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Universidade Estadual Paulista - Campus de Guaratinguetá

Departamento de Materiais e Tecnologia

Questões Terceiro Estudo Dirigido PMM/PRM


Nome: n.
Assinale a Turma: ( ) Mecânica ( ) Produção Mecânica ( ) Materiais ( ) turma Especial Materiais

Instruções Iniciais:
1. Estas questões farão parte da avaliação da disciplina valendo 4 pontos. Os laboratórios 2 pontos e finalmente
mais 4 pontos em atividades presenciais compondo 10 pontos no total.
2. As questões foram formuladas na sequência dos slides. A grande maioria dos tópicos podem ser encontrados
no livro “Comportamento Mecânico dos Materiais” Autor: Norman Dowling.
3. As respostas devem ser bem formuladas, com um mínimo de 10 linhas escritas com a fonte Time New Roman
tamanho 12. Podem ser inseridos gráficos, tabelas e figuras se acharem necessário;
4. Respostas baseadas apenas no conteúdo dos slides serão avaliadas com notas baixas. Você deve complementar
os seus estudos em livros, vídeos da disciplina e demais materiais didáticos.
5. Como este trabalho fará parte da avaliação deverá ser realizado individualmente. No caso de questões
com respostas semelhantes e compartilhamento de arquivos o seu trabalho terá a nota zerada.
6. Para o envio, após a resolução gerar um arquivo PDF. O nome do arquivo devera iniciar pela sigla da sua
turma (Mec, Prod, Mat ou Esp) seguido do seu nome completo. Exemplo: Mec Valdir Alves Guimarães ou Esp
João Maria de Aquino.
7. O arquivo deverá ser enviado até a próxima sexta-feira dia 23/10/2020 as 18h para valdir.alves@unesp.br
8. Durante as próximas semanas estarei disponível para solucionar dúvidas de segunda a quinta-feira das 14 as
17h. Podem entrar em contato por WhatsApp na forma de mensagens texto, áudio ou ligações de vídeo: 12
98125 9802. No dia da entrega do trabalho não haverá atendimento.

ANÁLISE DE FALHAS

1. Em quais situações que podemos considerar que um componente mecânico sofreu uma falha?

Um componente mecânico sofre uma falha quando seu comportamento inicial é afetado, não
sendo mais útil para a aplicação. Normalmente, uma falha pode se dar pela fratura em duas
ou mais partes do material devido ao esforço mecânico constante ou um carregamento
cíclico aplicado, junto da presença de trincas que o enfraquece, levando ao rompimento.
Porém uma falha nem sempre levará a fratura do material, pois a falha pode se dar por
deformação, corrosão, desgaste e erosão. Através de todos esses fatores, o material pode ter
alteração na sua geometria, perda de material devido à reações químicas, transporte de suas
partículas sólidas por meio de fluidos, alteração de propriedades devido à exposição à
radiação, entre outros, que acarretam na perda funcional do material que pode por estarem
em condições estruturais críticas, podem acabar causando acidentes fatais. Além dessas
causas que enquadram as condições de operação do material, as falhas podem ocorrer pela
manutenção inadequada realizada no componente, erros de fabricação, como quando uma
chapa apresenta uma micro-trinca logo após a laminação, ou com um tratamento térmico
excessivo ou insuficiente, erros de projeto, condições ambientais, superfície do material,
entre outros.

2. Quais são os cinco tipos de falhas que podem ocorrer em um componente mecânico. Comente cada
uma delas.

Os cinco tipos de falhas consistem em: falha por deformação, falha por fratura, por corrosão,
por desgaste e por erosão.
Materiais que durante a operação sofrem uma sobrecarga, podem ter seu ponto de
escoamento ultrapassado, levando à uma deformação irreversível do material, fazendo com
que suas dimensões sejam alteradas e o mesmo não seja mais ideal para aquele serviço, ou
seja, tem seu comportamento mecânico comprometido, através de uma falha por deformação
de sua geometria.
Devido à fadiga (carregamentos cíclicos ao longo da operação) a qual o material está
submetido, pode haver o rompimento do componente em operação em duas ou mais partes.
Esta é a chamada falha por fratura, na qual a presença de trincas junto de um carregamento
cíclico ou esforço mecânico elevado pode levar o material ao rompimento com a propagação
de trincas, ou ainda fraturar de modo súbito.
Condições ambientais de trabalho também influenciam no comportamento mecânico do
material, pois este quando exposto à um meio com o qual haverá interação química ou
eletoroquímica, pode sofrer uma falha por corrosão, deteriorando o material. A corrosão
pode se processar no material de forma generalizada superficialmente, entre os grãos, como
pontos em pequenas áreas na superfície, ou até mesmo nos grãos da rede cristalina do
material metálico, o qual perde suas propriedades mecânicas podendo fraturar à menor
solicitação mecânica.
A falha por desgaste no material ocorre quando a superfície do mesmo está em contato com
outra superfície sólida, havendo a perda progressiva de material devido ao movimento entre
as superfícies, como quando submetidas ao carregamento cíclico. As interações entre as
superfícies levam a remoção e a deformação do material como resultado da ação mecânica
da superfície oposta. Essa perda de material acarreta a disfuncionalidade do componente
que, nesse caso, está desgastado e sem suas propriedades mecânicas iniciais necessárias para
a operação.
Considerando condições de operação nas quais o componente está em contato com um
fluido, tanto gás como líquido, o material está pode estar sujeito a uma falha por erosão.
Esta causa perda do material através do transporte das partículas sólidas pelo fluido, levando
a um degaste do componente e consequente perda de seu desempenho mecânico.

