Você está na página 1de 16

HUMAN DIET DURING MIDDLE AND UPPER PALEOLITHIC IN EUROPE

ALIMENTAÇÃO HUMANA DURANTE O PALEOLÍTICO MÉDIO E SUPERIOR


NA EUROPA

Gabriele Terlato1
1
Mestrado em Quaternario, Pré-historia e Arqueolgia e Técnicas de Arqueologia
(Double degree). Universitá degli Studi di Ferrara, Instituto Politécnico de Tomar.
gabriele.terlato@gmail.com

Assunto: Através da investigação e do processamento dos dados fornecidos por uma


ampla literatura, quer-se dar uma visão geral da alimentação durante o Paleolítico
Medio e Superior europeu e obter uma possível diferença na dieta entre o Neandertal e o
Sapiens. Para entender este amplo tema, foram selecionados os dados dos estudos sobre
a relação de isótopos estáveis de carbono e nitrogênio e os restos faunísticos, dentais e
vegetais.

Abstract: Through the investigation and processing of the data provided by a large
literature, I want to give an overview of diet during Middle and Upper Palaeolithic in
Europe and obtain a possible difference in the diet between Neanderthal and Sapiens. To
understand this vast theme, I selected data from studies of stable isotopes of carbon and
nitrogen and faunal, dental and vegetables remains.

Palavras-Chave: Dieta Neandertal/Sapiens, Analises isótopos estáveis,


Zooarqueologia, Microtraços dental.

Key words: Neanderthal /Sapiens diet, Stable Isotope analys, Zooarcheology, Buccal
tooth microwear.

1
INTRODUÇÃO
O estudo da alimentação durante o Paleolítico é importante para compreender as
técnicas de subsistência, o uso do território, a caça, a organização social e os variados
comportamentos de grupos de caçadores pré-históricos. Os dados sobre a alimentação
dos caçadores do Paleolítico médio-superior na Europa são obtidos principalmente a
partir de: isótopos estáveis, restos faunísticos, microtraços dental, paleopatologia dos
esqueletos, analogias paleo-etnográficas e com o estudo dos restos vegetais. A
combinação destes dados pode facilitar a compreensão geral do problema, mas há
limites para cada um destes métodos. Também é importante saber que toda a gama de
alimentos e reconstruções alimentares tem que ser interpretados, em contraste com o
atual conhecimento da alimentação e dos requisitos fisiológicos. Muitos trabalhos
científicos, baseados em métodos diferentes, têm tratado da alimentação neandertaliana,
para compreender capacidades cognitivas desse hominídeo, fornecendo evidências para
uma dieta orientada ao consumo de grandes animais terrestres e ao raro consumo de
pequenos animais, peixes e plantas. Pelo contrário os estudos recentes têm fornecido
dados convincentes para uma dieta muito diversificada, abrindo um amplo debate sobre
esta questão.

- A ANÁLISE ISOTÓPICA
A composição isotópica dos ossos tem sido objeto de uma extensa investigação nas
últimas três décadas, e pode fornecer uma margem relativamente estreita de resultados
(na melhor das hipóteses duas ou três análises para cada osso) (HEDGES et al., 2006).
A composição química do osso vária em função dos fatores ambientais e nutricionais;
As concentrações de isótopos estáveis da parte mineral (fosfato de cálcio ou biopatite) e
da parte orgânica (colagénio) de ossos e dentes pode variar segundo estes fatores.
O tecido ósseo e a dentina são tecidos conjuntivos mineralizados onde a matriz
orgânica, representa respetivamente cerca de 30-22% da sua massa, composta de 90%
de colagénio, e a fração mineral, ou biopatite, corresponde a 70-78% da sua massa. O
esmalte dental é altamente mineralizado, a matriz inorgânica corresponde a 99% da sua
massa (hidroxiapatite), ao contrário do tecido ósseo e da dentina, a matriz orgânica (1%)
não contém colagénio (JULIEN, 2011). As diferentes frações de tecido ósseo são
sintetizadas a partir dos diferentes componentes de alimentação e não contêm os
mesmos elementos. Por exemplo, as proporções de isótopos de carbono e azoto no
colagénio essencialmente dão informação sobre a disponibilidade de proteína, pelo
contrário os dados de isótopos de carbono em biopatite dão informação nutricional
global dos indivíduos (BOCHERENS, 1999). Os resultados mais interessantes vêm da
2
compreensão das relações dos isótopos estáveis de carbono e de azoto. O carbono é
fornecido por todo o alimento consumido por um organismo, enquanto o azoto é
fornecido a partir da sua fração proteica. As determinações dos alimentos a partir das
proporções isotópicas de osso fóssil são baseadas nos seguintes princípios (VOGEL;
VAN DE MERWE, 1977; DENIRO; EPSTEIN, 1981; SHOENINGER; DENIRO, 1984;
BOCHERENS et al., 1999): -“Você é aquilo que come”, então a composição isotópica
dos tecidos dos organismos reflete a dieta consumida durante a formação desse tecido.
-Ter um conhecimento razoável das variações isotópicas nos ecossistemas.
-Algumas partes do tecido de um organismo podem ser preservadas com a composição
isotópica inalterada durante vários milhares de anos, o colagénio é uma destas frações.
O colagénio ósseo pode ser conservado por milhares de anos, em condições favoráveis e
se bem preservado, os estudos sobre as razões isotópicas fornecem a capacidade de
reconstruir os hábitos alimentares dos humanos ou animais. As proporções de isótopos
podem ser diferentes e indicar se as principais fontes de proteína são derivadas de
recursos marinhos ou terrestres (valor δ¹³C) ou das plantas ou animais (valor δ¹⁵N)
(SCHOENINGER; BOCHERENS, 1999;2009; RICHARDS, 2009; HARDY, 2009). Os
valores de δ¹³C no colagénio ósseo dos mamíferos variam: como tal, os consumidores
de recursos marinhos, por exemplo: as focas, têm valores de δ¹³C de -12±1% e são
valores constantes em todo o mundo, enquanto os valores dos consumidores terrestres
δ¹³ C estão mais próximo de -20 ± 2%, dependendo da região (BOCHERENS;
DRUCKER, 2003). Os organismos que vivem em ecossistemas de água doce,
geralmente têm valores de carbono muito semelhantes aos das espécies terrestres. Estes
valores são altamente variáveis devido ao carbono dissolvido em rios e lagos,
resultantes de recursos geológicos com diferentes proporções dos isótopos desse
elemento. Em relação à proporção isotópica de nitrogênio (valor δ¹⁵N), é muitas vezes
usada em ecologia moderna para determinar as posições dos organismos nas redes
alimentares "modelo trófico". O modelo, contextualizado para o Pleistocénico onde as
plantas tinham geralmente valores de δ¹⁵N entre 0 e 2%, consiste na simples suposição
de que as plantas recebem geralmente nitrogênio a partir do solo ou da atmosfera. Os
herbívoros consumindo essas plantas tinham valores de δ¹⁵N nas proteínas corporais
(carne e colagénio ósseo) de 3% a 5% superiores aos das plantas. Os carnívoros que
consumiam esses herbívoros tinham valores de isótopos de nitrogênio no colagénio
ósseo que são novamente de 3% a 5% maior do que os dos herbívoros (BOCHERENS;
DRUCKER, 2003). Os valores nos omnívoros pode cair entre os intervalos de valores
dos carnívoros e herbívoros segundo a quantidade de proteínas vegetais e animais em
sua dieta. No entanto, comparando-se os valores isotópicos de omnívoros (humanos)
3
com os dos carnívoros e herbívoros dos mesmos locais, pode-se entender se os homens
arrecadavam proteínas, principalmente a partir de recursos animais (carnívoros) ou a
partir de recursos de plantas (herbívoros) ou os dois (RICHARDS et al., 2000). O fator
de confusão na utilização das análises isotópicas do carbono e do nitrogênio, para
reconstruir a alimentação do passado, é que estes valores variam seja em algumas
regiões geográficas seja derivado da forte instabilidade que ocorreu durante o
Pleistocénico. Outros dados interessantes vêm dos estudos recentes com base em
proporções isotópicas 1Sr / Ca e Ba / Ca, a partir da fração mineral do osso,
hidroxiapatite (BALTER; SIMON, 2006; HARDY, 2009). O método baseia-se no
fenómeno conhecido como "bio-purificação", ou seja, a propensão de um organismo
para assimilar preferencialmente cálcio, em vez de bário e estrôncio. A bio-purificação
tem uma redução, em percentagem, dos valores de Ba / Ca e Sr / Ca relativas as
proporções alimentares, refletindo sobre os ossos. As proporções Ba / Ca e Sr / Ca
diminuem nos níveis tróficos superiores. Assim, por exemplo, os herbívoros têm rácios
mais baixos, em comparação com plantas consumidas e também os carnívoros têm
valores mais baixos em relação à sua dieta. A redução resultante em geral Ba / Ca e Sr /
Ca, com o aumento da posição trófica na cadeia alimentar, é usada como um
instrumento para avaliar as proporções de carne / plantas na paleo-dieta (BURTON et
al., 1999).

