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CAPÍTULO 14 (1)
ESTABILIDADE DE TALUDES
1. INTRODUÇÃO
Os maciços sob o aspecto genético podem ser agrupados em duas categorias: naturais e
artificiais. Estes frequentemente exibem uma homogeneidade mais acentuada que os maciços naturais
e, por isto, adequam-se melhor às teorias desenvolvidas para as análises de estabilidade. Dois outros
aspectos elucidativos deste ponto merecem atenção: o primeiro refere-se ao fato de que os taludes
naturais possuem uma estrutura particular que só é conhecida através de um criterioso programa de
prospecção; o segundo está associado à vida geológica do maciço natural intimamente ligada ao
histórico de tensões sofrido por ele - erosão, tectonismo, intemperismo, etc.
São vários os fatores naturais que atuam isolada ou conjuntamente durante o processo de
formação de um talude natural e que respondem pela estrutura característica destes maciços. Estes
fatores podem ser agrupados em duas categorias:
"O movimento dos maciços de terra depende, principalmente, da sua resistência interna ao
escorregamento" (Terzaghi - 1925).
Os escorregamentos de taludes são causados por uma redução da resistência interna do solo
que se opõe ao movimento da massa deslizante e/ou por um acréscimo das solicitações externas
aplicadas ao maciço. Os movimentos de terra são separados em três categorias consoante à velocidade
em que se ocorrem. Podem distinguir-se: os desmoronamentos, os escorregamentos e os rastejos.
Varnes (l958) estabeleceu uma classificação destes movimentos baseada na velocidade de
ocorrência, Figura 14.1.
Figura 14.1- Escala de velocidade de Varnes para classificação dos deslocamentos de terra.
Terzaghi (l950) divide ainda os rastejos em duas categorias, quais sejam, contínuos e sazonais.
Estes ocorrem numa camada superficial de pequena espessura onde o solo sofre as influências das
variações frequentes de umidade e temperatura. Os contínuos atingem profundidades maiores e
diferem dos escorregamentos pela baixa velocidade de deslocamento e por não apresentar uma
superfície de deslizamento claramente definida. O comportamento do solo no rastejo contínuo pode
ser comparado ao de um corpo viscoso; o escorregamento, ao de um corpo plástico.
As causas dos escorregamentos enumerados por Terzaghi são colocadas em três níveis:
a) causas externas: são devidas a ações externas que alteram o estado de tensão atuante sobre o
maciço. Esta alteração resulta num acréscimo das tensões cisalhantes que igualando ou superando a
resistência intrínseca do solo leva o maciço à condição de ruptura, são elas:
- aumento da inclinação do talude;
- deposição de material ao longo da crista do talude;
- efeitos sísmicos.
b) causas internas: são aquelas que atuam reduzindo a resistência ao cisalhamento do solo constituinte
do talude, sem ferir o seu aspecto geométrico visível, podem ser:
- aumento da pressão na água intersticial;
- decréscimo da coesão.
c) causas intermediárias: são as que não podem ser explicitamente classificadas em uma das duas
classes anteriormente definidas:
- liquefação expontânea;
- erosão interna;
- rebaixamento do nível d'água.
A Tabela 14.1 a seguir (Terzaghi, 1950), resume as causas e os agentes que provocam a
instabilização dos maciços, referindo os solos que são mais susceptíveis a cada tipo de ação.
Produz juntas de
Água Estiagem 12) Contração Argila Diminui a coesão
contração
Aumento
Mudança rápida do Areia fina ou
14) Inicia o espontâneo da Liquefação
nível do lençol de média solta, em
rearranjo dos grãos pressão da água espontânea
água estado saturado
dos vazios
15) Causa
Silte e camadas de
Elevação do nível elevação da Diminui a
areia entre ou Aumenta a pressão
de água em lençol superfície resistência por
abaixo de camadas de água dos vazios
freático distante piezométrica atrito
argilosas
natural do talude
Diminuição da
16) Infiltração em Aumenta a pressão
Silte saturado resistência por
direção do talude da água nos vazios
atrito
Infiltração 17) Desloca o ar Elimina a tensão Diminuição da
proveniente de Areia fina, úmida
dos vazios superficial coesão
reservatório ou 18) Remove o Destrói a ligação
canais Loess
cimento solúvel intergranular
19) Erosão Solapa o pé do Aumenta a tensão
Areia fina ou silte
subterrânea talude de cisalhamento
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3.FATOR DE SEGURANÇA
Por fator de segurança (FS) entende-se o valor numérico da relação estabelecida entre a
( )
resistência ao cisalhamento, disponível, do solo τ = c ' + (σ − u ) tg φ ' e a resistência ao
cisalhamento mobilizado (τ m ) para garantir o equilíbrio do corpo deslizante, sob o efeito dos esforços
atuantes.
