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Estruturas em Concreto Armado

Cisalhamento – Dimens. da Armadura


Transversal

Prof. M.Sc. Antonio de Faria


Prof. D.Sc.Roberto Chust Carvalho
1
Introdução:
• Até aqui foi estudada uma viga submetida à flexão pura e, neste
caso, tem-se o momento fletor constante e a força cortante, que
pode ser expressa pela derivada do momento, é nula;
• Assim, atuam na seção transversal apenas tensões normais que
permitem equilibrar o momento fletor;
• As tensões normais são resistidas pelo concreto comprimido e
pela armadura longitudinal tracionada ( e por uma armadura
longitudinal comprimida nos casos de armadura dupla);
• Nota-se que no cálculo da armadura longitudinal, feita
anteriormente, bastou analisar as seções mais solicitadas pelo
momento fletor, sem qualquer interferência da força cortante,
valendo, portanto, a consideração de que a viga estava sujeita à
flexão pura;

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Introdução:
• Na realidade, as vigas submetidas a um carregamento vertical qualquer, com
ou sem esforço normal, estão trabalhando em flexão simples ou composta e,
nessa situação, o momento fletor é varíavel e a força cortante passa a ser
diferente de zero, surgindo na seção transversal, além das tensões normais,
as tensões tangenciais que equilibram o esforço cortante;

Tensões
Momento Fletor Esforço Cortante
Flexão atuantes na
M V = dM/dx seção

Pura Constante V=0 σ (normal)


σ (normal) e
Não-Pura Variável V≠0
τ (tangencial)

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Introdução:
• Ao contrário da situação em que pode haver flexão sem cisalhamento
(momento fletor sem esforço cortante), não é possível ocorrer casos de
cisalhamento sem flexão (esforço cortante sem momento fletor);
• Dessa forma, na flexão não-pura, juntamente com as tensões tangenciais,
sempre atuam tensões normais de flexão, formando um estado biaxial, ou
duplo, de tensões, com tensões principais de tração e compressão, em geral,
inclinadas em relação ao eixo da viga;
• É um problema bastante complexo, com mecanismos resistentes
essencialmente tridimensionais;
• No estudo do cisalhamento influem:
• Forma da seção transversal;
• Variação da forma da seção ao longo da peça;
• Esbeltez da peça (l/d) ≥ 2;
• Disposição das armaduras transversais e longitudinais;
• Aderência;
• Condições de apoio e carregamento, etc;
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Introdução:
• A consideração de (l/d) ≥ 2 é para que o estudo se resuma às peças chamadas
de vigas (a seção transversal permanece plana após a deformação), pois,
quando a relação é inferior a 2, as seções transversais sofrem um
“empenamento”, não continuando plana após a deformação;
• A estrutura com essas características passa a ser chamada de viga parede;

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Concreto II
Vigas Sujeitas à Flexão Simples
Estudo do Cisalhamento - “Analogia de Mörsch”

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Modelo de Ensaio

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Vista da viga fissurada

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Viga Sujeita à Flexão Pura
P P

αc.fcd

h fcc
z

fts
bw
l/3 l/3 l/3

+P Q=0
Esf. Cortante
-P
M.F.=Cte
Mom. Fletor
P.(l/3)

9
Idealização da Treliça de Mörsch
P P

αc.fcd

h fcc
z

fts
bw
l/3 l/3 l/3

Biela de Concreto

Mörsch idealizou a
partir desse ensaio, a
45o chamada “treliça
clássica”
A Tensão de Cisalhamento Máxima ocorre com inclinação de
aproximadamente 45o
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Idealização da Treliça de Mörsch
P P

αc.fcd

h fcc
z

fts
bw
l/3 l/3 l/3
s

z
45o α
z a s

Banzo Inferior :- Armadura Tracionada Diagonal Comprimida:- Biela de Conreto


Banzo Superior:- Concreto Comprimido Diagonal Tracionada :- Armadura Tracionada (estribo)

