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Alexei Knyazev

Clã: Malkaviano
Mentor: Rose Sinclair (Rose, a Cartola)
Natureza: Arquiteto
Comportamento: Filantropo
Geração: 10ª
Nascimento: 1953 – Kiev, Ucrânia
Abraço: 1980 – Nova Iorque
Idade Aparente: 27

Nasci como qualquer ser humano. E morri cedo. Apesar de estar vivo. É um paradoxo.
Só mais um.

Nasci no ano de 1953 em Kiev, Ucrânia, onde morei durante grande parte da
minha vida. Passei os primeiros anos da minha vida normalmente com a minha família,
mas logo no começo de meus estudos percebi que não era normal. Não conseguia
interagir bem com as outras crianças, e ficava a maior parte do tempo isolado.
Conversava mais com os empregados da escola do que com os outros alunos, e não
entendia porque as outras crianças não me acolhiam, estando sempre contra mim.
Finalmente consegui fazer um amigo, com quem passava a maior parte do tempo na
escola. Só ele me entendia.

Minha infância e juventude passaram dessa forma. Mantinha sempre


relações com apenas um colega, enquanto os outros me desprezavam. Entretanto,
sempre fui muito bem com relação as notas. Me destacava em todas as matérias, o que
ajudava a atrair a antipatia dos meus colegas. Sofria bulling com frequência, e muitas
vezes era agredido fisicamente. Na época não entendia o que fazia com que os outros
alunos se opusessem a mim. Na adolescência, enquanto os outros alunos estavam indo
para festas e enchendo a cara com bebidas, eu permanecia em casa, estudando e lendo
livros.

Terminei o ensino primário com sucesso e sai de Kiev, indo para a


universidade de Yale, em New Haven, Connecticut, no curso de Computação e
Tecnologia da Informação, indo contra as opiniões dos meus pais, que esperavam que
eu prestasse engenharia. Na universidade minha situação mudou, os alunos eram muito
mais respeitosos, e consegui até mesmo fazer amizade com alguns deles. Entretanto,
continuava não saindo para festas. Durante a graduação me especializei em segurança
da informação e linguagens de programação. Me formei com as melhores notas da
turma, e saí da universidade com a esperança de conseguir um bom emprego, mas isso
não aconteceu. Mesmo com minhas notas excelentes não ia bem nos processos
seletivos. Então resolvi me tornar investigador, como forma de pagar as contas e juntar
algum dinheiro.

Me mudei para Nova Iorque e trabalhei por alguns anos como investigador,
tendo certo sucesso no trabalho, mas pequeno com os meus colegas. Como investigador
solucionei alguns crimes, e obtive o um bom índice de aproveitamento. Entretanto,
insatisfeito com o salário, larguei esse emprego e decidi abrir minha própria empresa de
tecnologia.
Meu principal trabalho era fornecer protocolos de segurança para órgãos do
governo e empresas privadas e nas horas vagas, utilizando as habilidades adquiridas nos
anos como investigador, espionar maridos infiéis, algo que não exigia muito de mim,
mas os pagamentos eram recompensadores. Até que um dia recebi um caso diferente,
que me chamou atenção.

Estava sentado no meu escritório quando o interfone tocou. Atendi, e se


tratava de um cliente em potencial, em busca pelo investigador Alexei. Mandei que ele
subisse, e ele logo bateu na porta. Convidei-o para entrar e sentar em uma das cadeiras.
Minha sala simetricamente arrumada, em tons de branco e preto, uma estante repleta de
livros e manuais, duas luminárias de teto com ajuste de luminosidade, uma escrivaninha
com alguns documentos, um arquivo onde mantinha as informações sobre casos
resolvidos, janelas estreitas, com vista para os outros arranha-céus, e algumas plantas,
que minha secretária havia insistido para que deixasse a vista, para alegrar o ambiente.

O cliente era um homem com aproximadamente cinquenta anos, careca,


moderadamente gordo e de altura um pouco acima da média. Vestia roupas simples e
cheirava a cigarro. Convidei-o a sentar e explicar o que o tinha trazido.

— É meu filho, ele desapareceu.

Peguei um bloco de notas para fazer anotações.

— Qual é seu nome?

— Me chamo John.

— E como ele se chama?

— Jason Browning.

— Ele morava com o senhor?

