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VII Conferencia Brasileira sobre Estabilidade de Encostas

COBRAE 2017 - 2 a 4 Novembro


Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
© ABMS, 2017

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO FORMATO DO MURO DE


FLEXÃO NA ESTABILIDADE DE TALUDES
Sabiana Gilsane Muhlen dos Santos
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, Brasil, E-mail:
sabianavonmuhlen@gmail.com

Daniele Fronza
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, Brasil, E-mail:
daniele.182@hotmail.com

Leonardo Limana
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, Brasil, E-mail:
leonardo-limana@hotmail.com

Camila Welter
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, Brasil, E-mail:
camilaw.welter@gmail.com

Pedro Mattos
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, Brasil, E-mail:
pedrohzmattos@outlook.com

Alenara Freiberger
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, Brasil, E-mail:
alenarafreiberger2@gmail.com

Augusto Strieder
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, Brasil, E-mail:
augustrieder@outlook.com

Pauline Amaral
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, Brasil, E-mail:
paulineamaral@hotmail.com

Ana Cláudia Larsson


Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, Brasil, E-mail:
anaclaudia.larsson@gmail.com

Bóris Casanova Sokolovicz


Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, Brasil, E-mail:
boriscs@san.uri.br

COBRAE 2017, Florianópolis/SC, Brasil.


RESUMO: A estabilização de taludes e contenções em geral tem sido um tema muito debatido e
estudado devido à grande ocorrência de desastres ocasionados pelo movimento de terras. Esses
desastres são devidos principalmente as ocupações irregulares de encostas, bem como o
desmatamento. Os problemas com taludes ocorrem com todos os tipos de solos, porém são mais
preocupantes quando trata-se de solos especiais, como os solos colapsáveis, solos expansíveis e
argilas dispersivas. Dentre os métodos de estabilização de taludes, os muros de arrimo têm se
mostrado um grande aliado, sendo estes elementos indispensáveis de uma grande variedade de obras
e projetos de engenharia, como pontes, rodovias, ferrovias, prédios em geral, usinas, barragens.
Justifica-se o presente trabalho pelas patologias em taludes, gerando prejuízos e promovendo riscos
à saúde humana, onde a busca de técnicas de estabilidade de taludes adequadas ao tipo de solo e
esforços atuantes são fundamentais para o correto dimensionamento. O presente trabalho propõe a
análise do dimensionamento de contenções de taludes de 3, 5 e 7 metros, através dos muros de flexão.
Serão propostos o dimensionamento por todos os tipos de muro de flexão disponível no software
Eberick AltoQi V10. Será adotado o solo da região noroeste do Rio Grande do Sul, onde foram
necessários os seguintes ensaios: resistência ao cisalhamento (ângulo de atrito e coesão), limites de
liquidez e plasticidade, CBR, compactação normal e peso específico. Os resultados da caracterização
mostraram que o solo é preponderantemente argiloso, com teores de argila de 35%, silte de 27% e
areia de 29%. O limite de liquidez foi de 57% e o de plasticidade foi de 34%. O CBR foi de 7% e a
expansão foi de 5,85%. O peso específico aparente seco foi de 14,4 KN/m³ e a umidade ótima foi d
e 26,4%. Serão determinados os esforços atuantes (compressão e tração), a influência da variação do
lençol freático, a aplicação de cargas no terrapleno, a inclinação do talude, bem como os
deslocamentos no topo e base do muro. Será verificada a taxa de armadura dos muros, bem como
qual o mais viável para o problema proposto. Dessa maneira, verificou-se o comportamento de todos
os tipos de muros de arrimo disponíveis no módulo muros de arrimo, do software Eberick AltoQi
V10, em um âmbito global, utilizando o solo do noroeste do estado do Rio Grande do Sul.

