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Distâncias
Espaço e Ângulos no
1
Unidades 19 e 20 Introdução
19.1 Introdução
2
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
Z
• se r1 e r2 são reversas, então r20
r1
r2
∠(r1 , r2 ) = ∠(r1 , r20 ),
onde r20 é a reta paralela a reta
r2 que passa por um ponto
P da reta r1 . Pelo parale- θ
lismo entre as retas, é facil
P
vericar que ∠(r1 , r20 ) não de- X Y
pende do ponto P escolhido
sobre a reta r1 (Figura 19.2).
Figura 19.2: Retas reversas: θ = ∠(r1 , r2 )
Sejam −v→ −
→
1 e v2 vetores paralelos, respectivamente, às retas r1 e r2 concor-
rentes ou reversas. Como ∠(− v→ −→ −
→ − →
1 , v2 ) = ∠(r1 , r2 ) ou ∠(v1 , v2 ) = π−∠(r1 , r2 ),
segue que:
|h−
v→ −→
1 , v2 i| π
cos ∠(r , r ) = | cos ∠(−
v→, −v→)| = , 0 < ∠(r , r ) ≤ .
k−
v→ −→
1 2 1 2 1 2
1 k kv2 k 2
A fórmula também vale se r2 r1 r2 r1
r1 e r2 são paralelas ou coinci-
dentes, pois, neste caso, existe −
→
v2
−
→
v1
−
→
v1
λ ∈ R, tal que
θ θ
−
v→ = λ− v→ =⇒
1 2
π−θ
|hλ−
v→ −→
2 , v2 i| |λ| |h−
v→ −→
2 , v2 i|
=
kλ−
v→ −
→
2 k kv2 k |λ| k−v→ −
→
2 k kv2 k
= 1 = cos 0
−
v→
2
= cos ∠(r1 , r2 ) .
Figura 19.3: ∠(r1 , r2 ) = θ
|h−
v→ −→
r
1 , v2 i| |2 + 4 + 6| 12 6
cos ∠(r1 , r2 ) = −→ −→ = √ √ =√ = .
kv1 k kv2 k 12 14 12 × 14 7
r
π 6
Assim, o ângulo entre r1 e r2 é o ângulo θ ∈ 0, tal que cos θ = .
2 7
3
Unidades 19 e 20 Ângulo entre dois planos
4
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
π2
pelo ponto A e a reta s2 per- B
pendicular ao plano π2 que passa π−θ
C
pelo ponto B .
Seja π o plano que contém
θ
as retas r1 e r2 , ou seja, o plano P r
r 1
B ∈ s2 ∩π e os vetores direção
das retas s1 e s2 , normais aos planos π1 e π2 , respectivamente, são ortogonais
ao vetor direção da reta r.
Segue, então, que s1 e s2 são retas concorrentes, pois são coplanares e seus
vetores paralelos, − v→ −
→
1 e v2 , não são colineares. Seja C o ponto onde eles se
intercectam.
−−→ −−→ −−→ −−→
Como os ângulos ∠(P A , P B ) e ∠(CA , CB ) são suplementares (ver
gura 19.5), temos:
−−→ −−→ −−→ −−→
cos ∠(π1 , π2 ) = cos ∠(P A , P B ) = cos ∠(CA , CB ) .
Sejam π1 : a1 x + b1 y + c1 z = d1 e π2 : a2 x + b2 y + c2 z = d2 as equações
cartesianas dos planos num sistema de eixos OXY Z .
5
Unidades 19 e 20 Ângulo de incidência de uma reta num plano
Então, como − v→ −
→
1 = (a1 , b1 , c1 ) ⊥ π1 e v2 = (a2 , b2 , c2 ) ⊥ π2 , os ângulos
−− → −−→
∠(−
v→ −
→
1 , v2 ) e ∠(CA , CB ) são iguais ou suplementares. Logo,
|h−
v→ −→
1 , v2 i|
cos ∠(π , π ) = |cos ∠(− v→, −
v→)| = .
k−
v→ −→
1 2 1 2
1 k kv2 k
A fórmula vale também quando os planos são paralelos ou coincidentes.
