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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 2ª VARA DO

TRABALHO DA SUBSEÇÃO DE GOIÂNIA ESTADO DE GOIÁS.

Processo nº : 1146.63.2012.5.18.0002

Clínica das Amendoeiras, pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob o nº (_), com sede á rua: (_), nº (_), bairro: (_), CEP: (_),
cidade de (_), estado de (_), neste ato representada por seu advogado subscrito Dr.
(_) (Doc. Anexo), com escritório á rua (_), nº (_), bairro: (_), CEP: (_), cidade: (_),
estado de (_), local onde recebe solicitações e intimações, vem respeitosamente a
presença de vossa excelência com fulcro no art. 847 da Consolidação das Leis do
Trabalho conjuntamente com o art. 335 do Código de Processo Civil, apresentar
defesa na forma de:

CONTESTAÇÃO

Á Reclamação Trabalhista que lhe move Jussara Péclis, já


qualificada nos autos da ação em epigrafe, pelos fatos e fundamentos de direito que
a seguir passa a expor:

I - BREVE RELATO DA AÇÃO PROPOSTA

Aduz a reclamante que foi admitida em 18/11/2000 para


trabalhar na empresa requerida, cumprindo horário de á segunda à sexta-feira,
sempre das 15h00 às 19h00, sendo demitida sem justa causa no dia 15/07/2011,
cumprindo aviso prévio trabalhado e recebendo todos os seus consectários legais.

Porém, entende a reclamante fazer jus ao recebimento de


horas extras com reflexos por não ter, na vigência de seu contrato de trabalho,
intervalo intrajornada, bem como, reivindica a multa do art. 477 da CLT, alegando
que a homologação ocorreu a destempo, postula também, o pagamento do aviso
prévio que foi concedido por 30 dias, por entender ser desproporcional ao que
realmente tem direito, urge pelo adimplemento da obrigação de fazer materializada
na entrega de um relógio folheado a ouro e intenta pela integração da Participação
de Lucros nas verbas salariais, o que refletiria também nas verbas rescisórias,
dessarte que tais requerimentos culminaram na presente demanda movida em face
da reclamada, que por sua vez, compreende não estar com débito algum para com
a reclamante.

Desta maneira, a Reclamada demonstrará, a seguir, pelas


razões de fatos e de direito, que a presente reclamação não merece prosperar.

II – DA DEFESA DO MÉRITO

a) Da Prescrição quinquenal.

Basilarmente, é necessário salientar que a presente ação só


permite discussões referentes a fatos ocorridas do ano de 2006 adiante, visto que o
período pretérito já se encontra prescrito conforme os ditames presentes no Art. 7º,
inciso XXIX da Magna Carta, assim como o Art. 11, I, da CLT e a Súmula do
Egrégio Superior Tribunal do Trabalho de nº 308, ante a tantas previsões
normativas, não há razão, nem tese possível em que a reclamante possa
sustentar-se que justifique trazer a tona questões já passadas e superadas, haja
vista que a prescrição quinquenal é entendimento consolidado pelo atual
ordenamento jurídico, não provendo fundamentação aos pleitos da reclamante
antes da data supramencionada.

b) - Do aviso prévio

A reclamante arguiu ter direito ao recebimento de aviso prévio


ocorre pois, que o pagamento do mesmo já foi efetuado conforme (Doc.Anexo), o
que a reclamante em verdade pleiteia e não concorda, é que o adimplemento se deu
em referência a 30 (trinta) dias, entendendo a mesma ter como benefício o
acréscimo de mais tempo baseando-se pelo período trabalhado.

Porém verifica-se por meio da Lei. 12.506 de 2011 que o direito


sustentado pela reclamante e fundamentado pela legislação supramencionada, não
era vigente no período em que ocorreu a rescisão trabalhista, remetendo-a aos
ditames da legislação que vigorava naquele tempo, conforme expressa o Art. 2º, §
2o da Lei de introdução ao Direito Brasileiro.

