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Da necessidade de licitação nos casos de

subcontratação, subconcessão, transferência


da concessão ou do controle acionário da
concessionária de serviços públicos
Danielle Cristina Lanius

Sumário
1. Introdução. 2. Da dispensa e inexigibi-
lidade de licitação. 3. Da subcontratação e a
licitação. 4. Da subconcessão e a licitação. 5. Da
transferência da concessão e a licitação. 6. Da
transferência do controle acionário e a licitação.
7. Observações finais.

1. Introdução
O contrato de concessão de serviço pú-
blico é aquele pelo qual o Poder Público
transfere a um particular a execução de de-
terminado serviço público, sob sua fiscali-
zação, mediante pagamento de tarifas arca-
das pelos usuários 1.
Tal contrato mereceu referências consti-
tucionais, como no artigo 175 da Constitui-
ção Federal, que o caracteriza como forma
indireta de prestação de serviços públicos e
prevê que “incumbe ao poder público, na
forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de
licitação, a prestação de serviços públicos”.
Vale notar que o termo sempre, contido
no dispositivo constitucional, não significa
que não se possa dispensar ou declarar ine-
xigível a licitação em determinados casos
concretos, como veremos a seguir.
A obrigatoriedade da licitação2 para os
órgãos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios é estabelecida tam-
bém no artigo 37, inciso XXI, da Constitui-
ção Federal, verbis:
“XXI – ressalvados os casos espe-
Danielle Cristina Lanius é Advogada. cificados na legislação, as obras, ser-
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viços, compras e alienações serão con- correção com que respondem aos com-
tratados mediante processo de licita- promissos assumidos. [...] A Adminis-
ção pública que assegure igualdade tração não dispõe de liberdade abso-
de condições a todos os concorrentes, luta na escolha do cessionário. Antes,
com cláusulas que estabeleçam obri- é obrigada a obedecer a um procedi-
gações de pagamento, mantidas as mento legal na seleção do contratan-
condições efetivas da proposta, nos te, através do qual irá justamente exa-
termos da lei, a qual somente permiti- minar, entre outros, os requisitos aci-
rá as exigências de qualidade técnica ma apontados em uma concorrência
e econômica indispensáveis à garan- aberta a todos os interessados. Por isso
tia do cumprimento das obrigações.” não fica ao alvedrio da Administra-
A Lei nº 8.666/93, em seu artigo 2º, vem ção [...] decidir, a seu talante, quem
a corroborar tais normas ao dispor que as desempenhará o serviço” 5.
concessões e permissões devem ser neces- A licitação, de acordo com o artigo 14 da
sariamente precedidas de licitação. Tal exi- Lei nº 8.987, realizar-se-á em conformidade
gência justifica-se, pois o procedimento lici- com o previsto na Lei n º 8.666/93, atualiza-
tatório proporciona segurança à Adminis- da pela Lei nº 8.883/94, logicamente afas-
tração e vincula o contrato que dele possa tando-se a aplicação das normas que não
advir, garantindo economicidade, publici- forem compatíveis com a natureza das con-
dade, impessoalidade, moralidade, igualda- cessões de serviço público. Dispõe o referi-
de jurídica e preservando o interesse público 3. do artigo:
A licitação é um princípio impostergável “Toda concessão de serviço públi-
por estar associado aos postulados de mo- co, precedida ou não da execução de
ralidade e igualdade. Para alienar e adqui- obra pública, será objeto de prévia li-
rir, o Poder Público deve procurar a melhor citação, nos termos da legislação pró-
oferta, dentro de um cotejo de propostas. A pria e com observância dos princípi-
Administração não pode escolher arbitraria- os da legalidade, moralidade, publi-
mente o concessionário que desejar. Ao con- cidade, igualdade, do julgamento por
trário, deverá fazê-lo por meio de uma lici- critérios objetivos e da vinculação ao
tação, a fim de que, entre os interessados, instrumento convocatório.”
seja selecionado aquele que oferecer condi- Também vale transcrever o artigo 124 da
ções mais vantajosas4. Lei nº 8.666, que reza:
Segundo Celso Antônio Bandeira de “Aplicam-se às licitações e aos
Mello, contratos para permissão ou conces-
“a concessão é um ato intuitu personae são de serviços públicos os dispositi-
por excelência e será obrigatoriamen- vos desta Lei que não conflitem com a
te precedida de licitação, o que, de res- legislação específica sobre o assunto.”
