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Toxicologia

Ambiental

Prof. MSc. Fernando Ponce


fponce@usp.br
1 Toxicologia Ambiental

Definição:

Estuda os efeitos deletérios decorrentes da


interação entre os agentes tóxicos presentes no
meio ambiente (natureza química ou física), e os
diversos sistemas biológicos.
A Poluição da água

Principais Problemas
1. Baixo nível dos reservatórios;

2. Chuvas abaixo da média;

3. Queda de qualidade da água, por poluição química e biológica;

4. Fragilização dos ecossistemas nas regiões de mananciais;

5. Falta de uma gestão integrada dos recursos hídricos;

6. Uso irracional;

7. Concentração da população em centros metropolitanos;

8. Falta de investimentos em saneamento e a consequente


superexploração dos mananciais.
A Poluição da água

Quantidade de água disponível


A quantidade de água doce disponível para consumo
é extremamente escassa
Distribuição da água no planeta A cada 1000 L
97,5% nos oceanos 975 L
1,8% em geleiras 18 L
0,6% nas camadas subterrâneas 6L
0,015% nos lagos e rios 150 mL
0,005% de umidade no solo 50 mL
0,0009% em forma de vapor na atmosfera 9 mL
0,00004% na matéria viva 0,4 mL
A Poluição da água

Quantidade de água disponível


1000 L de água 6,15L (para consumo humano)

69 % = 4,24 L 23 % = 1,42 L 8 % = 0,49 L


A Poluição da água

Para que a água dos oceanos possa ser usada é necessário que o sal seja retirado.
Todos os métodos de dessalinização consomem grandes quantidades de energia.
Só podem ser usados em regiões secas próximas ao litoral.

Custo nos Estados Unidos

} @ 1 dólar
termômetro 4.000 L de água doce
saída de água
de resfriamento a partir da água do mar

} @ 0,30 dólar
4.000 L de água doce
a partir de mananciais

balão
de destilação
condensador
entrada
bico de água
entrada de Bunsen de resfriamento erlenmeyer
de gás
A Poluição da água

Qualidade da água disponível


A poluição das águas devido as atividades humanas aumentou
vertiginosamente nos últimos 50 anos.
De acordo com a legislação, a poluição da água pode ser:

Pontual ou Difusa

Descarga de efluentes a partir Escoamento superficial urbano,


de indústrias e de estações escoamento superficial de áreas
de tratamento de esgoto agrícolas e deposição atmosférica

São bem localizadas, fáceis Espalham-se por toda a cidade,


de identificar e de monitorar são difíceis de identificar e tratar
A Poluição da água

Qualidade da água disponível

As principais formas de poluição que afetam as


nossas reservas de água são:

Reservas de água

Poluição

Sedimentar Biológica Térmica Despejo de substâncias


A Poluição da água

Poluição sedimentar

Acúmulo de partículas em suspensão (solo, produtos


químicos insolúveis)

Qual a origem O que causam


Extração mineral Interferem na fotossíntese
Partículas do solo Desmatamentos e na capacidade dos animais
Erosões encontrarem alimentos
Produtos químicos Extração mineral Adsorvem e concentram os
insolúveis Esgotos e fluentes poluentes biológicos e os
poluentes químicos
A Poluição da água

Poluição biológica
Presença de microrganismos patogênicos, especialmente na
água potável.
Aprox. 4 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à água potável
tratada
Aprox. 2,9 bilhões de pessoas vivem em áreas sem coleta ou
tratamento de esgoto
Controle simples

Fervura da água Adição de NaClO


Ou Ca(OH)2
Apesar disso

250 milhões de casos de doenças (cólera, febre tifóide,


diarréia, hepatite A) são transmitidas pela água por ano

10 milhões desses casos resultam em mortes (50% são crianças)


A Poluição da água

Poluição térmica
Descarte de grandes volumes de água aquecida
em rios e oceanos
Diminui a quantidade de oxigênio dissolvido
(43,39 mg de O2/kg de H20 a 20 °C)

Diminui do tempo de vida de algumas espécies aquáticas

Altera os ciclos de reprodução

Aumenta a quantidade de gás carbônico na atmosfera


(0,86 L de CO2/L de H2O a 20 °C)

