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DE DROGAS - 11.343/2006
RESUMO
É de conhecimento geral que o tráfico e uso indiscriminado de substâncias ilícitas é
danoso à sociedade brasileira. Com isso, o presente trabalho vem com o intuito de
analisar a atual Lei Antidrogas (n° 11.343/2006) e a possível (in)constitucionalidade
do Artigo 28 da referida lei. Diante do Recurso Extraordinário (RE) 635.659, que se
refere ao uso e porte de substâncias ilegais e traz diversas citações que questionam
princípios penais e a própria Constituição Federal de 1988 - fundamentos os quais o
Relator do RE - Gilmar Mendes - apresenta a problematização do erro jurídico no
artigo 28. E a Sentença da Juíza Rosália Guimarães Sarmento, da 2ª Vara
Especializada em Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecentes de Manaus - AM, que
em âmbito de Direito Difuso de constitucionalidade, declara a inconstitucionalidade do
referido artigo, afirmando que a legislação da atual lei supracitada, é falha.
ABSTRACT
It is general knowledge that the traffic and use of illicit substances is harmful to
brazillian society. That said, this present paper’s purpose is to make an analysis of the
current Anti-drugs Law (No. 11.343/2006) and the possible (un)constitutionality of
Article 28 of the said law. In the Face of Extraordinary Appeal (EA) 635.659, that
referred to the use and possession of illicit substances and brings multiple quotes that
questions penal principles and the Federal Constitution (1998) - fundamentals that the
rapporteur of the EA - Gilmar Mendes - presents the problematic of a legal error in
Article 28. Within the framework of diffuse control of constitutionality, in criminal
decision handed down by Judge Rosália Guimarães Sarmento, of the 2nd Court
Specialized in Crimes of Use and Trafficking of Narcotics of Manaus - AM, it was
declared the unconstitutionality of the said article, stating that the legislation of the
current law cited above is flawed.
1
Rede de Ensino Doctum – Unidade Carangola – lucasverte@gmail.com – graduando em Direito.
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1. Introdução
2
Aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
3
3
População carcerária triplica em 20 anos; déficit de vagas chega a 312 mil
4
solucionado.
A legalização da Cannabis é um dos fatores que é situado no Recurso
Extraordinário em discussão, pois como já mencionado, a planta ou qualquer outra
substância, afeta o indivíduo que dela faz o uso, e não à terceiros, sendo este o ponto
chave da questão. O qual é discutido a legalização de todas, ou quase todas, as
substâncias ilícitas (extremamente liberal) ou apenas a Cannabis, que em seu uso,
costuma aparentar menos danos ao indivíduo e que de fato, ajudaria muito a
economia do Brasil.
O trabalho abrange também, como consequência da atual forma de repreensão
estatal, o sistema prisional brasileiro, o qual é muito afetado com a atual lei antidrogas
nº 11.343/2006. Que por sua vez, não é a quantidade e substância que determina tal
ato, mas sim, também a conduta social e pessoal do agente, ficando a base do
delegado decidir qual o delito ou crime a ser conduzido – distinguindo se o cidadão é
usuário ou traficante. Resultado este com um grande aumento de apenados em todo
o país, pois pela espera de seu julgamento e até que se comprove que tal indivíduo
era apenas usuário e não fazia o uso de tráfico, em prisão preventiva, totaliza em um
sistema defasado e em déficit de vagas.
Esta análise busca compreender a tentativa equivocada do Estado de proibir,
e não prevenir o uso de substâncias ilegais. Dando ênfase na inconstitucionalidade
do artigo 28 da respectiva lei 11.343/2006 que se trata do usuário, o qual é
drasticamente prejudicado pela exploração Estatal referente sua vida privada, sem
situar a normal demora processual. Como aconteceu em Manaus - AM, na 2º Vara
Especializada em Crimes de Uso e tráfico de Entorpecentes, emanada em sede de
controle difuso de constitucionalidade, deferida pela Juíza Rosália Guimarães
Sarmento. O qual é evidente a confusão do legislador ao colocar o artigo 28 em prática
- sendo que, as pretensões da Lei de drogas são: Prevenção e repreensão. Tendo
ocorrido, neste caso específico, apenas a repreensão.
Diante disso, cabe a análise para um melhor entendimento e uma hipótese de
solução diante do problema supracitado.
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4
- Estudo do Ministério da Justiça sobre perfil dos detentos mostrou que delito de entorpecentes
supera crimes como roubos e furtos.