Observação 3 Pela fórmula acima, os planos π1 e π2 são perpendiculares se, e só se, seus
vetores normais −
v→ −
→
1 e v2 são ortogonais.
Ou, equivalentemente, π1 ⊥ π2 se, e só se, −
v→ −
→
1 k π2 e v2 k π1 .
plano
2 →
Logo, se −w é um vetor normal a π , e →
−
v é um vetor paralelo a r,
|h→
−
v ,− →i|
π w
sen ∠(r, π) = sen − θ = cos θ = → − − → . (19.1)
2 k v k kw k
6
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
r
Seja P ? o ponto de inter-
P0
seção de π com a reta r que
passa por P0 e é perpendicular
a π.
P
Se P é um ponto qualquer P?
no plano π , diferente de P ? ,
π
obtemos, pelo teorema de Pitá-
goras aplicado ao triângulo retân- Figura 19.7: Cálculo de d(P0 , π)
7
Unidades 19 e 20 Distância de um ponto P a um plano π 0
x = x0 + at
r: y = y0 + bt ; t ∈ R .
z = z0 + ct
8
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
√
1√
r
−−→ 1 → 30 15
d(A, π) = d(A, B) = kAB k = k−
wk= 4 + 1 + 25 = = .
2 2 2 2
9
Unidades 19 e 20 Distância entre uma reta e um plano
Q ∈ π , onde R é o pé da per-
pendicular traçada do ponto P
Figura 19.9: d(r, π) = d(P1 , R1 )
Exemplo 6 Mostre que a reta r é paralela ao plano π e calcule d(r, π), onde
x+2 3y + 1 1−z
r: = = e π : 2x − 3y + 6z = −3 .
6 −6 3
Solução. A equação simétrica de r pode ser escrita da seguinte maneira:
x+2 y + 13 z−1
r: = = .
6 −2 −3
Logo, a reta r passa pelo ponto A = (−2, − 31 , 1) e é paralela ao vetor
→
−
v = (6, −2, −3). Seja −→ = (2, −3, 6) o vetor normal ao plano π . Como
w
→
−
v ⊥−→, pois
w
10
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
h→
−
v ,−
→i = h(6, −2, −3), (2, −3, 6)i
w
= 6 · 2 + (−2)(−3) + (−3)6 = 12 + 6 − 18 = 0 ,
obtemos, pela Proposição 12 do Capítulo 17, que r é paralela ao plano π ou r
está contida no plano π .
Para mostrar que r k π , basta vericar que um ponto de r não pertence a
π . Seja A = (−2, − 13 , 1) ∈ r. Então, A ∈
/ π , pois
2(−2) − 3(− 13 ) + 6(1) = −4 + 1 + 6 = 3 6= −3 .
Logo, r k π , e
2(−2) − 3(− 1 ) + 6(1) + 3
3 6
d(r, π) = d(A, π) = √ = .
4 + 9 + 36 7
Calcule a distância do ponto P = (2, 5, −1) à reta r que passa pelo ponto Exemplo 7
P0 = (1, −1, 2) e é paralela ao vetor →
−
v = (1, 0, 1).
11
Unidades 19 e 20 Distância de um ponto a uma reta
12
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
−−→ −−→
Assim, d(Q, r) = d(Q, P ) = kP Q k = 2 se, e somente se, kP Q k2 = 4,
isto é, se, e somente se,
(5x − 2y − z)2 (−2x + 2y − 2z)2 (−x − 2y + 5z)2
+ + =4
36 36 36
⇐⇒ (5x − 2y − z)2 + (−2x + 2y − 2z)2 + (−x − 2y + 5z)2 = 4(36) .
Desenvolvendo os quadrados e simplicando, obtemos que S é o conjunto
dos pontos Q = (x, y, z) do espaço que satisfazem à equação
13
Unidades 19 e 20 Distância de um ponto a uma reta
−−→
Ou seja, P Q ⊥ r se, e só se, Q pertence ao plano π : x − y = 2t + 1
perpendicular a r que passa pelo ponto P .
Como Q ∈ π , as suas coordenadas x, y e z satisfazem ao sistema formado
pelas equações de π e π :
x − y = 2t + 1
x + y = −2z + 1 .