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Equacionamento Matemático
P P P Md
Fcc
α
B
W z h
A
45o α Fts
z a s bw

ΣMB = 0 ΣFh = 0
τod
AsA = MdB µtα =
z.Fyd Fyd.(senα + cosα).sen α
Ast
µtα =
bw.s.sen α

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Cálculo da Armadura e Verificação da Biela de Concreto Segundo
a NBR 6118:2014 – Item 17.4
• Hipóteses Básicas:
• A NBR 6118:2014 especifica no Capítulo 17, item 4, como devem ser
feitos o cálculo da armadura transversal e verificação da biela de
compressão para elementos lineares sujeitos à força cortante no estado
limite último;
• As prescrições aplicam-se a elementos lineares armados ou protendidos,
submetidos a forças cortantes, combinadas com outros esforços
solicitantes;
• Não se aplicam a elementos de volume, lajes, vigas parede e consolos
curtos, que são tratados em outros capítulos da norma;
• As condições de cálculo fixadas pela norma para as vigas baseiam-se na
analogia com o modelo em treliça, de banzos paralelos, associado a
mecanismos resistentes complementares desenvolvidos no interior da
peça e que absorvem uma parcela Vc (ou τc) da força cortante;
• Esses mecanismos correspondem ao engrenamento que ocorre entre as
partes de concreto separadas pelas fissuras inclinadas e a resistência da
armadura longitudinal que serve de apoio às bielas de concreto (efeito de
pino);
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Cálculo da Armadura e Verificação da Biela de Concreto Segundo
a NBR 6118:2014
• São admitidos dois modelos de cálculo alternativos:
• a) Modelo I: (objeto do item 17.4.2.2), em que se admite que as
diagonais de compressão sejam inclinadas θ = 450 em relação ao
eixo longitudinal da peça, e que Vc tem valor constante,
independentemente de VSd;
• b) Modelo II: (objeto do item 17.4.2.3), em que é admitido que
essas diagonais tenham inclinação diferente de 450, que pode ser
arbitrada livremente no intervalo 300 ≤ θ ≤ 450; nesse caso,
considera-se a parcela Vc sofra redução com o aumento de VSd;

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Verificação do Estado Limite Último – Cálculo da resistência
• A resistência do elemento estrutural, em uma determinada seção transversal,
deve ser considerada satisfatória quando verificadas simultaneamente, as
seguintes condições:
• Vsd < VRd2
• Vsd < VRd3 = Vc + Vsw
• Onde:
• Vsd – força cortante solicitante de cálculo, na seção;
• VRd2 – força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das
diagonais comprimidas de concreto, de acordo com os modelos
indicados em 17.4.2.2 ou 17.4.2.3;
• VRd3 = Vc + Vsw, - é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína
por tração diagonal, onde:
• Vc – parcela de força cortante absorvida por mecanismos
complementares ao de treliça;
• VSw – parcela resistida pela armadura transversal, de acordo com os
modelos indicados em 17.4.2.2 ou 17.4.2.3;
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Verificação do Estado Limite Último
• Na região dos apoios, os cálculos devem considerar a força cortante agente na
face dos mesmos;
• Para o cálculo das armaduras, em apoios diretos, com as reduções indicadas;
nos caso de apoios indiretos, essas reduções não são permitidas;
• As expressões anteriores possibilitam verificar, conhecida a taxa de armadura
transversal, se o esforço em uma seção será ou não inferior ao permitido por
norma, ou ao necessário para o funcionamento com segurança;
• Assim, bastará considerar, nas expressões anteriores, o sinal de igualdade para
determinar, por exemplo, a armadura transversal em uma determinada seção;

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Modelo de Cálculo I – 17.4.2.2

