também os candidatos às futuras vagas, pois eles podem
e solução de um problema concreto. As situações problema manter seus dados atualizados – entrando com login e senha
permitem mais de um caminho ou forma para solução do pro- na área destinada a eles, no site – facilitando futuros contatos
blema, pois o objetivo é avaliar como o candidato aplica seus Rapidez e baixo custo caracteriza o processo virtual.
conhecimentos, como toma decisões muitas vezes colocando-se Parecer da Seleção após aplicação das técnicas
no lugar do gestor, suas atitudes diante das situações. Portanto Deve-se relatar os principais atributos e os aspectos que
dependendo de como formularem esta prova, é possível avaliar não atendem a necessidade.
a ética, a prioridade que o candidato estabelece em relação às Indicar se o parecer é favorável ou desfavorável
pessoas e a organização, avaliação da relação custo benefício de
a) Está acima do esperado
suas decisões, se consegue enxergar um mesmo problema sob
b) atende as expectativas/requisitos definidos
diversos ângulos, dentre outros Geralmente são aplicadas indi-
c) Favorável com restrições (citar em quais requisitos)
vidualmente e podem ser utilizadas para discussão em grupo.
d) desfavorável
Quanto mais alto o cargo, menor a possibilidade da utilização
desta técnica. Finalização do Processo Seletivo: Após o parecer da seleção
indicando ou não o(s) candidato(s) e a decisão do requisitante
Testes Psicológicos pela aprovação ou não, o recrutamento e seleção deverá tomar
Os testes avaliam principalmente aptidões, interesses, as seguintes ações:
atitudes personalidade com a finalidade de identificar o perfil e a) Retorno aos Candidatos não aprovados: deve ocorrer
as características e prognosticar o comportamento em determi- logo após a conclusão do processo através de e-mail, carta,
nadas formas de trabalho bem como o potencial de desenvolvi- telegrama, telefonema ou outra forma julgar conveniente.
mento do candidato. A escolha de um teste psicológico deve ser b) Retorno ao candidato aprovado: encaminhando para
feita pelo psicólogo e este deve observar determinados fatores exame médico admissional; entrega de documentação para
como atributos e características que serão avaliadas. processar a contratação; Integração de Novos Funcionários.
75
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
c) Após o período de experiência ou outro período de- • Insumo para revisão de leis de carreira: Na medida em
signado pela empresa, deverá haver um acompanhamento do que a descrição dos cargos é analisada periodicamente e sofre
novo funcionário objetivando verificar sua adaptação, se suas mudanças devido as novas demandas dos processos (leia-se so-
expectativas estão sendo atendidas, dificuldades que está en- ciedade), aumentando a complexidade das atividades pode-se
contrando e como está resolvendo, além de outras e a avaliação propor alterações nas leis de carreira objetivando adequar o
do gestor sobre o desenvolvimento do funcionário. salário/carga horária as exigências do cargo.
1.6.4 Análise e descrição de cargos • Clareza para os ocupantes dos cargos sobre as atividades,
Segundo Joelson Matoso, técnico da Secretaria de Admi- responsabilidades e a importância do seu trabalho para a me-
nistração do Estado de Mato Grosso, em um modelo de gestão lhoria dos serviços públicos.
por processos a quantidade de cargos se dá em função da quan- • Etapas da realização da descrição e análise de cargos
tidade de processos e das demandas de trabalho. O conjunto (Como)
de cargos responsáveis por um número específico de processos • Objetivamente a descrição de cargos é realizada nas
(sistemas) compõe a estrutura organizacional. seguintes etapas:
A análise e descrição de cargos é uma ferramenta gerencial • Elaboração de formulário
muito eficiente para a uma organização, principalmente pela • Elaboração de manual de instrução de preenchimento do
grande quantidade de informações que gera e que servem de formulário e/ou treinamento dos facilitadores.
subsídios para diversos processos de gestão de pessoas. • Preenchimento dos formulários (pode ser por meio de
Como qualquer outra ferramenta de gestão, possui funda- entrevista de um facilitador ao ocupante do cargo, ou o próprio
mento teórico, base desse artigo, que objetiva de maneira clara ocupante preenchendo o formulário)
e objetiva fornecer alguns conceitos e orientações para a sua • Validação/correção dos formulários preenchidos
aplicação. • Revisão periódica da descrição para adequação do cargo
É um documento formal, geralmente um formulário às mudanças nos processos/atividades
ou relatório com o detalhamento do que um cargo exige em Entrevista de levantamento de dados para elaboração da
termos de conhecimentos, habilidades e capacidades para que descrição e análise de cargos.
A entrevista é uma das formas de coleta de dados com
possa ser desempenhada determinada função. A descrição e
maior potencial para refletir de maneira fidedigna a realidade da
análise de cargos tende a otimizar o desenvolvimento de outras
organização. Tanto o entrevistador quanto o entrevistado têm
atividades, tais como: recrutamento, seleção, treinamentos,
oportunidades de refletir sobre o cargo de uma forma sistemá-
planejamento de cargos e salários, avaliação de desempenho e
tica. A entrevista levanta pontos e questões que normalmente
segurança no trabalho (MATOSO, 2008).36
passam despercebidos no dia a dia da organização.
Matoso explica que, dentro da estrutura, cada cargo está
A entrevista deve iniciar com o entrevistado dando uma
direta ou indiretamente responsável por um ou mais processos,
visão geral do cargo, em termos de objetivos e responsabilida-
de forma que estes (os processos) requerem profissionais
des. A seguir o entrevistador deve iniciar as perguntas diretivas
com características específicas, daí a necessidade de se fazer
que propiciarão as respostas para preencher o formulário. As
a descrição e análise dos cargos dos Núcleos Sistêmicos com respostas devem contemplar os itens de um plano de ação: O
o objetivo de alocar as pessoas certas nos cargos adequados. que faz? Quando faz? Como faz? Onde faz? Porque faz?
Destaca-se aqui as ideias deste servidor público sobre análise e Algumas perguntas que o entrevistador pode fazer:
descrição de cargos: • Qual o objetivo central que o seu cargo deve alcançar?
Além disso, a descrição e análise de cargos oferece: • Quais são as principais atividades que você dirige, super-
• Insumo para nomear pessoas para os cargos existentes: visiona ou controla? (Esta pergunta pode gerar muitas outras.
Uma vez que o perfil do cargo já está descrito, basta encontrar a Pode tomar algum tempo para cobrir todas as atribuições do
pessoa que melhor preencha os requisitos exigidos. cargo).
• Insumo para avaliação de desempenho: O desempenho • Qual a participação do seu cargo na definição de políticas,
do ocupante do cargo pode e deve ser avaliado com base nas objetivos, normas e procedimentos para sua área?
características que o cargo requer. • Como são estabelecidos os objetivos e metas de curto/
• Insumo para levantar necessidades de capacitação: A longo prazos para o seu cargo?
análise e descrição do cargo contém o perfil de profissional • Como é feito o planejamento, o acompanhamento e as
ideal para ocupar aquele cargo. Se o ocupante não possui certa correções dos planos e objetivos do seu trabalho?
habilidade ou conhecimento requerido pelo cargo, deve desen- • Como você planeja, acompanha, controla e avalia o resul-
volver tal habilidade ou conhecimento para desempenhar de tado do trabalho dos membros da sua equipe?
maneira satisfatória suas funções. A necessidade de capacitação • Quais as principais complexidades do seu cargo?
é, portanto, a diferença entre a descrição do cargo e a avaliação • Que tipos de obstáculos ou de oportunidades exigem o
de desempenho do servidor. máximo de sua habilidade para atingir seus objetivos?
• Insumo para ações de segurança no trabalho, porque • Como o seu superior pode saber se você está tendo um
identifica os cargos em que os riscos a saúde do trabalhador são desempenho satisfatório em relação aos objetivos estabeleci-
maiores. dos para o seu cargo?
36. Obtido em http://gestaocomaspessoas.blogspot.com. • Quais os principais objetivos que poderiam ser tomados
br/2008/01/anlise-e-descrio-de-cargos.html como representativos para o seu cargo?
76
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
• Qual a medida (quantitativa ou qualitativa) poderia ser treinamento técnico ou desenvolver capacidades alinhadas ao
utilizada para descrever ou medir o seu desempenho? mercado. Para esses autores, há quatro aspectos relacionados
ao crescimento da atividade de treinamento e desenvolvimento
Sugestão de verbos para iniciar as em uma empresa: fatores estratégicos, política e personalidade
frases de descrição das atividades da empresa, restrições de tempo e mobilização para mudanças.
Os fatores estratégicos relacionam-se às mudanças tecnoló-
Aconselhar, adotar, ajustar, ajudar, analisar, apoiar, apre- gicas ou às mudanças que ocorrem no mercado e que provocam
sentar, aprovar, aprimorar, avaliar, aferir, conduzir, consultar, gaps de habilidades; isto é especialmente sério em empresas
contatar, controlar, desenvolver, determinar, dirigir, elaborar, com base tecnológica onde treinamento em alto nível, às ve-
especificar, estabelecer, estudar, examinar, executar, facilitar, zes, é uma das únicas opções viáveis para a empresa manter
informar, liderar, manter, motivar, orientar, organizar, partici- competitividade. Quanto aos aspectos relacionados à política e
par, pesquisar, planejar, preparar, prever, receber, recomendar, à personalidade da empresa, Pettigrew et al. (1988) comentam
reportar, representar, rever, selecionar, supervisionar, treinar, a necessidade de uma filosofia que seja apoiadora de treina-
verificar. mento e que seja traduzida em níveis de responsabilidade da
Sugestão de verbos para descrever a missão do cargo companhia no tocante à criação de estruturas para identificação
Verbos para você usar no meio da frase, depois de palavras de necessidades, criação e compartilhamento de treinamento.
como “visando a”, “afim de”, “para”, “com o objetivo de” etc. O aspecto relacionado às restrições de tempo refere-se mais a
Alcançar, apoiar, aprimorar, assegurar, assistir, atingir, questões operacionais do que estratégicas, pois envolve ações
aumentar, auxiliar, conseguir, contribuir, controlar, coordenar, de apoio para cobertura temporária de postos de trabalho, uma
criar, cumprir, desenvolver, estabelecer, estimular, facilitar, barreira frequentemente apresentada pelos gestores de linha.
formular, implementar, manter, maximizar, minimizar, motivar, Quanto à mobilização para mudança, os autores comentam
obter, otimizar, preservar, promover, proteger, reduzir. a necessidade de alinhamento dos programas de mudança
propostos pela área de RH e as demandas por mudanças nas
Treinamento demais áreas da empresa.
Mas como fazer para verificar se o investimento em desen-
O Treinamento e Desenvolvimento (T&D) pode ser definido volvimento de pessoas representa uma estratégia de interven-
de modo amplo como um processo educacional aplicado de ção efetiva para a aprendizagem organizacional, tema essencial
quando o assunto é competitividade? Berry e Grieves (2003)
maneira organizada e sistemática, que visa mudança de atitudes
apontam que o caminho para a verificação está na extensão
e comportamentos. De modo mais específico:
em que esse investimento é capaz de promover a transferência
Desenvolvimento profissional: é a educação profissional
de aprendizagem, desenvolver a capacidade de treinamento e
que aperfeiçoa a pessoa para uma carreira dentro de uma pro-
encorajar o desenvolvimento de um RH estratégico. Para os au-
fissão. É a educação profissional que visa ampliar, desenvolver
tores, a transferência de aprendizagem é avaliada pela capaci-
e aperfeiçoar a pessoa para seu crescimento profissional em
dade que as pessoas têm de transferir para suas situações reais
determinada carreira na organização ou para que se torne mais
de trabalho o que aprenderam em programas de treinamento.
eficiente e produtiva no seu cargo. Seus objetivos são menos
A capacidade de treinamento é vista como a habilidade que as
amplos que os da formação e situados no médio prazo, visando organizações têm para promover, desenvolver continuamente
proporcionar conhecimentos que transcendem o que é exigido e sustentar as habilidades para aprender e criar novos conheci-
no cargo atual, preparando-a para assumir funções mais com- mentos aplicáveis.
plexas. É dado nas organizações ou em firmas especializadas em Esta capacidade é uma mistura de recursos aplicados pela
desenvolvimento de pessoal. organização para alcançar um determinado fim e o desenvolvi-
Treinamento: é a educação profissional que adapta a pessoa mento de competências essenciais à empresa que garantem à
para um cargo ou função. Seus objetivos situados no curto prazo mesma sua vantagem competitiva. Quanto ao desenvolvimento
são restritos e imediatos, visando dar ao homem os elementos de um RH estratégico, os autores apontam que este se relaciona
essenciais para o exercício de um cargo, preparando-o adequa- à capacidade que a organização tem de operacionalizar sua mis-
damente para ele. É dado nas empresas ou em firmas especia- são através de fatores de sucesso críticos; de criar indicadores
lizadas em treinamento. Nas empresas, é delegado geralmente de desempenho da área que sejam adequados; do desenvol-
ao chefe imediato da pessoa que está trabalhando. Obedece a vimento da habilidade para fazer diagnósticos; da aplicação
um programa preestabelecido e atende a uma ação sistemática de conhecimentos no processo de transformação cultural;
visando à adaptação do homem ao trabalho. Pode ser aplicado da capacidade de aplicação de competências para relacionar
a todos os níveis ou setores da empresa (CHIAVENATO, 2009, o processo de mudança em curso com o processo planejado.
pp.388-389). Segundo os autores, todas estas ações, embora não exatamente
O papel de T&D é o de coordenar e apoiar os processos de alocadas na área de RH, dependem do suporte da mesma para
mudança, contribuindo para conquista equilibrada e simultânea que a vantagem competitiva se consolide.
dos resultados das pessoas e das organizações (BOOG, 2005). O Processo de T&D prevê as seguintes etapas:
As funções de treinamento e desenvolvimento têm um papel 1) Diagnóstico das Necessidades: efetuando o levantamento
essencial no crescimento de uma organização. Vários estudos e análise das necessidades de Treinamento e desenvolvimento;
mostram isto. Pettigrew et al. (1988) já discutiam, há quase vinte 2) Elaboração e Implementação do Programa de Treina-
anos, que a função de treinamento podia ir além de promover mento e Desenvolvimento;
77
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
3) Avaliações: compreende avaliações de reação; de acom- d) Entrevista de Desligamento: quando o funcionário desli-
panhamento e de conhecimento, quando prevista. gar-se da empresa, efetua-se a entrevista para verificar as razões
4) Registros e Controles. do desligamento; dificuldades que encontrou no desempenho
de suas funções, estilo de liderança, ações para que melhorasse
PROCESSO DE TREINAMENTO E
seu desempenho, dentre outras.
DESENVOLVIMENTO
e) Pesquisa de Clima Organizacional: avaliar a percepção
*OBJET IVO
*População
Envolvida
dos funcionários relacionadas com as práticas e políticas da
*Diagnóstico
organização relacionadas ao sistema de gestão; capacitação;
das
Necessidades oportunidades de desenvolvimento; relações interpessoais, pro-
*PROGRAMA
cesso de comunicação; imagem da organização; dentre outros,
DE
avaliando quais ações de treinamento e desenvolvimento pode
*T REINAMENTOS INTERNOS T REINAMENT OS EXTERNOS
TREINAMENT O
Implementação
das ações de
Implementação
das ações de
contribuir para melhorar o nível de satisfação ou insatisfação
dos funcionários.
treinamento treinamento
interno* externo*
AVALIAÇÕES
78
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
79
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
80
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
que, a partir do momento em que reconhecemos a categoria - Componente comportamental – conjunto de reações, de
a que uma pessoa pertence, passamos a atribuir-lhe determi- respostas, face ao objeto social. Esta disposição para agir de de-
nadas características. Podemos afirmar que, tal como outros terminada maneira depende das crenças e dos valores que se
processos de cognição social, as expectativas formam-se no pro- têm relativamente ao objeto social.
cesso de socialização por influência da família, da escola, do gru-
po de pares, da comunidade social. Estão, portanto, marcadas É a partir de uma informação ou convicção a que se atribui
pelos valores, crenças, atitudes e normas de um dado contexto um sentimento que desenvolvo um conjunto de comportamen-
social, bem como pela história pessoal. tos.
O facto de não conhecermos o desconhecido leva-nos a Por exemplo, uma atitude negativa relativamente ao tabaco
construir esquemas interpretativos que organizam a informação pode basear-se numa crença de que há uma relação entre o ta-
que captamos e que estão na base das impressões e das expec- baco e o cancro (componente cognitiva). A pessoa que partilha
tativas. desta crença não gosta do fumo e experimenta sentimentos de-
Nós comportamo-nos de acordo com aquilo que pensamos sagradáveis em ambientes onde as pessoas fumam (componen-
que os outros pensam de nós. te afetiva). A esta atitude estão, associados alguns destes com-
portamentos: a pessoa não fuma, tenta convencer os outros a
Expectativas, estatuto e papel não fumar (componente comportamental).
Um exemplo muito claro das expectativas na vida social é
por exemplo uma relação entre marido mulher, pais e filhos. Atitudes e comportamentos
Ao exercer as funções respectivas, há um conjunto de ex- As atitudes não são diretamente observáveis: inferem-se
pectativas mútuas que regulam as relações. dos comportamentos. Também é possível, a partir de um com-
A cada estatuto corresponde um papel, isto é, um conjunto portamento, inferir a atitude que esteve na sua origem. Assim,
de comportamentos que esperados de um individuo com de- se soubermos que uma pessoa tem uma atitude negativa face
terminado estatuto. No caso de uma professora nós esperamos ao tabaco, podemos prever a forma como se comportará face a
que ela ensine bem. Existe, portanto, uma complementaridade uma campanha antitabaco, ou como reagirá se fumarmos junto
entre estatuto e papel. a ela.
Numa sociedade, os papeis sociais prescrevem todos um De igual modo, as reações de uma pessoa face a uma situ-
conjunto de comportamentos, possuem padrões de comporta- ação podem permitir prever a atitude que lhe está subjacente.
mentos próprios, de tal forma institucionalizados que os seus As atitudes são o suporte intencional de grande parte dos
membros sabem quais as reações que um seu comportamento nossos comportamentos.
pode provocar – expectativa de conduta.
Estas experiências (experiência do telefone) mostraram que
Formação e mudança de atitudes
as expectativas positivas geram comportamentos positivos e as
As atitudes não nascem conosco, formam-se e aprendem-
expectativas negativas geram comportamentos negativos.
-se no processo de socialização. São vários os agentes sociais
responsáveis pela formação das atitudes: os pais e a família, a
Atitudes
escola, o grupo de amigos, a imprensa.
Uma atitude é uma tendência para responder a um obje-
São sobretudo os pais que exercem um papel fundamen-
to social – situação, pessoa, grupo, acontecimento – de modo
tal na formação das primeiras atitudes nas crianças. A educação
favorável ou desfavorável. A atitude não é, portanto, um com-
escolar desempenha, na nossa sociedade, um papel central na
portamento mas uma predisposição. É uma tomada de posição
intencional de um indivíduo face a um objeto social. As atitudes formação das atitudes. Na adolescência, tem particular relevo o
desempenham um papel importante no modo como processa- grupo de amigos.
mos a informação do mundo social em que estamos inseridos. Atualmente, os meios de comunicação, têm grande influ-
Permitem-nos interpretar, organizar e processar as informações. ência na formação de novas atitudes ou no reforço das que já
É este processo que explica que, face a uma mesma situação, existem.
diferentes pessoas a interpretem de formas distintas. É através da observação, identificação e imitação dos mode-
los que se aprendem, que se formam as atitudes. Esta aprendi-
Componentes das atitudes zagem ocorre ao longo da vida, mas tem particular prevalência
Construídas ao longo da vida, mas com especial incidência na infância e na adolescência. Há, contudo, uma tendência para
na infância e na adolescência, as atitudes envolvem diferentes a estabilidade das atitudes.
componentes interligadas. Nas atitudes, podem distinguir-se Apesar da relativa estabilidade das atitudes, estas podem
três componentes: mudar ao longo da vida. As experiências vividas pelo próprio po-
- Componente cognitiva – é construída pelo conjunto de dem conduzir à alteração das atitudes. Por exemplo, uma pes-
ideias, de informações, de crenças que se têm sobre um dado soa é a favor da pena de morte pode mudar de atitude porque
objeto social. É o que consideramos como verdadeiro acerca do viu um filme que a comoveu, um documentário impressionan-
objeto. te. Várias pesquisas levadas a cabo por psicólogos sociais nas
- Componente afetiva - conjunto de valores e emoções, po- últimas décadas permitem identificar situações ou fatores que
sitivas ou negativas, relativamente ao objeto social. Está ligada favorecem a mudança de atitude.
ao sistema de valores, sendo a sua direção emocional.
81
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
82
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
As normas são regras sociais básicas que estabelecem o que - A importância do grupo – quanto mais atrativo for o grupo
as pessoas podem ou não podem fazer em determinadas situa- para a pessoa maior é a probabilidade de ela se conformar. A ne-
ções que implicam o seu cumprimento. As normas são uma ex- cessidade de pertença ao grupo implica, por parte do individuo,
pressão de influência social. A sua interiorização progressiva ao a adoção de comportamentos, normas e valores do grupo.
longo do processo de socialização torna-as tão naturais que não - A autoestima – as pessoas com um nível mais elevado de
nos apercebemos da forma como influenciam os nossos pensa- autoestima são mais independentes do que as que têm uma au-
mentos e comportamentos. toestima mais baixa.
As normas, que regulam as relações interpessoais e que O conformismo está ligado às normas do grupo, pois o indi-
refletem o que é socialmente desejável, orientam o comporta- viduo conforma-se em relação às normas do grupo.
mento. Definem o que é ou não é desejável, o que é conveniente As razoes que leva uma pessoa a conformar-se são as mes-
num dado grupo social, apresentando modelos de conduta. mas que a levam a fazer parte de grupos: a necessidade de ser
É graças ao conjunto de normas que os comportamentos aceite, de interagir com os outros, e de o fazer de forma a terem
dos indivíduos de um dado grupo social são uniformizados (toda sentido.
a gente lava os dentes de manha; toda a gente usa talheres para
comer, etc), o que é uma vantagem, porque sabemos o que po- Processos de relação entre indivíduos e grupos.
demos esperar dos outros e o que os outros esperam de nós
(prever o comportamento dos outros). Atração
As normas traduzem os valores dominantes de uma socie- A psicologia social procura compreender o que está na base
dade ou de um grupo, constituindo elementos de coesão grupal, destes processos que explicam a atração interpessoal (não é
dado que estabelecem um sistema de referência comum: atitu- atração erótica). É um tema importante porque, compreender-
des e padrões de comportamentos. As normas são facilitadoras -se a atração interpessoal, é compreender também o funciona-
do processo de adaptação, pois mantêm-se estáveis no tempo, mento dos grupos sociais: como se originam, desenvolvem, evo-
asseguram ao grupo uma identidade. luem e rompem as relações interpessoais no interior dos grupos.
Na ausência de normas explícitas, reconhecidas coletiva- Podemos definir atração interpessoal como a avaliação cog-
mente, os indivíduos que constituem um grupo tentam elabo- nitiva e efetiva que fazemos dos outros e que nos leva a procurar
rá-las influenciando-se uns aos outros. A este processo dá-se o a sua companhia. Manifesta-se pela preferência que temos por
nome de normalização. Esta necessidade decorre do facto de a determinadas pessoas que nos levam a gostar de estar com elas,
ausência de normas ser geradora de desorientação e angústia a partilhar confortavelmente a sua presença.
nos membros do grupo. A vida em sociedade seria impossível Fatores que influenciam a atração (além da história pesso-
se não houvesse normas: as interações sociais seriam imprevisí- al):
veis, o que comprometeria a vida social. É pelas normas que pre- 1. Proximidade – a proximidade geográfica é um fator po-
vemos o comportamento dos outros e que orientamos o nosso deroso na medida em que são as pessoas mais próximas aque-
comportamento. São as normas que asseguram a estabilidade las por quem poderemos sentir-nos mais atraídas (também são
do nosso viver social. aquelas com quem poderemos ter mais conflitos)
A falta de cumprimento das normas leva a sanções/castigos, 2. Familiaridade – relaciona-se também com a proximida-
que são aplicados da sociedade ao individuo. de; a atração relativamente a uma pessoa pode aumentar se
estivermos frequentemente com ela. São as pessoas com quem
Conformismo lidamos com mais frequência que nos são mais acessíveis.
O conformismo é uma forma de influência social que resulta 3. Atração física – as pessoas fisicamente mais bonitas (se-
do facto de uma pessoa mudar o seu comportamento ou as suas gundo os padrões culturais) causam melhores impressões ini-
atitudes por efeito da pressão do grupo. ciais, o que incentiva a atração por essa pessoa.
Existem factos que influenciam e explicam o conformismo: 4. Semelhanças interpessoais – sentimo-nos atraídos por
- A unanimidade do grupo – o conformismo é maior nos pessoas que têm sentimentos, comportamentos, atitudes, opi-
grupos em que há unanimidade. Basta haver no grupo um aliado
niões, interesses e valores semelhantes aos nossos
que partilhe uma opinião diferente (pode ser igual à nossa ou
5. Qualidades positivas - gostamos mais de pessoas que
não!), para os efeitos do conformismo serem menores. Na expe-
apresentam características que consideramos agradáveis do que
riência de Asch, bastava um dos indivíduos respondesse correta-
com características que consideramos desagradáveis.
mente, que o nível de conformismo baixa de forma significativa.
6. Complementaridade – Há autores que consideram que,
- A natureza da resposta – o conformismo aumenta quan-
embora, numa primeira fase, as semelhanças interindividuais
do a resposta é dada publicamente: a resistência à aceitação da
sejam um fator de aproximação, no desenvolvimento de uma
opinião da maioria é maior quando a privacidade é assegurada
relação, as pessoas são atraídas por características que elas não
(ex. mesas de voto).
possuem; são as assimetrias das características que tornam o
- A ambiguidade da situação – a pressão de grupo aumenta
quando não estamos certos do que é correto. Por isso, é maior outro atraente, na medida em que se complementam.
o conformismo quando as tarefas ou as questões são ambíguas, 7. Reciprocidade – gostamos de pessoas que nos apreciam,
não sendo clara e inequívoca a opção (ex. nos testes quando não que gostam de nós: simpatizamos mais com quem simpatiza co-
sabemos a resposta, metemos o que nos disserem, mesmo que nosco.
discordes parcialmente).
83
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Existem muitos fatores que influenciam a atração interpes- - participam do estabelecimento de objetivos comuns;
soal, existem outros fatores que se interligam com os anteriores - desenvolvem a cooperação e a integração entre os mem-
e entre si: bros.
- Respeito – quando valorizamos a competência, capacida-
de ou talento do outro Fatores que interferem no trabalho em equipe
- Aceitação – pela compreensão e disponibilidade demons- - Estrelismo;
trada pelo outro - Ausência de comunicação e de liderança;
- Estima – a simpática da outra pessoa aumenta a atração - Posturas autoritárias;
que sinto por ela. - Incapacidade de ouvir;
- Gratidão – pelo bem que o outro propicia.38 - Falta de treinamento e de objetivos;
- Não saber “quem é quem” na equipe.
Trabalho em equipe
Cada vez mais, as equipes se tornam a forma básica de São características das equipes eficazes:
trabalho nas organizações do mundo contemporâneo. As evi- - Comprometimento dos membros com um propósito co-
dências sugerem que as equipes são capazes de melhorar o mum e significativo;
desempenho dos indivíduos quando a tarefa requer múltiplas
- O estabelecimento de metas específicas para a equipe que
habilidades, julgamentos e experiências. Quando as organiza-
conduzam os indivíduos a um melhor desempenho e também
ções se reestruturaram para competir de modo mais eficiente e
energizam as equipes. Metas específicas ajudam a tornar a co-
eficaz, escolheram as equipes como forma de utilizar melhor os
municação mais clara. Ajudam também a equipe a manter seu
talentos dos seus funcionários. As empresas descobriram que as
foco sobre o obtenção de resultados;
equipes são mais flexíveis e reagem melhor às mudanças do que
- Os membros defendem suas ideias, sem radicalismo;
os departamentos tradicionais ou outras formas de agrupamen-
- Grande habilidade para ouvir;
tos permanentes. As equipes têm capacidade para se estruturar,
- Liderança é situacional; ou seja, o líder age de acordo com
iniciar seu trabalho, redefinir seu foco e se dissolver rapidamen-
te. Outras características importantes é que as equipes são uma o grau de maturidade da equipe; de acordo com a contingência;
forma eficaz de facilitar a participação dos trabalhadores nos - Questões comportamentais são discutidas abertamente,
processos decisórios aumentar a motivação dos funcionários. principalmente as que podem comprometer a imagem da equi-
pe ou organização
Diferença entre Grupo e Equipe - O nível de confiança entre os membros é elevado;
Grupo e equipe não é a mesma coisa. Grupo é definido - Demonstram confiança em seus líderes, tornando a equi-
como dois ou mais indivíduos, em interação e interdependência, pe disposta a aceitar e a se comprometer com as metas e as
que se juntam para atingir um objetivo. Um grupo de trabalho decisões do líder;
é aquele que interage basicamente para compartilhar informa- - Flexibilidade permitindo que os membros da equipe pos-
ções e tomar decisões para ajudar cada membro em seu desem- sam completar as tarefas uns dos outros.
penho na sua área de responsabilidade. Isso deixa a equipe menos dependente de um único mem-
Os grupos de trabalho não têm necessidade nem oportu- bro;
nidade de se engajar em um trabalho coletivo que requeira es- - Conflitos são analisados e resolvidos;
forço conjunto. Assim, seu desempenho é apenas a somatória - Há uma preocupação / ação contínua em busca do auto-
das contribuições individuais de seus membros. Não existe uma desenvolvimento.
sinergia positiva que possa criar um nível geral de desempenho O desempenho de uma equipe não é apenas a somatória
maior do que a soma das contribuições individuais. das capacidades individuais de seus membros.
Uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva por Contudo, estas capacidades determinam parâmetros do
meio do esforço coordenado. Os esforços individuais resultam que os membros podem fazer e de quão eficientes eles serão
em um nível de desempenho maior do que a soma daquelas dentro da equipe. Para funcionar eficazmente, uma equipe pre-
contribuições individuais. O quadro abaixo ressalta as diferenças cisa de três tipos diferentes de capacidades. Primeiro, ela preci-
entre grupos de trabalho e equipes de trabalho. sa de pessoas com conhecimentos técnicos. Segundo, pessoas
com habilidades para solução de problemas e tomada de de-
Transformando indivíduos em membros de equipe cisões que sejam capazes de identificar problemas, gerar alter-
- partilham suas ideias para a melhoria do que fazem e de nativas, avaliar essas alternativas e fazer escolhas competentes.
todos os processos do grupo; Finalmente, as equipes precisam de pessoas que saibam ouvir,
- respeitam as individualidades e sabem ouvir; deem feedback, solucionem conflitos e possuam outras habili-
- comunicam-se ativamente; dades interpessoais.
- desenvolvem respostas coordenadas em benefícios dos
propósitos definidos; Tipos de Equipe
- constroem respeito, confiança mútua e afetividade nas As equipes podem realizar uma grande variedade de coisas.
relações; Elas podem fazer produtos, prestar serviços, negociar acordos,
38 Fonte: www.notapositiva.com - Texto adaptado de Claudia coordenar projetos, oferecer aconselhamentos ou tomar deci-
Fernandes sões.
84
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Equipe de soluções de problemas: Neste tipo de equipe, tos influenciarão as interações e as próprias atividades. Assim,
os membros trocam ideias ou oferecem sugestões sobre os sentimentos positivos de simpatia e atração provocarão au-
processos e métodos de trabalho que podem ser melhorados. mento de interação e cooperação, repercutindo favoravelmen-
Raramente, entretanto, estas equipes têm autoridade para im- te nas atividades e ensejando maior produtividade. Por outro
plementar unilateralmente suas sugestões. lado, sentimentos negativos de antipatia e rejeição tenderão à
Equipes de trabalho auto gerenciadas: São equipes autô- diminuição das interações, ao afastamento nas atividades, com
nomas, que podem não apenas solucionar os problemas, mas provável queda de produtividade.
também implementar as soluções e assumir total responsabili- Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se relacio-
dade pelos resultados. São grupos de funcionários que realizam na diretamente com a competência técnica de cada pessoa. Pro-
trabalhos muito relacionados ou interdependentes e assuem fissionais competentes individualmente podem render muito
muitas das responsabilidades que antes eram de seus antigos abaixo de sua capacidade por influência do grupo e da situação
supervisores. de trabalho.