- ALIMENTAÇÃO NEANDERTALIANA
- Determinações isotópicas
O método dos isótopos estáveis de carbono (¹³C/¹²C) e nitrogênio (¹⁵N/¹⁴N) foi aplicado
a treze Neandertais adultos (Tab. 1) a partir de três sítios na França, dois Belgas e um
Croata (BOCHERENS et al., 1999;2005; RICHARDS et al., 2008; 2000;
BOCHERENS; DRUCKER, 2003).

1 O estrôncio tem na natureza quatro isótopos estáveis, para as análises são utilizados as relações entre
87 Sr / Sr 86, estas relações são controladas paraa composição química do solo, a idade da rocha e a
deposição atmosférica de Sr (HEDGES et al., 2006). A proporção 87 Sr / Sr 86 de tecido ósseo reflecte a
composição de estrôncio biologicamente disponível, o que depende da composição química do solo sobre
o qual um animal vive. O estudo sobre as variações dos valores de 87 Sr / Sr 86 concentram-se
principalmente em animais, para determinar os territórios explorados, os movimentos sazonais ou
migratórios ou se a paisagem é geologicamente diversa(JULIEN, 2011)
4
Amostras e sítios País δ¹³C δ¹⁵ N Idade
Scladina 4A-2 Bélgica -19.9 10.9 ca. 80-130 ka
Scladina 1B-4 Bélgica -21.2 11.8 ca. 40 ka
Spy Bélgica -19.8 11.0 ca. 35-40 ka
Les Pradelles 9 França -20.2 9.3 ca. 40-45 ka
Les Pradelles 10 França -19.1 11.6 ca. 40-45 ka
Les Pradelles M300 França -19.1 11.5 ca. 40-45 ka
Les Pradelles M400 França -19.5 11.4 ca. 40-45 ka
Les Pradelles M100 França -21.8 8.4 ca. 40-45 ka
St. Cesaire França -19.8 11.4 OIS 3
Les Rochers-de-
França -19.0 11.6 ca. 45 ka
Villeneuve
Jonzac França -19.7 11.2 ca. 40 ka
Vindija 207 Croácia -19.5 10.1 ca. 28-29 ka
Vindija 208 Croácia -20.5 10.8 ca. 29-29 ka
Tabela 1: Os resultados obtidos através da análise isotópica sobre os restos de
neandertais adultos europeus (BOCHERENS et al., 2005).

Os valores isotópicos de carbono em todas as amostras de neandertais são <-19%,


indicando que as proteínas na dieta vieram principalmente de recursos terrestres. Além
disso, cada um tem os valores isotópicos de azoto, que são de 3% a 5% superiores aos
herbívoros contemporâneos e semelhantes aos de carnívoros. As relações dos valores de
C/N então, indicar uma dieta semelhante à dos carnívoros do primeiro nível, como o
leão e a hiena, com atenção para os grandes herbívoros de ambientes abertos. No
entanto, neste método desaparece o consumo dos vegetais, dos recursos marinhos ou de
pequenos mamíferos. Outro ponto que deve ser considerado na dieta neandertalense,
representa a percentagem de azoto contido nos animais (14% de azoto) versus as plantas
(1%, em média, de azoto) (BOCHERENS, 2009). Porque as plantas são de mais baixo
teor em proteínas (10-25%) do que a carne (85-90%), mesmo uma pequena quantidade
do último domina na proporção isotópica de azoto, aumentando o valor de δ¹⁵N no
consumidor (AMBROSE et al., 2003). Outros dados sobre a ingestão dietética vêm de
recentes análises baseadas nas proporções Sr / Ca e Ba / Ca, aplicadas à fração mineral
do osso (hidroxiapatite) dos neandertais de Sainte-Césaire e restos faunísticos
contextuais (BALTER; SIMON, 2006). Os autores concluem que “a percentagem das
plantas ingeridas pelos neandertais é igual a zero em relação ao Sr e Ba”. As plantas têm
baixas % em Ba, Ca e Sr que podem deixar vestígios na dieta ou não, raízes e sementes

