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Mirza Zamanova

Clã: Lasombra
Criador: Amélia Jhones (Sabá)
Mentor: Alexei Herzen
Natureza: Esperto
Comportamento: Bon vivant
Geração: 10ª
Nascimento: 1900
Abraço: 1930
Idade Aparente: 30
Idade como vampiro: 86

Sua vida – humana

Nascido no ano de 1900 na Romênia, num pequeno vilarejo nas terras na


Europa Oriental, na prospera família Zamanova, sendo o terceiro dos sete filhos de
Vladimir e Anastasia. Mirza conheceu todas as vantagens de um nascimento nobre e
mostrou a genialidade requerida em tenra idade. Mirza estudou nos melhores colégios
da época, mostrando grande aptidão em diversas áreas, porém sempre muito quieto
preferia os livros às pessoas. Era possível encontra-lo nas bibliotecas estudando os mais
variados assuntos. Contudo, nunca conheceu a vida fácil. Desde pequeno foi educado
por seu pai, um homem severo e rigoroso, nas artes da guerra e liderança, coisas que
nem mesmo os melhores colégios poderiam ensinar. Em contra partida, teve todo amor
de sua mãe Anastasia, que tentava a todo custo amolecer o coração de Vladimir.
Anastasia não queria que mais um dos seus filhos crescesse sofrendo abusos de
Vladimir e fosse jogado na guerra como os demais. Seu pai discordava, pois achava isso
uma fraqueza. A vida de Vladimir era somente a luta. O sangue viking que pulsava em
suas veias falava mais alto.

O começo do século era um tempo curioso, de guerras, início de


explorações e grandes revoluções surgindo a todo o momento. Em meio a esses
acontecimentos, Mirza buscava aprimorar suas habilidades, tanto nos ensinamentos
acadêmicos quanto nos ensinamentos de seu pai. Mirza não queria começar nenhum
acesso de fúria por parte de Vladimir. Entretanto, Mirza teve o infortúnio de nascer o
terceiro filho da família Zamanova. Seu irmão mais velho, Finn, herdaria o título de
conde que pertencia a Vladimir, a menos que algo ocorresse para interromper sua
saudável vida. Então, Mirza depois de terminar seus estudos, foi deixado com duas
alternativas: o exército ou a igreja. Numa idade bastante prematura, Mirza decidiu ir ao
exército. Juntou-se a um regimento que o atraiu, baseado na alta porcentagem de filhos
de nobres já abrigados como oficiais. O ano era 1915.

Em 1916, a Romênia entrou na Primeira Guerra Mundial ao lado do  Reino


Unido, a França e o Império Russo. Ao final da guerra, os impérios austro-húngaro e
russo haviam terminado; corpos governamentais criados na Transilvânia, Bessarábia e
Bucóvina escolheram a união com a Romênia, resultando na Romênia Maior. Com
dezesseis anos, Mirza lutou mais batalhas do que podia contar para um garoto de sua
idade. Ao fim da Primeira Guerra, em 1918, a família Zamanova recebeu um
comunicado dizendo que Mirza falecera em combate.

1917 – 1918

Já era o terceiro ano em que Mirza combatia na Primeira Guerra Mundial. A


cada dia, mais companheiros eram mortos. Não sabia quanto mais iria aguentar, ou o
quanto mais sua sanidade iria durar em meio à carnificina diária. Em convívio diário
com a morte, a perda e a distância de entes queridos, tornou-se uma pessoa mais fria e
distante. Em 1917, não suportando mais o cotidiano da guerra, teve a ideia de forjar sua
própria morte. Para isso persuadiu alguns companheiros de regimento que assim como
ele não queriam passar um dia sequer “vivendo” daquela maneira. O plano foi
executado ao longo de vários dias. No fim, estava acabado. Finalmente, em 1918 a
Primeira Guerra chegava ao fim, com a vitória dos aliados. Mirza saíra com vida, porém
sua humanidade não era mais a mesma.

