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Tradução e adaptação para o português (BR) dos textos contidos no manual: Charcas con
vida
Um dos objetivos do Charcos com Vida é a criação de uma rede de pessoas que de
maneira participativa inventarie e estude os charcos de sua região. O inventário e a inspeção
de charcos são ferramentas que permitem a qualquer pessoa ou grupos de pessoas aproximar-
se de uma maneira singela a eles e contribuir ao seu estudo e conservação.
Inventário de charcos
Encharquemo-nos
Tentar faze-las cada ano nas mesmas datas. Deste jeito pode se ver a evolução de
algumas características observadas (ex.: abundância da vegetação, quantidade de água, etc.)
Dedicar sempre o mesmo esforço amostral nas diferentes inspeções (ex.: número de
vezes que passamos o puçá).
A hora de realizar o estudo do charco necessita tomar determinadas precauções para que a
atividade suponha o menor impacto possível aos organismos que habitam o humidal.
Antes da inspeção devemos assegurarmos de que o material que iremos empregar seja
esterilizado, significa dizer que as bandejas e o puçá estejam secos e que não levem
sementes (de espécies exóticas, por exemplo). Devemos ter a mesma precaução com
nossa roupa (calçados, mochilas, etc.)
Se possível, devemos evitar de entrar no charco. Podemos fazer o estudo e as análises
utilizando a beira do charco. Desta maneira evitaremos remover sedimentos que
podem afetar os macroinvertebrados, bem com como a vegetação aquática. Se o
fizermos, basta uma pessoa.
A única pegada que se pode deixar é somente a dos próprios pés. Recolha o resíduo
que produzir, além de outros que eventualmente encontrar próximo ao charco.
Uma vez concluída a inspeção, lembre-se de limpar o equipamento. Pode ser feito
deixando-se secar ou limpando com um pouco de enxágue. Com esta medida evita-se
a propagação de enfermidades e organismos de um charco para outro.
E sem esquecer-se:
Quando decidir ir até o charco para fazer a inspeção será melhor faze-lo com o tempo
bom. Não se deve ir com pressa para que se possa aproveitar o trabalho de campo.
É importante não fazer a inspeção se nos dias anteriores choveu muito, já que isto
pode influenciar nos resultados e tamanho do charco, profundidade, etc. Se, por exemplo,
houve um temporal, aguarde pelo menos uma semana antes de fazer a inspeção.
Esquema do charco
Se seu charco tem outros próximos, pode fazer um esquema em conjunto. Uma opção
é fazer um esboço detalhado do charco que será feita a inspeção, e outro esquema como um
mapa geral do conjunto dos charcos.
Pode-se utilizar um satélite para observar o charco (por exemplo Sixpac ou Google Earth).
No sistema de informação geográfica de parcelas, Sixpac, há uma ferramenta que permite
medir distâncias e áreas que pode ser muito útil para completar o esquema do charco. Porém,
lembre-se que estes visualizadores trabalham com fotos de uma época específica do ano e os
charcos são muito dinâmicos em relação à quantidade de água. Se a foto do charco foi tirada
no verão, ele pode aparecer na imagem quase seco ou sem água.
Também pode se utilizar um mapa de escala 1:2000 ou de maior detalhamento e assim
desenhar um esquema com maiores detalhes. A utilização de mapas geográficos traz a
vantagem de caracterizar melhor a silhueta e extensão real do charco.
Se dispor de um aparelho de GPS, pode realizar o contorno do perímetro do charco
para depois calcular sua superfície e observar sua forma.
Ficha de inspeção
Antes de preencher os itens de sua ficha é importante se familiarizar com o charco que
será inspecionado. Para isso pode-se realizar um passeio ao entorno do charco e observar as
suas características. Esta atividade facilitará o trabalho. Impactos antrópicos, fauna, flora,
entre outras coisas, são aspectos que merecem atenção e, portanto, devem ser observados.
Dados gerais
Procurar preencher os dados da ficha de inspeção com letra legível. Caso o charco
esteja em propriedade particular, preencha duas fichas de inspeção, pois uma deve ser
entregue ao proprietário da propriedade.
Caso o charco não se encontre situado em propriedade privada, deve-se especificar sua
localização utilizando-se de pontos de referência (beira de estrada, parque público, etc).