Normalmente, isso inclui o planejamento e o cronograma Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há
de trabalho, a delegação de tarefas aos membros, o controle co- uma base interna de diferenças que englobam valores, atitu-
letivo sobre o ritmo de trabalho, a tomada de decisões operacio- des, conhecimentos, informações, preconceitos, experiência
nais e a implementação de ações para solucionar problemas. As anterior, gostos, crenças e estilo comportamental, o que traz
equipes de trabalho totalmente auto gerenciadas até escolhem inevitáveis diferenças de percepções, opiniões, sentimentos em
seus membros e avaliam o desempenho uns dos outros. relação a cada situação compartilhada. Essas diferenças passam
Consequentemente, as posições de supervisão perdem a a constituir um repertório novo: o daquela pessoa naquele gru-
sua importância e até podem ser eliminadas. po. Como essas diferenças são encaradas e tratadas determina a
Equipes multifuncionais: São equipes formadas por funcio- modalidade de relacionamento entre membros do grupo, cole-
nários do mesmo nível hierárquico, mas de diferentes setores gas de trabalho, superiores e subordinados. Por exemplo: se no
da empresa, que se juntam para cumprir uma tarefa. As equipes grupo há respeito pela opinião do outro, se a ideia de cada um
desempenham várias funções (multifunções), ao mesmo tempo, é ouvida, e discutida, estabelece-se uma modalidade de relacio-
ou seja, não há especificação para cada membro. O sentido de namento diferente daquela em que não há respeito pela opinião
equipe é exatamente esse, os membros compensam entre si as do outro, quando ideias e sentimentos não são ouvidos, ou igno-
competências e as carências, num aprendizado contínuo. rados, quando não há troca de informações. A maneira de lidar
As equipes multifuncionais representam uma forma eficaz com diferenças individuais criam certo clima entre as pessoas e
de permitir que pessoas de diferentes áreas de uma empresa
tem forte influência sobre toda a vida em grupo, principalmente
(ou até de diferentes empresas) possam trocar informações, de-
nos processos de comunicação, no relacionamento interpessoal,
senvolver novas ideias e solucionar problemas, bem como coor-
no comportamento organizacional e na produtividade.
denar projetos complexos. Evidentemente, não é fácil adminis-
Valores: Representa a convicções básicas de que um modo
trar essas equipes. Seus primeiros estágios de desenvolvimento,
específico de conduta ou de condição de existência é individu-
enquanto as pessoas aprendem a lidar com a diversidade e a
almente ou socialmente preferível a modo contrário ou oposto
complexidade, costumam ser muito trabalhosos e demorados.
de conduta ou de existência. Eles contêm um elemento de jul-
Demora algum tempo até que se desenvolva a confiança e o es-
gamento, baseado naquilo que o indivíduo acredita ser correto,
pírito de equipe, especialmente entre pessoas com diferentes
históricos, experiências e perspectivas. bom ou desejável. Os valores costumam ser relativamente está-
Equipes Virtuais: Os tipos de equipes analisados até agora veis e duradouros.
realizam seu trabalho face a face. As equipes virtuais usam a tec-
nologia da informática para reunir seus membros, fisicamente Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – favorá-
dispersos, e permitir que eles atinjam um objetivo comum. Elas veis ou desfavoráveis – em relação a objetos, pessoas ou even-
permitem que as pessoas colaborem on-line utilizando meios tos. Refletem como um indivíduo se sente em relação a alguma
de comunicação como redes internas e externas, videoconfe- coisa. Quando digo “gosto do meu trabalho” estou expressando
rências ou correio eletrônico – quando estão separadas apenas minha atitude em relação ao trabalho. As atitudes não são o
por uma parede ou em outro continente. São criadas para durar mesmo que os valores, mas ambos estão inter-relacionados e
alguns dias para a solução de um problema ou mesmo alguns envolve três componentes: cognitivo, afetivo e comportamental.
meses para conclusão de um projeto. Não são muito adequadas A convicção que “discriminar é errado” é uma afirmati-
para tarefas rotineiras e cíclicas. va avaliadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma
atitude. Ela estabelece a base para a parte mais crítica de uma
Em todo processo onde haja interação entre as pessoas va- atitude: o seu componente afetivo. O afeto é o segmento da ati-
mos desenvolver relações interpessoais. tude que se refere ao sentimento e às emoções e se traduz na
Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as atividades afirmação “Não gosto de João porque ele discrimina os outros”.
são predeterminadas, alguns comportamentos são precisam ser Finalmente, o sentimento pode provocar resultados no com-
alinhados a outros, e isso sofre influência do aspecto emocional portamento. O componente comportamental de uma atitude
de cada envolvido tais como: comunicação, cooperação, respei- se refere à intenção de se comportar de determinada maneira
to, amizade. À medida que as atividades e interações prosse- em relação a alguém ou alguma coisa. Então, para continuar no
guem, os sentimentos despertados podem ser diferentes dos exemplo, posso decidir evitar a presença de João por causa dos
indicados inicialmente e então – inevitavelmente – os sentimen- meus sentimentos em relação a ele.
85
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Encarar a atitude como composta por três componentes – 2-Objetivos comuns – As metas dizem respeito à equipe, e
cognição, afeto e comportamento – é algo muito útil para com- todos reconhecem e assumem a responsabilidade por seu cum-
preender sua complexidade e as relações potenciais entre atitu- primento.
des e comportamento. Ao contrário dos valores, as atitudes são 3- Papéis diferenciados – Cada membro do time deve dar
menos estáveis.39 sua contribuição individual à equipe.
4- Autonomia – A liberdade para realizar o trabalho é uma
TRABALHO EM EQUIPE - A COMPETÊNCIA COMPORTA- marca registrada das equipes.
MENTAL MAIS VALORIZADA 5-Dependência dos recursos externos – Os membros da
equipe sabem que dependem de outras equipes ou indivíduos
O trabalho em equipe nos revela algo belo que é chegar para conseguir informações, recursos e apoio. Enfim, eles valori-
aonde sozinhos não chegaríamos. Consiste ainda em mostrar zam tudo o que possa ajudá-los a cumprir seus objetivos.
para nós mesmos que precisamos cocriar e estabelecer conexão 6 -Responsabilidade coletiva – Recompensas e feedbacks
uns com os outros. Estar inserido em grupo em busca de um são uma constante, principalmente para o time como um todo.41
resultado é um relacionamento que assemelha a um conjunto
de engrenagens interligadas: os atritos são naturais, mas o im- Sustentabilidade organizacional.
portante é que a máquina continue funcionando.
Segundo pesquisa da consultoria Manpowergroup, realiza- O tema sustentabilidade está cada vez mais em evidência,
da no Brasil e noutros 40 países, com cerca de 60 mil empresas, tanto no contexto acadêmico como no empresarial e gover-
de diferentes segmentos, para 17% dos entrevistados a Colabo- namental. A aproximação entre organizações e princípios da
ração e o Trabalho em grupo é a competência comportamental sustentabilidade ganha gradativa relevância na academia e no
mais relevante em um profissional, e também a mais rara de se mercado em escala global. Entende-se por atividade sustentável
encontrar no mercado atualmente. aquela que é executada levando em conta a proteção ambiental,
Portanto, saber trabalhar em equipe é essencial para a sua a atenção às necessidades sociais e a minimização dos custos.
carreira! E apesar de estarmos expostos a isso por toda a nossa Desta forma, a busca pela sustentabilidade organizacional tor-
vida, em várias empresas esse tipo trabalho é prejudicado por na-se um diferencial para uma organização.
colaboradores que não preferem trabalhar individualmente a A sustentabilidade aplicada ao contexto das organizações
unir suas forças e atuar em grupo. envolve relações múltiplas de troca entre o aspecto social, eco-
Para te ajudar a desenvolver esta competência, apresento nômico e ambiental, almejando a seguridade e o bem-estar das
duas dicas importantes para quem trabalha em equipe: gerações presentes e futuras a partir do uso racional e conscien-
Use o bom senso – Procure sempre o bom senso em tudo. te dos recursos disponíveis (BRUNSTEIN, SCARTEZINI e RODRI-
Pense bem antes de falar e esteja pronto a ouvir o outro. E sem- GUES, 2012). Nesse cenário, as empresas desempenham um
pre que for emitir alguma opinião, feedback que possa envolver papel de fundamental importância, sobretudo pelo comprome-
alguma crítica aos seus companheiros de equipe escolha bem as timento da gestão voltada aos valores sustentáveis e às práticas
palavras, seja assertivo para não ferir ninguém. de desenvolvimento produtivo, de competição e de tecnologias
Compartilhe a responsabilidade – O trabalho em equipe, aplicadas na minimização da ação empresarial no meio.
às vezes, sofre de um fenômeno chamado “Preguiça Social”. A A articulação entre práticas de gestão sustentáveis e os mo-
“Preguiça Social” é quando membros do grupo não se esforçam delos de competências adotados pelas organizações tendem a
ao máximo, pois têm a sensação de não “ser tão responsável resultar em procedimentos benéficos para a sociedade, a eco-
pelo resultado”. Evite este comportamento, pois a partir do mo- nomia e o meio ambiente. O conhecimento suficientemente
mento que você está trabalhando em grupo, não importa que o claro a respeito das estratégias empresariais, anseios pessoais e
erro não seja diretamente seu, se alguém falhar a culpa também interesses da sociedade permite maior participação dos diversos
é sua. Então, assuma a responsabilidade, seja leal aos seus cole- stakeholders em situações envoltas por condicionantes susten-
gas e honre o sentimento de grupo.40 táveis.
As organizações envolvidas ativamente no debate sobre a
Muitas pessoas dizem que trabalhar em equipe é mais di- sustentabilidade buscam constantemente identificar maneiras
vertido e fácil do que trabalhar individualmente, pois contribui pelas quais possam desenvolver novas formas de produção e de
muito para melhorar o desempenho de todos. Um exemplo de gestão de recursos que confluam para o aprimoramento de práti-
trabalho em equipe é o das formigas e gafanhotos, que se divi- cas relacionadas com cada um dos pilares que a fundamentam. É
dem para pegar alimentos e se um não faz a sua parte, todo o necessário reconhecer que o comportamento das organizações,
resto fica comprometido, dando um modelo de união e força. refletindo as demandas de movimentos internos e externos ao
Segundo Paula Caproni, os times de alta performance têm ambiente empresarial, suscita o reposicionamento e a reconsi-
seis características básicas: deração de atitudes e comportamentos. Tais atitudes procuram
1-Limites precisos – Todos sabem quem pertence ou não ao estar inseridas no posicionamento estratégico que direciona o
time. Da mesma maneira, a equipe é reconhecida pelos outros comportamento socioeconômico dessas empresas, motivo pelo
como uma unidade organizacional. qual a sucessão de mudanças, na busca de alinhamento com os
39 Texto adaptado de Marcel Rodrigues anseios da sociedade, governo e demais entidades, se torna um
40 Fonte: www.coachingconsultores.com.br – Texto adaptado desafio na busca de um desenvolvimento sustentável (MUNCK
de Jose Roberto Marques 41 Texto adaptado de Ana Carolina Novaes
86
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
e SOUZA, 2009). Assim, as organizações se empenham em apri- A sustentabilidade econômica, conforme afirmam Loren-
morar suas práticas de gestão em caminhos estratégicos que as zetti, Cruz e Ricioli (2008), diz respeito à atuação da empresa,
auxiliam a oferecer respostas a tais demandas. influenciando as condições econômicas, o sistema econômico
O envolvimento das organizações em problemáticas de em seus diversos níveis, a geração de riquezas para a sociedade
cunho socioambiental pode transformar-se em uma oportuni- e o fornecimento de bens e serviços. A viabilidade econômica é
dade de negócios, contribuindo para a melhoria de qualidade de o argumento central do desenvolvimento sustentável, uma vez
vida dos stakeholders e a sustentabilidade dos recursos naturais. que é por meio da circulação de riquezas e da geração de lucros
Para Claro, Claro e Amâncio (2008), a preocupação de muitas que são providos os empregos e proporciona-se à comunidade
organizações com o problema da poluição, por exemplo, tem a possibilidade de melhoria de suas condições de vida (AUTIO,
feito com que elas reavaliem o processo produtivo, buscando a KENNEY, MUSTAR et al., 2014). Os autores atestam que a sus-
obtenção de tecnologias limpas e o reaproveitamento dos resí- tentabilidade econômica de uma organização mensura a capa-
duos. Isso gera grandes economias de recursos, que não seriam cidade de desenvolver suas atividades de maneira responsável,
viabilizadas se elas não tivessem tratado dessa situação. Os be- com lucratividade suficientemente atrativa para proprietários e
nefícios econômicos podem resultar de economia de custos ou
investidores.
incremento de receitas. Os benefícios estratégicos resultam de
A sustentabilidade ambiental refere-se ao uso racional dos
melhoria da imagem institucional, renovação da carteira de pro-
recursos naturais, como energia e materiais, bem como à pre-
dutos, aumento da produtividade, alto comprometimento do
servação e à recomposição dos espaços naturais (fauna, flora e
pessoal, melhoria nas relações de trabalho, melhoria da criativi-
dade para novos desafios e melhoria das relações com os órgãos recursos hídricos) (KRAJNC e GLAVIC, 2005). Faz-se indispensá-
governamentais, comunidade e grupos ambientalistas. vel que a organização, sob a perspectiva dos impactos de suas
Com o intuito de compreender o desenvolvimento susten- operações e produtos sobre os sistemas naturais vivos e não
tável de organizações produtivas, Savitz e Weber (2007) concei- vivos, objetive reduzir os impactos negativos e amplificar os po-
tuam essa expressão como a busca de um equilíbrio entre o que sitivos, desenvolvendo tecnologias com o intuito de melhorar o
é socialmente desejável, economicamente viável e ambiental- desempenho de produção, ao mesmo tempo que se preservam
mente sustentável. A organização sustentável seria aquela que os recursos naturais.
consegue, efetivamente, gerar lucro para proprietários e acionis- Portanto, a responsabilidade sobre o espaço natural com-
tas, protege o meio ambiente e melhora a vida das pessoas com preende preocupações além do simples cumprimento da lei, ou
as quais mantém interações (LÉON-SORIANO, MUNÕZ-TORRES e iniciativas como reciclagem ou uso eficiente de recursos energé-
CHALMETA-ROSALEN, 2010). Ainda de acordo com os autores, a ticos, envolvendo um tratamento que, efetivamente modifique
sustentabilidade organizacional pode ser tomada como a capa- as operações organizacionais (PETRINI e POZZEBON, 2010).
cidade de as organizações alavancarem seu capital econômico, A sustentabilidade social remete ao estímulo da igualdade
social e ambiental a fim de contribuir para o desenvolvimento e à participação de todos os grupos sociais na construção e ma-
sustentável em seu domínio político. nutenção do equilíbrio do sistema, compartilhando direitos e
As ações organizacionais sustentáveis são, conforme argu- responsabilidades (GREENWOOD, 2007). O aspecto social, para
mentação de Munck e Souza (2009), as que causam o menor as empresas, refere-se a seu impacto na sociedade, comunidade
impacto ambiental possível por meio de atividades operacio- local e entornos em que operam, sendo o desempenho social
nais preocupadas em simultaneamente promover um desen- abordado por meio dessa análise, considerando os diversos ní-
volvimento socioeconômico que propicie a sobrevivência das veis de alcance como local, nacional e global. Para Krajnc e Gla-
gerações presentes e futuras. A implicação do fomento a esse vic (2005), o aspecto social da sustentabilidade, se analisado sob
desenvolvimento, segundo os autores, deve dar-se de maneira o prisma das empresas, refere-se às atitudes organizacionais em
articulada com os indivíduos inseridos em ambientes sociais e relação aos próprios colaboradores, fornecedores, contratados
organizacionais, uma vez que é por meio deles que são estabele- e consumidores, além de impactos na sociedade em geral, para
cidas as decisões finais validadoras de todas essas proposições.
além de seus domínios.
Assim, objetivando que uma organização se torne realmen-
Os três aspectos da sustentabilidade organizacional (so-
te sustentável, é necessário que haja integração de ações com
cial, ambiental e econômica) devem ser trabalhados de forma
foco nos aspectos econômico, social e ambiental, os quais com-
conjunta, objetivando o alcance de uma instância maior e mais
põem um constructo maior, que é a sustentabilidade organiza-
cional. A concepção baseada nos três aspectos fundamentais do complexa, que é o desenvolvimento sustentável (CALLADO,
ser sustentável assegura tanto o crescimento econômico quan- 2010). Assim, aponta-se que, em um contexto no qual se busca
to a atenção à qualidade ambiental e à justiça social (JAMALI, o equilíbrio sistêmico entre as dimensões da sustentabilidade,
2006). Aproximando, portanto, a sustentabilidade do contexto é indispensável compreender a urgência em fazer uso dos re-
empresarial, busca-se compreender e criar meios de promover cursos que a natureza oferece para garantir às gerações futuras
a sustentabilidade econômica, ao mesmo tempo que há preo- uma sociedade de prosperidade e justiça, com melhor qualidade
cupação com as dimensões da eficiência social e da justiça am- ambiental e de vida.
biental. Nesse ponto, a sustentabilidade organizacional assume
um caráter complexo, podendo ser segmentada na sustentabili-
dade organizacional econômica, sustentabilidade organizacional
ambiental e sustentabilidade organizacional social (CALLADO,
2010).
87
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Sustentabilidade e Competências
A sustentabilidade organizacional pode ser desenvolvida, também, mediante as competências individuais sob a ótica do saber
agir, assumir responsabilidades e ter iniciativa (DUTRA, 2012; FLEURY e FLEURY, 2004). A competência voltada para a sustentabilidade
deve agregar valor à organização, ao indivíduo, à sociedade e ao meio ambiente. Entretanto, estudos sobre competências individuais
ou coletivas voltadas à sustentabilidade ainda não são muito numerosos, embora pesquisas recentes tenham tratado da temática.
A pesquisa de Wiek, Withycombe e Redman (2011), de cunho bibliográfico, resultou em uma profunda revisão com as sínteses
das principais contribuições da literatura sobre o tema. O quadro abaixo apresenta um resumo detalhado das competências para a
sustentabilidade apontadas pelos autores, evidenciando suas principais características e definições.42
Competências para a sustentabilidade e características
Nesse tópico abordaremos sobre a cultura e o clima organizacional, enquanto que, o conteúdo referente à aprendizagem nas
empresas, pela correlação do assunto, será abordado no tópico 12. Gestão do Conhecimento.
A cultura organizacional é um conceito desenvolvido por pesquisadores para explicar os valores e as crenças de uma organização.
De um modo geral, ela é vista como as normas e atitudes comuns de indivíduos e grupos dentro de uma organização. Através deste
conjunto de entendimentos mútuos, a Cultura Organizacional controla a maneira como os indivíduos interagem uns com os outros
dentro do ambiente laboral, bem como com clientes, fornecedores e outras partes interessadas existentes fora dos limites da empre-
sa.
42 Fonte: www.scielo.br – Por Edson Luis Kuzma/Sérgio Luis Dias Doliveira/Adriana Queiroz Silva
88
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Todas as empresas, independentemente do tamanho, do Culturas fortes: Seus valores são compartilhados intensa-
segmento em que atuam e dos bens ou serviços que produzem, mente pela maioria dos funcionários e influencia comportamen-
possuem cultura organizacional, formalmente instituída ou não. tos e expectativas.
Assim, cultura organizacional é um sistema de valores compar- Culturas fracas: São culturas mais facilmente mudadas.
tilhados pelos seus membros, em todos os níveis, que diferen- Como exemplo, seria uma empresa pequena e jovem, como está
cia uma organização das demais. Em última análise, trata-se de no início, é mais fácil para a administração comunicar os novos
um conjunto de características-chave que a organização valori- valores, isto explica a dificuldade que as grandes corporações
za, compartilha e utiliza para atingir seus objetivos e adquirir a tem para mudar sua cultura.
imortalidade. Com base nesse conjunto, pode-se dizer que a cultura or-
A título organizacional, várias pesquisas sugerem que uma ganizacional onde você está inserido é representada pela forma
Cultura Organizacional saudável e vigorosa é capaz de propor- como os colaboradores em geral percebem as características da
cionar vários benefícios, incluindo os seguintes: cultura da empresa.
- Vantagem competitiva derivada de inovação e serviço ao Por que é importante entender a cultura organizacional?
cliente; Aceitar melhor a sua existência, compreender os seus mean-
- Maior desempenho dos empregados; dros, entender como ela é criada, sustentada e aprendida, pode
- Coesão da equipe; melhorar a sua capacidade de sobrevivência na empresa, além
- Alto nível de alinhamento na busca da realização de ob- de ajudá-lo a explicar e prever o comportamento dos colegas no
jetivos. trabalho.
Características Clima organizacional
De acordo com pesquisadores do assunto, existem sete ca- O clima organizacional pode ser definido como os reflexos
racterísticas básicas que, em conjunto, capturam a essência da de um conjunto de valores, comportamentos e padrões formais
cultura de uma organização: e informais que existem em uma organização (cultura) e, repre-
Inovação e assunção de riscos: o grau em que os funcioná- senta a forma como cada colaborador percebe a empresa e sua
rios são estimulados a inovar e assumir riscos. cultura, e como ele reage a isso. Resumindo, clima organizacio-
Atenção aos detalhes: o grau em que se espera que os fun-
nal é a percepção coletiva que as pessoas têm da empresa.
cionários demonstrem precisão, análise e atenção aos detalhes.
Essa percepção pode ser boa ou ruim de acordo com a in-
Orientação para os resultados: o grau em que os dirigentes
terpretação pessoal que cada colaborador faz das políticas, nor-
focam mais os resultados do que as técnicas e os processos em-
mas e conduta da empresa frente às diversas questões, tanto
pregados para seu alcance.
referentes ao mercado em que ela atua, como com relação às
Orientação para as pessoas: o grau em que as decisões dos
pessoas e a sociedade.
dirigentes levam em consideração o efeito dos resultados sobre
O clima organizacional influi diretamente na motivação da
as pessoas dentro da organização.
equipe, no seu grau de satisfação e, conseqüentemente, na qua-
Orientação para as equipes: o grau em que as atividades de
trabalho são mais organizadas em termos de equipes do que de lidade de seu trabalho. Por isso, é tão importante para as empre-
indivíduos. sas mensurar essa percepção que os colaboradores têm dela, ou
Agressividade: o grau em que as pessoas são competitivas e seja, o clima organizacional.
agressivas em vez de dóceis e acomodadas. Através de uma pesquisa de clima organizacional busca-se
Estabilidade: o grau em que as atividades organizacionais obter repostas que auxiliem as empresas a identificar possíveis
enfatizam a manutenção do status quo em contraste com o cres- falhas ou oportunidades de melhoria.
cimento. Esse tipo de pesquisa tem se tornado mais comum, devi-
do aos cada vez mais utilizados processos de automação, que
Tipos de cultura: reduzem o quadro de funcionários, ao chamado “downsizing”,
Culturas adaptativas: Caracterizam-se pela sua maleabili- às fusões e privatizações que misturam culturas organizacionais
dade e flexibilidade e são voltadas para a inovação e a mudan- completamente diferentes gerando, todos eles, muitas vezes,
ça. São organizações que adotam e fazem constantes revisões instabilidade e insegurança aos funcionários o que prejudica seu
e atualizações, em suas culturas adaptativas se caracterizam desempenho e, consequentemente o desempenho da organiza-
pela criatividade, inovação e mudanças. De um lado, a neces- ção como um todo.
sidade de mudança e a adaptação para garantir a atualização e O clima organizacional então age como um indicador de
modernização, e de outro, a necessidade de estabilidade e per- como as mudanças estão afetando a organização.
manência para garantir a identidade da organização. O Japão, Outro ponto que favorece a realização da pesquisa de cli-
por exemplo, é um país que convive com tradições milenares ao ma organizacional é a questão da imagem da empresa. Os co-
mesmo tempo em que cultua e incentiva a mudança e a inova- laboradores são os primeiros clientes que a empresa precisa
ção constantes. conquistar para que, depois possa conquistar o mercado. De
Culturas conservadoras: Se caracterizam pela manutenção nada adianta, por exemplo, uma empresa fazer uma campanha
de idéias, valores, costumes e tradições que permanecem arrai- publicitária milionária a respeito da sua responsabilidade social
gados e que não mudam ao longo do tempo. São organizações ou ambiental para os clientes externos, se seus clientes inter-
conservadoras que se mantêm inalteradas como se nada tivesse nos não estão satisfeitos com as condições de trabalho ou não
mudado no mundo ao seu redor. sabem de nada que empresa realiza a respeito destas questões.
89
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
O clima organizacional pode ser medido, também, através É importante dizer que a Pesquisa de Clima deve sempre
da percepção e alguns “sintomas”: quando o clima é bom, exis- estar coerente com o planejamento estratégico da organização
te alegria no ambiente de trabalho, aplicação e surgimento de e deve contemplar questões de diferentes variáveis organizacio-
ideias novas, os funcionários se sentem confiáveis, engajados, e nais, tais como:
predominam atitudes positivas; já quando o clima é ruim, existe
tensão, rivalidades, desinteresse, erros constantes, desobediên- - O trabalho em si – com base nesta variável procura-se co-
cia às ordens, falta de comunicação, alto índice de absenteísmo, nhecer a percepção e atitude das pessoas em relação ao traba-
greves, desperdício de materiais e turnover alto (rotatividade de lho, horário, distribuição, suficiência de pessoal, etc;
funcionários).43 - Integração Setorial e Interpessoal – avalia o grau de coo-
Atualmente torna-se cada vez mais necessário à área de Re- peração e relacionamento existente entre os funcionários e os
cursos Humanos mensurar suas ações através de procedimentos diversos departamentos da empresa;
que possam respaldar ao máximo sua atuação nas organizações. - Salário – analisa a existência de eventuais distorções entre
O objetivo é transformar a área num RH estratégico cuja os salários internos e eventuais descontentamentos em relação
atuação está alinhada aos planos de negócios. Mas como fazer? aos salários pagos por ouras empresas;
Como criar um RH que funcione como agente de mudanças e - Estilo Gerencial – aponta o grau de satisfação do funcio-
que vai além do simples gerenciamento do capital humano, nário com a sua chefia, analisando a Qualidade de supervisão
apoiando iniciativas e planos de ação que contribuem para a em termos de competência, feedback, organização, relaciona-
execução das estratégias do negócio. mento, etc;
Contamos com algumas ferramentas que podem nos aju- - Comunicação – buscar o conhecimento que os funcioná-
dar neste objetivo, mas é sobre o Clima Organizacional que vou rios têm sobre os fatos relevantes da empresa, seus canais de
dar alguns “insight” de como podemos realizar este trabalho. comunicação, etc;
Mas afinal o que é Clima? Clima é a percepção coletiva que - Desenvolvimento Profissional – avalia as oportunidades
as pessoas têm da empresa, através da experimentação de prá- de treinamento e as possibilidades de promoções e carreira que
ticas, políticas, estrutura, processos e sistemas e a consequente a empresa oferece;
reação a esta percepção. - Imagem da empresa – procura conhecer o sentimento das
E o que é uma Pesquisa de Clima Organizacional? É um ins- pessoas em relação a empresa;
trumento voltado para análise do ambiente interno a partir do - Processo decisório – esta variável revela uma faceta da
levantamento de suas necessidades. Objetiva mapear ou retra- supervisão, relativa à centralização ou descentralização de suas
tar os aspectos críticos que configuram o momento motivacio- decisões;
nal dos funcionários da empresa através da apuração de seus - Benefícios – apura o grau de satisfação com relação aos
pontos fortes, deficiências, expectativas e aspirações. diferentes benefícios oferecidos pela empresa;
Mas por que pesquisar? Porque cria uma base de informa-
- Condições físicas do trabalho – verifica a Qualidade das
ções, identifica e compreende os aspectos positivos e negativos
condições físicas de trabalho, as condições de conforto, insta-
que impactam no Clima e orienta a definição de planos de ação
lações em geral, riscos de acidentes de trabalho e doenças pro-
para melhoria do clima organizacional e, consequentemente, da
fissionais;
produtividade da empresa.
- Trabalho em equipe – Mede algumas formas de participa-
Esta atitude da empresa eleva bastante o índice de moti-
ção na Gestão da empresa;
vação, pois dentro desta ação está intrínseco a frase «estamos
- Orientação para resultados – Verifica até que ponto a em-
querendo ouvir você», «você e sua opinião são muito impor-
presa estimula ou exige que seus funcionários se responsabili-
tantes para nós». A crença na empresa se eleva sensivelmente.
A Pesquisa de Clima é uma forma de mapear o ambiente zem efetivamente pela consecução de resultados.
interno da empresa para assim atacar efetivamente os principais
focos de problemas melhorando o ambiente de trabalho. Além de ouvir seus funcionários sobre o que pensam em re-
Hoje, neste mundo tão cheio de transformações, em meio lação a essas variáveis, as empresas deveriam também conhecer
à globalização, fusões e aquisições, as empresas devem, cada a realidade familiar, social e econômica em que os mesmos vi-
vez mais, melhorar seus índices de competitividade e para isso vem. Somente assim poderão encontrar outros fatores do clima
ela depende quase que única e exclusivamente de seus Seres organizacional que justificam o ambiente da empresa.
Humanos - motivados, felizes e orgulhosos dos valores compar- Não existe uma Pesquisa de Clima padrão. Cada empresa
tilhados com a organização. adapta o questionário a sua realidade, linguagem e cultura de
Pesquisas indicam que colaboradores com baixos índices seus funcionários.
de motivação, utilizam somente 8% de sua capacidade de pro- Para que a empresa tenha sucesso na mensuração do clima
dução. Por outro lado, em setores/áreas/empresas onde encon- organizacional é necessário: credibilidade no processo, sigilo e
tramos colaboradores motivados este mesmo índice pode che- confiança.
gar a 60%. As principais contribuições que podemos obter da Pesquisa
As empresas precisam manter o índice de motivação de de Clima são:
seus colaboradores o mais elevado nível possível de forma que - O alinhamento da cultura com as ações efetivas da em-
este valor passe a ser um dos seus indicadores de resultado. presa;
- Promover o crescimento e desenvolvimento dos colabo-
43 Fonte: www.infoescola.com – Texto adaptado deCaroline Fa-
radores;
ria
90
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
- Integrar os diversos processos e áreas funcionais; 3) Padrões - a ênfase que a organização coloca na qualida-
- Otimizar a comunicação; de do desempenho e na produção elevada, incluindo o grau em
- Minimizar a burocracia; que os membros da organização sentem que ela coloca objeti-
- Identificar necessidades de treinamento e desenvolvimen- vos estimulantes, comunicando-lhes o comprometimento com
to; esses objetivos;
- Enfocar o cliente interno e externo; 4) Recompensas - o grau em que os membros sentem que
- Otimizar as ações gerenciais, tornando-as mais consisten- estão sendo reconhecidos e recompensados por bom trabalho,
tes; ao invés de serem ignorados, criticados ou punidos quando algo
- Aumentar a produtividade; sai errado;
- Diminuir o índice de rotatividade; 5) Clareza Organizacional - o sentimento, entre os mem-
- Criar um ambiente de trabalho seguro; bros, de que as coisas são bem organizadas e os objetivos cla-
- Aumentar a satisfação dos clientes internos e externos.44 ramente definidos, ao invés de serem desordenados, confusos
ou caõticos;
Modelos de estudo de clima organizacional 6) Calor e apoio - o sentimento de que a amizade é uma
Os instrumentos utilizados para avaliar o clima de uma orga- forma valorizada na organização, onde os membros confiam uns
nização caracterizam-se como “pesquisas de clima”. De acordo nos outros e oferecem apoio mútuo. O sentimento de que boas
com Coda (1997:99), a pesquisa de clima organizacional “é um relações prevalecem no ambiente de trabalho;
7) Liderança - a disposição dos membros da organização
levantamento de opiniões que caracteriza uma representação
para aceitar a liderança e a direção de outros qualificados. Quan-
da realidade organizacional consciente” .
do surgem necessidades de liderança, os membros sentem-se
A seguir, são apresentados alguns modelos desenvolvidos
livres para assumi-la e são recompensados por uma liderança
para o estudo de clima organizacional, os quais propõem dife-
bem sucedida.
rentes fatores e/ou variáveis para mensuração de clima: A liderança é baseada na perícia. A organização não é domi-
- Modelo de Lítwin e Stringer (apud Santos, 1983:31-32) nada por uma ou duas pessoas ou depende delas.