Após a deserção da Primeira Guerra, forjando a própria morte, Mirza e seu


grupo fizeram vários saques entre a França e o Canadá. Agora, sem casa, sem recursos e
sem nome, Mirza e seus companheiros desertores, procuraram meios de conseguir
algum sustento. Essa foi à maneira encontrada. Durante essa odisseia, Mirza mostrou
grande habilidade como líder. Estava então no final dos seus 17 anos. Tornara-se um
jovem alto, forte, com enormes cabelos negros e profundos e vazios olhos cinza
esverdeados.
Após vários anos vivendo uma vida sem lei, em meados de 1929, Mirza
planejou uma última viagem ao Canadá, então se aposentaria e iria viver a vida com a
riqueza que havia acumulado em pouco mais de um ano. Durante esse tempo, descobriu
que seu irmão mais velho ainda estava vivo. Havia se casado e fora abençoado com três
filhos. Não que ele se importasse mais.

Seu abraço

Foi numa noite de verão em 1930, quando Mirza e um pequeno grupo


alcançaram um acampamento índio quase deserto. Os guerreiros estavam mortos, e
restavam apenas as crianças, as mulheres e um velho xamã. Os indígenas ofereceram
sua hospitalidade ao grupo que primeiramente mostraram-se relutantes, mas se
aqueceram com a bondade que era mostrada a eles. Era norma indígena cobrar pela
maior parte, mas eles haviam se acostumado com os estranhos hábitos alimentares dos
‘’selvagens’’.

No mesmo ponto, o velho xamã começou a tocar um tambor e cantar uma


canção dissonante, porém hipnótica. Um por um os homens de Mirza adormeceram
aparentemente incapazes de manter seus olhos abertos ou permanecerem erguidos,
enquanto o xamã continuava cantando. Então do outro lado do acampamento, uma
jovem mulher apareceu, perfeitamente bela, mesmo para os padrões romenos. Não
pareceu estranho a Mirza quando a mulher parou diante dele através da fumaça da
fogueira. Ela estava vestida com pele de corça branca e seu longo cabelo negro brilhava
ao luar.

A amável mulher dançou entorno do jovem deslumbrado e então o chamou


a segui-la nas florestas. Como num transe, ele se levantou e foi com ela para um
pequeno bosque do acampamento. Lá ela se despiu e parou diante dele, sua pele quase
translúcida, e ele incapaz de resistir.

Quando Mirza recuperou os sentidos, ainda era noite, a jovem mulher havia
ido e ele estava nu. Olhou seu torso no luar e se espantou quando percebeu o que seria
uma pintura indígena feita em seu corpo. Uma onda de choque repentina correu por ele
enquanto cambaleava de volta ao acampamento. Os índios haviam partido, mas seus
homens não. Eles estavam no chão, suas gargantas cortadas e as manchas de sangue em
seus corpos. A bela mulher encontrava-se sentada onde o xamã tocava o tambor. Ele
tocou a “pintura” em seu tórax, e achou que fosse sangue. Esfregou a mão na boca,
apenas para encontrar seu rosto coberto com a essência vital. A Fome o pegou com a
força de um canhão a queima-roupa. Ele estava nas florestas canadenses com uma voraz
necessidade que mal compreendia...

Mirza não podia voltar a sua vida antiga, e percebeu que seria inútil tentar
compreender o que aconteceu. Pessoas eram atacadas nas florestas o tempo todo, e se
assumiria que aquele grupo havia sido mais um deles.

A bela mulher graciosamente caminhou em sua direção e tocou-lhe a face.


- Não tema criança. Sua nova vida acaba de começar. Chamo-me Amélia, e
a partir de hoje irei guia-lo em sua não vida.

Amélia se aproxima de Mirza e o abraça. Mirza então sente um misto de dor


e prazer como nunca sentira antes. De repente tudo ficou escuro. Novamente.

...

Mirza acordou em um local escuro, com o corpo dolorido. Percebeu que não
conseguia se mexer. Estava deitado em uma superfície plana e fria. Tentou mexer os
braços, sentiu que havia pouca mobilidade. Ao mover os braços, pegou um pequeno
objeto quadrado e frio. Percebeu se tratar de um isqueiro. Acendeu. Olhou em volta,
sentiu o que seria terra dentro de onde estava. Sim. Mirza fora enterrado vivo e como se
não bastasse parecia ter sido enterrado com outra pessoa. Usou o isqueiro para iluminar
o corpo. Estava enterrado junto com uma criança. Contudo, a criança respirava
parcamente e pequenos filetes de sangue escorriam de seu pescoço.

- Finalmente acordou meu filho. – Mirza escutou a voz de Amélia vinda do


lado de fora do caixão.
Mirza sentiu como se a voz viesse falar diretamente em sua mente, mas não
conseguia compreender como aquilo era possível. Será que havia enlouquecido?
- Para sair daí, deve se entregar a fome e beber dessa garotinha. Faça isso e
será livre para uma nova vida, caso contrário, perecerá.