5
geralmente têm valores elevados de Sr / Ca. As plantas utilizadas para determinar as
relações Sr, Ca e Ba, no estudo de Balter e Simon (2006), incluem espécies comestíveis,
mas não espécies como tubérculos, raízes e bolbos (U.S.O. - underground storage
organs) ricos em carbohidratos (HARDY, 2009). Os U.S.O. poderiam ser uma parte
integrante do regime alimentar. Mesmo que eles tenham algumas desvantagens como a
presença de compostos cianogénicos ou o facto de serem enterrados, pode dar,
igualmente, um grande retorno calórico mesmo em períodos muito frios (PÉREZ-
PÉREZ et al., 2003; HARDY, 2009).
- Análise de Microtraços dental
A partir do estudo dos dentes pode-se compreender alguns comportamentos alimentares
que podem escapar nas análises isotópicas. "De acordo com Pérez-Pérez et al., (2003),
acredita-se que a grande variabilidade nos modelos e no número das análises de
microtraços dental no Neandertal, não levam a uma dieta estritamente carnívora". É
também possível que alimentos vegetais, duros e abrasivos, como raízes e bolbos
estivessem presentes na sua dieta. Os resultados do estudo dos dentes em Krapina
(Croácia) indicam uma dieta variada baseada, seja em carne, seja em legumes. Além
disso, a falta de cárie em dentes suporta a hipótese que nos vegetais consumidos eram
predominante a componente dura e fibrosa do hidrato de carbono (BELCASTRO et al.,
2009). Outras reconstruções da dieta neandertalense, através do estudo dos dentes, vêm
das análises de sulcos sub-verticais em face inter-proximal dos dentes (normalmente
molares). Estes sulcos foram observados em algumas amostras dos restos dos
neandertais a partir da gruta da Figueira Brava – Portugal (ANTUNES; SANTINHO
CUNHA, 1992); na Caverna delle Fate – Itália (GIACOBINI et al.,1984); Fondo Cattie
– Itália (BORGOGNINI TARLI, 1982); Genay – França (DE LUMLEY, 1987) e Cueva
de Sidrón – Espanha (EGOCHEAGA et al., 2004). Alguns autores atribuem estes sulcos
a processos pós-deposicionais, outros sugerem que pode estar relacionado a um alto
stresse de mastigação associado com o consumo de alimentos duros, enquanto "de
acordo com Ecocheaga et al., (2004), a causa mais provável de sulcos sub-verticais não
é apenas devido aos processos biomecânicos, mas também para os alimentos vegetais
duros." O estudo dos dentes, portanto, indica uma dieta não só carnívora, mas mais
variada, incluindo o consumo de alimentos vegetais duros. Mesmo na Grotta di Fumane
- Itália, o estudo dos chipping (fratura dentaria) nos dentes humanos encontrados: um I¹
no nível aurignaciano, um fragmento de um M12 no nível uluzziano um C e um I¹ nos
níveis discoides e outros dois nos níveis levallois especificadamente um M1 e a metade
axial bucal de um I² de um adulto, indica uma dieta não baseada apenas no consumo de

6
carne (provavelmente mal cozida), mas também um consumo de alimentos vegetais
duros e resistentes (BELCASTRO et al., 2009).
- Restos vegetais
As evidências diretas de restos vegetais consumidos pelos neandertais, nos sítios
arqueológicos, são muito raros. Nos níveis mousterienses do sítio de Kebara (Israel)
foram encontrados os restos de 4200 sementes carbonizadas, 48 diferentes taxa foram
identificados, a maioria é representada por sementes de leguminosas do gênero Vicia
(BAR-YOSEF, 2004; LEV et al., 2005). Os restos carbonizados de plantas comestíveis
também foram encontrados em Gorham's Cave, em Gibraltar (Olea sp. e Pinus pinea) e
Douara Cave na Síria (Celtis australis e Borago officinalis). A análise dos vestígios de
desgaste de¤ algumas ferramentas sugere um uso na preparação das plantas; os grãos de
amido foram encontrados em ferramentas de pedra no sítio de Starosele e Buran Kaya
III, na Crimeia (ANDERSON-GERFAUD, 1990). Outras análises de resíduos foram
feitas no sítio La Quina, França, documentando a exploração de plantas (HARDY,
2004). No entanto, a maioria das plantas continua a fornecer informações
paleoambientais importantes, mas o seu papel na alimentação permanece pouco claro.
- Arqueozoologia
O estudo dos restos faunísticos é outra fonte importante para a compreensão da dieta.
As análises arqueozoológicas obtidas a partir de vários sítios em grutas ou ao ar livre,
em toda a Europa, indicam uma preferência geral para grandes manadas de herbívoros
como: Bison priscus, Bos primigenius, Equus, Cervus elaphus, Rangifer tarandus, mas
também animais solitários como os rinocerontes. Os Neandertais também exploraram os
herbívoros de média dimensão, como: Capra ibex, Capreolus capreolus, Rubicapra
rubicapra e Sus scrofa e raramente pequenas presas e peixes (PATOU-MATHIS, 2000;
GAUDINSKI, 2006; GAUDZINSKI; NIVEN, 2009). O uso - exploração de pequenas
presas pelo Neandertal é agora tema atual de debate. Muitos autores consideram a
função destes animais na alimentação neadertaliana insignificante em termos de energia
produzida e sugerem que a tecnologia necessária para apanha-los era muito complicada
ou sofisticada para os caçadores do Paleolítico médio. Em geral, quanto menor é a presa
e há menos necessidade de utensílios líticos para interagir com eles, consequentemente
menos evidências nos ossos podem ser observadas. Os resultados de pequenos animais,
durante o Paleolítico médio, estão concentradas no Mediterrâneo (STINER, 1994-2004;
STINER et al., 2000). Em Grotta dei Moscerini (Itália), em quatro níveis do Paleolítico
médio, foram encontrados ossos queimados e quebrados pertencentes a tartarugas
aquáticas e terrestres (STINER, 1994). A exploração de tartarugas no Paleolítico médio