PALAVRAS-CHAVE: Muros de arrimo; Dimensionamento; Estabilidade;

1 INTRODUÇÃO Segundo Gerscovich (2012), um muro pode


ser compreendido como uma estrutura para
Hoje, sabe-se que o Brasil vive uma época de contenção que apresenta paredes verticais
crescimento na economia. Dessa maneira, várias apoiadas em fundações (profundas ou rasas). Os
áreas estão em constante desenvolvimento, muros de arrimo podem ser construídos de
dentre elas estão a saúde, educação, habitação e diversos materiais, no entanto, os que mais se
transportes. Paralelo á isto, é importante realizar destacam são muros de concreto armado e
a análise do local e do solo onde serão alvenaria.
desenvolvidas estas atividades. Assim, se faz Os muros de contenção são estruturas muito
necessário o conhecimento das caracteristicas do importantes para obras como: pontes, barragens,
solo que estará abaixo da estrutura. prédios e usinas.
Um fator muito importante que deve ser O escorregamento de encostas é algo natural
verificado na análise dos solos é a estabilidade da terra, porém, nestes ultimos anos vem
de taludes, devido ás consequencias graves que ocorrendo de uma maneira alarmante devido ao
pode causar se não for executado corretamente. crescimento urbano, se ocupando das áreas de
A finalidade de analisar a estabilidade de risco, principalmente pela população mais pobre.
taludes é verificar um possível escorregamento Assim, a estrutura do muro deve ser ter um
da massa do solo, que é mais frequente em zonas dimensionamento correto, visto que quando se
litorâneas onde não há vegetação. O realiza corte em taludes ou regularização de
escorregamento de solo também pode ocorrer leitos, é necessária uma boa estabilização,
devido á não haver um instrumento de contenção utilizando-se de técnicas de reforços no solo.
neste local, geralmente um muro de arrimo. A finalidade deste trabalho é analisar o
dimensionamento de contenções de taludes de 3,

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5 e 7 metros, através dos muros de flexão. Será
utilizado o sotfware Eberick AltoQI V10. Mais
especificamente, avaliaremos as propriedades de
cada formato e altura do muro, analisando a
eficiência de cada um, mostrando suas
vantagens. Também deseja-se analisar a
interação do solo com a estrutura do muro.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Taludes Figura 2 – Talude artificial


Fonte: www.ebanataw.com.br/talude/diferencas.htm
Pode-se definir talude como uma superfície
exposta que tem um angulo com a horizontal. Os 2.1.2 Fatores formadores de encostas (taludes
taludes são divididos em 2 categorias: artificial e naturais)
natural. Os taludes naturais podem ser chamados
de encostas. São caracterizados por análises Os taludes naturais são constituídos por um
geotécnicas e constituído há milhões de anos e manto de intemperismo em uma superfície de
são vistos em montanhas. A figura 01 apresenta uma rocha. Os fatores naturais podem agir
o talude natural. separadamente ou em conjunto na formação de
uma encosta, sendo isto uma característica
determinante na estrutura das mesmas. Temos de
classificar em dois grupos de fatores, dentre eles:
Ambientais e Geológicos.

2.1.2.1 Geológicos

Tipo e característica da rocha, estrutura e formas


do relevo (geomorfologia). São fatores
responsáveis pela composição química,
Figura 1 – Talude natural
orzanigação e formação do relevo.
Fonte: www.ebanataw.com.br/talude/diferencas.htm
2.1.2.2 Ambientais
Também existem os taludes artificiais, que
podem ser chamados de declividades de aterros Topografia, clima e vegetação. Não podem ser
e são construídos pelo homem. Essas ações do avaliados separadamente dos fatores geológicos.
homem mudam as paisagens, a vegetação, Tem como agente predominante, a erosão.
topografia e também o clima regional. A figura
02 apresenta o talude artificial. 2.2 Muros de arrimo

Quando se realiza o dimensionamento


deestruturas de arrimo, são realizadas quatro
verificações: tombamento, deslizamento,
tensões na base e ruptura geral.
Conforme Moliterno (1982), o estado de
forças que são utilizadas para a verificação de
tombamento é um equilíbrio de momento, onde
o fator de segurança é a ração entre os momentos
atuantes e momentos resistentes, sendo que o
fator mínimo deve ser de 1,50.