Somando as equações, obtemos
2x = 2 + 2t − 2z ⇐⇒ x = 1 + t − z ,
e subtraindo a primeira equação da segunda, obtemos
2y = −2z − 2t ⇐⇒ y = −t − z .
Então, os pontos Q = (x, y, z) do plano π que se projetam perpendicular-
mente sobre o ponto P = (1 + t, −t, 1) da reta r pertencem à reta
x=1+t−s
`: y = −t − s ; s ∈ R , (19.3)
z=s
B A 1
−1 r
P
1
2 1
X 3
π
r2
Y
Figura 19.12: Exemplo 9
14
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
7
x= +t
x = −1 + t 3
r1 : y = −2 − t ; t∈R e r2 : 4 t∈R ,
y = −t ;
3
z=2
z = −4
3
paralelas à reta r e contidas no plano π , cujos pontos estão a distância três da
reta r (Figura 19.12).
Sejam r1 = {P1 + t −
v→ −
→
1 ; t ∈ R} e r2 = {P2 + t v2 ; t ∈ R} duas retas no
espaço.
Suponhamos que r1 k r2 .
r1
Então, −v→ −→
1 e v2 são colineares,
P
r1 ∩ r2 = ∅ e existe um plano
P1
π que contém ambas as retas.
r2
Seja P1 ∈ r1 e R1 o pé da per- Q
pendicular baixada de P1 sobre R
a reta r2 . Então, se P ∈ r1 ,
R1
Q ∈ r2 e R é o pé da perpen-
dicular baixada de P sobre r2 , Figura 19.13: d(P, Q) ≥ d(P1 , R1 ), para P ∈ r1 e Q ∈ r2
15
Unidades 19 e 20 Distâncias entre retas no espaço
Exemplo 10 Mostre que a reta r1 que passa pelos pontos A1 = (1, 2, 1) e B1 = (2, 1, 0)
é paralela à reta r2 que passa pelos pontos A2 = (0, 1, 2) e B2 = (1, 0, 1).
Calcule também a distância entre r1 e r2 .
−−−→ → −−−−→
Solução. Temos que − v→ −
1 = A1 B1 = (1, −1, −1) e v2 = A2 , B2 = (1, −1, −1)
são vetores paralelos às retas r e r , respectivamente. Logo, −
1 2 v→ = −
1v→, e as
2
equações paramétricas de r1 e r2 são:
r1 = {A1 + t − v→
1 | t ∈ R} = {(1 + t, 2 − t, 1 − t) | t ∈ R} ,
−→
r2 = {A2 + s v2 | s ∈ R} = {(s, 1 − s, 2 − s) | s ∈ R} .
Para mostrar que r1 k r2 , basta vericar que um ponto de r2 não pertence
a r1 , pois já sabemos que −v→ −→
1 e v2 são múltiplos. Por exemplo, vejamos que
B2 = (1, 0, 1) 6∈ r1 .
De fato, se B2 = (1, 0, 1) pertencesse a r1 , deveria existir um número real t
de modo que 1 + t = 1, 2 − t = 0 e 1 − t = 1 . Da primeira destas identidades,
obtemos t = 0, e da segunda, t = 2, uma contradição. Portanto, B2 6∈ r1 e as
retas r1 e r2 são, efetivamente, paralelas.
Para calcular a distância d(r1 , r2 ), basta achar a distância de um ponto de
r1 a r2 . Por exemplo, calculemos d(A1 , r2 ).
−−−→
Seja C = (s, 1−s, 2−s) ∈ r2 tal que o vetor A1 C = (−1+s, −1−s, 1−s)
−−→ −
é perpendicular à reta r2 , isto é, ao vetor −v→
2 = (1, −1, −1). Sendo AC ⊥ v2
→
−−→ → 1
se, e só se, hAC , − v2 i = 0, obtemos que s = , pois
3
−−→ − →
0 = hAC , v2 i = h(−1 + s, −1 − s, 1 − s), (1, −1, −1)i = 3s − 1 .