• No modelo de cálculo I, admite as diagonais de compressão inclinadas de θ 450


em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural e admite ainda que a
parcela complementar Vc tenha valor constante, independente de VSd;
• a)verificação da compressão diagonal do concreto (bielas
comprimidas);
V Rd2 = 0,27 ⋅ α v ⋅ f cd ⋅ b w ⋅ d
Com coeficiente αv, sendo fck em MPa, dado por:

 fck 
α v = 1 − 
 250 

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Modelo de Cálculo I – 17.4.2.2
• b) Cálculo da armadura transversal;
• Para o cálculo da armadura transversal, a parcela da força cortante a
ser absorvida pela armadura a partir da Equação anteriormente
definida, pode ser escrita por:
VRd3 = Vc+ Vsw

- A força cortante resistida pela armadura transversal em uma


certa seção é dada por:
 Asw 
Vsw =   ⋅ 0,9 ⋅ d ⋅ fyd ⋅ (senα + cosα )
 s 

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Modelo de Cálculo I – 17.4.2.2
• Para o valor de Vc, deve ser observado:
• Vc = 0 nas peças tracionadas quando a linha neutra se situa
fora da seção;
• Vc = Vc0 na flexão simples e na flexo-tração com a linha neutra
cortando a seção;
• Para a flexo-compressão, Vc,e dado por:

 Mo 
Vc = Vco ⋅ 1 +  ≤ 2 ⋅ Vco
 MSd, máx 

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Modelo de Cálculo I – 17.4.2.2
• Sendo nas equações anteriores:
• Vco=0,6.fctd.bw.d
f ctk, inf
f ctd =
• bw – menor γ c largura da seção, compreendida ao longo da altura útil
d;
• d – altura útil da seção, igual à distância da borda comprimida ao
centro de gravidade da armadura de tração;
• s – espaçamento entre elementos da armadura transversal Asw,
medido segundo o eixo longitudinal da peça;
• fywd – tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor fyd
no caso de estribos e a 70% desse valor no caso de barras dobradas,
não se tomando, para ambos os casos, valores superiores a 435
MPa;

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Modelo de Cálculo I – 17.4.2.2.
• α - ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo
longitudinal da peça, podendo-se tomar 450 ≤ α ≤ 900;
• Mo – valor do momento fletor que anula a tensão normal de
compressão na borda da seção (tracionada por Md,máx), provocada
por forças normais de diversas origens simultâneas com Vd, sendo
essa tensão calculada com γf e γp iguais a 0,9. Os momentos
correspondentes a essas forças normais não devem ser
considerados no cálculo dessa tensão, a menos que elas tenham
excentricidade assegurada, como no caso da protensão;
• Md,máx – é o momento fletor de cálculo máximo no trecho em
análise; por simplicidade e a favor da segurança, pode ser tomado
como o maior valor do semi tramo considerado (para esse cálculo,
não se consideram os momentos isostáticos de protensão, apenas
os hiperestáticos);

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Modelo de Cálculo II – 17.4.2.3
• No modelo de cálculo II, a resistência da peça é garantida por:
• A) Verificação da compressão diagonal das bielas de concreto;

VRd2 = 0,54 ⋅ αv2 ⋅ fcd ⋅ bw ⋅ d ⋅ sen 2θ ⋅ (cotα + cotθ )

αv2 = (1 − fck/250) Obs: fck em MPa

Cálculo da armadura transversal:

VRd3 = Vc + Vsw

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Modelo de cálculo II – 17.4.2.3
• B) Cálculo da armadura transversal
• A força cortante resistida pela armadura transversal em uma certa
seção é dada por:

 A sw 
V sw =   ⋅ 0,9 ⋅ d ⋅ f ywd ⋅ (cot α + cot θ ) ⋅ sen α
 s 

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Modelo de cálculo II – 17.4.2.3
• Para o valor de Vc (parcela de força cortante absorvida por
mecanismos complementares ao de treliça), deve ser observado:
• Vc = 0 em elementos estruturais tracionados quando a linha neutra se
situa fora da seção;
• Vc = Vc1 na flexão simples e na flexo-tração com a linha neutra cortando a
seção;