τm =
1
FS
[
c + (σ − u )tgφ ' ]
A resistência ao cisalhamento, τ, que se desenvolve ao longo da superfície de ruptura pode ser
explicitada através das forças resultantes de coesão e atrito, Rc e R φ respectivamente, que são o
produto dos parâmetros de resistência pela área (A) da superfície onde se desenvolve essa resistência.
S = Rc + Rφ
S Rc Rφ
τm = = + = Rc m + Rφ m
FS FS FS
As solicitações que provocam o deslizamento dos maciços, dentre elas a força peso, serão
designadas através de suas resultantes Fa.
Porque certos métodos de estabilidade atestam o equilíbrio dos taludes através da somatória de
forças que atuam sobre eles, resistindo (Rc + R φ ) ou provocando seus deslizamentos (Fa), o
coeficiente de segurança é definido como:
Σ forças resistentes
FS =
Σforças atuantes
Em outros processos o fator de segurança será tomado como a razão entre os momentos
devido as forças que atuam do sobre a cunha tendem a mantê-la em equilíbrio (M R ) e os momentos
das forças que tendem a instabilizá-la (Ma). Estes momentos são tomados em relação a um ponto
situado fora do talude:
Σ momentos resistentes
FS =
Σmomentos atuantes
Da análise da Tabela 14.1 fica patente que o fator de segurança pode variar com o tempo e que
o seu valor teria um significado maior se fosse definido em termos probabilísticos, onde se pudesse,
inclusive definir os períodos de recorrência e um intervalo de confiança. Esta forma de abordagem
começa agora a ser estudada. A Figura 14.2 (Terzaghi, 1950) mostra a evolução de FS ao longo do
tempo para alguns taludes jovens e antigos, onde se podem notar a ação de algumas das causas listadas
na Tabela 14.1.
Cada curva representa um talude individual e entre parênteses aparece a modalidade de ação
do agente ou agentes que resultaram na redução do Fator de Segurança.
Sem analisar todos os casos, verifica-se por exemplo, que o talude C rompeu por liquefação
provocada por explosões numa pedreira vizinha; no talude D, inicialmente estável (FS ≅ 1,50), a
infiltração de água que veio de um canal não revestido recentemente construído provocou a ruptura.
As flutuações no FS que se observam nos taludes de A e E referem-se a variações sazonais (épocas
secas e úmidas).
Isto posto, conclui-se que a avaliação da estabilidade de um talude não pode ser concretizada
se não conhecerem os fenômenos que podem induzir situações críticas e que, além disso, é necessário
quantificar as condicionantes quanto à estabilidade, o que nem sempre é fácil ou possível.
4. MÉTODOS DE ESTABILIDADE
4.1 - Introdução
As equações da Mecânica dos Sólidos são utilizadas para a verificação do equilíbrio da porção
de solo situada acima desta superfície de deslizamento. As forças participantes são as causadoras do
deslizamento e as resistivas. Como deficiência o equilíbrio limite ignora a relação tensão x
deformação do solo.
De uma forma geral, as análises de estabilidade são desenvolvidas no plano, considerando-se
uma seção típica do maciço situada entre dois planos verticais e paralelos de espessura unitária.
Existem algumas formas alternativas para estudar o equilíbrio tridimensional de um corpo deslizante,
porém estas ainda não estão suficientemente desenvolvidas, sendo pouco usual e sua utilização.
Além do método do equilíbrio limite existe a possibilidade de análise através do método da
análise limite. As formulações deste método apoiam-se no conceito de plastificação do solo, associado
a uma condição de fluxo plástico iminente e considera, ainda, a curva tensão-deformação do solo. O
método da análise limite, apesar de sua alta potencialidade, não logrou ainda uma difusão entre os
meios geotécnicos, como era de se prever, devido a que as soluções, particulares a cada geometria e
tipo de solo, utilizam tratamentos matemáticos mais elaborados do que os processos tradicionais do
equilíbrio limite.