O modelo proposto por Litwin e Stringer para medir o clima
organizacional apresenta os seguintes fatores: - Modelo de Sbragia (Sbragia, 1983:30)
1) Estrutura: o sentimento dos trabalhadores sobre as res- Roberto Sbragia, num estudo sobre o clima organizacional
trições em sua situação de trabalho, com muitas regras, regula- em instituição de pesquisa, utiliza uminstrumento de coleta de
mentos, procedimentos; dados contendo vinte indicadores de clima (variáveis):
2) Responsabilidade: o sentimento de ser seu próprio chefe; 1) Estado de Tensão: descreve o quanto as ações das pes-
não haver dupla verificação em suas decisões; soas são dominadas por lógica e racionalidade antes do que por
3) Riscos: o senso de arriscar e de desafio no cargo e na emoções;
situação de trabalho; 2) Conformidade exigida: descreve o quanto as pessoas têm
4) Recompensa: o sentimento de ser recompensado por um flexibilidade de ação dentro do contexto organizacional; descre-
trabalho bem feito; a ênfase na recompensa versus criticismo e ve o quanto a organização conscientiza a necessidade de obedi-
punições; ência a normas e regulamentos formais;
5) Calor e apoio: o sentimento de boa camaradagem geral e 3) Ênfase na Participação: descreve o quanto as pessoas são
de ajuda mútua que prevalece na organização; consultadas e envolvidas nas decisões; o quanto suas idéias e
6) Conflito: o sentimento de que a administração não teme sugestões são aceitas;
diferentes opiniões ou conflitos, a ênfase calcada sobre diferen- 4) Proximidade da Supervisão: descreve o quanto a admi-
tes aqui e agora. nistração deixa de praticar um controle cerrado sobre as pesso-
as; o quanto as pessoas têm liberdade para fixar seus métodos
- Modelo de Kolb et al. (Kolb et al, 1986:78-80) de trabalho; o quanto as pessoas têm possibilidade de exercitar
A partir das dimensões do clima organizacional propostas a iniciativa;
por Litwin e Stringer, Kolb et al propõem um novo modelo/esca- 5) Consideração Humana: descreve o quanto as pessoas são
la com sete fatores de clima: tratadas como seres humanos; o quanto recebem de atenção
em termos humanos;
1) Conformismo - o sentimento de que existem muitas limi-
6) Adequação da Estrutura: descreve o quanto o esquema
tações externamente impostas na organização; o grau em que
organizacional facilita as ações das pessoas’ e o quanto existe de
os membros sentem que há inúmeras regras, procedimentos,
prática, normas, procedimentos e canais de comunicação con-
políticas e práticas às quais devem-se amoldar ao invés de serem
sistentes com os requisitos de trabalho;
capazes de fazer seu trabalho como gostariam de fazê-lo; 7) Autonomia Presente: descreve o quanto as pessoas se
2) Responsabilidade - dá-se responsabilidade pessoal aos sentem como seus próprios patrões; o quanto não precisam ter
membros da organização para realizarem sua parte nos obje- suas decisões verificadas;
tivos da organização; o grau em que os membros sentem que 8) Recompensas Proporcionais: descrevem quão bem as
podem tomar decisões e resolver problemas sem terem de veri- pessoas são recompensadas pelo trabalho que fazem; o quan-
ficar com os superiores cada etapa; to de ênfase édada em recompensas positivas antes do que em
44 Fonte: www.guiarh.com.br/ Texto adaptado de Washington punições; o quão justas são as políticas de pagamento e promo-
Sorio ções;
91
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
9) Prestígio Obtido: descreve a percepção das pessoas sobre 2) Compensação: balanceamento das diferentes formas de
sua imagem no ambiente externo pelo fato de pertencerem à remuneração adotadas pela empresa; amplitude do programa
organização; o quanto a organização projeta seus membros no de benefícios; pagamento acima do mercado para os melhores
ambiente; profissionais à disposição da empresa; concessão de aumentos
10) Cooperação Existente: descreve o quanto a amizade e por desempenho e realização de metas;
as boas relações sociais prevalecem na atmosfera de trabalho da 3) Maturidade empresarial; fornecimento de informações
organização; o grau de confiança de uns nos outros; o grau com à comunidade sobre as atividades e objetivos da organização;
que a interação entre as pessoas é sadia; compreensão adequada pelos membros da organização sobre
11) Padrões Enfatizados: descrevem o grau de importância as pressões exercidas pelo mercado, concorrentes e expectati-
atribuída pelas pessoas às metas e padrões de desempenho: a vas dos clientes; real consideração das pessoas como o maior
ênfase dada à realização de um bom trabalho; patrimônio e comportamento compatível com essa crença; va-
12) Atitude Frente a Conflitos; descreve o quanto as pessoas lorização de elevados padrões de desempenho;
estão dispostas a servir e considerar diferentes opiniões; a ênfa- 4) Colaboração entre áreas funcionais; existência de respei-
se relativa dada pelas pessoas em “levantar o problema” antes to e integridade entre as diferentes áreas funcionais; estreita
do que em ignorá-lo; colaboração entre os departamentos para atingir os objetivos
13) Sentimento de Identidade: descreve o quanto as pes- da empresa;
soas manifestam um sentimento de pertencer à organização; o 5) Valorização profissional; estímulo à formação e ao desen-
quantoas pessoas dão valor à organização da qual fazem parte; volvimento de talentos internos; oportunidades de crescimento
14) Tolerância Existente: descreve o grau com que os erros e de avanço profissional oferecidas; atendimento de aspirações
das pessoas são tratados de forma suportável e construtiva an- e de expectativas de progresso; qualidade da desempenho apre-
tes do que punitiva; sentado como o critério de maior ponderação nas promoções;
15) Clareza Percebida: descreve o grau de conhecimento prioridade do recrutamento interno para posições de chefia;
das pessoas relativamente aos assuntos que lhes dizem respei- 6) Identificação com a empresa; motivação da equipe e bus-
to; o quanto a organização informa às pessoas sobre as formas e ca de objetivos mútuos; sentimento de pertencer a ‘uma grande
condições de progresso; família’; confiança recebida; compatibilidade da filosofia admi-
16) Justiça Predominante: descreve o grau com que predo- nistrativa ao porte da empresa;
minam nos critérios de decisão as habilidades e desempenhos 7) Processo de comunicação: decisões anunciadas pronta-
antes do que os aspectos políticos, pessoais ou credenciais; mente; adequação das informações recebidas ao correto de-
17) Condições de Progresso: descreve a ênfase com que sempenho das atividades; instrumento facilitador da integra-
a organização provê a seus membros oportunidades de cres- ção da empresa; clareza e compreensibilidade das Informações
cimento e avanço profissional; o quanto à organização atende transmitidas;
suas aspirações e expectativas de progresso; 8) Sentido de trabalho: importância atribuída ao que acon-
18) Apoio Logístico Proporcionado: descreve o quanto a tece com a organização; utilidade e importância do trabalho
organização provê às pessoas as condições e os instrumentos realizado no contexto organizacional; firmeza nas ações e em-
de trabalho necessários para um bom desempenho; o quanto a preendimento das mesmas até o final por parte da alta direção;
organização facilita seus trabalhos principais; 9) Política global de recursos humanos: importância atribu-
19) Reconhecimento Proporcionado: descreve o quanto a ída à área de RH diante das demais áreas funcionais existentes;
organização valoriza um desempenho ou uma atuação acima do apoio fornecido pelas políticas de RH ao desenvolvimento do
padrão por parte de seus membros; o quanto os esforços indivi- trabalho; disponibilidade para ouvir e considerar a diversidade
duais diferenciados são reconhecidos; de opiniões;
20) Forma de Controle: descreve o quanto a organização 10) Acesso: continuidade de realização do mesmo tipo de
usa custos, produtividade e outros dados de controle para efeito trabalho até o final da carreira.
de autoorientação e solução de problemas antes do que para Segundo Coda (1997:101), “uma investigação adequada so-
policiamento e castigo. bre Clima Organizacional começa exatamente pela escolha e de-
finições operacionais das variáveis formadoras desse conceito”.
- Modelo de Coda (Coda, 1997:101-103) São indicadores que traduzem a realidade organizacional em um
Este autor realizou cinco estudos de clima organizacional re- determinado momento.
alizados em diferentes organizações brasileiras de grande porte
do setor público e privado. Os principais fatores obtidos a partir Clima organizacional e satisfação do cliente externo
dos indicadores utilizados foram: Só recentemente, como já vimos neste e no capítulo ante-
1) Liderança: encorajamento pelo chefe para o desenvolvi- rior deste estudo, os desafios da competitividade globalizada
mento e crescimento profissional; grau de feedback oferecido vieram a ser aceitos como intrinsecamente ligados aos valores e
pelo chefe aos subordinados sobre assuntos que afetam o tra- atitudes das pessoas que trabalham e da qualidade de vida dos
balho na área; discussão sobre os resultados de desempenhos ambientes em que elas atuam. Hoje, de acordo com Barçante e
individuais, tendo em vista melhor orientação no trabalho; Castro (1995:XIII), “há uma demanda crescente por níveis razo-
áveis de autonomia, por perspectivas mais sólidas de realização
pessoal, e pelo clima da organização”.
92
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Humanizar as organizações significa interessar-se pelas pes- Olhar o cliente interno como um “parceiro” traz resultados
soas não apenas como “recursos humanos”, mas como pessoas altamente compensadores para a empresa. Se a empresa conse-
integrais na sua totalidade e personalidade, mesmo que tal pro- gue unir resultados, pessoas e clientes externos, estará traçando
cesso seja complexo, demorado e muito difícil. Uma vez que são seu próprio caminho rumo ao sucesso. Segundo os estudos de
as pessoas que fazem a organização ser dinâmica, elas possuem Barçante e Castro (1995:67), “ouvira voz do cliente interno não é
potencial inesgotável para o progresso, eficiência e mudança or- um processo que se propõe a garantir a sobrevivência, trazendo
ganizacional. O desafio dos dirigentes/gerentes, é fazer com que inegáveis vantagens competitivas àquelas que oimplementam”.
as pessoas contribuam com seus esforços de maneira organiza- O vínculo estreito entre a satisfação dos funcionários e a
da para o desempenho da atividade a partir de suas personali- satisfação dos clientes cria uma relação de co-responsabilidade
dades tão diversas. Para Gretz (1996:19), entre as empresas e os funcionários. Segundo Eltz (1994:88), “os
“toda empresa funciona como um sistema, que tem compo- funcionários servem de elo entre empresa e cliente. Na verdade,
nentes humanos e técnicos. Esses subsistemas, técnico e huma- eles se comunicam com o cliente a todo instante”. Em função
no, são como pratos de uma balança. O equilíbrio dessa balan- disso, a medida da satisfação dos funcionários proporciona um
ça é fundamental para que toda a organização tenha um bom importante indicador dos esforços da empresa no sentido de
desempenho. Muitos empresários e executivos pensam assim: melhorar a satisfação dos clientes e o desempenho operacio-
primeiro o lado técnico, depois as pessoas”. nal. Segundo Cannie (1994:27), “é necessário o esforço de todos
Não se trata de privilegiar o lado humano em detrimento na organização para que se possam alcançar 100% de satisfa-
do técnico, mas promover uma equiparação. A diferença é que ção do cliente”. A equipe de funcionários que está em contato
os seres humanos precisam ser analisados, percebidos e geridos direto com os clientes é uma fonte importante, e muitas vezes
de forma diferente. As suas peculiaridades precisam ser respei- subestimada, de conhecimento sobre as exigências deles. Esta
tadas e ressaltadas. Moura (apud Barçante e Castro, 1995:XIV) equipe possui uma idéia mais exata do que está acontecendo e
afirma que o desejo e a demanda pela participação “se impõem provavelmente tem excelentes idéias, e mais exatas, do que está
cada vez mais fortemente como sendo o exercício da cidadania acontecendo.
corporativa”. O desempenho humano é afetado de forma crítica pela
A opinião do empregado (cliente interno) é de extrema im- forma como as pessoas se sentem, especialmente se estiverem
portância para o aprimoramento da qualidade na empresa. Se a satisfeitos ou insatisfeitos com seu trabalho, o tratamento que
opinião do cliente externo pode ser obtida pelo oferecimento de
recebem, o chefe, a política da empresa, e outros fatores. Se-
produtos ou serviços de qualidade, isto só poderá ocorrer se o
gundo Eltz (1994:67),
cliente interno estiver igualmente satisfeito com suas condições
“as organizações de vanguarda criaram a figura do cliente
de trabalho. Não se pode pretender que alguém insatisfeito com
interno, com intuito de educar seus funcionários para o cliente
o seu ambiente de trabalho se dedique na elaboração de suas
externo. Passaram a divulgar a importância da prestação de ser-
tarefas, de modo a obter um produto ou serviço de qualidade.
viços internos. Cada área da empresa está ligada a uma outra,
Segundo Cannie (1994:28),
formando uma engrenagem que é a organização”.
“nunca esqueça que os serviços são um relacionamento en-
A parte mais difícil de transformar a cultura de uma organi-
tre seus funcionários e seus clientes. Se você deprecia os funcio-
zação de indiferente para orientada para o cliente é resolver os
nários, eles irão transm itir essa a mensagem aos clientes.
Para ajudar a garantir a excelência dos serviços, trate bem problemas que se enfrenta atualmente. A delegação de autori-
aqueles que lidam com seus clientes: desenvolva o respeito pró- dade simplifica e acelera o processode solução de problemas e
prio, valorize-os, dê atenção a seus sucessos do dia-a-dia. faz os empregados concentrarem-se em evitar problemas futu-
Reconheça, recompense e comemore tanto os esforços ros, ao mesmo tempo em que aprimora continuamente a quali-
quanto as reclamações”. dade dos serviços do ponto de vista do cliente. A delegação de
Ouvir a voz do cliente interno é mais que um simples pro- autoridade força a tomada de decisão e a solução de reclama-
cesso, é um indicador de mudança de mentalidade da empresa, ções para os níveis hierárquicos mais baixos. Dá-se às pessoas
em que o empregado passa a ser visto não como alguém que que lidam com os clientes, a autoridade para tomar decisões em
deve simplesmente cumprir ordens, mas como um aliado, de benefício deles e resolverem os problemas o mais rápido possí-
cuja competência e empenho dependem o bom resultado do vel. Com isso, se conquista a participação e a contribuição das
negócio. pessoas que melhor conhecem os clientes.
As empresas modernas facilmente atentaram para a impor- A empresa é o local onde as pessoas passam a maior par-
tância do cliente externo, mas a conscientização de que o cliente te do tempo de suas vidas. O ambiente de trabalho deve ser
interno é um parceiro nas mãos do qual, em grande parte, está o estável e assegurar a harmonia e a amizade entre as pessoas.
sucesso do negócio, é ainda uma barreira que deve ser quebra- Somente serão alcançados bons resultados quando as pessoas
da pelas empresas. Segundo Barçante e Castro (1995:66), passarem a trabalhar juntas, num ambiente trabalho considera-
“uma empresa que se proponha a trabalhar com qualida- do prazeroso. Segundo Scott (1995:01),
de total tem que apresentar evidências objetivas de que centra “sem o apoio e a cooperação de pessoas internas, é difícil
suas ações nos clientes. De acordo com esta nova visão, o foco satisfazer àqueles que comumente vemos como nossos clientes
no cliente é o cartão de embarque para o processo de busca da reais (os que compram nossos produtos). A satisfação dos clien-
qualidade total, e compreende tanto o cliente externo quanto o tes internos constitui um elo vital na cadeia que conduz à satis-
interno”. fação de clientes externos. ”
93
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Há uma forte correlação entre as percepções dos funcio- É importante lembrar que a pesquisa é uma ferramenta de
nários sobre como são tratados, e as percepções dos clientes monitoramento do ambiente, então certas perguntas são im-
sobre a qualidade dos serviços que recebem. Segundo Santos prescindíveis. Você deve avaliar, por exemplo, o relacionamento
(1995:64), “as duas maiores riquezas de uma empresa, registra- dos colaboradores com o ambiente, com os colegas, com os líde-
das em seu ativo são constituídas de duas medalhas de ouro, res e com o trabalho desenvolvido.
uma de louvor à carteira dos clientes felizes e satisfeitos e a ou- A estrutura da pesquisa fica a critério da empresa. Per-
tra em honra ao quadro de funcionários”. guntas abertas ou fechadas, de múltipla escolha com campos
abertos destinados a comentários e sugestões. Deve-se deixar a
Pesquisa de clima pessoa livre para acrescentar algo que não havia sido pensado
Toda organização passa por momentos de conflito ou um pelos gestores, essa autonomia é essencial.
clima de baixo astral. Mas o que leva as pessoas a passar por Aplicar a pesquisa de clima envolve sapiência da área de Re-
situações como essas e qual o impacto disso na produtividade cursos Humanos já que a comunicação e a sensibilização bem-
e nos resultados da empresa? Por vezes esses momentos se -feita contribuem para que os colaboradores entendam qual a
estendem por mais tempo do que o esperado gerando sérias razão e a importância desse processo. Deve-se garantir o sigilo
consequências. das respostas evitando que elas não condizam com a realidade
Para identificar e melhorar o ambiente de trabalho, uma das por deixar a pessoa inibida.
alternativas é aplicar uma pesquisa de clima organizacional. Ela Levando em consideração que cada indivíduo tem seu mapa
é uma ferramenta poderosa que possibilita visualizar o panora- de mundo e suas percepções, o RH pode encontrar soluções
ma das percepções dos colaboradores sobre a companhia para para conflitos e melhorar a relação pessoal entre colaboradores.
criar uma estratégia de RH mais eficaz. Tornando a convivência mais tranquila e o dia a dia de trabalho
Uma boa analogia é entender o resultado da pesquisa de menos estressante.
clima como uma fotografia, que representa o pensamento e o Mais importante do que obter as respostas, a organização
sentimento daquelas pessoas. deve gerar ações relevantes para criar um ambiente de trabalho
A pesquisa deve ser feita sempre de forma anônima e as saudável. Quando a organização opta por realizar uma pesquisa
perguntas devem abordar temas concretos como ambiente físi- de clima organizacional e não agir em nenhum aspecto, o pro-
co, política de benefícios, comunicação interna, ações de quali- cesso cai em descrédito. Na aplicação seguinte, as respostas po-
dade de vida. dem não ser tão verdadeiras.
Temas mais subjetivos como: trabalho em equipe, relacio- Divulgar os resultados para todos — mesmo que eles não
namento com a liderança, segurança do emprego, diversidade sejam favoráveis — é parte do processo. Mas somente publicar
e respeito também precisam ser levados em consideração, mes- os percentuais obtidos em cada aspecto questionado não é sufi-
mo que os resultados não sejam conclusivos em curto espaço ciente para uma mudança, nem nas atitudes das equipes ou na
de tempo. cultura institucional.
As perguntas escolhidas para a abordagem variam confor- Outro aspecto que deve ser levado em consideração é que,
me a intenção da organização. É preciso ter um planejamento quando não há um canal de comunicação efetivo, a pesquisa de
muito claro para saber o que pretende-se analisar com a pes- clima serve como repositório de toda insatisfação das pessoas.
quisa de clima. A falta de reconhecimento e feedback rotineiro geram uma
Pense na seguinte situação: a empresa está passando por insatisfação generalizada com a empresa, mesmo que ela ofere-
uma crise e os gestores não conseguem detectar exatamente ce bons benefícios e salário acima da média. Quando a empre-
em qual setor está o problema. Nesse caso, uma queda na pro- sa envolve os colaboradores para buscar juntos soluções, ela se
dutividade, por exemplo, pode estar relacionada a um ambiente depara com colaboradores satisfeitos e se torna atraente para
de trabalho hostil ou até mesmo a falhas na forma como as in- novos talentos.
formações são repassadas.
Conhecendo o grau de satisfação dos colaboradores, é pos- Existe uma frequência ideal para aplicar?
sível encontrar o problema e pensar em soluções para que o tra- Quando falamos sobre o que é pesquisa de clima, é impor-
balho volte a fluir. Isso pode ser feito abordando no questionário tante ter em mente que a sua eficácia depende de uma boa im-
pontos relevantes para entender o contexto. plementação. Além do planejamento, os indicadores devem ser
objetivos e focados em questões que realmente podem ser mo-
Qual o objetivo da pesquisa? dificadas, de modo a causar impacto no ambiente de trabalho.
Ao decidir pela realização da pesquisa de clima, surge a dú- É importante, inclusive, que se estabeleça uma periodici-
vida mais comum: o que levar em consideração durante o pro- dade para desenvolvê-la – que dependerá do cenário de cada
cesso? O objetivo deve estar relacionado aos principais pontos empresa e setor. Assim, você terá informações em mãos para
de atenção levantados pela gestão e pelo RH. Com a volatilidade ajudar na realização de melhorias constantes, evitando proble-
das relações humanas e trabalhistas, o cenário e ações propos- mas e atuando para aumentar o desempenho da equipe.
tas há três anos podem já não fazer mais sentido. A periodicidade com a qual a pesquisa será aplicada é um
Vale ressaltar que, para a pesquisa trazer informações re- ponto crucial. O ideal é que se tenha um tempo para analisar as
levantes e significativas, ela deve contar com um bom planeja- respostas, avaliar as mudanças propostas e colocá-las em práti-
mento. Para que isso aconteça, é essencial ter em mente que é ca. Cabe então aos profissionais de RH e gestores decidirem qual
necessário envolver a liderança e toda a empresa deve ter aces- é a melhor opção, mas muitas empresas optam por realizar o
so aos resultados para melhor clareza e credibilidade. questionário semestral ou anual.
94
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Uma vez cumprido o cronograma, é interessante arquivar as É comum na implementação de pesquisas de clima que os
enquetes para acompanhar a evolução e as mudanças. Um gran- funcionários desacreditem na efetividade do resultado e nos be-
de benefício da pesquisa de clima para as empresas é a integra- nefícios que a pesquisa pode trazer. Por isso, tona-se essencial
ção da equipe e o desenvolvimento de um ambiente favorável à que entendam a relevância da pesquisa de clima organizacional
produtividade e à inovação. não só para a sua empresa, mas também para a melhoria do seu
Da mesma forma que a pesquisa de mercado tem impor- próprio ambiente de trabalho. A intenção é que levem a sério
tância para o setor de marketing, uma pesquisa de clima organi- as respostas que darão, já que são anônimas e são um meio es-
zacional deve ser vista como um investimento estratégico com sencial para que suas percepções sejam ouvidas dentro de uma
foco no colaborador e em seu desempenho. organização.
Preocupar-se com os responsáveis por todo o processo de
funcionamento da empresa e não apenas com o produto ou ser- Análise dos dados e estratégias de melhoria
viço final pode trazer um retorno muito mais efetivo do que o Após a aplicação do instrumento de coleta, concentre-se
esperado. em tabular os dados obtidos e transformá-los em informações
Mostrar que os colaboradores são importantes para o úteis para as tomadas de decisão da sua empresa. Agrupe os
funcionamento da empresa e têm espaço para falar sobre seu dados com as frequências das respostas e faça a análise e inter-
contentamento e suas angústias, fará com que eles apresentem
pretação estatística das respostas.
maior engajamento. Consequentemente, haverá mais motiva-
Esta etapa é essencial para validar as percepções qualitati-
ção na entrega de resultados e na manutenção de um ambiente
vas colhidas nos questionários, a partir da frequência das res-
de trabalho agradável e colaborativo.
postas em alternativas positivas ou negativas no questionário.
Por isso, entender o que é pesquisa de clima organizacional
e colocá-la em prática de forma eficiente é fundamental para A partir dos resultados obtidos na pesquisa, reúna-se com
empresas de todos os segmentos e dos mais diversos tamanhos, os tomadores de decisão da sua empresa e trace planos de ação
desde startups até grandes companhias que buscam uma comu- para os resultados mais críticos. Procure resolver os problemas
nicação direta e sincera entre os envolvidos. trazidos pela visão dos seus colaboradores e faça com que se
sintam ouvidos e importantes dentro da empresa.
Dessa forma, a pesquisa possibilita ser um dos principais A elaboração de um relatório com os resultados estatísti-
meios para avaliar o seu desempenho, planejar ações e sempre cos, qualitativos e com as análises e planos de ação elaborados
trabalhar em busca de um processo de melhoria contínua, pro- é essencial para a divulgação correta dos resultados, buscando
porcionando um ambiente agradável para todos diariamente. E manter seus funcionários informados, alinhados e reconhecen-
você, na sua empresa ou na empresa em que trabalha, possui do a importância da pesquisa de clima organizacional em seu
uma pesquisa de clima organizacional? ambiente de trabalho.
A aplicação da sua pesquisa de clima organizacional Caso já tenha sido feita uma pesquisa de clima na sua em-
Primeiro decida o meio pelo qual a pesquisa de clima será presa, busque trazer o relatório passado para a análise atual.
aplicada: pessoalmente com cada funcionário ou a partir de um Compare os resultados e planos de ação. Procure razões para
ferramenta online, como o Google Forms? Lembre-se de que ações que deram ou não certo e tente corrigir e melhorar os
esta decisão influenciará na tabulação e análise dos dados co- planos de ação de um período para outro.
lhidos. Com a continuidade das perguntas e análises comparativas,
Fazendo a pesquisa ao vivo, o ideal é que seja contratado as avaliações serão cada vez mais profundas e sua empresa ca-
alguém de fora da empresa para realizar essa tarefa, já que as minhará para um clima organizacional cada vez melhor, com co-
respostas devem ser 100% anônimas, buscando a confiança e laboradores mais engajados, satisfeitos e motivados.
sinceridade dos respondentes. Porém, com este meio de coleta,
e garantindo a confiança dos colaboradores no anonimato, você O que é pesquisa quantitativa
pode ter maior veracidade dos dados, uma vez que alguém pa- Como o próprio nome diz, uma pesquisa quantitativa quan-
rou com seu funcionário para que ele respondesse e realmente tifica os dados para responder um questionamento, um proble-
entendesse o conteúdo da pesquisa de clima.
ma de pesquisa.
Já se você optar por aplicar a pesquisa online, a confiabili-
A quantificação, nesse caso, se dá tanto na forma de coleta
dade no anonimato das respostas para os colaboradores tende
dos dados via questionário quanto na análise dos resultados e
a ser maior. Porém, se aplicada online, a pesquisa de clima orga-
sua apresentação posterior. Pesquisas quantitativas são usadas
nizacional deve ser muito bem comunicada antes do colhimento
das respostas, explicando o que é uma pesquisa de clima e por em situações nas quais você pretende validar estatisticamente
que deve ser respondida com atenção e seriedade. As perguntas uma hipótese. Isso sem, necessariamente, entender as motiva-
online correm o risco, também, de não serem entendidas por ções por trás das respostas.
completo, indicando um ponto forte da pesquisa aplicada por Uma pesquisa de mercado quantitativa deve, então, seguir
meio de entrevistas pessoais mesmo. um modelo estruturado de questionário e entrevista.
Procure por 100% das respostas entre seus colaboradores! Nessa modalidade de pesquisa, o respondente tem acesso a
Quanto mais respostas, mais percepções e mais próximos da re- hipóteses já formuladas e, com sua opinião, pode comprovar ou
alidade os planos de ação serão traçados. Para isso, estipule um derrubar essas hipóteses – ou mesmo formular novas. O ques-
prazo para o preenchimento da pesquisa e crie senso de urgên- tionário, nesse caso, deve seguir um ou mais caminhos pré-de-
cia em seus funcionários. terminados.
95
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
As informações obtidas em uma pesquisa quantitativa vêm Quando falamos em desenvolvimento profissional, as fer-
em formato de números ou de dados que possam ser “transfor- ramentas de avaliação de desempenho são elementos essen-
mados” em números. Pegando como exemplo a metodologia de ciais à melhoria contínua dos processos de gestão do capital
NPS (Net Promoter Score), por exemplo, podemos identificar a humano nas organizações. Na prática, além de trazer um mape-
abordagem quantitativa na pergunta padrão da pesquisa. “Em amento completo sobre o estado atual da empresa no que tange
uma escala de 0 a 10, o quanto você indicaria a nossa empresa diferentes aspectos relacionados aos seus trabalhadores, é algo
para um amigo?”. que ajuda a potencializar os resultados individuais e coletivos
No caso do NPS, o respondente dá uma nota na escala pro- dos funcionários, líderes e a maximizar seu desempenho.
posta, que posteriormente é agrupada em 3 grupos distintos. Os Neste sentido, não por acaso a avaliação de desempenho é
grupos representam os clientes promotores da marca avaliada, um método bastante aplicado para identificar, de forma concre-
os clientes neutros e os detratores da marca. ta: gaps na gestão, os talentos, pontos de atenção e as oportu-
Utilizando de uma pesquisa quantitativa, seu projeto terá nidades de crescimento nas empresas. Como tal, é importante
resultados uniformes, que facilitarão um entendimento mais pa- entender quais são os diferentes tipos de avaliações e como elas
dronizado dos dados obtidos. Os resultados de pesquisas quan- podem ser utilizadas para melhorar os resultados do negócio.45
titativas, a propósito, são facilmente traduzidos em gráficos e
tabelas. O papel das pessoas na organização e a nova organização
empreendedora
O que é pesquisa qualitativa Essa evolução natural percebida pelas organizações trouxe
Basicamente – e diferente das pesquisas quantitativas -, mudanças também na denominação e na forma como se enxer-
uma pesquisa qualitativa explora informações mais subjetivas e ga essa área.
em profundidade. A pesquisa qualitativa leva em consideração Enquanto por muito tempo as organizações consideravam
a pessoas como um dos recursos necessários para a existência
as particularidades dos entrevistados em uma análise ampla e
da organização, hoje essa compreensão envolve um conceito
não-mensurável ou quantificável.
diferenciado, onde as pessoas não são vistas como um recurso
Esse tipo de pesquisa é conduzido de forma exploratória,
e, sim, como parceiro e colaborador na busca pelos resultados
em que o entrevistado é estimulado a opinar mais livremente,
desejados.
nem sempre de forma que pode ser expressada em números
ou mesmo em palavras. Isso porque pesquisas qualitativas, mais Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há
do que seguir um questionário, seguem um roteiro, conferindo na organização também o subsistema técnico. A interação da
mais liberdade e participação opinativa do entrevistado. gestão de pessoas com outros subsistemas, especialmente o
A condução de uma pesquisa qualitativa, portanto, é mais técnico, envolve alinhar objetivos organizacionais e individuais.
livre e pode vir em formatos diversos, como entrevistas de pro-
fundidade ou mesmo os conhecidos grupos focais – técnica de A seguir, temos três aspectos que dão sustentação à essa
marketing que reúne um grupo de pessoas para discutir deter- colocação do papel das pessoas hoje nas organizações:
minados assuntos com a presença de um moderador. Opte por
realizar uma pesquisa qualitativa, por exemplo, quando seu ob- As pessoas como seres humanos
jetivo incluir uma contextualização mais profunda das respostas - O indivíduo é visto como um ser dotados de personalidade
para validar o teste de um produto, conceito ou campanha. própria , diferentes uns dos outros, possuidores de conhecimen-
Depois de coletados os dados, o resultado de uma pesquisa tos, habilidades, e capacidades indispensáveis à adequada ges-
qualitativa também é apresentado de forma diferente. Ao invés tão dos recursos organizacionais. Pessoas como pessoas e não
de gerar números, traduzidos em gráficos e tabelas, a pesquisa como meros recursos da organização
é apresentada em forma de relatórios aprofundados. Esses re-
latórios destacam trechos de entrevistas, frases e opiniões mais As pessoas como ativadores inteligentes de recursos orga-
relevantes encontrados durante a pesquisa. nizacionais
- O indivíduo passa a colaborar como elemento impulsiona-
Pesquisa quantitativa ou qualitativa: qual das duas fazer? dor e da organização, que aplica à esta sua inteligência, talento
Como qualquer decisão de um projeto, a escolha entre uma e conhecimento , garantindo a renovação e competitividade no
pesquisa quantitativa ou uma pesquisa qualitativa será diferente mercado. As pessoas como fonte de impulso próprio que dina-
para cada situ ação. miza a organização e não como agentes passivos, inertes e es-
Dessa forma, antes de definir o tipo de abordagem que seu táticos
projeto pede, é preciso ter em mente claramente o seu proble-
As pessoas como parceiras da organização
ma, seu objetivo e a forma como seus dados deverão ser apre-
- Nesse ponto, o índivíduo é visto como o responsável e ca-
sentados após a coleta, para tomar a decisão mais acertada.
paz de conduzir a organização à um nível de excelência e, alcan-
Simplificando, você precisa pensar se o que você precisa para
çando assim o sucesso.
aquele projeto é validar estatisticamente uma hipótese, saber a
opinião geral de um grupo de pessoas homogêneo, ou entender
em profundidade a opinião de um grupo de pessoas.
45 Fonte: www.blog.opinionbox.com/www.blog.solides.com.
br/www.repositorio.ufsc.br/ www.esagjr.com.br
96
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Como parceiros, as pessoas fazem investimentos na organização — como esforço, dedicação, responsabilidade, comprometimen-
to, riscos etc. — na expectativa de colher retornos desses investimentos — como salários, incentivos financeiros, crescimento profis-
sional, carreira etc. Daí o caráter de reciprocidade na interação entre pessoas e organizações, que provoca na prática uma postura de
atividade e autonomia e não mais de passividade e inércia das pessoas. Pessoas como parceiros ativos da organização e não como
meros sujeitos passivos.
Como vimos acima, a Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência das organizações bem sucedidas e pelo aporte de
capital intelectual que simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da Informação e do Conhecimento.
Como pudemos perceber, existe um processo evolutivo na forma como se trata as pessoas dentro da organização, saindo de um
conceito onde pessoas eram consideradas recursos até chegar no conceito de pessoas como parceiros, sendo nessa transição, as mu-
danças práticas são bem claras, conforme vemos a seguir;
Uma característica essencial das organizações é que elas são sistemas sociais, com divisão de tarefas, sendo que nesse contexto,
a Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social.
Dentre os demais sistemas organizacionais, destacamos o subsistema técnico e, é essa interação entre Gestão de pessoas com
outros subsistemas, especialmente o técnico, que trabalho para o alinhamento entre os objetivos organizacionais e os objetivos indi-
viduais.
Essa teoria surgiu dos apontamentos feitos sobre motivação, mais especialmente sobre as analises de comportamento que pro-
duzem a cooperação por parte dos indivíduos.
Essa teoria resume a relação entre pessoas e organização como sendo um sistema onde a organização recebe cooperação dos
colaboradores sob a forma de dedicação ou de trabalho e em troca oferece vantagens e incentivos, dentre os quais podemos citar os
salários, prêmios de produção, gratificações, elogios, oportunidades, etc.