Aumenta a velocidade das reações entre os poluentes presentes na água

Potencializa a ação nociva dos poluentes


A Poluição da água

Poluição por despejo de substâncias


➢ Substâncias tóxicas cuja presença na água não é fácil de
identificar nem de remover
➢ Em geral os efeitos são cumulativos
(bioacumulação/biomagnificação) e podem levar anos
para serem sentidos
➢ Os poluentes mais comuns das águas são:
➢ Fertilizantes agrícolas
➢ Esgotos doméstico e industrial
➢ Compostos orgânicos sintéticos
➢ Plásticos
➢ Petróleo
➢ Metais pesados
Poluição por esgotos doméstico
e industrial

Matéria orgânica biodegradável Bactérias, vírus, larvas e parasitas

Explosão na população Coliformes fecais  doenças


de microrganismos

Consumo de oxigênio Brasil: 30% das praias


são impróprias
A Poluição da água

Poluição por fertilizantes agrícolas


A Poluição da água

Poluição por fertilizantes agrícolas


1- 1-
Íons NO3(aq) (0,3 mg/L), NO2(aq), HPO2-
4(aq) (0,02 mg/L) e H 2 PO1-
4(aq)

Usados sem critério Excesso é levado pela chuva

Lençóis subterrâneos, lagos e rios

Fitoplâncton Algas macroscópicas

Reprodução acelerada

Ao morrerem são decompostos Cobrem a superfície isolando a


por microrganismos aeróbios água do oxigênio do ar

Eutrofização
1 Água Doce
Florações algais e toxinas

➢ Eutroficação: sucessão natural de


ecossistemas em razão do acúmulo de
nutrientes provenientes de uma fonte externa

➢ Floração: é um processo de eutroficação


acelerado
Poluição por compostos
orgânicos sintéticos
Poluição por plásticos
Alta produção Alta velocidade de uso e descarte

Longo tempo para degradação

Causam a morte de animais por sufocamento


Poluição por petróleo
Grandes acidentes Pequenos acidentes

Vazamentos em poços Vazamentos de óleo


de petróleo, superpetroleiros, de motor de barcos
rompimentos de dutos e de carros

Exxon Valdez: 42 milhões de litros Somente no Canadá:


Kuwait: 200.000 t no Golfo Pérsico 300 milhões de litros/ano
Rio Barigüi: 4 milhões de litros
Baia de Guanabara: 1,3 milhão de litros 95% dos danos

5% dos danos
A Poluição da água

Poluição por metais pesados


A Poluição da água

Poluição por metais pesados

Cu, Zn, Pb, Cd, Hg, Ni e Sn

Pilhas e baterias Mineração (garimpo)

Aterro sanitário Rios e mares

Contaminação de águas Os oceanos recebem por ano


subterrâneas, córregos 400.000 t de metais pesados
e riachos 80.000 t só de mercúrio

Bioacumulação  danos ao SNC


Controle da poluição

Tecnologias de transferência de fase Tecnologias destrutivas


Transfere os poluentes da fase Baseiam-se na oxidação química
aquosa para a sólida, por exemplo, Radiação UV + O3 ou UV + H2O2
pela adição de carvão ativo na água formando OH21- ou O1-
A poluição não é eliminada, Vantagem: ausência de subprodutos
apenas deixa de ser veiculada MO + agente oxidante → CO2 + H2O
pelo meio aquoso para ser Desvantagem: processo caro
transformada em resíduos sólidos.
1 Água Doce
Florações algais e toxinas

Toxinas presentes em
água doce
1 Água Doce

Toxinas peptídicas
1 Toxinas Peptídicas
Água doce

Caso mais grave:

Caruaru – PE

Microcistinas presentes
na água para pacientes
que faziam hemodiálise
1 Toxinas Peptídicas
Água doce
1 Água Doce

Alguns exemplos de florações e toxinas produzidas


X 2500

A - Microcystis aeruginosa

www-cyanosite.bio.purdue.edu/images/images.html
1 Toxinas Peptídicas
Mecanismo de ação
O OH
O
N
HN NH

O O
O Microcistina - LR
O
NH HN
H H
N N
O
O O
HO O

HN
Inibição das fosfatases 1 e 2A
N NH2
Indução do Estresse Oxidativo

Ativação de quinases

Alterações Morfológicas
Altas doses (>30 mg/Kg) – Apoptose e morte celular
Baixas doses (<200 mg/Kg) – Proliferação celular
1 Toxinas Peptídicas
Água doce
Represa Billings
1 Toxinas Peptídicas
Água doce

