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60 ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE

Indicadores de avaliação da inserção de


pessoas com deficiência intelectual na Rede
de Atenção Psicossocial
Indicators for assessing the integration of people with intellectual
disabilities in Psychosocial Care Network

Luciana Togni de Lima e Silva Surjus1, Rosana Teresa Onocko-Campos2

RESUMO O artigo apresenta indicadores para avaliação da inserção de pessoas com deficiência
intelectual na Rede de Atenção Psicossocial, construídos de forma participativa junto a pro-
fissionais de serviços de saúde mental. Os resultados indicam prévias barreiras de acesso aos
Centros de Atenção Psicossocial quando da constatação da deficiência; itinerários marcados
pela institucionalização, tendo a internação como o primeiro acesso ao tratamento; e menor
investimento em discussões sobre projetos terapêuticos pelas equipes de cuidado. Os indica-
dores propostos se apresentam como um dispositivo de revelação da necessária problemati-
zação da atenção psicossocial às pessoas com deficiência intelectual.

PALAVRAS-CHAVE Avaliação em saúde. Indicadores. Saúde mental. Deficiência intelectual.

ABSTRACT The article presents indicators to assess the inclusion of people with intellectual di-
sabilities in Psychosocial Care Network, built with the participation of the mental health service
professionals. The results indicate the existence of previous barriers of access to mental health
services when the finding of disability; of itineraries characterized by institutionalization, which
take admission as the first access to treatment; and of lower investment in discussions on the-
rapeutic projects by care teams. The proposed indicators are presented as a knowledge device
of the necessary questioning of the psychosocial care to be addressed to people with intellectual
disabilities.

KEYWORDS Health evaluation. Indicators. Mental health. Intellectual disability.

1 Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp)
– Santos (SP), Brasil.
lucianasurjus@gmail.com

2 UniversidadeEstadual
de Campinas (Unicamp),
Faculdade de Ciências
Médicas (FCM) –
Campinas (SP), Brasil.
rosanaoc@mpc.com.br

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 41, N. ESPECIAL, P. 60-70, MAR 2017 DOI: 10.1590/0103-11042017S06
Indicadores de avaliação da inserção de pessoas com deficiência intelectual na Rede de Atenção Psicossocial 61

Introdução governamentais (MARTORELL ET AL., 2008).


Embora não constituída claramente
Segundo Minayo (2009), indicadores cons- como uma questão a ser problematizada
tituem-se de expressões, tanto numéricas, no Brasil, dois censos da população mora-
simbólicas ou verbais para medir, estabe- dora de hospitais psiquiátricos brasileiros
lecer parâmetros, ou revelar algum aspecto mostraram grande número de PCDI in-
sobre um fenômeno. ternadas. Nos estados do Rio de Janeiro
Ainda é restrita a construção de indica- (GOMES ET AL., 2002) e São Paulo (BARROS; BICHAFF,
dores em saúde mental quando comparada 2008), tal população configurou-se como
a outras áreas da saúde, seja pela dificulda- o segundo maior percentual por catego-
de em estabelecer consensos para defini- ria diagnóstica entre os moradores de
ção de parâmetros seja pela complexidade hospitais psiquiátricos – 26,4% e 30,5%,
do próprio objeto, constituído de questões respectivamente, superado somente pelas
subjetivas, de delicada objetivação e siste- psicoses.
matização requerida por um processo ava- Em pesquisa avaliativa dos Caps de
liativo (ONOCKO-CAMPOS; FURTADO, 2006; FURTADO Campinas (SP) (ONOCKO-CAMPOS; FURTADO,
ET AL., 2013). 2006), evidenciou-se a necessidade de
Na última década, tem sido possível melhor compreender o fenômeno da in-
acessar algumas sistematizações de pro- serção de PCDI nos Caps III, que, apesar
cessos avaliativos (OLIVEIRA ET AL., 2014) com de não ser reconhecidas como demanda
foco nos serviços da Rede de Atenção adequada à estruturação daqueles servi-
Psicossocial (Raps) (BANDEIRA, 2002; KANTORSKY ços, já configuravam naquele momento o
ET AL., 2009), como os Centros de Atenção terceiro maior percentual da população
Psicossocial (Caps) (WETZEL, 2005; SURJUS; atendida, por categorias diagnósticas, per-
ONOCKO-CAMPOS, 2011; GLANZNER, 2011; PITTA ET AL., fazendo um total de 8,3%.
2015); Serviços Residenciais TerapêuticoS No que concerne a estudos interna-
(FURTADO, 2006); serviços da Atenção Primária cionais recentes, estima-se que mais de
à Saúde; bem como no uso de medica- um terço das PCDI apresentem concomi-
ção psiquiátrica (ONOCKO-CAMPOS ET AL., 2012; tantemente diagnósticos de transtornos
ONOCKO-CAMPOS, 2012). Alguns dos estudos mentais, prevalência que vem justifican-
mais recentes baseiam-se nas abordagens do o debate internacional sobre o tema
avaliativas de quarta geração (GUBA; LINCOLN, (COOPER ET AL., 2006; COSTELLO; BOURAS, 2006;
2011), cujo diferencial estaria na estrutura- PICKARD; AKINSOLA, 2010; SALVADOR-CARULLA ET AL.,
ção de processos inclusivos e participati- 2000; SURJUS; ONOCKO-CAMPOS, 2014).
vos (FURTADO, 2001; WETZEL, 2005; ONOCKO-CAMPOS; Assim, o estudo aqui descrito se de-
FURTADO, 2006; KANTORSKY ET AL., 2009). senvolveu com o objetivo de construir
Com relação às pessoas com deficiência indicadores que possam contribuir para a
intelectual (PCDI), são escassas as infor- avaliação e monitoramento da inserção de
mações brasileiras sobre dados epidemio- PCDI na Raps.
lógicos, condições de emprego, saúde e
inclusão social, estando tais dados mais
voltados aos processos de inclusão escolar. Metodologia
Os poucos estudos existentes revelam
uma realidade de exclusão, abuso, negli- Como subprojeto da ‘Pesquisa avaliativa de
gência e institucionalização em hospitais saúde mental: indicadores para avaliação
psiquiátricos, muitos deles em condi- e monitoramento dos Caps III do estado
ções precárias e operadas por órgãos não de SP’, este artigo tomou como campo os