3. Quais são os aspectos macroscópicos que podem ser observados em uma superfície fraturada de um
material metálico? Faça uma descrição detalhada de cada um deles.

Do ponto de vista macroscópico, podem ser observados em uma superfície fraturada uma
fratura dúctil, uma fratura frágil e uma fratura por fadiga.
Em uma fratura dúctil, as características superficiais consistem em uma deformação plástica
intensa do material com uma estricção do corpo de prova que precede a fratura.
Normalmente, o processo de fratura ocorre em vários estágios, onde primeiro ocorre o
aparecimento de microvazios na seção transversal do material, após o empescoçamento.
Depois, esses microvazios têm seu tamanho aumentado e coalescem para formar uma trinca.
Essa, continua a crescer até causar a fratura do material quando ocorre a rápida propagação
da trinca ao redor do perímetro externo do pescoço. Visto que o processo de fratura é
constituído de etapas, a fratura dúctil é característica de materiais tenazes, pois uma grande
quantidade de energia é consumida até provocar o rompimento, deixando no material um
aspecto rugoso e fosco com grande deformação plástica.
A fratura frágil produz no material uma superfície de fratura relativamente plana e com
aspecto brilhante, sem quaisquer sinais de deformação plástica generalizada. Esse tipo de
fratura ocorre através da rápida propagação de uma trinca, sendo a direção do movimento da
trinca, aproximadamente, perpendicular à direção da tensão de tração aplicada. Para a
maioria dos materiais cristalinos frágeis, a propagação da trinca corresponde a uma ruptura
sucessiva e repetida de ligações atômicas, que exigem baixa energia para romper, ao longo
de planos cristalográficos específico, sendo esse tipo de fratura chamada de transgranular,
pois as trincas passam através dos grãos. Já em outros materiais, a propagação de trincas
pode ocorrer ao longo dos contornos de grãos, chamada fratura intergranular.
Quando na operação do componente há uma variação na amplitude do carregamento, onde
depois de determinado número de ciclos de carregamento, haverá a propagação da trinca e
sua instabilidade, levando a uma falha por fadiga. No processo de falha por fadiga há três
etapas distintas:
• iniciação da trinca (estágio I);
• propagação da trinca (estágio II); e
• falha final (estágio III).

Figura 1 – Estágios de falha por fadiga.

Na etapa de iniciação da trinca, uma pequena trinca se forma em determinado ponto com
alta concentração de tensões, onde as discordâncias estão atingindo a superfície livre do
metal. Na etapa II, a trinca avança em incrementos com cada ciclo de tensão, sendo esta
estável, pois o material ainda resiste ao esforço mecânico. E na etapa III, ocorre a fratura do
material de forma rápida uma vez que a trinca que está avançando de forma instável tenha
atingido um tamanho crítico. Os sítios de nucleação das trincas quase sempre se iniciam em
algum ponto de concentração de tensões e incluem riscos superficiais, ângulos vivos, rasgos
de chaveta, fios de roscas, mossas, degraus de escorregamento de discordâncias, entre
outros. A superfície de fratura que se forma durante a propagação da trinca, pode conter três
tipos diferentes de marcas: as de praia, de catraca e estrias, sendo essa última uma ampliação
microscópica das marcas de praia.
4. Entre estas falhas, qual delas tem maior potencial para colocar em risco a vida das pessoas?
Explique.

A falha que possui o maior potencial para colocar em risco a vida de pessoas consiste na
falha por fratura frágil, pois esta ocorre repentinamente, sem evidências de deformação
plástica causando acidentes catastróficos. Isso acontece devido a propagação da trinca
ocorrer de forma rápida e espontânea, sem necessidade de fornecer grandes quantidades de
energia para que as ligações se rompam. Se houvesse a presença de uma deformação
plástica, como para as fraturas dúcteis, seria possível tomar medidas preventivas para evitar
futuros acidentes, visto que, a deformação plástica do material dá um alerta de que a fratura
está prestes a ocorrer. Além disso, mais energia de deformação é necessária para induzir
uma fratura dúctil, uma vez que os materiais dúcteis em geral são capazes de absorver mais
energia, ou seja, são mais tenazes.

5. Quais são os aspectos microscópicos que podem ser observados em uma superfície fraturada de um
material metálico? Faça uma descrição detalhada de cada um deles.

