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Aluno: João Pedro Moreira

RA: 117634

Ao refletirmos a atividade humana sobre o mundo, percebemos diversas


características que nos separam do resto dos seres vivos. Dentre elas, a busca pela
excelência se destaca. Nós a buscamos (ou pelo menos deveríamos) em todas as
relações sociais: na amizade, na família, no amor, na escola, na faculdade etc. A
tentativa de a alcançar, significa seguir rumo à evolução, não só no sentido biológico,
mas no âmbito do enriquecimento do espírito humano, de todas as potencialidades que
compõe o homem.

Para ser excelente em uma atividade, é necessário tempo, paciência,


perseverança e muita dedicação por parte do sujeito, pois essa virtude é adquirida com a
vivência concreta do ser. Dia após dia, o sujeito tenta, treina, estuda, e se desenvolve,
para assim, forjar sua excelência.

Independente de características individuais, todos podemos alcançá-la. Assim


acontece no esporte adaptado às pessoas portadoras de deficiência. No caso dos atletas,
nota-se o mesmo processo desgastante para alcançar a máxima de desempenho. Todos
eles passam por dificuldades como: cansaço, desânimo, baixa autoestima, ansiedade etc.
E da mesma forma, também alcançam resultados incríveis em suas atuações. O que é
percebido pela sociedade, no geral, é um certo drama ao reconhecer o talento de um
para-atleta, pois em seu discurso, a retórica de “superação” ao se referir para com esses
atletas está impregnada. Tal drama é utilizado com sentimento de pena e dó em relação
as deficiências inerentes a eles. Mas o que não percebem, é o tamanho da inutilidade
dessa argumentação, porque se eles podem alcançar à excelência assim como qualquer
outra pessoa, não sentido em se referirem a eles como “coitados”.

Ao invés de sentir essa pena sem sentido de um para-atleta, caberia uma certa
revolta e indignação aos reais problemas que afetam a vida dessa população. A
negligência política é o real problema. A falta de apoio, suporte e incentivo no esporte
adaptado a esse grupo de pessoas, é resultado de toda essa negligência. Direcionar uma
espécie de “parabéns pela sua superação” de nada ajuda, se essas pessoas não tratadas
como tal, e não tem a sua atenção necessária quando precisam. Apesar de uma parte da
sociedade se preocupar com as necessidades provenientes desse povo, a maior parte da
sociedade ainda não percebe, ou não querem ver. A principal instituição que pode
promover a mudança no olhar de toda a sociedade num geral, é a escola. Assim como
Platão disse, a arte de educar não consiste em dar a visão ao espírito do ser, pois ele já
tem, antes disso, consiste em orientá-la para a luz da verdade. Conhecendo a verdade, o
ser deixa de ser ignorante e percebe o real funcionamento das coisas. Mas para isso,
antes é necessário que haja também um suporte e uma atenção (de verdade) para
educação pública em dimensão nacional.

Além disso um ponto negativo presenciado na busca pela excelência no esporte,


é a iniciação da mesma de forma precoce. Haja vista todo o processo dificultoso que é,
exigir de uma criança ou de um pré-adolescente o desempenho máximo, em muitos
casos, acarretam em diversos problemas psicológicos, ou até mesmo a evasão da prática
esportiva. Ora, o processo de ensino-aprendizagem do esporte deve acompanhar à fase
de desenvolvimento que o sujeito se encontra. Ainda mais, no caso da criança, a
dimensão lúdica do jogo é a que deve ser levada em maior consideração, pois essa fase
do ser humano, é a que mais estimula e vive o lúdico.

Não propiciar às crianças a vivência do lúdico, empurrando-as tão cedo para o


alto rendimento, com certeza não é uma boa opção. Na excelência máxima, é necessária
muita maturidade para lidar com toda a pressão advinda do meio circundante: dos
treinadores, dos pais, da busca pelo resultado etc. E certamente, uma criança ainda não
tem capacidade para lidar com esse tipo de situação, pois ainda está no início de sua
aprendizagem e desenvolvimento. Nesse período, a intervenção pedagógica deve se
atentar com a fase de desenvolvimento psicológico e motor que o estudante se encontra,
encontrando os meios que facilitem a aprendizagem. Desse modo, optar pelo uso da
ludicidade em sua prática pedagógica é uma boa pedida, pois essa dimensão ao mesmo
tempo que torna a vivência e a percepção da realidade mais “leve”, se opondo à extrema
seriedade da excelência do alto rendimento, estimula todas as potencialidades do ser que
aprende.

Portanto, caso um talento seja reconhecido já na fase da iniciação esportiva, é


dever do educador saber os caminhos necessários e adequados para um
desenvolvimento sadio , pois caso contrário, todo esse potencial latente pode ser perdido
em uma intervenção descuidada e ignorante.

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