— Não, ele morava sozinho em um apartamento.

— Você já avisou a polícia?

— Avisei, mas eles não fizeram nada. Nem foram ao apartamento dele.

— Isso é bom, então quer dizer que seu apartamento nem foi mexido?

— Não, eu mexi em algumas coisas.

— Você tem a chave do apartamento dele?

— Tenho.

— Você pode me entregar?

— Sim. – E me entregou a chave.


— Quando ele despareceu?

— Faz uma semana hoje.

— Você entrou em contato com seus amigos?

— Sim, fui à casa de alguns deles. Também liguei para alguns contatos de
sua agenda, mas não obtive nenhuma informação.

— Então ele deixou a agenda em casa?

— Deixou.

— Você tem alguma foto dele?

— Tenho aqui na minha carteira.

— Qual era sua profissão?

— Ele era professor de matemática em uma universidade.

— Me passe o endereço dele e de seu trabalho.

Já sabia tudo o que precisava para começar a investigação, então me despedi


do homem e sai do prédio. O céu estava limpo, e o sol aquecia a rua a ponto de não ser
necessário utilizar um casaco. Na época não imaginava, mas era uma das últimas vezes
em que veria o sol.

Fui até o apartamento de Jason, que ficava num bairro residencial de classe
média, composto principalmente por casas e alguns poucos prédios. Falei com o
porteiro, e expliquei que tinha sido mandado pelo pai de Jason para investigar seu
desaparecimento, e que estava com a chave do apartamento. Ele pareceu hesitante, mas
me deixou entrar. Ao entrar notei que haviam câmeras no prédio, que me ajudariam
muito.

O apartamento de Jason era muito bem adequado para um homem solteiro.


Tinha uma mesa de quatro lugares, um sofá de dois lugares, uma televisão sobre um
móvel, cozinha equipada com eletrodomésticos, uma pequena máquina de lavar. Havia
dois quartos, em um dos quais havia uma cama de casal, e no outro uma pequena
escrivaninha com um computador e uma estante com livros. Não havia nada que
chamasse atenção aparentemente, até que olhando bem, notei uma mancha hematoide
no sofá. Revirei as lixeiras da casa, e em uma delas encontrei algo inusitado – bolsas de
sangue, daquelas utilizadas para doações, vazias. Difícil imaginar como tais objetos
poderiam ter vindo parar na casa de um professor de matemática e mais ainda para onde
tinha ido o sangue contido nas bolsas. Estaria Jason envolvido em algum tipo de culto
satânico? Mais tarde iria perguntar sobre a religião dele para seu pai. Mexi no
computador de Jason, mas também não encontrei nada de interessante relacionado com
seu desparecimento. Olhei até seus e-mails, que indicavam que ele não tinha acessado a
conta recentemente por outro computador e que ele não tinha nenhuma intenção de sair
de férias em breve. Pelo jeito ele era um homem muito ocupado. Encontrei no lixo do
quarto, próximo ao computador, inúmeras folhas com contas e gráficos, mas não tentei
extrair algum sentido delas.

Não havia mais nada de relevante no quarto, então fui falar com o porteiro.

— Para onde vão as filmagens dessas câmeras de segurança?

— Vão para um DVR que fica lá dentro.

— Posso ter acesso a elas?

— Não, isso só com autorização do síndico.

— Veja bem, só estou investigando para descobrir onde foi parar Jason, a
mando de seu pai. Não tem porque você me impedir de ver as gravações.

— Mas isso não é comigo. Só falando com o síndico.

— Tudo bem, onde posso falar com ele?

— Ele mora aqui. Pode deixar que eu interfono para ele.

Logo chegou na entrada do prédio um homem velho, com uns sessenta anos,
vestindo calças de moletom e camisa.

— Boa tarde.

— Boa tarde. Você é o síndico?

— Sim, sou eu.

— Então, preciso ver as gravações das câmeras de segurança. Estou


investigando o desaparecimento de Jason, a mando de seu pai.

— Não, para ver as filmagens só a polícia.

— Mas a polícia não está fazendo nada para investigar seu


desaparecimento, a única esperança para encontrá-lo sou eu. Se você se importa com o
destino de Jason, que pode estar correndo risco de vida, você deve me deixar ver as
filmagens.

— Tudo bem, vou mostrar para você. Mas você não deve falar pra ninguém,
tudo bem?