 Mo 
Vc = Vc1 ⋅ 1 +  ≤ 2 ⋅ Vc1 na flexo-compressão
 MSd, máx 

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Modelo de cálculo II – 17.4.2.3
• Tomando-se para Vc1 os seguintes valores:
• Vc1 = Vco = 0,6.fctd.bw.d, quando VSd ≤ Vco
• Vc1 = 0, quando VSd = VRd2, interpolando-se linearmente para valores
intermediários;
• O valor da inclinação θ da biela de concreto é bastante controverso
e depende, entre diversas variáveis, do tipo de carregamento
aplicado, porém segundo a norma, deve-se considerá-lo
compreendido entre 300 e 450;

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Armadura Mínima – 17.4.1.1.1

• Segundo a NBR 6118:2014, todos os elementos lineares devem conter uma


quantidade mínima de armadura transversal, dada por:

Asw fctm
ρsw = ≥ 0,2 ⋅
bw ⋅ s ⋅ senα fywk
Onde:
ρsw taxa geométrica da armadura transversal (mesmo que µtα)
Asw área da seção transversal dos estribos;
S espaçamento entre os estribos medido segundo o eixo
longitudinal da peça;
α inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal da peça;
bw largura média da alma;
fywk valor característico da resistência ao cisalhamento da armadura;
fctm é dado em 8.2.5;
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Aspectos Normativos - NBR 6118:2014 - Item 18.3.3.2
• Diâmetro das Barras dos Estribos
• O diâmetro da barra que constitui o estribo, deverá atender ao
seguintes limites:
• 5,0mm ≤ φt ≤ bw/10
• Constituição da armadura transversal
• A armadura transversal pode ser constituída por estribos e barras
dobradas;
• Se houver barras dobradas, a estas não poderá ser atribuído mais
de 60% do esforço total a absorver por armadura transversal;

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Aspectos Normativos - NBR 6118:2014 - Item 18.3.3.2
• Armadura Mínima
• O espaçamento mínimo entre estribos, medido segundo o eixo
longitudinal da peça, deve ser suficiente para permitir a passagem do
vibrador, garantindo um bom adensamento;
• O espaçamento máximo (Smáx) deve atender as seguintes condições:
• se Vd ≤ 0,67.VRd2 - Smáx≤ 0,6.d ≤ 300 mm
• se Vd > 0,67.VRd2 - Smáx≤ 0,3.d ≤ 200 mm
• O espaçamento transversal (st,máx) entre ramos sucessivos de estribos não
deverá exceder os seguintes valores:
• se Vd ≤ 0,20.VRd2 - St,máx ≤ d ≤ 800 mm
• se Vd > 0,20.VRd2 - St,máx ≤ 0,6.d ≤ 350 mm

• Sendo Vrd2 a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das


diagonais comprimidas de concreto;
• Vrd2 = 0,27.αV.fcd.bw.d, com αV = (1 – fck/250), com fck em MPa

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Cargas Próximas aos Apoios - NBR 6118-2014 – 17.4.1.2.1
• Para o cálculo da armadura transversal, no caso de apoio direto (se a carga e a
reação de apoio forem aplicadas em faces opostas do elemento estrutural,
comprimindo-a, valem as seguintes prescrições:
• A) a força cortante oriunda de carga distribuída pode ser considerada, no trecho
entre o apoio e a seção situada a distância d/2 da face de apoio, constante e igual à
desta seção;
• B) a força cortante devida a uma carga concentrada aplicada a uma distância a ≤ 2.d
do eixo teórico do apoio, pode nesse trecho de comprimento a, ser reduzida,
multiplicando-a por a/(2.d);
• As reduções indicadas acima, não se aplicam à verificação da resistência à
compressão diagonal do concreto;
• Nos casos de apoios indiretos, essas reduções também não são permitidas;

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Redução do Esf. Cort. no apoio
q (kN/m)

viga

b
V pilar
Vr

V
b+d
Vr = V - q ⋅  
 2 
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