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municípios que dispunham de Caps tipo III Estado de São Paulo (Unifesp), constituin-
(Caps III), com funcionamento 24 horas, no do dois campos de execução concomitan-
estado de São Paulo em 2011. Esta pesquisa te, envolvendo alunos e docentes de cursos
foi financiada pela Fundação de Amparo à de graduação e pós-graduação em saúde
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) coletiva, além de professores convidados.
por meio do Edital Fapesp ‘Pesquisa para o Como a pesquisa aqui tratada parte
SUS: gestão compartilhada em saúde’, pro- de indicadores, analisadores e dispositi-
cesso: 2009/53130-3. vos de avaliação construídos em pesqui-
A efetiva inserção e participação de sa anterior (ONOCKO-CAMPOS; FURTADO, 2006),
atores sociais em contextos de pesquisa esse material foi tomado como organiza-
vem sendo valorizada de forma crescen- dor do planejamento do curso por seus
te. No campo da avaliação de serviços, eixos temáticos – Concepção de Caps,
não somente os de saúde, há ainda desa- Gestão, Atenção à Crise, Formação de
fios em garantir tal participação, vista a Profissionais, Práticas Grupais e Projeto
diversidade de atores a serem envolvidos Terapêutico, acrescidos de outros temas
e a própria validação e apropriação pelo que se revelaram críticos e pouco apro-
poder público dos resultados que vêm fundados naquele momento – Trabalho no
sendo produzidos por estudos realizados Território, Deficiência Intelectual (DI),
sob tais perspectivas. Utilização de psicofármacos e estratégia
Com essa preocupação, a experiência da Gestão Autônoma da Medicação (GAM),
aqui apresentada desenvolveu-se a partir Residências Terapêuticas e Reabilitação
da proposição de um curso sobre ava- Psicossocial ou Recovery. Assim, ao longo
liação de serviços de saúde mental que do curso, o tema da avaliação foi tomado
propiciasse espaços de assimilação de de forma direta em alguns momentos e de
conceitos e referenciais e de produção de forma transversal, perpassando os eixos
saberes sobre a própria prática, visando elencados a compor a programação.
à criação de instrumento de avaliação a Cada município indicou dois partici-
partir do diálogo direto com profissionais pantes por Caps III, reservando-se uma
e gestores dos Caps III em um espaço de vaga para o coordenador do equipamento.
formação, que permitisse certificação aos Solicitaram-se, também, vagas para arti-
participantes. Além disso, a metodologia culadores de saúde mental das Diretorias
proposta incentivou a ativação de outros Regionais de Saúde (DRS) e realizou-se
atores, como usuários dos serviços e suas processo de seleção quando havia mais
famílias, das equipes de maneira mais am- pessoas a serem indicadas do que as vagas
pliada, além de outros serviços e atores do que foram disponibilizadas. Participaram,
território onde se inseriam os profissio- no total, 50 profissionais e gestores de
nais (FURTADO ET AL., 2013). todos os Caps III do estado de São Paulo,
O curso com duração de um ano que, naquele momento, possuía 26 ser-
abordou questões centrais dos processos viços em funcionamento com atividades
avaliativos, incorporando temas próprios 24h, sendo seis na cidade de Campinas,
aos Caps identificados em estudo anterior, cinco em Santos, três em Santo André,
que se voltou para avaliação desses servi- dois em Casa Branca, três em Diadema,
ços na cidade de Campinas (ONOCKO-CAMPOS, um em Jundiaí, um em Barretos, um
2006; SURJUS; ONOCKO-CAMPOS, 2011). O curso em Santa Rita do Passa Quatro, um em
foi organizado e realizado em parceria Ribeirão Preto, um em São Vicente, um em
da Universidade Estadual de Campinas Rio Claro, e dois na cidade de São Paulo.
(Unicamp) com a Universidade Federal do Apenas um Caps recusou-se em participar.