Mirza não poderia acreditar. Enterrado vivo. Recusava-se a beber daquela


criança. Pura e inocente. Que nada fez de errado. Procurava pensar em todas as formas
de sair daquele local, mas tudo era em vão. Mirza de alguma forma sabia que o sangue
lhe daria forças para sair daquele lugar. Aguentou o quanto pode, as horas foram
passando e ele sentia o que restava de sangue em seu corpo se esvair. Em determinado
momento a fúria cresceu e tomou conta de seu ser. Lembra-se de pequenos “flashs”
daquele momento. Seu corpo crescendo, as marcas de Caim, a garotinha que estava no
caixão, o cheiro de sangue, carne espalhada, o som da madeira se quebrando, a terra
entrando pelo caixão, a terra sendo cavada, o ar aos poucos aparecendo, o céu
infinitamente escuro, um local deserto, o som de risos e palmas. Mirza desmaiou
novamente.

A partir daquele momento, assumiu uma nova vida.

Não-vida

Quando acordou estava novamente deitado em um quarto, na casa de


Amélia. Quando apalpou as cobertas, percebeu que eram de seda. Olhou para os lados e
viu Amélia sentada em uma poltrona bebendo uma taça de vinho. Não era vinho. O
cheiro era de sangue. Mirza levantou-se em um sobressalto.

- O que aconteceu? Como eu cheguei aqui?

Mirza estava confuso e cansado. Sem saber o que aconteceu. Aos poucos,
“flashs” surgiram em sua mente como uma torrente furiosa. Cada flash que surgia,
Mirza soltava um grito de horror. Amélia calmamente se levantou da poltrona e dirigiu-
se em direção a Mirza.

- Beba.
Mirza levou à mão trêmula a taça e em um gole bebeu o líquido precioso.
Aos poucos seu ser foi se acalmando. Sentou na cama. Olhando para Amélia como
quem busca uma explicação.

- A partir de hoje você renasceu. Ou melhor, nasceu para sua vida. Uma
vida superior a que você estava vivendo. Sinta-se feliz meu filho.

Mirza enfim compreendeu. Fora bem sucedido no teste que lhe foi imposto.
Olhou o quarto, a cama, o luxo e algumas plantas mortas em vasos que enfeitavam o
quarto.

- Pelo visto Mirza você herdou mais de mim do que os poderes do sangue.
Assim com eu, você também “suga” a vida das plantas. Deve-se tomar cuidado com
essa maldição, pois como você bem sabe isso é algo incomum neste mundo. Levante-se,
arrume-se e vamos nos alimentar. Você precisa repor suas energias.

Meia hora depois Mirza desceu do seu quarto vestindo um terno preto. Seus
cabelos pareciam estar mais negros do que nunca. Estava diferente. Sentia-se mais
poderoso, mais bonito e capaz de fazer tudo. Andou em direção ao escritório, entrando
encontrou duas mulheres.

- Venha. Trouxe-as para que comemoremos seu nascimento. Beba a


vontade.

Amélia conduziu Mirza a uma das moças que estava sentada no sofá.
Sentando ao seu lado, percebeu que a moça estava trêmula, porém não se movia. Estava
consciente ainda. Mirza, delicadamente cravou suas presas na jovem mulher. Nesse
momento, a mulher começou a gritar loucamente. Mirza assustado parou de se
alimentar. A mulher consumida pela dor caiu ao chão. Morta.

- Pelo visto estamos descobrindo coisas muito interessantes sobre você após
seu renascimento. Seu beijo não fornece prazer. A mesma maldição que aflige os
Giovannis, mas com o tempo você aprenderá como contornar essas situações. Minha
criança. Sua jornada começa agora. E tenho muito a lhe ensinar.

...

Mirza acordou e abriu os olhos. Mais uma noite chegara. Estava em um


quarto ricamente decorado. Levantou-se. Estava usando um pijama. Olhou-se no
espelho. Continuava com a mesma expressão dura e fria que adquirira um ano antes. Foi
em direção ao guarda-roupa. Retirou um terno e trocou-se. Dirigiu-se a porta do quarto
e saiu. Mirza andou pela mansão em direção à biblioteca, onde Amélia o esperava para
mais uma noite de ensinamentos. Ao chegar à biblioteca, avistou-a sentava numa
poltrona com um livro de sua biblioteca em mãos.

