Você está na página 1de 29

______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”

Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

5. MACIÇOS ROCHOSOS

O tipo de estrutura formada resulta do comportamento mecânico das rochas,


nos variados estágios deformacionais aos quais o maciço esteve submetido.
Diversos fatores condicionam este comportamento, podendo classificar-se
em: intrínsecos ou extrínsecos.
Intrínsecos: homogeneidade ou heterogeneidade e isotropia ou anisotropia.
Extrínsecos: temperatura, tensão confinante, tensão diferencial e tempo de
atuação dos esforços.
Em geral, as estruturas dos maciços refletem duas categorias básicas de
comportamento deformacional:

 Dúctil ou visco-plástico (dobras);


 Rúptil ou frágil (juntas e falhas)

5.1 Dobras

Feição estrutural de encurvamento de camadas ou bandas rochosas


originada por esforços tectônicos ou diastróficos.
É caracterizada por: eixo, plano axial e flanco e recebe diversas
denominações de acordo com sua geometria, dobra aberta, dobra
assimétrica, dobra de arrasto, dobra deitada, dobra isoclinal, etc.

5.2 Falhas

As fraturas ou os cisalhamentos das rochas, ao longo de cujos planos as


paredes rochosas se deslocaram entre si, são designados falhas. A
interpretação mecânica dos planos de falhas baseia-se na análise da relação
esforço compressão.

De um modo geral, o falhamento pode resultar de compressão, distensão ou


torção.
As falhas podem atingir dimensões diversas, o deslocamento total variando
de milímetros a quilômetros, sendo conhecidas falhas de dimensões
continentais.
As falhas representam um importante elemento na classificação dos maciços
rochosos, pois representam descontinuidades que afetam o comportamento
geomecânico e de permeabilidade do maciço.

A) Classificação
(1)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

As falhas podem ser classificadas segundo seus parâmetros geométricos e


conforme sua gênese.
A classificação genética mais utilizada é aquela em que considera-se o
movimento relativo entre os blocos, procurando caracterizar as tensões
envolvidas (compressivas, trativas ou cisalhantes), o que de um modo geral
não é fácil.

Falhas de Gravidade – O teto desce em relação ao muro. Relacionam-se a


distensões da crosta.
Falhas de Empurrão – são aquelas em que o teto subiu em relação ao muro.
Tais falhas indicam encurtamento crustal, implicando esforços
compressionais.
Falhas de Transcorrentes – o movimento dominante é direcional.

B) Critérios para a Determinação de Falhas


Vários recursos são empregados na identificação de falhas, tais critérios
devem ser utilizados em conjunto, pois na maioria dos casos um só não é
conclusivo. Os critérios mais relevantes são os seguintes:

a) Descontinuidades ou truncamento de estruturas;


b) Repetição e omissão de camadas;
c) Silicificação e mineralização;
d) Feições estruturais típicas de planos de falhas (estrias, milonito, etc.);
e) Feições geomorfológicas:
 Linhas de serra deslocadas;
 Escarpas de falha;
 Desvios e anomalias de drenagem;
 Fontes.

5.3 Parâmetros Descritivos das Descontinuidades

 Orientação Espacial;

 Persistência;

 Espaçamento;

 Irregularidade e rugosidade das superfícies;

 Abertura e preenchimento

(2)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

6. SOLOS

A abundância e a ampla ocorrência de solos fazem com que estes


materiais sejam considerados um importante elemento na geologia de
engenharia, tanto para uso como materiais de construção, como também
para servir de suporte (fundação) para diferentes tipos de obras de
engenharia.

Definição: Engenheiros, geólogos e agrônomos possuem diferentes


definições para o termo solo.
Agronomia: “ë um corpo natural, de constituintes minerais e orgânicos
diferenciados em horizontes de profundidade variável, que diferem do
material subjacente em morfologia, propriedades físicas e constituição,
propriedades químicas e composição e em características
biológicas“”(JOFFE, 1949). Para os agrônomos um solo verdadeiro não
pode se formar sem que haja no material, a presença e decomposição
de matéria orgânica.
Geologia: “produto do intemperismo físico e químico de uma rocha, seja
ela ígnea, sedimentar ou metamórfica, situado na parte superficial do manto
de intemperismo.”
Geologia de Engenharia: “todo material terroso encontrado na superfície da
crosta de origem inorgânica ou orgânica que é escavável por meio de
picareta, pá, escavadeira, etc., ou ainda que perde sua resistência quando
em contato prolongado com a água.”

(3)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

FORMAÇÃO DO SOLO

ROCHA
(MATERIAL DE ORIGEM)

Físico
INTEMPERISMO
Químico

SUBSTRATO PEDOGENÉTICO
Residual (eluvionar) Coluvionar
Aluvionar
Tálus
Eólicos

PROCESSOS Rocha
PEDOGENÉTICOS Clima
(adição, remoção, Relevo
transformação, Organismos
remanejamentos mecânicos Tempo
e transporte seletivo)

DIFERENCIAÇÃO DE HORIZONTES

O
A
B
C
R

SOLO

(4)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

As propriedades de engenharia dos solos definem sua adequabilidade a um


uso particular. Estas propriedades são determinadas através do uso de suas
características físicas e suas relações.

Dentre estas propriedades destacam-se:


 Compressibilidade;
 Resistência ao cisalhamento.

