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José Cruz

ISPAB - Instituto Superior de Paços de Brandão


Curso de Marketing Publicidade e Relações Publicas
Disciplina: Codificação e Estilo Jornalístico

Artigo de Analise

É um texto que tem por base uma opinião referente a um determinado tema
que é escrito por um cidadão especialista na área e não obrigatoriamente por
jornalista e que tem como função principal dar a sua opinião e decompor ou
interpretar (esmiuçar) do tema escolhido parapara falar, por norma os artigos de
analise são da total responsabilidade dodo seu autor e não do jornal, revista,
re
rádio, televisão ou outro meio.

Este tipo de texto (artigo de analise) não tem regras


regra especificas
ficas ás quais o
autor se tenha de agarrar mas sim uma total liberdade
li de dizer bem ou mal
em conformidade com a sua interpretação do assunto a analisar.

Exemplo:

Mudar
udar a cultura, mudar as mentalidades

26.04.2011 - 12:57 Por Paulo Trigo Pereira

1. Mudar a cultura e as práticas orçamentais. Portugal tem tido, desde o 25 de Abril


de 1974, a cultura do défice orçamental virtuoso,
virtuoso, o que em parte explica que nos 37
anos passados não tenhamos tido um excedente orçamental.

Se não há restrições externas fortes, o défice cresce imparável, até que a ameaça de
insolvabilidade apareça. Se há restrição de défice inferior a 3 por cento
cento do PIB, aponta-
aponta
se para aí. Claro que basta um orçamento feito de forma mais optimista, ou uma
conjuntura económica mais desfavorável, para o défice disparar.

A cultura orçamental tem pois de mudar. Primeiro, há que resolver o problema da dívida
com a existência
xistência de excedentes orçamentais, e depois ter uma estratégia de longo prazo
de equilíbrio das finanças públicas sempre que a economia se situar no seu nível de
tendência. A ideia do Pacto de Estabilidade e Crescimento é a de que os países façam
políticas expansionistas (de corte de impostos ou aumento de despesa) em situação de
recessão, mas que tenham folga orçamental para o fazer, pelo que em condições
normais deverão ter as contas equilibradas.

Há muito tempo que defendemos um acordo político numa trajectória de consolidação


orçamental, pois só excedentes orçamentais permitem reduzir a dívida sem recurso a
privatizações. E se hoje há algo a privatizar, no futuro não haverá. Esse acordo será
agora implementado sobre a égide da CE-BCE-FMI. Aos que se eximem a esse acordo,
por motivos eleitorais e ideológicos, exige-se que clarifiquem a sua posição e as suas
alternativas. Sobretudo é deveras demagógico dizer que o acordo com a troika agravará
a recessão, pois é claro que a agravará. Nao é possível ter "sol na eira e chuva no nabal".
Isto aconteceria com efeitos não-keynesianos da política orçamental, que são deveras
raros, ou seja, um efeito positivo no produto de curto prazo com uma política de subida
de impostos e corte da despesa (contracionista). Pelo contrário, o acordo actual terá
efeitos recessivos, sendo necessário que incorpore medidas de estímulo ao crescimento
e emprego que os atenuem.

2. Qual o ponto de partida e qual o objectivo?

Para se perceber o ponto de partida da situação financeira, convém olhar para os dados
da tabela 1 que mostram as necessidades de financiamento das administrações públicas.
Convém relembrar que o Eurostat, em colaboração com o INE, decidiu rever em alta o
défice (e a dívida) das administrações públicas, ao incorporar também o Metro de
Lisboa, o Metro do Porto e a Refer no perímetro das administrações públicas em
contabilidade nacional (CN). Assim, a dívida pública terá atingido, em 2010, 92,4 por
cento do PIB. Verifica-se que apenas os défices de 2009 e 2010 contribuíram para o
agravamento da dívida em cerca de 32 milhões de euros, ou seja, 18,5 por cento do total
da dívida pública foi contraída apenas nestes dois anos.