to, está estampado no art. 175 da Cons- Diante disso, pode-se concluir que se
tituição. O Concessionário é selecio- deve aplicar, prevalentemente, as normas da
nado em função de um conjunto de Lei de Concessões e Permissões de Serviços
requisitos entre os quais, obviamente, Públicos e, supletivamente, a Lei de Licita-
se incluem sua capacitação técnica ções e Contratações 6.
para o desempenho da atividade, sua A Lei nº 8.987 estabelece, em seu artigo
idoneidade financeira para suportar 2º, incisos II e III, que a modalidade licitató-
os encargos patrimoniais, sua compe- ria própria das concessões de serviço públi-
tência administrativa para gerir o co simples ou precedidas da execução de
empreendimento e sua integridade obra pública7 é a concorrência, processo que
moral, medida nas empresas pela se reveste de maior formalismo e publicida-
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de. Excluem-se, assim, as demais modali- ção possível, tais casos são uma opção
dades previstas no artigo 22 da Lei n º 8.666/ política, tendo o legislador considerado a
93. Ressalve-se que a Lei nº 9.074/95 prevê, dispensa de licitação mais conveniente ao
com exceção dos serviços de telecomunica- interesse público.
ções, duas possibilidades de licitação na mo- Nos incisos I e II do artigo 24, estabelece-
dalidade de leilão, ambas nos casos em que se um critério de valor, sendo dispensada a
o serviço público de competência da União licitação se a contratação se efetuar até de-
esteja em mãos de empresas estatais e se terminado montante. Os incisos III, IV e V a
pretenda deslocá-lo delas8. Tal disposição dispensam em situações de flagrante excep-
legal se justifica porque, nesse caso, o pro- cionalidade, como em casos de guerra ou
cedimento licitatório tem por objeto a priva- grave perturbação da ordem pública, cala-
tização do concessionário de serviço públi- midade pública ou emergência. O inciso V
co e não a outorga de concessão. Ainda as- se reporta à hipótese de não haver interes-
sim, o Poder Público poderá adotar a moda- sados na licitação e a repetição do procedi-
lidade concorrência para a privatização, mento redundar em prejuízo à Administra-
desde que, previamente, fixe o valor das ção; o inciso VII, aos casos de preços mani-
quotas ou ações de que é titular9. festamente diversos daqueles praticados no
mercado; o inciso VIII, à contratação de pes-
2. Da dispensa e inexigibilidade de soas administrativas; o inciso IX, aos casos
licitação de risco de comprometimento da segurança
nacional; o inciso X, à locação e compra de
Como foi previamente ressaltado, a pró-
imóvel destinado ao atendimento das fina-
pria Constituição Federal impõe a obrigato-
lidades precípuas da Administração; o in-
riedade de licitação de forma genérica na
ciso XI, à complementação do objeto; o inci-
contratação e defere à legislação ordinária
so XII, à aquisição de hortifrutigranjeiros,
a tarefa de tecer ressalvas a esse princípio,
pão e outros gêneros perecíveis; o inciso XIII,
obviamente não gratuitas, nem desarrazoa-
à contratação de empresas sem fins lucrati-
das, sob pena de inconstitucionalidade.
vos; o inciso XIV, à aquisição ou restaura-
Dessa forma, a lei ressalvou algumas hi-
ção de obras de arte e objetos históricos; o
póteses em que o princípio da obrigatorie-
dade da licitação é afastado, por não se com- inciso XX, à contratação de associação idô-
patibilizarem com o processo licitatório. Tal nea de portadores de deficiência física, sem
ressalva foi, inclusive, admitida na própria fins lucrativos entre outros.