Essa troca mútua cria uma harmonia no ambiente organizacional, permitindo assim que se alcance o equilíbrio organizacional.
Já há algum tempo, a sociedade tem vivido uma transição denominada “Era da Informação e Conhecimento”, no qual as pessoas
precisam ser consideradas parte essencial desse processo para que as organizações obtenham êxito em suas operações. No âmbito
empresarial são fundamentais que todos os colaboradores engajados nos processos assimilem a missão e os objetivos da organiza-
ção, como elementos norteadores na formulação e planejamento de estratégias. Por outro lado, os gerentes devem desenvolver uma
atuação que possibilite a ênfase nos focos de aprendizagem da organização.
Nessa 3ª fase da globalização em que vivemos, é viável que as organizações que almejam crescimento e melhoria contínua invis-
tam em treinamento e qualificação e requalificação de seu pessoal gerando assim uma significativa vantagem competitiva num merca-
do aonde as inovações tecnológicas chegam já com data prevista de saída para novos critérios. Todavia, as empresas que entenderem
essa interdependência alcançarão gradualmente soluções compensatórias em seus trâmites e processos.
Conduzir pessoas numa organização significa disponibilizar o capital (materiais, equipamentos, fatores de produção, treinamen-
to), para que todos os envolvidos no processo (funcionários e parceiros) sintam sua importância para a organização e se renovem dia
após dia no alcance de suas competências profissionais e pessoais em busca de suas eficiências e eficácias.
O desempenho das pessoas no processo de tomada de decisão nas instituições quando entendido o que é eficiência (defeito zero
e qualidade total) e eficácia (alcance das metas empresariais) faz com que as empresas entrem no eixo da maturidade mercadológica
(posição no qual o produto ou serviço da empresa já é conhecido pelos clientes, mas que pode trazer eventuais problemas caso não
se identifique a necessidade de constantes melhorias nos processos que serão sentidos pela clientela).
97
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Justifica-se assim a importância da gestão de pessoas, a es- 12. Fornecer Opinião sobre as competências individuais;
pinha dorsal, a viga, a estrutura desse todo. 13. Identificar segundo o perfil traçado pela empresa, as
pessoas que estão acima, na média ou aquém das expectativas;
Segundo Davel e Vergara (2001, p.31), 14. Agregar Pessoas (Valorizar o Capital Intelectual);
As pessoas não fazem somente parte da vida produtiva das 15. Desenvolver Pessoas (Integrar e Motivar os Colabora-
organizações. Elas constituem o princípio essencial de sua dinâ- dores);
mica, conferem vitalidade às atividades e processos, inovam, 16. Adotar Administração Horizontal (Faz com que as lide-
criam, recriam contextos e situações que podem levar a organi- ranças estejam em maior proximidade dos liderados, privilegian-
zação a posicionarem-se de maneira competitiva, cooperativa e do o acesso a informação e reduzindo os níveis organizacionais);
diferenciada com os clientes, outras organizações e no ambiente 17. Aplicar Benchmarking para obtenção de vantagem com-
de negócios em geral. petitiva;
18. Desenvolver políticas de parcerias;
Segundo Barçante e Castro (1995, p. 20), 19. Manter e Recompensar pessoas;
Ao ouvir a voz do cliente interno, ou seja, dos funcionários, 20. Monitorar as atividades realizadas diariamente;
a empresa estará tratando-o como um aliado e não só como um 21. Criar um Canal de Reclamações e Sugestões visando
mero cumpridor de ordens, estará vendo que dele dependem os através de críticas construtivas agregarem valores à organização;
seus resultados. 22. Divulgar na Intranet da empresa ou divulgar interna-
Mas para obter bons resultados, a empresa precisa abrir mente o desempenho mensal das equipes de trabalho em com-
mão de alguns paradigmas e criar um cenário onde o colabora- paração a evolução alcançada com relação às metas estipuladas
dor possa por em prática toda uma experiência profissional já pela organização.
vivenciada ou praticada em outras ocasiões. O que nem sempre
se sucede tornando um profissional “cumpridor de tarefas” ao Os limites da gestão de pessoas no setor público
invés de um profissional “construtor de cenários e estratégias A atuação estratégica da gestão de pessoas está intimamen-
de desenvolvimento”. te conectada à gestão de competências. Essa moderna aborda-
As virtudes e os infortúnios das empresas estão relaciona- gem volta-se para o desenvolvimento e manutenção das com-
dos diretamente a maneira como as lideranças atuam no senti- petências individuais dos colaboradores, visando ao alcance dos
do de capacitar, estimular e principalmente motivar as pessoas objetivos estratégicos organizacionais.
a adquirirem cada vez mais habilidades e atitudes vencedoras Do individual parte-se para o coletivo, sem deixar de lado,
para que toda a proposta de negócios atinja grandes resultados contudo, a essência e a cultura de cada organização. É como re-
e com isso tudo que ficou determinado pelas organizações se- ger uma orquestra, em que o talento e o trabalho individual de
jam cumpridos. cada músico são incentivados e valorizados, mas cujo desempe-
A Gestão Estratégica de Pessoas nas organizações é um elo nho deve se ater à proposta melódica a ser executada e à ges-
entre metas organizacionais e individuais permitindo a colabo- tão do regente. Na regência da orquestra pública, o interesse
ração e participação eficaz de todas as pessoas envolvidas. Para público deve ser o resultado alcançado por qualquer estratégia
isso as etapas Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar deve ser organizacional.
bem trabalhado pelas lideranças e gerencias da empresa condu- O modelo de gestão de competências, apesar de reunir
zindo todos num único objetivo. muitas qualidades, é de complexa implementação prática, em
Nessa abordagem, faz-se necessário a compreensão e o en- sua totalidade, no setor público. Diferentemente do setor priva-
tendimento sobre Planejamento Estratégico e conseguintemen- do, o gestor público se atém a um cabedal de limitações legais
te o papel potencial das pessoas. que devem ser respeitadas, como a exigência de concurso públi-
É primordial nas organizações estabelecerem alguns crité- co para contratação de novos talentos.
rios para que a gestão de pessoas tenha importância significa- Dentre as dificuldades para a implantação de um modelo de
tiva, tais como: gestão de competências estão também limitações tecnológicas
1. Motivar e Reconhecer os esforços de todos os envolvidos; e estruturais, bem como aspectos comportamentais dos servi-
2. As lideranças precisam transmitir suas ideias e saber dores que, ao serem avaliados para seu ingresso em determina-
exercer suas influências; das funções, mostraram-se capacitados em termos de conteúdo
3. Transformar Grupos em Equipes; para exercê-las, mas não foram, por vezes, avaliados em suas
4. Pensar, Agir e Solucionar problemas; idiossincrasias psicológicas.
5. Gerar Ambiente Sinérgico; A falta de motivação enraizada na cultura organizacional
6. Ter nos conflitos gerados uma oportunidade de fonte de pública, causada, por exemplo, pela dificuldade em implantar
aprendizagem; políticas de recompensa a servidores exemplares, é conhecida
7. Saber gerenciar o estresse; de longa data, e constitui um dos entraves para levar a termo
8. Saber delegar; um complexo processo de gestão de pessoas baseado nas suas
9. Desenvolver Culturas; competências. A implementação desse modelo ainda é um gran-
10. Preparar as Pessoas para a Avaliação de Desempenho; de desafio, uma vez que a cultura de gestão pública permanece,
11. Elaborar Planos Individuais de Capacitação por Compe- na maioria dos casos, voltada para cargos, e não para entregas.
tências;
98
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
As instituições públicas têm a captação de novos talentos Esse planejamento consiste de quatro fases:
limitada legalmente por concurso público; a exceção são os car- - Planejamento para as necessidades futuras: um profissio-
gos de confiança comissionados, em número bem menor que o nal de RH estima de quantas pessoas – e com que habilidades
dos servidores concursados. Enquanto as organizações privadas – a organização irá necessitar para operar num futuro previsível
possuem inúmeros instrumentos para a melhor escolha, como - Planejamento para a rotatividade futura: o profissional
entrevistas e dinâmicas de grupo, as públicas ficam restritas a prevê quantos funcionários atuais permanecerão na empresa
esse instrumento legal, sob pena de serem questionadas judi- e, a diferença entre este número e o número de empregados
cialmente. No entanto, poderão valer-se de outros meios para necessários, o levará à próxima etapa.
melhor alocação do candidato aprovado. - Planejamento para recrutamento, seleção e demissões: a
Por exemplo, apesar de muitas mudanças dependerem de organização precisa se envolver em atividades de recrutamento,
legislação própria, isso não constitui entrave para que se atue, seleção e demissões a fim de alcançar o número necessário de
no setor público, por meio de outras fontes legais, como concur- empregados.
sos com áreas específicas de atuação, avaliação do perfil com- - Planejamento para treinamento e desenvolvimento: uma
portamental dos aprovados para sua melhor alocação, ou ainda, empresa sempre precisa de trabalhadores experientes e com-
ações de desenvolvimento profissional, promovendo educação petentes e, esta etapa, envolve o planejamento e as providên-
contínua e não apenas treinamentos pontuais - a educação am- cias para programas de treinamento e de desenvolvimento que
pla das pessoas é fundamental nesse contexto, englobando o assegurem o suprimento contínuo de pessoas com habilidades
desenvolvimento das mesmas com foco em sua carreira profis- adequadas.
sional, e não apenas no treinamento para as funções do cargo
atual. Controle de Recursos Humanos
No que tange ao desligamento de colaboradores, restrições Controle é a ação que ajusta as operações aos padrões pré-
legais também devem ser obedecidas. Apesar de o ordenamen-
-definidos e sua base de ação é a informação de retorno.
to jurídico prever que os servidores podem ser demitidos por
avaliação de desempenho insuficiente, essa ainda não é uma
Pode ser:
prática comum no setor público. Sendo assim, o ideal é motivá-
Como função administrativa
-los, de tal forma que se sintam parte importante no processo e
desejem atingir um melhor desempenho no trabalho. Afinal de - fazendo parte do processo de planejar, organizar e con-
contas, prever prazos, controles, orçamentos e indicar responsá- trolar;
veis para as atividades faz parte de um planejamento indispen-
sável tanto na gestão privada como na pública. Como meio de regulação para manter o funcionamento
A fim de obter resultados positivos, a área de gestão de pes- dentro de padrões desejados
soas deve procurar manter um clima positivo e profissional na - funcionando como um detector de desvios para agir cor-
organização, através de práticas de planejamento, gerenciamen- rectivamente
to, avaliação e recompensas, que conciliem os interesses indivi-
duais com os objetivos estratégicos do negócio público. Deve-se Como função restritiva e limitadora de um sistema
buscar um direcionamento para resultados nos níveis individual - mantendo os colaboradores dentro de padrões desejados
e organizacional, além de preservar a correta e eficaz gestão do de conduta
bem público.
No setor público, portanto, o papel da área de gestão de Etapas do processo de controle:
pessoas, no contexto da gestão de competências, deve ser o Podemos citar como exemplo de meios de controle:
de facilitar o desenvolvimento das competências individuais e - Níveis hierárquicos: pressupõe uma relação de obediência;
consequentes entregas, para a implementação da estratégia es- - Regras e procedimentos: meio de controle impessoal que
colhida, sempre de acordo com o bem maior, que é o interesse guiam o comportamento humano organizacional;
público. - Estabelecimento de objetivos: Servem como guias para a
ação das pessoas;
Planejamento de Recursos Humanos - Sistemas de informações verticais: a comunicação chefia-
É o processo de decidir sobre os recursos humanos que se- -subordinado proporciona a disseminação das informações no
rão necessários para atingir os objetivos empresariais, dentro de sentido descendente (controle do desempenho do subordinado
um determinado período de tempo. Trata-se de antecipar quais através de comandos, normas, decisões, orientações) e ascen-
forças de trabalho e talentos humanos serão necessários para a dente (retroacção do subordinado para os níveis mais altos).
realização de uma ação organizacional futura.
A característica principal do sistema de monitoramento é o
A tarefa de contratar pessoal começa com uma previsão so-
controle, que tem como objetivo assegurar o bom andamento
bre quantas pessoas – e de que tipo – serão necessárias para
das atividades. Tudo deve estar como foi planejado, os objeti-
realizar o trabalho na empresa. Essa atividade é conhecida como
vos preestabelecidos devem ser executados sem falhas ou erros.
“Planejamento de Recursos Humanos” e alguns autores o defi-
nem como o processo de prever e promover o movimento de Qualquer distorção no processo tem que ser identificado. Quan-
pessoas para dentro – internamente – ou para fora de uma or- do há pequenas variações podem ser aceitas como normais.
ganização, com o objetivo de apoiar a estratégia de negócios da
organização.
99
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Caso haja variações muito grande devem ser tratadas com Alguns pontos-chave, partilhados por empresas bem geri-
cuidado para serem devidamente corrigidas. Os gerentes nesses das do ponto de vista dos Recursos Humanos;
casos devem voltar sua atenção para as áreas mais críticas, e - Otimizar processos e apoio transacional;
que necessitam de apoio para a solução dos problemas (custo - Fazer o Benchmarking de processos e performance;
- benefício). - Consolidar sistemas;
- Adoptar serviços partilhados;
O processo de controle funciona da seguinte maneira: - Investir nas pessoas e no talento;
Os critérios para um controle ser eficaz: - Alinhar politica e estratégia de Recursos Humanos com a
- Processo deve controlar as atividades apropriadas; política e estratégia do negócio;
- Processo dever ser oportuno; - Focar atenção no valor e não no esforço.
- Processo de controle deve possuir relação favorável de
custo/benefício; Gestão empreendedora
- Controlo dever ser exato; Gestão empreendedora é a aplicação da mentalidade em-
- Controlo deve ser aceito. preendedora nos processos do dia a dia de uma empresa já es-
tabelecida.
RH e linhas de orientação Essa abordagem também pode ser chamada de intraempre-
Empresas com gestão de recursos humanos eficientes, endedorismo, ou seja, o empreendedorismo aplicado dentro de
constantemente reavaliam os seus processos, para conseguirem uma organização.
atingir um equilíbrio na optimização, da eficiência, dos custos e Empreendedorismo é “a capacidade e disposição para con-
serviços, num meio em constante mudança. ceber, desenvolver e gerenciar um negócio a fim de obter lucro”.
Para alcançar elevados níveis de performance, as organiza- Apesar de o termo também estar ligado com a administra-
ções com melhores resultados na gestão de recursos humanos, ção da companhia, é mais usado para se referir à sua criação.
seguem 3 linhas orientadoras: Não é errado, portanto, dizer que um empreendedor pode
ou não ser um administrador, e um administrador pode ou não
1ª Alinhar a politica de recursos humanos com a política de ser um empreendedor.
negócio Qual a diferença? O foco principal do empreendedor é de-
Este “acertar de agulhas”, têm de acontecer a vários níveis. senvolver novas soluções, que depois podem ser vendidas, ad-
A centralização de processos transacionais e processos que re- ministradas por outras pessoas ou por ele próprio.
queiram alguma capacidade técnica e talento, num centro de ex- Já o administrador pode ser um investidor que adquiriu
celência, permite a prestação de serviços de qualidade ás várias uma empresa, um profissional contratado para administrá-la ou
áreas de negocio da empresa. Algumas grandes organizações o próprio empreendedor.
têm centros de apoio aos funcionários, para tratar de benefí- Tanto faz, desde que ele se dedique à gestão do negócio em
cios, pensões, pagamentos, processamento de acontecimentos seu dia a dia.
da vida, dar entrada de dados do funcionário, questionários e Isso não quer dizer que, com o modelo de gestão empreen-
processamento de dados, aumentado a eficiência e satisfação dedora, os funcionários da organização serão estimulados a criar
dos mesmos.
suas próprias empresas.
Os parceiros das empresas na gestão de recursos humanos,
Na realidade, eles encontrarão um ambiente que os incenti-
são responsáveis por desenvolver as relações entre funcioná-
va a pensar como empreendedores.
rios, liderar o planeamento da força de trabalho, e prestar apoio
O que significa que ideias de novos produtos, serviços, pro-
a todas as pessoas envolvidas diretamente ou indiretamente
cessos e modelos de negócio são muito bem-vindas, partindo de
com a empresa.
quem quer que seja.
2ª Fazer o outsourcing com precauções, assegurando sem-
Em uma empresa tradicional, essas são atribuições de dire-
pre o controlo efetivo das operações
tores e outros gestores com incumbências estratégicas.
As melhores praticas dizem que deve dedicar-se tempo para
A gestão empreendedora é mais democrática, no sentido de
decidir o que centralizar internamente, o que será para outsour-
cing e o que descentralizar. A pratica demonstra que as melhores que as oportunidades de criar e causar um grande impacto na
praticas podem não ser usadas em operações subcontratadas, companhia são para todos.
muitas vezes são utilizadas internamente pelas empresas, que Errar não é um problema e sim manter-se estagnado e cor-
utilizem por exemplo operações centralizadas, num ambiente rendo o risco de ser ultrapassado
de serviços partilhados.
Deve ser feita, por isso, uma analise custo-beneficio, para Principais características da gestão empreendedora
avaliar potenciais alternativas. Empresas com gestão empreendedora têm um nível intenso
de experimentação, pois estão sempre testando novas soluções.
3ª Rentabilizar as tecnologias de informação Quem gosta de aprender, criar e encarar novos desafios cos-
Empresas que utilizem um único sistema informático de tuma enxergar nelas os ambientes de trabalho perfeitos, pois há
gestão de Recursos Humanos, são mais eficientes e efetivas, e muito estímulo para o desenvolvimento.
mais focadas estrategicamente, do que empresas com sistemas Para que uma companhia seja reconhecida assim, porém,
fragmentados. ela precisa que sua cultura organizacional reflita esses valores.
100
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Não adianta apenas tentar se vender como uma companhia No entanto, também há maneiras de testar produtos físicos,
que estimula a inovação e o intraempreendedorismo se, na prá- com o desenvolvimento de um MVP (mínimo produto viável, um
tica, os colaboradores não se sentem seguros para apresentar lançamento com o menor investimento possível para testar a
novas ideias (mais adiante, daremos dicas para que isso não nova criação).
aconteça). Criar uma cultura de inovação e experimentação é um im-
Outra característica da gestão empreendedora é a presença portante primeiro passo
de equipes multidisciplinares, em que pessoas com diferentes
formações e especializações trabalham juntas e trocam informa- Como aplicar a gestão empreendedora em seu negócio?
ções constantemente. Para aplicar a gestão empreendedora em uma empresa,
Além disso, há poucas barreiras para a comunicação entre transformar sua cultura organizacional é mais importante do
profissionais de qualquer que seja a equipe, em oposição à ges- que a criação de qualquer processo.
tão tradicional, com departamentos autônomos e distantes, um Cultura organizacional é um conceito relacionado ao con-
modelo propício ao surgimento de silos organizacionais. junto de valores e comportamentos adotados em uma entidade
Essa proximidade também é vista entre profissionais de di- privada.
ferentes níveis hierárquicos, uma situação que permite ao cola- Não confunda com a definição de missão, visão e valores,
que são meras palavras para se colocar em um quadro e na pá-
borador se sentir mais à vontade para sugerir novas ideias aos
gina institucional do site da companhia.
seus superiores.
A cultura organizacional é uma qualidade intangível que
Uma característica comum encontrada em companhias que
não é definida de forma arbitrária, e sim percebida por quem
adotam o intraempreendedorismo é a gestão horizontal, em
tem alguma ligação com o negócio, seja como colaborador, con-
que os colaboradores não têm apenas liberdade, mas também sumidor, fornecedor ou parceiro.
autonomia. Tem a ver com a essência, portanto, e não com narrativas de
Feedbacks constantes, dinamismo, disposição para correr marketing ou storytelling.
riscos, prototipagem para testar novas soluções e uso de meto- Quando os gestores e demais colaboradores sentem uma
dologias ágeis são outras características comuns em empresas cultura organizacional verdadeiramente voltada para o estímulo
que adotam a gestão empreendedora. do espírito empreendedor, fica muito mais fácil aplicar quais-
Dar espaço para seus colaboradores e sua criatividade é quer processos nesse sentido.
algo necessário Por isso, não há como aplicar o intraempreendedorismo
sem acreditar de fato nesse modelo.
Como funciona a gestão empreendedora? O primeiro passo, portanto, é submeter o negócio a essa
Conforme destacamos no início do texto, não existe uma terapia e pensar em medidas de comunicação interna e gestão
fórmula pronta, uma metodologia fechada a ser aplicada para de pessoas com o intuito de disseminar a nova mentalidade.
colocar em prática a gestão empreendedora. É possível promover essa transformação mesmo em empre-
Trata-se de um modelo conceitual, uma mentalidade que sas tradicionalmente mais “quadradas” e pouco voltadas à cria-
pode ser colocada em prática de diversas maneiras. tividade e inovação. Pode dar trabalho, mas é possível.
O funcionamento da gestão empreendedora, portanto, de- Depois disso, se o que você quer são dicas mais práticas de
pende muito da realidade e estrutura da empresa, e também do processos para implementar a gestão empreendedora no seu
estilo de gestão de seus comandantes. negócio, veja os conselhos a seguir.
É possível aplicar o intraempreendedorismo em negócios É importante que o gestor tome as rédeas e pense em um
que ainda têm no organograma uma importante ferramenta de plano para incentivar o intraempreendedorismo
organização de fluxos de trabalho.
Nesse caso, é comum haver caminhos formais para dar va- 5 dicas para fomentar o intraempreendedorismo
zão às ideias dos colaboradores. As dicas a seguir vão ajudar a difundir a cultura do empre-
Por exemplo, um canal para solicitar permissão para o início endedorismo entre os colaboradores e melhorar a criatividade e
inovação de seu negócio.
de um projeto de criação, brainstorms periódicos e definição de
critérios para seleção de ideias.
1. Invista em conhecimento
Já em companhias que têm a gestão mais horizontal, esse
Dentro do possível, proporcione aos colaboradores acesso
processo pode ser completamente diferente, mais orgânico e
ao conhecimento, disponibilizando cursos e palestras, por exem-
com autonomia para quem quer experimentar. plo.
Nesse tipo de empresa, o colaborador tem controle sobre Hoje em dia, na Era da Informação, há tanto conteúdo de
a gestão de seu tempo, podendo iniciar o novo projeto quando qualidade disponível que, mais que investir, o gestor deve pen-
quiser, desde que ele não impacte em suas demais entregas. sar em estimular essa busca por conhecimento.
O tipo de produto ou serviço prestado pela companhia tam- Uma ótima solução é prever um período do dia ou da sema-
bém deve ser considerado para definir como vão funcionar os na para os colaboradores estudarem, pesquisarem e debaterem
processos da gestão empreendedora. determinadas matérias.
Empresas digitais têm mais facilidade para isso, pois podem Tenha em mente que criatividade é a capacidade de fazer
experimentar novas soluções com testes A/B, testes de usabili- conexões entre o que é observado e o conhecimento que se
dade e outras ferramentas. tem.
101
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Quanto mais disciplinas os profissionais dominarem, por- Afinal, do que adiantaria estimular os funcionários a com-
tanto, mais material para conectar terão e, consequentemente, partilharem suas ideias se elas fossem engavetadas sempre? Se-
mais criativos serão. ria um intraempreendedorismo falso.
A dica aqui é pensar também na recompensa que os colabo-
2. Crie espaços para diálogo radores terão por ajudar na criação de um novo produto, serviço
Além dos feedbacks 360 graus, existem metodologias de fa- ou processo.
cilitação de processos que podem ajudar a fomentar o diálogo Eles precisam saber a resposta para esta pergunta: “Por que
entre profissionais de diferentes áreas e hierarquias. vou trazer minha ideia para a empresa em vez de empreender
Um exemplo é o world café, em que se reúne um grande criando um novo negócio?”.
grupo formado por colaboradores de vários setores, distribuídos Pense em bônus, promoções, participação nos lucros, en-
em mesas redondas, no estilo de um café, com quatro ou cinco fim, o que se encaixar na sua estrutura organizacional.
componentes em cada. Não fugir do risco e ter rapidez nos processos é fundamen-
O facilitador propõe um tema geral que será discutido em tal em uma gestão empreendedora
todos os grupos, entre as pessoas que estão na mesa.
Um componente da mesa anota os insights gerados e, após O que diferencia a gestão empreendedora dos outros mo-
20 ou 30 minutos, todos os membros vão para outro grupo, ex- delos de gestão
ceto ele. A gestão tradicional de empresas é muito menos afeita a
A conversa continua com as novas formações. A ideia é que correr riscos.
as ideias se cruzem e gerem novos insights. Por isso, empresas que adotam esse modelo são conside-
radas mais conservadoras que aquelas que optam pela gestão
3. Dê um novo significado ao erro empreendedora.
Não há como estimular a criatividade e o espírito empreen- Aqui, é importante deixar claro que não existe um modelo
dedor nos colaboradores de uma empresa se eles tiverem medo essencialmente melhor que o outro.
de errar. Se uma companhia é líder de mercado, têm ótimos resulta-
Entenda que os erros são naturais, estarão sempre presen- dos há décadas e não enxerga ameaças, uma postura conserva-
tes em qualquer empreendimento, especialmente naquele que dora é possivelmente a ideal.
se propõe a inovar. O que acontece é que há cada vez menos segmentos em
Em vez de se concentrar em punir os erros, o ideal é, além que é possível ter tamanha estabilidade, porque a disrupção tec-
de corrigir com velocidade, criar processos para aproveitar todo nológica está se espalhando por todo o mercado.
o conhecimento que eles trazem. As companhias com modelo de gestão tradicional também
Colocando essa mentalidade em prática, você verá que o têm uma maior tendência ao organograma rígido, com hierar-
erro é uma das principais fontes de aprendizado. quia bem definida e pouco flexível.
Isso não quer dizer que o erro deve ser cultivado (ter manu- Dentro dessa abordagem, as tomadas de decisão e criações
ais e ensinar o modo correto de fazer as coisas ainda é muito im- de novas soluções são atribuições reservadas a determinados
portante), mas sim ressignificado para resultar em algo positivo. profissionais, e não a qualquer um.
4. Busque a diversidade cognitiva O que podemos aprender com as startups sobre gestão
Já falamos – e voltaremos a falar – neste texto sobre a im- empreendedora?
portância de ter equipes com profissionais que conhecem disci- As startups são um tipo de empresa totalmente propício
plinas diferentes. A tal da multidisciplinaridade. para a adoção do modelo de gestão empreendedora.
A diversidade cognitiva vai um pouco além disso. Ela tra- Na realidade, podemos até dizer que nenhuma startup con-
ta das diferenças nos modos de processar informações entre as segue se manter em alta com uma gestão tradicional.
pessoas. O principal fator que caracteriza esse tipo de empreendi-
É um fator que costuma ser bastante subestimado, mesmo mento é o crescimento rápido – o que se espera de uma startup
em empresas modernas, que adotam vários dos preceitos da é que ela nasça enxuta e ainda em seus primeiros anos cresça
gestão empreendedora. vertiginosamente.
É tentador ter um time com pessoas que pensam, se expres- Para que isso aconteça, sua equipe precisa estar constante-
sam e veem as coisas do mesmo jeito que nós. mente criando, testando e colocando em prática novas soluções.
No entanto, há estudos que sugerem que as equipes com O objetivo é atender às novas demandas e necessidades,
grande diversidade cognitiva resolvem problemas de forma mais que surgem a todo momento.
rápida, enquanto grupos mais homogêneos têm abordagens li- Por isso, startups geralmente aplicam vários conceitos de
mitadas para encará-los. que falamos aqui, como equipes multidisciplinares e trabalho
colaborativo.
5. Premie as ideias que deram certo O fato de essas empresas terem matriz tecnológica e desen-
Uma das principais preocupações do administrador que volverem produtos e serviços escaláveis ajuda muito.
quer implementar a gestão empreendedora na sua empresa é Afinal, essa combinação de fatores permite sustentar o
a criação de mecanismos para dar vazão aos projetos dos cola- crescimento acentuado sem inflar a estrutura, preservando o
boradores. caráter colaborativo do trabalho das equipes.
102
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Aceitar o risco não quer dizer negá-lo; dá para fazer um es- A responsabilidade consiste numa consequência da auto-
tudo antes e saber onde está pisando ridade ( O termo “autoridade” pode ser definido como “poder
legítimo”, “direito de mandar”, ou seja, é o direito de mandar
O que é a análise de riscos na gestão empreendedora? e ser obedecido ), atribuindo a obrigação de responder pelas
Conforme observamos antes, empresas com gestão tradi- ações próprias e dos outros.
cional geralmente têm menos disposição para correr riscos. Para determinação da abrangência da responsabilidade in-
Isso significa que a gestão empreendedora é tão indômita a dividual a ser exigida é necessário considerar:
ponto de não haver preocupação alguma com os possíveis riscos a) Organograma;
dos novos projetos? b) Processos e tarefas;
Não, como qualquer outro negócio, organizações que bus- c) Recursos físicos e humanos necessários, dentre outras.
cam inovar através do intraempreendedorismo também adotam
práticas para minimizar os riscos de suas empreitadas. Coordenação: é a necessidade de integrar as atividades, de
Aliás, por um certo ponto de vista, até podemos entender modo que atuem de forma complementar uma a outra, visando
que a descentralização da criação ajuda a reduzir certos riscos. o objetivo da empresa.
Para que você entenda, imagine duas situações distintas de Autoridade: é o poder de cobrar determinadas ações de um
lançamento de um novo produto. colaborador, dar a ordem e exigir seu cumprimento.
Uma delas é em uma empresa com gestão tradicional, em Para determinação da abrangência da autoridade individual
que meses de trabalho e muito dinheiro foi investido na concep- a ser delegada é necessário considerar:
ção do produto. a) Função;
Foram estudadas minuciosamente as variáveis do mercado b) Responsabilidade;
para reduzir os riscos do lançamento. c) Competência;
A outra situação é de uma empresa com gestão empreen- d) Nível hierárquico;
dedora, ou seja, com uma cultura mais voltada para a inovação. e) Confiabilidade;
Nela, novos produtos, serviços e funcionalidades são lança- f) Liderança;
dos e testados o tempo todo e possuem um tempo de desenvol- g) Objetivo da autoridade;
vimento muito menor. h) Postura profissional, dentre outras.
Agora pense: se os dois produtos não derem certo, qual das Os objetivos da autoridade podem ser:
duas empresas terá o maior prejuízo? a) Aprovar recursos físicos e humanos;
A gestão empreendedora é uma modelo moderno que, em- b) Homologar fornecedores de bens e serviços;
bora costume ser vinculado às empresas de tecnologia, é cada c) Indicar e aprovar materiais;
vez mais utilizado em companhias de todos os tamanhos e seg- d) Qualificar serviços;
mentos. e) Qualificar novos produtos;
É recomendado especialmente para quem quer estimular a f) Aprovação de documentos;
criatividade e inovação em sua empresa. g) Definir plano de controle;
Duas qualidades fundamentais na Era da Informação, em h) Qualificar processos;
que muitos modelos de negócio têm se tornado obsoletos da i) Definir plano de amostragem, etc.
noite para o dia.
O segredo para não ficar para trás é estar sempre em bus- Poder: é a característica inerente ao superior de poder im-
ca de oportunidades para melhorar os processos, tornando-se por sua opinião ou vontade a um subordinado.
mais eficiente, e atender da melhor maneira possível as necessi- Delegação: é a transferência de determinado nível de auto-
dades do público consumidor. ridade de um chefe para seu subordinado, criando a correspon-
dente responsabilidade pela execução da tarefa delegada.
A delegação é familiar a qualquer pessoa que ocupe posição
7 RESPONSABILIDADE, COORDENAÇÃO, de supervisão. Significa simplesmente confiar parte do trabalho
AUTORIDADE, PODER E DELEGAÇÃO. operacional ou administrativo a outros. Todas as vezes que um
supervisor delega trabalho a um subordinado, três ações estão
expressas ou implícitas, são eles deveres, autoridade e obriga-
Responsabilidade, coordenação, autoridade, poder e dele- ção.
gação
Deveres
A premissa da administração é racionalização da divisão dos
trabalhos, de modo a conduzir as atividades organizacionais a Os deveres podem ser descritos de duas maneiras. Primei-
fim de obter os melhores resultados. O estudo dos processos ramente, podemos pensar neles em termos de uma atividade,
administrativos trouxe alguns conceitos que regem as bases do assim a delegação será um processo pelo qual atribuímos ativi-
funcionamento de uma empresa. dades a indivíduos.
Responsabilidade: é o dever de responder a alguém (que Em segundo lugar, podemos descrever os deveres em ter-
pode ser um superior na hierarquia empresarial, um cliente ou mos dos resultados que queremos conseguir, ou seja, objetivos,
mesmo à sociedade), ou sobre os objetivos, o funcionamento ou assim os deveres serão não apenas em termos de cumprir o es-
os resultados de um determinado processo. tabelecido, mas também em termos de resultados.