6.1 Fatores de Formação

O solo aparece como conseqüência da ação combinada do clima,


biosfera, rocha matriz, relevo e tempo.
ROCHA MATRIZ
O tipo da rocha e, especialmente, sua composição mineralógica e
química, além do estado original de fraturamento, exercem um papel
fundamental nas características dos solos que serão formados.
As propriedades supramencionadas das rochas refletem indiretamente a
capacidade de circulação da água no meio, desempenhando um papel
imprescindível na decomposição física e química envolvidas no processo de
alteração da rocha para solo.
O conteúdo mineral da rocha determina uma série de propriedades dos
solos. Dessa forma, rochas ricas em sílica (granitos, quartzitos, arenitos,
etc.) dão origem a solos arenosos, enquanto rochas ricas em minerais
ferromagnesianos (basalto, anfibolitos, etc.) originam solos argilosos.
Condicionam também a formação de argilominerais, que transmitem ao solo
importantes propriedades geotécnicas.
CLIMA
O clima, por seus componentes: precipitação, temperatura, vento, umidade e
suas variações, constitui o fator que desempenha maior atividade no
processo de formação dos solos.
Quando o solo é jovem, as suas características estão bastante próximas as
da rocha matriz. A medida que o processo evolui, começam a dominar
principalmente os fatores climáticos. Com o passar do tempo, o solo
torna-se tão intimamente ligado ao clima e à vegetação, perdendo desse
modo as características inerentes à rocha matriz.
RELEVO
A topografia modifica o perfil do solo facilitando a absorção e retenção de
água (facilita o intemperismo) e influenciando no grau de remoção de
partículas do solo ( facilita a erosão).
O relevo é um fator que pode influenciar bastante a profundidade dos
solos. Assim, a sua profundidade aumenta quando diminui a
declividade.

(5)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

TEMPO
O tempo é o espaço necessário para que a rocha decomposta passe a agir
como solo. Supõe-se que quanto maior o número de horizontes e quanto
mais desenvolvidos forem, mais maduro será o solo,
O tempo é uma variável dependente do clima, do relevo, da atividade
biológica e da natureza do material primitivo, o que vem tornar difícil o
estabelecimento de um tempo médio necessário para a formação de um
solo amadurecido.
BIOSFERA
A ação dos organismos se faz sentir no processo de formação dos solos
antes e, principalmente, após a acumulação dos detritos minerais
provenientes do intemperismo da rocha.
A água ao se movimentar através deste material acumulado, mantém a
continuidade dos processos intempéricos e ao mesmo tempo permite o
desenvolvimento de uma microflora e uma microfauna.

(6)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

6.2 Perfil do Solo (Intemperismo)

Denomina-se perfil do solo a seção vertical que, partindo da superfície


aprofunda-se até onde chega a ação do intemperismo, mostrando, na
maioria das vezes, uma série de camadas dispostas horizontalmente
denominadas horizontes.

Engenharia Horizontes Pedológicos


T Horizonte Orgânico (O) – formado na parte superior dos
R solos minerais. É dominado por matéria orgânica fresca ou
A parcialmente decomposta. Contém mais de 30% de
N matéria orgânica quando a fração mineral possuir mais de
50% de argila ou mais de 20% de matéria orgânica quando
S
SOLO for arenosa. Camada de acumulação de restos
P orgânicos.
O ORGÂNICO
R Horizonte A – Apresenta alto teor de matéria orgânica
T profundamente misturada com matéria mineral,
A usualmente de coloração escura. Perdeu argila, ferro ou
D alumínio, dando como resultado concentrações de
O quartzo e outros minerais resistentes. É um horizonte
do solo de máxima atividade biológica e que mais está
O sujeito às variações de temperatura e umidade.
1ª U
Horizonte B – É caracterizado pelo acúmulo de argila,
SOLO ferro ou alumínio, com algo de matéria orgânica, é
N RESIDUAL denominado de horizonte de acúmulo.
à MADURO
O (Laterítico)

Horizonte C – É a camada inconsolidada com pouca


N SOLO influência de organismos e pouco afetada por processos
à RESIDUAL pedogenéticos. Constitui o que se denomina de material
O JOVEM (Solo de origem dos solos, ou substrato pedogenético.
Saprolítico) Geralmente, apresenta feições estruturais da rocha de
origem.
T
R Transição Solo/Rocha – É composto basicamente por
A TRANSIÇÃO blocos ou camadas de rochas em vários estágios de
N SOLO / alteração, com dimensões variáveis, envolvidos por solo
S ROCHA saprolítico.

P (Saprolito)
O
R Rocha - Camada de material consolidado, corresponde ao
T ROCHA SÃ substrato rochoso, constituído por rocha alterada ou sã.
3ª A OU
D ALTERADA
O

(7)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

6.2.1 Categorias de Classificação dos Materiais (DNER)

a) 1ª Categoria

Compreende o solo em geral e rochas em adiantado estágio de


decomposição, seixos com diâmetro máximo de 15cm, qualquer que seja o
teor de umidade, compatíveis com a utilização de “scraper” rebocado ou
motorizado. Geralmente é limitado pela sondagem a trado.

b) 2ª Categoria

Rocha com resistência à penetração mecânica inferior ao granito, blocos de


pedra de volume inferior a 1 m³, matacões e pedras de diâmetro médio
superior a 15cm, cuja extração se processa com o emprego de explosivo ou
uso combinado de explosivos, máquinas de terraplenagem e ferramentas
manuais comuns.

c) 3ª Categoria

Rocha com resistência à penetração mecânica superior ou igual a do granito


e blocos de rocha de volume igual ou superior a 1 m³, cuja extração ou
redução, para tornar possível o carregamento, se processam com o emprego
contínuo de explosivo.