— Tudo bem, muito obrigado.

Acompanhei o síndico até uma sala no andar térreo do prédio, e ele ligou a
tela do DVR. Havia muitas horas de gravações, com pessoas entrando e saindo do
prédio o tempo todo, então foi difícil encontrar Jason em meio a todas as outras pessoas.
Depois de duas horas procurando, finalmente encontrei a gravação da última saída de
Jason. Ele saía do prédio junto com uma mulher vestindo um sobretudo preto e com
uma tatuagem no braço. Jason usava calças jeans e uma camisa branca. Ambos estavam
notavelmente pálidos. Entretanto, pela baixa qualidade da gravação não dava para
reconhecê-los com precisão. Copiei a parte da gravação que interessava e levei num HD
externo. Anotei a hora em que eles tinham saído para falar com o porteiro que tinha
aberto o portão para eles.

Agradeci ao síndico pelo acesso as filmagens, e fui falar com o porteiro.


Perguntei qual porteiro trabalhava no horário em que Jason e sua companheira
misteriosa tinham saído do prédio, e ele me informou que era Robert. Peguei o endereço
de Robert e chamei um táxi. Fui até o endereço do porteiro, que morava numa casinha
em um bairro de classe baixa. Bati palma e alguém que só poderia ser ele atendeu a
porta.

— Oi, você é Robert?

— Sim, por que?

— Eu fiquei sabendo que você estava trabalhando como porteiro no dia que
o Jason desapareceu.

— Não fui eu não.

— Não foi?

— Não.

— Eu tenho uma gravação do momento em que ele saiu do prédio pela


última vez, e é no seu horário.

— Ah tá.

— Foi outro porteiro que estava te cobrindo?

— Não, foi eu mesmo. O que foi?

— Quem a visitante disse que era para você?

— Ela não disse. Ela só pediu para eu abrir o portão e deixar ela passar e
eu deixei.

— Por que?

— Não sei. Não tem explicação.

— Entendo. Você acha que conseguiria fazer um retrato falado dela?

— Sim.
— Então vou falar com uma pessoa que conheço que faz e marcar um
horário com ele. Mais uma pergunta, você viu se a mulher carregava alguma coisa
quando entrou?

— Ela levava um saco de papel, como um saco de pão.

Eu tinha visto o saco de papel no lixo, junto com as bolsas de sangue.

Liguei para um colega dos tempos de investigação e perguntei para ele


quando ele teria tempo livre para fazer um retrato falado e ele disse que naquele dia a
noite estaria livre. Combinamos então de nos encontrarmos na casa de Robert, as sete
horas. Passei o tempo livre no meu escritório, resolvendo problemas da empresa e
esperando por possíveis clientes, mas nenhum apareceu. As sete horas fui até a casa de
Robert e lá encontrei com Hank, o investigador e desenhista. Entramos na casa de
Robert, que era muito simples e sentamos na mesa da cozinha. Lá Hank pegou seu
bloco de desenho e então começou a fazer o retrato falado. Meia hora mais tarde ele
estava pronto. Então peguei o retrato falado, paguei Hank e me despedi dele e de
Robert. Fui até meu escritório, scannei o desenho, imprimi cartazes de procura-se com o
rosto de Jason e da mulher que o tinha acompanhado. Levei os cartazes até a
universidade onde Jason leciona e colei-os nos murais espalhados pelo campus,
principalmente próximo do departamento de matemática.

Alguns dias se passaram, e o único retorno que tive dos cartazes eram de
pessoas que tinham visto Jason antes dele desaparecer. Até que recebi uma ligação, de
uma moça que era secretária do departamento de matemática, e que dizia ter visto a
mulher misteriosa no departamento, antes de Jason sumir. Então quer dizer que eles
mantinham contato antes de Jason desaparecer? Será que ele havia sumido
propositalmente, e não sido sequestrado? Mas e a mancha de sangue no sofá, o que
significaria nesse caso? Estava me fazendo essas perguntas, quando a moça disse algo
que praticamente resolveu o caso – a mulher misteriosa tinha feito um cadastro para
entrar no departamento e tinha deixado um endereço. Seu nome era Rose Sinclair.