103
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Por causa das diferenças das atividades, podemos fixar me- Tendo assumido uma tarefa, ele se compromete moralmen-
tas tanto a longo quanto a curto prazo, assim o subordinado te a tentar completá-la e pode-se considerar responsável pelo
provavelmente terá satisfações psicológicas com seu trabalho e seus resultados. O senso de obrigação é, portanto, fundamen-
saberá os critérios de avaliação do mesmo. talmente uma atitude da pessoas a quem os deveres são delega-
Deveres e autoridade claramente definidos não implicam dos. A confiança se apóia no senso de obrigação e sem confiança
que cada um deva trabalhar isolado em seu próprio canto, nossas empresas iriam ao colapso.
pelo contrário deve haver consultas de forma que todos se in-
formem. Algumas empresas enfatizam sua preocupação com a
cooperação, dizendo que uma pessoa é responsável tanto pelo AUTORIDADE, RESPONSABILIDADE E COMPETÊNCIA
seu trabalho como pelo trabalho do grupo. A cooperação é de- GERENCIAL
finitivamente parte de qualquer atividade e deve ser tão clara
quanto os demais deveres. Nos últimos tempos, a governança tornou-se um conceito-
-chave, que todos utilizam sem saber exatamente o que é. O que
Autoridade tem a ver governança com riscos e controles? Já que se cunhou
até um acrônimo, GRC, para designar e demonstrar a relação
Ao atribuímos a uma pessoa deveres a cumprir, devemos Governança, Riscos e Controles. Expressões como governança
dar a ela a autoridade necessária para que o trabalho seja efe- corporativa, governança organizacional, governança institucio-
tuado, mas isso não é fácil, pois devemos saber que tipo de nal e governança pública estão por toda parte.
autoridade está implícita no poder de um administrador para O uso amplo da expressão exige que se precise o seu signi-
concedê-las. ficado no contexto em que é aplicado. Para este trabalho, inte-
“Autoridade e responsabilidade devem sempre estar equi- ressa-nos a governança das instituições públicas, portanto, no
paradas”. Por trás desta afirmação está a convicção de que se campo da governança organizacional, em geral, e da governança
atribuímos responsabilidades a uma pessoa, devemos fornecer institucional, em particular.
a ela autoridade bastante – nem mais nem menos – para que se Controles internos e governança são assuntos inter-rela-
possa cumpri-los. E se damos a essa pessoa autoridade, certa- cionados, mas não são sinônimos. A estrutura de controles in-
mente esperaremos dela a correspondente obrigação de usá-la ternos, como já vimos, é estabelecida para governar os aconte-
sabiamente. cimentos dentro de uma organização que possam impactar na
A autoridade administrativa consiste em certos direitos ou consecução de seus objetivos, isto é, os riscos. Portanto, contro-
permissões: o direito de agir para a companhia em áreas espe- le interno é a fiscalização das atividades feita pela própria enti-
cíficas, o direito de ser porta-voz e requerer que outros empre- dade, ou seja, pela sua própria administração e pelo seu corpo
gados desempenhem atividades de vários tipos; o direito de im- funcional.
por sanções e disciplina se um subordinado desobedecer a suas Mas, e a fiscalização da administração da entidade é feita
instruções. Estes direitos estão consolidados em uma empresa por quem? Aqui surge o conceito de governança, representado
pela lei e pelo costume, e são baseados na aprovação moral da pela adoção de boas práticas, consubstanciadas nos princípios
sociedade. adiante descritos, que assegurem equilíbrio entre os interesses
das diferentes partes que, no caso do setor público, inclui a so-
A autoridade é um elemento essencial a qualquer empresa
ciedade e os seus representantes, o parlamento, as associações
moderna, mas precisamos não confundi-la com poder ilimitado.
civis, o mercado, os órgãos reguladores e de controle, dentre
Os direitos que os administradores podem transferir estão mais
outros.
próximos da autorização que do poder.
A moderna governança surgiu com a necessidade de admi-
Ao lado das limitações inerentes à autoridade que um exe-
nistrar os chamados conflitos de agência, que aparecem quan-
cutivo pode delegar, toda a companhia virtualmente impõe suas
do o bem-estar de uma parte (denominada principal) depende
próprias limitações. Tipicamente é permitido a um executivo
das decisões tomadas por outra (denominada agente). Embora
agir estritamente “dentro das políticas da empresa” e “de acor-
o agente deva tomar decisões em benefício do principal, mui-
do com os procedimentos estabelecidos”. Um administrador
tas vezes ocorrem situações em que os interesses dos dois são
pode teoricamente conflitantes, dando margem a um comportamento oportunista
Ter uma autoridade formal de promoção e eliminação sobre por parte do agente (CARVALHO, 2002, p.19 apud SILVA, 2003).
o pessoal de sua divisão,mas na realidade, ele tem que seguir O conceito não é novo, mas só recentemente tomou corpo.
uma série de procedimentos restritos que requerem dele, por Para Peters (2007, p.27)
exemplo, a apresentação da descrição de tarefas ao departa- “ele já existe desde que as empresas passaram a ser admi-
mento de planejamento antes de preencher uma nova posição. nistradas por agentes distintos dos proprietários [...] há cerca de
100 anos. Por essa época, começou a ser delineado o conflito
Obrigação de agência, em que o agente recebe uma delegação de recursos
[...] e tem, por dever dessa delegação, que gerenciar estes recur-
O terceiro aspecto inevitável da delegação é a obrigação – sos mediante estratégias e ações para atingir objetivos [...], tudo
entendermos a compulsão moral sentida por um subordinado isto mediante uma obrigação constante de prestação de contas.”
para cumprir os deveres que lhe são atribuídos. Alguns dos princípios fundamentais da boa governança co-
muns a diversos autores são:
104
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
- transparência (disclousure): representa o processo de con- Criando um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de in-
tínua demonstração, pelo agente, de que sua gestão está alinha- centivos quanto de monitoramento, a fim de assegurar que o
da às diretrizes estratégicas previamente fixadas pelo principal. comportamento dos executivos esteja sempre alinhado com o
Não é só limitar-se à “obrigação de informar” (accountability), o interesse dos acionistas.
agente (a administração) deve cultivar o “desejo de informar”.
- equidade (fairness): tratamento justo e igualitário a todas Características e ferramentas
as partes interessadas, sendo totalmente inaceitáveis atitudes São 8 as principais características da “boa governança“, veja:
ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto. 1. Participação
- prestação de contas (accountability): os agentes da go- 2. Estado de direito
vernança devem prestar contas de sua atuação a quem os fez 3. Transparência
delegação e respondem integralmente por todos os atos que 4. Responsabilidade
praticarem no exercício desse mandato; e 5. Orientação por consenso
- responsabilidade (responsability): definição de uma políti- 6. Igualdade e inclusividade
ca de responsabilidade que assegure a máxima sustentabilidade 7. Efetividade e eficiência
dos negócios, incorporando considerações de ordem ética, so- 8. Prestação de conta (accountability)
cial e ambiental em todos os processos e relacionamentos. É importante destacar, também, as principais ferramentas
utilizadas na Governança Corporativa, que asseguram o controle
A administração pública brasileira deve obediência a todos da propriedade sobre a gestão, são elas: o conselho de adminis-
esses princípios, espalhados que estão por todo o texto consti- tração, a auditoria independente e o conselho fiscal.
tucional, e especificamente aos sintetizados no art. 37 da CF/88,
que representam os requisitos de sua atuação. Benefícios da Governança Corporativa
Os agentes da governança institucional de órgãos, entida- A boa Governança Corporativa contribui para um desenvol-
des, programas e fundos públicos, por subsunção a tais princí- vimento econômico sustentável, proporcionando melhorias no
pios, devem contribuir para aumentar a confiança sobre a for- desempenho das empresas, além de maior acesso a fontes ex-
ma como são geridos os recursos colocados à sua disposição, ternas de capital. Por estes motivos, torna-se tão importante ter
reduzindo a incerteza dos membros da sociedade sobre o que conselheiros qualificados e sistemas de Governança Corporativa
acontece no interior da administração pública. Essa contribui-
de qualidade. Evitando-se assim diversos fracassos empresariais
ção será tanto mais efetiva quanto melhor for a qualidade dos
decorrentes de:
instrumentos e mecanismos de governança institucional arre-
- Abusos de poder – Do acionista controlador sobre minori-
gimentados e mantidos pelos agentes responsáveis pela coisa
tários, da diretoria sobre o acionista e dos administradores so-
pública.
bre terceiros;
Boas estruturas de gestão de riscos e controles internos
- Erros estratégicos – Resultado de muito poder concentra-
são pré-requisitos para uma organização bem administrada, e
do no executivo principal;
esses três elementos são pré-requisitos para uma boa gover-
- Fraudes – Uso de informação privilegiada em benefício
nança. Desse modo, Governança, Riscos e Controles devem ser
geridos de forma integrada, objetivando o estabelecimento de próprio, atuação em conflito de interesses.47
um ambiente que respeite não apenas os valores, interesses e
expectativas da instituição e dos agentes que a compõem, mas Gestão de riscos; Tipos de riscos; Gerenciamento de risco:
também de todas as suas partes interessadas, tendo o cidadão e O papel do Auditor Interno
a sociedade como os vetores principais desse processo.46 As empresas num cenário global cada vez mais em constan-
Existem muitas definições para o termo Governança Corpo- te evolução no mundo empresarial fazem uso de técnicas que
rativa, mas nada melhor do que buscar a definição de um órgão tem o objetivo de melhorar e aprimorar sua gestão não só den-
especializado no assunto, certo? Assim, o Instituto Brasileiro de tro da organização, mas também qual é o impacto que possui na
Governança Corporativa (IBGC) define a Governança Corporati- sua relação com a comunidade onde está inserida em que o uso
va como: de uma ferramenta chamada de governança corporativa visa no
“Um sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e mo- alinhamento dessas ideias em que a relação harmônica entre
nitoradas, envolvendo os acionistas e os cotistas, Conselho de acionistas, stakeholders, gestores de cada setor da organização
Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho possam ser fatores de transparência das informações que são
Fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finali- colocadas a público.
dade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao A busca de melhores resultados unindo os conceitos da
capital e contribuir para a sua perenidade”. governança corporativa e da gestão de risco são observadas
por vários setores da economia e administração por exigir uma
Objetivos da Governança Corporativa postura mais ética quando do manejo das informações que im-
Em sua essência, a Governança Corporativa tem como prin- pactam no mercado em que normalmente a gestão corporativa
cipal objetivo recuperar e garantir a confiabilidade em uma de- depende da analise de risco, tendo este conotação positiva ou
terminada empresa para os seus acionistas. negativa já que a estratégia de uma empresa envolve prós e con-
tras quando há um risco para ser gerenciado.
47 Fonte: www.sobreadministracao.com – Por Gustavo Periard
46 Fonte: www.portal2.tcu.gov.br
105
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A prática da gestão de riscos aliada à governança corporati- A terceira característica é que o evento é incerto ou ale-
va traduz-se num marco em que a transparência empresarial é atório onde não se tem o controle das variáveis externas que
somada com práticas que visam a minimizar eventos que sejam determinarão o acontecimento de um evento, ou seja, não há
favoráveis ou desfavoráveis fazendo com que a gestão de riscos possibilidade de conhecer quando um determinado evento ad-
seja uma ferramenta útil em que vai requerer dos gestores uma verso poderá ocorrer.
postura mais ativa no conhecimento das diversas situações em O risco diferencia-se da incerteza já que na incerteza existe
que a organização está exposta, ou seja, variáveis econômicas uma conotação mais de desconhecido já que diferentemente do
que fazem com que a estratégia precisa ser revista para melhor risco que pode ser quantificado, na incerteza já não há tal pos-
adequar o gerenciamento de risco da empresa. sibilidade. Knight (2006) faz uma importante distinção entre o
O objetivo do estudo será o de expor os conceitos de risco e risco e a incerteza uma vez que para este autor são dois eventos
também conceitos básicos de governança corporativa, e como a totalmente independentes o qual é impossível dizer qual im-
gestão de risco está ligada a uma boa prática de governança cor- pacto nas finanças de uma, ou seja, trata-se de um elemento
porativa e qual o seu impacto quando estes dois conceitos são totalmente desconhecido que as organizações podem ter que
integrados dentro de uma empresa e no tópico final serão apre- enfrentar no dia a dia.
sentadas as considerações finais do estudo onde serão recapi-
Portanto,
tulados todos os conceitos discutidos e suas implicações para a
A diferença prática entre os conceitos risco e incerteza é que
aplicabilidade de maneira conjunta dos conceitos expostos.
no risco a formação da distribuição do resultado em um grupo
num determinado exemplo é conhecido (ou através de cálculos
O Risco
ou de resultados estatísticos passados), enquanto no caso da
O conceito de risco engloba diversos significados confor-
incerteza isto não é verdadeiro porque a situação lidada consti-
me o escopo a ser estudado, já que o risco existe nos mais di-
tui-se num elevado grau único. (KNIGHT, 2006, p.233, tradução
versos setores econômicos o qual dependendo da ciência que
nossa).
for estudado o risco poderá ter um entendimento diferente do
A distinção do conceito de risco e de incerteza torna-se de
esperado. Portanto, no presente estudo será apresentado este
conceito de uma forma que possa trabalhar o problema levan- grande valia uma vez que para existir o risco, este normalmen-
tado o qual será trabalhado dentro da problemática levantada o te é calculado não só futuramente, mas também registrado em
conceito de risco com um foco na estratégia e gestão. dados passados para que o risco seja devidamente quantificado
Segundo a Federação Nacional das Empresas de Seguros e mensurado. Dabul e Silva [2011?] citam que o risco apresenta
Privados e de Capitalização – FENASEG [2011?] através do seu características adicionais indo de encontro ao pensamento de
glossário de seguros disponível na Internet conceitua risco como Knight, cujas características são: Ser mensurável, o qual através
“evento incerto ou de data incerta que independe da vontade de modelos estatísticos construídos é possível ser quantificado;
das partes contratantes [...]”. Entende-se que neste conceito, o ter natureza econômica para que seja estimado o prejuízo que
risco trata-se de um evento incerto porque não é possível ter determinado sinistro poderá ocorrer para que seja fixado um
uma data provável para acontecer, bem como não é fruto de valor para cliente quando da contratação de um seguro; e ser
uma das partes para sua origem já que o risco entendido nesta independente da vontade das partes o qual o risco deverá existir
definição trata-se de um evento que poderá vir ou não a acon- entre as partes contratadas ao fechar um contrato de seguro.
tecer e que a existência do risco leva as organizações a criarem O risco quando estudado pelo lado da estratégia das em-
estratégias com o objetivo de adaptar suas operações aos mais presas, percebe-se que tais empresas estão preparadas em li-
diversos cenários econômicos, sejam estes eventos favoráveis dar commargens de incertezas o que faz o planejamento das
ou não. organizações contemplarem todos os processos dentro de uma
O risco possui componentes que fazem com que as orga- empresa já que as decisões atingirão todas as esferas cuja im-
nizações estejam mais atentas quando da formulação da sua portância de tomadas de decisões integradas visam na eficiên-
estratégia empresarial. De acordo com Dabul e Silva [2011?] ao cia da gestão, reduzindo eventos que sejam classificados como
trazem a luz as discussões a respeito das características do risco, incertezas, sendo de fundamental importância a existência de
estes ressaltam que o risco possui três características básicas: O uma inteligência que seja capaz de prever e minimizar eventos
risco é possível, futuro e incerto ou aleatório. que sejam classificados como incertezas.
A primeira característica ressaltada pelos autores é que ris- A gestão de risco, que será tratado no item posterior com
co seja possível já que as pessoas de maneira de maneira geral mais detalhes, se faz presente como mecanismo de planeja-
estão expostas as mais diversas adversidades de todas as mag- mento para as empresas poder melhor classificar e quantificar
nitudes sendo estas naturais, atmosféricas ou casuais, ou seja, se determinado risco poderá ou não interferir diretamente nas
eventos independentes a vontade alheia estão suscetíveis de suas atividades gerenciais já que uma gestão eficaz e eficiente
acontecer. é necessária a integração das esferas mais relevantes das orga-
A segunda característica é que o evento é futuro, ou seja, nizações mapeando eventuais eventos que poderão existir para
os eventos não são planejados para acontecer já que os sinistros que sejam tratados se como risco ou como incerteza as quais
podem acontecer futuramente e a qualquer momento, ou seja, variáveis internas (comportamento e desempenho de cada se-
a pessoa não tem domínio sobre o que irá acontecer num deter- tor da empresa) e externas (econômicas) podem interferir nesta
minado intervalo por ser uma variável que foge ao seu controle classificação por parte das empresas. Neste sentido, segundo
alheio para mecanismo de planejamento. Zamith diz que
106
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Pode-se depreender que a simples parametrização do ris- A enumeração dos riscos deve-se ao fato de levantar quais
co vislumbrará o grau de incerteza que norteia as atividades da serão as adversidades que serão apontadas dentro da organi-
instituição, o que já colabora com o processo decisório, uma vez zação com o objetivo de um melhor planejamento nas suas ati-
que delimitam as possibilidades de incertezas que rondam as vidades internas o qual esta enumeração abrange os mais di-
decisões da organização. Além disso, caracterizando-se versos setores dentro de uma organização, ou seja, os auditores
como uma vantagem a mais a interdisciplinaridade da análise internos já irão inteirar-se dos processos que regem o funcio-
e o envolvimento com outras tarefas gerenciais, mensurarão a namento para verificar determinadas ineficiências encontradas
capacidade interna para admitir e aceitar as consequências das dentro da organização para que possam repensar numa outra
previsões e das decisões oriundas do tratamento do risco (ZA- forma trabalho que tenha um efeito negativo menor para o seu
MITH, 2007, p.48). gerenciamento ou maior em se tratando de um ganho de opor-
O item a seguir procurará discutir em detalhes a gestão do tunidade considerável para a empresa onde
risco e qual a sua importância dentro das organizações e como Os auditores avaliam os riscos quando eles executam um
ela age no dia a dia das empresas. exame (geralmente chamada de auditoria quando envolvem de-
monstrativos contábeis). Ao executar um exame, o auditor deve
A gestão do risco selecionar uma combinação de informações de uma grande es-
cala de evidências que limitam o risco material da distorção. Os
Após definir e expor os ângulos que o risco tem, será dado
gerentes de operação devem avaliar os riscos associados com
um enfoque neste item sobre a gestão do risco já que por sua
as operações internas do negócio (CENDROWSKI e MAIR, 2009,
vez este é calculado levando-se em conta fenômenos e registros
p.4)
históricos de determinado evento visto que a importância des-
A análise qualitativa refere-se ao conhecimento destes ris-
te ser classificado como risco é relevante porque as empresas cos previamente apontados pela auditoria interna ou mesmo
possuem mecanismos nos seus setores para poder minimizar pelos gerentes internos o qual através das enumerações feitas
ou dependendo do caso maximizar o risco (quando do caso o na etapa anterior os gestores poderem começar a estruturarem
risco for entendido como ganho) que neste caso trata-se de uma suas decisões que afetarão todo o comportamento e a postura
oportunidade vislumbrada com objetivo de retorno positivo. empresarial da empresa reportar todas as informações levan-
O conceito de gerência de risco é conceituado de acordo tadas ao conselho de administração para que estes tomem as
com o Comitee of Sponsoring Organizations of the Treadway Co- decisões necessárias que afetarão a empresa num todo.
mission-COSO citado por Dabul e Silva [2011] revelam que A análise quantitativa refere-se a dar valores numéricos que
A gestão de riscos corporativos é um processo efetuado determinado risco poderá ter dentro da empresa o qual o uso da
pelo conselho de administração de uma entidade, sua direção estatística e de métodos anteriores de avaliação são fundamen-
e todo o pessoal, aplicável à definição de estratégias em toda a tais para que a empresa esteja preparada nos seus mais diversos
empresa e desenhado para identificar eventos potenciais que setores a lidar com as adversidades do seu negócio o qual todo
podem afetar a organização, gerir seus riscos dentro do risco o risco (entendido da parte estratégica) gera uma remuneração
aceito e proporcionar uma segurança razoável sobre o alcance extra para as pessoas que souberam superar determinado risco.
dos objetivos (COSO citados por DABUL e SILVA [2011], p.5). A estratégia da implantação de gerenciamento de risco
A gestão de riscos trata-se de um macro-processo que afe- está relacionada com a capacidade de alcançar todas as etapas
tará todo o pessoal da empresa já que o planejamento da gestão mapeadas anteriormente o qual a iminência a existência de um
de risco engloba os gestores de setores considerados estratégi- risco já é realidade dentro da organização o qual caberão aos
cos para que estes relatem ao conselho de administração das responsáveis de cada setor estratégico da empresa pela formu-
empresas sobre a importância, a quantificação e a provável cau- lação de plano, a aprovação do mesmo pelo conselho de admi-
sa que determinado risco poderá ter na condução da empresa já nistração e a forma como será implantado para gerir o risco já
que a decisão final sobre como o risco deverá ser tratado cabe que a integração dos diversos setores seja de produção, admi-
ao conselho administrativo da empresa que fará os ajustes ne- nistrativo e comercial produzirão efeitos globais no desempe-
cessários para que a decisão tomada reflita em toda a empresa, nho da empresa.
A avaliação estratégica da gestão do risco visa a alimentar
procurando gerir o risco de forma que cada setor faça a sua par-
as eventuais falhas do plano original da estratégia de gerencia-
te com o objetivo de minimizar ou maximizar o risco, dependen-
mento para que o ajuste realizado seja adequado a necessidade
do do contexto da situação.
da empresa, funcionando como uma espécie de feedback ao
O processo de se avaliar riscos dentro do planejamento
sistema elaborado, garantindo o seu pleno funcionamento e a
deve ser entendido como uma “inteligência” a serviço da em- confiabilidade deste quando os gestores a formularam.
presa que visa na adaptação da empresa a situação que podem Portanto, a gestão de risco cria um processo de agregação
afetá-la de forma negativa ou positiva. Segundo Cendrowski e de valor à empresa já que faz uso de uma sólida base de infor-
Mair (2009, p.4, ) mações tanto passadas como futuras com os quais envolvem o
“o processo de avaliação do risco consiste de 5 etapas: A conhecimento de todos os processos intrínsecos levantados via
enumeração dos riscos, a análise qualitativa, a análise quantita- processos de auditoria interna da organização dentro da empre-
tiva, a estratégia de implantação de gerenciamento de risco e a sa o qual esta deve ser entendida como um sistema integrado
avaliação estratégica do gerenciamento risco.”. para que possa ter uma análise que gere valor ao acionista, ga-
rantido solidez da organização quando da apresentação das suas
práticas de gestão já que segundo Padoveze
107
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
O foco da gestão do risco é manter um processo sustentável A responsabilidade corporativa refere-se ao papel social que
de criação de valor para os acionistas, uma vez que qualquer ne- a empresa possui dentro da comunidade onde atua. De acordo
gócio sempre está exposto a um conjunto de riscos. Para tanto, é com o Consejo Coodirnador Empresarial do México (2006, p.6,
necessário criar uma arquitetura informacional para monitorar a tradução nossa8), os elementos básicos que caracterizam uma
exposição da empresa ao risco. (PADOVEZE. 2003, p.127) boa prática da Governança Corporativa são dentre os itens mais
No item posterior será realizada uma discussão sobre os relevantes:
principais conceitos e variáveis da governança corporativa e a) O tratamento igualitário e a proteção dos interesses de
como esta impacta quando existe um gerenciamento de risco todos os acionistas; o reconhecimento da existência de terceiros
ativo dentro de uma entidade. interessados no andamento e a continuidade da sociedade;
b) A emissão e a revelação responsável da informação assim
Governança Corporativa e sua relação com o gerenciamen- como na transparência na administração;
to de risco c) A convicção de que existam guias estratégicas na socie-
De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corpo- dade, o efetivo monitoramento da administração e a respon-
rativa- IBGC (2009) este é definido como: sabilidade fiduciária do conselho (que é agir de boa fé com a
O sistema pelo qual as organizações são dirigidas, moni- diligência e cuidado, sempre buscando os melhores interesses
toradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre da companhia e seus acionistas);
proprietários, Conselho de Administração, Diretoria e órgãos de d) A identificação dos controles e riscos que a sociedade
controle. As boas práticas de Governança Corporativa conver- está sujeita; a declaração de princípios éticos de responsabilida-
tem princípio em recomendações objetivas, alinhando interes- de social empresarial (entendido como o equilíbrio e os interes-
ses com a finalidade de preservar e otimizar valor da organiza- ses da sociedade e da comunidade);
ção, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para sua e) A prevenção de operações ilícitas e de conflitos de inte-
longevidade. (IBGC, 2009, p.19) resses; a revelação de fatos indevidos com proteção aos usuá-
rios;
A empresa por operar dentro do conceito de sistemas o
f) O cumprimento das regulamentações a que a sociedade
qual todos os processos estão interligados entre si há a neces-
está sujeita e dar a certeza e confiança aos investidores interes-
sidade de uma organização entre todos os membros da empre-
sados sobre a condução honesta e responsável dos negócios da
sa, principalmente aqueles que ocupam um posto hierárquico
sociedade.
maior de planejarem todo o escopo de tal forma que o risco do A boa prática de uma governança corporativa além de con-
planejamento da governança corporativa ser o mais minimizado templar um processo disciplinado da sua gestão e alinhando in-
possível para que as margens de incertezas dentro do processo teresses dos diversos acionistas da empresa, também é levado
de planejamento da empresa estejam alinhadas com o seu ne- em conta o valor que ela representa dentro de uma sociedade já
gócio. que uma empresa que saiba respeitar o interesse dos acionistas
Neste sentido, práticas de governança corporativa devem no que tange a transparência da gestão e o cumprimento das
ser englobadas a princípios básicos para serem seguidos para leis societárias e regulatórias do setor deverá levar em conta os
as demais entidades já que uma vez que todos os processos es- interesses sociais já que uma empresa quando adota práticas de
tejam interligados pelo fato das decisões se refletirem nas mais governança corporativa deverá ter em mente que irá gerar valor
diversas camadas da empresa. Segundo a Organização para Co- na medida em que exista um ganho não só no meio empresarial,
operação e Desenvolvimento Econômico citado por Brasil (2008, mas também, no espaço onde ela atua já que a empresa deve
p.21) existem quatro princípios básicos para a governança cor- retornar parte dos lucros em prol de melhorias que possam ala-
porativa: A Prestação de Contas ou Accountability; a equidade; a vancar a qualidade de vida da comunidade onde está inserida,
transparência e a responsabilidade corporativa. fazendo com que a governança corporativa não só contemple
A prestação de contas num conceito amplo refere-se às atos que visem na melhora da gestão e da transparência empre-
explicações das informações que são colocadas a disposição ao sarial, mas também esteja inserida em valores que visam na me-
público no que tange as informações financeiras e empresariais lhora da qualidade de vida das pessoas que moram no espaço
o qual uma empresa que possui uma boa controladoria conse- onde a empresa está inserida.
gue produzir informações de qualidade para os usuários destas O gerenciamento de risco constitui-se de um processo in-
informações. tegrado e que a Governança Corporativa possui um fator vital
A equidade refere-se ao tratamento igual que é dado aos nas tomadas de decisões que virão a afetar o seu desempenho
membros da companhia que optam pela governança corpora- empresarial já que as decisões tomadas pelos gestores afetarão
tiva o qual não há privilégios a serem concedidos para os seus não só no desempenho financeiro da empresa, mas também na
funcionários. sua imagem ante ao público em geral.
Lam (2003) destaca sete componentes básicos do interrela-
A transparência refere-se a divulgação das informações de
ção do gerenciamento, que é representado na Figura 01- Com-
tal forma que não exista favorecimentos ou privilégios a deter-
ponentes do Gerenciamento de Risco das organizações, cuja
minados setores onde as informações que são disponibilizadas
tradução do original é apresentada no anexo A o qual segundo
reflitam os reais acontecimentos dentro da organizações onde
este autor apresenta uma visão mais gestora dos impactos que a
não possa prejudicar tanto usuários internos (gerentes) quanto gestão de riscos aliada a prática de governança corporativa tem
externos (investidores). na vida da empresa.
108
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
A governança corporativa é estabelecida de cima para baixo, ou seja, parte dos níveis superiores da organização uma vez que os
formuladores das estratégias e dos riscos que ocorrem quando da implantação de novos mecanismos de controle e de disciplinas na
implantação de uma gestão para favorecer as pessoas que num primeiro momento participamdo sistema para que sejam favorecidos
outros membros da empresa.
A linha de gerenciamento deve contemplar as estratégias e riscos que foram formulados para que a governança corporativa seja
eficaz onde os gestores de cada setor responsável tenham um profundo conhecimento da sua realidade já que o alinhamento da
estratégia está diretamente ligado ao conhecimento dos riscos sendo eles de conotação ou negativa ou positiva o qual cada setor em
particular contribuirá para o risco da empresa.
O gerenciamento do portfólio, ou seja, adequar seus produtos a linha da governança corporativa para que as informações con-
tidas nele sejam condizentes para a sua oferta onde os riscos envolvidos nele sejam conhecidos e que o gerenciador do portfólio,
segundo o autor, deve agir conforme situações e cenários quando o risco encontra-se numa perspectiva negativa o qual o gerenciador
deve estar mais atento a perdas que determinada carteira pode ocorrer, ou até mesmo num cenário positivo em que o gerenciador
pode adotar um comportamento mais agressivo para maximizar os ganhos, ou seja, neste caso é remunerado positivamente pelo seu
risco ao ganhar além do esperado.
A transferência do risco ocorre quando estudados qualitativa e quantitativamente a realidade da empresa quando na fase do
planejamento da governança corporativa o que se reflete nas políticas de formulação do risco executada por cada setor responsável
de tal forma que o risco de cada setor em particular seja agregado ou subtraído no desempenho global da empresa em que quando
os relatórios destes setores encontram-se prontos, os acionistas traçam estratégias num nível macro levando-se em conta cenários
externos (entendido aqui como cenário macroeconômico) para que o risco seja administrado em cada um dos setores.
A análise do risco também se faz necessário o uso de ferramentas analíticas porque é uma forma de auxiliar os gestores na ges-
tão das informações relacionadas a um determinado risco em particular em que os recursos tecnológicos e de informática poderão
propiciar uma base de informações que possibilite aos usuários dados que possam ser confiáveis quando da gestão do risco, em
que é de suma importância o registro de eventos passados para que seja um instrumento norteador do planejamento visando um
gerenciamento de risco cada vez mais analítico e preciso em que nesta parte do gerenciamento de risco integrado com a governança
corporativa, o uso de ferramentas computacionais aliada ao conhecimento estatístico de eventos passados e a possibilidade de prever
eventos futuros farão a diferença numa análise mais acurada do risco.
O gerenciamento dos stakeholders visa manter um bom relacionamento com os principais gerenciadores e acionistas dentro da
empresa que são os responsáveis pelo fornecimento de informações que visam solidificar todo o gerenciamento corporativo e que
serão eles os principais responsáveis pelas estratégias que determinado risco ao ser gerido deva englobar toda a organização e que as
decisões sejam tomadas levando-se em conta os fatos históricos registrados, o potencial que este risco oferece a empresa, e também
os recursos tecnológicos envolvidos para que a decisão seja uma ferramenta analítica para os acionistas e stakeholders.
109
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
O risco pode ser entendido sob diversos contextos sendo processo operacional devem estar relacionados a uma ou mais
que o mesmo apresenta características básicas e que o distingue metas estratégicas, bem, neste caso, também existem riscos ine-
da incerteza o qual é um importante divisor de marcos concei- rentes ao processo, que são os riscos dos objetivos do processo
tual pelo fato do risco pode ser gerenciado pelas empresas que não serem atingidos como previamente planejado.
podem ou não ser uma ameaça ao seu negócio. Observem, que em ambos os casos estamos relacionando
As empresas procurando melhorar seu relacionamento com objetivos com riscos, sejam eles estratégicos ou operacionais,
a transparência das informações que são disponibilizadas para o assim, baseado nisto podemos dizer que uma empresa de su-
público sobre suas práticas utilizam-se de práticas de governan- cesso será aquela que conseguir minimizar a probabilidade e
ça corporativa o qual visa na apresentação de forma transpa- impacto dos riscos através de um bem estruturado processo de
rente dos dados não só da sua gestão, mas também do relacio- gerenciamento de riscos.
namento que a empresa possui com o meio onde está inserida Este entendimento é corroborado também pelo COSO – The
em que o social se faz presente através da socialização do seu committee of sponsoring Organization of the Treadway Commis-
capital quando negocia ações na bolsa de valores, por exemplo, sion, quando define que:
em que a transparência e a prestação de contas são itens funda- “O gerenciamento de riscos corporativos é um processo con-
mentais para a socialização da empresa. duzido em uma organização pelo conselho de administração, di-
As práticas de gestão de riscos quando feita de sob a in- retoria e demais empregados, aplicado no estabelecimento de
tegração de práticas de governança corporativa propiciam uma estratégias, formuladas para identificar em toda a organização
clareza adicional no que tange as suas práticas empresariais já eventos em potencial, capazes de afetá-la, e administrar os ris-
que toda a empresa independente do setor possui um risco se cos de modo a mantê-los compatível com o apetite a risco da or-
investir nela em que agora serão mais detalhadas as formas de ganização e possibilitar garantia razoável do cumprimento dos
como as empresas estão gerindo tal risco independente de ter seus objetivos.”
uma conotação positiva ou negativa em que a presença de au- Notem que é justamente neste ambiente corporativo que o
ditores internos pode ser um fator determinante na verificação auditor interno esta inserido sendo requerido dele uma partici-
das atividades e das rotinas das empresas o qual podem ajudar a pação muito mais ativa do que existia em um passado recente,
prevenir determinados eventos não favoráveis que podem com- onde ele se limitava a avaliar se os procedimentos operacionais
prometer a sociabilidade da empresa o qual dentro do geren- estavam sendo conduzidos de acordo com as normas e regula-
ciamento quando aplicado ferramentas avançadas que possibi- mentos, sem se preocupar com a eficiência e economia.
litem a análise do risco tais como eventos estatísticos passados, Hoje com o advento de um processo de governança cor-
como ocorrerá a transferência dentre os mais diversos setores porativa melhor estruturado, o auditor interno esta muito mais
da organização, e como os acionistas e stakeholders irão tratar próximo da gestão, e isto fica muito claro quando analisamos a
esta informação para que sejam repassadas as demais pessoas definição que o IIA – Institute of Internal Auditors sobre a audi-
toria interna:
que fazem parte da socialização do capital da empresa.