7
também é documentada em Hayonim e Kebara Caves (Israel) e na Grotta di Bolomor
(Espanha) (BLASCO, 2008; BLASCO; PERIS, 2012). Na Gruta da Oliveira (Portugal),
nos níveis do Paleolítico médio, foram encontradas muitos ossos de tartaruga,
fragmentados e queimados e apoia a ideia de que estes animais eram usados como
recurso alimentar (NABAIS, 2011). Restos de lagomorfos e aves estão presentes em
alguns sítios (COCHARD et al., 2012). No sítio Les Canalettes no sul da França, nos
níveis dos Paleolítico médio foram encontradas restos de coelho selvagem acumulados e
consumidos por homens (COCHARD, 2004; COCHARD et al, 2012); como na Grotte
du Lazaret onde 25 indivíduos de Oryctolagus cuniculus (coelho selvagem) têm traços
de intervenção humana (dominam os ossos longos queimados). Estes dados, juntamente
com a falta de vestígios de intervenções dos carnívoros, mostram que os coelhos
selvagens faziam parte da alimentação dos homens da Grotte du Lazaret (DE LUMLEY
et al., 2004). Quanto os restos avifaunísticos, distribuídos em sítios europeus, até á
poucos anos atrás, eram o objeto de estudos na sua maioria paleontológicos, destinados
a descrever e reconstituir as condições climáticas e os contextos ambientais dos sítios
paleolíticos. O envolvimento de aves na dieta dos grupos dos neandertais foi estudada
marginalmente em quanto se assumia que fornecessem pouca energia para a
alimentação humana, por causa do seu baixo teor de gordura. No entanto, recentemente,
chegou-se à descoberta da exploração de aves para alimento no Pleistocénico médio.
Encontra estrias de instrumentos líticos na extremidade distal do úmero de Cygnus olor
(Cisne real) na Gruta Bolamor (Espanha) sugerem o consumo como alimentos de aves
pelo Neandertal. (BLASCO; PERIS, 2012). Outras descobertas são documentados em
Francia a Pech de l’Azé I (SORESSI et al. 2008), a Baume de Gigny (MOURER-
CHEAUVIRÉ, 1989), a Combe-Grenal e a Les Fieux (MORIN, 2012) onde algumas
falanges posteriores de águia real (Aquila chrysaetos), Cisne (Cygnus cygnus) e
Haliaetus albicilla têm traços de instrumentos líticos, esses restos foram interpretados
como uma potencial fonte alimentar e como ornamentos (GAUDZINSKI; NIVEN,
2009). Uma descoberta muito semelhante, á primeira na Itália, refere uma falange de
Aquila chrysaetos (Águia real) com estrias de desarticulação encontrada nos níveis
moustierenses de Grotta di Fumane (FIORE et al., 2004). O estudo tafonómico do
complexo da avifauna dos níveis moustierenses de Fumane, consistindo de mais de 30
espécies incluindo algumas das mais frequentes (corvo, faisão) e outros mais raros
(pombas, aves de rapina noturno e diurno), mostrando somente para alguns deles um
interesse antrópico. Os traços antrópicos (strie, peeling, enfoncement) desempenham
sem dúvida, um significado simbólico enquanto presente (mesmo na gralha), e
principalmente nas espécies mais raras com nenhum particular interesse alimentar
8
(PERESANI et al., 2011). A análise em curso dos restos avifaunísticos na unidade
discoide registra uma série de estrias no carpo-metacarpo esquerdo de Aegypius
monachus, que refletem uma ação de desarticulação do carpo-metacarpo das falanges. A
tendência a uma maior presença dos restos de pós- asa e asa bem preservados, em
alguns casos associados com traços de combustão, poderiam sugerir o uso das aves
também para alimentos (ROMANDINI, 2012). Por fim, várias descobertas demonstram
o uso dos recursos aquáticos, os restos de peixes e moluscos estão documentados em
vários sítios do Paleolítico médio. No norte da Itália, em Grotte dei Balzi Rossi, as
faunas moustierenses incluem mexilhões e lapas marinhas, enquanto no centro e sul da
Itália, na Grotta dei Moscerini e Grotta del Cavallo, amêijoas e mexilhões são as
espécies marinhas dominantes. Na Grotta dei Moscerini, nos níveis do Paleolítico médio
(110 e 65 kya) foram descobertas muitos fragmentos queimados de moluscos em
associação com instrumentos em sílex (STINER, 1994). Outros exemplos de recursos
aquáticos vêm de Gorham e Vanguard Caves, em Gibraltar, nos quais foram encontrados
vários fósseis de mamíferos marinhos, como as focas (Monachus monachus), golfinho
comum (Delphinus delphis), golfinhos costeiro (Tursiops truncatus), e moluscos
(FINLAYSON et al., 2001; STRINGER et al., 2008). De acordo com estudos recentes,
estes animais foram caçados por objetivo alimentar, indicado pelos cortes profundos
identificadas nos ossos. , Apesar de existirem muitos vestígios de golfinhos nas grutas,
pensa-se que o seu consumo tenha sido bastante mais aleatório e dependente da
descoberta de indivíduos encalhados ou em dificuldades perto da costa. Na Gruta da
Figueira Brava em Portugal (ANTUNES, 2000) e Cueva Bajondillo no sul de Espanha
(CORTÉS-SÁNCHEZ, 2011) forneceu numerosos vestígios não só de marisco, mas
também mamíferos marinhos e aves aquáticas. Os dados bibliográficos afirmam que os
neandertais provaram ser muito adeptos do uso de recursos à sua disposição. Portanto,
mostra-se que a sua existência não foi focada apenas na exploração de grandes
mamíferos terrestres. É difícil, no entanto, para desenhar uma uniformidade de opinião
na interpretação e estudo de seus hábitos alimentares.
ALIMENTAÇÃO DOS SAPIENS: dados isotópicos
O método dos isótopos estáveis do carbono (¹³C/¹²C) e nitrogênio (¹⁵N/¹⁴N) foi aplicado
a 36 indivíduos de Homo Sapiens, de vinte sítios europeus (Tab. 2) (RICHARDS et al.,
2001;2005; RICHARDS, 2009), que têm diferentes condições ambientais (sítios: litoral,
interior e adjacentes a cursos de água). Os valores isotópicos elevados de δ¹³C e δ¹⁵N
das amostras humanas datadas ca. 35-20 Ka (antes e depois do LMG) mostram que as
proteínas na dieta resultam do consumo de animais terrestres. Somente duas amostras de