Represa Billings – Toxinas e espécies encontradas

Espécies: Microcystis sp, Cylindrospermopsis sp

Toxinas: Microcistina-RR e -LR,


cilindrospermopisina, etc...
1 Água Doce

Alguns exemplos de florações e toxinas produzidas

X 1250
B – Nodularia spumigena

www-cyanosite.bio.purdue.edu/images/images.html
1 Água Doce

Mecanismos de ação das toxinas peptídicas

Envolvem hepatotoxicidade aguda

As toxinas são liberadas das células das cianobactérias no


estomago, causando danos às células do epitélio intestinal

As toxinas se acumulam nos hepatócitos;

Ocorre hemorragia intrahepática letal (minutos a horas) ou


insuficiência hepática;

Animais submetidos a necrópsia mostraram fígado aumentado e


hemorragia intrahepática. (Carmichael & Falconer, 1993)
1 Água Doce

Mecanismos de ação das toxinas peptídicas

Microcistinas e nodularinas → fígado

DL50 em ratos entre 50 - 200 mg/Kg de peso corporal.

São consideradas promotoras de tumores no fígado

O guia da Organização Mundial da Saúde (OMS) menciona que 1 mg/L de


microcistina é o limite para a exposição em humanos.
1 Água Doce

Toxinas
alcalóides
1 Água Doce

Alguns exemplos de florações e toxinas produzidas

C – Oscillatoria sp.
X 200

www-cyanosite.bio.purdue.edu/images/images.html

1 2 3
1. Anatoxina-a
www-cyanosite.bio.purdue.edu 2. Homoanatoxina-a
3. Anatoxina-a(s)
1 Água Doce

Mecanismo de ação das anatoxinas

✓Anatoxina-a é um potente bloqueador neuromuscular pós-


sinaptico que causa morte em minutos a horas.
✓A neurotoxicidade tem sido associada com anatoxina-a(s),
um potente inibidor de colinesterase.
✓Essas neurotoxinas são potencialmente letais por causar
sufocação por meio de câimbras e espasmos (Carmichael &
Falconer, 1993; Hyde & Carmichael, 1991; WHO, 1998)
1 Água Doce

Alguns exemplos de florações e toxinas produzidas

D. Anabaena circinalis

Saxitoxina
1 Água Doce

Mecanismo de ação das saxitoxinas

✓As saxitoxinas e neosaxitoxina são agentes bloqueadores


de canais de sódio que inibem a transmissão nervosa de
impulsos e causam morte por insuficiência respiratória
(Carmichael & Falconer, 1996).

✓Em ratos, a LD50 é de 10 mg/Kg de peso corpóreo


1 Água Doce

Resumo – Toxinas de água doce


2 Poluição da água

Água Salgada
2 Água Salgada

Recreação

Consumo
2 Água Salgada
Principais toxinas de algas marinhas
TOXINA AMNÉSICA DE FRUTOS DO MAR
- Amnesic Shellfish Poisoning (ASP)

Ácido domóico

✓Desordens gastrintestinais e neurológicas, incluindo perda de


memória.

✓Intoxicação em humanos ocorrem em várias partes do mundo.

✓Principal espécie envolvida: a diatomácea Pseudo nitzschia.


2 Água Salgada
Principais toxinas de algas marinhas
TOXINA PARALÍTICA DE FRUTOS DO MAR
- Paralytic shellfish poisoning – PSP

Saxitoxina

✓Cerca de 2000 casos são reportados por ano, com 15% de


mortalidade.

✓Intoxicação em humanos ocorrem em várias partes do mundo.

✓Principal espécie envolvida: dinoflagelados.


2 Água Salgada
Principais toxinas de algas marinhas

Toxina Diarreica de Frutos do Mar


- Diarrhetic shellfish poisoning - DSP

Ácido Ocadáico

✓Principais sintomas são: diarreia, vômito e câimbras abdominais.

✓Intoxicação em humanos ocorrem em várias partes do mundo e


não é fatal. Exposição prolongada promove formação de tumor no
aparelho digestivo

✓Principal espécie envolvida: dinoflagelados.