- Entre, meu filho. Vamos continuar seus ensinamentos.


- Obrigado.

Mirza adentrou a biblioteca. Fez uma reverência e sentou-se no sofá. Ainda


olhava admirado para Amélia.

- Me chamo Amélia Jhones, fui abraçada em 1846 por um paladino do Sabá


conhecido como David King. Fui levada para a Camarilla em 1856. Em 1902 conheci
Victor Stiers, um membro do clã Ventrue. Como membro desse clã, nunca se esqueça
disso, para todos os fins, somos Ventrues. Ninguém, em hipótese alguma, deve saber
nossa verdadeira natureza. Continuando. Você foi abraçado porque estamos numa era
de conflitos, que começou em 1912, durante a Primeira Guerra, que na verdade foram
tentativas do Sabá de usar seus rebanhos contra a Camarilla. A Camarilla precisa de
reforços, e como sou uma Ventrue, recebi o direito de ter progênie.

- Estou lutando ao lado do Victor Stiers na guerra, e sempre que conseguia


passava informações para o Sabá, no entanto, meu senhor, David King, morreu na
guerra e acabei perdendo contato com o Sabá.

Mirza escutava a história com atenção. Novamente, uma guerra estava a


caminho, para lhe assombrar e retirar a paz que havia conseguido em mais de dez anos.
- Assim como eu lhe abracei, Victor também teve uma cria. Seu nome é
Sarah Fingers. Em breve vocês se encontrarão.

- Enfim, vamos continuar nossos estudos, pois como você bem percebeu,
temos uma guerra a caminho.

- Neste mundo assustador e sombrio, os vampiros existentes nas lendas e


folclores do mundo são reais: monstros inumanos do oriente, criaturas desfiguradas,
cavaleiros amaldiçoados, imortais insanos e principalmente os vampiros aristocratas e
atormentados. Essas criaturas se dividem em seitas, num esforço para ocultar sua
existência da humanidade e manipulá-la a partir das sombras, enquanto enfrentam a sua
maldição, os conflitos entre imortalidade e moralidade, a abdicação e transformação
gradual do ser humano em monstro inumano, e o confronto pela maestria entre os
demais vampiros do mundo. Existem duas seitas principais e inimigas: a Camarilla e o
Sabá. Cada grupo de vampiros adquire a imortalidade de forma diferente,
desenvolvendo poderes e características distintas; cada 'sub-espécie' entre os imortais se
reúne em "clãs" para assegurar sua sobrevivência e prosperidade. Existem 13 clãs
espalhados pelo mundo.

Apesar de estar com Amélia a pouco mais de um ano, apenas poucas noites
atrás, ela começou a lhe instruir na história da sociedade dos membros. Mirza pressentiu
que algo estava por vir.

- O que aconteceu com seu corpo é obra do que chamamos de disciplina.


Particularmente eu chamo de arte, pois este poder é exclusivo de uma das famílias
fundadoras do Sabá. Os conhecidos como Tzimisces. Ou demônios. Ou dragões.
Depende do ângulo que os olham. Tendo em vista que você abandonou tudo e renasceu
para uma nova vida, achei digno fazermos um serviço completo. Se podemos dizer
assim. Bem, continuemos. Sou bastante velha, digamos que muito velha. E muito
poderosa também. Jamais revele isso a outros membros. Se você bem prestou atenção
no que eu disse noites atrás, a diablerie (apesar de ser um crime) é praticada por muitos
membros que buscam poder imediato. Quanto às seitas, eu pertenço ao Sabá. Como
relatei, a história diz que Tzismices são o coração do Sabá, mas os Lasombras são a
alma. E é nosso dever elevar o nome não somente do nosso clã, mas também da nossa
seita.

Passaram-se horas que Mirza sequer percebeu. Amélia se levantou. Beijou


levemente a face de Mirza e saiu. Indo se recolher novamente. MIrza já havia aprendido
que o sol era mortal para os membros. Primeira lição que Amélia lhe ensinou.

...