Em suma, o pedido da reclamante não merece prosperar, haja


vista que a rescisão trabalhista, bem como homologação da mesma, se deu na data
anterior a vigência da lei 12.506/11, deste modo a reclamada agiu de boa fé e já
quitou os débitos do aviso prévio em conformidade com a lei válida e eficaz daquele
período.

c) – Da multa do Art. 477 da CLT

É assegurado ao obreiro pela Consolidação das Leis


Trabalhistas em seu art. 477, uma multa baseada no maior salário auferido por este
na constância do contrato de trabalho, visando inibir a postergação da quitação e
liberação das verbas rescisórias no prazo de 10 (dez) dias, levando em conta o
caráter alimentar destas, como também é sabido, que o empregado contratado a
mais de 1 (ano), deve ter a assistência do sindicato laboral da categoria, afim de dar
plena validade ao término do contrato empregatício (§1º).

Frente a este dispositivo, afirma a reclamante fazer jus a


mencionada multa, sob a alegação de que a homologação sindical ocorreu fora do
prazo legal na data de 10/09/2011, entretando Excelência é notável que a mora não
ocorreu por culpa do empregador conforme comprovante de pagamento em anexo
(doc.anexo), e como a culpa da requerida é requisito principal para a tipificação do
artigo e o dever em arcar com o ônus da multa, resta descaracterizada a
responsabilidade da requerida, neste sentido:

"MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. PAGAMENTO DAS VERBAS


RESCISÓRIAS DENTRO DO PRAZO LEGAL. ATRASO NA
HOMOLOGAÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. A multa do art. 477, § 8º, da CLT, só é
cabível se, por culpa do empregador, houver efetivo atraso no pagamento
das verbas rescisórias, não atraindo a aplicação da penalidade o fato de a
homologação não ter ocorrido no prazo do § 6º do art. 477 consolidado."

(TRT 18ª Região. Súmula 20).  

(TRT18, ROPS - 0011181-7.2016.5.18.0003, Rel. GENTIL PIO DE OLIVEIRA,


1ª TURMA, 25/08/2017 – Goiânia – Goiás).

Conforme entendimento jurisprudencial acima transcrito,


evidente torna-se que a reclamante nada tem de exigir da reclamada, que até o
presente momento, tal como, no discorrer de todo o contrato de trabalho, sempre
agiu com ombridade para com a mesma, adimplindo todos os débitos em favor
desta, sendo no mínimo afrontosa a atitude da reclamante em trazer algo feito com
primazia e nas imposições da lei para ser apreciado em juízo.

d) Do intervalo intrajornada e Horas Extras

Assegura a reclamante não cumprir intervalo intrajornada, por


decorrência postula por horas extras referente a todo o período de vigência do
contrato laboral, onde a mesma nunca usufruiu de pausa para descanso e refeição,
como também, reivindica por todos os reflexos advindos das horas extraordinárias
pretendidas.

Todavia a mesma não se atentou que sua escala laboral de 20


(vinte) horas semanais, sendo apenas 4 (quatro) horas diárias de labor, afasta suas
pretensões, bastando apenas observar as previsões normativas expressas nos
artigos 59, § 4º e 71, § 1º da CLT. Entendimento já de fato consolidado tanto pela
doutrina como na jurisprudência, conforme demonstrado a seguir:

‘’Os intervalos no trabalho, não remuneráveis como regra, são necessários


para a recomposição física do empregado, mas há situações nas quais a sua
concessão é difícil como a dos vigias. Há intervalos legais entre duas
jornadas — 11 horas — e na mesma jornada. Nesta, há intervalos de 15
minutos se a duração do trabalho for de 4 a 6 horas, e de 1 a 2 horas, se a
jornada tiver duração superior a 6 horas’’.

(Nascimento, Amauri Mascaro - Curso de direito do trabalho: história e teoria


geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. Pág.
783 – 26. ed. – São Paulo: Saraiva, 2011).
Extrai-se do comando normativo que apenas quando ultrapassar
4h de jornada contínua é que o autor fará jus a um intervalo para repouso e
alimentação.   No caso, incontroverso que o autor laborava das 7h às 11h aos
sábados, ou seja, por 4h seguidas, fato, inclusive admitido por ele na inicial.