9
sítios costeiros (Arene Candide e La Rochette) têm baixos valores de δ¹³C, assumindo
uma dieta rica em recursos marinhos, enquanto no caso de Kostenki 1 os valores
elevados de δ¹⁵N poderiam testemunhar um alto consumo de peixes de água doce. Os
dados isotópicos de δ¹³C, das amostras humanas datadas ca. 20 – 10 Ka, sendo muito
alta, mostram uma dieta rica em proteínas de recursos terrestres. Somente os valores
isotópicos de δ¹⁵N mostram resultados significativos, como por exemplo: os valores
elevados de N no sítio de Kendrick's Cave (Reino Unido) sugerem uma dieta composta
de recursos marinhos, enquanto os indivíduos dos sítios Sun Hole Cave and Gough's
Cave (Reino Unido) têm valores de N muito baixos, indicando uma dieta rica em
proteína vegetal terrestre (RICHARDS, 2009). A fusão entre as análises isotópicas com
restos faunísticos pode-se deduzir que a alimentação do Sapiens era variada,
especialmente em tempos mais recentes.

Sítios País δ¹³C δ¹5 N Idade


Duruthy França -19.4 n/a ca.11,150 BP
Sandalja Croacia -20.8 13.0 11,025±60
Cap Blanc França -18.8 n/a ca. 12,000 BP
Kendrick’s Reino Unido -18.1 13.7 11,760±90
Kendrick’s Reino Unido -17.7 13.9 12,090±90
Kendrick’s Reino Unido -18.0 13.4 11,930±90
Kendrick’s Reino Unido -17.9 13.8 11,880±90
Gough’s Cave Reino Unido -18.6 8.0 11,820±120
Gough’s Cave Reino Unido -18.5 7.1 ca. 12ka
Gough’s Cave Reino Unido -18.6 6.5 12,300±100
Gough’s Cave Reino Unido -19.1 5.4 11,700±100
Gough’s Cave Reino Unido -19.2 6.2 11,480±90
Sun Hole Cave Reino Unido -19.8 7.2 12,210±160
Le Madelaine França -20.0 n/a ca. 13,000 BP
Saint Germaine França -19.2 10.2 15,780±200
Neuessing Alemanha -19.7 11.6 16,200 cal BC
Abri Pataud França -20.4 n/a ca.18,000BP
Abri Pataud França -19.9 n/a ca.18,000BP
Abri Pataud França -20.3 n/a ca.18,000BP
Abri Pataud França -20.0 n/a ca.18,000BP
Kostenki 18 Rússia -19.1 13.1 21,020±180
DolniVestonice35 Rep.Checa -18.8 12.3 22,840±200
Arene Candide Itália -17.6 12.4 23,440±190 BP
BrnoFrancouzska Rep. Checa -19.0 12.3 23,680±200
Sunghir 3 Rússia -18.9 11.3 24,100±240
Sunghir 2 Rússia -19 11.2 23,830±200
Sunghir 1 Rússia -19.2 11.3 22,930±200
Eel Point Reino Unido -19.7 11.4 24,470±110BP
La Rochette França -17.1 11.2 ca.25 Ka
Paviland 1 Reino Unido -18.4 9.3 25,840±280
Cro-Magnon França -19.4 n/a ca.25-30,000BP
Cro-Magnon França -19.5 n/a ca.25-30,000BP
Cro-Magnon França -19.6 n/a ca.25-30,000BP

10
Cro-Magnon França -19.9 n/a ca.25-30,000BP
Kostenki 1 Rússia -18.2 15.3 32,600±1100
Oase Roménia -18.8 14.2 34,950±990,-890BP
Tabela 2: Valores isotópicos de carbono e nitrogênio do colagénio ósseo retiradas dos
restos de homens do Paleolítico Superior (RICHARDS, 2009).

CONSIDERAÇÃO FINAIS
É significativo referir que as diferenças nos dados isotópicos entre Neandertais e
Sapiens não foram estatisticamente significativas (LEE-THORP; SPONHEIMER,
2006). Essencialmente, a transformação real da dieta no paleolítico ocorreu
aproximadamente ao fim do LGM e no início do Tardiglaciar (cerca de 20000 anos), e
com o desenvolvimento de complexos culturais como: solutrense, epigravetense e
magdalenense. Durante este período, peixes, aves e pequenas presas foram um
componente importante na dieta dos caçadores-coletores, claramente visível na maior
parte do registro arqueológico europeu Muitos estudos foram focados nos métodos de
subsistência e aquisição das presas (STINER et al., 2000; BAR-YOSEF, 2004; BIRD;
O'CONNELL, 2006; GAUDZINSKI; NIVEN, 2009), na tecnologia adotada, nos
habitats, no clima (VAN ANDEL; DAVIES, 2003), na estimação das necessidades
energéticas (CHURCHILL, 2007; SØRENSEN, 2009), na perspetiva de vida e no
desenvolvimento demográfico (HOCKETT; HAWS, 2003-2005) que levaram a uma
diversificação na alimentação e na afirmação do sapiens em detrimento dos neandertais,
que provavelmente não se adaptaram ou não competiram tecnicamente e/ ou
geneticamente assemelhando-se gradualmente ao sapiens (GREEN et al., 2010). Com
esta revisão bibliográfica teórica pretende-se indicar que a alimentação não foi um dos
fatores que influenciou a extinção dos Neandertais, que na realidade tinham uma dieta
muito diversificada e muito parecida com a dos primeiros sapiens. Racionalmente esta
suposição da diversificação da dieta alimentar dos neandertais é sustentada pelos
recentes estudos conjugados de análises isotópicas, arqueozoológicas e arqueológicas.
Os avanços científicos e tecnológicos em conjunto com o desenvolvimento de estudos
isotópicos, ajudarão no futuro a entender melhor a dieta dos caçadores neandertais.
BIBLOGRAFIA
AMBROSE, A.H.; BUIKSTRA, J.; KRUEGER, H. Status and gender differences in diet at
Mound 72, Cahokia, revealed by isotopic analysis of bone. Journal Anthropological
Archaeology, 22, p.217-226, 2003.
ANDERSON-GERFAUD, P. Aspects of behaviour in the middle paleolithic: functional analysis
of stoone tools from southwest France. In: Mellars, P. (Ed.). The Emergence of Modern
Humans: An Archaeological Perspective. Cornell University Press, Ithaca, p.389-418, 1990