Logo, a distância entre as retas paralelas r1 e r2 é
−−−→
d(r1 , r2 ) = d(A1 , C) = kA1 C k
r
2 2
4 2 2 2 1 √
= − + − + = 24
3 3 3 3
2√
= 6.
3
16
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
Sejam r1 = {P1 + t−
v→
1 ; t ∈ R} P0
−
→ P10
e r2 = {P2 + tv2 ; t ∈ R} duas P1
π1
retas reversas no espaço (isto é,
r1
r1 ∩ r2 = ∅ e − v→ −→
1 e v2 não são
colineares). Q0
P20
Sejam π1 e π2 os planos ger- π2 P2 r 2
−
→ −
→
ados pelos vetores v1 e v2 que
r1 r2
Figura 19.14: Retas reversas e
contêm, respectivamente, os pon-
tos P1 e P2 . Então, π1 e π2 são planos paralelos que contém as retas r1 e r2 ,
respectivamente (Figura 19.14). Sabemos que
d(π1 , π2 ) = min{d(P, Q) | P ∈ π1 e Q ∈ π2 } = d(P 0 , Q0 ) ,
onde P 0 é um ponto arbitrário de π1 e Q0 é o pé da perpendicular baixada
do ponto P 0 sobre o plano π2 . Como r1 ⊂ π1 , r2 ⊂ π2 e d(r1 , r2 ) =
min{d(P, Q) ; P ∈ r1 e Q ∈ r2 }, temos
d(r1 , r2 ) ≥ d(π1 , π2 ) .
Armamos que
d(r1 , r2 ) = d(π1 , π2 ) .
−−−→
Para isto, basta mostrar que existem P10 ∈ r1 e P20 ∈ r2 tais que P10 P20 é
perpendicular a r1 e a r2 , isto é, perpendicular aos vetores −
v→ −
→
1 e v2 .
Sejam P10 = P1 + t −
v→ −→
1 um ponto da reta r1 e P2 = P2 + s v2 um ponto da
0
−−0−→ −− −→
reta r . Sendo P P 0 = P P + s−
2 1 2 1 2 v→ − t−
2 v→, obtemos que
1
−−−→
Desenvolvendo os produtos internos acima, segue que P10 P20 é perpendicular
aos vetores −
v→ −
→
1 e v2 se, e somente se,
( −−−→
hP1 P2 , −
v→ −→ − → −
→ − →
1 i + shv2 , v1 i − thv1 , v1 i = 0
−−−→ →
hP1 P2 , −
v2 i + sh−
v→ −→ −
→ − →
2 , v2 i − thv1 , v2 i = 0 ,
−−−→ −
sh−
v→ −→ −→ − → →
(
2 , v1 i − thv1 , v1 i = −hP1 P2 , v1 i
⇐⇒ −−−→ → (19.4)
sh−
v→, −v→i − th−
2 2 v→, −v→i = −hP P , −
1 2 v i. 1 2 2
17
Unidades 19 e 20 Distâncias entre retas no espaço
h−
v→ −
→ −
→ − →
!
1 , v1 i hv1 , v2 i
det − = h−
v→ −
→ − → − → −
→ − →2
1 , v1 ihv2 , v2 i − hv1 , v2 i
hv→ −
→ −
→ − →
2 , v1 i hv2 , v2 i
= k−
v→ −
→ 6 0,
1 × v2 k =
são reversas, calcule d(r1 , r2 ) e determine a única reta r3 que intersecta as retas
r1 e r2 perpendicularmente.
Solução. Temos que o vetor − v→
1 = (1, 2, 0) é paralelo à reta r1 e o vetor
−
v = (1, 0, 1) é paralelo à reta r . Como −
→ v→ e − v→ não são colineares, as
2 2 1 2
retas podem ser apenas concorrentes ou reversas. Para mostrar que r1 e r2 são
reversas, basta vericar que r1 ∩ r2 = ∅.