Do ponto de vista microscópico a fratura pode ser alveolar (dimples), clivagem, quase
clivagem e intergranular.
O micromecanismo de fratura alveolar está associado à deformação plástica do ponto de
vista microscópico e possui três etapas distintas: nucleação, crescimento e coalescimento de
vazios formando as microcavidades que são os alvéolos ou dimples sobre a superfície de
fratura. Quando grandes deformações por cisalhamento acontecem no material, mas a região
ao redor de uma partícula não se deforma, tensões residuais começam a ser exercidas e,
quando estas atingem valores grandes o suficientes, os microvazios vão aparecer na frente
da trinca, como resultado da quebra de partículas ou da decoesão da interface. Esses
microvazios irão crescer com a deformação do material e coalescer por um mecanismo
interno de estricção formando os alvéolos, sendo um processo que envolve, do ponto de
vista microscópico, uma deformação plástica intensa.
A fratura por clivagem ocorre quando a deformação plástica é restringida no material e
desenvolve-se por separação direta ao longo dos planos cristalográficos específicos, através
de rupturas e de ligações atômicas. Consiste em uma fratura transgranular, na qual a trinca
propaga-se pelo interior de cada grão, dividindo-os em sua região central, sendo os planos
de clivagem preferenciais, aqueles com a mais baixa densidade de empacotamento, onde
poucas ligações são rompidas e o espaçamento entre planos é relativamente grande. Está
associada à uma baixa de energia de fratura, ocorrendo de forma inesperada sem dar
evidências de falha. Em geral, o degrau de clivagem será paralelo a direção de propagação
da trinca e perpendicular ao plano que contém a trinca, tendo então a minimização de
energia para a formação do degrau. A clivagem irá ocorrer em metais de dureza
relativamente elevada, frequentemente em metais com estruturas CCC ou hexagonal, porém
em baixas temperaturas alguns metais podem fraturar por clivagem.
O micromecanismo de quase clivagem ocorre normalmente quando o material está na região
de transição, do ensaio de impacto, onde altera seu comportamento de fratura e consiste em
um misto de alvéolos e facetas planas da clivagem. São encontrados em aço temperados e
revenidos, nos quais as facetas planas são nucleadas em partículas de carbonetos, levando a
ocorrência dos alvéolos nos planos da fratura por clivagem.
A fratura intergranular ocorre quando o contorno de grão do material é frágil, favorecendo a
propagação da trinca pelos contornos, sendo uma fratura de baixa energia. Esse trincamento
pode ser causado pela precipitação de uma fase frágil nos contornos de grãos, por corrosão
intergranular, por altas temperaturas, exposição a radiação, que enfraquecem os contornos
de grão, pois, normalmente, os contornos são resistentes e energéticos, onde ocorre uma
série de precipitação de carbonetos que vão aumentar a resistência mecânica do contorno.

6. Qual é o tipo de falha com maior ocorrência em materiais metálicos? Explique por que este
mecanismo é responsável pela maioria das ocorrências.

O tipo de falha com maior ocorrência em materiais metálicos consiste na falha por fadiga.
Este mecanismo ocasiona a maioria das falhas em serviço devido aos ciclos de carregamento
e descarregamento que são aplicados, que induzem falhas no material mesmo quando este
trabalha no regime elástico. Depois de um determinado tempo de serviço, ocorre a
nucleação de microtrincas no material que, com o carregamento cíclico e sob elevadas
tensões de tração, irão se propagar de forma estável, pois o material ainda resiste ao esforço
mesmo com a trinca presente. Após um número suficiente de flutuações ou ciclos a
propagação dessa trinca se torna instável, levando a fratura do material. Ou seja, durante o
tempo de operação, as variações de tensões e deformações em um ou mais pontos do
material, alteram progressivamente sua estrutura culminando trincas que irão fragiliza-lo e
leva-lo a fratura.
7. Quais são as marcas que podem ser observadas em uma superfície fraturada por fadiga? Descreva
detalhadamente como são formadas cada uma destas marcas.

A superfície do material após a falha por fadiga pode formar três tipos de marcas: as de
praias, de catraca e estrias. As marcas de praia mostram o caminho que a trinca percorreu
sendo caracterizado por nervuras concêntricas de formato circular ou semicircular que se
expandem para longe do sítio de nucleação da trinca, como na figura 2, e são encontradas
em componentes que sofreram paradas durante o estágio de propagação da trinca, sendo
cada faixa de marca de praia correspondente a um período de tempo ao longo do qual a
trinca se propagou. No final da propagação, as marcas de praia se distanciam, pois o material
já está com uma seção transversal menor e a velocidade da propagação da trinca aumenta.
Já a estrias de fadiga possuem dimensões microscópicas e representam a distância de avanço
de uma frente de trinca durante um único ciclo de aplicação de carga, mas nem todo ciclo
produz uma estria, podendo estas serem confundidas com morfologias lamelares. A
distância entre duas estrias está relacionada com a velocidade de propagação da trinca e
varia com o carregamento. Com o aumento da carga trativa que está sendo aplicada ao
material, ocorre a formação de entalhes duplos na porta da trinca, devido a indução da
tensão de cisalhamento na direção de 45°. Quando chega na máxima tensão, ocorre o
fechamento completa da trinca, gerando as estrias. Essa teoria é aceitável, mas
provavelmente é mais complexa, pois há necessidade da presença de oxigênio para a
formação das estrias, pois estes auxiliam o mecanismo de formação.

Figura 2 – Superfície de fratura de um eixo Figura 3 – Fractografia eletrônica de


rotativo com marcas de praia. transmissão mostrando estrias de fadiga no Al.
Há ainda a possibilidade de formar marcas de catraca na superfície do material quando há a
propagação de mais de uma trinca que vão para o centro do componente formando vales e
ressaltos ao longo da superfície, como na figura 4. Ou seja, nesse caso de marca de fratura
por fadiga, há vários sítios de nucleação que se encontram adjacentes uns aos outros, com
cada um originando a própria trinca de fadiga, e se os sítios de nucleação estão
aproximadamente no mesmo plano, as trincas de fadiga que estão crescendo, começarão a se
sobrepor às trincas de outro sítio. Quando há essa sobreposição, o metal na área sobreposta
irá se fraturar ao longo da pequena distância entre as duas trincas, criando um ângulo reto,
perpendicular à superfície.