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Os serviços foram distribuídos sob o A problematização da interface entre os


critério de regionalização, compondo os campos da DI e da saúde mental foi pro-
núcleos de trabalho da seguinte forma: posta a partir da apresentação de experi-
em Campinas, representantes dos Caps III ências prévias em cenários de práticas e de
da própria cidade e daquelas de Ribeirão pesquisa que justificavam tal necessidade,
Preto, Santa Rita do Passa Quatro, corroboradas pelos achados de revisão
Bebedouro, Barretos, Casa Branca, Jundiaí hermenêutica da literatura (ONOCKO-CAMPOS;
e Rio Claro; em Santos, representantes dos FURTADO, 2006; SURJUS; ONOCKO-CAMPOS, 2011).
serviços da própria cidade, além daque- A revisão foi apresentada aos partici-
las de São Vicente, São Paulo, Diadema, pantes em exposição dialogada, a cada
Guarulhos, Santo André e São Bernardo núcleo da pesquisa. A discussão e análise
do Campo. aprofundada do tema, bem como a cons-
A metodologia utilizada no curso per- trução de indicadores, ocorreu por meio de
mitiu especial qualificação dos atores en- Grupos de Apreciação Partilhada (GAP):
volvidos na elaboração dos indicadores,
ofertando subsídios para maior domínio de Os GAPs surgem da constatação de que um
conceitos centrais a processos avaliativos programa ou serviço não pode ser reduzido
e participativos. Dessa forma, a pesquisa aos documentos escritos ou ao que foi pre-
favoreceu a apropriação da linguagem que conizado por aqueles que os conceberam ou
a sustentou, gerando expectativa concreta gerenciam, mas que outras fontes devem ser
de utilização dos produtos que foram co- consideradas, incluindo a palavra que circula
produzidos. Os profissionais envolvidos de maneira informal, não deixando rastro de-
retornavam aos seus serviços desenvol- finido. (FURTADO ET AL., 2013, P. 106).
vendo debates e reflexões com os demais
trabalhadores, usuários e familiares com Esse dispositivo desenvolvido no
o objetivo de identificar os critérios que âmbito das ações de autoavaliação e forta-
poderiam ser utilizados na avaliação dos lecimento de organismos comunitários no
serviços. Para tanto, reuniões de equipe e Canadá e no Brasil (LAPERRIÈRE; ZÚÑIGA, 2007)
assembleias gerais dos serviços serviram vem sendo utilizado em pesquisas avalia-
de campo de reverberação e contribuição tivas qualitativas com vistas a aumentar a
do e para o processo. participação e envolvimento de diferentes
Sendo um dos eixos temáticos da grupos de interesse, produzindo, assim,
citada investigação (FURTADO ET AL., 2013; processos avaliativos que sejam apropria-
SURJUS; ONOCKO-CAMPOS, 2011), o tema da DI foi dos e apropriáveis pelos principais atores
tratado a partir da metodologia do curso, envolvidos com os serviços em questão,
que incluía atividades de imersão em processo favorecido por relações mais
campo em cada uma das cidades envolvi- horizontais e colaborativas com os ava-
das. Nessa temática específica, as ativida- liadores externos – por vezes, geradores
des consistiram da identificação da rede de desconfiança e de inibição do grupo
de atenção às PCDI na região de abran- a ser ‘avaliado’, tendo como consequên-
gência dos serviços, visitação de uma das cia respostas estereotipadas ao que seria
instituições e realização de análise crítica ‘desejável’(FURTADO ET AL., 2013).
sobre a inserção de PCDI nos Caps. Tais As exposições aconteciam no período
atividades produziram um mapeamento da manhã, e no período da tarde eram rea-
preliminar acerca das instituições desig- lizados os GAP, no qual os participantes se
nadas para atendimento nas cidades en- dividiam em pequenos grupos; houve seis
volvidas no curso. grupos no total, sendo três em Campinas

