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19 e 20

Distâncias
Espaço e Ângulos no

1
Unidades 19 e 20 Introdução

19.1 Introdução

Neste capítulo vamos estudar duas noções geométricas fundamentais: ân-


gulo e distância. Veremos primeiro como calcular, usando a linguagem vetorial,
o ângulo entre duas retas, o ângulo entre dois planos e o ângulo de incidência
de uma reta em um plano.
Dados dois subconjuntos S e R do espaço, já sabemos calcular a distância
de um ponto P de S a um ponto Q de S . Mostraremos, ao longo deste capítulo,
que se os subconjuntos são um ponto e um plano, dois planos, uma reta e um
plano, um ponto e uma reta, duas retas, um ponto e uma esfera, e um plano
e uma esfera, existe pelo menos um ponto P0 ∈ S e um ponto Q0 ∈ S que
realizam a menor distância entre dois pontos quaisquer de S e R, ou seja,
d(P0 , Q0 ) = min{d(P, Q) ; P ∈ R e Q ∈ S} .
É importante observar que isto nem sempre ocorre. Por exemplo, se S é
o conjunto dos pontos (x, y, 1/x), com x > 0 e y ∈ R, e R é o plano πXY ,
então d(P, Q) > 0 para todos P ∈ S e Q ∈ R, e, para todo  > 0, existe
um par de pontos P e Q , P = (2/, 0, /2) ∈ S e Q = (2/, 0, 0) ∈ R, tal
que d(P , Q ) = /2 < . Assim, não existem P 0 ∈ R e Q0 ∈ S de modo que
d(P 0 , Q0 ) ≤ d(P, Q) para todos P ∈ S e Q ∈ R .

19.2 Ângulo entre duas retas no espaço

Definição 1 O ângulo ∠(r1 , r2 ) entre r2 Z


r1
duas retas r1 e r2 é assim
denido:
• se r1 e r2 são coinci-
dentes ou paralelas, então
θ
∠(r1 , r2 ) = 0.
P ϕ
• se as retas são concorrentes, X Y
então ∠(r1 , r2 ) é o menor dos
ângulos positivos determina-
dos pelas retas no plano que Figura 19.1: Retas concorrentes: θ = ∠(r1 , r2 ) < ϕ

as contém (Figura 19.1).


π
Em particular, 0 < ∠(r1 , r2 ) ≤ .
2

2
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20

Z
• se r1 e r2 são reversas, então r20
r1
r2
∠(r1 , r2 ) = ∠(r1 , r20 ),
onde r20 é a reta paralela a reta
r2 que passa por um ponto
P da reta r1 . Pelo parale- θ
lismo entre as retas, é facil
P
vericar que ∠(r1 , r20 ) não de- X Y
pende do ponto P escolhido
sobre a reta r1 (Figura 19.2).
Figura 19.2: Retas reversas: θ = ∠(r1 , r2 )

Sejam −v→ −

1 e v2 vetores paralelos, respectivamente, às retas r1 e r2 concor-
rentes ou reversas. Como ∠(− v→ −→ −
→ − →
1 , v2 ) = ∠(r1 , r2 ) ou ∠(v1 , v2 ) = π−∠(r1 , r2 ),
segue que:
|h−
v→ −→
1 , v2 i| π
cos ∠(r , r ) = | cos ∠(−
v→, −v→)| = , 0 < ∠(r , r ) ≤ .
k−
v→ −→
1 2 1 2 1 2
1 k kv2 k 2
A fórmula também vale se r2 r1 r2 r1
r1 e r2 são paralelas ou coinci-
dentes, pois, neste caso, existe −

v2


v1


v1

λ ∈ R, tal que
θ θ

v→ = λ− v→ =⇒
1 2
π−θ
|hλ−
v→ −→
2 , v2 i| |λ| |h−
v→ −→
2 , v2 i|
=
kλ−
v→ −

2 k kv2 k |λ| k−v→ −

2 k kv2 k

= 1 = cos 0

v→
2

= cos ∠(r1 , r2 ) .
Figura 19.3: ∠(r1 , r2 ) = θ

Calcule o ângulo entre as retas Exemplo 1


x−1 y+1 z y−1 z−2
r1 : = = e r2 : x + 2 = = .
2 2 2 2 3
Mostre também que estas retas são reversas.
Solução. Temos que − v→ −

1 = (2, 2, 2) k r1 e v2 = (1, 2, 3) k r2 . Logo,

|h−
v→ −→
r
1 , v2 i| |2 + 4 + 6| 12 6
cos ∠(r1 , r2 ) = −→ −→ = √ √ =√ = .
kv1 k kv2 k 12 14 12 × 14 7
r
π 6
 
Assim, o ângulo entre r1 e r2 é o ângulo θ ∈ 0, tal que cos θ = .
2 7

3
Unidades 19 e 20 Ângulo entre dois planos

Para vericar que as retas r1 e r2 são reversas, observamos


r primeiro que os
6
vetores −
v→ e −
1 v→ não são múltiplos, pois | cos ∠(−
2 v→, −v→)| = 1 6= 1 . Portanto,
2
7
as retas não podem ser coincidentes nem paralelas, podendo ser concorrentes
ou reversas.
Para concluir que r1 e r2 são reversas, devemos mostrar que elas não se
intersectam. As equações paramétricas

de r1 são:
 x = 1 + 2t
r1 : y = −1 + 2t ; t ∈ R .
 z = 2t
Seja P = (1 + 2t, −1 + 2t, 2t) um ponto de r1 . Então,
(−1 + 2t) − 1 2t − 2
P ∈ r2 ⇐⇒ (1 + 2t) + 2 = =
2 3
−2 + 2t 2t − 2
⇐⇒ 3 + 2t = =
2 3
2
⇐⇒ 3 + 2t = −1 + t = (t − 1).
3
Da segunda igualdade, obtemos t = 1. Porém, substituindo este valor na
primeira igualdade, obtemos 5 = 0, uma contradição.
Logo, r1 ∩ r2 = ∅ e, portanto, r1 e r2 são retas reversas.

19.3 Ângulo entre dois planos

Definição 2 O ângulo ∠(π1 ,π2 ) entre dois planos π1 e π2 é denido da seguinte


maneira:
• se os planos são paralelos 2
r0
π2 r 2

(π1 k π2 ) ou coincidentes (π1 =


π2 ), então ∠(π1 , π2 ) = 0,
• se π1 e π2 não são paralelos P0 θ
P θ r0
nem coincidentes, eles se inter-
1
r r
π1 1

sectam ao longo de uma reta r.


Sejam P um ponto qualquer de
r, r1 a reta contida em π1 e r2 a
reta contida em π2 que são per- θ = ∠(r1 , r2 ) = ∠(r10 , r20 ) = ∠(π1 , π2 )
Figura 19.4:

pendiculares a r e passam pelo


ponto P . Denimos:
∠(π1 , π2 ) = ∠(r1 , r2 ) .

4
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20

Observe, na gura 19.4, que se tomarmos outro ponto P 0 em r e conside-


rarmos as retas r10 e r20 que passam por P 0 e satisfazem às mesmas condições
de r1 e r2 , obtemos, em virtude do paralelismo, que ∠(r10 , r20 ) = ∠(r1 , r2 ). Ou
seja, a denição do ângulo entre os planos não depende do ponto escolhido na
reta r.

A princípio parece trabalhoso calcular o ângulo entre dois planos no espaço.


Mostramos a seguir como obtê-lo de forma simples.
Sejam A ∈ r1 e B ∈ r2 pontos diferentes de P . Então, ∠(π1 , π2 ) é o menor
ângulo positivo cujo cosseno é
−−→ −−→

−−→ −−→ hP A , P B i
cos ∠(π1 , π2 ) = cos ∠(r1 , r2 ) = | cos ∠(P A , P B )| = −−→ −−→ .
kP A k kP B k

Consideremos a reta s1 per-


r
pendicular ao plano π1 que passa
2

π2
pelo ponto A e a reta s2 per- B
pendicular ao plano π2 que passa π−θ
C
pelo ponto B .
Seja π o plano que contém
θ
as retas r1 e r2 , ou seja, o plano P r
r 1

que passa por P e é perpendi- π1 A

cular à reta r. Então, s1 ⊂ π s


2
s
1
e s2 ⊂ π , pois A ∈ s1 ∩ π , θ = ∠(π1 , π2 ) = ∠(s1 , s2 )
Figura 19.5:

B ∈ s2 ∩π e os vetores direção
das retas s1 e s2 , normais aos planos π1 e π2 , respectivamente, são ortogonais
ao vetor direção da reta r.
Segue, então, que s1 e s2 são retas concorrentes, pois são coplanares e seus
vetores paralelos, − v→ −

1 e v2 , não são colineares. Seja C o ponto onde eles se
intercectam.
−−→ −−→ −−→ −−→
Como os ângulos ∠(P A , P B ) e ∠(CA , CB ) são suplementares (ver
gura 19.5), temos:
−−→ −−→ −−→ −−→
cos ∠(π1 , π2 ) = cos ∠(P A , P B ) = cos ∠(CA , CB ) .

Sejam π1 : a1 x + b1 y + c1 z = d1 e π2 : a2 x + b2 y + c2 z = d2 as equações
cartesianas dos planos num sistema de eixos OXY Z .