Em 1932, o conflito estava instaurado. A guerra havia novamente entrado na


vida de Mirza. Um mar de carnificina. Mirza viajou o mundo ao lado de Amélia.
Conheceu culturas que jamais imaginaria existir nessa terra. Buscou meios da guerra
acabar o mais breve possível. Conheceu vários membros da tão falada Camarilla. Mirza
a cada dia estudava e se aperfeiçoava mais nas artes do oculto que sua mestra lhe
ensinava, pois percebeu que somente assim, sairia vivo de mais uma guerra. O empenho
lhe rendia ótimos elogios e sempre que julgava apropriado, Amélia elogiava sua cria aos
membros da Camarilla. Amélia cada vez participava mais das reuniões, discutia
estratégias e era cada vez mais requisitada em vários locais do mundo sempre levando
Mirza com ela. Mirza já devia ter viajado o mundo todo mais de duas vezes, pois de
tempos em tempos o mundo precisava que os membros se unissem nas zonas mais
críticas.

A relação entre Amélia e Victor estava cada dia mais próxima, talvez a
guerra houvesse provocado isso. Nesse meio tempo, Mirza e Sarah (cria de Victor) se
tornaram “amigos” também. Ambos buscando mais poder, para sobreviverem e não
permitirem que a Camarilla caísse por terra.

Durante esse tempo Mirza e Sarah aperfeiçoaram seus conhecimentos nas


artes do ocultismo. Devido aos acontecimentos no passado, se tornou uma pessoa
extremamente fria e de poucas palavras, abrindo-se somente com aqueles a quem
considerava dignos. Sarah era uma dessas pessoas. Percebeu também que os jogos de
poder e as guerras entre os membros estavam em um nível completamente novo, e para
continuar sobrevivendo, deveria dançar conforme a música.
Atualmente

Após sua transformação e em meio à guerra, Mirza, assim como sua


mentora, continuaram servindo a Camarilla no que fosse necessário. Mirza passava cada
vez mais tempo treinando seus poderes. Dias após dia, experimentava inúmeras facetas
desse poder nas mais variadas criaturas. Assim como sua “mãe”, ele não aceitava nada
menos que a perfeição. Amélia a cada dia tinha mais a certeza que Mirza seria o filho
que honraria o seu legado.

Em 1940, Amélia e Mirza se mudaram para Londres. Amélia sempre dizia


que o mundo sempre tem algum conhecimento escondido e que mudanças constantes
era um excelente exercício para adquirir conhecimento e conhecer pessoas também. Nos
anos anteriores a sua transformação, Mirza contribuiu de tal maneira com os dogmas e
leis da Camarilla, que isso lhe proporcionou sua escalada as classes sociais mais altas do
mundo vampírico. Por onde passavam seu nome e o de sua “mãe” eram ditos com temor
e respeito. Mirza de certa forma estava feliz por finalmente fixarem moradia em uma
cidade por tempo indeterminado. Ainda mais sabendo que Sarah sempre estaria
presente. Durante esse período de conflitos, ambos, acabaram por ser tornar irmãos.

Ainda em 1940, o conflito parecia estar mais sangrento do que nunca.


Milhares de membros iam ao campo de batalha, porém, poucos acabavam retornando
com vida para seus refúgios. Amélia, Victor, Mirza e Sarah estão no meio do campo de
batalha. A noite estava fria e nevava pouco. Ventos gélidos cortavam o ar e o cheiro de
sangue era rapidamente espalhado. Hordas do Sabá chegavam aos montes na cidade,
porém os membros da Camarilla lutavam com todas as forças. Em determinada hora da
noite, uma explosão acontece, o que acaba dispersando vários membros da Camarilla.
Mirza se perde dos demais e sai em busca de semelhantes para ter chance de
sobrevivência. Correndo pelas ruas, pisando em sangue e corpos, chega próximo ao
centro do combate. Nesse momento, se vê cercado por inúmeros lacaios e rebanhos do
Sabá. Com certeza, alguns eram membros também. A única arma que possuía era uma
espingarda e seus punhos. Não era sábio e nem seguro convocar os poderes sombrios
naquele local. O combate foi feroz, Mirza estava gravemente ferido e não tinha
alternativa. Fixou um ponto no meio do conflito e invocou sombras que imediatamente
cobriram todo o local. Os alvos estavam dispersos e atordoados. Mirza começou uma
fuga em disparada. No desespero, tropeça e vai ao chão. Levanta-se. Tinha a sensação
que estava sendo observado. Nesse momento, sente uma mão em seu ombro e
desaparece.

