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Clã: Lasombra
Criador: Amélia Jhones (Sabá)
Mentor: Alexei Herzen
Natureza: Esperto
Comportamento: Bon vivant
Geração: 10ª
Nascimento: 1900
Abraço: 1930
Idade Aparente: 30
Idade como vampiro: 86
1917 – 1918
Seu abraço
Quando Mirza recuperou os sentidos, ainda era noite, a jovem mulher havia
ido e ele estava nu. Olhou seu torso no luar e se espantou quando percebeu o que seria
uma pintura indígena feita em seu corpo. Uma onda de choque repentina correu por ele
enquanto cambaleava de volta ao acampamento. Os índios haviam partido, mas seus
homens não. Eles estavam no chão, suas gargantas cortadas e as manchas de sangue em
seus corpos. A bela mulher encontrava-se sentada onde o xamã tocava o tambor. Ele
tocou a “pintura” em seu tórax, e achou que fosse sangue. Esfregou a mão na boca,
apenas para encontrar seu rosto coberto com a essência vital. A Fome o pegou com a
força de um canhão a queima-roupa. Ele estava nas florestas canadenses com uma voraz
necessidade que mal compreendia...
Mirza não podia voltar a sua vida antiga, e percebeu que seria inútil tentar
compreender o que aconteceu. Pessoas eram atacadas nas florestas o tempo todo, e se
assumiria que aquele grupo havia sido mais um deles.
...
Mirza acordou em um local escuro, com o corpo dolorido. Percebeu que não
conseguia se mexer. Estava deitado em uma superfície plana e fria. Tentou mexer os
braços, sentiu que havia pouca mobilidade. Ao mover os braços, pegou um pequeno
objeto quadrado e frio. Percebeu se tratar de um isqueiro. Acendeu. Olhou em volta,
sentiu o que seria terra dentro de onde estava. Sim. Mirza fora enterrado vivo e como se
não bastasse parecia ter sido enterrado com outra pessoa. Usou o isqueiro para iluminar
o corpo. Estava enterrado junto com uma criança. Contudo, a criança respirava
parcamente e pequenos filetes de sangue escorriam de seu pescoço.
Não-vida
Mirza estava confuso e cansado. Sem saber o que aconteceu. Aos poucos,
“flashs” surgiram em sua mente como uma torrente furiosa. Cada flash que surgia,
Mirza soltava um grito de horror. Amélia calmamente se levantou da poltrona e dirigiu-
se em direção a Mirza.
- Beba.
Mirza levou à mão trêmula a taça e em um gole bebeu o líquido precioso.
Aos poucos seu ser foi se acalmando. Sentou na cama. Olhando para Amélia como
quem busca uma explicação.
- A partir de hoje você renasceu. Ou melhor, nasceu para sua vida. Uma
vida superior a que você estava vivendo. Sinta-se feliz meu filho.
Mirza enfim compreendeu. Fora bem sucedido no teste que lhe foi imposto.
Olhou o quarto, a cama, o luxo e algumas plantas mortas em vasos que enfeitavam o
quarto.
- Pelo visto Mirza você herdou mais de mim do que os poderes do sangue.
Assim com eu, você também “suga” a vida das plantas. Deve-se tomar cuidado com
essa maldição, pois como você bem sabe isso é algo incomum neste mundo. Levante-se,
arrume-se e vamos nos alimentar. Você precisa repor suas energias.
Meia hora depois Mirza desceu do seu quarto vestindo um terno preto. Seus
cabelos pareciam estar mais negros do que nunca. Estava diferente. Sentia-se mais
poderoso, mais bonito e capaz de fazer tudo. Andou em direção ao escritório, entrando
encontrou duas mulheres.
Amélia conduziu Mirza a uma das moças que estava sentada no sofá.
Sentando ao seu lado, percebeu que a moça estava trêmula, porém não se movia. Estava
consciente ainda. Mirza, delicadamente cravou suas presas na jovem mulher. Nesse
momento, a mulher começou a gritar loucamente. Mirza assustado parou de se
alimentar. A mulher consumida pela dor caiu ao chão. Morta.
- Pelo visto estamos descobrindo coisas muito interessantes sobre você após
seu renascimento. Seu beijo não fornece prazer. A mesma maldição que aflige os
Giovannis, mas com o tempo você aprenderá como contornar essas situações. Minha
criança. Sua jornada começa agora. E tenho muito a lhe ensinar.
...
- Enfim, vamos continuar nossos estudos, pois como você bem percebeu,
temos uma guerra a caminho.
Apesar de estar com Amélia a pouco mais de um ano, apenas poucas noites
atrás, ela começou a lhe instruir na história da sociedade dos membros. Mirza pressentiu
que algo estava por vir.
...
A relação entre Amélia e Victor estava cada dia mais próxima, talvez a
guerra houvesse provocado isso. Nesse meio tempo, Mirza e Sarah (cria de Victor) se
tornaram “amigos” também. Ambos buscando mais poder, para sobreviverem e não
permitirem que a Camarilla caísse por terra.
Mirza acorda na sua cama. Atordoado. Sem saber o que havia acontecido.
Levanta-se rapidamente e sai em busca de Amélia. Desceu as escadas e a encontra
sentada no sofá conversando com um homem.
- Senhora?
- Vejo que está melhor. A noite ontem foi mais sangrenta que de costume.
Ah!, que reduza a minha. Este é Victor Stiers. Victor, essa é minha cria.
- Meu senhor. Desculpe entrar dessa maneira. Não foi minha intenção
interromper e me desculpe pelos trajes que estou usando nesse momento.
Nessa noite, Victor disse a Mirza que Sarah havia perecido em combate.