Dados meteorológicos
No caso dos anfíbios, como muitos apresentam hábito noturno, pode-se complementar
o estudo fazendo-se uma visita noturna ou após ao pôr do sol. Também pode-se escolher um
dia de pouco calor e com bastante umidade para esta inspeção.
Estudo do charco
Como é o nosso charco: Descrição do ponto da água (tipologia, usos e ameaças dos
charcos assim como a análise do habitat circundante).
Caracterização física: Medição das características físicas do charco, profundidade,
superfície, substrato, etc.
Caracterização da água: Medições de parâmetros físico-químicos da água como a
temperatura, turbidez, pH, nitratos e oxigênio dissolvido.
Caracterização biológica: Porcentagem de vegetação ao redor e dentro do charco.
Deve-se procurar realizar um inventário com o máximo de esforço amostral da flora e
fauna do charco e do meio.
Estudo histórico-patrimonial: Para aqueles charcos construídos por humanos. Destaca-
se a origem ou o uso que teve o charco, assim como todos aqueles aspectos históricos
ou culturais ligados ao mesmo.
Existe uma grande diversidade de charcos, todos eles são importantes. A primeira
coisa que devemos distinguir é se estamos frente a um charco natural ou artificial. As
vezes pode ser complicado sabe-lo, já que alguns pontos de água como possas ou
pequenas explorações minerais devido à sua antiguidade podem estar muito naturalizadas.
Também é possível que no local onde pretende-se fazer a inspeção, não haja um
charco, senão vários. Isto também é um dado importante. Recomenda-se que se recolha os
dados dos demais charcos em conjunto, caso houverem, mas concentre-se em um destes
para fazer a inspeção. Neste, realiza-se o levantamento de dados relativos à fauna e flora,
parâmetros químicos, etc. Posteriormente, se quiser pode-se fazer o mesmo com os demais
charcos. Mas, lembre-se de repetir as amostragens no mesmo lugar e com igual esforço. É
melhor pouco e bem feito, ao invés de muito e mal feito!
Porém, caso se esteja disposto, pode-se fazer duas coisas: primeiro, obtenha os dados
no campo (número de charcos, superfície aproximada e superfície total do terreno onde se
encontram) e depois tente tomar as mesmas medidas com as ferramentas do Sixpac. Logo
após, compare e corrija as diferenças.
Além dos charcos naturais existem outros muitos pontos de água que apresentam uma
origem antrópica (criadas com fim de armazenamento de água). Estas são de grande valor
para a conservação da biodiversidade e também para o patrimônio cultural. Assim,
observe e indague a origem do charco e se não se encontrar na ficha, podes inserir no item
“outros”, explicando com poucas palavras de que tipo de charco artificial se trata.
Uso do charco
Os charcos são elementos da paisagem aos que podemos atribuir diferentes usos.
Alguns foram criados com fins ornamentais, outros para serem empregados como aula de
campo, etc. Antigamente a construção de pontos de água fazia-se sobre tudo para
aproveitar-se este recurso natural, bem fosse para lavar, bem para dar de beber ao gado ou
então para regar as flores. Lamentavelmente, muitos desses usos foram abandonados e
com eles estes valiosos pontos de água. Se o charco é de origem artificial, procure
conhecer sobre seu uso no passado.
Será importante destacar qual é o uso que mais se beneficia do solo, já que dará uma
ideia do que rodeia e da existência de possíveis ameaças. Por outro lado, isto também
permite conhecer as suas potencialidades. Não será a mesma coisa a situação de um
charco que se encontra rodeado de uma monocultura de eucaliptos, se comparado a outro
rodeado por um bosque frondoso. Procurar fazer uma estimativa em porcentagem da
superfície que cobre esse uso ao redor do charco. Para determinar os usos entre os 10
metros e os 100 metros, o programa Sixpac ou Google Earth poderão ser de grande ajuda.
Impactos e ameaças
A pouca consideração frente aos charcos por uma grande parte da população, somada
a sua escassa ou nula proteção por parte da administração é a origem de múltiplos
impactos. Será logo importante fazer um seguimento das principais alterações detectadas
no charco e de possíveis ameaças.
Uma das agressões ambientais mais fáceis de observar será a presença de resíduos.
Há charcos que de maneira natural mostram uma película superficial que parece óleo,
mas não o é, já que é derivado da ação de microrganismos. Principalmente ocorre em
charcos de bosque. Não confunda com óleo de algum encanamento.