Figura 4 – Superfície de fratura de um eixo rotativo


com marcas de catraca.

8. Quais as informações que são possíveis de serem obtidas em uma superfície fraturada por fadiga?

Através de uma superfície fraturada por fadiga é possível obter informações como o nível de
tensão aplicada, se elevada ou baixa, o tipo de esforço, se de tração-tração, tração-
compressão, flexão unidirecional, alternada ou rotativa e torção. Além disso, é possível
observar qual o tipo de fratura, se dúctil ou frágil. Por exemplo, se o material apresentar em
sua superfície uma pequena região de propagação da trinca e uma grande região de fratura
final, a tensão nominal aplicada foi elevada. Agora, se a propagação da trinca ocupou uma
região maior e a região de fratura é menor, a tensão aplicada foi baixa. E quando a superfície
apresenta a formação de uma única trinca, pode-se concluir que o esforço aplicado ou foi de
tração ou de flexão unidirecional. Já em uma flexão alternada a superfície apresentará uma
formação e propagação simultânea de duas trincas, ou uma trinca única ou várias trincas
indo até o centro do componente, no caso de uma flexão rotativa.
Outro exemplo, seria no caso de marcas de praia, da figura 5, deixadas pela propagação da
trinca pelo material. Como houve uma longa propagação da trinca, podemos retirar a
informação de que o material resistiu um certo tempo, estava bem posicionado e com um
baixo carregamento, sendo isso notado pela área pequena de fratura onde houve uma grande
deformação plástica, ou seja, ocorreu uma fratura dúctil. É também possível observar que,
onde ocorreu a propagação da trinca, há um aspecto liso e brilhante.

Figura 5 - Superfície de fratura de um eixo


rotativo com marcas de praia.

ENSAIO DE IMPACTO

9. Explique a importância de se realizar o ensaio de impacto em um material metálico.

O ensaio de impacto, nada mais representa do que a medida de tenacidade do material. Com
essa medida, é possível obter a energia envolvida em uma fratura de materiais sujeitos a
cargas de impacto, podendo então ser possível dimensionar o componente de modo que este
absorva o máximo de energia através de deformações elásticas para evitar que o material
venha a falhar. As condições dos ensaios de impacto são escolhidas para representar as
condições mais severas em relação ao potencial para uma fratura ocorrer como: deformação
a uma temperatura relativamente baixa, taxa de deformação elevada e estado de tensão
triaxial. Assim, são obtidas as características de fratura dos materiais sob altas taxas de
carregamento para medir a energia de impacto, nos dando uma informação do
comportamento dos materiais em determinadas situações, sendo possível evitar futuras
falhas.
10. Explique o princípio de funcionamento de uma máquina de impacto do tipo Charpy.

O ensaio Charpy utiliza de um corpo de prova com formato de uma barra de seção
transversal quadrada, na qual é usinado um entalhe em forma de V em um equipamento
como ilustrado na figura 6.

Figura 6 – Equipamento utilizado para ensaios de impacto.

O pêndulo, ou martelo, é liberado a partir de uma altura fixa Hq e atinge o corpo de prova
localizado na base do equipamento. A ponta do pêndulo choca-se com o corpo de prova
fraturando-o na região do entalhe, que atua como concentrador de tensões. Após o impacto,
o martelo continua a se movimentar até se elevar a uma altura máxima hr menor que Hq. A
energia consumida na fratura é refletida na diferença entre as alturas Hq e hr, ou seja, a
energia absorvida medida durante o impacto baseia-se na energia potencial e cinética do
martelo, dada por:

11. Quais são as informações que são obtidas com a realização de um ensaio de impacto?

Após o dispositivo de ensaio aplicar uma carga sobre o corpo de prova, em uma taxa
especificada, as informações obtidas consistem nos valores para a carga e deslocamento da
trinca, e na energia de absorvida durante a fratura do material, ou seja, obtém-se uma
medida da tenacidade do material. Essa energia pode ser absorvida de diversas formas como
por deformações elásticas, deformações plásticas, atritos externos e inércia de partes, e
representa a energia necessária para a ruptura de um dado corpo de prova. Todos os dados
obtidos estão sujeito a análises para garantir que atendam aos critérios estabelecidos, antes
que os valores para a tenacidade à fratura sejam considerados aceitáveis. As energias de
impacto são de interesse principalmente para fazer comparações, são considerados ensaios
mais qualitativos, e de pouca utilidade para fins de projeto.

12. Quais as alterações que se verificam com a variação do teor de carbono em aços ensaiados por
impacto?

As alterações que podem ser verificadas com a variação de carbono nos aços ensaiados por
impacto estão diretamente relacionadas com a quantidade de energia absorvida e com a
temperatura de transição do material, na qual ocorre uma variação brusca na energia de
ruptura do ensaio de impacto, ou seja, o material está alterando seu comportamento.
Materiais com baixa concentração de carbono apresentam uma temperatura de transição
muito bem definida pelo ensaio de impacto, com uma curva que apresenta uma região de
patamar com grande absorção de energia e uma região de patamar inferior, com pequena
absorção, como visto na figura 7.
Energia de Impacto (J)

Temperatura (°C)
Figura 7 – Curvas de ensaio de impacto em função da temperatura
para aços com diferentes concentrações de carbono.