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e três em Santos. Todos os GAP contaram para a construção de indicadores respec-


com um condutor e um relator fixos por tivos aos eixos temáticos predefinidos.
grupo, entre professores universitários, O material era reapresentado aos grupos
doutorandos, mestrandos, graduandos em no início do encontro seguinte para sua
iniciação científica. validação.
Os GAP foram operados de maneira que No eixo DI o curso provocou, por meio
cada participante compartilhasse a sua ex- da atividade de dispersão, a visitação e
periência acerca de atividades de imersão o mapeamento das instituições voltadas
planejadas de maneira antecipada a cada ao atendimento de PCDI, a análise da
discussão teórica, propiciando diálogo demanda e o acolhimento nos Caps, como
teórico-prático, produzindo uma síntese mencionado, e a proposição de indicado-
coletiva do dia. Todas as discussões foram res sob essa especificidade.
registradas pelo relator em arquivo visível A sistematização dos GAP ocorreu de
a todos os participantes, aberto a altera- forma conjunta com os participantes,
ções para que ficassem mais fidedignos ao sendo seus núcleos argumentais categori-
entendimento do grupo, sendo validados zados. Tal sistematização gerou algumas
no encontro posterior. questões que foram, então, alvo de priori-
Esse material foi processado pelos pes- zações, gerando os indicadores iniciais ao
quisadores com base nos eixos: consensos, debate numa grande oficina de criação de
dissensos ou proposições que levassem a consenso, da qual emergiram os indicado-
critérios, dimensões ou pistas voltadas res propostos (quadro 1).

Quadro 1. Indicadores propostos

Nome do Indicador Definição Interpretação Fonte de Dados Período Método de Cálculo

Inserção do usuário - triagem


Número total de usuários com
com Deficiência Inte- - censo
Inserção do Mede a acessibilidade DI inseridos no Caps
lectual (DI) no Centro - Registro das Ações
usuário com DI do usuário com DI ao Semestral
de Atenção Psicosso- Ambulatoriais de Número de usuários com
no Caps Caps
cial (Caps) Saúde (RAAS) diagnóstico de DI encaminha-
- prontuário dos ao Caps
Projetos Terapêuticos Corresponsa- Mede a construção - prontuário Semestral Quantidade de usuários com
Individuais (PTI) bilização pelo coletiva de PTI dos - registros de reuniao DI que têm PTI compartilhado
de usuários com DI atendimento ao usuários com DI de equipe e/ou mini com instituições que atendem
compartilhados usuário com DI inseridos no Caps equipe (equipe de a pessoas com diagnóstico
(construção de referência) de DI
rede especiali-
zada) Quantidade de usuários com
DI inseridos no Caps
Moradores de Ser- Proporção de Mede a especificidade - censo das moradias Anual Número de usuários com DI
viços Residenciais Moradores SRT de trabalho em SRT a - censo dos Caps Obs: Nem todas as residentes em SRT/anual
Terapêuticos (SRT) com DI partir da presença de - RAAS unidades têm SRT
com DI moradores com DI Número de usuários residen-
tes em SRT/anual