Constituição no artigo 37, inciso XXI. Além desses casos de dispensa, a Lei nº
Primeiramente, a Lei nº 8.666, em seu 8.666 contempla ainda casos de inexigibili-
artigo 24, determinou as hipóteses em que a dade de licitação, fazendo uma enumera-
licitação é dispensável. De acordo com José ção exemplificativa nos incisos do artigo 25.
dos Santos Carvalho Filho, “a dispensa de Tal artigo dispõe: “É inexigível a licita-
licitação se caracteriza pela circunstância ção quando houver inviabilidade de com-
de que, em tese, poderia ser o procedimento petição”.
realizado, mas que, pela particularidade do Entre os casos que a lei cita estão o de
caso, decidiu o legislador não torná-lo obri- haver fornecedor exclusivo (art. 25, inc. I), o
gatório” 10. Em outras palavras, a licitação, de contratação de serviços técnicos especia-
embora possível em face da viabilidade de lizados (inc. II) e contratação de profissio-
competição, não se justifica, em função do nais do setor artístico (inc. III).
interesse público. Vale lembrar que o elenco Tendo em vista que a aplicação da Lei
do artigo 24 é taxativo, não sendo possível de Licitações às concessões será sempre em
ao administrador ampliar os casos nele caráter subsidiário, desde que não entre em
previstos, mesmo porque, sendo a licita- conflito com as normas específicas da Lei
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de Concessões ou com a natureza especial Ainda a respeito da inexigibilidade, a
de tal contrato, pode-se concluir que a maior Lei nº 9.427/96, que criou a Agência Nacio-
parte das hipóteses acima descritas de dis- nal de Energia Elétrica, em seu artigo 23, §§
pensa e inexigibilidade de licitação regula- 1º e 2º, proibiu-a expressamente no âmbito
das pela Lei nº 8.666/93 não se aplica às das concessões de energia elétrica e autori-
concessões de serviço público. Principal- zou a dispensa apenas no caso de não acu-
mente porque tal contrato tem, via de regra, direm interessados à primeira licitação e
uma duração prolongada, o que restringe a esta, justificadamente, não puder ser repeti-
possibilidade de contratação sem licitação. da sem prejuízo para a Administração. Tal
Apesar de boa parte da doutrina não proibição, segundo a doutrina, não se justi-
aplicar às concessões os casos de dispensa fica nem a restrição, imposta por essa lei,
de licitação, alguns deles não são propria- das hipóteses de dispensa apenas a uma:
mente casos de dispensa e poderiam ser apli- licitação deserta.
cados. Isso ocorre, por exemplo, nas hipóte- Nos casos de transferência de concessão,
alguns doutrinadores entendem ter a lei cria-
ses de estado de guerra, grave perturbação
do um novo caso de dispensa de licitação,
da ordem, calamidade pública, comprome-
além desses casos aplicáveis aos contratos
timento da segurança nacional, emergência
de concessão acima descritos. Em nosso
devidamente comprovada ou, ainda, de li-
entendimento, não se trata de uma dispen-
citação deserta. sa de licitação, como veremos a seguir.
Também não caberá licitar se, para ou-
torga de uma dada concessão, não acudi-
rem interessados ou “se a adequada presta-
3. Da subcontratação e a licitação
ção do serviço exige a opção por uma meto- “Embora se considere a concessão
dologia nova, moderna, cujo domínio seja como um contrato intuitu personae, a
de uma única empresa, podendo, inclusive, lei admite a contratação de terceiros
ter sido por ela patenteada”11. Ou seja, apli- para a execução de atividades ineren-
cam-se às concessões de serviço público as tes, acessórias ou complementares ao
hipóteses de inexigibilidade de licitação, por serviço concedido, desde que o con-
ser inviável a competição. cessionário continue responsável pela
Resta claro que, nessas circunstânci- execução de seu objeto e a natureza
deste o permita”15.
as, havendo necessidade de se transferir
Na subcontratação, ocorre, então, uma
a execução do serviço público à iniciativa
espécie de “terceirização”, um contrato de
privada, concordamos com a posição de
direito privado, permanecendo a relação ju-
Eurico de Andrade Azevedo, que entende rídica de concessão imutável. Não se forma,
que, em se tratando de uma situação transi- pois, vínculo ou relação jurídica de qual-
tória, “é preferível que essa transferência quer natureza entre o poder concedente e o
seja feita mediante permissão12, instituto que terceiro contratado, conforme se pode depre-
se destina precisamente a solucionar tais si- ender do artigo 25, § 2º, e 31 da Lei n º 8.987.