Fui imediatamente para o endereço que a moça tinha me passado, que


correspondia a um apartamento de alto nível num bairro residencial com alguns
comércios, principalmente restaurantes. Falei para o porteiro que estava procurando
Rose Sinclair e disse o número do apartamento. Ele disse que ninguém com esse nome
morava lá, mas concordou em ligar para ver. Depois de ligar, ele me disse que a dona do
apartamento tinha atendido e dito que se eu quisesse falar com Rose deveria ir até lá a
noite, próximo das sete horas.

Saí de lá animado por estar próximo de descobrir o destino de Jason. Rose


Sinclair provavelmente sabia para onde ele tinha ido. Só me perguntava se eu estava
correndo perigo, sendo que ela podia ser uma sequestradora, que não ficaria feliz
sabendo que foi descoberta. Por isso, quando voltei lá a noite, levei comigo minha
pistola .380. Mal sabia eu que tal arma teria um efeito irrisório sobre Rose.

As sete horas, pedi que o porteiro tocasse o interfone, e então a dona do


apartamento pediu que eu subisse. Bati na porta do apartamento e uma mulher com uns
vinte e poucos anos, vestida com um terno preto abriu a porta.
— Pode entrar.

Quando entrei na sala tomei um susto – me deparei não apenas com Rose
Sinclair e Jason, mas também com John.

— Ué, o que está acontecendo aqui? – perguntei.

A mulher trancou a porta e pegou a chave.

— Seja bem-vindo, Alexei. – disse Rose Sinclair. – Você deve estar se


perguntando o que John está fazendo aqui.

— Sim.

— A verdade é que toda sua busca por Jason não passou de um teste, para
decidir se você é apto a se tornar um de nós.

— Um de nós? O que isso quer dizer?

— Você logo vai entender. – Rose se aproximou de mim e não esperei que
fosse tarde demais. Saquei minha pistola e atirei nela duas vezes no peito e uma na
cabeça, o chamado Mozambique drill, projeto para neutralizar qualquer ameaça
imediatamente, mas ela continuou se aproximando, com os olhos refletindo uma espécie
de loucura. Me agarrou e me mordeu no pescoço. Assim que ela me mordeu perdi
totalmente a vontade de lutar, aquilo era ao mesmo tempo dolorido e muito prazeroso.
Subitamente tudo ficou escuro, devido à perda de pressão, e desmaiei.

...

Acordei não muito tempo depois deitado no sofá. Sentia uma sede intensa.
Me levantei e olhei em volta. Estavam todos lá, sentados na mesa de jantar.

— O que você fez comigo? – perguntei.

— Ah, vejo que você acordou. Agora posso responder suas perguntas, mas
primeiro acredito que você vai querer um pouco disso. – Ela se levantou e foi até a
geladeira, de onde tirou duas bolsas de sangue. Não entendia porque ela achava que eu
ia querer beber sangue, mas assim que ela se aproximou, perdi o controle de meu corpo
e agarrei as bolsas de sangue que bebi avidamente. Mas aquilo era ainda muito pouco
para mim. Precisava de muito mais. Olhei faminto para John e Rose disse:

— Nem pense nisso. Ele é meu carniçal. Logo te levarei para caçar, mas
por enquanto você vai ter que aguentar com o que te dei.

— Então me responda o que você fez comigo.

— É simples: você foi transformado em um vampiro.

Vampiro? Seria isso possível? Não podia negar que tinha sede de sangue.
Além disso, agora as dúvidas que tinha sobre o caso se esclareceram. A mancha de
sangue no sofá só podia ter sido causada por Rose bebendo o sangue de Jason e as
bolsas de sangue tinham sido usadas como sua primeira alimentação.

— E o desaparecimento de Jason?

— A família de Jason é minha carniçal de longa data, ou seja, eles bebem


meu sangue para não envelhecer e se tornarem mais fortes e me ajudam no que eu
preciso. Escolhi o filho deles para se tornar um membro. E você também. Venho
acompanhando sua vida desde Yale e decidi que agora era hora de te abraçar. Mas
você precisava passar por um último teste. Por isso pedi que John te procurasse para
investigar o desaparecimento de Jason.

— Então você deixou seu endereço com a recepcionista do Departamento


de Matemática de propósito, para que eu pudesse te encontrar?

— Sim.

— Tudo bem, agora chega desses joguinhos. Você vai me levar pra caçar?

— Sim, venha comigo.

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