5
Unidades 19 e 20 Ângulo de incidência de uma reta num plano

Então, como − v→ −

1 = (a1 , b1 , c1 ) ⊥ π1 e v2 = (a2 , b2 , c2 ) ⊥ π2 , os ângulos
−− → −−→
∠(−
v→ −

1 , v2 ) e ∠(CA , CB ) são iguais ou suplementares. Logo,
|h−
v→ −→
1 , v2 i|
cos ∠(π , π ) = |cos ∠(− v→, −
v→)| = .
k−
v→ −→
1 2 1 2
1 k kv2 k
A fórmula vale também quando os planos são paralelos ou coincidentes.

Observação 3 Pela fórmula acima, os planos π1 e π2 são perpendiculares se, e só se, seus
vetores normais −
v→ −

1 e v2 são ortogonais.
Ou, equivalentemente, π1 ⊥ π2 se, e só se, −
v→ −

1 k π2 e v2 k π1 .

Exemplo 2 Calcule o ângulo entre os planos π1 : −y +1 = 0 e π2 : y +z +2 = 0.


Solução. Temos que − v→ −

1 = (0, −1, 0) ⊥ π1 e v2 = (0, 1, 1) ⊥ π2 . Logo,
∠(π1 , π2 ) é o menor ângulo positivo cujo cosseno é
|h−
v→ −→
1 , v2 i|
cos ∠(π , π ) = |cos ∠(− v→, −
v→)| =
k−
v→ −→
1 2 1 2
1 k kv2 k √
|h(0, −1, 0), (0, 1, 1)i| |−1| 1 2
= = √ = √ = .
k(0, −1, 0)k k(0, 1, 1)k (1) 2 2 2
π
Portanto, ∠(π1 , π2 ) = 45o = .
4

19.4 Ângulo de incidência de uma reta num

plano

Definição 4 Sejam r uma reta e π um plano no espaço. Suponhamos, primeiro, que


r ∩ π seja um ponto P .
Consideremos a reta ` que `
r
passa pelo ponto P e é per- −
w→
pendicular ao plano π . Se θ é π
θ
2 ∠(r, π)
o ângulo entre as retas r e `,
P
o ângulo de incidência ∠(r, π)
da reta r no plano π é o com- π
plementar do ângulo θ, ou seja,
π ∠(r, π) = π2 − θ
∠(r, π) = − θ . Figura 19.6:

2 →
Logo, se −w é um vetor normal a π , e →

v é um vetor paralelo a r,
|h→

v ,− →i|
π  w
sen ∠(r, π) = sen − θ = cos θ = → − − → . (19.1)
2 k v k kw k

6
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20

Quando a reta r está contida em π ou é paralela a π , dizemos que o ângulo de


incidência é zero. Observe que a fórmula 19.1 também vale, pois, nestes casos,


v ⊥− →.
w

Calcule oseno do ângulo entre a reta r e o plano π , onde Exemplo 3


 x=t
r: y = 2t − 1 ; t ∈ R e π : x − 2y + 3 = 0 .
z=4

Solução. Temos que → −
v = (1, 2, 0) k r e −
→ = (1, −2, 0) ⊥ π . Logo,
w
|h→

v ,−
→i|
w |h(1, 2, 0), (1, −2, 0)i| |1 − 4 + 0| 3
sen ∠(r, π) = → →k = k(1, 2, 0)k k(1, −2, 0)k = √ √ = .
k−
v k k−
w 5 5 5

19.5 Distância de um ponto P0 a um plano π

A distância d(P0 , π) do ponto P0 ao plano π é a menor das distâncias Definição 5


de P0 a um ponto P de π :
d(P0 , π) = min { d(P0 , P ) | P ∈ π }

r
Seja P ? o ponto de inter-
P0
seção de π com a reta r que
passa por P0 e é perpendicular
a π.
P
Se P é um ponto qualquer P?

no plano π , diferente de P ? ,
π
obtemos, pelo teorema de Pitá-
goras aplicado ao triângulo retân- Figura 19.7: Cálculo de d(P0 , π)

gulo 4P0 P ? P , que:


d(P0 , P )2 = d(P0 , P ? )2 + d(P ? , P )2 > d(P0 , P ? )2 =⇒ d(P0 , P ) > d(P0 , P ? ) .
Logo,
d(P0 , π) = min{d(P0 , P ) ; P ∈ π} = d(P0 , P ? ) .
Se, num sistema de eixos ortogonais OXY Z , P0 = (x0 , y0 , z0 ) e π : ax +
by + cz = d, as equações paramétricas de r são:

7
Unidades 19 e 20 Distância de um ponto P a um plano π 0


 x = x0 + at
r: y = y0 + bt ; t ∈ R .
z = z0 + ct

Como P ∈ r ∩ π , temos P ? = (x0 + at? , y0 + bt? , z0 + ct? ), para algum


?

valor t? ∈ R tal que a(x0 + at? ) + b(y0 + bt? ) + c(z0 + ct? ) = d .


Logo,
ax + by + cz − d
(a2 + b2 + c2 )t? = d − ax0 − by0 − cz0 ⇐⇒ t? = − 0 2 0 2 02 .
a +b +c
Assim,
−−−→
d(P0 , P ? ) = kP0 P ? k = k(at? , bt? , ct? )k = kt? (a, b, c)k = |t? | k(a, b, c)k

ax0 + by0 + cz0 − d
= − 2 2 2
k(a, b, c)k
a +b +c
|ax0 + by0 + cz0 − d|
= k(a, b, c)k
k(a, b, c)k2
|ax0 + by0 + cz0 − d|
= .
k(a, b, c)k
Ou seja, a distância do ponto P0 = (x0 , y0 , z0 ) ao plano π : ax + by + cz =
d é dada pela fórmula:
|ax0 + by0 + cz0 − d|
d(P0 , π) = p .
a2 + b2 + c2

Exemplo 4 Calcule a distância do ponto A = (1, 2, 3) ao plano π : 2x + y − 5z = 4 .


Solução.
(a) Usando a fórmula: r
|ax0 + by0 + cz0 − d| |2(1) + 1(2) − 5(3) − 4| 15 15
d(A, π) = p = p =√ = .
2
a +b +c2 2 2 2
2 + 1 + (−5) 2 30 2
(b) Sem usar a fórmula:
A reta r que passa por A = (1, 2, 3) e é paralela ao vetor −
→ = (2, 1, −5) ⊥
w
π é dada por: 
 x = 1 + 2t
r: y = 2 + t ; t ∈ R.
 z = 3 − 5t
Seja {B} = r ∩ π . Então, as coordenadas de B = (1 + 2t, 2 + t, 3 − 5t)
satisfazem à equação de π :
2(1 + 2t) + (2 + t) − 5(3 − 5t) = 4 ,
ou seja,
1
2 + 4t + 2 + t − 15 + 25t = 4 =⇒ 30t = 15 =⇒ t = .
2
1−→ −−→ 1 − → 1
Logo, B = A + w , isto é, AB = w = (2, 1, −5) e, portanto,
2 2 2

8
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20


1√
r
−−→ 1 → 30 15
d(A, π) = d(A, B) = kAB k = k−
wk= 4 + 1 + 25 = = .
2 2 2 2

19.6 Distância entre dois planos

A distância d(π1 , π2 ) entre os planos π1 e π2 é a menor das distâncias Definição 6


de um ponto de π1 a um ponto de π2 :
d(π1 , π2 ) = min { d(P, Q) | P ∈ π1 e Q ∈ π2 } .

Note que se π1 e π2 são coincidentes ou concorrentes, então d(π1 , π2 ) = 0.


Suponhamos que π1 e π2 são planos paralelos.
Sejam P1 ∈ π1 e R1 o pé da perpendicular baixada do ponto P1 sobre o
plano π2 .
Se P ∈ π1 , Q ∈ π2 e R é
o pé da perpendicular baixada P P1 π 1

do ponto P sobre o plano π2 ,


segue, pelo Teorema de Pitá-
goras e pelo fato de P P1 R1 R
ser um retângulo, que Q R1
π2
R
d(P, Q) ≥ d(P, R) = d(P1 , R1 ) ,
Assim, Figura 19.8: Cálculo de d(π1 , π2 )

d(π1 , π2 ) = d(P1 , R1 ) = d(P1 , π2 ) , qualquer que seja P1 ∈ π1 .


Se P1 = (x1 , y1 , z1 ), π1 : ax + by + cz = d1 e π2 : ax + by + cz = d2 são o
ponto P1 e os planos π1 e π2 dados num sistema de eixos ortogonais OXY Z ,
então
|ax1 + by1 + cz1 − d2 | |d − d2 |
d(π1 , π2 ) = d(P1 , π2 ) = p =p 1 ,
a2 + b2 + c2 a2 + b2 + c2
pois ax1 + by1 + cz1 = d1 (⇐⇒ P1 ∈ π1 ) .
Ou seja, a distância entre os planos paralelos π1 : ax + by + cz = d1 e
π2 : ax + by + cz = d2 é dada pela fórmula
|d1 − d2 |
d(π1 , π2 ) = p .
a2 + b2 + c2

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Unidades 19 e 20 Distância entre uma reta e um plano

Exemplo 5 Calcule a distância entre os planos π1 : x+2y+z = 2 e π2 : 2x+4y+2z = 6 .


Solução. Como π2 : x + 2y + z = 3, π1 é paralelo a π2 , e
|3 − 2| 1
d(π1 , π2 ) = √ = √ .
12 + 2 2 + 1 2 6

19.7 Distância entre uma reta e um plano

Definição 7 A distância d(r, π) entre uma reta r e um plano π é dada por:


d(r, π) = min { d(P, Q) | P ∈ r e Q ∈ π } .

Note que se r ∩ π 6= ∅ (r ⊂ π ou r ∩ π = {P }), então d(r, π) = 0.