tuações, pelo seu caráter precário” 13. No caso da subcontratação, não será exi-
No que concerne à inexigibilidade de gida licitação, porque ela não incidirá sobre
licitação para concessões, somente a re- a atividade principal do objeto concedido,
gra do caput do artigo 25 teria aplicabili- ficará adstrita às cláusulas regulamentares
dade, ou seja, é compatível com a conces- estipuladas para a concessão e, finalmente,
são somente a inviabilidade de competição porque a contratação não eximirá o conces-
e não os demais incisos deste artigo que se sionário de responsabilidade, nem formará
referem à execução de atividades não carac- qualquer vínculo do terceiro contratado com
terizadas como serviço público14. a Administração, conforme já salientado.
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É o que conclui Maria Sylvia Zanella Di bem elencados na Decisão Sigilosa nº
Pietro, 0790-48/96 do Tribunal de Contas da União.
“No caso da contratação de ter- O caso envolve uma renovação automática
ceiros prevista no art. 25, não há de contrato de edição de listas telefônicas
subconcessão; o que a lei prevê é a oficiais firmado entre a Telebrasília (que à
celebração de contratos de prestação época ainda era uma empresa pública) e a
de serviços ou de obras por terceiros; Listel S.A., sem a realização de licitação.
em vez do concessionário exercer Discutia-se, então, a obrigatoriedade da reali-
diretamente todas as atividades li- zação da licitação nesse caso. A argumen-
gadas ao contrato de concessão, ele tação básica dos advogados da Telebrasília
contrata terceiros para realizar deter- consistia na necessidade de se conceder às
minadas atividades, como serviços de empresas públicas maior discricionariedade
limpeza, vigilância, contabilidade, e liberdade na execução de suas atividades,
obras, reformas, reparos etc. São os o que proporcionaria maior eficiência,
contratos de obras e serviços a que se restando preservado o interesse público.
refere a Lei nº 8.666; no entanto, por Todavia, acertadamente, a decisão do
serem contratados pela concessio- TCU não acolheu a tese exposta. A funda-
nária e não pelo poder concedente, mentação da decisão envolveu muitos as-
não se submetem às normas dessa lei; pectos, entre eles o fato de que o propósito
não são contratos administrativos, pelo qual o legislador tornou os certames
mas contratos de direito privado” 16. licitatórios obrigatórios foi o de, por um lado,
impedir a perpetuação de contratos e con-
4. Da subconcessão e a licitação tratados, com os vícios e riscos já conheci-
dos, e, por outro lado, possibilitar a obten-
A subconcessão é a transferência parcial
ção de melhores propostas. Consideraram
da concessão a um terceiro, mediante solici-
inadmissível aceitar a alegação de que uma
tação do concessionário, por meio de um
licitação venha a impedir o administrador
contrato administrativo.
de alcançar a máxima eficiência. Esta de-
A Lei nº 8.987, em seu artigo 26, prevê a
penderá precipuamente da habilidade dos
possibilidade de subconcessão, nos termos
dirigentes em tornar as licitações competiti-
do contrato de concessão e do edital17, des-
vas, atraindo o interesse dos grandes e pe-
de que autorizada pelo poder concedente,
que avaliará sua conveniência e oportuni- quenos empreendedores.
dade. O parágrafo 1 º acresce a essas exigên- Entenderam, também, os julgadores que
cias a necessidade de ser precedida de lici- o ato que os administradores da Telebrasí-
tação, na modalidade de concorrência. lia classificaram como discricionário, é um
Não poderia deixar de existir a necessi- ato deformado que a doutrina classifica
dade de licitação nesse caso, pois o artigo como arbitrário, visto que a licitação, em to-
175 da Constituição Federal exige tal proce- das as hipóteses e ângulos que se analise, é
dimento e, se tivéssemos subconcessões a procedimento obrigatório.