Suponhamos, por absurdo, que r1 ∩ r2 6= ∅. Então, existiriam s, t ∈ R tais
que
(1 + t, 2t, 0) = (2 + s, 3, 1 + s)
⇐⇒ 1 + t = 2 + s , 2t = 3 , 0 = 1 + s . (19.5)
3
Da segunda identidade, obtemos t = e da terceira, s = −1. Mas estes valores
2
3 5
são incompatíveis com a primeira identidade, pois 1 + t = 1 + = 6= 1 =
2 2
2 + (−1) = 1 + s. Assim, o sistema 19.5 não tem solução. Logo, as retas r1 e
r2 não se intersectam e são, portanto, reversas.
Vamos determinar os pontos P10 = (1+t, 2t, 0) ∈ r1 e P20 = (2+s, 3, 1+s) ∈
−−−→
r2 de modo que o vetor P10 P20 = (1 + s − t, 3 − 2t, 1 + s) seja perpendicular a
−
v→ −
→
1 e v2 , simultaneamente.
Devemos achar valores s, t ∈ R tais que
18
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
( −−−→
hP10 P20 , −
v→
(
1 i = 0 h(1 + s − t, 3 − 2t, 1 + s), (1, 2, 0)i = 0
−−0−→ ⇐⇒
hP1 P20 , −v→
2 i = 0 (
h(1 + s − t, 3 − 2t, 1 + s), (1, 0, 1)i = 0
s − 5t = −7
⇐⇒
2s − t = −2 .
Substituindo t = 2 + 2s
na primeira
4 equação, obtemos s − 10 − 10s = −7.
1 1
Então, s = − , t = 2 + 2 − = e, portanto,
3 3 3
7 8 5 2
−−−→ 2 1 2
P10 = , , 0 , P20 = , 3, e P10 P20 = − , , .
3 3 3 3 3 3 3
Assim, a distância entre r1 e r2 é
−−−−→ 1√
d(r1 , r2 ) = kP10 , P20 k = 4+1+4=1
3
e n −−−→ o n 7 2 8 1 2
o
r3 = P10 + tP10 P20 | t ∈ R = − t, + t, t t ∈ R ,
3 3 3 3 3
é a reta procurada.
Sejam r1 a reta que passa pelo ponto P1 = (1, 1, 2) e é paralela ao vetor Exemplo 12
−
→
v1 = (1, 1, 0) e r2 a reta de interseção dos planos π1 : x + 2y + z = 4 e
π2 : x + z = 2. Mostre que r1 e r2 são retas reversas, calcule a distância entre
elas e determine a única reta r que intersecta r1 e r2 perpendicularmente.
Solução. A reta r1 é dada por
r = {P + t−
1 v→ | t ∈ R} = {(1 + t, 1 + t, 2) | t ∈ R} .
1 1
19
Unidades 19 e 20 Distâncias entre retas no espaço
Como os vetores − v→ −→
1 = (1, 1, 0) e v2 = (1, 0, −1) não são colineares, as
retas r1 e r2 são concorrentes ou reversas.
Suponhamos que r1 ∩ r2 = {Q}. Então, Q = (1 + t, 1 + t, 2) = (s, 1, 2 − s)
para certos valores s, t ∈ R, que tentaremos determinar.
Devemos ter 1 + t = s , 1 + t = 1 e 2 = 2 − s. Da segunda identidade,
obtemos t = 0 e, da terceira, s = 0. No entanto, estes valores não são
compatíveis com a primeira identidade, pois 1 + t = 1 + 0 6= 0 = s. Assim,
r1 ∩ r2 = ∅ e, portanto, as retas são reversas.
Para calcular a distância entre as retas r1 e r2 , devemos determinar P ∈ r1
−−→ −−→
e P 0 ∈ r2 tais que P P 0 ⊥ −
v→ −→
1 e P P ⊥ v2 , simultaneamente.
0
−−→
Como P = (1 + t, 1 + t, 2), P 0 = (s, 1, 2 − s) e P P 0 = (s − t − 1, −t, −s),
as condições de perpendicularidade, em termos do produto interno, são:
( −−→
hP P 0 , −
v→
(
1 i = 0 h(s − t − 1, −t, −s), (1, 1, 0)i = 0
−−→ −→ ⇐⇒
hP P 0 , v2 i = 0 h(s − t − 1, −t, −s), (1, 0, −1)i = 0
( (
s−t−1−t = 0 s − 2t = 1
⇐⇒ ⇐⇒
s−t−1+s = 0 2s − t = 1
20
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
esfera
21
Unidades 19 e 20 Posição relativa entre um plano e uma esfera
Z Z
S
π = πXY
A S
π = πXY
O O
X Y X Y
ponto de intersecção de π com a reta normal ao plano π que passa pelo centro
A da esfera S .