11
ANTUNES, M.; SANTINHO CUNHA, A. Neanderthalian remains from Figueira Brava cave,
Portugal. Gebios, 25, p.681-692, 1992
ANTUNES, M. The Pleistocene fauna from Figueira Brava: a synthesis. In: Antunes, M. (ed).
Last Neanderthals in Portugal: odontologic and Other Evidence. Memorias da Academia das
Ciencias de Lisboa. Classe de Ciencias XXVIII, p 259–282, 2000
BALTER, V.; SIMON, L. Diet and behavior of the Saint-Césaire Neanderthal inferred from
biogeochemical data inversion. J.Human Evolution, 51, p.329-338, 2006.
BAR-YOSEF, O. Eat what is there: hunting and gathering in the world of Neanderthals and
their neighbours. International Journal of Osteoarchaeology 14, p.333-342, 2004.
BELCASTRO, M.G.; MARIOTTI, V.; TODERO, A.; FACCHINI, F.; BONFIGLIOLI, B.
Comportamenti alimentari nei Neandertaliani di Krapina. Lo studio delle fratture dentarie. In:
Facchini, F.; Belcastro, M.G. (a cura di), La lunga storia di Neandertal. Biologia e
Comportamento. Jaca Book, Milano, p. 215-238, 2009.
BIRD, D.W.; O’CONNELL, J.F. Beahavioral Ecology and Archaeology. J.Archaeol Res,14,
p.143-188, 2006.
BLASCO, R. Human consumption of tortoise at Leval IV of Bolomor Cave (Valencia, Spain).
Journal of Archaeological Science, 35, 10, p.2839-2848, 2008.
BLASCO, R.; FERNANDEZ PERIS, J; A uniquely broad spectrum diet during the Midle
Pleistocene at Bolomor Cave (Valencia, Spain). Quaternary Inernational, 252, p.16-31, 2012.
BOCHERENS, H. Isotopes stables et reconstitution du régime alimentaire des hominidés
fossiles : une revue. Bulletins et mémoires de la Société d'anthropologie de Paris, 11, 3-4, p.
261-287, 1999.
BOCHERENS, H.; BILLIOU, D.; PATOU-MATHIS, M.; OTTE, M.; BONJEAN, D.;
TOUSSAINT, M.; MARIOTTI, A. Palaeoenvironmental and palaeodietary implications of
isotopic biogeochemistry of late interglacial Neanderthal and mammal bones in Scladina Cave
(Belgium). Journal of Archaeological Science, 26, p.599-607, 1999.
BOCHERENS, H.; DRUCKER, D; Trophic level isotopic enrichment of carbon and nitrogen in
bone collagen: Case studies from recent and ancient terrestrial. International Journal of
Osteoarchaeology, 13, 1-2, p. 46-53, 2003.
BOCHERENS, H.; DRUCKER, D.; BILLIOU, D.; MOUSSA, I. Une nouvelle approche pour
évaluer l'état de conservation de l'os et du collagène pour les mesures isotopiques (datation
auradiocarbone, isotopes stables du carbone et de l'azote). L'Anthropologie, 109, 3, p. 557-567,
2005
BOCHERENS, H. Neanderthal dietary habits: review of the isotopic evidence. In: J.J Hublin
and M.P.Richards (eds.). The Evolution of Hominin diets: Integrating Approches to the Study of
Paleolithic Subsistence, p.241-250, 2009.
BOCHERENS, H. Diet and ecology of Neanderthals: Implications from C and N isotopes. In:
Conard NJ, Richter J, (eds). Neanderthal lifeways: subsistence and technology. Tübingen,
Springer, p. 73–85, 2011.
12
BORGOGNINI TARLI, S.M. A Neadertal lower molar from Fondo Cattie (Maglie, Lecce).
Journal Human Evolution, 12, pp. 383-401, 1992.
BURTON, J.H.; PRICE, T.D.; MIDDLETON, W.D. Correlation of bone Ba/Ca and Sr/Ca due to
biological purification of calcium. J. Archaeological Science, 26, 6, p. 609-616, 1999.
CHURCHILL, S.E. Bioenergetic perspective on Neanderthal thermoregulatory and activity
budgets. In: K. Harvati., T. Harrison (eds.), Neanderthal revisited :new approaches and
perspective, Springer, Dordrecht, 2007.
COCHARD, D. Les leporides dans la subsistance paleolithique du sud de la France. These de
3ème cycle, Préhistoire et Géologie du Quaternaire
Universite Bordeaux – France, 2004.
COCHARD, D.; Brugal, J.P.; MORIN, E.; MEIGNEN, L. Evidence of small fast game
exploitation in the Middle Paleolithic of Les Canalette sAveyron, France. Quaternary
International, p.1-20, 2012
CORTÉZ-SÁNCHEZ, M.; MORALES-MUÑZ, A.; SIMON-VALLEJO, M.C.; LOZANO-
FRANCISCO, M.C.; VERA-PELÁEZ, J.L; FINLAYSON, C.; RODRIGUEZ-VIDAL, J.;
DELGADO-HUERTAS, A.; JIMÉNEZ-ESPEJO, F.; MARTÍNEZ-RUIZ, F.; MARTÍNEZ-
AGUIRRE, M.A.; PASCUAL-GRANGED, A.J.; BERGADÀ-ZAPATA, M.M.; GIBAJA-BAO,
J.F.; RIQUELME-CANTAL, J.A.; LOPEZ-SÁEZ, A.; RODRIGO-GAMIZ, M.; SAKAY, S.;
SUGISAKI, S.; FINLAYSON, G.; FA, D.A.; BICHO, N.F. Earliest known use of marine
resources by Neaderthals. Plos one, 6, 9, 2011
DENIRO, M.J.; EPSTEIN, S. Influence of diet on the distribution of carbon isotopes in animals.
Geochimica et Cosmochimica Acta, 45, p.341-351, 1981.
EGOCHEAGA, J.E.; PÉREZ-PÉREZ, A.; RODRÍGUEZ, L.; GALBANY, J.; MARTÍNEZ,
L.M.; ANTUNES, M.T. New evidence and interpretation of subvertical grooves in Neanderthal
teeth from Cueva de Sidrón (Spain) and Figueira Brava (Portugal). In “Anthropologie”, 42,1,
p.49-52, 2004.
FYNLAYSON, J.C.; BARTON, R.N.E.; STRINGER, C.S. The Gibraltar Neanderthals and their
extinction. Les Premiers Hommes Modernes de la Penisule Iberique. Actes du Colloque de la
Comm. VIII de l'UISPP, p.117-122, 2001.
FIORE, I.; GALA, M.; TAGLIACOZZO, A. Ecology and subsistence strategies in the Eastern
Italian Alps during the Middle Palaeolithic. International Journal of Osteoarchaeology, 14, p.
273-286, 2004.
GAUDZINSKI, S. Monospecific or Species-dominated Faunal Assemblages during the Middle
Paleolithic in Europe. In: S. L. Kuhn and E. Hovers (ed.), Transitions Before the Transition:
Evolution and Stability in the Middle Paleolithic and Middle Stone Age, Springer, p. 137–147,
2006.
GAUDZINSKY, S; e NIVEN L. Hominin Subsistence Patterns During the Middle and Late
Paleolithic in Northwestern Europe. In: J.J Hublin and M.P.Richards (eds.) The Evolution of
Hominin diets: Integrating Approches to the Study of Paleolithic Subsistence, p.99-111, 2009,