6.3 Caracterização e Propriedades dos Solos

6.3.1. Relações entre as Fases do Solo

Por se tratar de um sistema descontínuo de partículas, o solo se constitui


intrinsecamente de um sistema de várias fases.
Assim, um elemento típico de solo é constituído de três fases: sólida
(partículas minerais), gasosa e líquida (geralmente água).

Vv Vg Pg
V Va Pa
P

Vs Ps

Existem três importantes relações de volume: porosidade (n), índice de


vazios (e) e grau de saturação (S).
(8)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

n (%) = Vv / V

e = Vv / Vs

S (%) = Va / Vv

A relação entre pesos de fases a mais utilizada é a umidade.

h (%) = Pa / Ps

Utiliza-se ainda o Peso Específico Aparente (t), que é o peso de um


elemento de solo dividido pelo volume do dito elemento

t (g/cm³) = P / V

(9)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

6.3.2. Tamanho das Partículas

A distribuição das partículas por tamanho em uma amostra de solo se


expressa através de um gráfico (curva granulométrica) que relaciona a
percentagem de partículas de tamanho inferior (em peso) com cada diâmetro
(mm).
A uniformidade do solo pode ser expressa pelo Coeficiente de
Uniformidade, que é a relação entre D60 e D10 n. Um solo com coef. de
uniformidade menor que 2 é considerado uniforme.
De um modo geral, o comportamento de um solo granular pode
relacionar-se com a distribuição granulométrica, já um solo coesivo
depende mais da história geológica e de sua estrutura do que o tamanho das
partículas.

6.3.3. Limites de Atterberg


Os limites de Atterberg são muito úteis para caracterizar o conjunto de
partículas dos solos.
Estes limites são baseados no conceito de que o solo de grão fino somente
pode existir em quatro estados de consistência segundo sua umidade.

Mistura Fluida Estado


de água e Líquido LL
solo Estado
Plástico LP
Estado Semi
sólido LC
Estado Sólido
Solo Seco

Limite de Liquidez (LL) – é determinado medindo-se a umidade e o número


de golpes necessários para fechar uma ranhura longitudinal de um
determinado comprimento em um aparelho normatizado. A umidade
correspondente a 25 golpes para fechar a fenda corresponde ao LL (NBR
6459/84).

Limite Plástico (LP) – obtém-se medindo o conteúdo de umidade do solo


quando começa a desmontar certos cilindros de 3mm de diâmetro moldados
de amostras do solo analisado (NBR 7180/84).

Limite de Contração (LC) – (NBR 7180/84)

(10)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

O Índice de Plasticidade (IP) é definido pela seguinte equação:

IP = LL – LP

Os Limites de Atterberg de um solo estão relacionados com a


quantidade de água absorvida sobre a superfície das partículas. De um
modo geral, devido ao aumento da superfície das partículas por unidade de
peso ao diminuirmos o tamanho das partículas, pode-se esperar que a
quantidade de água absorvida venha a ser muito influenciada pela
quantidade de argila presente,
Estes limites, além da atividade permite avaliar o argilo-mineral presente no
solo.

Atividade de uma Argila = IP / % em peso menor de 2

6.4 Classificação dos Solos

6.4.1. Sistema Unificado de Classificação de Solos

Este Sistema foi inicialmente desenvolvido pelo U.S. Army Corps of


Engineers (USAE), em cooperação com o U.S. Bureau of Reclamation
(USBR) e assistido pelo Dr. A. Casagrande, sendo ainda baseado na
Classificação para Aeroportos de 1948. Foi finalmente publicado em 1953, e
adotado pela American Society for Testing and Materials (ASTM) como uma
classificação padrão para solos.

(11)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

O SUCS auxilia o engenheiro a enquadrar os solos existentes em grupos de


comportamentos similares, tornando possível um processo de amostragem
mais eficiente e, por conseguinte, uma razoável economia de recursos nos
ensaios adicionais de laboratório e na prospecção do terreno.

MAIORES SÍMBOLO NO M E DO
DIVISÕES DO GRUPO GRUPO
Cascalhos limpos GW Cascalho bem graduado
Cascalhos com menos de 5% GP Cascalho mal
SOLOS mais de 50% de finos graduado
GROSSOS de fração grosseira Cascalhos com GM
retida na finos mais de Cascalho siltoso
peneira nº4 (1) 12% de finos GC
(mais de 50% Cascalho argiloso
retido
na peneira SW
nº200 (2)) Areia bem graduada
Areias
mais de 50% da Areias limpas
com
fração grosseira menos de 5% de SP
passando na finos Areia mal graduada
peneira nº4 SM
Areias com finos Areia siltosa
mais que 12% de SC
finos Areia argilosa

ML
Silte
Siltes e Argilas
Limite de Liquidez 50% CL Argila não plástica
SOLOS ou menor
FINOS OL Argila orgânica
Silte orgânico
MH Silte plástico
(50% ou mais
passando Siltes e Argilas
na peneira Limite de liquidez CH Argila plástica
nº200) maior que 50%
OH Argila orgânica
Silte orgânico
Solos altamente orgânicos PT Turfa

(1) - abertura de 4,75mm Fonte: ASTM, 1983 (adaptado da ASTM D2487-85).


(2) - abertura de 0,074mm
Classificação de Solos

(12)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

BLOCOS Os blocos são elementos muito estáveis utilizados para


terraplenagem e para estabilizar taludes (enrrocamentos).
Devido ao seu tamanho e peso sua presença nos depósitos
naturais do solo tendem a melhorar a estabilidade em
fundações. A angularidade das partículas aumentam a
estabilidade.