Mirza acorda na sua cama. Atordoado. Sem saber o que havia acontecido.
Levanta-se rapidamente e sai em busca de Amélia. Desceu as escadas e a encontra
sentada no sofá conversando com um homem.

- Senhora?
- Vejo que está melhor. A noite ontem foi mais sangrenta que de costume.
Ah!, que reduza a minha. Este é Victor Stiers. Victor, essa é minha cria.
- Meu senhor. Desculpe entrar dessa maneira. Não foi minha intenção
interromper e me desculpe pelos trajes que estou usando nesse momento.

- Não se preocupe criança. É compreensível. Sente-se, precisamos


conversar.

Nessa noite, Victor disse a Mirza que Sarah havia perecido em combate.
Não sabia precisar onde e nem o momento, mas supunha que tenha ocorrido após a
bomba e a dispersão do grupo. Mirza, não poderia acreditar que Sarah havia encontrado
a morte final. Nesse momento, se seu coração ainda batesse, teria parado
definitivamente.

A guerra ainda percorreu longos anos e parecia que nunca teria fim. Mirza
passou algum tempo sem acreditar na morte de Sarah e em como isso havia lhe afetado.
De certa forma, ele havia considerado ela uma irmã, mesmo estando trabalhando para a
destruição dos semelhantes dela. Mirza não entendia como Amélia poderia ficar tão
calma em relação a isso. De certa forma, ela se encontrava mais dividida do que ele
perante suas obrigações para com o Sabá. De certa forma Victor parece ter contribuído
para que isso acontecesse. Mirza tinha ciência de seus deveres e pela história que
Amélia havia lhe contado, seus deveres eram os mesmo para com o Sabá, porém, de
alguma forma, somente Mirza parecia lembrar disso. Amélia estava dividida e isso
futuramente, seria um enorme problema.
Em 1945 um fato alterou todo o curso da guerra. Um ancião extremamente
poderoso despertou do seu torpor. Incrivelmente, ele dizimou metade do Sabá, bem
como o regente e alguns cardeais, abalando as estruturas do Sabá, pelo menos isso foi o
que chegou aos ouvidos de Mirza. Em 1947 a guerra acaba e o Sabá está em frangalhos,
sem uma direção e sem líderes. Muitos desaparecem do mapa. Enfim tudo parecia estar
acabando. Mais tarde, em 1949, Amélia foi contatada por um bispo do Sabá, que estava
tentando reerguer a seita após a destruição o regente 4 anos antes. O Bispo, Sebastian
Morris, contatou Amélia para que as engrenagens do Sabá voltassem a funcionar
novamente. Em uma noite, voltando de alguma reunião da qual ela não quis comentar,
Amélia diz que Sebastian será um aliado importante e que me ajudará no momento em
que mais precisar. Após isso, Amélia nunca mais tocou no assunto e continuou servindo
a Camarilla. Assim como Mirza. Ambos deveriam guardar seus segredos, ou
encontrariam a morte final.

Londres - 1960

Vivendo em Londres à quase 20 anos, Mirza resolveu aperfeiçoar seus dons.


A todo custo sentia-se na obrigação de provar seu valor não somente a sua mentora, mas
a todo seu clã. E ao Sabá que planejava retornar ao que já foi um dia. Não havia sido
salvo para viver uma não vida sem sentido. E não morreria em combate, assim como
Sarah. A humanidade para ele não era mais tão importante, tendo em vista que após
perder tudo na sua vida humana o que lhe restava agora era a companhia de Amélia e
sua imortalidade. A opção era retirar proveito disso.

No ano seguinte, Mirza, continuava atarefado com seus estudos e Amélia


indo a reuniões com os membros da Camarilla. Aquele foi um ano em que eles quase
não se viram. Logo, Mirza teve de caminhar com as próprias pernas por um período.
Amélia percebeu que Mirza era uma figura excepcional e que de fato tinha feito a
melhor escolha possível.

Em determinado ano, Mirza decidiu tomar dois lacaios para si. Certa noite
abordou Amélia sobre o assunto:
- Amélia. Gostaria de ter dois servos. Assim como você também tem alguns.
– Mirza fitava Amélia que silenciosamente o olhava.

- Pois bem. Já viajamos durante muito tempo. E você me deu provas mais
que suficientes de que você é capaz de tomar certas decisões sem ter de ficar me
consultando. Se você julga necessário, eu apoio sua decisão, porém escolha com
sabedoria.