O caso interessante a considerar ocorre quando r ∩ π = ∅, isto é, quando
a reta r é paralela ao plano π .
Sejam P1 ∈ r e R1 o pé da r P P1
perpendicular baixada do ponto
P1 sobre o plano π .
Então,
d(P, Q) ≥ d(P, R) ≥ d(P1 , R1 ),
quaisquer que sejam P ∈ r e Q
R R1
π

Q ∈ π , onde R é o pé da per-
pendicular traçada do ponto P
Figura 19.9: d(r, π) = d(P1 , R1 )

sobre o plano π . Logo,


d(r, π) = d(P1 , Q1 ) = d(P1 , π) , qualquer que seja P1 ∈ r .

Exemplo 6 Mostre que a reta r é paralela ao plano π e calcule d(r, π), onde
x+2 3y + 1 1−z
r: = = e π : 2x − 3y + 6z = −3 .
6 −6 3
Solução. A equação simétrica de r pode ser escrita da seguinte maneira:
x+2 y + 13 z−1
r: = = .
6 −2 −3
Logo, a reta r passa pelo ponto A = (−2, − 31 , 1) e é paralela ao vetor


v = (6, −2, −3). Seja −→ = (2, −3, 6) o vetor normal ao plano π . Como
w


v ⊥−→, pois
w

10
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20

h→

v ,−
→i = h(6, −2, −3), (2, −3, 6)i
w
= 6 · 2 + (−2)(−3) + (−3)6 = 12 + 6 − 18 = 0 ,
obtemos, pela Proposição 12 do Capítulo 17, que r é paralela ao plano π ou r
está contida no plano π .
Para mostrar que r k π , basta vericar que um ponto de r não pertence a
π . Seja A = (−2, − 13 , 1) ∈ r. Então, A ∈
/ π , pois
2(−2) − 3(− 13 ) + 6(1) = −4 + 1 + 6 = 3 6= −3 .
Logo, r k π , e
2(−2) − 3(− 1 ) + 6(1) + 3

3 6
d(r, π) = d(A, π) = √ = .
4 + 9 + 36 7

19.8 Distância de um ponto a uma reta

Sejam P um ponto e r uma reta no espaço. A distância d(P, r) do ponto Definição 8


P à reta r é o número dado por
d(P, r) = min { d(P, Q) | Q ∈ r } .

Seja P 0 o pé da perpendicular baixada do ponto P sobre a reta r.


Para todo ponto Q ∈ r, Q 6= P 0 , temos, pelo teorema de Pitágoras, que:
d(P, Q)2 = d(P, P 0 )2 + d(P 0 , Q)2 .

Logo, d(P, Q) > d(P, P 0 ) P


e, portanto,
d(P, r) = d(P, P 0 ) .
Assim, para calcular a dis-
tância de P a r devemos pri- r
meiro determinar o ponto P 0 ,
P0
pé da perpendicular baixada de
P sobre a reta r, e depois cal-
−−→ Q
cular a norma do vetor P P 0 .
Figura 19.10: Cálculo de d(P, r)

Calcule a distância do ponto P = (2, 5, −1) à reta r que passa pelo ponto Exemplo 7
P0 = (1, −1, 2) e é paralela ao vetor →

v = (1, 0, 1).

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Unidades 19 e 20 Distância de um ponto a uma reta

Solução. Sejam P 0 o pé da perpendicular baixada do ponto P sobre a reta r


−−→
e t0 ∈ R tal que P 0 = P0 + t0 →
−v . Então, P P 0 é perpendicular à reta r se, e
somente se,
−−→ − −−−→ −−−→ −
0 = hP P 0 , →
v i = hP P0 + t0 →

v ,→
−v i = hP P0 , →
v i + t0 h→

v ,→

v i.
−−−→
Como P P0 = (−1, −6, 3) e → −
v = (1, 0, 1), segue que
−−−→ →
0 = hP P , v i + t h→
0
− −
v ,→

v i ⇐⇒
0

0 = h(−1, −6, 3), (1, 0, 1)i + t0 h(1, 0, 1), (1, 0, 1)i ⇐⇒


0 = (−1 + 3) + t0 (1 + 1) = 2 + 2t0 .
Logo, t0 = −1 e, portanto, P 0 = P0 + t0 →

v = (1, −1, 2) − (1, 0, 1) =
(0, −1, 1). Assim,
−−→ p
d(P, r) = d(P, P 0 ) = kP P 0 k = (2 − 0)2 + (5 − (−1))2 + (−1 − 1)2
√ √ √
= 4 + 36 + 4 = 44 = 2 11 .

Exemplo 8 Obtenha o conjunto S dos pontos do espaço que estão a distância 2 da


reta r paralela ao vetor →

v = (1, 2, 1) que passa pela origem.
−−→
Solução. Temos que Q ∈ S se, e somente se, existe P ∈ r tal que P Q ⊥ r
−−→
e kP Q k = 2.
Sejam P = (t, 2t, t), t ∈ R, um ponto de r e Q = (x, y, z) um ponto do
espaço. Então,
−−→ −−→ − −−→ −
P Q ⊥ r ⇐⇒ P Q ⊥ → v ⇐⇒ hP Q , → v i = 0,
se, e somente se,
−−→ −
0 = hP Q , → v i = h(x − t, y − 2t, z − t), (1, 2, 1)i
= x − t + 2y − 4t + z − t = x + 2y + z − 6t .
−−→
Ou seja, P Q ⊥ π se, e só se, Q pertence ao plano πt : x + 2y + z = 6t que
passa pelo ponto P e é perpendicular ao vetor → −
v .
−−→
Suponhamos também que kP Q k = 2 . Como t = (x + 2y + z)/6, temos
 
x + 2y + z 2(x + 2y + z) x + 2y + z
P = , , .
6 6 6
Logo,
 
−−→ x + 2y + z 2(x + 2y + z) x + 2y + z
PQ = x− ,y − ,z −
6 6 6
 5x − 2y − z −2x + 2y − 2z −x − 2y + 5z 
= , , .
6 6 6

12
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20

−−→ −−→
Assim, d(Q, r) = d(Q, P ) = kP Q k = 2 se, e somente se, kP Q k2 = 4,
isto é, se, e somente se,
(5x − 2y − z)2 (−2x + 2y − 2z)2 (−x − 2y + 5z)2
+ + =4
36 36 36
⇐⇒ (5x − 2y − z)2 + (−2x + 2y − 2z)2 + (−x − 2y + 5z)2 = 4(36) .
Desenvolvendo os quadrados e simplicando, obtemos que S é o conjunto
dos pontos Q = (x, y, z) do espaço que satisfazem à equação

30x2 + 12y 2 + 30z 2 − 24xy − 12xz − 24yz − 144 = 0 . (19.2)


Geometricamente, S é o cilin- Z

dro circular reto de raio igual


a dois cujo eixo é a reta r, ou
seja, π ∩S é um círculo de raio r
2 com centro no ponto de in-
terseção de r com π , onde π Y
é um plano qualquer perpendi- S
cular a r. Com o estudo que X

será feito nos próximos capítu- Figura 19.11: Exemplo 8

los, poderemos vericar que a


equação 19.2 representa uma quádrica cilíndrica circular (Figura 19.11).

Determine o conjunto S dos pontos do plano π : x + y + 2z = 1 que estão Exemplo 9


a distância três da reta r que passa pelos pontos A = (1, 0, 1) e B = (2, −1, 1).
−−→
Solução. A reta r é paralela ao vetor AB = (1, −1, 0) e o plano π é perpen-
dicular ao vetor −→ = (1, 1, 2).
w
−−→ − →i = h(1, −1, 0), (1, 1, 2)i = 1 − 1 = 0, e A ∈
Como hAB , w / π (note que
as coordenadas de A = (1, 0, 1) não satisfazem a equação de π ) obtemos, pela
Proposição 12 do Capítulo 17, que a reta r é paralela ao plano π .
−−→
Sejam P = A + tAB = (1 + t, −t, 1) um ponto da reta r e Q = (x, y, z)
um ponto do plano π tais que
−−→
P Q ⊥ r e d(Q, r) = d(P, Q) = 3.
Então,
−−→ −−→
hP Q , AB i = h(x − 1 − t, y + t, z − 1), (1, −1, 0)i
= x − 1 − t − y − t = x − y − 2t − 1 = 0 .

13
Unidades 19 e 20 Distância de um ponto a uma reta
−−→
Ou seja, P Q ⊥ r se, e só se, Q pertence ao plano π : x − y = 2t + 1
perpendicular a r que passa pelo ponto P .
Como Q ∈ π , as suas coordenadas x, y e z satisfazem ao sistema formado
pelas equações de π e π : 
x − y = 2t + 1
x + y = −2z + 1 .
Somando as equações, obtemos
2x = 2 + 2t − 2z ⇐⇒ x = 1 + t − z ,
e subtraindo a primeira equação da segunda, obtemos
2y = −2z − 2t ⇐⇒ y = −t − z .
Então, os pontos Q = (x, y, z) do plano π que se projetam perpendicular-
mente sobre o ponto P = (1 + t, −t, 1) da reta r pertencem à reta

 x=1+t−s
`: y = −t − s ; s ∈ R , (19.3)
 z=s

que passa pelo ponto P e é ortogonal à reta r.