Não sabia precisar onde e nem o momento, mas supunha que tenha ocorrido após a
bomba e a dispersão do grupo. Mirza, não poderia acreditar que Sarah havia encontrado
a morte final. Nesse momento, se seu coração ainda batesse, teria parado
definitivamente.
A guerra ainda percorreu longos anos e parecia que nunca teria fim. Mirza
passou algum tempo sem acreditar na morte de Sarah e em como isso havia lhe afetado.
De certa forma, ele havia considerado ela uma irmã, mesmo estando trabalhando para a
destruição dos semelhantes dela. Mirza não entendia como Amélia poderia ficar tão
calma em relação a isso. De certa forma, ela se encontrava mais dividida do que ele
perante suas obrigações para com o Sabá. De certa forma Victor parece ter contribuído
para que isso acontecesse. Mirza tinha ciência de seus deveres e pela história que
Amélia havia lhe contado, seus deveres eram os mesmo para com o Sabá, porém, de
alguma forma, somente Mirza parecia lembrar disso. Amélia estava dividida e isso
futuramente, seria um enorme problema.
Em 1945 um fato alterou todo o curso da guerra. Um ancião extremamente
poderoso despertou do seu torpor. Incrivelmente, ele dizimou metade do Sabá, bem
como o regente e alguns cardeais, abalando as estruturas do Sabá, pelo menos isso foi o
que chegou aos ouvidos de Mirza. Em 1947 a guerra acaba e o Sabá está em frangalhos,
sem uma direção e sem líderes. Muitos desaparecem do mapa. Enfim tudo parecia estar
acabando. Mais tarde, em 1949, Amélia foi contatada por um bispo do Sabá, que estava
tentando reerguer a seita após a destruição o regente 4 anos antes. O Bispo, Sebastian
Morris, contatou Amélia para que as engrenagens do Sabá voltassem a funcionar
novamente. Em uma noite, voltando de alguma reunião da qual ela não quis comentar,
Amélia diz que Sebastian será um aliado importante e que me ajudará no momento em
que mais precisar. Após isso, Amélia nunca mais tocou no assunto e continuou servindo
a Camarilla. Assim como Mirza. Ambos deveriam guardar seus segredos, ou
encontrariam a morte final.
Londres - 1960
Em determinado ano, Mirza decidiu tomar dois lacaios para si. Certa noite
abordou Amélia sobre o assunto:
- Amélia. Gostaria de ter dois servos. Assim como você também tem alguns.
– Mirza fitava Amélia que silenciosamente o olhava.
- Pois bem. Já viajamos durante muito tempo. E você me deu provas mais
que suficientes de que você é capaz de tomar certas decisões sem ter de ficar me
consultando. Se você julga necessário, eu apoio sua decisão, porém escolha com
sabedoria.
O senhor que estava sentado no meio fio, deu um pequeno pulo de susto,
porém ao olhar para Mirza, ficou hipnotizado por sua voz. Estranhamente melodiosa e
hipnótica. De que mundo ele teria surgido?
- Siga-me. A partir de hoje não precisará temer nada. Nem mesmo a fome e
nem mesmo o frio. A partir de hoje estará seguro sob a minha proteção. Venha.
- Bom dia senhora. Gostaria de saber onde está o senhor Mirza. Eu gostaria
de agradecê-lo e gostaria de conversar sobre o trabalho que ele me ofereceu.
Alfred sentia que poderia confiar de fato em Mirza. Ele transmitia isso. Foi
até a adega e procurou a garrafa. Avistou em uma pequena mesinha de centro, uma
garrafa e uma taça. Um pequeno bilhete escrito “Alfred”. Abriu a garrafa e colocou um
pouco do líquido. Sentiu aquela sensação do jantar ao beber o vinho. Estava mais forte.
Não sabia explicar o que acontecia.
- Alfred, seu trabalho começa hoje. A partir de hoje você será meu lacaio.
Meu servo fiel. Não de uma forma ruim.
Após algumas horas explicando tudo a Alfred, Mirza sentiu que ele não
estava com medo. E sim encantado com a possibilidade dessa história ser real. Mirza
esperou Amélia chegar de mais uma reunião e apresentou Alfred a ela. O ano era 1962 e
Alfred tinha 40 anos. Havia perdido a família e tudo que possuía. Saqueadores
desgraçaram sua vida e viu em Mirza a chance de recomeçar.
- Mirza, você é o melhor filho que um membro poderia ter. Ao longo dos
anos, você só tem me dado orgulho e motivos para te admirar. Esta noite te ofereço dois
presentes. Um presente é físico e o outro a verdade.
Amélia foi até uma mesinha e retirou uma pequena caixinha de madeira e
estendeu a Mirza, este gentilmente pegou a caixa e a abriu. Dentro havia um colar. Era
um colar de diamante, porém não era um diamante comum. Era um diamante negro.
Tão negro quanto à noite.
Nesse momento, Mirza não sabia o que pensar. Amélia havia mentido a
mais de 40 anos para ele. Ela sabia da relação entre ambos, e mesmo assim traiu sua
confiança. Mirza encarava Amélia com olhos inquisidores. Não sabia o que fazer. O que
dizer. O que sentir. Mirza fechou os olhos, e começou a relembrar todos os fatos que se
seguiram até esse dia. Minutos se passaram sem que dissesse nada. Amélia permanecia
em silêncio também.
- Tudo bem. Compreendo, porém não aceito. Tudo pelo bem do Sabá.
Mirza com profundos olhos vazios encarava Amélia ao dizer essas palavras.
Virou as costas e se retirou. Precisava refletir. Pensar.
...