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Resultados e discussão de teorias religiosas e místicas, acabaram


por produzir nos serviços posturas pre-
O desenho do estudo realizado, que a um dominantemente protetoras e modelos
só tempo fez operar ensino, pesquisa e ex- educativos inevitavelmente infantiliza-
tensão, mostrou-se bastante apropriado aos dores, influenciados pela cultura médica
objetivos traçados, gerando em ambos os marcada pelo ideal da reabilitação em
campos – Campinas e Santos – boa assiduida- lugares específicos, com o intuito de uma
de, interesse e envolvimento dos participan- hipotética e futura cura (LEPRI, 2012).
tes. As tarefas de imersão foram cumpridas Durante os debates nos GAP, explici-
com empenho, e houve alguma dificuldade taram-se sensíveis dúvidas em relação
na realização das leituras propostas. Houve à pertinência da inclusão das PCDI nos
também efeitos de movimento e reflexão nas Caps, relegando o acesso ao serviço à sen-
equipes dos serviços envolvidos, a partir dos sibilidade do profissional destacado para
temas propostos. Revelando-se, assim, tanto o acolhimento inicial do dia. Em alguns
o curso como a pesquisa, um espaço estraté- serviços, o fato dos profissionais se de-
gico de oferta à saúde mental de aporte de pararem com a questão da deficiência,
saberes acumulados na saúde coletiva para a parece antecipar a negativa da inserção
construção de avaliação de serviços. nos serviços, antes mesmo de avaliação
Acreditamos que tal desenho resgate o mais qualificada dos motivos pelos quais
sentido de coletividade, propiciando aos foram acessados.
trabalhadores conhecer as diferenças e De outro lado, em algumas instituições
semelhanças entre serviços das diversas de apoio às PCDI, os problemas de saúde
regiões do estado de São Paulo, dos quais mental são apontados como critério de
esperávamos encontrar mais em comum exclusão ao acesso, chegando tal infor-
que a absoluta diversidade compartilhada mação a constar em protocolos vigentes.
de suas práticas. É flagrante, porém, que a descrição dos
O mapeamento das instituições de apoio casos que chegam aos Caps revela preo-
às PCDI durante a imersão em campo ex- cupante a inversão do percurso proposto
plicitou uma oferta de serviços compos- na estruturação da Raps a partir da Lei
ta, em sua totalidade, por instituições de nº 10.216/2001, onde a internação seria
caráter filantrópico, educacional especial, recurso último a ser acionado.
pouquíssimo variada, sendo composta por Evidenciou-se que muitas das PCDI
associações de familiares e única insti- têm, ainda hoje, a internação em hospi-
tuição pública presente no mapeamento tais psiquiátricos como primeira oferta
voltada para longa permanência, eviden- no campo da saúde mental, sendo justifi-
ciando, ainda, lacuna de diretrizes políti- cadas por graves situações que envolvem
cas e um cenário fragmentado, de poucas ausência total de suporte para as famílias
articulações (SURJUS; ONOCKO-CAMPOS, 2013). e a completa exclusão das possibilidades
Cabe ressaltar que essa perspectiva de convívio social. Relata-se a recorrência
se consolidou mundialmente a partir de de situações de abuso e a importante vul-
mudanças advindas da Segunda Guerra e nerabilidade social das pessoas atualmen-
do nascimento do Estado social, quando te inseridas nos Caps. É percebida como
surgem as associações de famílias que se recente pelos participantes a chegada de
propõem a tutelar os parentes com defici- casos oriundos dos Caps infanto-juvenis.
ência e a administrar serviços específicos. A lógica substitutiva ao modelo asilar,
Não obstante o fato de tais movimentos se que tem nos Caps a expectativa de articu-
constituírem em propulsores de superação lador da Raps, fica em suspenso quando

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a insegurança dos profissionais, justifi- loucura e idiotia ou retardamento mental,