Z `
r1

B A 1

−1 r
P
1
2 1
X 3

π
r2
Y
Figura 19.12: Exemplo 9

Além disso, devemos ter d(P, Q) = 3, ou seja,


9 = d(P, Q)2 = (x − (1 + t))2 + (y − (−t))2 + (z − 1)2
= (−s)2 + (−s)2 + (s − 1)2 = 3s2 − 2s + 1 .
4
Resolvendo a equação 3s2 −2s+1 = 9, obtemos s = 2 e s = − . Substituindo
3
estes valores em 19.3, segue que S é a união das retas

14
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20


7
x= +t
 

 x = −1 + t 3


 

r1 : y = −2 − t ; t∈R e r2 : 4 t∈R ,
y = −t ;
  3
z=2
 

 z = −4


3
paralelas à reta r e contidas no plano π , cujos pontos estão a distância três da
reta r (Figura 19.12).

19.9 Distâncias entre retas no espaço

A distância d(r1 , r2 ) entre duas retas r1 e r2 é dada por: Definição 9


d(r1 , r2 ) = min d(P, Q) | P ∈ r1 e Q ∈ r2 } .

Se as retas se intersectam, d(r1 , r2 ) = 0. Assim, os casos interessantes a


considerar ocorrem quando r1 ∩ r2 = ∅, ou seja, quando r1 e r2 são retas
paralelas ou reversas.

19.9.1 Distância entre duas retas paralelas no espaço

Sejam r1 = {P1 + t −
v→ −

1 ; t ∈ R} e r2 = {P2 + t v2 ; t ∈ R} duas retas no
espaço.
Suponhamos que r1 k r2 .
r1
Então, −v→ −→
1 e v2 são colineares,
P
r1 ∩ r2 = ∅ e existe um plano
P1
π que contém ambas as retas.
r2
Seja P1 ∈ r1 e R1 o pé da per- Q
pendicular baixada de P1 sobre R
a reta r2 . Então, se P ∈ r1 ,
R1
Q ∈ r2 e R é o pé da perpen-
dicular baixada de P sobre r2 , Figura 19.13: d(P, Q) ≥ d(P1 , R1 ), para P ∈ r1 e Q ∈ r2

d(P, Q) ≥ d(P, R) = d(P1 , R1 ) ,


pois P1 R1 RP é um retângulo contido no plano π .
Logo, qualquer que seja o ponto P1 ∈ r1 ,

15
Unidades 19 e 20 Distâncias entre retas no espaço

d(r1 , r2 ) = d(P1 , R1 ) = d(P1 , r2 ).

Exemplo 10 Mostre que a reta r1 que passa pelos pontos A1 = (1, 2, 1) e B1 = (2, 1, 0)
é paralela à reta r2 que passa pelos pontos A2 = (0, 1, 2) e B2 = (1, 0, 1).
Calcule também a distância entre r1 e r2 .
−−−→ → −−−−→
Solução. Temos que − v→ −
1 = A1 B1 = (1, −1, −1) e v2 = A2 , B2 = (1, −1, −1)
são vetores paralelos às retas r e r , respectivamente. Logo, −
1 2 v→ = −
1v→, e as
2
equações paramétricas de r1 e r2 são:
r1 = {A1 + t − v→
1 | t ∈ R} = {(1 + t, 2 − t, 1 − t) | t ∈ R} ,
−→
r2 = {A2 + s v2 | s ∈ R} = {(s, 1 − s, 2 − s) | s ∈ R} .
Para mostrar que r1 k r2 , basta vericar que um ponto de r2 não pertence
a r1 , pois já sabemos que −v→ −→
1 e v2 são múltiplos. Por exemplo, vejamos que
B2 = (1, 0, 1) 6∈ r1 .
De fato, se B2 = (1, 0, 1) pertencesse a r1 , deveria existir um número real t
de modo que 1 + t = 1, 2 − t = 0 e 1 − t = 1 . Da primeira destas identidades,
obtemos t = 0, e da segunda, t = 2, uma contradição. Portanto, B2 6∈ r1 e as
retas r1 e r2 são, efetivamente, paralelas.
Para calcular a distância d(r1 , r2 ), basta achar a distância de um ponto de
r1 a r2 . Por exemplo, calculemos d(A1 , r2 ).
−−−→
Seja C = (s, 1−s, 2−s) ∈ r2 tal que o vetor A1 C = (−1+s, −1−s, 1−s)
−−→ −
é perpendicular à reta r2 , isto é, ao vetor −v→
2 = (1, −1, −1). Sendo AC ⊥ v2

−−→ → 1
se, e só se, hAC , − v2 i = 0, obtemos que s = , pois
3
−−→ − →
0 = hAC , v2 i = h(−1 + s, −1 − s, 1 − s), (1, −1, −1)i = 3s − 1 .
Logo, a distância entre as retas paralelas r1 e r2 é
−−−→
d(r1 , r2 ) = d(A1 , C) = kA1 C k
r 
2 2
 4 2  2 2 1 √
= − + − + = 24
3 3 3 3
2√
= 6.
3

19.9.2 Distância entre duas retas reversas no espaço

16
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20

Sejam r1 = {P1 + t−
v→
1 ; t ∈ R} P0

→ P10
e r2 = {P2 + tv2 ; t ∈ R} duas P1
π1
retas reversas no espaço (isto é,
r1
r1 ∩ r2 = ∅ e − v→ −→
1 e v2 não são
colineares). Q0
P20
Sejam π1 e π2 os planos ger- π2 P2 r 2

→ −

ados pelos vetores v1 e v2 que
r1 r2
Figura 19.14: Retas reversas e
contêm, respectivamente, os pon-
tos P1 e P2 . Então, π1 e π2 são planos paralelos que contém as retas r1 e r2 ,
respectivamente (Figura 19.14). Sabemos que
d(π1 , π2 ) = min{d(P, Q) | P ∈ π1 e Q ∈ π2 } = d(P 0 , Q0 ) ,
onde P 0 é um ponto arbitrário de π1 e Q0 é o pé da perpendicular baixada
do ponto P 0 sobre o plano π2 . Como r1 ⊂ π1 , r2 ⊂ π2 e d(r1 , r2 ) =
min{d(P, Q) ; P ∈ r1 e Q ∈ r2 }, temos
d(r1 , r2 ) ≥ d(π1 , π2 ) .
Armamos que
d(r1 , r2 ) = d(π1 , π2 ) .
−−−→
Para isto, basta mostrar que existem P10 ∈ r1 e P20 ∈ r2 tais que P10 P20 é
perpendicular a r1 e a r2 , isto é, perpendicular aos vetores −
v→ −

1 e v2 .

Sejam P10 = P1 + t −
v→ −→
1 um ponto da reta r1 e P2 = P2 + s v2 um ponto da
0
−−0−→ −− −→
reta r . Sendo P P 0 = P P + s−
2 1 2 1 2 v→ − t−
2 v→, obtemos que
1

−−0−→ −−−→ → −−−→


P1 P20 ⊥ −
v→
1 ⇐⇒ hP10 P20 , −
v1 i = hP1 P2 + s−
v→ −
→ − →
2 − tv1 , v1 i = 0 ,
−−0−→ −−−→ → −−−→
P1 P20 ⊥ −
v→
2 ⇐⇒ hP10 P20 , −
v2 i = hP1 P2 + s−
v→ −
→ − →
2 − tv1 , v2 i = 0 .

−−−→
Desenvolvendo os produtos internos acima, segue que P10 P20 é perpendicular
aos vetores −
v→ −

1 e v2 se, e somente se,

( −−−→
hP1 P2 , −
v→ −→ − → −
→ − →
1 i + shv2 , v1 i − thv1 , v1 i = 0
−−−→ →
hP1 P2 , −
v2 i + sh−
v→ −→ −
→ − →
2 , v2 i − thv1 , v2 i = 0 ,
−−−→ −
sh−
v→ −→ −→ − → →
(
2 , v1 i − thv1 , v1 i = −hP1 P2 , v1 i
⇐⇒ −−−→ → (19.4)
sh−
v→, −v→i − th−
2 2 v→, −v→i = −hP P , −
1 2 v i. 1 2 2

Como o determinante da matriz do sistema 19.4 é

17
Unidades 19 e 20 Distâncias entre retas no espaço

h−
v→ −
→ −
→ − →
!
1 , v1 i hv1 , v2 i
det − = h−
v→ −
→ − → − → −
→ − →2
1 , v1 ihv2 , v2 i − hv1 , v2 i
hv→ −
→ −
→ − →
2 , v1 i hv2 , v2 i

= k−
v→ −
→ 6 0,
1 × v2 k =

pois os vetores −v→ −→


1 e v2 não são múltiplos, o sistema possui uma única solução
para s e t. Estes valores determinam um único par de pontos P10 ∈ r1 e P20 ∈ r2
−−−→
tais que P10 P20 é perpendicular a r1 e a r2 , simultaneamente. Logo, a distância
entre as retas r1 e r2 é
d(r1 , r2 ) = d(π1 , π2 ) = d(P10 , P20 ) .
Observe que a reta r3 que passa pelos pontos P10 e P20 é a única reta que
intersecta as retas r1 e r2 perpendicularmente.