empresas que sequer participassem de lici- Vale descrever um pequeno trecho da de-
tações, estar-se-ia ferindo tal dispositivo cisão:
constitucional e burlando os princípios re- “Até o presente momento, passa-
lativos à licitação e isonomia dos licitantes. dos cerca de 21 meses da vigência da
Apesar de o texto constitucional, a des- Lei de Concessões, esta Corte jamais
peito das exigências legais, prever a neces- entendeu que, em razão do comando
sidade da licitação, há quem advogue con- emergente desses preceitos, as entida-
tra sua realização. Os argumentos utiliza- des da Administração Indireta con-
dos para sustentar tal entendimento estão cessionárias de serviços públicos es-
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tivessem exoneradas da observância Maria Sylvia Zanella Di Pietro levanta o
dos deveres de licitar e realizar problema da seguinte forma:
concurso público, bem assim de outros “O que a lei não esclarece, com re-
previstos no art. 37 da Constituição lação à subconcessão, é se o próprio
Federal.[...] Outro ponto importante a concessionário, sendo entidade priva-
sublinhar é que um dos principais da, pode fazer ele mesmo a licitação
argumentos em que se funda a tese em para escolha do subconcessionário; e
exame – qual seja, a necessidade de também se essa entidade privada tem
conferir-se às empresas estatais maior competência para decretar a interven-
liberdade de atuação, com vistas a ção na subconcessionária.
permitir a elas concorrer em condições Já foi dito que uma das caracterís-
mais equânimes com as empresas ticas da concessão de serviço público
privadas – foi igualmente levantado é a de implicar a outorga de prerroga-
no STF, não sendo, todavia, capaz de tivas da Administração Pública ao
afastar a necessidade de observância concessionário; assim sendo, nada
do dever constitucional. E assim é não impede que o poder concedente, ao au-
porque se discorde de que tais empre- torizar a subconcessão e estabelecer
sas devam ter maior liberdade na os limites em que será exercida, já es-
execução de suas atividades, mas tabeleça quem vai realizar a licitação;
antes porque essa flexibilização há tanto é válido reservar para si esta
de produzir-se com obediência aos prerrogativa, como outorgá-la ao con-
comandos fundamentais de nosso cessionário. A última hipótese parece
ordenamento jurídico-político. [...] ser a mais correta, já que a relação con-
Todos os interesses momentâneos – tratual vai estabelecer-se entre o con-
ainda quando realizados – não logram cessionário (subconcedente) e o sub-
compensar o incalculável ganho concessionário” 18.
resultante do comprovado respeito à Discordamos, porém, de tal entendimen-
Constituição, sobretudo naquelas to e alinhamo-nos com Celso Antônio Ban-
ocasiões em que sua observância deira de Mello, no sentido de que deve-se
revela-se incômoda.” concluir que tal ato não é pertinente ao con-
Apesar de a referida decisão do TCU di- cessionário por ser um procedimento de
zer respeito a uma empresa estatal que pos- Direito Público, só efetuável por entidades
suía uma concessão de serviço público e re- governamentais 19 . No mesmo sentido,
novou contrato sem licitação, os argumen- leciona Eurico de Andrade Azevedo que
tos utilizados são aplicáveis ao estudo da sendo a concorrência um procedimento
necessidade de licitação nas subconcessões, público, “será o poder concedente quem
sejam as concessionárias empresas públi- selecionará o subconcessionário” 20.
cas ou privadas, tendo em vista que o argu- O caso mencionado acima parece deixar
mento utilizado por elas para afastar a lici- claro, porém, que, se a concessionária for uma
tação é a necessidade de possuírem mais entidade pública, poderá realizar a licitação.
liberdade para contratar ou subconceder Coloca-se, por fim, uma última questão:
para poderem competir no mercado e a argu- é preciso licitar, mas como fazê-lo? Arnoldo
mentação para afastar tal entendimento não Wald coloca a questão nos seguintes termos:
é outra senão a desenvolvida nesta decisão. qual seria o fator para desigualar a licita-
Abstraindo desta discussão, uma vez que ção, se os subconcessionários terão que cum-
a subconcessão deve ser precedida de con- prir o contrato dantes firmado?