22
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
Z Z
π = πXY π = πXY
S S
A A
c
R
O O
C C
X Y X Y
Para provar que as recíprocas também são válidas, basta observar que as
condições algébricas d(A, π) > R , d(A, π) = R e d(A, π) < R esgotam todas
as possibilidades, enquanto as armações geométricas π ∩ S = ∅, π ∩ S é um
ponto e π ∩ S é um círculo se excluem mutuamente.
De fato, suponhamos, por exemplo, que π ∩ S = ∅. Então, necessa-
riamente, d(A, π) > R, pois se d(A, π) = R, π ∩ S seria um ponto, e se
d(A, π) < R , π ∩ S seria um círculo, uma contradição em ambos os casos.
23
Unidades 19 e 20 Posição relativa entre um plano e uma esfera
24
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
x = 3 + 2t
r : y = −2 − 2t ; t ∈ R,
z = 1 − t
a uma esfera
Seja OXY Z um sistema de eixos ortogonais com origem no ponto A tal que Demonstração
o ponto P pertence ao semieixo positivo OZ , isto é, P = (0, 0, c), para algum
25
Unidades 19 e 20 Distância de um ponto ou de um plano a uma esfera
Q0 Q0
P
S S
A A
X Y X Y
todo ponto Q ∈ S .
Com isto provamos que d(P, S) = d(P, Q0 ) = | R − d(P, A) | , onde Q0 é
*
o ponto de S que pertence à semirreta AP .
26
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
−−→
Portanto, P = B + t0 BA = (3, −2, 5) + t0 (−2, 1, −2), para algum t0 ≥ 0 tal
que
d(C, B)2 = (3 − 2t0 − 3)2 + (−2 + t0 + 2)2 + (5 − 2t0 − 5)2 = 100 .
10
Resolvendo a equação acima, obtemos t0 = . Logo,
3
20 10 20
11 4 5
C = 3 − , −2 + , 5 − = − , ,− .
3 3 3 3 3 3
√
d(A, P ) ≥ d(A, P0 ) = 2 > 1 = R, (19.6)
27
Unidades 19 e 20 Distância de um ponto ou de um plano a uma esfera
P0
S
A
r
Q
P0
S
Q0
A
r
28
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
S : x2 + y 2 + (z − c)2 = R2 . (19.9)
P0
c−R ≤ z ≤ c+R . Portanto, d(P, Q) ≥
X Y
c − R, para todo P ∈ π e todo Q ∈ S . *
AP0
Consideremos o ponto Q0 = (0, 0, c − R) ∈ S e o ponto
d(π,P
Figura 19.23: 0=
S) =d(P
(0,0 , 0, ) ∈ π.
Q00)
Como d(P0 , Q0 ) = c − R, temos que d(P, Q) ≥ d(P0 , Q0 ), para todo P ∈ π e
todo Q ∈ S . Assim, d(P0 , Q0 ) = d(Q0 , π) e d(π, S) = d(P0 , Q0 ) = c − R =
d(A, π) − R .
29
Unidades 19 e 20 Distância de um ponto ou de um plano a uma esfera
30
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
19.12 Exercícios
x = −4s + t
(b) π1 : y = 2s ; t, s ∈ R e π2 : 4x + 10y + 4z = 5 .
z = 1 − t − s
x = 2s
(c) π1 : y=t ; t, s ∈ R e π2 : x + y = 2 .
z = 1
x = 3 − 2t x = s
(b) r1 : y = 1 − t ; t ∈ R e r2 : y = −4 − 2s ; s ∈ R .
z = 1
z = 1 − 3s
31
Unidades 19 e 20 Exercícios
x = 1 + 2t
x−5 y z+2
(c) r1 : y = −2 + t ; t ∈ R e r2 : = = .