Outro impacto que muitas vezes se apresenta nas zonas úmidas são as alterações
morfológicas como aterros ou dragagens, por exemplo. Os aterramentos são feitos com a
finalidade de eliminar a lâmina de água e ampliar a superfície do terreno, sobre tudo, para
fazer cultivos intensivos.
Caso observe-se alguma ameaça ou impacto no charco que não aparece na lista poderá
ser acrescentado junto ao item “outros”, especificando-se brevemente de que se trata.
Depois de ficar a par de como é o charco e o seu contorno próximo, pode-se inspecioná-lo
um pouco mais a fundo. Para isso, é possível caracteriza-lo de três formas diferentes.
Caracterização física
Tenha em conta que quanto mais diverso em ambientes e micro habitats seja o charco,
seguramente maior biodiversidade irá acolher. Assim, serão diferentes um charco muito
fundo de outro com partes profundas e beiradas pouco pronunciadas ou com vegetação
aquática ou sem vegetação. Devemos apurar os dados sobre a parte física, pois nos dará
uma visão geral deste hábitat.
Área e profundidade
Começar medindo a área. Ter-se em conta que não é uma medida muito precisa, já que
faremos uma aproximação da superfície medindo largura por largura, e na grande maioria
dos casos os charcos não apresentam uma forma retangular (exceto pias ou bebedouros).
Mediremos duas coisas: a área que ocupa a água no momento de fazer a inspeção e, a
área do charco, sendo esta aquela que inclui a vegetação das margens. Para calcular as
dimensões (largura por largura) de cada uma das zonas do charco. Poderá usar um rolo de
corda ou fita métrica. Uma pessoa deverá assegurar a corda numa beira do charco e outra
pessoa deverá deslocar-se até a beira oposta assegurando a corda. Depois marca-se com
uma caneta ou marcador o limite da corda, para finalmente medir com a fita métrica a
medida obtida.
Para calcular a profundidade média do charco, se este é pouco profundo, meça com
um pau ou uma pedra atada a uma corda (barbante), medindo posteriormente a longitude
molhada.
No caso de um charco muito profundo, o qual não se pode entrar, se pode perguntar
aos vizinhos e vizinhas. Talvez alguma pessoa tenha visto o charco vazio ou quase vazio.
Nesse caso indicar uma estimativa. Deve adicionar também a porcentagem da área
ocupada de pouca profundidade, é a porcentagem do charco que tenha uma profundidade
menor ou até 25 metros.
A inclinação das margens do charco ou ponto de água é importante, sobre tudo para
alguns animais. Certos anfíbios precisam ter um caimento pouco pronunciado para que lhe
seja fácil subir e abandonar o charco. Alguns pontos de água com paredes verticais,
muitas vezes acabam sendo uma armadilha mortal para estes animais que entram para se
reproduzir e logo não conseguem sair, morrendo afogados.
Tipo de substrato
Segundo o tipo de substrato existente no charco, se verão favorecidos uns tipos de
organismos em relação a outros. Isto também tem a ver com o grau de naturalização e o
potencial de regeneração. A diversidade de substratos favorecerá a diversidade de
organismos, sobre tudo na comunidade de invertebrados. Deverá estimar
aproximadamente a porcentagem dos diferentes substratos: Argila/lama, areia/cascalho,
rochas, artificial, etc. Este parâmetro só poderá ser medido com precisão se a
profundidade permite ver o fundo. Ainda assim, se o charco é muito fundo por estar numa
área arenosa pode se intuir qual é o substrato da mesma. Tente fazer uma medida de toda
o charco ou se não é possível, indique que se faz referência à zona de amostragem.
Caracterização da água
Esta apresenta-se como a uma das partes mais importantes na inspeção do charco: a
água. Bem se sabe que sem não houver água, tampouco poderia estar fazendo a inspeção,
mas talvez esta água nem sempre está no local, e quando está... de onde se origina? Isto é
o que iremos descobrir. Posteriormente se faz uma singela análise das características
físico-químicas dessa água.
A água fluí
Os charcos são pequenas massas de água de corrente muito reduzida ou parada. Ainda
que em muitos lugares se fala de charcos como sinônimos de água estagnada, a realidade é
que muitas delas (pias, poças, etc.) apresentam durante todo o ano ou parte dele, um
pequeno fluxo de água. Este aspecto é importante, já que pode ser limitante para
determinadas espécies.