Com o aumento do teor de carbono, que consiste no principal elemento endurecedor de


ferro, o material tem seu comportamento alterado. Para aços com concentração de carbono
de 0,31 e 0,43, a temperatura de transição está próxima da temperatura ambiente, o que
provoca um risco para o material, inviabilizando-o para operar em temperatura ambiente.
Ainda, os patamares de maior absorção de energia não são observados para maiores teores
de carbono, pois quanto maior a concentração de carbono, mais dura é uma liga ferrosa,
devido a ligação Fe-C se tratar de uma ligação covalente que não absorve quase nenhuma
energia ao impacto. Por outro lado, os aços com menor concentração de carbono, são mais
dúcteis, apresentando maior quantidade de fase ferrítica que absorve mais impacto.

13. Como a composição química dos aços pode influenciar nos resultados do ensaio de impacto?

Dependendo do elemento de liga presente na composição dos aços, este pode possuir grande
influência na temperatura de transição do material, aumentando ou diminuindo a mesma. A
diminuição da temperatura de transição não é interessante, pois a estrutura do material é
fragilizada e colocada em risco, tornando-o inutilizável. O carbono, por exemplo, é um
elemento importante para os aços, que aumenta a temperatura de transição dos mesmos,
assim como o molibdênio, fósforo e silício. Entretanto, o manganês é um elemento de liga
que diminui a temperatura de transição, pois, quando em teores acima de 1%, abaixa a
temperatura de transição para a zona de fratura frágil, do mesmo modo que o elemento de
liga níquel.
No aço do casco do Titanic, por exemplo, constatou-se teores elevados de P e S que,
associados ao baixo teor de Mn, são responsáveis pela maior tendência ao comportamento
frágil em baixas temperaturas, como a água do oceano.

Tabela 1 - Composição do aço do Titanic e de aço ASTM A36


C Mn P S Si Cu O N MnS:Ratio
Titanic* 0,21 0,47 0,045 0,069 0,017 0,024 0,013 0,0035 6,8:1
ASTM A36 0,20 0,55 0,012 0,037 0,007 0,01 0,079 0,0032 14,9:1
*
amostra extraída da placa do casco

14. Quais são os tipos de corpos de prova que podem ser utilizados em um ensaio de impacto?

Os corpos de prova utilizados em um ensaio de impacto consistem em barras retangulares


com seção transversal quadrada e apresentam um entalhe em sua região central, que atua
como um concentrador de tensões, sendo classificados em corpos de prova Charpy e Izod.
Os corpos de prova Charpy são divididos em A, B e C, com comprimento de 55 mm e seção
transversal quadrada de 10 mm, sendo a geometria do entalhe a diferença entre eles. O tipo
A possui um entalhe em V, com abertura de 45° que deve ser muito bem controlada para
que os dados não dispersem. O entalhe do tipo B consiste em um buraco de fechadura e o
entalhe do tipo C possui a forma de U, como visto na figura 8.

Figura 8 – Corpos de prova do ensaio Charpy.

Já o corpo de prova Izod possui um comprimento de 75 mm, mas com a mesma seção
transversal de 10 mm, e com um entalhe em forma de V, com uma abertura de 45°, a uma
distância de 28 mm de uma das extremidades, como visto na figura 9.

Figura 9 – Corpo de prova Izod.

15. Em que situações cada um destes corpos de prova é utilizado?

Os corpos de prova com entalhes mais agudos como os entalhes em V dos corpos Izod e
Charpy tipo A, são utilizados para mostrar a diferença de energias absorvidas nos ensaios de
metais mais dúcteis, pois propiciam fraturas frágeis, ou quando se usam menores
velocidades no teste. E, dentre os corpos de prova do teste Charpy, o tipo A se mostra mais
interessante, pois possui maior sensibilidade para detectar diferenças microestruturais e
possui pequena influência de variações dimensionais. Além disso, o corpo de prova do teste
Charpy pode ser utilizado na medição de diferenças de comportamento dos materiais de
baixa resistência ao impacto, ou ainda, na comparação da influência de elementos de liga e
tratamentos térmicos, analisando o comportamento do entalhe. Para ensaios de materiais
frágeis, como o ferro fundido e de metais fundidos sob pressão, os corpos de provam
geralmente não necessitam de entalhe.

16. Qual a diferença entre o ensaio de impacto do tipo Charpy e Izod?

No ensaio de impacto Charpy e Izod, o corpo de prova fica posicionado na base do


equipamento e um pêndulo é liberado, atingindo o corpo na região do entalhe e causando a
fratura no ponto de concentração de tensões. A diferença que existe entre os ensaios de
impacto tipo Charpy e Izod consiste na forma como o corpo de prova é montado e sua
fixação, na horizontal ou na vertical, com engaste ou sem. No ensaio tipo Charpy o corpo de
prova é apoiado em dois batentes, permanecendo na horizontal, como visto na figura 10,
enquanto no ensaio Izod o corpo de prova é montado na vertical com uma de suas
extremidades engastada à máquina, como visto na figura 11 abaixo. Ainda, no ensaio
Charpy, o golpe do pêndulo é desferido na faze oposta ao entalhe, já no ensaio Izod o golpe
é desferido no mesmo lado do entalhe.

Figura 10 – Fixação do corpo Figura 11 – Fixação do corpo


de prova do ensaio Charpy. de prova do ensaio Izod.

17. É possível a utilização de corpos de prova com dimensões reduzidas para fazer o ensaio de impacto?