3 2 2
z = −t
4. Sejam r1 : {A + t −
v→ −
→
1 ; t ∈ R} e r2 : {B + s v2 ; s ∈ R} duas retas
reversas. Seja π o plano que contém a reta r1 e é paralelo ao vetor −
v→ −
→
1 × v2 .
Mostre que a reta r2 corta o plano π num único ponto P2 e que a reta r =
{P2 +t(−v→ −→
1 × v2 ) ; t ∈ R} intersecta a reta r1 num único ponto P1 . Conclua
que r é a única reta que intersecta as retas r1 e r2 perpendicularmente. Use
este método para obter a distância das retas reversas do exercício anterior
e a única reta r que as intersectam perpendicularmente.
−
→
6. Sejam π um plano normal ao vetor N e r uma reta paralela ao vetor →
−
u
que intersecta o plano π num único ponto P0 . Suponha que a reta r não
é perpendicular ao plano π . Mostre que a projeção ortogonal do ponto
P = P0 + t →−
u , com t 6= 0, da reta r sobre o plano π é o ponto Q = P0 +
32
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
u ,N i −
→ →
− −−−→ −−−→
h−
→
t →−
u − −
→ N . Verique que o ângulo entre os vetores P0 P e P0 Q é
kN k2
−−−→ −−−→
o ângulo
−
→
de incidência da reta r no plano π , ou seja, sen ∠(P0 P , P0 Q ) =
|h−→
→ , para todo ponto P ∈ r − {P0 }.
u ,N i|
−
→ −
k u kkN k
(a) perpendicular ao plano πXY que passa pelos pontos A = (2, −2, 11) e
B = (−7, −8, −3).
(c) que passa pelo ponto A = (3, −1, 0) e é perpendicular a cada um dos
planos π1 : 4x − y − z = 1 e π2 : 2x + y + 3z = 6.
(d) que contém a reta r de interseção dos planos π1 : 3x + y − 2z = −2 e
π2 : x − 3y − z = −3 e é perpendicular ao plano πY Z .
11. Seja π o plano que passa pela origem e é perpendicular à reta r que passa
pelos pontos A = (1, 0, 0) e B = (2, 3, 1). Ache a distância do ponto
C = (0, 0, 1) ao plano π e o ponto deste plano que está mais próximo de π .
13. Mostre que a reta r dada pela interseção dos planos π1 e π2 é paralela ao
plano π : x − y + z = 2, e calcule a distância entre r e π , onde
π1 : 2x + y − 4z = 2 e π2 : 4x − 3y + 2z = 4 .
33
Unidades 19 e 20 Exercícios
14. Encontre a equação da reta r que passa pelo ponto A = (1, 0, 1) e é paralela
aos planos π1 : 2x + 3y + z = −1 e π2 : x − y + z = 0, e calcule a distância
desta reta aos planos π1 e π2 .
19. Para o par de plano π e esfera S dado abaixo, analise a posição relativa e
calcule a distância entre π e S . Caso π ∩ S seja um círculo, determine o
centro e o raio do círculo, e caso π ∩ S seja vazio, encontre os pontos de π
e S que realizam a distância de π a S .
(a) S : x2 + y 2 + z 2 + 2x + 2y = 2 e π : x + 2y − z = 1 .
(b) S : x2 + y 2 + z 2 − 2y − 4z = −1 e π : x + 2z = −1 .
20. Considere o ponto A = (1, 2, 1) e a reta dada pela interseção dos planos
π1 : x − y + z = 1 e π2 : 2x + y = 2 . Encontre a equação cartesiana do
plano π que contém a reta r e o ponto A, e determine as retas paralelas a
√
r, contidas no plano π , que distam 6 de r.
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Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20
√
23. Encontre as equações das esferas S de raio igual a 30 de modo que S ∩ π
seja um círculo de raio igual a 3 com centro C sobre a reta r, onde π :
x + 2y − 4z = 4 e r é dada pela interseção dos planos π1 : x + y + z = 1 e
π2 : −x + 2z = 2 .
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Unidades 19 e 20 Exercícios
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