Nível da água
O nível da água do charco será outro aspecto importante que se deve apontar e assim
valorizar se este é o habitual, escasso ou abundante para a época do ano.
A origem da água
O hidroperíodo é o tempo durante o qual o charco retém água. Para analisar este
parâmetro deve-se conhecer bem o charco, ou perguntar aos vizinhos e vizinhas. Talvez
na primeira visita não se possa conhecer seguramente sobre seu hidroperíodo. Porém a
segunda visita será durante o verão, que dependendo da localização geográfica acaba
sendo uma estação de seca. Se ainda apresenta bastante água é provável que a tenha ao
longo de todo o ano. Com o passar do tempo pode-se fazer uma visita semanal ou
quinzenal.
Caracterização físico-química
O pH
O pH mede o grau de acidez da água. Os valores de pH medem-se numa escala que vai
de 0 a 14, na qual o valor neutro se situa em 7, sendo o zero a acidez máxima e 14 o valor
mais básico. Dentro desta escala há um intervalo específico no qual situa-se a maior parte
da biodiversidade, tanto de flora como de fauna, que muitas vezes está compreendido
entre 4 e 10. Há organismos que podem sofrer de distúrbios e inclusive morrer em
condições muito ácidas ou muito básicas. Aliás, águas ácidas podem provocar a
dissolução de determinadas substâncias tóxicas para os organismos que habitam nos
charcos.
As causas que podem produzir variações de pH na água são, por um lado, a natureza
geológica da zona onde se realiza a medição. Por outro lado, estão as ações relacionadas
às atividades humanas, como vazamentos de águas residuais industriais que podem gerar
variações importantes de pH e provocar danos às povoações de organismos do charco.
Como o medimos?
Encha um tubo com 10 ml (grande) com água (até em cima) e coloque o comprimido
de pH. Feche o recipiente e agite até dissolver totalmente a pastilha. Compare com a
escala colorimétrica correspondente e anote o resultado na folha de campo.
Os nitratos
Como o medimos?
Encha um tudo de 10 ml com água até a metade (5 ml) e coloque nele a pastilha 1 de
nitratos. Feche o recipiente e agite até a dissolução total da pastilha. A seguir, coloque a
pastilha 2 de nitratos e volte a agitar. Uma vez dissolvida, espere cinco minutos e anote o
resultado observado na escala colorimétrica.
Oxigênio dissolvido
Como medimos?
Encha um tubo pequeno (5 ml) do lote de inspeção com uma amostra de água e
coloque duas pastilhas de medir o oxigênio. Feche o recipiente e agite até a dissolução
total das pastilhas. Espere cinco minutos e compare com a escala colorimétrica. Anote o
resultado na folha de campo.
A temperatura
Como medimos?
Para medir a temperatura, afunde a parte inferior do termômetro (nunca de mercúrio) num
frasco com água ou diretamente no charco. Neste último caso, tenha cuidado para não deixar
o termômetro cair até o fundo do charco.
A turbidez
Existem medidas padrão para aferir a turbidez, que se utilizam nos estudos científicos. A
mais usada é o disco de Secchi com o qual pode-se medir a profundidade conforme diminui-
se a visibilidade do disco enquanto este submerge na água. Entretanto há uma alternativa mais
artesanal, mas não menos eficiente e que será descrita a seguir.
Como medimos?
Pegue uma garrafa plástica transparente de um litro e meio. Corte a parte cônica, para
obter um cilindro regular. Encha o recipiente com água do rio até que preencha-o todo.
Coloque o disco de Secchi dentro da garrafa. Faça imediatamente para evitar que se decantem
os sólidos em suspensão. Olhe o disco através da coluna d’água. Anote os setores que podem
ser vistos com nitidez a olho nu.
Caracterização biológica
A medida que for sendo feito o esquema e tomando as diferentes medições observe e faça
anotações a respeito da diversidade vegetal e animal. Tenha em conta que muitos animais
capazes de habitar o charco ou usá-lo de vez em quando podem ser muito esquivos, mas
certos indícios podem ajudar, como excrementos, restos, plumas, etc. Os rastros e pegadas
também pode revelar a biodiversidade.