A utilização de corpos de prova com dimensões reduzidas para o teste de impacto é prevista
pela ASTM para materiais cujas dimensões não permitem a confecção de corpos de provas
normais. Sendo assim, é possível retirar corpos de prova reduzidos, a partir do método E 23
da ASTM, que possuem as seguintes dimensões: seção de 2,5 mm por 10 mm e com entalhe
de profundidade de 2 mm; seção de 5 mm por 10 mm e entalhe de profundidade 2 mm;
seção de 7,5 mm por 10 mm com entalhe de profundidade 2 mm; o corpo de prova mais
comum com seção de 10 mm por 10 mm e também entalhe de profundidade 2 mm; seção de
5 mm por 5 mm e entalhe com profundidade de 1 mm; seção de 5 mm por 10 mm e entalhe
de profundidade 1 mm; e, por fim, seção de 5 mm por 20 mm com entalhe de profundidade
1 mm.

18. É possível dimensionar uma estrutura de um projeto mecânico utilizando apenas o ensaio de
impacto?

Como os ensaios de impacto são mais qualitativos, possuem pouca utilidade para fins de
projeto. As energias de impacto são de interesse pincipalmente em uma avaliação relativa e
para fazer comparações, sendo os valores absolutos de pouco significado. Isso porque as
dimensões do corpo de prova, a forma e o tamanho do entalhe usado determinam um dado
estado de tensões que não se distribuem de modo uniforme por todo o corpo de prova no
ensaio. Então, a energia medida é um valor relativo e serve apenas para comparar resultados
obtidos nas mesmas condições de ensaio. Ainda, recomenda-se fazer o ensaio pelo menos
em três corpos de prova para garantir resultados confiáveis, pois os resultados obtidos
podem chegar a ser bastante diversos mesmo com todo o controle para a realização do
ensaio.

MECÂNICA DA FRATURA

19. Qual a diferença entre a abordagem da teoria da elasticidade e da mecânica da fratura no projeto e
dimensionamento de componentes estruturais?

Um projeto mecânico que aborda a teoria da elasticidade deve levar em consideração


algumas hipóteses da teoria como: continuidade no corpo (não há vazios ou cavidades de
qualquer espécie), o corpo é homogêneo (possui propriedades iguais em todos os pontos) e
suas propriedades não variam com a direção ou orientação, ou seja, é considerado
isotrópico. Porém, ao considerar todas essas hipóteses para dimensionar componentes
estruturais, não estamos levando em conta que defeitos são inevitáveis nas estruturas, por
mais controlada que seja a fabricação dos componentes, os defeitos aparecem de formas
variadas, os quais mesmo possuindo dimensões muito pequenas, pode levar a falhas
catastróficas. Já a mecânica da fratura trata do comportamento à fratura de componentes
contendo defeitos ou trincas sob condições semelhantes às encontradas na prática, indicando
que alguns defeitos pequenos podem ser tolerados, sem que ocorra uma falha, a partir da
determinação do tamanho desses defeitos. Assim, a mecânica da fratura irá permitir a
quantificação das relações entre as propriedades dos materiais, o nível de tensão, a presença
de defeitos geradores de trincas e os mecanismos de propagação de trincas, equipando
melhor os engenheiros de projeto para antecipar e prevenir falhas estruturais.

20. Qual é o efeito no campo de tensões quando temos a ocorrência de descontinuidades como furos e
elipses em uma placa submetida a uma determinada tensão?

Quando furos, entalhes e trincas em geometria elíptica estão presentes em uma placa
submetida a um esforço, há uma concentração de tensões nas vizinhanças dessas
descontinuidades, provocando um aumento localizado da tensão. Esses defeitos provocam
uma amplificação na tensão aplicada, concentrando-a em sua extremidade, onde a
magnitude dessa amplificação depende da orientação e da geometria da trinca.

Figura 12 – (a) A geometria de trincas superficiais e internas. (b) Perfil de tensões


esquemático ao longo da linha X-X’ em (a).

Como visto na figura 12 (b), a magnitude da tensão localizada aumenta com a distância ao
se aproximar da extremidade da trinca, chegando a uma tensão máxima, σmáx. A tensão no
material consiste na tensão nominal, σ0, em posições mais distantes da extremidade do
defeito. A tensão nominal e a tensão máxima podem ser relacionadas através de um fator de
concentração kt (tabelado), como na equação 2 abaixo:
Se for considerado que uma trinca é semelhante a um defeito elíptico que atravessa uma
placa e está orientado perpendicularmente à direção da tensão aplicada, a tensão máxima,
σmáx, ocorre na extremidade da trinca e kt é determinado por:

E dependendo do valor de kt a trinca pode causar uma concentração de tensão muito intensa,
colocando a estrutura em risco.

21. Como é possível determinar as tensões admissíveis em uma placa trincada submetida a uma
determinada tensão?

As tensões admissíveis de uma operação, podem ser determinadas através do fator de


intensidade de tensões, KI, do material, dado por:

onde F, é um parâmetro ou função adimensional que depende tanto do tamanho quanto da


geometria da trinca e da amostra, assim como do modo de aplicação da carga; a é o tamanho
da trinca em metros; e σ a tensão nominal aplicada. Em amostras relativamente finas, o valor
de KI dependerá da espessura da amostra, mas quando a espessura da amostra for muito
maior que as dimensões da trinca, o valor de KI torna-se independente da espessura, estando
na condição de deformação plana, nesse caso, KI é expressado como KIC que seria o fator
crítico para o material associado à fratura.
Assim, o KI do material pode ser calculado e comparado com o valor de KIC do mesmo, pois
este é uma propriedade do material e está tabelado na literatura, indicando um fator limite de
trabalho, que está relacionado com as tensões nominais a serem aplicadas. O que se
recomenda é trabalhar com valores próximos a KIC, sempre com uma margem de segurança,
pois ao atingir KIC, o material fratura.

