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Processo n. 17.12.2006
EMPRESA DE LATICÍNIOS “6 AMIGOS S.A”, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ de (número), nesta Comarca, sem endereço eletrônico, neste
ato representado por seu advogado, que esta subscreve (procuração em anexo), vem,
respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 525 do Código de
Processo Civil de 2015 (CPC) e mais disposições aplicáveis à espécie, apresentar a
presente
em face de JOEY TRIBBANI já qualificado, pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos.
1. PRELIMINARMENTE:
No que tange ao depósito realizado, verifica-se que fora depositado o valor de
R$20.000 (vinte mil reais), o qual inclui pagamento de R$10.000 (10 mil reais) a título
de dano moral e R$ 5.000 (cinco mil reais) a título de dano material, bem como o
percentual de 20% de honorários sucumbenciais advocatícios, conforme certidão de
cálculo em anexo.
2. DOS FATOS:
A impugnante Empresa de Laticínios “6 Amigos S.A” foi demanda no
processo na Ação proposta por Joey Tribbani perante à 1° Vara Cível da Comarca de
Tramandaí. Após o devido prosseguimento do feito, sobreveio a sentença determinando
o pagamento no montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de danos morais,
acrescidos de R$ 5.500 (cinco mil e quinhentos reais) a título de danos materiais e
honorários sucumbenciais de 20%.
Após o trânsito em julgado do processo de conhecimento, o autor requereu o
início da execução, juntando os cálculos de liquidação atualizado, totalizando o
montante de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
Após o trânsito em julgado da demanda, a executada, em sede de impugnação
ao cumprimento de sentença, insurgiu contra os cálculos apresentados pela exequente,
motivo pelo qual apresenta as suas razões de mérito no que segue.
3. DO MÉRITO:
Conforme dispõe o artigo 491 do Código de Processo Civil, o Magistrado na
sentença de primeiro grau, minudente, condenou ao pagamento de quantia, ao dizer que
a decisão deve definir desde logo a extensão da obrigação, o índice de correção
monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização
dos juros, se for o caso.
Honorários 20 %
sucumbenciais
Em congruência, se apresenta ao presente autos a liquidez determinada pelo
Juízo nos autos do processo de conhecimento, se não vejamos:
Em relação a isso, conforme as fls. Xxx, o credor apresentou os valores
atualizados do montante de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), o que, ao entendimento
por essa signatária, extrapola os valores arbitrados em juízo e, inclusive, coloca em
dúvida a boa-fé e a cooperação processual do exequente.
Cabe ressaltar que a parte executada não está se eximindo da sua
responsabilidade de cumprir com uma obrigação reconhecida pelo Tribunal de Justiça,
mas sim questionando a legitimidade dos cálculos apresentados pela parte exequente.
Dessa maneira, nos termos do artigo 525, §4°, do Código de Processo Civil, a
parte autora apresenta os seus cálculos atualizados em sede de cumprimento de sentença
no montante de R$ 20.000,00, conforme os demonstrativos que seguem em anexo a esta
petição.
Outrossim, conforme o exposto no artigo 525, §1°, V do Código de Processo
Civil, em sede de impugnação ao cumprimento de sentença poderá ser elencada a
alegação de excesso de execução, assim vejamos:
Para que o executado seja ouvido, quando sua impugnação
acuse excesso de execução (art. 525, § 1º, V), é indispensável
que a afirmação de estar o exequente a exigir quantia superior
à resultante da condenação seja acompanhada da declaração
imediata de qual o valor que entende correto, mediante
apresentação de demonstrativo discriminado e atualizado do
seu cálculo (NCPC, art. 525, § 4º).1
Dessa maneira, se mostra incontroverso o pagamento a título de danos morais,
materiais e honorários sucumbenciais pelo montante de R$ 20.000,00
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THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 50 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
v. 3.
Por fim, a jurisprudência do Tribunal de Justiça é pacífica ao reconhecer o
excesso de execução naqueles processos cujo pedido do exequente excede a quantia
fixada em decisão transitada em julgado, vejamos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA.
IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
ACOLHIDA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. DESCABIMENTO.
Inexistência de dolo processual no agir da parte recorrente
capaz de ensejar a aplicação da penalidade por litigância de
má-fé prevista no artigo 80 do Código de Processo Civil.
EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ. DEFERIMENTO. LIBERAÇÃO DO
VALOR INCONTROVERSO. Havendo manifestação expressa
da parte devedora quanto ao montante que entende ser
incontroverso, inexiste óbice para que dito valor seja liberado
em favor da parte credora. Sendo definitivo o cumprimento de
sentença e incontroversa a quantia a ser levantada,
desnecessária a caução. SUCUMBÊNCIA MANTIDA.
EXCESSO RECONHECIDO. SUCUMBÊNCIA DA
IMPUGNADA. MODIFICAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO.
Uma vez acolhido o excesso de execução veiculado pelo
impugnante, implica decaimento integral da parte impugnada,
que deve arcar com o pagamento das custas e honorários
advocatícios. Alteração da base de cálculo, fins de incidir o
percentual arbitrado pela sentença sobre o valor excluído da
execução. AGRAVO DE INSTRUMENTO PARCIALMENTE
PROVIDO.(Agravo de Instrumento, Nº 70079145322, Décima
Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana
Beatriz Iser, Julgado em: 14-11-2018)
Diante da presença dos requisitos previstos em lei, esta impugnação deve ser
recebida no efeito suspensivo.