Exemplo 11 Mostre que as retas


 
 x=1+t  x=2+t
r1 : y = 2t ; t∈R e r2 : y=3 ; t∈R
 z=0  z =1+t

são reversas, calcule d(r1 , r2 ) e determine a única reta r3 que intersecta as retas
r1 e r2 perpendicularmente.
Solução. Temos que o vetor − v→
1 = (1, 2, 0) é paralelo à reta r1 e o vetor

v = (1, 0, 1) é paralelo à reta r . Como −
→ v→ e − v→ não são colineares, as
2 2 1 2
retas podem ser apenas concorrentes ou reversas. Para mostrar que r1 e r2 são
reversas, basta vericar que r1 ∩ r2 = ∅.
Suponhamos, por absurdo, que r1 ∩ r2 6= ∅. Então, existiriam s, t ∈ R tais
que
(1 + t, 2t, 0) = (2 + s, 3, 1 + s)
⇐⇒ 1 + t = 2 + s , 2t = 3 , 0 = 1 + s . (19.5)
3
Da segunda identidade, obtemos t = e da terceira, s = −1. Mas estes valores
2
3 5
são incompatíveis com a primeira identidade, pois 1 + t = 1 + = 6= 1 =
2 2
2 + (−1) = 1 + s. Assim, o sistema 19.5 não tem solução. Logo, as retas r1 e
r2 não se intersectam e são, portanto, reversas.
Vamos determinar os pontos P10 = (1+t, 2t, 0) ∈ r1 e P20 = (2+s, 3, 1+s) ∈
−−−→
r2 de modo que o vetor P10 P20 = (1 + s − t, 3 − 2t, 1 + s) seja perpendicular a

v→ −

1 e v2 , simultaneamente.
Devemos achar valores s, t ∈ R tais que

18
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20

( −−−→
hP10 P20 , −
v→
(
1 i = 0 h(1 + s − t, 3 − 2t, 1 + s), (1, 2, 0)i = 0
−−0−→ ⇐⇒
hP1 P20 , −v→
2 i = 0 (
h(1 + s − t, 3 − 2t, 1 + s), (1, 0, 1)i = 0
s − 5t = −7
⇐⇒
2s − t = −2 .
Substituindo t = 2 + 2s 
na primeira
 4 equação, obtemos s − 10 − 10s = −7.
1 1
Então, s = − , t = 2 + 2 − = e, portanto,
3 3 3
7 8  5 2
 −−−→  2 1 2 
P10 = , , 0 , P20 = , 3, e P10 P20 = − , , .
3 3 3 3 3 3 3
Assim, a distância entre r1 e r2 é
−−−−→ 1√
d(r1 , r2 ) = kP10 , P20 k = 4+1+4=1
3
e n −−−→ o n 7 2 8 1 2
 o
r3 = P10 + tP10 P20 | t ∈ R = − t, + t, t t ∈ R ,
3 3 3 3 3
é a reta procurada.

Sejam r1 a reta que passa pelo ponto P1 = (1, 1, 2) e é paralela ao vetor Exemplo 12


v1 = (1, 1, 0) e r2 a reta de interseção dos planos π1 : x + 2y + z = 4 e
π2 : x + z = 2. Mostre que r1 e r2 são retas reversas, calcule a distância entre
elas e determine a única reta r que intersecta r1 e r2 perpendicularmente.
Solução. A reta r1 é dada por
r = {P + t−
1 v→ | t ∈ R} = {(1 + t, 1 + t, 2) | t ∈ R} .
1 1

Determinemos a equação paramétrica da reta r2 . Sabemos que a reta r2 é


paralela ao vetor →−
u ×− →, onde →
w −
u = (1, 2, 1) ⊥ π1 e −→ = (1, 0, 1) ⊥ π . Ou
w 2
seja, r2 é paralela ao vetor
2 1 1 1 1 2


u ×− → = −
e→

e→

e→
w 1 − 2 +

3
0 1 1 1 1 0
= (2, 0, −2).
Para achar um ponto P2 ∈ r2 , tomamos x = 2, por exemplo, nas equações
dos planos π1 e π2 :
(
2 + 2y + z = 4
=⇒ z = 0 =⇒ y = 1 =⇒ P2 = (2, 1, 0) ∈ r2 .
2+z = 2
Logo, r2 é a reta que passa pelo ponto P2 = (2, 1, 0) e é paralela ao vetor
−→
v2 = (1, 0, −1), ou seja:
r = {P 0 + s−
2 v→ | s ∈ R} = {(s, 1, 2 − s) | s ∈ R} .
1 2

19
Unidades 19 e 20 Distâncias entre retas no espaço

Como os vetores − v→ −→
1 = (1, 1, 0) e v2 = (1, 0, −1) não são colineares, as
retas r1 e r2 são concorrentes ou reversas.
Suponhamos que r1 ∩ r2 = {Q}. Então, Q = (1 + t, 1 + t, 2) = (s, 1, 2 − s)
para certos valores s, t ∈ R, que tentaremos determinar.
Devemos ter 1 + t = s , 1 + t = 1 e 2 = 2 − s. Da segunda identidade,
obtemos t = 0 e, da terceira, s = 0. No entanto, estes valores não são
compatíveis com a primeira identidade, pois 1 + t = 1 + 0 6= 0 = s. Assim,
r1 ∩ r2 = ∅ e, portanto, as retas são reversas.
Para calcular a distância entre as retas r1 e r2 , devemos determinar P ∈ r1
−−→ −−→
e P 0 ∈ r2 tais que P P 0 ⊥ −
v→ −→
1 e P P ⊥ v2 , simultaneamente.
0

−−→
Como P = (1 + t, 1 + t, 2), P 0 = (s, 1, 2 − s) e P P 0 = (s − t − 1, −t, −s),
as condições de perpendicularidade, em termos do produto interno, são:
( −−→
hP P 0 , −
v→
(
1 i = 0 h(s − t − 1, −t, −s), (1, 1, 0)i = 0
−−→ −→ ⇐⇒
hP P 0 , v2 i = 0 h(s − t − 1, −t, −s), (1, 0, −1)i = 0
( (
s−t−1−t = 0 s − 2t = 1
⇐⇒ ⇐⇒
s−t−1+s = 0 2s − t = 1

Substituindo s = 2t + 1 na segunda equação, obtemos 4t + 2 − t = 1 ou


1 1 1
seja, t = − e s = 2 − + 1 = . Portanto,
3 3  3 
2 2
1 5

0
P = (1 + t, 1 + t, 2) = , , 2 ; P = (s, 1, 2 − s) = , 1, ;
3 3 3 3
e
−−→0
 1 1 1 1
P P = (s − t − 1, −t, −s) = − , , − = (−1, 1, −1) .
3 3 3 3
Assim, √
−−→ 1√ 3
d(r1 , r2 ) = kP P 0 k = 1+1+1= .
3 3
A única reta r que intersecta r1 e r2 perpendicularmente é a a reta que passa
−−→
por P e é paralela ao vetor P P 0 , ou seja, paralela ao vetor →

v = (−1, 1, −1).
Logo, n 2 2
r = {P + t→ −
 o
v | t ∈ R} = − t, + t, 2 − t t ∈ R
3 3
é a reta procurada.

20
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20

19.10 Posição relativa entre um plano e uma

esfera

Sabemos da Geometria Espacial que a intersecção de um plano e de uma


esfera pode ser um ponto, um círculo ou o conjunto vazio. Vamos provar este
resultado usando os recursos da Geometria Analítica.

Sejam π um plano e S uma esfera de centro A e raio R > 0. Então, Teorema 10


(a) d(A, π) > R se, e somente se, π ∩ S = ∅.
(b) d(A, π) = R se, e somente se, π ∩ S consiste de único ponto P0 . Neste
caso, dizemos que π é o plano tangente a S no ponto P0 . O ponto P0 é o
ponto de intersecção do plano π com a reta normal a π que passa pelo centro
A da esfera S .
(c) d(A, π) < R se, e somente se, π ∩ S é um círculo. Além disso, o círculo
π ∩ S , contido no plano π , tem raio R2 − d(A, π)2 e centro no ponto de
p

intersecção do plano π com a reta normal a π que passa pelo centro A da


esfera S .

Seja OXY Z um sistema de eixos ortogonais tal que πXY = π e A = Demonstração


(0, 0, c), com c ≥ 0. Nesse sistema de coordenadas, d(A, π) = c e
S = {(x, y, z) ∈ R3 | x2 + y 2 + (z − c)2 = R2 }.

Suponhamos que d(A, π) = c > R.

Seja (x, y, 0) ∈ π = πXY um ponto arbitrário. Como


x2 + y 2 + (0 − c)2 ≥ c2 > R2 ,

concluímos que (x, y, 0) 6∈ S . Isto é, nenhum ponto de π pertence a S , ou seja,


π ∩ S = ∅. Portanto, d(A, π) = c > R =⇒ π ∩ S = ∅.

21
Unidades 19 e 20 Posição relativa entre um plano e uma esfera

Z Z

S
π = πXY
A S

π = πXY

O O

X Y X Y

Figura 19.15: d(A, π) = c > R Figura 19.16: d(A, π) = c = R

Suponhamos agora que d(A, π) = c = R.

Seja P = (x, y, 0) ∈ π = πXY . Temos que P ∈ S , se e(só, se


x=0
x2 + y 2 + (0 − R)2 = R2 ⇐⇒ x2 + y 2 = 0 ⇐⇒
y = 0.

Logo, P = (x, y, 0) ∈ π ∩ S se, e só se, P = (0, 0, 0). Provamos, assim, que


−−→
d(A, π) = c = R =⇒ π ∩ S = {P = (0, 0, 0)}. Como o vetor P A = (0, 0, c) é
perpendicular ao plano π = πXY , obtemos que P é, geometricamente, o ponto
onde a reta perpendicular ao plano π , que passa por A, intersecta o plano π .

Finalmente, suponhamos que d(A, π) = c < R.

Temos que P = (x, y, 0) ∈ π ∩ S se, e só se,


x2 + y 2 + c2 = R2 ⇐⇒ x2 + y 2 = R2 − c2 .

