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Educação Inclusiva

Reflexões
A formação escolar
• Em uma perspectiva crítica, Baczinski e Comar (2016), afirmam que a escola tem
a função de formar sujeitos produtivos para o trabalho, o que significa que as
pessoas devem aprender a ler, escrever e se relacionar com os outros.
• Para as autoras, além do preparado para o mercado de trabalho, a escola é um
instrumento de reprodução da ideologia como: individualidade, competição,
consumo, defesa a propriedade privada (BACZINSKI e COMAR, 2016).
• A escola se apropria das necessidades importas pelo mercado de trabalho,
formando a mão de obra para sociedade capitalista (BACZINSKI e COMAR, 2016).
• A ideologia é um conjunto de representações, pensamentos e crenças que
formam uma realidade tida como ilusória, e que tem como função ocultar as
contradições existentes da realidade (CROCHIK, 1998).
• Durante a recuperação econômica, após a grande crise geral de 1929,
a economia e a organização do trabalho ainda estavam sob o modelo
do Taylorismo-fordismo. (SAVIANI, 2005). A produção em série para o
consumo de massa, implicavam no uso de um grande número de
trabalhadores.
• Introdução da divisão do trabalho, controle rigoroso do tempo gasto
na execução das ações e separação entre o pensamento e a prática.
Ficava estabelecido quem pensava, planejava as estratégias de ação e
que executava as tarefas (BACZINSKI e COMAR, 2016).
• Esse aumento de trabalhadores nas fábricas, facilitou a organização
dos sindicatos e regulamentação do “Estado do bem-estar”;
determinou-se um compromisso entre Estado, empresas e sindicatos.
• Para Saviani (2005), nessa fase de crescimento econômico, o “Estado
do bem-estar” se comprometeu a assegurar um compromisso social
aos trabalhadores, além de desenvolver em grandes proporções, as
forças produtivas da economia.
• Devido ao grande avanço tecnológico, deu-se origem a “revolução da
informação”, que transfere funções até então manuais, feitas pelos
trabalhadores para as máquinas.
• Essa produção automatizada, permitiria o ser humano a cultivar horas
de lazer, contudo, essas potencialidades não foram satisfeitas e esse
avanço tecnológico foi utilizado para alterar o padrão produtivo do
Taylorismo-fordismo para o Toyotismo (SAVIANI, 2005).
• As características do Toyotismo são ausência de estoques, aumento
da variedade de modelos produzidos, defesa do funcionário
disponível para empresa em tempo integral, ter condições de atuar
em várias frentes do trabalho, frequente controle de qualidade da
produção e terceirização. (BACZINSKI e COMAR, 2016).
• E é com base no crescimento da indústria e o avanço nas técnicas de
administração, surge a necessidade de escolarizar os trabalhadores,
capazes de leitura, escrita e matemática afim de contribuir com a
produtividade do sistema capitalista (BACZINSKI e COMAR, 2016).
• Segundo Saviani (2005), esses acontecimentos históricos
repercutiram na educação, que tinha como objetivo propiciar o
desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos, porém, com os
avanços tecnológicos, passou a ser colocada sob as condições de
funcionamento do mercado capitalista e a não ter apenas razões
sociais ou culturais de ensino, mas motivos econômicos;
• Para o autor, a educação recebe os investimentos tecnológicos e
constituiu-se como um ensino capaz de propiciar o desenvolvimento
dos indivíduos para as condições de funcionamento do mercado.
(SAVIANI, 2005).
• O pressuposto do liberalismo é fomentar o ambiente competitivo,
alvo de desigualdades sociais a fim de que as pessoas lutem,
trabalhem, se esforcem para conseguir melhorar sua qualidade de
vida, a competitividade exige a exclusão e a meritocracia dos
indivíduos (GUARESCHI, 2001).
• E é nesse ensino: técnico, formal e acadêmico, que os indivíduos
aprendem esse modelo educacional pautados pelo reconhecimento
institucional para obter melhores índices de qualificação; esse
modelo educacional fomenta o ambiente competitivo entre os