“A auditoria interna é uma atividade independente e ob-
O gerenciamento de riscos aliada a práticas de governança
jetiva, que presta serviços de avaliação e de consultoria, e tem
corporativa pode ser considerada uma revolução não só no rela-
como objetivo adicionar valor e melhorar as operações de uma
cionamento entre a empresa e demais entidades que participam
organização. A auditoria auxilia a organização a alcançar seus
da sua “socialização”, através de uma maciça participação na
objetivos adotando uma abordagem sistemática e disciplinada
composição do seu portfólio, mas também como é apresentado
para avaliação e melhoria da eficácia dos processos de gerencia-
em minúcias dos efeitos positivos e negativos de determinado
mento de riscos, de controle, e governança corporativa.”
risco poderá ter no andamento das atividades da empresa, o
Desta forma fica claro que a auditoria interna tem um papel
qual as pessoas que investem na capitalização da empresa são muito importante no mundo corporativo, pois através de suas
os que mais ganham por essa transparência de informações. recomendações, ela adiciona valor aos diversos processos da
Ao falarmos da importância da atividade de auditoria in- organização, valor este traduzido em melhor eficiência, maior
terna na moderna gestão corporativa, precisamos frisar dois economia e a mitigação dos riscos através de um sistema de con-
aspectos de gestão que irão direcionar, de forma lógica, o nosso troles internos eficazes.
entendimento sobre o assunto, Não é possível falar em um processo de transparência com
O primeiro destes aspectos, e premissa básica de qualquer governança corporativa sem que exista um departamento de
atividade empresarial, é que ela somente existe para gerar valor auditoria interna atuante e presente no suporte a alta adminis-
às partes interessadas, seja ela uma entidade com ou sem fins tração e gestores.48
lucrativos, do setor privado ou governamental.
Em outras palavras, se toda e qualquer empresa tem obje- Gestão por Processo
tivos a serem alcançados, definidos em metas estratégicas que Ao analisar um processo, a equipe de projeto deve partir
estão intimamente ligadas a sua razão de ser, também existem sempre da perspectiva do cliente (interno ou externo), de forma
incertezas, isto é, existe uma grande chance, devido a eventos a atender às suas necessidades e preferências, ou seja, o pro-
internos e/ou externos, que estas metas não sejam alcançadas. cesso começa e termina no cliente, como sugerido na aborda-
Outro conceito importante, também relacionado às metas gem derivada da filosofia do Gerenciamento da Qualidade Total
estratégicas, é que a empresa necessita de processos operacio- (TQM). Dentro dessa linha, cada etapa do processo deve agregar
nais para que possa alcançar as metas estratégicas definidas
48 Fonte: www.essenciasobreaforma.com.br – Por Eduar-
pela alta administração. Isto quer dizer que os objetivos de um
do Pardini
110
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
valor para o cliente, caso contrário será considerado desperdí- Os principais fatores que tem contribuído para essa tendên-
cio, gasto, excesso ou perda; o que representaria redução de cia são:
competitividade e justificaria uma abordagem de mudança. Aumento da demanda de mercado vem exigindo desen-
Entender como funcionam os processos e quais são os tipos volvimento e lançamento de novos produtos e serviços de forma
existentes é importante para determinar como eles devem ser mais ágil e rápida.
gerenciados para obtenção de melhores resultados. Com a implantação de Sistemas Integrados de Gestão,
Afinal, cada tipo de processo tem características específicas os chamados ERPs, existe a necessidade prévia de mapeamento
e deve ser gerenciado de maneira específica. dos processos. Entretanto é muito comum a falta de alinhamen-
A visão de processos é uma maneira de identificar e aperfei- to entre processos, mesmo depois da implantação sistema.
çoar as interfaces funcionais, que são os pontos nos quais o tra- As regras e procedimentos organizacionais se mostram
balho que está sendo realizado é transferido de um setor para o cada vez mais desatualizados devido ao ambiente de constante
seguinte. Nessas transferências é que normalmente ocorrem os mudança. Em tal situação erros são cometidos ou decisões são
erros e a perda de tempo. postergadas por falta de uma orientação clara.
Todo trabalho realizado numa organização faz parte de um Maior frequência de entrada e saída de profissionais
processo. Não existe um produto ou serviço oferecido sem um (turnover) tem dificultado a gestão de conhecimento e a docu-
processo. A Gestão por Processos é a forma estruturada de visu- mentação das regras de negócio, gerando como resultado maior
alização do trabalho. dificuldade como na integração e treinamento de novos colabo-
radores.
O objetivo central da Gestão por Processos é torná-los mais Os efeitos destas e outras situações têm levado um número
eficazes, eficientes e adaptáveis. crescente de empresas a buscar uma nova forma de gerenciar
Eficazes: de forma a viabilizar os resultados desejados, a eli- seus processos. Muitas começam pelo desenvolvimento e revi-
minação de erros e a minimização de atrasos; são das normas da organização ou ainda pelo mapeamento de
Eficientes: otimização do uso dos recursos; processos. Entretanto, fazer isso de imediato é colocar o “carro
Adaptáveis: capacidade de adaptação às necessidades vari- na frente dos bois”.
áveis do usuário eorganização. Em vez disso, o ponto de partida inicial é identificar os pro-
cessos relevantes e como devem ser operacionalizados com efi-
Deve-se ter em mente que, quando os indivíduos estiverem ciência. Questões que podem ajudar nesta análise são:
realizando o trabalho através dos processos, eles estarão contri- Qual o dimensionamento de equipe ideal para a execu-
buindo para que a organização atinja os seus objetivos. ção e o controle dos processos?
Esta relação deve ser refletida pela equipe de trabalho, atra- Qual o suporte adequado de ferramentas tecnológicas?
vés da consideração de três variáveis de processo: Quais os métodos de monitoramento e controle do de-
- Objetivos do processo: derivados dos objetivos da organi- sempenho a serem utilizados?
zação, das necessidades dos clientes e das informações de ben- Qual é o nível de integração e interdependência entre
chmarking disponíveis; processos?
- Design do processo: deve-se responder a pergunta: “Esta é A resposta a essas questões representa a adoção de uma
melhor forma de realizar este processo?” visão abrangente por parte da organização sobre os seus proces-
- Administração do processo: deve-se responder as seguin- sos e de como estão relacionados. Essa “visão” é o que chama
tes perguntas: “Vocêsentendem os seus processos? Os subob- de uma abordagem de BPM. Sua implantação deve considerar
jetivos dos processos foram determinados corretamente? O no mínimo cinco 5 diferentes passos fundamentais:
desempenho dos processos é gerenciado? Existem recursos
suficientes alocados em cada processo? As interfaces entre os 1. Tradução do negócio em processos: É importante defi-
processos estão sendo gerenciadas?” nir quais são os processos mais relevantes para a organização
Realizando estas considerações, a equipe estabelecerá a e aqueles que os suportam. Isso é possível a partir do entendi-
existência da ligação principal entre o desempenho da organi- mento da Visão Estratégica, como se pretende atuar e quais os
zação e o individual no desenvolvimento de uma estrutura mais diferenciais atuais e desejados para o futuro. Com isso, é possí-
competitiva, além de levantar informações que servem para vel construir o Mapa Geral de Processos da Organização.
comparar as situações atuais e desejadas da organização, de for- 2. Mapeamento e detalhando os processos: A partir da de-
ma a impulsionar a mudança. finição do Mapa Geral de Processos inicia-se a priorização dos
processos que serão detalhados. O mapeamento estruturado
Falar em processos é quase sinônimo de falar em eficiência, com a definição de padrões de documentação permite uma
redução de custos e qualidade, por isso é recorrente na agen- análise de todo o potencial de integração e automação possível.
da de qualquer executivo. O atual dinamismo das organizações, De forma complementar são identificados os atributos dos pro-
aliado ao peso cada vez maior que a tecnologia exerce nos ne- cessos, o que permite, por exemplo, realizar estudos de custeio
gócios, vem fazendo com que o tema processos e, mais recen- das atividades que compõe o processo, ou ainda dimensionar o
temente, gestão por processos (Business Process Management, tamanho da equipe que deverá realizá-lo.
ou BPM) seja discutido e estudado com crescente interesse pe-
las empresas.
111
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
112
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
- Apreciação diária do comportamento do colaborador, seus - Comparação de pares: também conhecida como compara-
progressos e limitações, êxitos e insucessos, com oferecimento ção binária, faz uma comparação entre o desempenho de dois
permanente de feedback instantâneo; colaboradores ou entre o desempenho de um colaborador e sua
- Identificação e equacionamento imediato dos problemas equipe, podendo fazer o uso de fatores para isso. É um processo
emergentes, procurando manter continuamente um alto padrão muito simples e pouco eficiente, mas que se torna muito difícil
de motivação e de obtenção de resultados; de ser realizado quanto maior for o número de pessoas avalia-
- Entrevistas formais periódicas de avaliação de desempe- das.
nho, em que avaliador e avaliado analisam os resultados obtidos - Auto-avaliação: é a avaliação feita pelo próprio avaliado
no período considerado e redefinem novas orientações, com- com relação a sua performance. O ideal é que esse sistema seja
promissos recíprocos e ações corretivas, se for o caso. utilizado conjuntamente a outros sistemas para minimizar o for-
te viés e falta de sinceridade que podem ocorrer.
Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e limi- - Relatório de performance: também chamada de avaliação
tações dos funcionários, buscando identificar pontos de melho- por escrito ou avaliação da experiência, trata-se de uma descri-
ria, necessidade de treinamento ou até mesmo remanejamento ção mais livre acerca das características do avaliado, seus pontos
do indivíduo para outras funções em que poderia render melhor. fortes, fracos, potencialidades e dimensões de comportamento,
Assim, o papel principal da avaliação de desempenho é entre outros aspectos. Sua desvantagem está na dificuldade de
identificar e trabalhar de forma sistêmica as diferenças de de- se combinar ou comparar as classificações atribuídas e por isso
sempenho entre os muitos funcionários da organização. Tendo exige a suplementação de um outro método, mais formal.
sempre como base a interação constante entre avaliador e ava- - Avaliação por resultados: é um método de avaliação base-
liado. ado na comparação entre os resultados previstos e realizados.
É um método prático, mas que depende somente do ponto de
Formas de avaliação de desempenho – Listamos abaixo os vista do supervisor a respeito do desempenho avaliado.
métodos mais tradicionais de avaliação: - Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação do al-
cance de objetivos específicos, mensuráveis, alinhados aos ob-
- Escalas gráficas de classificação: é o método mais utiliza- jetivos organizacionais e negociados previamente entre cada
colaborador e seu superior. É importante ressaltar que durante
do nas empresas. Avalia o desempenho por meio de indicado-
a avaliação não devem ser levados em consideração aspectos
res definidos, graduados através da descrição de desempenho
que não estavam previstos nos objetivos, ou não tivessem sido
numa variação de ruim a excepcional. Para cada graduação pode
comunicados ao colaborador. E ainda, deve-se permitir ao cola-
haver exemplos de comportamentos esperados para facilitar a
borador sua autoavaliação para discussão com seu gestor.
observação da existência ou não do indicador. Permite a elabo-
- Padrões de desempenho: também chamada de padrões de
ração de gráficos que facilitarão a avaliação e acompanhamento
trabalho é quando há estabelecimento de metas somente por
do desempenho histórico do avaliado.
parte da organização, mas que devem ser comunicadas às pes-
- Escolha e distribuição forçada: consiste na avaliação dos
soas que serão avaliadas.
indivíduos através de frases descritivas de determinado tipo de
- Frases descritivas: trata-se de uma avaliação através de
desempenho em relação às tarefas que lhe foram atribuídas, en- comportamentos descritos como ideais ou negativos. Assim,
tre as quais o avaliador é forçado a escolher a mais adequada assinala-se “sim” quando o comportamento do colaborador cor-
para descrever os comportamentos do avaliado. Este método responde ao comportamento descrito, e “não” quando não cor-
busca minimizar a subjetividade do processo de avaliação de responde. É diferente do método da Escolha e distribuição for-
desempenho. çada no sentido da não obrigatoriedade na escolha das frases.
- Pesquisa de campo: baseado na realização de reuniões - Avaliação 360 graus: neste método o avaliado recebe fe-
entre um especialista em avaliação de desempenho da área de edbacks (retornos) de todas as pessoas com quem ele tem rela-
Recursos Humanos com cada líder, para avaliação do desempe- ção, também chamados de stakeholders, como pares, superior
nho de cada um dos subordinados, levantando-se os motivos de imediato, subordinados, clientes, entre outros.
tal desempenho por meio de análise de fatos e situações. Este - Avaliação de competências: trata-se da identificação de
método permite um diagnóstico padronizado do desempenho, competências conceituais (conhecimento teórico), técnicas (ha-
minimizando a subjetividade da avaliação. Ainda possibilita o bilidades) e interpessoais (atitudes) necessárias para que deter-
planejamento, conjuntamente com o líder, do desenvolvimento minado desempenho seja obtido.
profissional de cada um. - Avaliação de competências e resultados: é a conjugação
- Incidentes críticos: enfoca as atitudes que representam das avaliações de competências e resultados, ou seja, é a veri-
desempenhos altamente positivos (sucesso), que devem ser re- ficação da existência ou não das competências necessárias de
alçados e estimulados, ou altamente negativos (fracassos), que acordo com o desempenho apresentado.
devem ser corrigidos através de orientação constante. O méto- - Avaliação de potencial: com ênfase no desempenho futu-
do não se preocupa em avaliar as situações normais. No entan- ro, identifica as potencialidades do avaliado que facilitarão o de-
to, para haver sucesso na utilização desse método, é necessário senvolvimento de tarefas e atividades que lhe serão atribuídas.
o registro constante dos fatos para que estes não passem des- Possibilita a identificação de talentos que estejam trabalhando
percebidos. aquém de suas capacidades, fornecendo base para a recoloca-
ção dessas pessoas.
113
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
- Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Robert S. - Apoio às pesquisas de clima organizacional.
Kaplan e David P. Norton na década de 90, avalia o desempenho
sob quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos processos Objetivos da avaliação de desempenho
internos e do aprendizado e crescimento. São definidos objeti- Além de possibilitar a tomada de decisão quanto à progres-
vos estratégicos para cada uma das perspectivas e tarefas para o são e promoção dos servidores, a avaliação de desempenho tem
atendimento da meta em cada objetivo estratégico. outros objetivos de igual importância:
• Identificar necessidades de capacitação.
Vantagens da Avaliação de desempenho • Corrigir desempenhos inadequados.
Por meio da avaliação de desempenho é possível identificar • Identificar possibilidades de futuras mobilidades funcio-
novos talentos dentro da própria organização, por meio da aná- nais (processo de movimentação que configura a evolução do
lise do comportamento e das qualidades de cada indivíduo. Ge- funcionário na carreira).
rando, assim, novas possibilidades para remanejamento interno • Possibilitar o planejamento funcional do avaliado.
de colaboradores. Além de poder oferecer bonificações e pre- Como resultados complementares da contínua utilização da
miações aos funcionários que mais se destacarem na avaliação. avaliação de desempenho podemos citar o estímulo ao diálogo
Outra vantagem é a possibilidade de gerar um feedback entre chefias e subordinados e o aperfeiçoamento dos canais de
mais fácil aos funcionários analisados e gestores, uma vez que comunicação entre os níveis hierárquicos.
tem como resultado informações relevantes, sólidas e tangí-
veis para um resultado eficiente. Este feedback faz com que os
Modelo de Avaliação de Desempenho
avaliados queiram investir ainda mais em seu desenvolvimento,
Para garantir a eficiência e a eficácia da avaliação, a constru-
melhorando seu desempenho e trazendo vantagens para a em-
ção de um modelo da avaliação de desempenho deve obedecer
presa.
Este método é importante, também, para eliminar “achis- a determinados requisitos. Vejamos:
mos” e palpites quando da avaliação de um funcionário. É um • Garantir que a avaliação seja comparativa entre os indiví-
meio de obter informações reais e avaliar de perto as implica- duos e que ela seja feita tanto pelos chefes, subordinados, bem
ções de uma possível mudança na gestão de recursos humanos como por seus pares.
da empresa. • Realizar análises comparativas de resultados entre os
Por isso, manter este tipo de avaliação pode trazer muitos membros de uma mesma carreira ou cargos.
benefícios e mudanças positivas na gestão de pessoas de uma • Divulgar com a máxima transparência os critérios de ava-
organização, seja qual for o seu tamanho. Com ela o gestor pode liação.
avaliar melhor seus subordinados, melhorar o clima de trabalho, • Informar os resultados da avaliação feita para cada indi-
investir no treinamento de seus pares, melhorar a produtivida- víduo, por seus chefes, subordinados e pares, sem, entretanto,
de, desenvolver os métodos de remuneração, fazê-los trabalhar identificar os autores.
de forma mais eficiente etc. Todos ganham quando uma equipe • Incluir, no cômputo da avaliação individual, o resultado da
é avaliada de forma satisfatória pelos gerentes. avaliação institucional.
• Utilizar os resultados das avaliações como insumo para a
Aplicações definição das políticas e prioridades de capacitação.
A avaliação de desempenho presta-se ao exercício de dife- Para a realização da avaliação de desempenho, devem ser
rentes funções administrativas, motivacionais e de comunica- consideradas a avaliação individual e também a avaliação insti-
ção, como citados a seguir: tucional.8
- Identificação de pontos fortes e fracos dos colaboradores
e, consequentemente, da organização; A título ilustrativo apresentaremos a seguir um modelo de
- Identificação de diferenças individuais; avaliação de desempenho e a forma como são realizadas as ava-
- Estímulo à comunicação interpessoal; liações institucional e individual no setor privado.
- Desenvolvimento do conceito “equipe de dois”, formada
por chefe e subordinado; Avaliação institucional
- Informação ao colaborador de como o seu desempenho
Esta é a avaliação de cada uma das equipes que compõem
é percebido;
a estrutura organizacional da instituição, distribuídas por suas
- Estímulo ao desenvolvimento individual do avaliador e do
diversas áreas. Chamamos por equipe um grupo de pessoas com
avaliado;
uma chefia.
- Indicações de promoções e de aumentos salariais por mé-
rito; Na maior parte dos órgãos e entidades do setor público, di-
- Indicações de necessidade de treinamento; ferentemente do setor privado, a avaliação de desempenho se
- Gestão de crises nas equipes e nos processos operacionais baseia no estabelecimento de metas definidas pela alta gestão e
(sistemas técnicos e sociais); são consideradas para a organização, como um todo, e não para
- Auxílio na verificação de aprendizagens; as equipes de trabalho.
- Identificação de problemas de trabalho em geral, no rela- As equipes são avaliadas pela instância imediatamente su-
cionamento individual, intraequipe ou interequipes; perior, assim como por áreas internas ou externas à organização
- Registro histórico suplementar para ações administrativas que sejam clientes da equipe que está sendo avaliada ou que
de gestão; com ela se relacionam.
114
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
No início de cada ano, cada equipe estabelece as próprias Este é o ponto de partida para cada cargo e perfil profissio-
metas a atingir neste período, com base naquelas definidas pela nal, com base no qual é realizada a avaliação do crescimento e
organização como um todo. Cada equipe indicará os recursos desenvolvimento profissional.
materiais e humanos necessários para o alcance dessas metas Para essa avaliação, é necessário criar ferramentas que per-
e definirá também os indicadores que serão utilizados para me- mitam objetivá-la, uma vez que nem sempre os indicadores são
di-los. altamente quantificáveis, como é o caso das atitudes e de algu-
No final do ano, a instância imediatamente superior verifica mas habilidades que compõem as competências.
em que grau as metas de cada equipe foram atingidas, e com Por fim, é necessário estabelecer critérios de pontuação
base nesses resultados irá atribuir notas para as equipes. que identifiquem o crescimento, a ampliação ou o aperfeiçoa-
Os critérios para a atribuição das notas serão estabelecidos mento profissional de cada servidor. Essa pontuação é traduzida
em conjunto com todos os envolvidos. Essas notas serão um dos por um valor que entrará na composição final da fórmula avalia-
componentes que participarão da fórmula para cálculo do valor ção de desempenho.
da avaliação de desempenho.
Condições para o funcionamento do modelo de avaliação
Avaliação individual de desempenho
A avaliação individual é composta por elementos cujas no- A fórmula da avaliação de desempenho terá em sua com-
tas farão parte do cálculo da Avaliação de Desempenho. São posição as notas da Avaliação Institucional e da Avaliação In-
eles: dividual desdobrada em: Avaliação pelos membros da equipe,
1. Avaliação pelos membros da equipe Avaliação do alcance das metas e Avaliação do desenvolvimento
2. Avaliação do alcance das metas profissional.
3. Avaliação do desenvolvimento profissional Para que esse modelo de avaliação de desempenho tenha
um funcionamento eficiente e alcance os objetivos pretendidos
1) Avaliação pelos membros da equipe é necessário garantir a existência de algumas condições:
O primeiro elemento constitui-se na avaliação conjunta dos • Implantação de um sistema informatizado para que as
servidores da mesma equipe. Os servidores são avaliados por avaliações possam ser feitas on-line e o sigilo das informações
seus pares, por seus chefes e subordinados. possa ser preservado.
• Estabelecimento de metas claras, com indicadores objeti-
Os itens a serem medidos e os critérios adotados serão esta-
vos, para cada equipe e área da instituição.
belecidos pelas equipes, devendo ser validados pela instituição
• Criação de um plano de carreira e remuneração que in-
como um todo, para garantir sua homogeneidade na avaliação.
centive os servidores a perseguir um desempenho satisfatório.
Os servidores atribuem notas para cada um dos seus cole-
10
gas de equipe, para a chefia e para seus subordinados. O resul-
• Fornecimento de condições técnicas e materiais para que
tado dessas avaliações será uma nota cujo valor entrará na com-
os servidores possam desempenhar suas funções adequada-
posição final da fórmula avaliação de desempenho.
mente.
2) Avaliação do alcance das metas Desempenho: indo além da simples avaliação
O segundo elemento diz respeito ao alcance das metas es- A abordagem ao desempenho deve contemplar a compara-
tabelecidas. ção dos resultados esperados com os efetivamente alcançados.
Com base nas metas institucionais definidas para cada equi- Isso implica seu constante acompanhamento para identificação
pe, cada servidor define suas próprias metas, que devem ser as de desvios e execução das devidas correções ao longo da reali-
mais quantificáveis possíveis. Cada servidor deve também infor- zação das atividades.
mar o que precisa para poder desempenhar as tarefas. Assim, a denominação mais adequada para esse processo
A chefia juntamente com cada servidor verifica, ao final do de planejamento, de acompanhamento e de avaliação é o de
ano, se as metas foram atingidas e em que grau. Com base nessa Gestão de Desempenho.
verificação, é atribuída uma nota cujo valor entrará na composi- Por meio do processo de Gestão de Desempenho (proces-
ção final da fórmula avaliação de desempenho. so inserido na Gestão Estratégica Organizacional e de Pessoas e
apoiado na Gestão por Competências) é possível corrigir desvios
3) Avaliação do desenvolvimento profissional e garantir a sustentabilidade da organização por meio da revisão
Esta avaliação leva em conta: de objetivos, estratégias, processos de trabalho e políticas de
• O aperfeiçoamento ou aquisição de competências. recursos humanos.
• A ampliação do grau de responsabilidade.
• O aumento na abrangência das atribuições. Avaliação
• A aquisição de novos conhecimentos relevantes para o de-
sempenho de suas atribuições. A Avaliação de Desempenho é uma das ferramentas mais
Para que seja possível fazer este tipo de avaliação, é ne- importantes em gestão de pessoas, já que objetiva analisar o de-
cessário, em primeiro lugar, definir, na descrição dos cargos, os sempenho individual ou de um grupo de funcionários. Por meio
requisitos mínimos exigidos relativos às competências e ao seu desse processo, o empreendedor pode diagnosticar e analisar
grau de proficiência, ao grau de responsabilidade e às atribui- o comportamento de um colaborador durante um período de
ções. tempo determinado.
115
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
116
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
desse modelo de gestão da qualidade considerando suas rela- A organização também tem certas expectativas implícitas
ções com o indivíduo que participa, fazendo uma reflexão dos mais sutis, por exemplo, de que o empregado melhorará a ima-
pensamentos de Drucker (da escola neoclássica da administra- gem da organização, será leal, manterá os segredos da organi-
ção) e de Edgar Schein (da psicologia organizacional). zação e tudo fará em prol dela [isto é, sempre terá elevado nível
de motivação e disposição de se sacrificar pela organização].
As organizações e o indivíduo participante (SCHEIN, 1982, p. 19).
Se as organizações aplicam mudanças nos tipos de gestão, Na disposição do indivíduo participante, o modelo de ges-
na atitude administrativa e na compreensão de um novo perfil tão da qualidade elogia essa atitude que interessa à produtivida-
de indivíduo trabalhador amplamente manifestadas pelo ne- de e lucro das organizações capitalistas e subverte as diferentes
oclassicismo da escola científica da administração é porque o expectativas do contrato psicológico, apresentando as expecta-
indivíduo continua sendo uma base fundamental para o desen- tivas do indivíduo como sendo as suas expectativas em relação
volvimento das organizações. ao indivíduo. Entretanto, os conceitos amplamente estimulados
Para Peter Drucker a história do êxito das organizações é a e valorizados da excelência, do “fazer certo o que é certo des-
história do êxito da gerência. Os novos pressupostos gerenciais de a primeira vez”, o “erro zero” ou “zero-defeito”, a obrigação
estabelecem: um novo perfil de trabalhador nas organizações, de ser forte, a certeza do êxito sempre, o adaptar-se sempre, a
colocando em aplicação o que aprende durante uma educação necessidade de um desafio como estímulo e motivo sempre, a
sistemática e não apenas a sua habilidade manual ou seus mús- constância de propósitos, a internalização da cultura organiza-
culos; um administrador com a função de tornar produtivos os cional são valores do modelo de gestão da qualidade total que
recursos humanos, fazendo com que as pessoas trabalhem em estabelecem um controle social, um instituto que assegura a
conjunto, unindo as habilidades e conhecimentos de cada indiví- harmonia entre as expectativas do indivíduo e aquelas da orga-
duo para um fim comum; uma atitude administrativa constante nização. O indivíduo participante digere esses ideais, ajusta-se a
e crescente de utilização das aptidões de todos os empregados essa lógica, sujeita-se a padrões de comportamento que o levam
(DRUCKER, 1971, 1970, 1964). a renunciar sua autonomia. É a desconstrução de sua individu-
A junção desse novo perfil de trabalhador, de administrador alidade.
e dessa atitude administrativa vai estabelecendo uma nova rela-
ção do indivíduo com a organização que trabalha. A organização Gestão da qualidade nas organizações e a desconstrução
espera mais do trabalhador: suas aptidões, habilidades e sua da individualidade
subjetividade – a realização de suas aspirações e reconhecimen- Os modos de gestão das organizações capitalistas têm como
to pelo trabalho. característica e fundamento uma abordagem funcionalista. Os
A oportunidade de participar mais, de trazer com isso uma modelos de Taylor, Ford, Fayol, Deming, Ohno sempre primaram
mudança positiva para a organização, de obter reconhecimen- pelas operações – a tarefa é o movimento do indivíduo e nela se
to e realização é de alguém que deseja e necessita pertencer concentra seu comportamento.
e estar integrado, que sente a possibilidade de realizar-se e de A história das organizações tem ideais de um novo indiví-
sentir-se valorizado e amado: um indivíduo. Todavia, é preciso duo, de um administrador com a função de unir, dispor, estimu-
compreender que esse desejo de participar, essa necessidade lar, induzir, propor, maximizar as capacidades humanas e de uma
de pertencer aponta para uma individualidade que não é parte atitude administrativa de uso dessas capacidades para os inte-
da organização, não pertence a ela. Há um universo de compre- resses da organização. Serão abordados três aspectos da gestão
ensões, sentimentos e expectativas do indivíduo distintos dos da qualidade como afirmação de um contrato psicológico com o
da organização. indivíduo-trabalhador que subvertem sua individualidade com
É um movimento de necessidades e desejos do indivíduo aquela ideia de harmonia ou de igualdades de expectativas en-
e as necessidades e desejos da organização. A perspectiva da tre organização/indivíduo: a cultura da qualidade e os vínculos
organização e de seus dirigentes e a dos indivíduos que nela tra- que se estabelecem entre indivíduo e organização; o discurso da
balham. qualidade como prática organizacional; autorrealização do indi-
O conceito de contrato psicológico apresentado por Edgar víduo, trabalho e o modelo da qualidade.
Shein (1982, p. 18) estabelece quais as relações que permeiam
esse movimento: “A idéia de um contrato psicológico denota A CULTURA DA QUALIDADE E OS VÍNCULOS QUE SE ESTA-
que há um conjunto não explícito de expectativas atuando em BELECEM ENTRE INDIVÍDUO E ORGANIZAÇÃO
todos os momentos entre todos os membros de uma organiza- Uma leitura da psicologia das organizações acerca da cul-
ção e os diversos dirigentes e outras pessoas dessa organização.” tura da qualidade aponta para uma crítica à institucionalização
A organização e seus dirigentes cuidam dos interesses institu- da ação do indivíduo, visando garantir aquela harmonia organi-
cionais, estabelecendo objetivos, diretrizes e tomando decisões zação/indivíduo. A socialização é vista como uma aprendizagem
que afetam os indivíduos que ali trabalham. As expectativas do de papéis a serem desempenhados no sistema em vigor.
indivíduo têm relação com aspectos objetivos, como salários ou Deming (1990, p. 263) destaca que o desenvolvimento das
vencimentos, horas de trabalho, benefícios, etc. e aspectos sub- pessoas numa cultura de qualidade é responsabilidade privativa
jetivos, ligados ao íntimo do indivíduo que envolvem o senso de da organização : “[…] o recrutamento, o treinamento, a chefia
dignidade e valor da pessoa. e o apoio aos operários da produção do sistema de produção.
Nas expectativas da organização o comprometimento do Quem poderia ser responsável por essas atividades se não a ad-
indivíduo deve ser primeiramente com a organização em detri- ministração de produção?”
mento de sua individualidade.
117
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Cada indivíduo deve saber o que se espera dele no desem- É um discurso que flui como convocação ao indivíduo, sen-
penho de um papel e também o que ele pode e deve esperar do a gestão da qualidade o meio de produção e reprodução da
dos outros indivíduos. Quanto mais o indivíduo se adapta ao sis- prática discursiva. É, portanto, um discurso ideológico da organi-
tema tanto mais melhora seu desempenho, adquirindo, assim, zação que conclama os indivíduos a construírem uma realidade
uma identidade nessa organização. essencializante do perfeito, da qualidade total, da única e ver-
É um projeto de controle e previsão do comportamento dadeira gestão. Contudo, o discurso da qualidade total esconde
humano com propósitos de adaptá-lo ao meio, àquilo que está sua forma de um sistema de produção que se apropria do indiví-
fora dele, além dele (FIGUEIREDO, 1989, p. 100-103). Fora dele duo com a roupagem de participativo e descentralizado.
e além dele é a organização. Faria e Oliveira (2007, p. 199) des- O oxigênio que se respira no discurso da qualidade é o da
tacam que “[...] as novas tecnologias industriais revelaram-se organização perfeita a priori. Os objetivos de aplicação do mo-
ambiciosas estratégias de dominação da alma humana e a or- delo (BRASIL, 2008/2009) estão expostos nos seus manuais: ava-
ganização foi reduzida a um sistema politico-econômico, socio- liar a qualidade do sistema de gestão da organização e promover
cultural e simbólico-imaginário destinado a institucionalizar a o aperfeiçoamento e o aprendizado contínuo a partir das práti-
relação de submissão.” A organização ganha uma identidade e cas de gestão.
proclama aos indivíduos, por intermédio da gestão da qualida- Esse avaliar é a avaliação da aplicação do método, do mode-
de, um autoconceito de missão (razão de sua existência, o seu lo. Mas de forma alguma será a avaliação crítica do método, do
fim último, o seu papel na sociedade – quem é a organização), modelo. Os critérios de avaliação estão previamente definidos:
visão de futuro (o que a organização quer ser quando crescer – liderança; planejamento ou estratégias e planos; foco no cliente
quem será a organização) e valores (os princípios e normas da ou cidadãos; sociedade; informação e conhecimento; pessoas;
organização). Não significam apenas conceitos sobre a organi- processos e resultados institucionais.
zação, mas um autoconceito da organização pela organização. O Modelo de Gestão da qualidade traz a “explicação ide-
A gestão da qualidade declara o alinhamento da missão de vida al” do que significa Gestão Excelente. É a construção de uma
do indivíduo com a missão da organização, um sobrepor da vi- versão de determinada realidade. A concepção da linguagem
são individual de tempo e futuro com a visão de tempo e futuro como “amo do sujeito” tem força maior em um projeto assim. As
da organização e a aceitação dos valores da organização como pessoas e seus grupos recebem o modelo de gestão como algo
sendo seus valores individuais. universalmente testado e aprovado, como uma realidade ideal
A discordância do indivíduo nesse processo é estranhada que existia em outro lugar e não se sabia disso, como algo que a
pela organização; compreende uma atitude inadequada que po- partir dali vai ressignificar todas as coisas e como se o passado
derá desfigurar a imagem que a organização tem do indivíduo, vivido da organização tivesse sido uma grande alucinação. Esse
porque este “eu” tem uma identidade própria estranha a uma discurso é uma prática que transforma o autoconceito. Uma rea-
cultura onde os papéis estão definidos. Não há espaço para o lidade ideal conquistada coletivamente e importante para todos
“eu próprio”, mas apenas para o “eu adaptável” à organização. é uma versão negociada e construída da organização e tem efei-
Para evitar conflitos, o indivíduo submete-se a compreensões tos no indivíduo.