Logo, π ∩ S é um círculo contido no plano π = πXY de raio R2 − c2 =
R2 − d(A, π)2 e centro no ponto P = (0, 0, 0), que é, geometricamente, o
p

ponto de intersecção de π com a reta normal ao plano π que passa pelo centro
A da esfera S .

22
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20

Z Z

π = πXY π = πXY

S S

A A
c

R
O O
C C
X Y X Y

Figura 19.17: d(A, π) = c < R Figura 19.18: Cálculo do raio de C

Para provar que as recíprocas também são válidas, basta observar que as
condições algébricas d(A, π) > R , d(A, π) = R e d(A, π) < R esgotam todas
as possibilidades, enquanto as armações geométricas π ∩ S = ∅, π ∩ S é um
ponto e π ∩ S é um círculo se excluem mutuamente.
De fato, suponhamos, por exemplo, que π ∩ S = ∅. Então, necessa-
riamente, d(A, π) > R, pois se d(A, π) = R, π ∩ S seria um ponto, e se
d(A, π) < R , π ∩ S seria um círculo, uma contradição em ambos os casos.

Suponha que o plano π : x + z + 1 = 0 é tangente a uma esfera S de centro Exemplo 13


A = (2, 1, −1). Calcule o raio de S , ache o ponto de tangência de π e S , e
determine um plano α que é perpendicular a π e tangente a S .

Solução. Como o plano π é tangente à esfera S temos, pelo teorema anterior,


que o raio R da esfera é
|2 − 1 + 1| 2 √
R = d(A, π) = √ = √ = 2.
1+1 2
Seja r a reta perpendicular ao plano π que passa pelo centro A = (2, 1, −1).
Sendo →−
v = (1, 0, 1) um vetor perpendicular a π , a reta r é dada pelas equações
paramétricas: 
 x=2+t

r: y=1 ; t ∈ R.

z = −1 + t

O ponto de tangência de π com a esfera S é o ponto P onde a reta r
intersecta o plano π . Como P ∈ r, devemos ter P = (2 + t, 1, −1 + t) para

23
Unidades 19 e 20 Posição relativa entre um plano e uma esfera

algum valor do parâmetro t ∈ R. Além disso, como P ∈ π , as coordenadas de


P devem satisfazer à equação de π . Isto é,
(2 + t) + (−1 + t) + 1 = 0 =⇒ 2t + 2 = 0 =⇒ t = −1 .
Portanto, P = (2+(−1), 1, −1+(−1)) = (1, 1, −2) é o ponto de tangência
do plano π com a esfera S .
Seja α : ax + by + cz = d um plano perpendicular ao plano π : x + z + 1 =
0. Então, o vetor − → = (a, b, c), normal ao plano α, deve ser perpendicular
w
ao vetor → −
v = (1, 0, 1), normal ao plano π , ou seja,h−→, →
w −
v i = a + c = 0.
−→
Assim, w = (a, b, −a), com a 6= 0 ou b 6= 0, o que nos dá uma innidade de
possibilidades.
Tomando, por exemplo, a = 1, b = 0, c = −1, obtemos − → = (1, 0, −1) e
w
α : x − z = d, com d ∈ R .
O número d se calcula sabendo que α é tangente a S , ou seja, que a distância

do centro A = (2, 1, −1) da esfera S ao plano α é igual ao raio R = 2 de S .

Então, d(A, α) = R = 2, ou seja,
|2 − (−1) − d| |3 − d| √
p
2 2
= √ = 2 ⇐⇒ |3 − d| = 2 ⇐⇒ d = 3 ± 2 .
1 + (−1) 2
Logo, os planos α1 : x − z = 5 e α2 : x − z = 1 são tangentes a S e
perpendiculares a π .

Exemplo 14 Sejam a esfera S : (x − 3)2 + (y + 2)2 + (z − 1)2 = 100 e o plano π :


2x − 2y − z + 9 = 0 . Mostre que S ∩ π é um círculo, e calcule seu centro e
seu raio.
Solução. A esfera S tem centro no ponto A = (3, −2, 1) e raio ρ = 10, e o
plano π é perpendicular ao vetor →

v = (2, −2, −1) e passa pelo ponto (0, 0, 9).
Como
|2(3) − 2(−2) − 1 + 9| 18
d(A, π) = p = = 6 < 10 = ρ ,
22 + (−2)2 + (−1)2 3
a esfera S e o plano π se intersectam ao longo de um círculo C .
O raio R do círculo C é
p √ √
R = ρ2 − d(A, π)2 = 100 − 36 = 64 = 8 ,
e o centro de C é o ponto de intersecção do plano π com a reta r que passa
pelo ponto A = (3, −2, 1) e é paralela ao vetor →−
v = (2, −2, −1) normal ao
plano π . Como as equações paramétricas de r são:

24
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20


x = 3 + 2t



r : y = −2 − 2t ; t ∈ R,


z = 1 − t

o centro do círculo C é o ponto C = (3 + 2t, −2 − 2t, 1 − t) que satisfaz à


equação 2x − 2y − z = −9 do plano π , ou seja,
2(3 + 2t) − 2(−2 − 2t) − (1 − t) = −9 ⇐⇒ 9t + 9 = −9 .
Logo, t = −2 e, portanto,
C = (3 + 2(−2), −2 − 2(−2), 1 − (−2)) = (−1, 2, 3),
é o centro da esfera S .

19.11 Distância de um ponto ou de um plano

a uma esfera

Nas seções anteriores vimos como se determina a distância de um ponto a


um plano, entre dois planos, de uma reta a um plano, de um ponto a uma reta
e entre duas retas.
Como nestes casos, denimos a distância d(X, Y ), entre dois subconjuntos
X e Y do espaço, como sendo a menor distância entre um ponto de X e um
ponto de Y , isto é,
d(X, Y ) = min { d(P, Q) ; P ∈ X e Q ∈ Y } ,
caso esse mínimo exista.
Vamos estudar nesta seção o caso em que um dos conjuntos, X , é um ponto
ou um plano e outro conjunto, Y , é uma esfera.

Sejam P um ponto e S uma esfera de centro A e raio R > 0. Então, Proposição 11


d(P, S) = | R − d(P, A) | ,
e o ponto Q0 ∈ S que realiza esta distância é o ponto de interseção de S com
*
a semirreta AP .

Seja OXY Z um sistema de eixos ortogonais com origem no ponto A tal que Demonstração
o ponto P pertence ao semieixo positivo OZ , isto é, P = (0, 0, c), para algum

25
Unidades 19 e 20 Distância de um ponto ou de um plano a uma esfera

c ≥ 0. Neste sistema de coordenadas, a equação da esfera é S : x2 + y 2 + z 2 =


R2 .
Seja Q = (x, y, z) um ponto de S . Então,
p √
d(P, Q) = x2 + y 2 + (z − c)2 = R2 + c2 − 2zc .
Como c ≥ 0 e z ≤ R, pois Q ∈ S , temos
R2 + c2 − 2zc ≥ R2 + c2 − 2Rc = |R − c|2 .
Z Z

Q0 Q0
P
S S

A A
X Y X Y

Figura 19.19: d(P, S) = d(A, P ) − R Figura 19.20: d(P, S) = R − d(A, P )

Além disso, como o ponto Q0 = (0, 0, R) pertence a S e d(P, Q0 ) =


(R − c)2 = |R − c| = |R − d(A, P )|, segue que d(P, Q) ≥ d(P, Q0 ) para
p

todo ponto Q ∈ S .
Com isto provamos que d(P, S) = d(P, Q0 ) = | R − d(P, A) | , onde Q0 é
*
o ponto de S que pertence à semirreta AP .

Exemplo 15 Calcule a distância do ponto A = (1, −1, 3) à esfera S : x2 + y 2 + z 2 −


6x + 4y − 10z = 62.
Solução. Completando os quadrados, obtemos que a equação de S pode ser
escrita na forma:
S : (x − 3)2 + (y + 2)2 + (z − 5)2 = 62 + 9 + 4 + 25 = 100 = 102 .
Então, S é a esfera de centro B = (3, −2, 5) e raio 10, e, pela Proposição 11,

d(A, S) = | 10 − d(A, B) | = 10 − 4 + 1 + 4 = 7.

Observe que ponto A pertence ao interior da esfera, pois d(A, B) = 3 <


*
10 = R. O ponto C ∈ S que realiza a distância é um ponto da semirreta BA .