G/S O cascalho e a areia tem essencialmente as mesmas


propriedades de engenharia ainda que em graus diferentes..
São fáceis de compactar e pouco afetadas pela umidade.
FRAÇOES Os cascalhos podem ser mais estáveis ao fluxo de água e
GROSSAS mais resistentes a erosão e ao “piping” que as areias. As areis
e cascalhos bem graduados são geralmente menos
permeáveis e mais estáveis que aquelas mal graduadas
(granulometria uniforme). A irregularidade das partículas faz
aumentar ligeiramente a estabilidade. A areia fina uniforme
tem características próxima ao silte, ou seja diminui sua
permeabilidade e reduz a estabilidade com o aumento da
umidade.

M O silte é instável por sua própria natureza, particularmente


quando aumenta a umidade, com tendência a fluir quando
está saturado. É relativamente impermeável, difícil de
compactar, facilmente erodível, sujeito ao “piping” e
ebulição.

C A característica marcante da argila é a coesão, que


aumenta ao diminuir a umidade. A permeabilidade da argila é
muito baixa, é difícil de compactar no estado úmido e
FRAÇOES impossível de drenar por métodos ordinários; compactada é
FINAS resistente a erosão e ao “piping”. Está submetida a
expansão e contração com as variações da umidade. As
propriedades não dependem somente do tamanho e
forma, mas também por sua composição mineralógica
(tipo de argilo-mineral) e o meio químico (capacidade de troca
de cátions). Em geral, o argilo-mineral montmorilonita tem
um maior efeito sobre as propriedades, sendo este efeito
mínimo no caso da ilita e caulinita.

O A presença de matéria orgânica inclusive em quantidades


moderadas faz aumentar a compressibilidade e reduz a
MATÉRIA
estabilidade das frações finas dos solos. Podem decompor-se
ORGÂNICA criando vazios. Os solos orgânicos não são adequados para
uso em engenharia, já que suas propriedades variam por
alterações químicas.

Componentes e Frações do Solo

(13)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

Símbolo Permeabilidade Resistência ao Compressibili-


do quando cisalhamento dade o estado Valor como Dr e n a g e m Trabalhabilidade
Grupo compactado no estado compactado e Fundação
compactado e saturado
saturado

GW Permeável Excelente Desprezível Boa a Excelente Excelente


excelente

GP Muito permeável Boa Desprezível Boa a Excelente Boa


excelente
Semipermeável a
GM Impermeável Boa Desprezível Boa a Regular a Boa
excelente má

GC Impermeável Boa a regular Muito Baixa Boa a Má Boa


excelente

SW Permeável Excelente Desprezível Boa a Excelente Excelente


excelente

SP Permeável Boa Muito baixa Má a boa Excelente Regular

Semipermeável a
SM Impermeável Boa Baixa Má a boa Regular a Regular

SC Impermeável Boa a Regular Baixa Má a boa Má Boa

Semipermeável a
ML Impermeável Regular Média Muito má Regular a Regular

CL Impermeável Regular Média Má a boa Má Boa a regular

Semipermeável a
OL Impermeável Deficiente Média Má Má Regular

Semipermeável a
MH Impermeável Regular a Elevada Má Regular a Deficiente
deficiente má

CH Impermeável Deficiente Elevada Regular a má Má Deficiente

OH Impermeável Deficiente Elevada Muito má Má Deficiente

Pt -x- -x- -x- -x- -x- -x-

Propriedades em Obras de Engenharia

(14)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

6.4.2. Classificação HBR (Highway Research Board)

Esta classificação, também considerada convencional, é mais aplicada em


estradas. Estabelece 7 grupos, com alguns subdivididos em sub-grupos.
Para o enquadramento dos solos utiliza-se a granulometria, o limite de
liquidez e o índice de plasticidade.

6.4.3. Classificação MCT

As classificações convencionais acima apresentadas foram


desenvolvidas para solos originados de climas temperados,
apresentando certa dispersão dos resultados e problemas relativos à
correlação entre as propriedades-índice (granulometria, limite de plasticidade
e limite de liquidez).
Assim, Nogami e Vilibor (1981) sugeriram uma metodologia que utilizasse
outros ensaios: ensaio de compactação Mini-MCV e de perda de massa
por imersão.
A classificação utiliza coeficientes que colocados em uma carta, retira-se a
classe do solo, que é dividido em dois grupos principais (laterítico e não
laterítico).
Mesmo assim, apresenta as seguintes limitações principais:

 Só é aplicável a solos formados pela fração fina;


 Não é possível estimar outras propriedades
geotécnicas, além das utilizadas comumente em obras
viárias (capacidade de suporte;
 O ensaio Mini-MCV é trabalhoso, exigindo muito tempo
para execução e cálculo das curvas de compactação.

(15)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

7. INVESTIGAÇÕES GEOLÓGICO-GEOTÉCNICAS

7.1 Introdução

É um consenso geral de que uma estrutura de engenharia, um planejamento


de ocupação do uso do solo e uma pesquisa de materiais para a construção
requerem um adequado conhecimento das condições do meio físico, com
destaque para as características geológico-geotécnicas da área.
As investigações indicarão:
a) as técnicas mais adequadas para intervenção no terreno;
b) os volumes necessários para remoção ou escavação;
c) a necessidade de tratamento de estabilização dos maciços;
d) a determinação da extensão, profundidade e espessura de cada
horizonte de solo dentro de uma determinada profundidade;
e) a profundidade da superfície da rocha e sua classificação (tipo de
rocha, direção, mergulho e espaçamento de juntas e planos de
acamamento, presença de falhas e estado de alteração;
f) informações sobre a ocorrência de água no subsolo (profundidade do
nível d’água);
g) as propriedades de engenharia dos solos e rochas (compressibilidade,
resistência ao cisalhamento e permeabilidade);
h) o melhor local para o posicionamento das obras civis.