Ao longo dos meses, Mirza observava atentamente todas as pessoas que


encontrava nas ruas de Londres. Analisando. Achava as pessoas extremamente fúteis, e
não queria uma pessoa qualquer. Certa noite, andando próxima a Baker Street, avistou
um senhor, sentado próximo a um beco escuro. Usava um casaquinho muito fino e
estava sentado em meio a jornais. Esfregava as mãos e os pés para se aquecer. Mirza
aproximou-se.

- Boa noite senhor.

O senhor que estava sentado no meio fio, deu um pequeno pulo de susto,
porém ao olhar para Mirza, ficou hipnotizado por sua voz. Estranhamente melodiosa e
hipnótica. De que mundo ele teria surgido?

- Boa noite. – a voz era fraca e distante.

Mirza por um momento analisou o senhor. Ele estava magro, abatido.


Provavelmente com fome. De certa forma, Mirza se lembrou dos dias em que perdera
tudo e fora salvo por Amélia. Era isso. Ele seria o servo perfeito. Alguém que assim
como ele entendia o que era não ter nada e ser salvo por alguém.

- Siga-me. A partir de hoje não precisará temer nada. Nem mesmo a fome e
nem mesmo o frio. A partir de hoje estará seguro sob a minha proteção. Venha.

O senhor olhava desconfiado e ao mesmo tempo esperançoso. Aquele


homem estaria de fato dizendo a verdade? Ou estaria ele zombando? O senhor, que não
tinha mais nada a perder, seguiu Mirza pelas ruas de Londres, chamando a atenção de
todos os transeuntes. Como poderia um moço tão bem vestido, de aparência nobre e
porte altivo, estar andando com uma criatura a beira da morte?

Chegaram à casa de Amélia. Mirza serviu comida e bebida ao senhor.

- Qual o seu nome? – Mirza perguntou.

- Eu me chamo Alfred. – a voz do senhor estava um pouco mais forte agora.

- Eu me chamo Mirza e gostaria que você fosse meu servo.

O senhor sem compreender o que estava acontecendo, olhava


carinhosamente para Mirza. Afinal, acabara de receber uma proposta de trabalho, só
podia ser um milagre mesmo. Alfred levou à taça de vinho a boca e a bebeu. Passados
algum tempo Mirza levou Alfred a um quarto. Ele tomou banhou e foi dormir. Mirza se
dirigiu ao seu quarto e antes de fechar a porta escutou:

- Muito bem. Vejo que você aprendeu perfeitamente as sutilezas e


perfeições da não vida. – Amélia sussurrava em sua mente.

Na manhã seguinte, Alfred acordou e sentiu-se diferente. Primeiro, achou


que estava sonhando e somente após se beliscar três vezes acreditou que aquilo era real.
Saiu a vasculhar a casa. Haviam poucos empregados. Uma mulher tomava conta da
casa, enquanto um mordomo conferia tudo minuciosamente. Alfred percebeu mais três
pessoas que comandavam todos os outros empregados. Dirigiu-se a senhora que parecia
ser a governanta.

- Bom dia senhora. Gostaria de saber onde está o senhor Mirza. Eu gostaria
de agradecê-lo e gostaria de conversar sobre o trabalho que ele me ofereceu.

- Bom dia, eu me chamo Suzane. O senhor Mirza pediu que eu lhe


entregasse essa carta. Com licença, tenho outros cômodos da casa para arrumar.
Alfred pegou a carta e se dirigiu ao jardim da casa. Sentou num
banco de pedra e abriu a carta. “Espero que tenha tido uma ótima noite de sono.
Sinto que seremos ótimos amigos. Falamos durante a noite, peço que não me
incomode durante o dia. Na adega, deixei uma pequena garrafa com seu nome.
Beba. Att: M. Z.”

Alfred sentia que poderia confiar de fato em Mirza. Ele transmitia isso. Foi
até a adega e procurou a garrafa. Avistou em uma pequena mesinha de centro, uma
garrafa e uma taça. Um pequeno bilhete escrito “Alfred”. Abriu a garrafa e colocou um
pouco do líquido. Sentiu aquela sensação do jantar ao beber o vinho. Estava mais forte.
Não sabia explicar o que acontecia.

As horas passaram e Mirza saiu de seu quarto em busca de Alfred.


Encontrou-o lendo um livro na biblioteca.

- Boa noite senhor Mirza. – Alfred fez uma pequena reverência.