cada pelo vazio assistencial de serviços foi também o que abriu de vez as portas
de referência para DI, não lhes permite dos manicômios às PCDI (FOUCAULT, 2006).
vislumbrar parceiros para tal atenção, Data da década de 1990, no entanto, a
explicitando preocupações de que o Caps consolidação de um modelo de compreen-
não reproduza segregação social. Porém, são biopsicossocial, inspirado em experi-
por vezes ficou nítido o movimento, an- ências exitosas próprias da superação dos
terior ao acolhimento dessa população manicômios e de instituições educacionais
nos Caps, de ações restritas ao esforço de especiais que concebe a deficiência como
identificação das instituições para as quais resultante de múltiplas dimensões – bio-
encaminhar essa população, havendo pou- médicas, psicológicas, sociais, culturais
quíssima crítica a esta cultura. e políticas – relacionadas entre si (LEPRI,
O estudo de Montobbio e Lepri (2008) 2012). Tais dimensões foram materializa-
reflete os efeitos da manutenção de das pela Classificação Internacional de
concepções cristalizadas e da oferta de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
espaços artificiais sob a intenção de in- (CIF) (WHO, 2001) e pela Convenção das
tegração, e o consequente reforço de as Nações Unidas sobre os Direitos das
PCDI serem condenadas à infantiliza- Pessoas com Deficiência (BRASIL, 2009), e que
ção eterna. Reflete o mundo do trabalho ainda não encontraram suficiente apro-
formal como a única forma consistente de priação pelos profissionais atuantes no
produzir, a um só tempo, os processos de campo da atenção psicossocial.
emancipação das PCDI e a mudança da re- Muitos países desenvolvidos têm transi-
presentação social a respeito de perspecti- tado de um modelo de grandes instituições
vas futuras para essa população. e casas de saúde para ambientes menores
A reprodução da percepção estereo- dentro da comunidade, juntamente com
tipada acerca das necessidades de uma o crescimento do movimento de vida in-
PCDI somente foi revisitada pelo grupo dependente. Países como a Noruega e a
de profissionais participantes quando re- Suécia, e outros do leste europeu, já supe-
conhecem sintomas associados à categoria raram abordagens predominante baseadas
de doenças mentais. Contudo, a inserção nas instituições, implantando serviços de
dessa população nos Caps tem se restrin- cuidados comunitários, incluindo centros
gido aos espaços de convívio, sem grandes de tratamento diurnos, adotando suporte
investimentos para discussão dos casos domiciliar para pessoas com deficiência
em reuniões de equipe ou construção de decorrente de processos de desinstitucio-
Projetos Terapêuticos Singulares (PTS) nalização, promovendo, também, a descen-
(SURJUS; ONOCKO-CAMPOS, 2013). tralização da gestão para governos locais e
Reconhecemos que não é raro, em pro- a expansão e diversificação dos serviços
cessos de mudanças paradigmáticas, a sociais e dos prestadores de serviço, o que,
coexistência contraditória de diferentes no Brasil, fica mais evidente nas propostas
perspectivas acerca das ofertas de apoio e da Raps do que no campo da deficiência.
cuidado tanto às pessoas com deficiência Alguns profissionais dos Caps reco-
como às pessoas com transtornos mentais, nhecem, no entanto, que a população
dentre concepções caritativas ou tutela- com DI já se encontra sob o cuidado
res, criminalizantes e biomédicas (LEPRI, nos Caps, lançando mão de estratégias
2012; FOUCAULT, 2006). Vale lembrar que, pa- como grupos específicos para efetivar
radoxalmente, no período no qual mais se propostas mais adequadas, avaliando os
avançou em distintas classificações entre ganhos relacionais a partir da inserção

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no serviço, ofertando também suporte às ponderando que pudéssemos transpor, na