alunos, valorizando o “darwinismo social” como processo de
escolarização que passa a selecionar os mais aptos (APPLE, 2002 e
MANTOAN, 2003).
• Assim, os marginalizados passaram a ser desconsiderados por não
atenderem as demandas das escolas por terem outras maneiras de
aprendizagem, uma vez que, a inclusão sejam elas culturais, sociais,
étnicas, religiosas ou de gênero faz com quem repensamos o ensino e
questionamos a maneira que aprendemos. (MANTOAN, 2003).
• A discussão sobre inclusão tem como base a Declaração dos Direitos Humanos
(1948), adotada pelas Nações Unidas (MARIUSSI, GISI e EYNG, 2016).
• Oliva (2016) afirma que a igualdade ao acesso e equidade na educação é
discutida desde a década de 1990, com a Conferência Mundial sobre Educação
para Todos.
• A inclusão é iniciada pelo segmento de pessoas com deficiência, mas sua
discussão para a inclusão de todos os indivíduos que apresentam ou possam vir
apresentar uma “necessidade educacional especial” é ampliada, com base na
Declaração de Salamanca (1994) que estabelece que todas as crianças e
adolescentes, de ambos os sexos tem o direito a educação, considerando suas
características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem próprios
(SCHILLING e MIYASHIRO, 2008).
• A educação inclusiva, dessa forma, reivindica direitos iguais para todos os alunos,
independentemente de suas diferenças (CROCHIK et al, 2009).
• O movimento de educação inclusiva no Brasil se consolidou em
políticas educacionais em meados da década de 1990, visando a
inclusão de pessoas com necessidades educativas especiais no ensino
comum.
• Tem como base leis e documentos nacionais que garantem o direito à
educação, tais como: Constituição Federal (BRASIL, 1988); Estatuto da
Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990); Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (BRASIL, 1996); Plano Nacional de Educação
(BRASIL, 2001), dentre outras (CROCHIK et al 2009; CAIADO e
LAPLANE, 2009).
• Segundo Caiado e Laplane (2009), em 2003 iniciou-se o Programa
Educação inclusiva, que tratava do direito à diversidade e era promovido
pela Secretaria de Educação Especial
• Esse programa tinha como objetivo a formação de gestores e educadores
para efetivar a transformação dos sistemas educacionais em sistemas
educacionais inclusivos, cujo princípio seria a garantia do direito dos alunos
com necessidades educacionais especiais de acesso e permanência, com
qualidade, nas escolas regulares (BRASIL, 2006). Em 2006, o Programa
contava com a participação de 144 municípios-polo que atuavam como
multiplicadores para 4.646 municípios da área de abrangência. Vale
observar que participam do Programa os dirigentes estaduais e municipais
da educação (CAIADO e LAPLANE, 2009).
• Em contraposição ao movimento da educação inclusiva no Brasil que
considera somente os alunos com necessidades educativas especiais,
os alunos que compõe a inclusão referem-se a diversos segmentos
tais como: circenses, povos nômades, pessoas em situação de
vulnerabilidade social e que estão ou estiveram em conflito com a lei,
os alunos de culturas diferentes, alunos com deficiência, crianças e
jovens que vivem nas ruas, ciganos, indígenas (ALMARIO, 2011;
CROCHIK et al, 2009).
• Incluir esses alunos implica em superar os obstáculos encontrados na
escola tais como, mudanças de currículo, método, técnicas,
avaliações, formação dos professores, relação de professor e aluno,
uma vez que a escola deve estar atenta aos preconceitos e os
estereótipos que produzem a discriminação (MANTOAN, 2003;
MENDONÇA, 2013), como também afirmam essas autoras que é
necessário que a família dos alunos possam participar da melhoria do
ensino e acompanhar as atividades realizadas na escola.
• Pode-se afirmar que o processo de inclusão envolve o ser humano em
suas dimensões políticas, econômicas, subjetivas e relacionais
(SAWAIA, 2001).
Referências
• ALMARIO, Alan. Educação Inclusiva: fazendo a diferença. Revista Ibirapuera, São Paulo, v. 1, n. 2, 34-38, julho-dezembro, 2011.