Apresentam-se a seguir os principais métodos de estabilidade desenvolvidos a partir dos
conceitos de equilíbrio limite.
Figura 14.3 - Talude Infinito - a) Geometria e rede de fluxo; b) Esforços sobre uma lamela
isolada.
76
Esta é uma expressão geral que fornece o valor de FS para a situação mais completa. As
soluções particulares podem ser obtidas a partir dela fazendo nulos os termos não participantes, ou
substituindo adequadamente os termos. No caso de talude não saturado: γ ' por γ nat e γ sat por γ nat
EXEMPLO 14.1
Um maciço com talude infinito constituído de solo silto-arenoso rompeu após uma chuva
intensa em virtude de ter ficado totalmente saturado e de ter perdido a sua parcela de resistência devida
à coesão. Calcular o coeficiente de segurança que existia antes da chuva, quando o NA estava abaixo
do topo da rocha, admitindo que a ruptura se deu com coeficiente de segurança unitário.
Dados: antes da chuva após a chuva
c = 2 tf/m3 c=0
77
antes da chuva:
u = 0; γ ' → γ nat =1,70 tf / cm 3 ; γ sat → γ nat =1,70 tf / cm 3
2 + 1,7 ⋅ 4 ⋅ cos 2 16 o ⋅ tg 31,1o
FS = ∴FS =3,20
1,7 ⋅ 4 ⋅ sen 16 o ⋅ cos 16 o
Este método apóia-se na hipótese que considera uma superfície de ruptura plana passando pelo
pé do talude. A cunha assim definida é analisada quanto a estabilidade como se fosse um corpo rígido
que desliza ao longo desta superfície, como se representa na Figura 14.4.
Uma vez conhecida a geometria do talude e arbitrada a superfície de ruptura, temos as forças
participantes do equilíbrio da cunha.
- força peso: W (módulo, direção, sentido e ponto de aplicação conhecidos)
- força de coesão: Cm (módulo, direção e sentido conhecidos)
- força de atrito: F (sentido e direção e conhecidos)
Observe que para resistir ao esforço atuante (T) é necessário mobilizar parcelas de resistência:
Cm-coesão mobilizada e tgφm - coeficiente de atrito mobilizado.
78
c ⋅ AD tgφ
Cm = tg φ m
FS FS
c * AD N tgφ
Como deveremos ter T = C m + N ⋅ tgφ m = + +
FS FS
c ⋅ AD + N ⋅ tgφ s ⋅ AD FR
resulta FS = = =
T T FA
1 sen(i - θ)
W= ⋅ H ⋅ AD ⋅
2 sen i
Com estes dados pode-se resolver algebricamente o problema, sempre que se arbitre uma
superfície de ruptura. O Fator de Segurança do talude será o menor fator obtido dentre as várias
superfícies arbitradas.
Da expressão T = C m + N ⋅ tg φ m ou substituindo os valores de N e T
1 sen(i - θ) 1 sen(i - θ)
Cm ⋅ AD + ⋅ γ ⋅ H ⋅ AD ⋅ ⋅ cos θ ⋅ tgφ m = ⋅ γ ⋅ H ⋅ AD ⋅ ⋅ sen θ
2 sen i 2 sen i
cm 1 sen(i - θ) ⋅ sen(θ − φ m )
N= = ⋅γ⋅H⋅
γ⋅H 2 sen i ⋅ cos i
Assim, arbitrado θm, o plano onde ocorrerá máxima tensão cisalhante será aquele definido por
um plano de inclinação o que necessitará da máxima coesão mobilizada. Diferenciando a expressão
em relação a θ, o máximo ocorrera para um plano definido por θcr.
1
θ cr = ⋅ (i + φ m )
2
EXEMPLO 14.2
Determinar a máxima profundidade que poderá ter um corte vertical (i = 90o) em um solo com
γ = 1,80 tf / m 3 , τ = 4 + σ ⋅ tg 25 o tf / m 2 para que resulte um FS = 2.
79
4 tg 25 o
cm = =2 tg φ m = = 0,2332 → φ m = 13,1o = 0,2332
2 2
L
a=R⋅ Lc= comprimento da corda AB
Lc
F = força de atrito, cuja direção faz ângulo φ com a normal à cunha e que portanto tangencia
um círculo de centro em o e de raio r = R ⋅ sen φ . O módulo de F é desconhecido.