13
GIACOBINI, G.; de LUMLEY, M.A.; YOKOHAMA, Y.; NGUYEN, H.V. Neanderthal child
and adult remains from Musterian deposit in Northern Italy (Caverna delle Fate, Finale Ligure).
J. Human Evolution, 13, 687-7, 1984.
GREEN, R.E.; KRAUSE, J.; BRIGGS, A.W.; MARICIC, T.; STENZEL, U.; KIRCHER, M.;
PATTERSON, N.; LI, H.; ZHAI, W.; HSI-YANG FRITZ, M.; HANSEN, N.F.; DURAND, E.Y.;
MALASPINAS, A.S.; JENSEN, J.D.; MARQUES-BONET, T.; ALKAN, C.; PRÜFER, K.;
MEYER, M.; BURBANO, H.A; GOOD, J.M.; SCHULTZ, R.; AXIMU-PETRI, A.; BUTTHOF,
A.; HÖBER, B.; HÖFFNER, B.; SIEGEMUND, M.; WEIHMANN, A.; NUSBAUM, C.;
LANDER, E.S.; RUSS, C.; NOVOD, N.; AFFOURTIT, J.; EGHOLM, M.; VERNA, C.;
RUDAN, P.; BRAJKOVIC, D.; KUCAN, Ž.; GUŠIC, I., DORONICHEV, V.; GOLOVANOVA,
L.V.; LALUEZA-FOX, C.; de la RASILLA, M.; FORTEA, J.; ROSAS, A.; SCHMITZ, R.W.;
JOHNSON, P.L.F.; EICHLER, E.E.; FALUSH, D.; BIRNEY, E.; MULLIKIN, J.C.; SLATKIN,
M.; NIELSEN, R.; KELSO, J.; LACHMANN, M.; REICH, D.; PÄÄBO, S; A Draft Sequence
Of The Neandertal genome. Science, 328, 710, 2010.
HARDY, B.L. Neanderthal behaviour and stone tool function at the Middle Paleolithic site of
La Quina. Antiquity, France, 78, p.547-565, 2004.
HARDY, B.L. Climatic variability and plant food distribution in Pleistocene Europe:
Implications for Neaderthal diet and subsistence. Quaternary Science Reviews, 29, p.662-679,
2009.
HEDGES, R.; STEVENES, R.; KOCK, P. Isotopes in Bones and Teeth, In: M.J. Leng (ed.),
(2005). Isotopes in Paleoenviromental Research, Springer, 10, p.117-145, 2006.
HOCKETT, B.; HAWS, J. Nutritional ecology and diachronic trends in Paleolithic diet and
health. Evolutionary Anthropology, 12, 2003, p. 211-216, 2003.
HOCKETT, B.; HAWS, J.A.Nutritional ecology and the human demography of Neanderthal
extinction, Quaternary International 137, p. 21-34, 2005.
JULIEN, A.N Chasseurs de bisons Apports de l'archéozoologie et de la biogéeochimie
isotopique à l'étude palethnographique et paléoéthologique du gisiment épigravettien
d'Amvrosieka (Ukraine). Thèse (Ph.D.) présentée à la Faculté des études supérieures de
l’Université de Montréal au Muséum National d’Histoire Naturelle, 2011.
LEE-THORP, J.A.; SPONHEIMER, M. Contributions of Biogeochemistry to Understanding
Hominin Dietary Ecology. Yearbook of Physical Antrhropology, 49, p. 131-148, 2006.
LEV, E.; KISLEV, M.E.; BAR-YOSEF, O. Mousterian vegetal food in Kebara Cave. Mt.
Carmel. Journal Archaeological Science, 32, p.475-484, 2005.
de LUMLEY, M.A Les restes humains Néanderthaliens de la brèche de Genay, Côte d'Or,
France. Anthropologie, 91, p.119-162, 1987.
de LUMLEY, H.; ECHASSOUX, A.; BAILON, S.; CAUCHE, D.; de MARCHI, M.P.;
DESCLAUX, E.; GUENNOUNI, K.; KHATIB, S.; LACOMBAT, F.; ROGER, T.; VALENSI, P.
Le sol d'occupation acheuléean de l'unite archeostratigraphique UA 25 de La Grotte du
Lazazret. Nice. Alpes-Maritimes. Edisud, aix-en-Provence, 2004.