Os principais métodos de investigação podem ser resumidos em:


 interpretação de imagens (sensoriamento remoto e fotografias
aéreas);
 mapeamento geológico;
 geofísicos (geoelétricos, sísmicos e potenciais).
 mecânicos (poço/trincheira de inspeção, sondagem a varejão,
sondagem a trado, sondagem a percussão, sondagem rotativa e
ensaios em furos de sondagem);

(16)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

ETAPA DE DESCRIÇÃO DA ETAPA MÉTODOS EMPREGADOS


PROJETO

INVENTÁRIO Estudos realizados no âmbito  Levantamento bibliográfico;


regional, com o objetivo de  Interpretação de imagens;
estabelecer alternativas para a  Sondagens a trado;
construção de obras ou para a  Poços de inspeção.
intervenção do meio físico.

VIABILIDADE Anteprojeto, verificar a  Aumento das sondagens a trado;


possibilidade de se desenvolver  Primeiras sondagens a percussão;
uma alternativa que seja viável  Ensaios “in situ”;
técnica e economicamente.  Eventuais sondagens rotativas;
Objetiva definir se os  Ensaios geofísicos;
estudos podem prosseguir.  Ensaios preliminares de laboratório
(granulometria, petrografia).

PROJETO Deve fornecer os subsídios  Campanha intensa de sondagens a


BÁSICO para definir o cronograma de percussão e rotativas;
execução, custos e contratar  Ensaios de permeabilidade e outros
a execução do projeto. mais específicos;
Devem subsidiar o projeto  Técnicas especiais de investigação;
executivo  Amostras indeformadas.

PROJETO Muitas vezes desenvolvida  Ensaios pontuais e sondagens


EXECUTIVO juntamente com a fase dirigidas a alvos específicos.
construtiva da obra.
Importante documentar a
construção do as built.

OPERAÇÃO Monitoramento da obra  Investigações específicas.


buscando diagnosticar
comportamento anômalos ou
inesperados.

(17)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

A melhor investigação é aquela que fornece os elementos adequados no


prazo que é necessário e a um custo compatível com o valor da informação.
Empiricamente, estima-se que os custos das investigações possam
atingir até 5% do valor da obra.

7.2 Investigações de Superfície

Interpretação de Imagens
A interpretação de imagens obtidas por sensoriamento remoto, fotos aéreas
e imagens de satélite é um método barato e rápido, embora não dispense
trabalhos de campo.
As fotografias aéreas são as mais utilizadas para estudos geológicos, já
que geralmente seus elementos (tonalidade, textura, morfologia ou forma de
relevo, características da rede de drenagem, formas do vale e vegetação)
refletem características geológicas.

ELEMENTOS DA CARACTERÍSTICA GEOLÓGICA


FOTOINTERPRETAÇÃO

TONALIDADE E TEXTURA  Definição dos tipos de rochas e


solos.

FORMA DE RELEVO  Tipos de rochas;


 Atitude das camadas (estratos);
 Características estruturais (falhas e
dobras);
 Características dos processos
erosivos (perfil transversal dos
vales).

DRENAGEM  Condicionantes estruturais;


 Propriedades das formações
geológicas.

VEGETAÇÃO  Dificultam a interpretação;


 Auxiliam na definição de tipos de
rochas e solos.

Geralmente, o emprego da interpretação de imagens para uso em


engenharia requer um maior detalhamento, o que provoca uma maior
necessidade de outros tipos de investigação, já que as unidades são
definidas levando em conta a aptidão ou qualidade de solos e rochas para
fins de uso.

(18)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

Mapeamento
Cada vez mais o emprego de técnicas de cartografia geotécnica vêm sendo
empregadas para subsidiar a implantação de uma obra de Engenharia
Civil e nos processos de planejamento territorial, urbano e ambiental.
Assim, dentre os diferentes aspectos do meio ambiente, que são registrados
em mapas e cartas, um grupo considerável está relacionado ao meio físico
(rochas, aos solos (materiais inconsolidados), às águas (superficiais e
subsuperficiais), ao relevo, etc.).
A interpretação dos diversos atributos para uma finalidade específica
(obra de engenharia ou planejamento) apresentada sob a forma cartográfica
gera a carta geotécnica, que é o produto do mapeamento geológico-
geotécnico.
Essas informações, apesar da maioria das vezes não dispensarem
investigações mais detalhadas do subsolo e materiais, propiciam uma
grande otimização no programa de sondagens e ensaios de laboratório,
já que procuram agrupar os diferentes materiais (solos e rochas) em
unidades geotécnicas com propriedades similares para uma determinada
finalidade.

(19)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

7.3 Investigações Mecânicas

Os principais métodos de investigação mecânica de campo utilizados para


reconhecimento geológico-geotécnico são:
 sondagem a varejão;
 sondagem a trado;
 poço ou trincheira de inspeção;
 sondagem a percussão;
 sondagem rotativa;
 perfuração com rotopercussão;
 galeria de investigação.
Na fase inicial do projeto é comum o emprego de métodos mais simples e de
mais baixo custo (sondagem a trado, poços e trincheiras). A medida que as
investigações avançam aumenta-se o número de sondagens e estas
passam, gradativamente, para as mais sofisticadas (percussão e rotativa).