80
C
FS =
Cm
Gráficos de Taylor
FS - fator de segurança
c
cm - coesão mobilizada cm =
FS
tgφ
φm - ângulo de atrito mobilizado tg φ m = tg φ m =
FS
N - número de estabilidade
cm
N= ou N = f (i,φ m ) - Figura 14.6 a.
H
N = f (D, i, n ) - Figura 14.6 a.b
H,i - altura e. inclinação do talude
D,n - definidos nos próprios gráficos
tgφ
- tg φ m = → φm
FS φ
cm
- φm e i → N =
γH
c
- FS =
cm
- prosseguir até que FSC= FSφ
b) a segunda classe, caso B do ábaco a possui três subdivisões, Bl, B2 e B3. Nesta classe o
círculo crítico pode ou não passar pelo pé do talude e este já não é o ponto mais baixo do círculo.
- no caso Bl em que o círculo passa pelo pé do talude deve utilizar-se as linhas cheias;
quando elas não mais aparecem este caso pode ser aproximado ao caso B2;
- no caso B2, o círculo crítico passa abaixo do pé do talude. Isto ocorre em taludes pouco
íngremes ou quando o solo possui valores de ângulo de atrito baixos. Neste caso utilizam-se as
linhas tracejadas longas; quando elas não aparecem o círculo crítico passa pelo pé do talude e então
usa-se as linhas cheias;
- no caso B3, o círculo crítico corta a superfície inclinada exposta, do talude. Esta situação
leva o círculo cujo ponto mais baixo acha-se à mesma cota do pé do talude. Deve tomar-se as linhas
tracejadas curtas do ábaco a.
c) a terceira classe, casos A e B do ábaco 2, é denominada " φ = 0" . Apesar do nome, isto não
implica que o ângulo de atrito do solo deva ser nulo; admite-se, sim, que a resistência ao cisalhamento
do solo não apresenta variações consideráveis ao longo da linha de escorregamento, ou seja, que haja
uma aproximada constância desta resistência com a profundidade.
Em taludes íngremes i > 54o deve se usar o ábaco a.
- o caso A desta terceira classe engloba os taludes cujos círculos críticos passam além do pé
dos taludes, cortando a linha de escavação a uma distancia n ⋅ H , sendo H a altura do talude. O
círculo crítico tangencia o estrato resistente situado a uma profundidade D ⋅ H .
Com os valores de n, D e i e utilizando-se as linhas tracejadas curtas determina-se o número de
estabilidade.
- no caso B desta classe, o círculo crítico passa pelo pé do talude e o seu ponto mais baixo,
situado a uma profundidade D ⋅ H da superfície do terreno, tangencia o estrato resistente; para este
caso utilizam-se as linhas cheias do ábaco b.
82
EXEMPLO 14.3
Deseja-se fazer um corte com inclinação de 60o num solo de γ = 1,90 tf/m 3 e
τ = 1,4 + σ ⋅ tg10 o tf / m 2 . Qual poderá ser a. máxima altura desse corte para que o fator de
segurança com relação a altura seja 1,6.
- máxima altura → toda resistência mobilizada
φ = φ m = 10 o
cm 1,4
i = 60 o Æ N = 0,140 Æ N = → H máx = = 5,26m
γH 0,140 ⋅ 1,9
c = c m = 1,4
Hmáx 5,26
FS H = → H= = 3,20m
H 1,60
Obs.: l tf = 10 kN
EXEMPLO 14.4
Calcular o fator de segurança para um talude de inclinação 1V:3H e altura H=38m. O solo
apresenta γ = 2,00 tf/m 3 e τ = 4 + σ ⋅ tg18 o tf / m 2
lV:3H → i ≅ 18,5o
tgφ
l.a tentativa FSφ = 2,0 tg φ m = → φ m ≅ 9,5 o
2
N = 0,04 c m = 0,04 ⋅ 2,0 ⋅ 38 = 3,04
4
FS C = = 1,32
3,04
A superfície de ruptura pode ter uma forma qualquer (Janbu, 1956), se bem que os métodos
mais utilizados, como os de Fellenius e de Bishop, empreguem superfície de ruptura circular.
A Figura 14.7 mostra o esquema adotado nas análises pelos métodos das lamelas, os esforços
que atuam numa lamela genérica e o equilíbrio de forças nessa lamela.