Consoante art. 525, § 6º do CPC, os requisitos para que seja atribuído efeito
suspensivo à impugnação são os seguintes: (i)garantia do juízo (há penhora), (ii)
fundamentos relevantes da defesa e (iii) grave dano no prosseguimento da execução.
O que já foi acima exposto demonstra claramente que o pagamento a título de
danos morais, materiais e os honorários sucumbenciais extrapolam o que foi arbitrado
na Sentença de Primeiro Grau.
Por sua vez, o valor caução já pago a penhora já sana o prejuízo causado à
parte exequente, Desta maneira, não há o risco de dano da presente demanda, senão
àquele causado pelo próprio credor no que tange ao excesso de execução.
b) a intimação da impugnada, na pessoa de seu procurador, para que,
querendo, apresente resposta a esta impugnação;
f) requer provar o alegado por todos os meios em direito admitidos,
especialmente pelos documentos ora juntados.
Nestes Termos,
pede deferimento.
Local/Data
OAB n. (número)
A IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA:
Matéria de Ordem Pública, a impenhorabilidade do bem de família é àquele
previsto no artigo 6º da Constituição Federal, sendo uma das premissas para a garantia
fundamental do bem de família.
Como preceitua o § único do art. 1° da Lei 8009/90, o bem de família é
impenhorável e compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as
plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os
de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.
Ocorre que no atual cenário do Judiciário, a exceção da regra da
impenhorabilidade vem, cada vez mais, abrindo margem as novas interpretações pelo
Magistrado, havendo, assim, um confronto entre o referido direito constitucional e a sua
exceções, vejamos um exemplo:
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THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 50 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
v. 3.
fazendo-se interromper o prazo prescricional também em relação à
obrigação acessória. Não tendo havido o último ato do processo,
permanece interrompida a contagem do prazo prescricional. A
despeito da possibilidade de se declarar como bem de família
impenhorável o imóvel registrado em nome de pessoa jurídica, a
Associação não logrou comprovar que o imóvel é utilizado como
residência de alguma associado e sob quais condições. A discussão
sobre critérios de remuneração e atualização monetária não afasta a
liquidez do título executivo, que se consubstancia na
determinabilidade do valor executado. Os oficiais de justiça são
profissionais qualificados para a avaliação de bem imóvel, estando
habilitados a exercer tal tarefa, que, inclusive, consta dentre as suas
atribuições previstas no art. 143, V, do CPC. Ausentes elementos que
refutassem o laudo do oficial ou que demonstrassem a necessidade de
nomeação de um perito específico.
Assim, tal abertura põe à tona o conflito de princípios Constitucionais e do
Código Civil, tais como a operabilidade, o devido processo legal em prol da boa-fé
processual.
A boa-fé objetiva impõe uma regra de conduta, se tratando de uma contenção
às práticas abusivas contratuais, bem como delimitando a fonte de novos deveres de
conduta anexos à relação contratual; limitadora dos direitos subjetivos advindos da
autonomia da vontade, bem como norma de interpretação (observar a real intenção do
contraente) e integração do contrato.
Em minha opinião, a impenhorabilidade do bem de família, no presente caso,
deve ser relativizado, uma vez que houve quando firmado o contrato, o autor apresentou
a sua vontade na questão, qual seja: a abertura da penhora de sua residência.
Ou seja, na presente demanda, se o autor se tentasse se beneficiar com o
escudo estipulado pelo 833 ele estaria agindo em desacordo com a boa-fé e se
beneficiando pela sua própria torpeza (Venire Contra Factum Proprium).
Venire Contra Factum Proprium se refere a uma locução de origem canônica
expressa o ideal de que ninguém se beneficie de sua própria torpeza . Por exemplo, o
credor que concordou, durante a execução do contrato de prestações periódicas, com o
pagamento em lugar e tempo diferente do convencionado, não pode surpreender o
devedor com a exigência literal do contrato, não se exige dolo nem culpa do credor, a
proibição do venire é uma aplicação do princípio da confiança e não uma proibição de
má-fé e da mentira.
Assim, ao caso em análise, o autor estaria se beneficiando de sua própria
torpeza. Da mesma maneira, uma das exceções do bem de família é a penhorabilidade
quando esse ultrapasse o limite normal da sobrevivência de uma família. Ao caso em
apreço, o autor teria um bem avaliado em dois milhões de reais, o que não impediria,
para o bom andamento familiar, a penhora de tal bem com a posterior compra de um
imóvel menor o qual sanasse as necessidades familiares.
Da mesma maneira, caso fosse possível, o imóvel também poderia ser dividido,
sanando a dívida e não sendo necessário o desfazimento do bem.
Assim, entendo que o devedor, levando em consideração que no momento de
formação do contrato compactuou com a penhorabilidade de seu único bem deverá
arcar com a consequências dos seus atos, recebendo, assim, a execução do imóvel em
desfavor dele.