Aquática emergente;
Aquática submersa;
Aquática flutuante;
Terrestre submergida;
A ocupação das margens por vegetação de hábito arbóreo é importante para determinar a
quantidade de luz que chega ao charco, o que favorece ou limita o crescimento da vegetação.
Será de interesse, portanto, observar e anotar a sombra produzida pela vegetação circundante,
principalmente pela de hábito arbóreo, tanto em quantidade de sombra como em porcentagem.
Flora
Podes identificar com a ajuda de fichas e guias as espécies presentes no charco. Será
comum encontrar principalmente espécies de hábito aquático e arbóreo, além de arbustos. Se
encontrar alguma espécie que não está na ficha inclua-a no item: outros.
Fauna
Uma vez terminadas as passadas com o puçá, poderá se dedicar a identificação dos
organismos capturados. Utilize uma chave para identificação de macroinvertebrados e
anfíbios e tente identificar a maior quantidade de organismos possíveis, ao mesmo tempo que
for os separando.
Os anfíbios são os vertebrados mais ameaçados do planeta. É por isso que um dos
objetivos do projeto é a sua conservação e conhecimento. Para a identificação de espécies de
anfíbios pode ser útil utilizar a chave de identificação disponibilizadas nos materiais do
projeto. Quando identificar algum anfíbio especifique se é uma larva ou um adulto, e nesse
caso se é um macho ou uma fêmea, se possível.
Lembre-se que os anfíbios precisam ter a pele umedecida, portanto deve se ter cuidado
para que não ressequem. Uma vez identificados devolva-os ao seu hábitat. Além disso, caso
se interessar, poderá observar outros tipos de fauna, como aves, répteis, insetos, etc.
Rastros e pegadas
Durante os horários que se pretende realizar a inspeção poderá ser difícil observar a
possível multidão de animais que se esconderam ou caminharam em quanto sentirem a
presença humana. Porém, há um punhado de indícios que conforme se aprende observar
poderão dar alguma pista dos esquivos habitantes e visitantes do charco.
Os charcos são lugares que além dos inquilinos habituais, são visitados por um elevado
número de animais que buscam aliviar sua sede, se alimentar ou descansar. Plumas ou penas,
excrementos, restos de comida ou pegada na lama permitem saber quem habita ou visita o
charco. Se nos concentrarmos podemos identificar rastros como: a pegada de uma graça que
estava caçando rãs, os restos de um veado que raspou os chifres em um salgueiro. Assim,
independente da estação do ano, observar os indícios de vida deixados pelos organismos que
habitam ou visitam o charco podem revelar a dinamicidade das relações que ali se
estabelecem entre as populações e comunidades presentes neste ecossistema.
Quando ser possível observar algum indício procure registrar, se possível, em fotos e
acrescentar uma descrição. Atualmente existem guias de identificação de restos e pegadas que
podem auxiliar.
Espécies invasoras
Nota: Nas fichas que serão fornecidas com o manual aparecem as principais famílias de
macroinvertebrados e algumas espécies de répteis, aves e mamíferos, associados aos charcos.
Se preferir fazer identificações de maior precisão será necessário levar guias de campo
específicos para esta finalidade.
Arquitetura popular vem sendo toda intervenção feita pelo homem sobre o meio natural
com o objetivo de modifica-lo para que, tendo em conta as suas demandas de caráter
funcional, socioeconômico e cultural, se logrem com essa modificação as melhores condições
para a vida humana. (Manuel Caamaño)
A modificação do entorno que se realizou ao tempo em que nossa cultura avançava criou
um aumento dos elementos patrimoniais com diferentes funções e usos. Construções
relacionadas com a água como fontes, represas e caldeiras para a rega, lavadouros, etc, são
elementos da paisagem. Entretanto, devido à má preservação desse patrimônio, a paisagem
pode se tornar mais pobre, cultural e ambientalmente.
O abandono destes elementos patrimoniais por falta de uso e manutenção pode dar lugar a
que lâmina d’água se perca, diminuindo a biodiversidade associada. Pelo contrário, a sua falta
de uso também pode permitir que certas povoações de animais ou plantas ocupem esse
espaço, aumentado a biodiversidade.
É possível que alguns elementos que sejam inventariados como áreas de charcos possam
ter certo valor patrimonial, como uma antiga fonte.
REFERÊNCIAS
ADEGA. Manual Charcas con vida. Santiago de Compostela - Galiza. P. 18-52, 2013.