En, En+1 = resultantes das forças horizontais totais atuantes nas secções n e n + l,
respectivamente;
xn ,xn+1 = resultantes das forças cisalhantes que atuam nas secções n e n + 1, respectivamente;
W·= peso total da lamela;
N = força normal atuante na base da lamela;
b = largura da lamela;
h = altura da lamela;
L = comprimento da corda AB ;
θ = ângulo da normal N com a vertical;
x = distancia do centro do círculo ao centro da lamela;
R = raio do círculo.
Como característica dos métodos de lamelas o fator de segurança é definido como a relação
entre a somatória dos momentos resistentes e os momentos atuantes:
∑ MR
FS =
∑ MA
No Método de Fellenius, considera-se que não há iteração entre as várias lamelas, ou seja,
admite-se que as resultantes das forças laterais em cada lado da lamela são colineares e de igual
magnitude, o que permite eliminar o efeito dessas forças considerando o equilíbrio na direção normal a
base da lamela.
85
A única iteração entre as lamelas advém da consideração de ruptura progressiva que sempre
ocorre quando há ruptura de qualquer massa de solo. Este fato é considerado implicitamente nos
parâmetros de resistência do solo, coesão e ângulo de atrito.
Na análise que se segue, considera-se o caso mais genérico de talude com percolação de água.
O valor da pressão neutra ao longo da superfície de ruptura é obtido traçando-se a rede de percolação.
Em cada ponto desta superfície toma-se o valor da carga piezométrica, hw.
O momento resistente será:
n
[ ( )]
n
[ (
Mr = S ⋅ R = R ⋅ ∑ bo ⋅ c ' + σ ' ⋅ tgφ ' = R ⋅ ∑ bo ⋅ c ' ⋅ bo + N ' ⋅ tgφ '
i =1 i =1
)]
O equilíbrio na direção normal a lamela fornece.
N = N ' + U = W ⋅ cos α
MA = ∑ (W ⋅ x ) = R ⋅ ∑ (W ⋅ sen α )
n
i =1
∑ W ⋅ senα
i =1
s 1
sm = τ m = [c' + (σ - u) ⋅ tgφ' ]
FS FS
N
porém σ =
bo
R
FS = ⋅ ∑ c' ⋅ bo + (N - u ⋅ bo) ⋅ tgφ '
∑ W ⋅ x 14243
N'
( )
O valor de N’ N ' = N − u ⋅ bo pode ser conhecido da somatória de forças na direção
vertical:
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c'
W + (x n − x n +1 ) − (u ⋅ cosα + sen α)bo
N' = FS
tgφ'
cosα + senα ⋅
FS
1
FS = ∑ [c' ⋅ b + tgφ' (W - u ⋅ b + x n − x n +1 ) M α ]
∑ Wsenα
tg φ ' FS
onde M α = cos α + sen α ⋅
Os valores de (xn - xn+l ) são determinados por aproximações sucessivas e devem satisfazer a
condição:
∑ ( x n - x n +1 ) = 0
Estabelecendo-se a equação de equilíbrio para forças que agem na direção tangencial, tem-se:
S = (W + x n − x n +1 )⋅ sen α + (E n − E n +1 ) cos α
∑ (E n - E n +1 )
A análise de estabilidade deve ser conduzida através de aproximações sucessivas de tal forma
que se possa, no final, ter satisfeito todas as equações envolvidas.
Um processo variante do método apresentado denomina-se Método de Bishop Simplificado, e
considera que:
∑ ( x n - x n +1 ) = 0
∑ (E n - E n +1 ) = 0
1
FS = [c' ⋅ b + tgφ' (W - ub) M α ]
W ⋅ senα
As expressões de Mα, dependem de FS. As análises por qualquer um dos dois processos são
feitas atribuindo-se um valor arbitrário para FS. Se os valores de FS e FSarb não são coincidentes,
utiliza-se agora FSarb = FS para calcular um novo M α , O método é convergente para a solução exata.
Para uma primeira estimativa à comum tomar-se FS = FSFellenius.
A Figura 14. 8 permite a rápida determinação de M α .
87
Como procedimento prático recomenda-se dividir o talude em cerca de dez lamelas; a partir
deste valor há pouco ganho na precisão e um considerável aumento dos cálculos. Cada par de valores,
centro e raio de um círculo hipotético, conduz a um valor de fator de segurança. O valor crítico será
obtido por tentativas.