Porém, para uma correcta monitorização e debate público em torno da execução


orçamental, seria conveniente que o Ministério das Finanças actualizasse os dados de
base estimados para o cálculo do défice orçamental em 2011 em contabilidade pública
(CP), pois é precisamente de acordo com essas regras que são fornecidos os dados nos
boletins de execução orçamental (BEO) e é a partir desses dados que o INE calcula a
estimativa para o défice (em CN). Se em anos anteriores, os saldos orçamentais nas duas
ópticas (CN e CP) não eram muito diferentes, em 2009 e 2010 eles são
significativamente díspares.

Se o ponto de partida para a avaliação das finanças públicas em 2010 é claro, já o


mesmo não acontece com o objectivo relativo a 2011. Os dados oficiais do INE (PDE)
não contêm estimativas, nem para a administração regional e local, nem para a
Segurança Social, da passagem de CP para CN, pelo que não existe verdadeira
fundamentação metodológica para o valor do défice apresentado em CN pelo INE.
Claro que o INE só trabalha os dados que possui. Em resumo, para se avaliar da
execução orçamental em 2011, seria útil que o Ministério das Finanças actualizasse o
quadro das estimativas das administrações públicas (em CP) para 2011, e que
apresentou em Outubro de 2010, aquando do OE2011.

3. Os dados da execução (Janeiro a Março)


Não tendo um objectivo claro e mais exacto para os saldos dos vários subsectores (em
CP), resta utilizar os dados das previsões constantes do OE2011 (ver tabela 2). O
objectivo de redução do défice do subsector Estado (sem a despesa extraordinária dos
submarinos) é de cerca de 2,7 mil milhões de euros e no primeiro trimestre foi já de 1,5
mil milhões, ou seja, cerca de 56 por cento deste objectivo. Mesmo retirando o efeito
dos juros (saldo primário), pode ver-se que 35,9 por cento do objectivo de consolidação
foi alcançado, o que é claramente positivo.

Outro resultado positivo, embora menos significativo, é a Segurança Social, onde se


espera uma diminuição do excedente orçamental de 2010, mas onde no primeiro
trimestre houve uma melhoria em relação ao período homólogo do ano anterior. Os
fundos e serviços autónomos estão a ter uma execução em linha com aquilo que era
previsto, pois no primeiro trimestre alcançaram 25 por cento do objectivo de aumento
do excedente orçamental. Das regiões e municípios nada sabemos.

A tabela 3 fornece informação mais detalhada sobre o que seriam os saldos orçamentais
do subsector Estado, se não houvesse transferências deste, para outros subsectores
(valores consolidados), em particular para os fundos e serviços autónomos (ensino
superior, hospitais SPA, institutos públicos, etc.), a administração regional e local e a
Segurança Social. O Estado teria tido um excedente de 3,6 mil milhões no primeiro
trimestre de 2010, comparável com 5 mil milhões (ou 0,8 por cento do produto interno
bruto) em 2011.

Fica claro que a consolidação está a progredir a bom ritmo, sobretudo do lado da receita
corrente (em particular da receita fiscal) e bastante menos do lado da despesa corrente
que, apesar de tudo, denota alguma retracção.

4. E a economia?

A sustentabilidade das finanças públicas passará por medidas de relançamento da


economia e nesse sentido é importante que no acordo a celebrar elas estejam também
contempladas, pois o bom ritmo de execução poderá ficar seriamente comprometido
com uma recessão superior à prevista.

Neste sentido, há várias propostas que têm vindo a ser trabalhadas e é importante que o
próximo governo dê seguimento às boas propostas do anterior, corrija as políticas
erradas e sobretudo inove nas instituições necessárias para melhor orientar os políticos a
servir o bem comum. A título de exemplo, propostas claramente positivas que deveriam
ser continuadas são as do Ministério da Economia, Inovação e Desenvolvimento com
vista a dar incentivos aos investimentos na reabilitação urbana e à dinamização do
mercado de arrendamento.

Mais do que investimentos megalómanos de iniciativa pública em obras públicas, trata--


se de investimentos privados, em que o Estado incentiva pela desburocratização da
simplificação administrativa e alguns benefícios fiscais. São investimentos de
proximidade que geram emprego, riqueza e aumentam a qualidade de vida dos cidadãos.
Mudar as mentalidades passa também por analisar as coisas pelo que elas são e não por
quem as formulou.

Professor do ISEG

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