famílias e problematizando junto a elas ausência de estudos similares, a estimati-
o que esperam como bons resultados. Há va de 40% oriunda de pesquisas acerca da
também a identificação de recentes buscas prevalência de problemas de saúde mental
de parcerias com as instituições para DI das PCDI, o primeiro indicador proposto
para ações voltadas aos egressos de hospi- teve o intuito de produzir uma aproxima-
tais psiquiátricos, moradores dos Serviços ção mais qualificada quanto às demandas
Residenciais Terapêuticos (SRT). desta população, potencialmente produ-
Consideramos exitoso, frente a tantas zindo novas evidências. Para tanto, propõe
dimensões emergentes no percurso for- o registro, de tais dados, favorecendo que a
mativo proposto, que, numa pauta inédita, equipe melhor compreenda e avalie as ne-
três indicadores tenham sido priorizados cessidades de busca pelo serviço, permi-
acerca da temática da deficiência dentre tindo maior conhecimento da realidade, e
os 17 elaborados ao todo, incluindo os produzir informações que possam promo-
diversos temas trabalhados na pesquisa ver futuros estudos comparados.
avaliativa; quantitativamente, este tema A inclusão das residências terapêuti-
foi equivalente à importância dada, por cas como locus de mapeamento de PCDI
exemplo, ao eixo ‘projeto terapêutico’. na Raps decorreu da constatação que uma
parte importante da população em proces-
so de desinstitucionalização, muitas vezes,
Conclusões distanciada do próprio cuidado no Caps,
tem DI, fato que raramente é levado em
Apesar de não abarcar todas as vertentes a consideração na proposição de projetos de
serem exploradas, acreditamos que os indi- cuidado e inclusão. Aqui, propomos que
cadores priorizados aqui apresentam poten- a partir do monitoramento do indicador
cial de evidenciar a gestores e profissionais construído no intervalo de tempo propos-
a relevância da questão, tirando da invisi- to, as equipes possam, além do conheci-
bilidade e do silenciamento a que tem sido mento das necessidades específicas dos
reduzida com o objetivo de contribuir para moradores, produzir informações acerca
o aprofundamento necessário à estruturação da ampliação do acesso dessa população
de respostas mais adequadas e efetivas. aos processos de desinstitucionalização
De fato, a problematização provocada desencadeados.
no curso foi, para a grande maioria dos Quanto à possibilidade de parceria com
participantes, o primeiro momento de as instituições de apoio para PCDI, um
contato com a temática da atenção psicos- dos indicadores foi proposto com o obje-
social às PCDI, gerando consenso sobre tivo de evidenciar a falta de suporte social
a necessidade de evidenciar e desnatu- das famílias, bem como impulsionar os
ralizar a chegada, a inserção e o cuidado Caps a buscar parcerias desconhecidas
dessas pessoas na Raps. A constatação e talvez subaproveitadas pelo território.
do percurso de institucionalização nos Propomos que, em relação a tal indicador,
hospitais psiquiátricos reafirma a respon- se promova a aproximação entre a maior
sabilidade do Caps como articulador de parte dos casos sendo acompanhados, em
uma rede substitutiva ao modelo asilar. parceria com a rede de cuidados à pessoa
Contudo, frente a uma problematização com deficiência.
tão inicial, optamos por não definir um pa- Durante o processo do curso, percebe-
râmetro ao que seria esperado em termos mos que a possibilidade de trocas entre os
de inserção das PCDI nos Caps. Mesmo atores das diferentes unidades repercutia

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imediatamente no cotidiano dos servi- avaliativos cresceram.


ços. Formas de lidar com determinadas Podemos afirmar que a complexidade do
questões, modos de organização e gestão desenho da pesquisa foi uma exitosa estra-
das práticas, bem como possibilidades de tégia para a efetivação da participação dos
operar a clínica, eram partilhadas, sendo diferentes atores, constituindo-se tanto
o aprendizado em processo multiplicado em espaço de geração de informações para
pelos participantes, com relatos de im- a pesquisa como em fórum de discussão,
portantes mobilizações e mudanças pro- apropriação e intervenção sobre o curso
vocadas pelo desenho proposto. Assim, da organização dos serviços, no interior
pudemos verificar uma postura proati- do qual se pode lançar mão de diferentes
va dos profissionais participantes, mais possibilidades de fomento de debate e
atentos ao contexto de suas práticas, às interação grupal. Nosso estudo evidencia
demandas e problematizações acerca das também que profissionais e gestores da
necessidades psicossociais das PCDI. saúde mental podem construir indicado-
Nos GAP, da mesma forma, os encon- res e consensos se bem apoiados por uma
tros serviram como momento para maior metodologia adequada e participativa.
conhecimento e reflexão sobre a própria
configuração da rede substitutiva em
cada território ou município. Quando, por Colaboradores
exemplo, compartilhavam os equipamen-
tos que compunham a rede de cuidados à Ambas as autoras contribuíram da mesma
DI, vários participantes surpreenderam- forma para a concepção, planejamento,
-se ao ‘descobrirem’ outros serviços que elaboração e revisão crítica do artigo, bem
poderiam compor o cuidado ampliado a como aprovaram a versão final do manus-
essa população, gerando outras potências crito. Este texto é parte integrante da tese
no processo de trabalho e propostas clíni- de doutorado de Luciana Togni de Lima e
cas. A percepção crítica acerca dos Caps Silva Surjus, cuja organização se deu por
e os desdobramentos a partir de olhares um conjunto de artigos. s

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