Sendo indevida a observância do tempo de trajeto e do tempo à


disposição para a fixação do intervalo intrajornada, não há falar em condenação ao
pagamento de horas extras, porque a jornada aos sábados do autor não ultrapassa
4 horas’’.

É a jurisprudência desta egrégia Turma, no


RO-0011684-04.2015.5.18.0281, de relatoria da Exma. Desora Kathia Maria
Bomtempo de Albuquerque, julgado em 08.03.2017.

(TRT18, RO - 0011248-11.2016.5.18.0281, Rel. EUGENIO JOSE CESARIO


ROSA, 2ª TURMA, 30/08/2017).

Ante toda a argumentação exposta torna-se evidente o


despropósito presente nos pedidos da reclamada, não podendo esta arguir de
direitos dos quais realmente não possuí.

e) Da participação nos Lucros

Alude a reclamante que obtinha participação nos lucros da


empresa semestralmente e como consequência disto, requer que tamanhas
projeções lucrativas sejam integradas em seu salário e verbas rescisórias, não
obstante, a mesma deixou de observar as previsões normativas nacionais dispostas
nas leis: nº 8.036/1990, art. 15, § 6º, lei nº 8.212/1991, art. 28, § 9º, alínea "j" e lei nº
10.101/2000, art. 2o e incisos, que regulamentam o assunto e frustram as pretensões
da reclamada, apresentando em suas disposições que para se obter de fato as PLs
como salário, é primordial que estas participações estejam previstas em acordos ou
convenções coletivas, o que não ocorre no caso em tela conforme (Doc.anexo).

Mais uma vez a reclamante, por lapso ou puramente por má fé,


exige prestações da reclamada das quais não faz jus e não possuem amparo da lei.
f) Da obrigação de fazer

Por fim, a reclamante não se conforma por não ter recebido da


reclamada um relógio folheado a ouro, auferido aos funcionários com mais de 10
(dez) anos como homenagem pelo período de prestação de serviços.

No entanto nobre julgador, a reclamante baseia seu pedido em


uma instrução normativa interna da empresa reclamada a muito superada, visto que
a supracitada premiação encerrou-se no mês de fevereiro do ano 2000, data esta,
anterior a efetivação da mesma no quadro de colaboradores da requerida.

A honraria mencionada foi substituída, conforme regulamento


interno (doc.anexo) ainda vigente, por uma foto do colaborador com sua equipe,
fotografia esta que a reclamada admite não ter entregue a reclamante, mas fica a
inteira disposição da mesma para efetivar a entrega do retrato. O que não é admito
pela reclamada é que seja mais uma vez constrangida a arcar com ônus a muito
prescritos.

Diante toda a argumentação discorrida, evidente que a


reclamante não encontra base legal para seus requerimentos, elementar também,
que a presente reclamação não merece prosperar, haja vista, que qualquer
concessão aos pedidos descabidos da mesma, resultaria em prejuízos para a
reclamada, que sempre agiu com brio e respeito do início ao fim do contrato de
trabalho.

III - CONCLUSÃO

Ante o exposto enseja a Reclamada que seja acolhida a


presente Contestação, bem como, insta por sua apreciação para julgar
improcedente a demanda oferecida pela Reclamante, nos termos da
fundamentação acima discorrida, culminando na extinção do feito com resolução de
mérito, condenando a mesma ao pagamento das custas processuais;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal do Reclamante (item I da
Súmula 74 do TST), juntada de documentos, oitiva de testemunhas, perícia e outras
que se fizerem necessárias.
Alternativamente, caso seja deferido algum dos pedidos do
Reclamante, postula seja deferida a compensação dos valores pagos.

Nestes termos,

Pede e aguarda deferimento.

Local, Data.

Advogado

OAB nº :

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