26
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20

−−→
Portanto, P = B + t0 BA = (3, −2, 5) + t0 (−2, 1, −2), para algum t0 ≥ 0 tal
que
d(C, B)2 = (3 − 2t0 − 3)2 + (−2 + t0 + 2)2 + (5 − 2t0 − 5)2 = 100 .
10
Resolvendo a equação acima, obtemos t0 = . Logo,
3
20 10 20
   11 4 5 
C = 3 − , −2 + , 5 − = − , ,− . 
3 3 3 3 3 3

Ache a distância da esfera S : (x − 2)2 + (y − 1)2 + (z − 3)2 = 1 à reta Exemplo 16


r : {(t+3, t+4, t+5) ; t ∈ R} . Determine também os pontos P0 ∈ r e Q0 ∈ S
de modo que
d(r, S) = min {d(P, Q) | P ∈ r e Q ∈ S} = d(P0 , Q0 ).
Solução. Vamos primeiro calcular a distância do centro A = (2, 1, 3) da esfera
à reta r. Sabemos que um ponto P0 = (t + 3, t + 4, t + 5) ∈ r realiza esta
distância se, e só se, −−→ −
hAP0 , →u i = 0,
onde →−
u = (1, 1, 1) é um vetor paralelo à reta r.
Como
−−→
hAP0 , (1, 1, 1)i = 0 ⇐⇒ h(t + 1, t + 3, t + 2), (1, 1, 1)i = 0
⇐⇒ t + 1 + t + 3 + t + 2 = 0
⇐⇒ 3t = −6 ⇐⇒ t = −2 ,
obtemos que P0 = (1, 2, 3), logo
−−→ √
d(A, r) = d(A, P0 ) = kAP0 k = k(−1, 1, 0)k = 2.
Observe que, sendo


d(A, P ) ≥ d(A, P0 ) = 2 > 1 = R, (19.6)

para todo ponto P ∈ r, onde R = 1 é o raio da esfera, então todos os pontos


da reta são exteriores à esfera. Logo, pela Proposição 11, para todo P ∈ r,

d(P, S) = d(P, A) − R . (19.7)

27
Unidades 19 e 20 Distância de um ponto ou de um plano a uma esfera

P0
S

A
r

Figura 19.21: d(A, P ) ≥ d(A, P0 ), para todo P ∈r

Assim, por 19.7 e por 19.6,


d(P, Q) ≥ d(P, S) = d(P, A) − R
=⇒ d(P, Q) ≥ d(P0 , A) − R = d(P0 , S) = d(P0 , Q0 ) , (19.8)

para todo P ∈ r e todo Q ∈ S , onde Q0 é o ponto da semirreta


* −−→
AP0 = {A + t AP0 ; t ≥ 0} = {(2 − t, 1 + t, 3) ; t ≥ 0}
que pertence à esfera S . Ou seja, Q0 = (2 − t, 1 + t, 3) é o ponto da semirreta
*
AP0 para o qual o parâmetro t ≥ 0 satisfaz à equação da esfera S :
1
(2 − t − 2)2 + (1 + t − 1)2 + (3 − 3)2 = 1 ⇐⇒ 2t2 = 1 =⇒ t = √ .
√ √ 2

 
2 2
Então, Q0 = 2 − ,1 + , 3 e d(P, S) = d(P0 , Q0 ) = 2 − 1 .
2 2

Q
P0
S
Q0

A
r

Figura 19.22: d(r, S) = d(P0 , S) = d(P0 , Q0 )

28
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20

Sejam π um plano e S uma esfera de centro A e raio R > 0. Então: Proposição 12


(a) d(π, S) = 0, se d(A, π) ≤ R.
(b) d(π, S) = d(A, π) − R, se d(A, π) > R. Neste caso, π ∩ S = ∅ e os
pontos Q0 ∈ S e P0 ∈ π que realizam a distância, isto é, d(Q0 , P0 ) = d(S, π),
são os pontos de S e π que pertencem a semirreta de origem A que intersecta
π perpendicularmente.

Pela Proposição 11, π ∩S 6= ∅ se, e só se, d(A, π) ≤ R. Logo, d(π, S) = 0, Demonstração


se d(A, π) ≤ R, pois, neste caso, π e S possuem pelo menos um ponto em
comum.
Vamos calcular agora d(π, S) quando π ∩ S = ∅. Para isto, escolhemos
um sistema de eixos ortogonais OXY Z de modo que πXY = π e o centro A
da esfera esteja sobre o semieixo positivo OZ , isto é, A = (0, 0, c), com c > 0.
Neste sistema de coordenadas, a equação da esfera é

S : x2 + y 2 + (z − c)2 = R2 . (19.9)

Como d(A, π) = c > R, temos, por 19.9, que


2zc = x2 + y 2 + z 2 + c2 − R2 > 0 =⇒ z > 0 ,
para qualquer ponto (x, y, z) ∈ S .
Z
Sejam Q = (x, y, z) um ponto de
S e P = (x0 , y 0 , 0) um ponto de π .
Então, d(P, Q) ≥ d(Q, π), pois
d(Q, π) = min{d(Q, P 0 ) | P 0 ∈ π}.
A
Observe que, nesse sistema de co-
ordenadas, d(Q, π) = z , pois π : z = S
0 e z > 0. Logo, d(P, Q) ≥ z . Além
disso, como Q = (x, y, z) ∈ S , segue, Q0
por 19.9, que (z − c) ≤ R , ou seja,
2 2

P0
c−R ≤ z ≤ c+R . Portanto, d(P, Q) ≥
X Y
c − R, para todo P ∈ π e todo Q ∈ S . *
AP0
Consideremos o ponto Q0 = (0, 0, c − R) ∈ S e o ponto
d(π,P
Figura 19.23: 0=
S) =d(P
(0,0 , 0, ) ∈ π.
Q00)
Como d(P0 , Q0 ) = c − R, temos que d(P, Q) ≥ d(P0 , Q0 ), para todo P ∈ π e
todo Q ∈ S . Assim, d(P0 , Q0 ) = d(Q0 , π) e d(π, S) = d(P0 , Q0 ) = c − R =
d(A, π) − R .

29
Unidades 19 e 20 Distância de um ponto ou de um plano a uma esfera

Nesse sistema de coordenadas, o eixo OZ é a reta perpendicular ao plano


*
π que passa pelo centro A, P0 ∈ (eixo OZ) ∩ πXY e Q0 ∈AP0 . Logo, geomet-
ricamente, P0 é o ponto de interseção de π com a reta r perpendicular a esse
plano que passa pelo centro A da esfera, e Q0 é o ponto de interseção de S
com a semirreta de r de origem A que contém o ponto P0 .

Observação 13 Temos também que:


d(π, S) = d(P0 , Q0 ) = d(Q0 , π) = min{d(Q, π) | Q ∈ S} .
De fato, para todo Q ∈ S , existe P ∈ π tal que d(Q, π) = d(Q, P ). Como
d(P, Q) ≥ d(P0 , Q0 ), segue que d(Q, π) ≥ d(Q0 , π) para todo Q ∈ S .
Logo,
d(Q0 , π) = min{d(Q, π) | Q ∈ S} .

Exemplo 17 Encontre o ponto Q0 sobre a esfera


S : (x − 1)2 + (y + 2)2 + (z − 3)2 = 1 ,
mais próximo do plano π : 3x − 4z + 19 = 0, e calcule a distância deste ponto
ao plano π . Determine também o ponto P0 ∈ π tal que d(π, S) = d(P0 , Q0 ).
Solução. Pela equação acima, a esfera S tem raio R = 1 e centro no ponto
A = (1, −2, 3). Logo,
| 3 × 1 − 4 × 3 + 19 | 10
d(A, π) = √ = = 2.
9 + 16 5
Sendo d(A, π) > R, temos, pela proposição 12, que d(π, S) = d(A, π) −
R = 1.
Sejam P0 ∈ π e Q0 ∈ S tais que d(π, S) = d(P0 , Q0 ). Pela Proposição 12,
P0 e Q0 são os pontos de interseção de π e S com a semirreta perpendicular a
π , de origem no ponto A, que corta o plano π .
Como o vetor → −
v = (3, 0, −4) é normal a π , a semirreta é o conjunto de
2−
todos os pontos da forma A + t → −v , com t ≤ 0, pois o ponto P0 = A − → v =
 1 5
23

− , −2, , com parâmetro t = −2/5 < 0, pertence ao plano π (verique!).
5 5
Assim, se o ponto Q0 tem coordenadas x, y e z , existe t0 ≤ 0 tal que
x = 1 + 3t0 , y = −2, z = 3 − 4t0 e
(1 + 3t0 − 1)2 + (−2 + 2)2 + (3 − 4t0 − 3)2 = 1 .
1
2 19

Resolvendo esta equação, obtemos t0 = − . Portanto, Q0 = , −2, .
5 5 5

30
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20

Além disso, pela observação 13, r


9 16
min{d(Q, π) | Q ∈ S} = d(Q0 , π) = d(P0 , Q0 ) = +0+ = 1.
25 25

19.12 Exercícios

1. Se π1 e π2 são os planos dados abaixo, determine se eles são coincidentes, pa-


ralelos ou concorrentes e encontre o ângulo ∠(π1 , π2 ) e a distância d(π1 , π2 )
entre os planos, onde:
 
x = 1 + t + s x = −1 + t − s

 

 
(a) π1 : y = 2 + 3t ; t, s ∈ R e π2 : y = 2t + s ; t, s ∈ R .

 

z = −t − s
 z = −2 + 3t − 3s


x = −4s + t



(b) π1 : y = 2s ; t, s ∈ R e π2 : 4x + 10y + 4z = 5 .


z = 1 − t − s


x = 2s



(c) π1 : y=t ; t, s ∈ R e π2 : x + y = 2 .


z = 1

2. Verique se as retas r1 e r2 são coincidentes, paralelas, concorrentes ou


reversas e calcule o ângulo ∠(r1 , r2 ) e a distância d(r1 , r2 ) entre as retas,
onde:

x + y − 2z = −2
x−1 −y + 1
(a) r1 : e r2 : = = z − 2.
2x + 3y + z = 1 7 5

 
x = 3 − 2t x = s

 

 
(b) r1 : y = 1 − t ; t ∈ R e r2 : y = −4 − 2s ; s ∈ R .

 

z = 1
 z = 1 − 3s

31
Unidades 19 e 20 Exercícios

x = 1 + 2t



x−5 y z+2
(c) r1 : y = −2 + t ; t ∈ R e r2 : = = .

 3 2 2
z = −t

Caso r1 e r2 sejam reversas, obtenha o único par de pontos P1 ∈ r1 e


P2 ∈ r2 tal que d(r1 , r2 ) = d(P1 , P2 ) .