- Alfred, seu trabalho começa hoje. A partir de hoje você será meu lacaio.
Meu servo fiel. Não de uma forma ruim.

Após algumas horas explicando tudo a Alfred, Mirza sentiu que ele não
estava com medo. E sim encantado com a possibilidade dessa história ser real. Mirza
esperou Amélia chegar de mais uma reunião e apresentou Alfred a ela. O ano era 1962 e
Alfred tinha 40 anos. Havia perdido a família e tudo que possuía. Saqueadores
desgraçaram sua vida e viu em Mirza a chance de recomeçar.

Mirza, com a ajuda de Amélia, pagou as melhores universidades para Alfred


que estudava com todo o empenho a fim de realizar um ótimo trabalho a Mirza. Afinal,
sua vida fora salva graças a ele. Ele era o servo de confiança.

Nos dez anos seguintes, no ano de 1972, Mirza começou a frequentar as


reuniões da Camarilla e do clã Ventrue com sua mentora. Mirza observou que eram
poucos os membros que compareciam as reuniões, porém todos extremamente cultos e
prontos a dialogarem sobre qualquer de suas descobertas. Mirza estava maravilhado,
nunca havia presenciado tanto conhecimento reunido em um único local.

Mirza já possuía uma grande gama de conhecimentos. Era um membro


respeitado. Possuía um grande afeto por Alfred e Amélia (as únicas pessoas capazes de
despertar qualquer sentimento nele). Amélia, no ano de 1974, no dia que Mirza
completaria 44 anos como membro, organizou uma festa. Chamou todos os membros
mais respeitados da Camarilla. Mirza se sentiu realmente feliz. No final da festa, Amélia
o chamou para conversar.

- Mirza, você é o melhor filho que um membro poderia ter. Ao longo dos
anos, você só tem me dado orgulho e motivos para te admirar. Esta noite te ofereço dois
presentes. Um presente é físico e o outro a verdade.

Amélia foi até uma mesinha e retirou uma pequena caixinha de madeira e
estendeu a Mirza, este gentilmente pegou a caixa e a abriu. Dentro havia um colar. Era
um colar de diamante, porém não era um diamante comum. Era um diamante negro.
Tão negro quanto à noite.

- É lindo, Amélia. Realmente maravilhoso. Agora, qual é esta verdade da


qual você fala?

- Em 1940, naquela noite, durante a guerra em que Sarah encontrou a morte


final, foi tudo mentira. Sarah nunca morreu naquela noite. Eu a entreguei para o Sabá.
Tive ordens de fazer isso. Não sei bem quais os planos que eles têm para ela. Ou
tinham, mas essas foram minhas ordens e precisei cumpri-las.

Nesse momento, Mirza não sabia o que pensar. Amélia havia mentido a
mais de 40 anos para ele. Ela sabia da relação entre ambos, e mesmo assim traiu sua
confiança. Mirza encarava Amélia com olhos inquisidores. Não sabia o que fazer. O que
dizer. O que sentir. Mirza fechou os olhos, e começou a relembrar todos os fatos que se
seguiram até esse dia. Minutos se passaram sem que dissesse nada. Amélia permanecia
em silêncio também.
- Tudo bem. Compreendo, porém não aceito. Tudo pelo bem do Sabá.

Mirza com profundos olhos vazios encarava Amélia ao dizer essas palavras.
Virou as costas e se retirou. Precisava refletir. Pensar.
...

Em 1980 Mirza mudou-se para os Estados Unidos e providenciou outra casa


para morar. Como as casas anteriores, essa era igualmente luxuosa. Enorme. Uma
verdadeira mansão. A casa era decorada com enormes vasos cheio de plantas
(artificiais), as verdadeiras ficavam mais distantes. Os quartos ricamente adornados
com objetos finos e envoltos em seda. Enormes jarros de jade compunham a decoração
do local. Em 1990, Mirza cria um novo lacaio, seu nome é Elisa. Viveu em orfanatos a
maior parte da vida. Em determinada noite tentou assaltar Mirza, o que acabou
mudando sua vida drasticamente. Mirza atualmente reside nos Estados Unidos. Na sua
mansão. Com seus lacaios. Cada dia estudando mais para elevar o nome do seu clã e
fazer de sua arte uma lenda, sem esquecer, é claro de suas obrigações.

Mirza não comemora aniversários.

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