Poço e Trincheira de Inspeção


“Poço de inspeção (PI) em solo é uma escavação vertical, de seção
circular ou quadrada, com dimensões mínimas suficientes (1,10m) para
permitir o acesso de um observador e retiradas de amostras”. Pode ser
executado até a profundidade de 20m.
“Trincheira (TR) também é uma escavação vertical, porém de seção
retangular para se obter uma exposição contínua do solo num certo trecho
do terreno”.
 equipamento utilizado: pá, picareta, sarilho, corda e balde;
 possibilita o exame “in situ” do material, a coleta de amostras
indeformadas e ensaios de permeabilidade em solo;
 quando é necessário analisar grandes extensões do terreno usam-
se trincheiras;
 deve estar corretamente posicionada em relação ao sol;
 profundidade limitada pela presença do nível d’água
 o poço será considerado concluído nos seguintes casos:
 quando atingir a profundidade prevista;
 quando houver insegurança;
 quando ocorrer infiltração acentuada;
 quando ocorrer, no fundo do poço, material não escavável
por processos manuais.

(20)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

Sondagem à Varejão
 utilizada para investigação de sedimentos inconsolidados e
submersos;
 determina a espessura de aluviões e a profundidade da rocha no
leito de um rio;
 forma de penetração da haste (2 metros) indica o material
atravessado (areia, cascalho, argila, etc.).

Sondagem a Trado
“Sondagem a trado (ST) é um método de investigação que utiliza como
instrumento de avanço o trado, um tipo de amostrador de solo constituído por
lâminas cortantes”. Pode atingir profundidades superiores a 15 metros.
 processo mais simples, rápido e econômico para investigações
preliminares de condições geológicas superficiais;
 perfuração manual de pequeno diâmetro (3”);
 própria para solo de baixa a média resistência;
 permite a execução de ensaios “in situ” de permeabilidade em
solos;
 coleta de amostra a cada metro de avanço ou quando ocorre
mudança de material;
 importante anotar o motivo da paralisação da sondagem;
 geralmente é limitada pelo nível d’água, camadas de seixos ou
blocos de rochas;
 muito empregada para investigação de jazidas a subleito de
rodovias;
 a sondagem a trado será considerada concluída nos seguintes
casos:
 quando atingir a profundidade prevista;
 quando ocorrem desmoronamento sucessivos das paredes
do furo;
 quando o avanço for inferior a 5cm em 10 minutos de
operação contínua de perfuração;

(21)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

Sondagem à Percussão
“Sondagem a percussão (SP) é um método para investigação de solos em
que a perfuração é feita através de trado ou de lavagem, sendo utilizada
para a obtenção de amostras, medidas de índice de resistência à penetração
(SPT) e execução de ensaios “in situ”. Pode atingir profundidades superiores
a 40 metros.
 custo relativamente baixo;
 processo habitualmente empregado na caracterização da cobertura
terrosa dos terrenos naturais;
 facilidade de execução e possibilidade de trabalho em locais de
difícil acesso;
 equipamento simples (tripé, bomba d’água, tanque de 200 litros e
ferramentas de corte do solo;
 diâmetro geralmente igual a 2 ½”;
 possibilita a determinação do nível d’água;
 até o nível d’água utiliza-se o trado espiral, a partir daí é feita com
o uso do trépano e circulação de água (“lavagem”);
 limitada pela ocorrência de material duro (seixos, matacões e
transição solo - rocha);
 permite a coleta de amostras;
 pode-se utilizar o ensaio de lavagem por tempo;
 SPT (Standart Penetration Test):
 a cada metro de perfuração é feito um ensaio de cravação
de um barrilete (tubo oco de 45cm de comprimento) no
fundo do furo para medida da resistência do solo e coleta de
amostra;
 utilizada para investigação de sedimentos inconsolidados e
submersos;
 para cravar o barrilete é usado o impacto de um peso de
65kg caindo em queda livre de 75cm de altura;
 resultado do SPT corresponde à quantidade de golpes
necessários para fazer penetrar, no fundo do furo, os
últimos 30cm do barrilete amostrador. Na penetração é
anotado o número de golpes aplicados para cada terça
parte aproximada dos 45cm;
 geralmente, interrompe-se o ensaio quando a penetração
seja inferior a 5cm para cada 10 golpes sucessivos ou
quando o número de golpes ultrapassar 50 num mesmo
ensaio.

(22)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

SONDAGEM A PERCUSSÃO
(Características dos Terrenos)

Resistência à Tensões Admissíveis


Consistência da Argila N.º de
compressão (kg/cm²)
golpes SPT
simples
Sapata Sapata
(kg/cm²)
Quadrada Contínua
Muito mole <= 2 < 0,25 < 0,30 < 0,22
Mole 3–4 0,25 – 0,50 0,33 – 0,60 0,22 – 0,45
Média 5–8 0,5 – 1,0 0,60 – 1,20 0,45 – 0,90
Rija 9 – 15 1,0 – 2,0 1,20 – 2,40 0,90 – 1,80
Muito Rija 16 – 30 2,0 – 4,0 2,40 – 4,80 1,80 – 3,60
Dura > 30 > 4,0 > 4,80 > 3,60
Segundo Lima (1979)

Compacidade da Areia N.º de golpes Tensão Admissível


SPT (kg/cm²)
Fofa <= 4 < 1,0
Pouco compacta 5 – 10 1,0 – 2,0
Medianamente Compacta 11 – 30 2,0 – 4,0
Compacta 31 – 50 4,0 – 6,0
Muito compacta > 50 > 6,0
Segundo Lima (1979)