“prontas” da realidade e passa a estabelecer padrões de condu- Se a questão da prática discursiva da gestão da qualidade
ta que aliviem as tensões de uma contradição entre o “eu pró- não revela “a sua outra face”, há no discurso outra intenção. Há
prio” e o “autoconceito” da organização. um jogo em curso. Foucault (2007, p. 20) analisa assim a situa-
ção: “[…] se o discurso verdadeiro não é mais, com efeito, desde
O discurso da qualidade como prática organizacional os gregos, aquele que responde ao desejo ou aquele que exerce
No decorrer do século XX, a progressiva atenção dedicada à o poder, na vontade de verdade, na vontade de dizer esse discur-
linguagem nas ciências humanas e sociais favoreceu uma nova so verdadeiro, o que está em jogo, senão o desejo e o poder?”
concepção de realidade, da natureza do conhecimento e da con- A prática discursiva da gestão da qualidade serve aos interesses
cepção de linguagem. A linguagem passa a ser instrumento para de um poder constituído, de um que domina sobre os demais
criar acontecimentos. É centrada nas relações do cotidiano. É na organização e que tem o desejo de que os indivíduos apoiem
uma forma de ação no mundo. É uma prática discursiva. seus objetivos na e pela organização. O discurso da qualidade
A linguagem é possibilidade de configurar a realidade na reúne alguns instrumentos de controle da organização sobre o
medida em que é uma prática que provoca efeitos. Tem como indivíduo, desconstruindo sua individualidade.
função empreender e executar ações e não somente descrever o
mundo. Assim, a linguagem é compreendida como ação (MELLO Autorrealização do indivíduo, trabalho e o modelo da qua-
et al., 2007, p. 26-32). lidade
A gestão da qualidade utiliza o discurso nas organizações A teoria liberal destaca uma sociedade com oportunidades
como prática de construção do novo. Esse discurso é encontrado iguais de ascensão, felicidade e prosperidade parecendo estar
na forma escrita (manuais da qualidade, a difusão da missão, presente uma autonomia do indivíduo como construtor de seu
visão e valores da organização em documentos oficiais, expo- futuro. Essa conduta liberal da sociedade capitalista lançou a
sitores e locais de convivência), falada (oficinas, encontros, se- base para uma autorrealização do indivíduo. O interesse indi-
minários e reuniões) e nas imagens veiculadas internamente na vidual é apresentado como a mola propulsora dos sistemas ba-
organização (símbolos da qualidade, fotos de personalidades seados na livre iniciativa. Defende que os indivíduos, por procu-
ilustres apresentadas na organização como apoiadores da qua- rarem seus próprios interesses, agem por fim em benefício da
lidade, etc.). própria sociedade.
118
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Assim, as condições políticas de legitimação da acumulação pela via do individualismo e da livre iniciativa são consumadas. A
individualidade foi reduzida a um mero instrumento produtivo.
Se os vínculos que se estabelecem entre indivíduo e a organização na cultura da qualidade e suas práticas discursivas subvertem
a individualidade, uma posição passiva do indivíduo diante das formas de dominação sociais pode indicar o triunfo de uma revolução
contra si mesmo. Essa subversão apresenta-se de forma sutil, mas sempre de forma intencional pela organização e, geralmente, não
percebida pelo indivíduo.
O mais importante é a atitude do indivíduo consigo. O reducionismo de que todas as necessidades pessoais serão satisfeitas a
partir e somente pelo trabalho podem abrir um caminho de aceitação de modelos de gestão das organizações sem a necessária crítica
e autonomia frente a eles.
As ideias de Maslow sobre as necessidades humanas (fisiológicas, segurança, sociais, de estima e autorrealização) e as de Drucker
sobre a organização como viabilizadora das condições ideais para a satisfação dessas necessidades pode tornar mais severo o controle
do comportamento do indivíduo pela organização:
O administrador precisa, de fato, supor com a Teoria Y (Maslow), que existe no mínimo um número considerável de pessoas na
força de trabalho que busca realização. [...] O administrador precisa ainda aceitar como sua tarefa tornar o trabalhador e suas ativi-
dades plenas de realização. (DRUCKER, 1981, p. 321).
O humanismo na gestão das organizações apontou para várias frentes de mudança nas condições de trabalho. A escola com-
portamental da administração e a humanista da psicologia receberam valiosas contribuições dos estudos de Maslow. Entretanto,
as implicações de uma gestão com foco na autorrealização dos indivíduos que trabalham em uma organização têm outras variáveis:
Na teoria da auto-realização, o contrato envolve a troca de oportunidade de obter recompensas intrínsecas (satisfação pela reali-
zação e uso das capacidades próprias) pelo desempenho de alta qualidade e pela criatividade. Isso, por definição, cria um envolvimen-
to moral, e não um envolvimento calculista, e, dessa maneira, libera um maior potencial de dedicação aos objetivos da organização
e um maior esforço criador desses objetivos [...] de modo dependente e submisso. (SCHEIN, 1982, p. 55, grifo nosso).
A base da gestão pela qualidade é ser uma gestão participativa que convida o indivíduo a usar de suas habilidades, seu pensa-
mento planejador e de sua subjetividade por outro caminho: o da cooperação “voluntária”. As concepções mais aceitas e investigadas
sobre o comprometimento dos indivíduos na organização tem sido consideradas (afetiva, calculativa e normativa) em outros estudos
(GOMIDE JÚNIOR; SIQUEIRA, 2004). Esse comprometimento reúne atitudes individuais com base afetiva (sentimentos e afetos) e
base cognitiva (crenças sobre o papel social dos envolvidos em uma relação de troca econômica e social). A organização espera que o
indivíduo tenha o desejo de participar e compreenda a importância de sua participação.
Entretanto, as pesquisas sobre comprometimento organizacional descrevem as bases psicológicas que sustentam o comprometi-
mento dos indivíduos relacionando-o com estados psicológicos de desejo, obrigação ou necessidade de permanecer, de participar, de
pertencer à organização, conforme o Quadro 1 (FEITOSA, 2008; DEMO, 2003; REGO, 2003).50
119
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Sistema de gestão da qualidade Sim, esse contexto todo atendido proporciona uma quali-
Este instrumento de gestão visa propiciar à organização o dade de vida e saúde aos profissionais que traz retorno não so-
controle de todos os seus processos, de forma que um padrão mente a eles, mas principalmente às organizações, isso porque,
de excelência seja concebido e que as ações dos colaboradores quando esse conceito é levando em consideração, problemas
no desempenho de suas atividades não saiam do pré-estabele- como falta de autoestima, baixa motivação, queda de produtivi-
cido, evitando a queda da qualidade dos produtos ou serviços, dade, ausências, alta rotatividade, e tantas outras posturas que
possibilitando uma melhoria contínua e um subsídio de informa- geram um quadro de negatividade podem ser melhor adminis-
ções à tomada de decisão. trados gerando retornos diretos e indiretos.
Uma ótima referência de padrões de excelências de quali- Em razão disso, as organizações estão investindo em prá-
dade que as empresas buscam alcançar é a NBR ISO 9001. Tal ticas de boa conduta, de saúde física, mental e emocional, em
normativa orienta as empresas a estabelecer seus processos de prevenção, em campanhas de consciência individual e coletiva,
forma bem definida, podendo acompanhá-los de perto e apri- ou seja, estimulando hábitos e estilos de vida que proporcionem
morá-los constantemente. Através dos indicadores de cada pro- maior bem estar entre todos, aumentando assim a qualidade e a
cesso, e também dos objetivos, informações preciosas à tomada produtividade oferecida pelo profissional, mas também gerando
de decisões são geradas e vão auxiliar os gestores nas ações cor- mais satisfação percebida por esse.
retivas, preventivas e de melhorias. Abaixo relacionamos alguns benefícios percebidos rapida-
A definição das responsabilidades nos processos, dos indi- mente quando o conceito de qualidade de vida no ambiente
cadores e sua forma de acompanhamento permite à empresa profissional recebe maior atenção das organizações:
um salto na sua produtividade: produtos concebidos com o me-
nor custo e no menor tempo possível, evitando-se o retrabalho - Aumento de produtividade.
e alcançando algo de qualidade que promova a satisfação do - Profissionais mais presentes, atentos e motivados.
cliente. - Melhora nas relações interpessoais
O sistema de gestão da qualidade aliado à gestão de pesso- - Diminuição em ocorrências de enfermidades
as vai garantir que a implementação da norma abranja todos os - Baixa na rotatividade de profissionais
níveis hierárquicos da empresa, de forma que todos adiram ao - Aumento na disposição
novo padrão de qualidade e se comprometam com a melhoria - Melhora no clima organizacional
contínua no desempenho. É essencial, também, que a alta ad-
- Aumento no nível de satisfação
ministração e os líderes desempenhem o papel de difundir os
- Diminuição no nível de stress
valores, estimular a mudança e assegurar o cumprimento dos
- Baixa no nível de acidentes de trabalho
novos padrões de forma satisfatória e permanente na empresa.
- Melhora na imagem da organização
- Aumento na capacidade de desempenho
Benefícios de um sistema de gestão da qualidade às em-
presas
O aumento da competitividade entre as empresas, ocasio-
– Maior rentabilidade;
nado por inúmeros fatos ocorridos nos últimos anos no cenário
– Maior satisfação dos clientes;
mundial, dentre eles a própria globalização, tem obrigado as
– Maior competitividade da organização;
– Diminuição do retrabalho – menos custos e mais celeri- empresas a buscar formas para se tornarem mais competitivas.
dade; Portanto os investimentos em tecnologia, marketing e qualifi-
– Maior auto estima e motivação da equipe. cação profissional são cada vez mais importantes, sendo que as
– Incrementos no desenvolvimento de competências e máquinas, equipamentos e tecnologia têm grande importância
compartilhamento de conhecimentos inerentes às atividades no sucesso das empresas. Por outro lado, as pessoas que traba-
da organização, visto que são implementadas as melhores prá- lham nas organizações são responsáveis por conduzir e produzir
ticas de gestão.51 estes resultados. Com base nisso, as empresas começam a per-
ceber as pessoas como seu recurso mais valioso, é o que alguns
Qualidade de vida no trabalho - QVT autores denominam de capital humano ou intelectual (ODEBRE-
Quando falamos em organizações, estamos falando em um CH e PEDROSO, 2010).
conjunto composto por indivíduos que buscam desempenhar Dentro das organizações, as pessoas são consideradas re-
suas funções e ter em contrapartida, atendidas suas necessida- cursos, isto é, como portadores de habilidades e conhecimentos,
des, expectativas e desejos. que auxiliam no processo produtivo e crescimento empresarial,
porém, é de extrema importância não esquecer de que essas
Na sociedade atual em que vivemos, uma dessas necessi- pessoas são humanas, formadas de personalidade, expectativas,
dades mais discutidas no momento é o nível de qualidade de objetivos pessoais, e possuem necessidades (ANDRADE, 2012).
vida no âmbito profissional, ou seja, não é apenas o retorno fi- Para um melhor desenvolvimento das organizações, é preci-
nanceiro que busca o profissional atual. Ele busca um ambiente so que os gestores preocupem-se com as condições de trabalho
saudável, que lhe proporcione um bem estar no aspecto físico, que oferecem aos seus funcionários, visando proporcionar fato-
intelectual, emocional, espiritual e social. res que contribuam positivamente nas condições e qualidade de
vida dos trabalhadores (BORTOLOZO e SANTANA, 2011).
51Fonte: www.ibccoaching.com.br – Por José Roberto Mar-
ques Para garantir a qualidade de vida no trabalho, a organização
120
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
precisa preocupar-se não apenas com o ambiente físico da Muitos pesquisadores defendem que a qualidade de vida
organização, mas também com os aspectos psicológicos e físicos no trabalho pode ser entendida com uma estratégia, cuja “meta
de seus funcionários. principal de tal abordagem volta-se para a conciliação dos in-
Alcançar a qualidade de vida é a verdadeira vontade do ser teresses dos indivíduos e das organizações, ou seja, ao mesmo
humano, que busca tudo que possa proporcionar maior bem tempo em que melhora a satisfação do trabalhador, melhora a
estar e o equilíbrio físico, psíquico e social, ou uma regra para produtividade da empresa” (FERNANDES, 1996).
se obter uma vida mais satisfatória (SUMARIVA e OURIQUES, De acordo com Werther e Davis (1983), para que uma ins-
2010). tituição melhore a qualidade de vida no trabalho de seus cola-
De acordo com Chiavenato (1999), a qualidade de vida tem boradores, é necessário reunir esforços para tentar estabelecer
se tornado um fator de grande importância nas organizações e cargos mais satisfatórios e produtivos. Para tanto, precisa-se da
está diretamente relacionada à maximização do potencial hu- implementação de diferentes técnicas que visem à reformula-
mano, e isto depende de tão bem as pessoas se sentem traba- ção dos cargos e funções de uma organização, contado também
lhando na organização. com participação dos trabalhadores envolvidos nesse processo.
Nesse sentido, uma organização que se preocupa e tem Conforme salienta Vieira e Hanashiro (1990), a qualidade
ações voltadas à qualidade de vida de seus funcionários passará de vida no trabalho tem por objetivo melhorar as condições de
confiança aos mesmos, pois são organizações que se preocupam trabalho e também todas as demais funções, em qualquer que
seja a natureza ou mesmo, nível hierárquico.
com o bem estar, satisfação, segurança, saúde e a motivação de
Além disso, a QVT atua também nas variáveis ambientais,
seus funcionários (BORTOLOZO e SANTANA, 2011).
comportamentais e organizacionais a fim de possibilitar humani-
Verifica-se também que no atual cenário empresarial e in-
zação do setor produtivo e, logicamente, obter resultados mais
dustrial, a motivação exerce papel fundamental e primordial
satisfatórios, seja para o colaborador, seja para a instituição em-
para a realização das atividades laborais dentro das organiza- pregadora. Assim, espera-se também da QVT, a diminuição do
ções, uma vez que afeta diretamente a qualidade de vida e o conflito entre o trabalhador e o capitalismo (organização).
comportamento do colaborador. Colaborando com essa afirma- A literatura cientifica traz alguns modelos estruturais refe-
ção, Chiavenato (1999) afirma que o funcionário, quando mo- rentes à abordagem da qualidade de vida no trabalho. Tais mo-
tivado, tem maior disposição e capacidade para desempenhar delos atuam como indicadores da satisfação dos colaboradores
suas atividades laborais. Assim, as organizações, para obterem com a situação de trabalho bem como abordam também a satis-
de seus colaboradores uma melhor produtividade e execução fação dos mesmos com suas atividades laborais.
de suas funções, precisam investir em seus funcionários, pro- Dentre os vários modelos difundidos na literatura, o mais
porcionando aos mesmos, maior satisfação e motivação para a contundente e abrangente é o que foi proposto por Watson
realização de suas atividades de trabalho (ANDRADE, 2012). (1973). Para este autor, uma organização é humanizada quando
Diante do exposto, observa-se que a motivação é fator es- ela atribui responsabilidades e autonomia aos seus colaborado-
sencial para que o colaborador tenha melhor desempenho e res, cujo nível varia de acordo com o cargo, bem como tem enfo-
comprometimento com suas atividades laborais. que no desenvolvimento pessoal do indivíduo, proporcionando,
Assim, a organização que enfatiza a motivação de seus co- assim, melhor desempenho dentro da instituição.
laboradores apresenta, por conseguinte, maior produtividade e, Na prática, os critérios do modelo de Walton podem ser de-
além disso, propicia também ambientes de trabalho mais agra- finidos da seguinte forma (CHIAVENATO, 1999):
dáveis e melhor qualidade de vida para seus funcionários (AN- 1 - Compensação justa e adequada: mensura a adequação
DRADE, 2012). entre a remuneração do colaborador com suas atividades labo-
Pelo que foi mencionado anteriormente, o presente estu- rais; avalia e compara, também, a remuneração entre os vários
do tem por objetivo buscar e identificar na literatura científica, cargos e funções dentro da empresa; compara a remuneração
artigos relacionados à qualidade de vida nas organizações e à do funcionário com outros profissionais no mercado de traba-
motivação dos colaboradores, visando discorrer sobre os fatores lho.
que interagem na motivação dos mesmos e sua associação com 2 - Condições de trabalho: avalia a jornada laboral e o am-
a qualidade de vida dos funcionários. biente de trabalho, com vista a determinar que não sejam peri-
gosos ou que tragam malefícios à saúde do colaborador.
3 - Uso e desenvolvimento de capacidades: refere-se à pos-
Qualidade de Vida nas Organizações
sibilidade do funcionário fazer uso, na prática, de todo seu co-
O principal objetivo da implementação de programas que
nhecimento e destreza.
visam oferecer maior qualidade de vida é a reestruturação do
4 - Oportunidade de crescimento e segurança: verifica se a
setor produtivo, que possa estabelecer estratégias a fim de organização oferece oportunidade e possibilidade para cresci-
atender as necessidades humanas básicas dos trabalhadores e mento e desenvolvimento pessoal e profissional.
também, maiores eficácia e produtividade. 5 - Integração social na organização: refere-se à presença
Verifica-se que ainda não há uma definição precisa e con- de respeito, ambiente harmônico, apoio mútuo e ausência de
sensual, na literatura científica sobre a qualidade de vida no preconceitos e diferenças hierárquicas na instituição.
trabalho (QVT), uma vez que a implementação desse tema em 6 - Constitucionalismo: verifica se a instituição possui nor-
nosso país e em nossas instituições ainda é principiante. mas e regras e se a mesma segue a legislação trabalhista.
7 - O trabalho e espaço total de vida: verifica se há equilíbrio
entre a vida laboral e a vida pessoal.
121
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
8 - Relevância social da vida no trabalho: objetiva verificar Nesse contexto, para que os colaboradores possam reali-
o desempenho da empresa na sociedade e responsabilidade so- zar suas atividades, de modo a obter satisfação e motivação, é
cial. necessário que as organizações ofereçam um ambiente de tra-
balho confortável e seguro. Além destes fatores, evidencia-se
Qualidade de Vida e Motivação no Trabalho também a importância de que sejam realizadas, no ambiente
É sabido que a maior parte da vida das pessoas se passa de trabalho, atividades de socialização e interação, uma vez que
dentro das instituições de trabalho. Desse modo, é notória e estes elementos mostram-se de fundamental importância para
inegável a importância que o trabalho exerce sobre a vida das a satisfação dos colaboradores com a organização e, consequen-
pessoas. Há, contudo, uma nítida contradição em relação à ati- temente, maior produtividade (BORTOLOZO, 2011).
vidade laboral: muitas pessoas o têm como um fardo, como algo De acordo com Miranda (2009), sobre a motivação nas or-
difícil, que só é realizado por uma necessidade financeira. Para ganizações, atuam alguns sistemas motivacionais. Tais sistemas
outros, o trabalho é interpretado com meio para crescimento podem ser entendidos como todos e quaisquer incentivos ou re-
pessoal, como sentido para a vida, definidor de responsabilida- compensas que o colaborador recebe para conseguir atingir um
de e identidade pessoal. determinado objetivo laboral. Podem ser citados, para exempli-
Para muitos, a própria rotina e alienação que o trabalho ficar esses incentivos, programas de estímulo, remuneração de
acordo com os resultados, autogestão nos grupos de trabalho,
promove, acabam por caracterizá-lo como um simples meio de
enriquecimento do trabalho, dentre outros.
sobrevivência.
Ressalta-se também que é através da motivação, associada
Nessa interpretação sobre o trabalho, é desprezado e des-
à educação formal e à capacitação, que o profissional pode uti-
considerado as expectativas, os sentimentos, a motivação e a
lizar todo seu potencial, realizar todos seus objetivos e ideais,
qualidade de vida dos colaboradores nas organizações, o que além de tornar-se evidência e um profissional de sucesso.
acaba refletindo negativamente em sua autoestima e no seu de-
sempenho na instituição empregadora (MIRANDA, 2009). Fatores Motivacionais
Desse modo, ressalta-se a importância de se abordar a qua- A literatura científica evidencia que alguns fatores podem
lidade de vida nas organizações, cujo propósito principal consis- interferir diretamente na motivação dos colaboradores de uma
te na satisfação pessoal do indivíduo na execução de suas tare- organização, seja de maneira positiva ou negativamente. Dentre
fas dentro das organizações (MAXIMIANO, 2000). entre diversos fatores, pode-se elencar a remuneração e os be-
Verifica-se nos dias atuais, uma grande diferença, nas ins- nefícios sociais, as condições físicas e psicológicas do trabalho e
tituições e organizações, entre o avanço e o progresso técnico- a questão da segurança no ambiente de trabalho.
-científico e as questões sociais e aquelas relacionadas à quali-
dade de vida. A qualidade de vida nas organizações, bem como Remuneração e Benefícios Sociais
a motivação e satisfação do colaborador com sua atividade labo- A remuneração e os benefícios sociais despontam como
ral são estratégias que devem ser utilizadas pelas organizações sendo uma das principais funções da organização. Conforme sa-
a fim de se obter maiores níveis de produtividade, levando-se lienta Marras (2002), estes itens sempre mereceram uma aten-
sempre em consideração que o fator mais importante emprega- ção especial dos gestores da empresa que, com o passar dos
do no setor produtivo é o humano (MARRAS, 2002). tempos, ganhou ainda mais relevância, exigindo ainda mais da
Com base na afirmação anterior e de acordo com o que é administração.
descrito na literatura científica, a motivação é algo que necessi- É importante ressaltar ainda que salário e remuneração são
ta estar continuamente sendo estimulada numa organização, de coisas distintas. De acordo com Gonçalves (2008) apud Andra-
modo que o colaborador possa aplicar e desenvolver todo seu de (2012), a remuneração refere-se ao quantitativo referente
potencial. Para tanto, é necessário que a organização propicie à soma do salário devido pelo empregador aos valores que o
meios adequados para que o seu colaborar sinta e esteja sempre empregado recebe de terceiros, em detrimento do contrato de
motivado, a fim de se obter um ambiente de trabalho saudável, trabalho. Como exemplo desse valor que o colaborador recebe
humano, produtivo e eficaz (MIRANDA, 2009). de terceiros, pode-se citar a gorjeta.
Desse modo, salário é o valor fixo, pré determinado, rece-
bido pelo serviço prestado, e a remuneração constitui-se do sa-
Motivação dos Colaboradores nas Organizações
lário e dos demais benefícios e incentivos recebidos, seja por
A motivação humana tem sido apontada como um dos
parte da empresa, ou por parte dos clientes (ANDRADE, 2012).
maiores desafios e preocupações das organizações modernas.
É importante salientar ainda que, a fim de atender esta
Este tema tem, inclusive, despertado o interesse depesquisado- necessidade de complementar o salário, existem os benefícios,
res, os quais tentam explicar e entender o sentido dessa força conceituado por Marras (2005) apud Andrade (2012) como pla-
que faz com que as pessoas agem e atinjam seus objetivos. nos ou programas que a organização oferece aos seus colabora-
dores a fim de complementar sua renda fixa, ou seja, seu salário.
Conforme explica Maximiano (2000), o termo motivação Como já salientado anteriormente, estes itens atuam como
pode ser interpretado como “processo pelo qual um conjunto estímulos para que o colaborador se sinta satisfeito e motivado
de razões ou motivos explica, induz, incentiva, estimula ou pro- com suas atividades profissionais, ao passo que, quanto mais
voca algum tipo de ação ou comportamento humano”. Nesse satisfeito, desempenhará com mais afinco e eficácia suas ativi-
sentido, a motivação pode ser entendida como uma razão que dades dentro da organização.
leva as pessoas à uma determinada ação ou comportamento.
122
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
Condições físicas e psicológicas do trabalho Nota-se então o quão importante é proporcionar a seguran-
É sabido que, numa organização, os funcionários estão ex- ça no trabalho, tendo em vista que os colaboradores, estando
postos a uma série de fatores e condições de riscos ou insalu- seguros que a empresa está se preocupando com sua saúde e
bridades. Dentre esses fatores, pode-se citar a própria questão com sua vida, irão sentir-se mais valorizados e motivados para
estrutural, o manuseio e operação dos recursos mecânicos e trabalharem e produzirem.
também os fatores psicológicos que podem interferir direta- Com base em tudo que foi levantado e elucidado neste tra-
mente na saúde e na funcionalidade dos colaboradores. Dessa balho, torna-se evidente a importância e relevância da qualida-
forma, para que o colaborador consiga uma maior produtivida- de de vida no trabalho, seja para a melhoria da qualidade de
de, é necessário que a empresa ofereça condições ambientais vida pessoal, seja melhoria do convício social, seja maior satisfa-
mínimas para que os funcionários se sintam capazes. Assim, a ção e motivação do trabalhador com a instituição e, consequen-
organização precisa estar atenta a tais fatores, os quais podem temente, melhora na produtividade das empresas.
interferir e refletir diretamente no bem estar dos funcionários, Pode-se constatar também que a motivação do colaborador
na sua satisfação e na produtividade da organização (FERNADES, com sua instituição empregadora estão diretamente atreladas
1996 apud ANDRADE, 2012). a fatores como salário, benefícios e remuneração; condições fí-
Neste contexto, fala-se muito em humanização do ambien- sicas e psicológicas do trabalho e também, a um ambiente de
te de trabalho, o qual precisa ser bom, alegre, descontraído e trabalho seguro. Ressalta-se ainda que a motivação dos colabo-
desafiador, a fim de se ofertar um mínimo de qualidade de vida. radores esteja associada à qualidade de vida nas organizações.
No que se refere às questões físicopsicológicas do trabalho, Dessa forma, abordar qualidade de vida nas empresas, hoje
ressalta-se as condições reais oferecidas ao colaborador para o em dia, é mais que um benefício para o trabalhador/colabora-
desempenho de suas funções, no tocante à jornada de trabalho dor, é uma necessidade de vital importância para que o maior
e ambiente saudável (ANDRADE, 2012). patrimônio da instituição, o trabalhador, tenha condições para
Contudo, é sabido que, muito mais que motivacional, a desempenhar com eficácia, suas tarifas, de modo que todos
abordagem dessa questão juntos às organizações é de funda- saiam ganhando, empregador e colaborador.52
mental importância para a manutenção e preservação de uma
boa saúde aos funcionários, a fim de assegurar uma prática pro- EXERCÍCIOS
fissional livre de malefícios e que traga benefícios para sua so-
brevivência e bem estar. 1. O planejamento, a organização, a direção e o controle
são funções básicas do administrador e constituem o chamado
Segurança no trabalho processo administrativo. Com relação às descrições das funções
Muito se discute hoje em dia acerca da questão da seguran- administrativas, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para
ça do trabalhador e de seu ambiente laboral. Assim, ressalta-se a falsa.
que uma organização ideal para se trabalhar é aquela que busca ( ) Planejamento: formula os objetivos e os meios para al-
aplicar, captar e manter na organização, todos os recursos hu- cançálos.
manos corretamente. Para que esse objetivo seja atingido, ou ( ) Organização: desenha o trabalho, aloca os recursos e co-
seja, para que a empresa consiga manter o recurso humano, é ordena as atividades.
necessário abordar diversas questões e fatores, como a saúde, a ( ) Direção: designa pessoas, dirige seus esforços, as motiva
higiene e a segurança no trabalho (ANDRADE, 2012). e lidera.
A segurança no trabalho refere-se à área responsável pela ( ) Controle: monitora as atividades e corrige os desafios.
segurança industrial, higiene e medicina do trabalho, frente aos As afirmativas são, respectivamente,
funcionários da organização, atuando profilaticamente, vidando A. V - V - V - V.
a prevenção de acidentes e agravos à saúde, e atuando também B. V- F - V - V.
na correção de acidentes de trabalho. C. F - V - F - V.
Desse modo, é necessário que as organizações possuam D. V - V - F - F.
políticas de prevenção a acidentes de trabalho, estimulem e E. V - V - F - V.
orientem a utilização de equipamentos de proteção individual
e coletiva, além de contar também com serviços de segurança 2. Em relação às funções administrativas planejamento, or-
no trabalho, visando à melhoria para as causas de higiene e se- ganização, direção e controle, assinale a opção correta.
gurança no trabalho (RIBEIRO, 2005). Além disso, é fundamental A. A finalidade do controle como função administrativa é
que a organização possibilite condições mínimas de trabalho, inibir desvios comportamentais indesejáveis e não aceitáveis na
proteção e higiene, de modo a garantir e assegurar os mesmos organização.
contra qualquer incidente e eventualidade, de modo que eles B. A ênfase na qualidade é uma abordagem típica da função
possam executar suas atividades com confiança e evitar proble- de planejamento, com foco na eficiência requerida nos planos
mas futuros. estabelecidos.
De acordo com Marras (2004) apud Andrade (2012), a pre-
venção de acidentes de trabalho tem por objetivo conscientizar
o colaborador e oferecer proteção à sua vida e de seus compa-
nheiros de trabalho, através de estratégias e ações seguras, bem 52Fonte: www.unifia.edu.br – Texto adaptado de Jéssica
como reflexões das condições insalubres que, eventualmente, Faria de Carvalho/ Érica Preto Tamaio Martins/ Laureny Lúcio/
possam provocar acidentes e agravos à saúde. Pedro José Papandréa
123
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
C. Todas as funções administrativas planejamento, organi- D. a eficácia tem ênfase nos processos e a eficiência nos re-
zação, direção e controle são interpessoais e se correlacionam sultados;
entre si, e somente a função de planejamento possui segrega- E. a eficiência está relacionada com fazer bem as coisas, uti-
ções conforme o nível institucional, seja estratégico, tático ou lizando o mínimo de recursos.
operacional.
D. A maneira como as atividades de uma organização serão 7. Os elementos a seguir conformam os conceitos básicos
estruturadas, divididas e coordenadas é definida na direção e, para as boas práticas de governança corporativa, à exceção de
quando dessa definição, devem ser direcionados os esforços à um. Assinale-o.
orientação estratégica. A. Compliance.
E. Melhoria no controle e administração do tempo, foco e B. Accountability.
flexibilidade são benefícios alcançados por meio da elaboração C. Transparência.
de planos orientados para o alcance de objetivos propostos no D. Efetividade.
planejamento. E. Equidade.
3. O processo administrativo é utilizado em qualquer situ- 8. Eficiência e eficácia são dois critérios básicos de mensu-
ação que envolva recursos que procuram atingir algum tipo de ração e avaliação do desempenho organizacional e individual.
objetivo. Neste sentido, o ato de administrar compreende qua- Relacionando ambos os critérios para a avaliação da ação ad-
tro funções. ministrativa, o administrador que escolhe metas certas para al-
Assinale a alternativa que corretamente identifica estas fun- cançar, mas faz mau uso dos recursos para o alcance das metas
ções. apresenta
A. Real, virtual, estoque e logística. A. alta eficiência e alta eficácia.
B. Input, processo, output e feedback. B. baixa eficiência e baixa eficácia.
C. Pessoas, dinheiro, materiais e informação. C. baixa eficiência e alta eficácia.
D. Planejamento, organização, direção e controle. D. alta eficiência e baixa eficácia.
E. Formalidade, impessoalidade e profissionalismo.
9. Marque a opção que representa o correto preenchimento
4. As funções administrativas foram elaboradas por Henry da lacuna no texto a seguir: Para _______ será necessário esta-
Fayol, considerado o pai da Administração. São elas: belecer uma relação em que as ações, pensamentos e intenções
A. Estruturação, Interiorização, Direção, Controle. de uma pessoa desencadeiem uma resposta em outra pessoa.
B. Internalização, Planejamento, Direção, Ação. A. compreender um ponto de vista;
C. Planejamento, Organização, Direção, Controle. B. comunicar com eficácia;
D. Direção, Planejamento, Estruturação, Internalização. C. gerar satisfação;
E. Controle, Interiorização, Direção, Ação. D. perceber uma falha de informação.
5. O processo administrativo se caracteriza pelo exercício
10. Existe um consenso crescente que a tomada de deci-
das funções da administração nos três níveis organizacionais: tá-
são deve levar em consideração a natureza complexa dos ne-
tico, estratégico e operacional. Determinar o desenho de cargos
gócios, resultante de ambientes organizacionais modernos que
e suas tarefas é atribuição da função administrativa
sofrem constantes transformações. Assim sendo, a abordagem
A. liderança, exercida em nível tático.
mais contemporânea para a solução de problemas deve buscar
B. direção, exercida em nível estratégico.
o pensamento:
C. direção, exercida em nível operacional.
A.Sistêmico, supondo que, uma vez implementada uma so-
D. organização, exercida em nível operacional.
lução, esta permanecerá válida e deverá ser avaliada apenas em
E. organização, exercida em nível estratégico.
termos de quão bem resolve o problema.