14
MORIN, E.; LAROULANDIE, V. Presumed Symbolic Use of Diurnal Raptor by Neanderthals,
PlosOne, 7, 3: p. 1-5, 2012.
MOURER-CHAUVIRE, C. Le Baume de Vichy, In: eds Campy, M.; Chaline, J.; Vuillemey, M.
(eds.). Gallia Prehistorie XXVII suppl. p. 121-129, 1989.
NABAIS, M. Middle Palaeolithic Tortoise Use at Gruta da Oliveira (Torres Novas, Portugal).
Actas das IV Jornadas de Jovens em Investigação Arqueologica, JIA,. Faro, 1, p. 251-259, 2011.
PATOU-MATHIS, M. Neanderthal subsistence behaviours in Europe, International Journal of
Osteoarchaelogy, 10, 2000, p.379-395, 2000.
PERESANI, M.; FIORE, I.; GALA, M.; ROMANDINI, M.; TAGLIACOZZO, A. Late
Neandertals and the intentional removal of feathers as evidenced from bird bone taphonomy at
Fumane Cave 44 ky B.P., Italy. PNAS, p. 3888-3893, 2011.
PÉREZ-PÉREZ, A.; ESPURZ, V.; BERMÚDEZ DE CASTRO, J.M.; LUMLEY DE, M.A.;
TURBÓN, D. Non-occlusal dental microwear variability in a sample of Middle and Late
Pleistocene human populations from Europe and the Near East, Journal of Human Evolution,
44, p.497-513, 2003.
RICHARDS, M.P.; PETTITT, P.B.; TRINKAUS, E.; SMITH, F.H.; PAUNOVIC, M.;
KARACANIC, I. Neanderthal diet at Vindija and Neanderthal predation: the evidence from
stable isotopes, PNAS, 97, pp. 7663-7666, 2000.
RICHARDS, M.P.; PETTITT, P.B.; STINER, M.C.; TRINKAUS, E. Stable Isotopes evdence
for increasing dietary breadth in the European mid-Upper Paleolithic. PNAS, pp. 6528-6532,
2001.
RICHARDS, M.P.; JACOBI, R.; COOK, J.; PETTITT, P.B.; STRINGER, C.B. Isotope evidence
for the intensive use of marine foods by Late Upper Paleolithic humans. Journal of Human
Evolution, 49, 390-394, 2005.
RICHARDS, M.P.; TAYLOR, G.; STEELE, T.; MCPHERRON, S.P.; SORESSI, M.; JAUBERT,
J.; ORSCHIEDT, J.; MALLAYE, J.B.; RENDU, W.; HUBLIN, J.J. Isotopic dietary analysis of a
Neanderthal and associated fauna from the site of Jonzac (Charente- Maritime), France, Journal
of Human Evolution, 55, 2008, p.179-185, 2008.
RICHARDS M.P. Stable isotope evidence for European upper Paleolithic Human diets. J.J
Hublin and M.P. Richards (eds.), The Evolution of Hominin diets: Integrating Approaches to the
Study of Paleolithic Subsistence, 2009, p. 251-257.
RICHARDS, M.; TRINKAUS, E. Isotopic evidence for the diets of European Neanderthals and
early modern humans, PNAS, 106, 38, p.16034-16039,2009.
ROMANDINI, M. Analisi archeozoologica, tafonomica, paleontologica e spaziale dei livelli
Uluzziani e tardo-Musteriani della Grotta di Fumane (VR). Variazioni e continuità strategico-
comportamentali umane in Italia Nord-Orientale: i casi di Grotta del Col della Stria (VI) e
Grotta del Rio Secco (Pn). Dottorato di ricerca in Scienze e Tecnologie per l’Archeologia e i
Beni Culturali, ciclo XXIV. Univeristà degli Studi di Ferrara, 2012.

15
SHOENIGER, M.J.; DENIRO, M.J. Nitrogen and carbon isotopic composition of bone collagen
from marine and terrestrial animals. Geochimica e Cosmochimica Act, 48, p.625-639, 1984.
SORENSEN, M.V.; LEONARD, W.R. Neanderthal energetic and foraging efficiency, Journal of
Human Evolution, 40, p.438-495, 2001.
SØRENSEN, B. Energy use by Eem Neanderthals, Journal of Archaeological Science, 36, p.
2201-2205, 2009.
SORESSI, M. Pech-de-l’Azè I (Dordogne, France): nouveau regard sur un gisement musterien
de tradition acheulèenne connui depuis le XIXe siècle. In: Jaubert, J.; Bordes, J.-G.; Ortega, I.
(Eds.), Memoire XL VII, Societè Preistorique Francaise: p. 95-132, 2008.
STINER, M. Honor among Thieves: a Zooarchaeological study of Neadertal Ecology. Princeton
Univ. Press, Princeton, 1994.
STINER, M.; MUNRO, N.D; SUROVELL, T.A. The Tortoise and the Hare: Small-game Use,
the Broad-Spectrum. Evolution and Paleolithic Demography. Current Anthropology, 41, p.39–
73, 2000.
STINER, M. Small Game Use and Expanding Diet Breadth in the EasternMediterranean Basin
during the Palaeolithic. In: Brugal, J. P.; Desse, J. (eds.), Petits Animaux et Sociétés Humaines.
Du Complément Alimentaire aux Ressources Utilitaires, p. 499–513. Édition APDCA, Antibes,
2004
STRINGER, C.B.; FINLAYSON, J.C.; BARTON, R.N.E.; FERNANDEZ-JALVO, Y.;
CÁCERES, I.; SABIN, R.C.; RHODES, E.J.; CURRANT, A.P.; RODRIGUEZ-VIDAL, J.;
GILES-PACHECO, F.; RIQUELME-CANTAL, J.A. Neanderthal exploitation of marine
mammals in Gibraltar, PNAS, 105, 38, p.14319-14324, 2008.
VAN ANDEL, T. H.; DAVIES, W. Neanderthals and Modern Humans in the European
Landscape during the Last Glaciation. Cambridge, MacDonald Institute Monographs, 2003.
VOGEL, J.C.; VAN DER MERWE, N.J. Isotopic evidence for early maize cultivation in New
York State, American Antiquity, 42, 2, p. 238-242, 1977.

16

Você também pode gostar