SONDAGEM ROTATIVA
(Característica do Maciço Rochoso)

RQD Qualidade do Maciço


(%) Rochoso
0 – 25 Muito fraco
25 – 50 Fraco
50 – 75 Regular
75 – 90 Bom
90 – 100 Excelente

Denominação  do furo  do testemunho (mm)


(mm)
EW 37,71 21,46
AW 48,00 30,10
BW 59,94 42,04
NW* 75,69 54,73
HW* 99,23 76,20
* mais utilizados em engenharia

(23)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

Sondagem Rotativa
“Sondagem rotativa é um método de investigação que consiste no uso de
um conjunto automecanizado projetado para a obtenção de amostras de
materiais rochosos, contínuas e de formato cilíndrico, através da ação
perfurante dada basicamente por forças de penetração e rotação que,
conjugadas, atuam com poder cortante. A amostra de rocha obtida é
chamado de testemunho”.
 executada através de um barrilete dotado de uma peça cortante,
feita com material de alta dureza (coroa de vídia ou diamante), que
perfura o terreno com movimento de rotação;
 quando o barrilete está cheio (3 a 5 metros) é realizada uma
operação para retirada da amostra de rocha (manobra);
 objetivo principal da amostra rotativa é a obtenção da amostra de
rocha (testemunho) que permitirá identificar as descontinuidades
do maciço rochoso, bem como a realização de ensaios “in situ” de
perda d’água;
 necessário identificar todos os fatos ocorridos durante a
perfuração;
 Recuperação = porcentagem entre o comprimento das amostras
coletadas e o avanço da sondagem em cada manobra;
 trechos de baixa recuperação devem ser cuidadosamente
registrados (identificar fraturas mecânicas);
 Sondagem Mista (SM) – parte superior com material terroso
(sondagem a percussão), iniciando a sondagem rotativa quando o
material apresentar 50 golpes para 30cm;
 após a conclusão deve-se preencher o furo com calda de cimento
para evitar contaminação do lençol freático;
 importante considerar a medição do nível de água no furo de
sondagem;
 RQD (Rock Quality Designation) – baseia-se numa recuperação
modificada, entram no cálculo apenas os fragmentos com
comprimento igual ou superior a 10cm (excluindo as fraturas de
origem mecânica). Para a determinação do RQD utiliza-se barrilete
duplo, com diâmetro NX ou superior.

(24)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

7.4 Investigações Geofísicas

Os métodos geofísicos determinam, em profundidade, parâmetros


relacionados a propriedades físicas da terra (velocidade de propagação de
ondas acústicas, resistividade elétrica, densidade, campo magnético, etc.).
Uma vez analisada a variação destas propriedades espacialmente é possível
interpretar características geológico-geotécnicas tais como: grau de alteração
e de fraturamento, tipo de rocha, topo rochoso, etc.
Os principais métodos geofísicos utilizados em geologia de engenharia são:
 Métodos Geoelétricos (eletroresistividade, eletromagnético (VLF -
very low frequency), potencial espontâneo);
 Métodos Sísmicos (reflexão, refração, ensaios entre furos (cross
hole), ecobatimetria, etc.);
 Métodos Potenciais (magnetometria e gravimetria).

Como principais características dos processos geofísicos podemos citar:


 Utilizados principalmente na fase de reconhecimento da área de
interesse;
 Devem sempre estar acompanhados de mapeamentos geológicos e
sondagens mecânicas;
 Método suplementar às informações obtidas através de métodos diretos
de investigação;
 O sucesso na interpretação dos dados depende, fundamentalmente, de
informações geológicas preexistentes e da experiência do profissional
que irá interpretar os dados coletados.

Métodos Geoelétricos (Métodos elétricos e eletromagnéticos)


Envolve a detecção, na superfície do terreno, dos efeitos produzidos pelo
fluxo de corrente elétrica em subsuperfície, provocada pelo contraste entre
as várias propriedades elétricas das rochas, sedimentos e minerais.
Estes métodos são apropriados principalmente para:
 Determinação da posição e geometria do topo rochoso;
 Caracterização das camadas sedimentares;
 Identificação de zonas de falhas, zonas alteradas e/ou fraturadas,
contatos litológicos, cavidades e diques;
 Localização de corpos condutores (sulfetos maciços, grafita, águas
termais, etc.) e corpos resistentes (carvão, depósitos de sais);
 Identificação do nível de água (N.A.).

(25)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

Métodos Geoelétricos

Fonte Artificial de Energia Interpretação dos Resultados

Unidade Transmissora Unidade Receptora

Fonte Natural de Energia

SUBSOLO

Exemplos de métodos geoelétricos: eletroresistividade, potencial


espontâneo, condutividade (VLF – Very Low Frequency).

Valores de Resistividade Elétrica de Alguns Minerais e Rochas


MINERAL OU ROCHAS RESISTIVIDADE
(variação ou valor médio em ohm.m)
Bauxita 200 – 6.000
Água superficial 10 – 100
Água do mar 0,2
-4 -3
Grafita 10 – 5 x 10
-3
Granito pórfiro (saturado) 4,5 x 10
7
Diabásio 20 – 5 x 10
7
Basalto 10 – 1,3 x 10
4
Xisto 20 – 10
6
Gnaisse (seco) 3 x 10
8
Quartzito 10 – 2 x 10
3
Argila consolidada 20 – 2 x 10
Argila inconsolidada (úmida) 20
8
Arenitos 1 – 6,4 x 10
7
Calcários 50 - 10
Fonte: Telfor et al (1990)

Métodos Sísmicos
(26)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

Estuda a distribuição em profundidade do parâmetro velocidade de


propagação das ondas acústicas.