Desenhado o talude em escala, determina-se uma malha de centros potenciais; em seguida,
escolhe-se um centro e um raio que determinarão uma superfície de deslizamento e calcula-se o fator
de segurança para essa superfície.
Mantendo-se o centro do círculo, adota-se um novo raio e determina-se um novo fator de
segurança. Prossegue-se variando o raio até obter-se o FS mínimo.
Escolhe-se um novo centro e repetem-se os passos anteriores, até percorrer toda a malha
desejada. Após a determinação dos valores mínimos de FS para cada centro, traçam-se curvas que
unem os fatores se segurança iguais (como se faz com as curvas de nível da topografia com o intuito
de determinar a posição do centro que fornece o menor deles).
Como este processo pode ser programável, como mostra o fluxograma representado na Figura
14.9, existe atualmente uma série de programas que permitem determinar com precisão e velocidade o
valor do fator de segurança.
EXEMPLO 14.5
Determinar o Fator de Segurança para a encosta esquematizada na Figura 14.10, considerando
um círculo de centro O e raio OX. Empregar os métodos de Fellenius e de Bishop Simplificado. O
solo saturado apresenta γ = 2,05 tf / m 3 , τ = 4 + σ ⋅ tg 28 o e o não saturado (acima da linha
freática), γ = 1,80 tf / m 3 e τ = 6 + σ ⋅ tg30 o .
ETAPAS
Início
c´, φ´
Geometria
do talude
Criação da matriz
de centros
hipotéticos
Escolha do centro
Escolha do raio
Divisão em lamelas,
cálculo das forças e
momentos
Cálculo
de FS
FS=FSmín não
sim
Criação matriz
FS mín
Todos os
não centros estudados
sim
Escolha de FS
mínimo dos míni-
mos, Escolha de
R
Fim
Figura 14.9 - Fluxograma para Cálculo da Estabilidade de Taludes - Método das Lamelas.
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FS p = ∑ R Fi ∑ Wi ⋅ sen α i
∑ (R i / M αi )
FS B =
∑ Wi ⋅ sen α i
90
118.02
FS1 = = 2.74 ≠ 2.70
43.00
118.43
FS1 = = 2.75 ≅ 2.74
43.00
FS B = 2.75
A divisão do copo deslizante segundo duas ou trás cunhas permite conduzir uma rápida e
confiável análise de estabilidade. A Figura 14.12 mostra as cunhas do exemplo da Figura 14.11 a,
conjuntamente com os esforços que nelas atuam.
São desconhecidos os seguintes esforços: Fl, F2, E, α e o FS, o que torna o problema
indeterminado. Assumindo-se um valor para α, porém, pode-se tornar o problema determinado.
Costuma-se assumir que a direção dos esforços (E) entre as cunhas fica determinada pela resistência
mobilizada ao longo da superfície de ruptura, isto é:
tgφ
α = φ m = arc( )
FS
Outra alternativa é considerar α igual à inclinação do talude. Qualquer alternativa adotada
conduz a resultados praticamente iguais. Arbitrando um Fator de Segurança inicial é possível definir
as direções de Fl e F2.
tgφ1 tgφ1
Fsi = → φm 1 = arctg
tgφ m1 FS i
tgφ 2 tgφ 2
Fsi = → φm 2 = arctg
tgφ m2 FS i
C1 ⋅ AB
Cm1 =
FS i
C 2 ⋅ BD
FSc = Cm2 - obtido do polígono de forças
Cm 2
Freqüentemente resulta FSi ≠ FSc e é possível obter o Fator de Segurança (FS) procurado, por
interpelação (Figura 14.12). Na construção do polígono de forças seguiu-se a seguinte ordem,
começando pelo equilíbrio da cunha passiva (ABR):
Havendo outros esforços, como por exemplo, pressões neutras sobre algumas das superfícies,
basta determinar sua resultante e incluí-la no polígono de forças. Finalizando cumpre verificar para a
superfície ABD, qual posição de BR é a mais crítica. Varia-se a posição de R (BR1, BR2) de forma a
determinar o menor fator de segurança.