3. Considere as retas r1 : {(t+3, t+4, −t−1) ; t ∈ R} e r2 : {(s+4, −s, −3s+


1) ; s ∈ R} . Mostre que r1 e r2 são reversas, determine a única reta r que
intersecta r1 e r2 perpendicularmente, os pontos P1 ∈ r1 e P2 ∈ r2 tais que
d(P1 , P2 ) = d(r1 , r2 ) e o plano π tal que
1 2
d(π, r1 ) = d(r1 , r2 ) e d(π, r2 ) = d(r1 , r2 ) .
3 3

4. Sejam r1 : {A + t −
v→ −

1 ; t ∈ R} e r2 : {B + s v2 ; s ∈ R} duas retas
reversas. Seja π o plano que contém a reta r1 e é paralelo ao vetor −
v→ −

1 × v2 .
Mostre que a reta r2 corta o plano π num único ponto P2 e que a reta r =
{P2 +t(−v→ −→
1 × v2 ) ; t ∈ R} intersecta a reta r1 num único ponto P1 . Conclua
que r é a única reta que intersecta as retas r1 e r2 perpendicularmente. Use
este método para obter a distância das retas reversas do exercício anterior
e a única reta r que as intersectam perpendicularmente.

5. Obtenha o ponto de interseção da reta r com o plano π e o seno do ângulo


de incidência de r em π , onde:
√ √
(a) r : x − 1 = y − 1 = 2z e π : x − y + 2z = 1 .

x + y − z = 0
(b) r : e π : 5y − 2z = 5 .
2x + 3y = 1
 
x = 1 − 2t x = 5 + 2t + s

 

 
(c) r : y = −2 + t ; t ∈ R e π : y = −4 − t ; t, s ∈ R .

 

z = 2 + 2t
 z = −2 + t + s



6. Sejam π um plano normal ao vetor N e r uma reta paralela ao vetor →

u
que intersecta o plano π num único ponto P0 . Suponha que a reta r não
é perpendicular ao plano π . Mostre que a projeção ortogonal do ponto
P = P0 + t →−
u , com t 6= 0, da reta r sobre o plano π é o ponto Q = P0 +

32
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20

u ,N i −
→ →
− −−−→ −−−→
h−

t →−

u − −
→ N . Verique que o ângulo entre os vetores P0 P e P0 Q é
kN k2
−−−→ −−−→
o ângulo


de incidência da reta r no plano π , ou seja, sen ∠(P0 P , P0 Q ) =
|h−→
→ , para todo ponto P ∈ r − {P0 }.
u ,N i|

→ −
k u kkN k

Use este resultado para calcular os ângulos de incidência do exercício 5.

7. Determine a equação cartesiana do plano

(a) perpendicular ao plano πXY que passa pelos pontos A = (2, −2, 11) e
B = (−7, −8, −3).

(b) perpendicular ao plano π : 4x − 3y + 2z = 9 que passa pelos pontos


A = (2, −6, 4) e B = (3, −7, 5).

(c) que passa pelo ponto A = (3, −1, 0) e é perpendicular a cada um dos
planos π1 : 4x − y − z = 1 e π2 : 2x + y + 3z = 6.
(d) que contém a reta r de interseção dos planos π1 : 3x + y − 2z = −2 e
π2 : x − 3y − z = −3 e é perpendicular ao plano πY Z .

8. Calcule a distância do ponto A = (1, 2, −1) ao plano π : 2x − y + 2z = 7 .


Encontre também o ponto B pertencente a π que realiza essa distância.

9. Ache os pontos equidistantes dos pontos A = (0, 0, 1), B = (0, 1, 0) e


C = (1, 0, 0) que estão à distância 2 do plano πY Z .

10. Encontre o ponto simétrico do ponto P = (4, 1, 6) em relação à reta r dada


pela interseção dos plano π1 : x − y − 4z = −12 e π2 : 2x + y − 2z = −3.

11. Seja π o plano que passa pela origem e é perpendicular à reta r que passa
pelos pontos A = (1, 0, 0) e B = (2, 3, 1). Ache a distância do ponto
C = (0, 0, 1) ao plano π e o ponto deste plano que está mais próximo de π .

12. Um plano é paralelo ao plano 2x+2y+z = 1 e o ponto (2, 2, 2) é equidistante


destes planos. Determine a equação cartesiana do plano.

13. Mostre que a reta r dada pela interseção dos planos π1 e π2 é paralela ao
plano π : x − y + z = 2, e calcule a distância entre r e π , onde
π1 : 2x + y − 4z = 2 e π2 : 4x − 3y + 2z = 4 .

33
Unidades 19 e 20 Exercícios

14. Encontre a equação da reta r que passa pelo ponto A = (1, 0, 1) e é paralela
aos planos π1 : 2x + 3y + z = −1 e π2 : x − y + z = 0, e calcule a distância
desta reta aos planos π1 e π2 .

15. Ache o ponto da esfera x2 + y 2 + z 2 − 2x + 4y − 6z = −10 que está mais


próximo do ponto (2, 1, 1) .

16. Determine a equação da esfera concêntrica à esfera x2 + y 2 + z 2 + 6y − 4z =


−9 que é tangente ao plano 2x − 3y + 2z = −4 .

17. Seja A = (1, 2, 1) o centro da esfera S que contém o ponto B = (2, 1, 0) .


Obtenha a equação de S e do plano tangente a S no ponto B .

18. O plano π contém o ponto A = (a, b, c) e a distância da origem a π é



a2 + b2 + c2 . Ache as equações deste plano e da esfera centrada na origem
que é tangente a π .

19. Para o par de plano π e esfera S dado abaixo, analise a posição relativa e
calcule a distância entre π e S . Caso π ∩ S seja um círculo, determine o
centro e o raio do círculo, e caso π ∩ S seja vazio, encontre os pontos de π
e S que realizam a distância de π a S .
(a) S : x2 + y 2 + z 2 + 2x + 2y = 2 e π : x + 2y − z = 1 .
(b) S : x2 + y 2 + z 2 − 2y − 4z = −1 e π : x + 2z = −1 .

20. Considere o ponto A = (1, 2, 1) e a reta dada pela interseção dos planos
π1 : x − y + z = 1 e π2 : 2x + y = 2 . Encontre a equação cartesiana do
plano π que contém a reta r e o ponto A, e determine as retas paralelas a

r, contidas no plano π , que distam 6 de r.

21. Sejam o plano π : −x + y + z = 3 e a reta paralela ao vetor →



v = (−1, 2, 1)
que passa pelo ponto A = (1, 2, 1) . Obtenha as equações das esferas S

de raio igual a 5 que são tangentes à reta r no ponto A, sabendo que o
centro de S pertence ao plano π .

2x − y + z = 8
y−1
22. Considere as retas r1 : x = = z − 2 e r2 : .
3 −3x + y = −4
Mostre que r1 e r2 são paralelas, determine a equação cartesiana do plano
que as contém e calcule d(r1 , r2 ) .

34
Distâncias e Ângulos no Espaço Unidades 19 e 20


23. Encontre as equações das esferas S de raio igual a 30 de modo que S ∩ π
seja um círculo de raio igual a 3 com centro C sobre a reta r, onde π :
x + 2y − 4z = 4 e r é dada pela interseção dos planos π1 : x + y + z = 1 e
π2 : −x + 2z = 2 .

24. Considere os planos π1 : x+2y +2z = 5 e π2 : x+2y +2z = 11 . Determine


a equação da esfera S tangente ao plano π2 de modo que C = S ∩π1 seja um
círculo de centro no ponto A = (1, 0, 2) e raio igual a 4. Obtenha também
os pontos de interseção de C com o plano π : −2x + y + z = 0 .

25. Determine as equações paramétricas das retas paralelas ao plano π1 : x +



3y − z = 3, contidas no plano π2 : 2x + y + z = 5, que distam 300 da
reta ` = π1 ∩ π2 .

26. Ache os centros dos círculos de raio igual a 4, contidos na esfera S : (x −


1)2 + (y + 2)2 + (z + 3)2 = 25, que pertencem à reta r = {(2t + 1, t −
2, −t) ; t ∈ R} . Obtenha também o plano que contém cada um dos círculos
encontrados.

27. A interseção de uma esfera S com o plano πXY é o círculo x2 + y 2 − 2x −


4y − 3 = 0 . Se o ponto A = (3, 4, 2) pertence a S , determine a equação
da esfera.

28. Sejam a esfera S : x2 + y 2 + z 2 − 2x + 3y − 6z − 5 = 0 e o plano


π : 5x + 2y − z = 3 . Mostre que C = S ∩ π é um círculo, encontre o raio
e o centro de C , e obtenha a equação da esfera que contém o círculo C e o
ponto B = (2, −1, 1) .

29. Os pontos A = (3, −2, 5) e B = (−1, 6, −3) são as extremidades do


diâmetro de um círculo C . Se o ponto C = (1, −4, 1) pertence a C , de-
termine o centro e o raio do círculo C e o plano π no qual C está contido.

Ache também as esferas de raio igual a 2 14 de modo que π ∩ S seja o
círculo C .

2x + 4y − z = 7
30. Uma esfera S de centro sobre a reta r : é tangente
4x + 5y + z = −4
aos planos π1 : x + 2y − 2z = 2 e π2 : x + 2y − 2z = −4. Determine sua
equação.

35
Unidades 19 e 20 Exercícios

31. Ache a equação da esfera S tangente aos planos π1 : 6x − 3y − 2z = 35 e


π2 : 6x − 3y − 2z = −63, sabendo que P = (5, −1, −1) é um dos pontos
de tangência.

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