Valores de Velocidades de Propagação de Ondas Longitudinais (Ondas P)


VELOCIDADE PROVÁVEL TIPO DE MATERIAL
(m/s)
200 – 400 Solos e depósitos superficiais de sedimentos não consolidados

400 – 1.400 Argilas e areias não consolidadas

1.400 – 1.800 Areias saturadas, argilas compactas e rochas bastante alteradas

1.800 – 2.400 Sedimentos consolidados, rochas ígneas ou metamórficas altamente


fraturadas e/ou alteradas, arenito e folhelhos
2.400 – 3.700 Folhelhos, arenitos, rochas ígneas e metamórficas alteradas e/ou
fraturadas
3.700 – 4.500 Rochas ígneas e metamórficas fracamente alteradas e/ou fraturadas

4.500 – 6.000 Rochas ígneas e metamórficas sãs, não fraturadas

Possibilita dessa forma investigar as características do subsolo relacionadas


a densidade, constantes elásticas, porosidade, composição
mineralógica e química, conteúdo de água e tensão confinante.
Os principais métodos sísmicos utilizados na Geologia de Engenharia são:
refração, reflexão, ecobatimetria, etc.

Refração: consiste na medição do tempo de propagação das ondas


acústicas que viajam através do meio subjacente e refratam ao longo das
interfaces com meios de maior velocidade de propagação, retornando à
superfície onde são captadas por geofones. São necessárias áreas planas
(declividade < 25%) e camadas com valores crescentes de velocidade de
propagação de ondas sísmicas em profundidade.

Reflexão: mede os contrastes de impedância acústica (densidade x


velocidade de propagação de ondas acústicas num meio). Quanto maior for
este contraste maior será a energia de retorno do sinal.
A aquisição de dados é semelhante ao método de refração, onde os
geofones são posicionados na superfície ao longo do perfil em estudo.

(27)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

Ecobatimetria: consiste na emissão de sinais acústicos de alta freqüência


(dezenas de milhares de hertz), por meio de transdutores apontados
verticalmente para a superfície do fundo. Possui como objetivo principal a
determinação da espessura da coluna d’água (nível de assoreamento de
barragens, rios e reservatórios).

Métodos Potenciais

Magnetometria: detecta anomalias no campo magnético terrestre,


conseqüência da magnetização diferenciada em subsuperfície. Possui
grande aplicação na prospecção mineral, na localização de antigos dutos
soterrados, e na investigação de corpos de rochas básicas intrusivas em
rochas sedimentares.
Gravimetria: determina a atração gravitacional num ponto da superfície
terrestre, empregando gravímetros, objetivando determinar contrastes de
densidade em profundidade. Este tem sido empregado em estudos regionais,
notadamente, na determinação de contatos entre o cristalino e bacias
sedimentares. É utilizado também na detecção de túneis abandonados e
cavernas, principalmente em regiões calcárias.

(28)
______________________________________________________FACULDADE “PIO DÉCIMO”
Curso: Engenharia Civil - Disciplina: Geologia de Engenharia

Bibliografia e Leitura Complementar

 ERNST, W. G. Minerais e Rochas. 1 Ed. São Paulo, Blücher, 1971.


162p.

 IYOMASA, Wilson S. Manual de Sondagens. 4. Ed. São Paulo,


Associação Brasileira de Geologia de Engenharia, 1999. 73 p.

 LAMBE, T.W & WHITMAN, R.V. Mecánica de Suelos. 5 Reimpresión.


México, Limusa, 1987. 582p.

 LEET, L.Don; JUDSON, Sheldon. Fundamentos de Geología Física. 1.


Ed. (2. Reimpresión). México, Limusa, 1975. 450p.

 LEINZ, Viktor; AMARAL, S.E. do. Geologia Geral.13. Ed. Rev. São
Paulo, Nacional, 1998. 399 p.

 LEINZ, Viktor; AMARAL, S.E. do. Geologia Geral.13. Ed. Rev. São
Paulo, Nacional, 1998. 399 p.

 LIMA, Maria José C.P.A. de. Prospecção Geotécnica do Subsolo. 1.


Ed. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1979. 104 p.

 OLIVEIRA, A.M.S. & BRITO, S.N.A. Geologia de Engenharia. São Paulo.


ABGE, 1998. 587p.
 OLIVEIRA, A.M.S. & BRITO, S.N.A. Geologia de Engenharia. São Paulo.
ABGE, 1998. 587p.
 OLIVEIRA, A.M.S. & BRITO, S.N.A. Geologia de Engenharia. São Paulo.
ABGE, 1998. 587p.
 PETTIJOHN, F.J. Rocas Sedimentarias. Trad. 2. Ed. Eudeba. Buenos
Aires, 1963. 731p.
 SIAL, A.N. & McREATH, I. Petrologia Ígnea – Os Fundamentos e as
Ferramentas de Estudo. Volume1. 1.Ed. Salvador, SBG/CNPq/Bureau,
1984.180p.
 VIEIRA, L. S. Manual da Ciência do Solo. 2 Ed. São Paulo, Ceres, 1988.
464p.

 WINKLER, H. Petrogênese das Rochas Metamórficas. Tradução da


4.Ed. São Paulo, Blücher, 1977. 254p.

(29)

Você também pode gostar