6
5
VALOIS, Luís Carlos. O Direito Penal da Guerra às Drogas. 3. ed. Brasil: D'Plácido , 2020. p. 568-
568.
6
Idem, p.515
7
7
LENZA, Pedro. Esquematizado OAB. 7. ed. Brasil; Saraiva Jur. 2020. p. 510.
8
Idem p.510
9
Idem p.512
8
É óbvio que não se pode achar que substância alguma não poderia afetar a
sociedade como um todo, como o aumento da periculosidade nas ruas, associações
criminosas, homicídios, e sem dúvida, o tráfico e os próprios dependentes químicos.
10
506 - Tipicidade do porte de droga para consumo pessoal.
9
Sem esquecer, a lesão à saúde pública que o traficante emite na sociedade pela sua
ilegalidade, a distribuição de entorpecentes infelizmente é um comércio, se há venda,
há comprador.
11
VALOIS, Luís Carlos. O Direito Penal da Guerra às Drogas. 2. ed. Brasil: D'Plácido, 2017. p. 566-
566.
12
LEI Nº 9.782, DE 26 DE JANEIRO DE 1999. Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências.
13
É uma denominação popular para uma área no centro da cidade de São Paulo, nas imediações
das Avenidas Duque de Caxias, Ipiranga, Rio Branco, Cásper Líbero, Rua Mauá, Estação Júlio
Prestes, Alameda Dino Bueno e da Praça Princesa Isabel, onde historicamente se desenvolveu
intenso tráfico de drogas e meretrício
10
Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, dentre
outros: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
14
VALOIS, Luis Carlos. O Direito Penal da Guerra às Drogas. 2. ed. Brasil: D'Plácida, 2017. p. 206-
208.
15
O relatório da Comissão instituída por La Guarda, publicado em 1945, pode ser acessado em
<http://www.druglibrary.org/schaffer/library/studies/lag/lagmenu.htm> . Acesso em 15/10/20.
16
WIKIPEDIA. Harry J. Anslinger. Disponível em:
https://en.wikipedia.org/wiki/Harry_J._Anslinger#:~:text=He%20was%20a%20supporter
%20of,the%20United%20Nations%20Narcotics%20Commission. Acesso em: 1 nov. 2020.
17
Ibidem. p. 209
12
18
KUSHNER, Howard I. Historical perspectives of addiction, 2011. p. 84.
19
Ibidem. p. 38
13
20
Maconha como tratamento medicinal: Conheça o papel da maconha como remédio contra
algumas doenças - Por Redação Saúde é Vital - Atualizado em 28 Feb 2019
21
Aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
22
EXAME. Quanto tempo a Justiça do Brasil leva para julgar um processo?. Disponível em:
https://exame.com/brasil/quanto-tempo-a-justica-do-brasil-leva-para-julgar-um-processo/. Acesso em:
25 ago. 2020.
14
[…] o direito penal não possui a tarefa de impor ou de reforçar a (ou uma
determinada) moral, mas somente de impedir o cometimento de ações
danosas a terceiros. Pode-se pretender que uma ação não seja proibida se
em nenhum modo é considerada reprovável, mas, ao contrário, não se pode
admitir que o seja somente porque tida como imoral ou, de qualquer modo,
reprovável. Para que se possa proibir e punir comportamentos, o princípio
utilitário da separação entre direito e moral exige, como igualmente
necessário, o fato de que os mesmos ofendam concretamente bens jurídicos
alheios, cuja tutela é a única justificação das leis penais enquanto técnicas
de prevenção daquelas ofensas. O Estado, com efeito, não deve imiscuir-se
coercitivamente na vida moral dos cidadãos, nem mesmo promover-lhes, de
forma coativa, a moralidade, mas, somente, tutelar-lhes a segurança,
impedindo que os mesmos causem danos uns aos outros (FERRAJOLI, pág.
208, 2006)
Conclusão
REFERÊNCIAS
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: Teoria do Garantismo Penal. 2. ed. São Paulo:
Revistas dos Tribunais, 2006. p. 208.
19
STF. 506 - Tipicidade do porte de droga para consumo pessoal.. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?i
ncidente=4034145&numeroProcesso=635659&classeProcesso=RE&numeroTema=
506. Acesso em: 26 set. 2020.
VALOIS, Luis Carlos. O Direito Penal da Guerra às Drogas. 3. ed. Brasil: D'Plácido
, 2020. p. 568-568.