92
EXEMPLO 14.6
CUNHA ABD
AB = 15 m
CUNHA BCD
W 2 = 135 tf / m ; BC = 15 m
1a TENTATIVA
tg 27 o
FS = 2,0 φm1 = arc( ) ≅ 14,3o α = φm1 = 14,3o
2
φm 2 = 0
C ⋅ BC 5 ⋅ 15
Cm 2 = = = 37,5 tf / m
FS 2
C1 4 ⋅15
Cm 1 = 14 tf / m FS cal = = = 4,29
Cm 1 14
2a TENTATIVA 3a TENTATIVA
Cm 2 = 25,0 tf / m Cm 2 = 31,25 tf / m
Cm 1 = 34 tf / m Cm 1 = 25 tf / m
60 60
FS cal = = 1,76 FS cal = = 2,4
34 25
93
Existem vários outros métodos de estabilidade que permitem estudar diversas situações.
Entretanto os princípios utilizados são basicamente os mesmos aqui já apresentados e deixa-se de
apresentá-los pelo volume de gráficos que seria necessário reproduzir. Faz-se em seguida referência a
alguns desses métodos.
O método de Bishop e Morgenstern ("Stability Coefficients for Earth Slopes", Géotechnique,
Vol. 10, pg. 129-150, 1960) fornece ábacos para análise de vários casos comuns na pratica. A análise
é feita em termos de tensões efetivas, a partir do método de Bishop.
A variação do fator de segurança de taludes de barragem provocada por rebaixamento rápido é
apresentada em forma de ábacos por Morgenstern ("Stability Charts for Earth Slopes During Rapid
Drawndown", Géotechnique, Vol. 13, pg. 121-131,1963). A análise é efetuada para taludes
homogêneos, em termos de tensões efetivas.
94
SINOPSE
1. Os maciços podem ser naturais ou artificiais. Dada a maior homogeneidade dos maciços
artificiais, estes adequam-se melhor aos métodos correntes de análise de estabilidade.
2. A instabilização de um talude pode se manifestar das mais variadas formas. Genericamente,
pode-se ter desmoronamentos, nos quais uma massa de solo se desloca do maciço remanescente;
rastejos, quando a massa de solo exibe movimentos lentos, semelhantes aos que ocorrem em um
líquido viscoso e escorregamentos nos quais o solo se movimenta em relação ao resto do maciço,
segundo uma superfície bem definida. Os escorregamentos resultam de rupturas por cisalhamento.
3. Vários são os agentes que provocam a instabilização de um talude (Tabela 14.1). Podem-se
ter genericamente causas externas, internas e intermediárias. Aumentos de altura, de inclinação, bem
como a ação da água situam-se entre as causas mais comuns.
4.O Fator de Segurança (FS) corresponde ao valor numérico da real ação entre a resistência ao
cisalhamento disponível (S) e a mobilizada (Sm) para garantir o equilíbrio do corpo deslizante, sob o
efeito dos esforços atuantes. Costuma-se calcular o FS, também, considerando a relação entre esforços
resistentes e esforços atuantes (forças ou momentos).
5. Os métodos de estabilidade empregam os conceitos do equilíbrio limite, no qual se
considera a ruptura incipiente quando as tensões atuantes igualam a resistência do solo, sem
preocupação com as deformações envolvidas.
6. O método do talude infinito é empregado quando a relação entre extensão e espessura do
talude é muito grande. Nestes casos a linha potencial de ruptura desenvolve-se paralelamente à
superfície do talude.
7.O método de Culmann admite superfície ruptura plana passando pelo pé do talude.
8. Os gráficos de Taylor foram desenvolvidos a partir do método de círculo de atrito
(superfície de ruptura circular) e empregam tensões totais. A sua utilização pode resultar muito útil
em fases iniciais de projeto.
9. O método de Fellenius considera superfície de ruptura circular e assume que as resultantes
das forças laterais sobre as lamelas são colineares e de igual intensidade. Os fatores de segurança
obtidos por este método são geralmente conservadores.
10. No método de Bishop são considerados os esforços laterais sobre as lamelas. No método
de Bishop simplificado despreza-se a ação da resultante dos esforços verticais sobre as faces laterais
das lamelas. O processo de cálculo do Fator de Segurança é iterativo.
11. Planos ou estratos de menor resistência podem condicionar as superfícies de ruptura.
Quando é possível aproximar estas superfícies por retas, a análise de estabilidade pode ser conduzida
de uma forma rápida através do método das cunhas.