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Para o caso da verificação ao deslizamento, 3.3 Limite de Liquidez (LL) – NBR 6459/1984
deve ser realizado a razão entre as forças
resistentes e as forças atuantes, sendo que esse O Limite de liquidez foi obtido através das
valor deve ser de no mínimo 1,50. orientações da NBR 6459 / 1984 – Solo –
Para a verificação das tensões na base deve- Determinação do Limite de Liquidez, ensaio
se verificar qual a tensão máxima, sendo que a realizado em laboratório utilizando o aparelho
mesma não pode ultrapassar a tensão admíssivel. calibrado de Casagrande.
Em relação a superfície de ruptura, deve
verificar a tensão de cisalhamento, sendo a 3.4 Limite de Plasticidade (LP) – NBR
resistência ao cisalhamento deve ser superior a 7180/1984
tensão de cisalhamento.
Já para o deslocamento no topo do muro, o O Limite de plasticidade foi obtido através das
mesmo não pode ser superior a sua altura/150. orientações da NBR 7180 / 1984.

3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.5 Muros de flexão propostos

O objetivo do trabalho foi verificar os Foram propostos quatro tipos de muro de flexão,
coeficientes de segurança dos muros propostos. com alturas de 3, 5 e 7 metros, totalizando 12
muros.
3.1 Peso Específico – NBR 6508/1984 Foram adotados os mesmos parâmetros de
solo para todas as situações, justamente para
Com o objetivo de determinar o peso especifico critério de comparação.
de uma amostra de solo, seguindo os critérios Todos os ensaios foram realizados no
padronizados pela norma técnica NBR Laboratório de Ensaios Tecnológicos de Ensaio
6508/1984 – Grãos de Solos que passam na da Construção Civil da Universidade Regional
peneira de 4,8mm - Determinação da Massa Integrada do Alto Uruguai e das Missões.
Específica, sendo o mesmo em amostra
deformada.

Figura 3 – Ensaio de peso específico real dos grãos

3.2 Cisalhamento Direto – NBR 6502 / 1995

Este ensaio foi realizado basicamente para a


determinação da resistência ao corte de um copo
de prova de solo. Tendo o ensaio como objetivo,
a obtenção dos valores de ângulo de atrito
interno do solo e do intercepto coesivo, através Figura 4 – Muros propostos para o dimensionamento
da interpretação de uma envoltória linear.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Ensaios Laboratoriais

Os ensaios foram realizados no laboratório do


curso de Engenharia Civil da Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e das
Missões (URI) - Campus Santo Ângelo. Os
resultados são apresentados nas tabelas 1, 2 e 3.

Tabela 1 – Índice obtido através do ensaio de massa


especifica real
Resultados Unidade
Massa Especifica Real 14,4 KN/m³

Tabela 2 – Cisalhamento direto


Resultados Unidade
Coesão 21 KN/m²
Ângulo de atrito 42 Graus

Tabela 3 – Limites de Atterberg


Resultados Unidade
Limite de Liquidez 57,00 %
Limite de plasticidade 34,00 % Figura 5 – Muros de três metros

As figuras 6, 7, 8 e 9 apresentam as tensões


Foi realizado o ensaio com o penetrômetro de
e deslocamento do muro para a altura de 3
anel dinanométrico para verificar a tensão
metros.
admissível do solo, que foi de 2,20 Kg/cm².
A caracterização do solo apresentou que o solo é
preponderantemente argiloso, com teores de
argila de 35%, silte de 27% e areia de 29%.

4.2 Dimensionamento do muro de 3 metros

A figura 5 apresenta os resultados para o muro


de 3 metros.

Figura 6 – Situação do muro 01 – 3 metros

Figura 7 – Situação do muro 02 – 3 metros

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Figura 8 – Situação do muro 03 – 3 metros

Figura 9 – Situação do muro 04 – 3 metros

A tabela 4 apresenta a base, dente e os fatores


de segurança para os muros de altura 3 metros.

Tabela 4 - Base, dente e os fatores de segurança para os Figura 10 – Muros de cinco metros
muros de altura 3 metros
Muro Base Dente FS FS Desloc.
(H: (cm) (cm) tomb desliz. (cm)
As figuras 11, 12, 13 e 14 apresentam as
3m) . tensões e deslocamento do muro para a altura de
01 195 20x50 2,31 7,60 2,10 5 metros.
02 195 não 2,39 7,17 2,10
03 195 não 2,60 7,17 2,10
04 195 20x50 2,50 7,60 2,10

4.3 Dimensionamento do muro de 5 metros

A figura 10 apresenta os resultados para o muro


de 5 metros.

Figura 11 – Situação do muro 05 – 5 metros

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de 7 metros.