3 Toxicologia Ambiental

Poluição do Ar
3 Poluição do Ar
Qualidade do ar: alguns limites para poluentes
Estrutura do índice de qualidade do ar
MP10 MP2,5 O3 CO NO2 SO2
Qualidade Índice (µg/m3) (µg/m3) (µg/m3) (ppm) (µg/m3) (µg/m3)
24h 24h 8h 8h 1h 24h
N1 – Boa 0 – 40 0 – 50 0 – 25 0 – 100 0 – 9 0 – 200 0 – 20
N2 – >50 – >25 – >100 – >9 – >200 – >20 –
41 – 80
Moderada 100 50 130 11 240 40
81 – >100 – >50 – >130 – >11 – >240 – >40 –
N3 – Ruim
120 150 75 160 13 320 365
N4 – Muito 121 – >150 – >75 – >160 – >13 – >320 – >365 –
Ruim 200 250 125 200 15 1130 800
N5 –
>200 >250 >125 >200 >15 >1130 >800
Péssima

Metas Intermediárias – (MI) estabelecidas como valores temporários a serem cumpridos em etapas, visando à melhoria gradativa da
qualidade do ar no Estado de São Paulo, baseada na busca pela redução das emissões de fontes fixas e móveis, em linha com os princípios
do desenvolvimento sustentável;
Padrões Finais (PF) – Padrões determinados pelo melhor conhecimento científico para que a saúde da população seja preservada ao máximo
em relação aos danos causados pela poluição atmosférica.
3 Poluição do Ar
Qualidade do ar: alguns limites para poluentes
Qualidade do ar e efeitos à saúde
Qualidade Índice Significado
N1 – Boa 0 – 40
Pessoas de grupos sensíveis (crianças, idosos e pessoas
com doenças respiratórias e cardíacas) podem apresentar
N2 – Moderada 41 – 80
sintomas como tosse seca e cansaço. A população, em geral,
não é afetada.
Toda a população pode apresentar sintomas como tosse
seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta. Pessoas de
N3 – Ruim 81 – 120 grupos sensíveis (crianças, idosos e pessoas com doenças
respiratórias e cardíacas) podem apresentar efeitos mais
sérios na saúde.

Toda a população pode apresentar agravamento dos


sintomas como tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e
N4 – Muito Ruim 121 – 200 garganta e ainda falta de ar e respiração ofegante. Efeitos
ainda mais graves à saúde de grupos sensíveis (crianças,
idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas).

Toda a população pode apresentar sérios riscos de


manifestações de doenças respiratórias e cardiovasculares.
N5 – Péssima >200
Aumento de mortes prematuras em pessoas de grupos
sensíveis.
3 Poluição do Ar

https://sistemasinter.cetesb.sp.gov.br/Ar/php/boletim_por_poluente.php#particulas
3 Poluição do Ar

https://sistemasinter.cetesb.sp.gov.br/Ar/php/boletim_por_poluente.php#particulas
3 Poluição do Ar

https://sistemasinter.cetesb.sp.gov.br/Ar/php/boletim_por_poluente.php#particulas
3 Poluição do Ar
Qualidade do ar: alguns limites para poluentes

CONTROLE DA POLUIÇÃO EM SP
Plano de Emergência
-Legislação ambiental estadual - Decreto 8468/76 instituiu o
Plano de Emergência para Episódios Críticos de Poluição do
Ar.
ESTADO DE ATENÇÃO:
- (CO ou oxidantes fotoquímicos): restrição voluntária do uso
de veículos automotores,
- (MP ou SO2): atividades industriais como limpeza de
caldeiras e operação de incineradores restritos a
determinados períodos. Eliminadas as emissões de fumaça
preta e queima de material.
3 Poluição do Ar
Qualidade do ar: alguns limites para poluentes

CONTROLE DA POLUIÇÃO EM SP
ESTADO DE ALERTA:
- (CO ou oxidantes fotoquímicos): fica impedida a circulação
de veículos na área atingida
- (MP ou SO2): proibidas as atividades industriais como
limpeza de caldeiras e operação de incineradores e circulação
de veículos a óleo diesel.

ESTADO DE EMERGÊNCIA:
-(CO, O3 e SO2): totalmente proibidas a circulação de veículos
na área atingida.
-(MP e SO2): paralisadas as operações industriais.
3 Poluição do Ar

Dióxido de enxofre - SO2


Efeitos no meio ambiente Chuva ácida
3 Poluição do Ar

Ambientes abertos: “outdoor”


Material particulado

Partículas entre 2,5 e 10 mm compostas por material orgânico,


inorgânico e biológico
DÚVIDAS???

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