22. Quais são as normas e corpos de provas utilizados para a obtenção experimental do valor de KIC?

As principais normas para a obtenção experimental do valor de KIC são: ASTM E 399 –
“Plane-strain fracture toughness of metallic materials” (Resistência à fratura por
deformação plana de materiais metálicos) e BS 7448: PART 1 – “Fracture mechanics
toughness tests” (Testes de resistência mecânica de fratura). Os corpos de prova utilizados
consistem no SE(B) que é solicitado por flexão em três pontos e no corpo de prova C(T) que
é solicitado por tração. Variações podem ocorrer entre os corpos de prova quando tratamos
da orientação na qual os corpos de prova são retirados da estrutura. Dependendo de como a
microestrutura está bandeada, podemos ter corpos do tipo T-L, L-T, S-L, S-T, L-S e T-S.
Por exemplo, no corpo L-T a trinca cresce perpendicularmente a direção da laminação,
promovendo uma maior resistência mecânico ao material. Já no corpo T-L a trinca
acompanha a direção da laminação, resultando em uma menor resistência mecânica.

23. Quais os cuidados que se deve ter na obtenção de uma pré-trinca por fadiga para a realização de um
ensaio de KIC?

Para a obtenção de uma pré-trinca por fadiga na preparação dos corpos de prova para a
realização do ensaio KIC, a norma ASTM E399 recomenda que o valor máximo do fator de
intensificação de tensão não deve ultrapassar 80% do valor estimado para o K IC do material
durante o período inicial de propagação da trinca. A máxima carga de fadiga seve ser
reduzida quando a trinca atinge 97,5% do seu comprimento final, sendo que o valor final de
Kmáx não deve exceder 60% do valor estimado para o KIC. Ou seja, o carregamento da pré-
trinca não deve ser muito elevado para que a região plastificada não seja grande e altere as
características do material, como provocando o aumento de sua resistência. Para isso, um
ensaio com esforço de tração-tração, por exemplo, para a obtenção da pré-trinca, a razão
entre carga máxima e carga mínima deve ser maior ou igual a -1 e menor que 0,1, como
definido abaixo:

onde, Pmin e Pmax são as cargas mínima e máxima de fadiga, respectivamente e K(f)min e
K(f)max são os fatores de intensidade de tensão mínimo e máximo, respectivamente.

24. Quais são os três tipos característicos de curvas que podem ser obtidas em um ensaio de KIC?
Descreva para cada uma delas o critério utilizado para determinação da carga PQ que será utilizada
no cálculo do valor de KIC.

Os resultados de um ensaio KIC consistem em dois registros simultâneos: da carga aplicada e


da medida do extensômetro, que mede a abertura da boca da trinca. Esses dois dados
obtidos, ao serem registrados em forma de gráficos, podem gerar três tipos de curvas: tipo I,
tipo II e tipo III, como visto na figura 13.

Figura 13 – Tipos de curva em um ensaio KIC.

No tipo III, a curva possui caráter linear elástico, onde o material possui elevada resistência
mecânica e baixa condição de plasticidade à frente da trinca. A carga PQ para os cálculos é
determinada como a carga máxima (Pmáx) do ensaio onde ocorre uma fratura repentina do
material.
Na curva tipo II, ocorre uma pequena instabilidade no ensaio, pois a trinca começa a entrar
em estado de fratura, mas encontra uma região de maior tenacidade na estrutura. O material
então se recupera e a curva retorna ao seu crescimento até atingir carga de fratura final. A
carga PQ para os cálculos, nesse caso, é retirada da carga referente ao primeiro pico formado
na região de instabilidade, pois esta região já é considerada final de ensaio por questão de
segurança.
E na curva tipo I, o material possui um pouco mais de deformação, pois a curva apresenta
uma certa inclinação o que representa um pequeno crescimento estável da trinca antes da
fratura do material. Para os cálculos, usa-se uma linha auxiliar que quando intercepta a curva
de ensaio, define PQ.
25. Para um corpo de prova padrão do tipo C(T) com largura W = 50,8 mm quais seriam os valores
mínimos e máximos admissíveis para a pré-trinca por fadiga?