Figura 12 – Situação do muro 06 – 5 metros

Figura 13 – Situação do muro 07 – 5 metros


Figura 15 – Muros de sete metros

As figuras 16, 17, 18 e 19 apresentam as


tensões e deslocamento do muro para a altura de
7 metros.

Figura 14 – Situação do muro 08 – 5 metros

A tabela 5 apresenta a base, dente e os fatores


de segurança para os muros de altura 5 metros.
Figura 16 – Situação do muro 09 – 7 metros
Tabela 5 - Base, dente e os fatores de segurança para os
muros de altura 5 metros
Muro Base Dente FS FS Desloc.
(H: (cm) (cm) tomb. desliz. (cm)
5m)
05 310 30x50 2,18 4,06 2,23
06 305 não 2,15 3,87 2,27
07 304 não 2,29 3,86 2,28
08 304 30x50 2,30 4,00 2,28

4.4 Dimensionamento do muro de 7 metros

A figura 15 apresenta os resultados para o muro Figura 17 – Situação do muro 10 – 7 metros

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de armadura.
Em relação aos muros de 5 metros, o
comportamento também foi similar para todos os
murosa propostos. Observou-se que fatores de
segurança de deslizamento ficaram muito
próximos de 4,00. Verificou-se que os muros
com dente apresentaram maiores falores de
segurança em relação ao deslizamento. Para a
altura de 5 metros, o muro que apresentou-se
mais viável foi o muro 06, sem “dente”, no
Figura 18 – Situação do muro 11 – 7 metros
formato T invertido, visto que apresentou o
menor volume de concreto e a menor densidade
de armadura.
Já para os muros de 7 metros, os fatores de
segurança de deslizamento ficaram muito
próximos de 3,00. Para a altura de 7 metros, o
muro que apresentou-se mais viável foi o muro
10, sem “dente”, no formato T invertido, visto
que apresentou o menor volume de concreto e a
menor densidade de armadura.
Todos os muros apresentaram deslocamento
Figura 19 – Situação do muro 12 – 7 metros
no topo inferior a H/150.
A tabela 6 apresenta a base, dente e os fatores
de segurança para os muros de altura 7 metros. REFERÊNCIAS

Tabela 6 - Base, dente e os fatores de segurança para os ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


muros de altura 7 metros TÉCNICAS. NBR 6459: determinação do limite de
Muro Base Dente FS FS Desloc. liquidez. 1984.
(H: (cm) (cm) tomb. desliz. (cm) ______. NBR 6508: massa específica dos grãos. 1984
5m) ______. NBR 7180: limite de plasticidade. 1984.
09 430 50x50 2,28 3,00 4,71 ______. NBR 7181: análise granulométrica. 1984.
10 430 não 2,25 2,93 4,71 ______. NBR 7182: ensaio de compactação. 2016.
11 643 não 2,99 3,76 3,73 ______. NBR 11682: Eestabilidade de taludes. 2008.
12 638 50x50 3,00 3,80 3,76 DAS, B. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. 7 ed.
São Paulo: Cengage Learning, 2011.
GERSCOVICH, D. Estabilidade de Taludes. São Paulo:
5 CONCLUSÕES Oficina de textos, 2012.
GUIFICINI, G. NIEBLE, C. Estabilidade de taludes
Após a análise do trabalho, verificou-se que naturais e de escavação. 2 ed. São Paulo: Blucher,
todos os muros propostos foram satisfatórios. 1983.
Em relação aos muros de 3 metros, o MASSAD, F. Obras de Terra: curso básico de Geotecnia.
2 ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2010.
comportamento foi similar para todos os murosa MOLITERNO, A. Caderno de muro de arrimo. Blucher,
propostos. Os fatores de segurança foram muito 1982.
próximos, sendo todos superiores ao mínimo de www.ebanataw.com.br/talude/diferencas.htm
1,50. Observou-se que para 3 metros, os fatores
de segurança de deslizamento são muito
elevados, na faixa de 7,00. Verificou-se que os
muros com dente apresentaram maiores falores
de segurança em relação ao deslizamento. Para a
altura de 3 metros, o muro que apresentou-se
mais viável foi o muro 02, sem “dente”, no
formato T invertido, visto que apresentou o
menor volume de concreto e a menor densidade

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