• APPLE, Michael. Podem as pedagogias críticas sustar as políticas de direita? Cadernos de Pesquisa. São Paulo. v.116. p. 107-142, 2002.

• BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. 3.ed. Lisboa: Edições 70, 2004.

• BACZINSKI, Alexandra Vanessa de Moura.; COMAR, Sueli Ribeiro. Gestão Escolar democrática e a pedagogia histórico-crítica: contradições, limites e
possibilidades. Revista online de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v.20, n.2, p. 145-165, 2016.


• BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <www.presidência.gov.br>. Acesso: 14 de maio de 2018.

• BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
<www.presidência.gov.br>. Acesso: 14 de maio de 2018.

• BRASIL. Lei n.10172, de 20 de janeiro de 2001. Estabelece o Plano nacional de Educação. Disponível em: <www.presidência.gov.br>. Acesso: 14 de
maio de 2018.
• BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade. Brasília,
2006. Disponível em: <www.mec.gov.br>. Acesso em 10 de março de 2018.

• BRASÍLIA, Lei nº 9.394/96, de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. LEX: LDB: Lei de
Diretrizes de Bases da Educação Nacional. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, p.58, 2017.

• CAIADO, Kátia Regina Moreno; LAPLANE, Adriana Lia Friszman de. Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade – uma
análise a partir a visão de gestores de um município-polo. São Paulo: Educação e Pesquisa. n.2. v.5. p.303-315. maio/ago, 2009.

• CROCHIK, José Leon. FRELLER, Cintia, C. DIAS, Marian, Ávila, de, Lima. FEFFERMANN, Marisa. NASCIMENTO, Rafael, Baioni, do,
Nascimento. CASCO, Ricardo. Atitudes de Professores em Relação à Educação Inclusiva. Psicologia Ciência e Profissão, v.29,n.1, 40-
59, 2009.

• CROCHIK, José Leon O computador no ensino e a limitação da consciência. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998.

• CROCHIK, José Leon. CASCO, Ricardo. CERON, Mariane. CATANZARO, Fabiana Olivieri. Relações entre Preconceito, Ideologia e
Atitudes frente à Educação Inclusiva. Estudos De Psicologia, Campinas, v. 26, n. 2, 123-132, abril- junho, 2009.
• Declaração dos Direitos Humanos (1948). Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/interacao/article/viewFile/1516/1502>.
Acesso em: 28 ago. 2017.

• GUARESCHI, Pedrinho. Pressupostos psicossociais da exclusão: competitividade e culpabilização. In: SAWAIA, Bader. As artimanhas
da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis: Editora Vozes, 2001.

• MANTOAN, Maria Teresa. Inclusão Escolar: O que é? In: MANTOAN, M, T, E. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer? - São
Paulo: Moderna, 2003.
• MARIUSSI, Madalene Isabel. GISI, Maria Lourdes. EYNG, Ana Maria. A escola como espaço para efetivação dos direitos humanos
das pessoas com deficiência. Revista Brasileira de Educação Especial. v. 22, n. 3, p. 443-454, Jul.-Set., 2016
• MENDONÇA, Ana Abadia dos Santos. Escola Inclusiva: barreiras e desafios. In: 7° Encontro em Pesquisa em Educação. Uberaba:
Revista Encontro de Pesquisa em Educação. n.1. v.1.p.4-16, 2013.
• OLIVA, Diana Villac. Raízes sociais e psicodinâmicas do preconceito e suas implicações na educação inclusiva. São Paulo: Psicologia
Escolar e Educacional. v.20. n.2. p.349-356. maio/ago, 2016.
• Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura [Unesco] (1994). Declaração de Salamanca sobre princípios,
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• SAVIANI, Demerval. Transformações do capitalismo, do mundo do trabalho e da educação. In:
LOMBARDI, J, C. SAVIANI, D. SANFELICE, J, L. Capitalismo, trabalho e educação. Campinas:
Autores Associados, 2005.

• SAWAIA, Bader. Introdução: Exclusão ou Inclusão perversa? In: SAWAIA, Bader. As artimanhas da
exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis: Editora Vozes, 2001.

• SILVA, Maria Regina. HAYASHI, Carlos Roberto Massao. HAYASHI, Maria Cristina Piumbato. Análise
bibliométrica e cientométrica: desafios para especialistas que atuam no campo. InCID: Revista de
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• SCHILLING, Flávia. MIYASHIRO, Sandra Galdino. Como incluir? O debate sobre o preconceito e o
estigma na atualidade. Educação e Pesquisa. v.34, n.2, p. 243-254, 2008.

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