Os valores mínimos e máximos admissíveis para a pré-trinca por fadiga deverá estar entre
0,45 e 0,55 da largura (W) do corpo de prova que, neste caso, corresponde a 50,8 mm. Dessa
forma, o valor mínimo admissível para o corpo de prova seria de:
0,45 x 0,58 = 22,86 mm
E o valor máximo admissível para o corpo de prova para a pré-trinca por fadiga seria de:
0,55 x 50,8 = 27,94 mm

26. Em quais situações os conceitos e equações da mecânica da fratura são considerados válidos?

Os conceitos e as equações da mecânica da fratura são considerados válidas quando


garantimos que a placa está em uma condição de deformação plana, ou ainda, em uma
condição de tensão plana, onde é possível aplicar os conceitos da mecânica da fratura linear
elástica. Dependendo da espessura da placa, as tensões e deformações as quais o material
está submetido irão se alterar. Em uma placa grossa, a tensão aplicada atua nas três direções
do material (x, y, z) formando um estado triaxial de tensões, já em termos de deformação,
como a placa é grossa, não há facilidade de aproximação das superfícies, pois a tensão da
direção z irá impedir das superfícies de se aproximarem, ou seja, só existirá deformação nas
direções x e y do material, caracterizando o estado de deformação plana. Quando a placa
possui uma espessura mais fina, haverá um estado triaxial de deformação no material com a
tensão atuando apenas em dois sentidos, x e y, sendo este, o estado de tensão plana. Nesse
caso, quando o material é alongado, há uma tendência das superfícies se aproximarem, pois
não há nenhum esforço que impeça essa aproximação (σz = 0). E para garantir que a placa
está no estado de deformação plana ou de tensão plana, temos que realizar os seguintes
testes:

onde, b corresponde a espessura da placa, a ao tamanho da trinca, (w-a) o ligamento não


trincado, h a altura e σe a tensão de escoamento. Se as condições da inequação 6 forem
satisfeitas, então o material se encontra no estado de deformação plana, onde ao determinar
o valor de KI, este pode ser igualado a KIC. Se alguns requisitos da condição de deformação
plana falharem, o material pode se encontrar na condição de tensão plana, que possui os
requisitos da inequação 7, ainda sendo válido fazer a análise do componente mesmo que não
seja em deformação plana.

27. Por que o valor de KIC de um material quando válido é considerado o valor de menor tenacidade do
material?

Porque utilizamos o valor de KIC para o material quando este se encontra da condição de
deformação plana e, nesta condição, a espessura da placa é mais elevada o que faz com que
a tenacidade do material diminua, com a região plastificada na frente da trinca sendo
pequena. Na verdade, temos o valor de KIC quando o valor de KC se torna constante na
região de deformação plana. No estado de tensão plana, KC vai diminuindo com o aumento
da espessura do material, porque quando a espessura da placa é pequena, a região
plastificante na frente da trinca é grande, o que aumenta a tenacidade do material. Então no
caso de tensão plana, os valores de KC são variados, sendo válidos para uma espessura exata.
Com isso, sabemos que quando estamos em uma região de tensão plana o KC obtido, na
verdade, será maior que o valor tabelado de KIC do material, sendo este constante e de
menor tenacidade.

28. Descreva pelo menos três fatores metalúrgicos que podem ser utilizados para melhorar a tenacidade
a fratura dos aços.

A tenacidade à fratura dos aços pode ser melhorada através da temperatura quando esta é
aumentada, pois a temperatura restringe a tenacidade do material, ou seja, há uma redução
da tenacidade quando a temperatura é diminuída. Com o ensaio KIC em função da
temperatura é possível identificar as regiões de maior e menor tenacidade do material e, com
isso, sua temperatura de transição, para identificar a temperatura de trabalho do material,
diferentemente do Charpy onde a temperatura de transição não é muito bem definida, porém
é custoso levantar as curvas do ensaio KIC.
A composição também pode influenciar na tenacidade do material, pois elementos de liga
são capazes de obter uma alta tenacidade para o material à temperatura ambiente.
Melhorar os níveis de pureza também aumenta a tenacidade. Quanto menor o teor de
elementos indesejáveis que reduzem a tenacidade do material, como o enxofre e o fósforo
nos aços, melhores serão as combinações de resistência mecânica e tenacidade da fratura,
sendo possível eliminar esses elementos através da dessulfurização e da desfosforização ,
respectivamente.

EXERCÍCIOS MECÂNICA DA FRATURA

29. Um ensaio de Tenacidade a fratura foi conduzido em um aço Maraging 18 Ni um limite de


escoamento de 1310 MPa. A placa com uma trinca lateral única tem dimensões w= 50,8mm; b=
12,95mm; a=25,4 mm e h grande. Neste componente a fratura ocorreu com uma força PQ= 77,4 KN.
a) Calcule o valor de KQ correspondente a força PQ.
b) Verifique se o valor de KQ calculado pode ser considerado como válido de KIC.

c) Estime o tamanho da zona plástica na fratura.


30. Uma de liga alumínio 7475 T651 com tensão de escoamento de 535MPa foi ensaiado utilizando-se
uma placa com duas trincas laterais com dimensões w=15,9mm; b= 6,35mm; a=5,7 mm e h grande.
Neste componente a fratura ocorreu com força PQ= 58,2 KN.

a) Calcule o valor de KQ correspondente a força PQ


b) Verifique se a placa está na condição de deformação plana no momento da fratura ou se a MFLE
pode ser aplicada.

c) Analise o significado do valor de KQ calculado.


Exercício 31 na próxima página.
31. Um teste de tenacidade a fratura foi conduzido em aço 300M que possui um limite de escoamento de
1070 MPa. Os corpos de prova do tipo C(T) utilizados tinham dimensões w = 50,8 mm, b= 12,95 mm e
a= 25,4 mm de acordo com a figura em anexo. A falha ocorreu de forma repentina quando a carga P Q =
Pmax = 18,5 KN foi atingida, com uma curva assemelhando-se ao tipo III da figura abaixo.

a) Calcule KQ no momento da fratura


b) Verifique se o valor se qualifica como um valor válido de KIC

c) Estime o tamanho da zona plástica na fratura

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