6. Uma organização pública pode ser considerada como um B.Linear, supondo que cada problema tem uma solução úni-
grupo estruturado de pessoas que trabalham juntas para alcan- ca, e que esta afetará basicamente a área do problema e não o
çarem objetivos para satisfazer a sociedade. Tais organizações restante da organização.
podem variar em diversas maneiras, mas o importante é que C.Linear, buscando a simplicidade no tratamento das ques-
procurem trabalhar de forma eficaz, eficiente e efetiva. tões e considerando que o essencial é que os problemas sejam
Em relação à eficácia, à eficiência e à efetividade nas organi- definidos, e as soluções, implementadas.
zações, é correto afirmar que: D.Sistêmico, focalizando os problemas como singulares, e
A. um empregado é considerado eficaz quando sua produ- abordando isoladamente cada área do problema independente
tividade é alta; dos inter-relacionamentos entre os elementos organizacionais.
B. a efetividade está relacionada à minimização dos recur- E.Sistêmico, supondo que os problemas são complexos, têm
sos utilizados, sejam eles recursos como tempo, pessoas, capital mais de uma causa e mais de uma solução e estão inter-relacio-
ou equipamento; nados com o restante da organização.
C. a eficiência está mais relacionada com a escolha dos ob-
jetivos mais apropriados e ausência de desperdícios;
124
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
11. Para uma bem sucedida implantação de planos de ação, C. Agrupamentos multifocados são utilizados por organi-
estes devem buscar alinhamento com a estratégia da organiza- zações em que se adotam, simultaneamente, dois modelos de
ção. Neste sentido, considere as afirmativas abaixo e assinale a agrupamento.
alternativa correta. D. Denomina-se horizontal o modelo que se fundamenta
I. A organização deve manter suas estratégias em segredo, na coordenação e na colaboração com outras organizações, tal
compartilhando-as apenas com a alta direção. como ocorre na terceirização.
II. O alinhamento da organização à estratégia compreende E. No agrupamento divisional, reúnem-se pessoas que exe-
a utilização de mecanismos como programas de comunicação e cutam as mesmas funções ou processos.
educação, programas de estabelecimento de metas e vinculação
dos sistemas de incentivo e compensação. 15. Caracteriza a descentralização na gestão organizacional
III. A implementação é feita de modo centralizado, no estilo A. a informalidade na passagem de atribuições aos subor-
de comando e controle. dinados.
IV. A implementação da estratégia começa pela capacitação B. a transferência de responsabilidade diretamente a um
e envolvimento das pessoas que devem executá-la. subordinado, a despeito da sua formação.
A.Somente as afirmativas I e II estão certas. C. a abrangência de apenas um nível hierárquico.
B.Somente as afirmativas I e III estão certas. D. a possibilidade da geração de maior especialização nas
C.Somente as afirmativas II e IV estão certas. diversas unidades organizacionais.
D.Somente as afirmativas III e IV estão certas E. o repasse de atribuição com caráter instável e temporá-
E.Todas as afirmativas estão certas. rio.
12. As frases a seguir indicam aspectos das organizações 16. Sobre a cultura e o clima organizacional, assinale a única
vistas como sistemas. Indique se as mesmas são verdadeiras ou opção falsa.
falsas e escolha a opção correta. A.A cultura representa o ambiente de crenças e valores,
( ) A organização é um conjunto de subsistemas interligados costumes, tradições, conhecimentos e práticas de convívio so-
- unidades e elementos que interagem entre si e se influenciam cial e relacionamento entre as pessoas.
mutuamente. B.O clima pode ser tocado e visualizado. Pode também ser
( ) A organização é um sistema cercado por um ambiente percebido psicologicamente.
com quem mantém uma relação de troca constante. C.A cultura organizacional condiciona e determina as nor-
( ) A organização é um sistema constituído de unidades in- mas de comportamento das pessoas dentro de cada empresa.
dependentes que contribuem para o alcance do objetivo da or- D.São elementos de avaliação do clima organizacional: pro-
ganização.
cessos de liderança, forças motivacionais, comunicações, pro-
( ) A organização é um sistema constituído de um sistema
cessos de interação/influência, tomada de decisões, formulação
técnico e um sistema social.
de objetivos e controles.
A.F, V, V, V
E.O clima organizacional influencia a motivação, o desem-
B.V, F, V, F
penho humano e a satisfação no trabalho.
C.V, V, V, F
D.V, V, F,V
17. A respeito das características de líderes carismáticos e
E.V, F, F, F
transacionais, assinale a opção correta.
13. Entre as características das organizações formais moder- A. Os líderes que causam forte impressão inspiradora em
nas destacam-se a seus seguidores são reconhecidos como líderes transacionais.
A. resistência às mudanças, o individualismo e a relação de B. Os líderes religiosos são exemplos de líderes transacio-
antagonismo. nais.
B. flexibilidade nas atribuições e responsabilidades, o racio- C. Os líderes que ameaçam seus seguidores para obter o
nalismo e a amplitude administrativa. que precisam são chamados de carismáticos.
C. relação de coesão, a especialização e a colaboração es- D. Os heróis mitológicos são exemplos de líderes transacio-
pontânea. nais.
D. divisão do trabalho, a especialização e as regras implíci- E. Denominam-se transacionais os líderes que apelam às
tas. necessidades primárias de seus seguidores.
E. hierarquia, o racionalismo e a especialização.
18. A motivação, entendida como um processo psicológico
14. No que se refere aos diferentes agrupamentos depar- relacionado à hierarquia das necessidades humanas, pode ser
tamentais utilizados atualmente nas organizações, assinale a corretamente descrita como a necessidade de
opção correta. A. crescimento, que corresponde àquela relativa à autore-
A. O agrupamento em que se organizam as pessoas de acor- alização.
do com o que é produzido na organização denomina-se funcio- B. pertença social, que corresponde àquela relativa ao per-
nal. tencimento a grupos e reconhecimento de identidade social.
B. No agrupamento de rede, as pessoas são organizadas de C. existência, que corresponde àquela relativa à fisiologia
acordo com processos de trabalho ou fluxos de informação. humana e à segurança material.
125
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS
126
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
1 Conhecimentos técnicos aplicados no Censo Demográfico 2020 (documento “Estudo dos Conhecimentos Técnicos” disponível no
endereço eletrônico http://www.cebraspe.org.br/concursos/ibge_20_agente, para download). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Atenção
Para chegar a um consenso sobre quais questões serão
A missão do IBGE é “retratar o Brasil com informações investigadas no Censo Demográfico 2020, o IBGE promove con-
necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da sultas e debates amplos: com a sociedade brasileira e órgãos
cidadania”. técnico-governamentais.
1
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
A partir daí, com a conclusão do Censo, o Brasil vai dispor O trabalho do Recenseador
de informações necessárias para conhecer as características das O trabalho do Recenseador consiste em obter as informa-
pessoas – onde residem, por exemplo –, a fim de planejar políti- ções junto aos moradores de uma determinada área, nos locais
cas e investimentos públicos. onde residem.
O conjunto de dados coletados trará resultados relaciona- O Recenseador contará com a supervisão de um Agente
dos a questões fundamentais, como: Censitário Supervisor (ACS). O ACS lhe fornecerá as informações,
• O total da população do País por sexo e faixa etária e como o material necessário e seus instrumentos de trabalho, assim
está distribuída no Território Nacional; como lhe prestará orientação técnica e assistência permanente
• A expectativa de vida da população do País; durante o período de realização da coleta de dados. É a ele que
• A estimativa de brasileiros que vivem fora do País; o Recenseador deve se reportar sempre que encontrar alguma
• O número médio de filhos que uma mulher teria ao final dificuldade.
do seu período fértil;
• O tipo de habitação em que vive a população do País; Aproveitamento e escolha do Setor Censitário
• A proporção da população que tem acesso ao saneamen-
to básico; O bom desempenho do trabalho do Recenseador está asso-
• O nível de instrução da população; ciado ao domínio dos conceitos e dos procedimentos que serão
• As condições de trabalho e o rendimento da população; utilizados no Censo.
• Um panorama da diversidade étnico-racial da população Por isso, é importante que o candidato a Recenseador te-
brasileira, com sua distribuição por cor ou raça; e nha um bom aproveitamento no momento de formação, uma
• A caracterização dos povos indígenas por etnia e línguas vez que a escolha da área em que deseja trabalhar dependerá
indígenas faladas ou utilizadas nos seus domicílios, além de da- da sua classificação final na avaliação do treinamento. Esta área,
dos sobre a população quilombola. chamada pelo IBGE de Setor Censitário, será o local de trabalho
Os dados coletados no Censo Demográfico 2020 são rela- do Recenseador, onde realizará a coleta de dados.
tivos ao estado de coisas em uma data específica, isto é, a um
retrato da situação naquele momento. Atenção
É preciso adotar uma data específica como referência para Antes de iniciar a coleta de dados, o candidato a Recense-
evitar divergências entre quantitativos e características da po- ador deve dedicar-se ao treinamento, realizando todas as ati-
pulação, que se alteram com o tempo: entre o início e o fim do vidades propostas, procurando rever e exercitar os conteúdos
período da coleta. e procedimentos. Deve utilizar todos os recursos instrucionais
disponíveis, esclarecendo suas dúvidas sempre que necessário.
Atenção
A coleta do Censo Demográfico 2020 será realizada em todo Durante o seu trabalho de coleta de dados, o Recenseador
o Brasil a partir do dia 1º de agosto de 2020, mas a data de refe- ficará lotado em um local físico, chamado de Posto de Coleta,
rência do Censo Demográfico 2020 é a meia-noite de 31 de julho sob responsabilidade do IBGE.
para 1º de agosto de 2020.
Posto de coleta
O Posto de Coleta é o local de trabalho criado temporaria-
Isto significa que os Recenseadores deverão considerar a re-
mente pelo IBGE para dar suporte à operação censitária. Nele,
alidade desse instante no tempo como referência para a coleta
reúne-se a equipe encarregada do gerenciamento e da coleta
de dados.
de dados [Glossário] de uma determinada área.
Sempre que requisitado, o Recenseador deverá comparecer
O Recenseado
ao Posto de Coleta para que o Supervisor possa avaliar o seu
Quem é?
trabalho e corrigir possíveis falhas. Caso a supervisão indique
a necessidade de corrigir algum dado coletado, o Recenseador
O Recenseador é o responsável por fazer o trabalho da cole- deverá retornar a campo.
ta de dados por meio de entrevistas com os moradores. Estando Resumidamente, o trabalho do Recenseador consiste em
em contato direto com o público, ele representa o IBGE para a percorrer o Setor Censitário sob sua responsabilidade, regis-
sociedade. trando endereços e realizando as entrevistas com os moradores.
Para concluir o seu trabalho, o Recenseador deve dirigir-se
Importante ao Posto de Coleta e devolver o material de trabalho ao Instituto
O Recenseador é a peça-chave do Censo.
Instrumentos de trabalho do Recenseador
A qualidade dos resultados que serão entregues para o país Durante a coleta de dados, o Recenseador terá dois instru-
ao final da operação depende diretamente da qualidade do seu mentos de trabalho disponíveis: o Mapa do Setor Censitário (em
trabalho, do modo como se dedica às atividades em seu dia a papel) e o Dispositivo Móvel de Coleta (DMC). O Recenseador
dia será responsável pelo patrimônio público enquanto estiver de
posse dos materiais a ele confiados, devendo zelar por sua con-
servação e pelas boas condições de seu uso e funcionamento.
2
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Questionário Básico
É o questionário com menor número de quesitos, em que
serão registradas as características do domicílio e de seus mora-
dores na data de referência [Glossário]. Os quesitos desse ques-
tionário serão aplicados a todos os domicílios.
3
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Questionário da Amostra
Esse questionário é respondido por uma parte da popula-
ção, selecionada de forma aleatória por meio de cálculos especí-
ficos, formando uma amostra estatística.
Atenção
Apenas um modelo de questionário (básico ou amostra)
será aplicado em cada domicílio.
Remuneração bruta e remuneração líquida A partir dessa Remuneração Média Mensal, são calculados
É preciso saber diferenciar remuneração bruta do traba- os seguintes valores:
lhador e remuneração líquida para entender o cálculo final da
remuneração. 13º salário
Os descontos mais comuns que costumam ocorrer da remu- • Gratificação natalina proporcional aos meses de trabalho,
neração bruta para a remuneração líquida são: observada a regra de que a fração igual ou superior a 15 (quinze)
• INSS: alíquota de 8%, 9% ou 11%, conforme tabela do INSS dias será considerada como mês integral.
vigente em cada mês;
• IRPF: para aqueles cuja base de cálculo sofra retenção do Férias indenizadas
imposto, conforme tabela do IRPF vigente em cada mês; • Indenização relativa ao período incompleto de férias, na
• Pensão alimentícia, quando houver; e proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de efetivo exercício,
• Valores de produção recebidos indevidamente. ou fração superior a 14 (quatorze) dias, acrescido do adicional
de 1/3 (um terço) da remuneração das férias.
Conduta do Recenseador
Milhares de Recenseadores do IBGE, em todo o Brasil, vão
às ruas em busca de informações de qualidade para a coleta
do Censo Demográfico 2020. Nesse processo, interagem com
diferentes públicos, cada qual com suas características e pecu-
liaridades.
Face a essa diversidade, é natural que os moradores rece-
bam os Recenseadores de maneiras distintas. Ora com recepti-
vidade, ora com desconfiança e resistência.
4
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
O tratamento cortês, respeitoso e seguro com o informan- Por isso, é fundamental que o Recenseador consiga cons-
te é fundamental para estabelecer uma relação de confiança e truir uma relação de parceria com o informante. Para isso, é
cooperação. Além disso, é importante que o Recenseador apre- importante ter cuidado com a forma de se fazer as perguntas do
sente uma postura de trabalho adequada e use sempre o crachá questionário. O Recenseador deve ler cada uma delas confor-
de identificação. me estão escritas e registrar as respostas diretamente no DMC
– sem comentários adicionais a respeito
5
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Conduta do Recenseador – Sigilo estatístico • Não permita que pessoas não autorizadas pelo IBGE o
A segurança das informações é também outro aspecto que acompanhem em seu trabalho;
deve ser demonstrado em suas atitudes, com o qual você e o • Não permita que pessoas estranhas ao serviço manu-
IBGE têm deveres e responsabilidades. seiem os equipamentos de coleta;
É fundamental garantir o sigilo das informações obtidas • Não permita que informações contidas no dispositivo de
pelo Censo Demográfico 2020 (e por quaisquer pesquisas ofi- coleta sejam vistas por terceiros;
ciais) tanto para os informantes quanto para o próprio instituto. • Não faça comentários sobre qualquer informação obtida
O informante deve ser avisado de que essas informações só po- durante seu trabalho; e
derão ser utilizadas para fins estatísticos. • Não revele fatos ou informações sigilosas sobre os infor-
Os cidadãos só se sentirão seguros em prestar informações mantes, domicílios e estabelecimentos pesquisados.
à Instituição se sentirem confiança no IBGE e no funcionário
que realiza o Censo 2020. Assim, o IBGE toma todas as precau- Atenção
ções necessárias para garantir que dados individualizados não Em locais de povos e comunidades tradicionais (indígenas,
sejam divulgados quilombolas, povos ciganos, pescadores artesanais, etc.), além
dos cuidados rotineiros de abordagem, previstos para o traba-
Importante lho do IBGE para qualquer outro Setor Censitário, devem ser
O IBGE não divulga os dados de nenhuma pesquisa, inclusi- tomados outros cuidados, de acordo com a tradicionalidade dos
ve do Censo, que possam identificar o informante como nomes, diversos grupos. Siga as orientações específicas que serão for-
telefones, etc. necidas em momento oportuno, antes de entrar nessas áreas
A “Lei 5.534”, de 14 de novembro de 1968 assegura o sigilo especiais.
dessas informações.
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
Atenção O Censo Demográfico 2020 constitui uma grande operação
A violação do sigilo por servidores, agentes de pesquisa e estatística, mobilizando centenas de pessoas desde a fase de
Recenseadores do IBGE está sujeita a punição de acordo com as planejamento até a divulgação dos resultados.
normas e a legislação. Para atingir os objetivos da operação, a estrutura organiza-
cional do Censo Demográfico 2020 definiu-se a partir das repre-
Conduta do Recenseador - Informantes resistentes sentações das Unidades Estaduais do IBGE:
Em caso de resistência à prestação de informações ao IBGE,
é necessário que o Recenseador consiga apresentar argumentos
convincentes ao informante relutante. Exemplificamos dois ar-
gumentos importantes em seguida:
Os dados do Censo são uma importante fonte de estatística
entregue a toda a sociedade. E também para o próprio IBGE,
que elabora estimativas úteis para a melhoria do País.
As informações coletadas são utilizadas exclusivamente
para fins estatísticos. O sigilo delas é garantido por lei. Além
disso, os dados da pesquisa são divulgados de forma agregada,
ou seja, de forma vinculada a um total (por soma dos valores
de cada domicílio aos valores de outros domicílios) e não indivi-
dualizada. Assim, o IBGE divulga apenas o valor total por setor
censitário, nunca por domicílio. Por isso, em hipótese alguma, o
sigilo dos dados individualizados será desrespeitado.
Importante
Se, mesmo assim, a recusa persistir, o Recenseador deve
comunicá-la ao Supervisor para receber novas orientações.
A fim de que os coordenadores possam exercer os seus pa-
Conduta do Recenseador - Procedimentos em campo péis no Censo Demográfico 2020, é necessário que eles conhe-
Antes de sair para a coleta, prepare com antecedência os çam muito bem as atribuições específicas de suas funções, as
itens de que você vai precisar. Separe equipamentos e materiais quais serão detalhadas no treinamento presencial.
que serão utilizados, como o DMC (Dispositivo Móvel de Coleta)
e o mapa em papel com a descrição do setor. Certifique-se de QUEM É?
que o DMC está com bateria para que você consiga fazer uso do AGENTE CENSITÁRIO SUPERVISOR
equipamento durante todo seu percurso de trabalho. Planeje O Agente Censitário Supervisor (ACS) [Glossário] será a pes-
a melhor forma de chegar ao seu Setor Censitário: verifique os soa que supervisionará o trabalho de uma equipe de Recense-
meios de transporte e o tempo de deslocamento. adores, orientando e corrigindo falhas, assegurando, assim, a
Durante o seu trabalho em campo, observe as seguintes qualidade dos trabalhos. Em linhas gerais, buscará garantir que
orientações: o projeto Censo Demográfico 2020 se concretize com sucesso.
6
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
A primeira atividade do ACS é o reconhecimento do setor O ACM responde técnica e administrativamente ao Coor-
onde realizará o seu percurso completo, atualizando suas faces denador Censitário de Subárea (CCS), como visto na estrutura
e seus logradouros. Concomitante ao reconhecimento do setor, censitária simplificada.
coletará os dados da Pesquisa Urbanística do Entorno dos do-
micílios. Esta atividade ocorrerá em período anterior à coleta de CONCEITOS
dados realizada pelo Recenseador. FUNDAMENTAIS
O ACS deverá registrar todas as informações encontradas Muitos dos conceitos que apresentaremos (como endereço,
durante o percurso que não estejam atualizadas ou em con- morador, logradouro e domicílio) fazem parte do nosso cotidia-
formidade com os instrumentos de trabalho de campo (DMC, no. Contudo, a atuação do Recenseador exige o conhecimen-
mapa do setor ou descritivo). to específico dos conceitos fundamentais utilizados pelo IBGE,
O ACS exercerá, ainda, as tarefas de supervisão da operação para colher resultados adequados.
censitária, com atenção às questões técnicas e de informática,
exercendo, quando necessário, tarefas administrativas, como re- Divisão político-administrativa do Brasil
novação de contratos, avaliação de Recenseadores, etc. Estará Para nos ajudar a compreender o que é o setor censitário,
subordinado ao Agente Censitário Municipal (ACM). devemos compreender, em primeiro lugar, o que é a divisão po-
A função de Supervisor serve de elo entre aqueles que co- lítico-administrativa brasileira.
letam as informações (os Recenseadores) e aqueles que geren- A extensão, o conteúdo territorial, o número de domicílios
ciam o Posto de Coleta (responsabilidade do ACM). e estabelecimentos presentes no Setor Censitário [Glossário]
influenciam a carga de trabalho do Recenseador. Por isso, os se-
Função do Agente Censitário Supervisor - ACS tores censitários são planejados para que possuam dimensões
adequadas ao trabalho das pesquisas do IBGE. Além disso, os
Sua principal função é acompanhar, avaliar e, sobretudo, setores censitários respeitam a divisão político-administrativa
orientar os Recenseadores durante a execução dos trabalhos de do país e outros recortes geográficos.
campo. Assim, evitam-se erros no preenchimento dos questio- O Brasil está dividido, em seu aspecto político-administrati-
nários e falhas na cobertura do Setor (como a omissão de pes- vo, nas seguintes unidades territoriais:
soas e domicílios) • Unidades Federativas,
O ACM é quem irá orientá-lo na correta execução de seu • Municípios,
trabalho. O ACS deve se reportar ao ACM sempre que houver • Distritos e
qualquer dúvida ou problema que comprometa a realização de • Subdistritos.
suas tarefas.
Para que os ACS cumpram com tranquilidade suas funções, A figura a seguir apresenta um esquema dessas unidades
estas foram divididas em duas grandes frentes: e o número de cada uma delas no País em dezembro de 2019.
• O treinamento e a contratação dos Recenseadores; e
•O apoio ao Recenseador e a supervisão do seu trabalho
de coleta
QUEM É?
AGENTE CENSITÁRIO MUNICIPAL
O Agente Censitária Municipal (ACM) desempenhará a
função de gerente do Posto de Coleta. Isto envolve as seguin-
tes funções: gerenciar um grupo de supervisores (ACS), distri-
buir tarefas, zelar pelos equipamentos de coleta, e acompanhar
o desenvolvimento dos trabalhos. É muito importante que ele
garanta que os seus supervisionados cumpram com as normas
estabelecidas pelo IBGE.
O Posto de Coleta serve de base física para a equipe da cole-
ta de dados e da supervisão, ou seja, é o ponto de encontro dos
Supervisores e Recenseadores durante as operações do Censo Caso necessário, relembre quais são algumas das entidades
2020. Para gerenciar o Posto de Coleta, o ACM utiliza o Sistema da Federação (estados, Distrito Federal e as suas respectivas si-
Integrado de Gerenciamento e Controle – SIGC. glas):
7
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
8
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Quadra
É um trecho, geralmente retangular, de uma área urbana
ou aglomerado rural, delimitado por elementos como: ruas, es-
tradas, estradas de ferro, cursos d’água ou encostas. Contudo,
Importante pode ter forma irregular. Em alguns locais, a quadra é chamada
Cada um desses tipos requer uma abordagem específica de quarteirão.
do Recenseador.
Face
Setores Censitários de Povos e Comunidades Tradicionais É cada um dos lados da quadra, contendo ou não endere-
É importante destacar que o IBGE realiza o Censo em ter- ços.
ras indígenas, territórios quilombolas e outras áreas habitadas
por povos e comunidades tradicionais. Estes são grupos cultu- Endereço
ralmente diferenciados e se reconhecem como tal, e por isso O endereço reúne informações que permitem identificar
possuem formas próprias de organização social, ocupam e usam uma unidade construída ou em construção dentro de um muni-
territórios e recursos naturais como condição para sua repro- cípio, tal como uma casa, um prédio, um apartamento, um esta-
dução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, além de belecimento, etc.
utilizarem conhecimentos, inovações e práticas gerados e trans- O IBGE adota um Padrão de Registro de Endereços bastante
mitidos pela tradição. detalhado, que será objeto do treinamento presencial.
Nessas áreas, as condições de acesso e percurso são nego- Consideram-se como componentes do endereço:
ciadas com as lideranças comunitárias, e também com os órgãos 1) Logradouro;
que atuam em parceria com o IBGE na realização do Censo. A 2) Número;
necessidade dessa ação é assegurada pelo direito internacional 3) Complemento; e
previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Tra- 4) Coordenadas Geográficas.
balho (OIT)* Veremos a seguir como se definem esses componentes.
9
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Exemplos: Rua Santo Antônio, Avenida Corifeu de Azevedo Durante o treinamento presencial, será realizado um exer-
Marques, Estrada BR 101, Rio Solimões etc. cício de simulação sobre como obter as coordenadas no DMC.
Coordenadas Geográficas
As coordenadas geográficas consistem em um dos méto-
dos mais eficientes de localização, pois permitem identificar
qualquer ponto na superfície da Terra por meio de dois valo-
res: latitude e longitude. Essas coordenadas são um importan-
te recurso para o trabalho nos Setores Censitários. Os valores
de latitude e longitude podem ser obtidos através de um
receptor de sinais de satélites, que se encontra integrado ao Morador
DMC. Confira abaixo definições mais específicas desses valo- Para o IBGE, o Morador é a pessoa que: “tem o domicílio
res: como local habitual de residência na data de referência”.
Atenção
A presença ou ausência da pessoa no domicílio na data de
referência não define se ela é ou não moradora do domicílio.
Importante
A data de referência é o parâmetro que indica quem deverá
ser recenseado.
Devem ser recenseadas todas as pessoas que moravam no
domicílio na data de referência: à meia-noite de 31 de julho para
1º de agosto de 2020
10
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Parece confuso, mas é fácil de explicar. Para determinar qual é a residência principal do morador,
Morador é a pessoa que: deve-se obedecer ao seguinte procedimento:
a. tem o domicílio como local habitual de residência e nele • Solicite ao entrevistado que indique qual a sua residência
se encontrava na data de referência; ou habitual (residência principal).
b. embora ausente na data de referência, tem o domicílio • Caso o entrevistado não possa indicá-la, considere como
como local habitual de residência, desde que a ausência não principal a residência em que passa a maior parte do ano.
seja superior a 12 meses pelos motivos que veremos a seguir: • Caso a pessoa ocupe duas residências em períodos iguais
b.1) viagem a passeio, a serviço, a negócios, de estudos etc.; durante o ano, considere a residência principal a que possui há
b.2) afastamento de sua comunidade tradicional por motivo mais tempo.
de caça, pesca, extração vegetal, trabalho na roça, participação
em festas ou rituais; Espécie de unidade visitada
b.3) internação em estabelecimento de ensino ou hospeda- No dia a dia do trabalho de coleta de dados, poderão ser
gem em outro domicílio, pensionato, república de estudantes, encontrados três tipos de edificações nos endereços observa-
visando facilitar a frequência à escola durante o ano letivo; dos em campo. São eles:
b.4) detenção sem sentença definitiva declarada;
b.5) internação temporária em hospital ou estabelecimento • edificações exclusivamente constituídas de unidades
similar; e residenciais, que são as casas, apartamentos etc., chamadas de
b.6) embarque a serviço (militares, petroleiros). domicílios
• edificações exclusivamente constituídas de unidades não
Importante residenciais, que são as escolas, os postos de saúde, as lojas,
Em todas essas situações, é importante certificar-se de que denominadas de estabelecimentos; e
a ausência não tenha ultrapassado 12 meses, período conside- • edificações mistas, que podem conter domicílios e esta-
rado até a data de referência – à meia-noite do dia 31 de julho belecimentos.
para 1º de agosto de 2020.
As espécies das unidades visitadas se classificam de forma
É importante ter atenção a alguns casos especiais, a fim de geral em:
evitar que uma mesma pessoa seja contada em dois domicílios
ou que não seja contada em nenhum dos dois. Vejamos:
Se, na data de referência, a pessoa se encontrava afastada
do domicílio de origem nas seguintes situações:
• estar internada permanentemente em sanatórios, asilos,
conventos ou estabelecimentos similares;
• estar morando em pensionatos sem ter outro local habi-
tual de residência;
• ter sido condenada com sentença definitiva declarada;
Neste momento, é fundamental conhecer o que são as
ou
espécies de estabelecimento e domicílio, bem como duas clas-
• ter migrado para outras regiões em busca de trabalho e
sificações mais específicas de domicílio (domicílio particular
lá fixou residência. e domicílio coletivo). No Censo, deve-se considerar a data de
... ela não será considerada moradora no domicílio de ori- referência [Glossário] para classificar a espécie da unidade
gem, mas sim no local onde se encontrava, ainda que a ausên- visitada encontrada no endereço. Após a confirmação do ende-
cia seja inferior a 12 meses. reço, o Recenseador identificará a unidade visitada conforme a
finalidade de seu uso na data de referência: à meia-noite do dia
Quem deve ser recenseado? 31 de julho para 1º de agosto de 2020.
Devem ser recenseadas todas as pessoas (inclusive crian-
ças e idosos) que moravam no domicílio na data de referência: Importante
à meia-noite do dia 31 de julho para 1º de agosto de 2020. A finalidade de uso que se faz da edificação, na data de refe-
Logo, de acordo com esse critério, extraímos duas orienta- rência [Glossário], associada a um endereço, caracteriza a espé-
ções: cie da unidade visitada - domicílio ou estabelecimento.
• Não recensear as pessoas que nasceram após essa data.
• Recensear as pessoas que faleceram após essa data, pois Estabelecimento
faziam parte do domicílio na data de referência. Toda edificação utilizada para fins não domiciliares encon-
trada nos setores censitários é classificada como estabelecimen-
Morador – com mais de uma residência to.
No caso de pessoas que ocupam duas ou mais residências, Exemplos de estabelecimentos encontrados no trabalho
será necessário investigar com a pessoa entrevistada qual era de campo: escolas, prédios e lojas comerciais, postos de saúde,
sua residência principal na data de referência [Glossário], pois templos religiosos, plantações etc. Existem, ainda, formas mais
ela não pode ser considerada moradora de duas residências ao detalhadas de classificar os estabelecimentos, que serão estuda-
mesmo tempo. das no treinamento presencial.
11
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
Domicílio Atenção
Local construído ou utilizado com a finalidade de servir Um domicílio só será caracterizado corretamente quando
como residência ou moradia. Em geral, não há dificuldade para forem atendidas, simultaneamente, as condições de separação
identificar um domicílio, já que a maior parte das pessoas reside e independência.
em apartamento ou casa.
Pode-se encontrar um domicílio em um lugar inesperado ou Classificação dos domicílios
fora do comum, como, por exemplo, um cômodo que serve de Os domicílios são classificados em dois grupos: domicílios
moradia em um prédio exclusivamente comercial ou nos fundos particulares e domicílios coletivos.
de uma olaria ou, ainda, encontrar domicílios em tendas, barra- Existem ainda, dentro desses dois grupos, outras classifica-
cas, trailers ou residências flutuantes. ções derivadas. Por ora, veremos apenas as que caracterizam
A identificação de um domicílio dependerá da aplicação esses dois grupos: domicílio particular e domicílio coletivo. As
correta do seu conceito. demais classificações de domicílio serão objeto de estudo no
treinamento presencial.
Importante
Domicílio é o local, estruturalmente separado e indepen- Domicílio Particular
dente, que se destina a servir de habitação a uma ou mais pes- É o domicílio que foi construído para habitação ou que é uti-
soas. É também domicílio o local que não era destinado origi- lizado para esta finalidade, servindo de moradia a uma ou mais
nalmente a ser utilizado como tal, mas que passou a sê-lo em pessoas. Nele, o relacionamento entre seus ocupantes é ditado
momento posterior. por laços de parentesco, de dependência doméstica ou por nor-
mas de convivência.
Logo, o Recenseador deve estar sempre atento. Em um pri- Exemplos: casas, apartamentos em edifícios ou apart-
meiro olhar, nem sempre é possível identificar se existe mais de -hotéis, habitações em cortiço, casas de cômodos, habitação
um domicílio em um mesmo terreno; ou se, além das aparên- indígena sem paredes ou malocas, e habitações em espaços
cias, existe um domicílio em local inesperado (ou não facilmente improvisados (dentro de estabelecimentos sem instalações
identificável). Vejamos os exemplos dos grupos a seguir: destinadas à moradia, grutas, ruínas, tendas improvisadas etc.).
Cômodo
Para o IBGE, o conceito de cômodo é todo compartimento
coberto por um teto, limitado por paredes e que seja parte inte-
grante do domicílio, inclusive banheiro e cozinha. Por “parede”
entende-se aqui a construção vertical que permite limitar, divi-
dir ou vedar espaços.
Note-se que o cômodo pode existir tanto na parte interna,
quanto na parte externa da edificação principal do domicílio,
ainda sendo considerada como parte integrante do domicílio
(por exemplo, um banheiro construído separadamente da cons-
trução principal dentro do mesmo terreno).
12
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
13
CONHECIMENTOS TÉCNICOS
14