corrência, surge a questão de quem deve rea- Antônio Carlos Cintra do Amaral é quem
lizá-la: a Administração ou o subconcedente. acena com a resposta: aquele que oferecesse
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condições ainda mais favoráveis que as do É paradoxal a lei exigir licitação para a
contrato para a Administração seria o vito- subconcessão e omitir-se em relação à trans-
rioso no certame. ferência. Obviamente a lógica leva ao racio-
cínio de que, se para subconceder (cessão
5. Da transferência da concessão e a parcial) é necessária a licitação, com muito
licitação maior razão deve ser exigida para a transfe-
rência da concessão, que implica uma ces-
A transferência da concessão ocorre
são total.
quando uma outra pessoa jurídica ou con-
sórcio de empresas substitui a concessioná- Vale citar as palavras de Benedicto de
ria no pólo da relação jurídica contratual. Tolosa Filho, que comenta:
O artigo 27 da Lei nº 8.987 dispõe que a “Não é verossímil que, transcorri-
transferência de concessão sem prévia da a concorrência, firmado contrato,
anuência do poder concedente implicará a alguns meses depois, ou até mesmo
caducidade da concessão. Por conseguinte, dias, possa o titular dessa outorga
tal lei admite a transferência da concessão, transferi-la para outrem a seu talante.
desde que precedida de anuência da Admi- A outorga da concessão de servi-
nistração. Todavia a lei omitiu, inconstitu- ços públicos não pode dar ao conces-
cionalmente, a necessidade de licitação sionário maior poder que detém o po-
nesse caso. der concedente, que para entregar um
Toshio Mukai entende que, não obstante serviço público em concessão está atre-
o inciso I do artigo 27 pretenda “fazer com lado ao princípio da licitação. Nin-
que o contrato de concessão transferido con- guém pode dar o que não tem” 24.
tinue a ser intuitu personae, o art. 27 é incons- Também é valioso o comentário de Cel-
titucional, na medida em que possibilita que so Antônio Bandeira de Mello sobre essa
empresas que não tenham participado de questão:
nenhuma licitação venham a tornar-se con- “Tendo sido visto que a concessão
cessionárias de serviços públicos [...]” 21. Não depende de licitação – até mesmo por
resta dúvida que o referido artigo fere o tex- imposição constitucional – e como o
to constitucional por levar à burla ao prin-
que está em causa, ademais, é um ser-
cípio da licitação.
viço público, não se compreenderia
Ainda com referência a esse artigo, An-
que o concessionário pudesse repas-
tônio Carlos Cintra do Amaral sugere que
sá-la a outrem, com ou sem a concor-
os juristas não apenas o reputem inconsti-
dância da Administração.
tucional, mas que, por meio de uma inter-
Com efeito, quem venceu o certa-
pretação sistemática da lei, harmonizem-no
me foi o concessionário, e não um ter-
com o texto constitucional, chegando ao en-
tendimento de que necessário seria o proce- ceiro – sujeito esse, pois, que, de direi-
dimento licitatório no caso de transferência to, não se credenciou, ao cabo de
de concessão22. disputa aberta com quaisquer interes-
Entendimento contrário culminaria em sados, ao exercício da atividade em
admitir a comercialização do direito de pres- pauta. Logo, admitir a transferência da
tar o serviço e ensejar que seja repassada a concessão seria uma burla ao princípio
concessão a um sujeito que não venceu ou licitatório, enfaticamente consagrado
sequer disputou o certame licitatório. Isto é, na Lei Magna em tema de concessão,
está-se permitindo que, por vias transver- e feriria o princípio da isonomia, igual-
sas, alguém adquira a condição de con- mente encarecido na Constituição” 25.
cessionário sem licitação, o que é expres- Conclui-se, assim, pela impossibilidade
samente vedado – repita-se – pelo art. 175 de transferência, total ou parcial, sob qual-
da Lei Magna”23. quer título ou pretexto, da concessão sem
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licitação, nem mesmo se o concedente auto- que a transferência se torna impossível e
rizasse ou concordasse com tal procedi- que, nesse caso, a concessão deve ser extin-
mento. Nesse sentido, prelecionam Celso ta e realizada licitação para nova conces-
Antônio Bandeira de Mello, Toshio Mukai, são29.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Antônio Assim, é exigível a licitação para a trans-
Carlos Cintra do Amaral, entre outros. ferência da concessão com base nos seguin-
Todavia, há quem advogue opinião con- tes argumentos:
trária. Eurico de Andrade Azevedo, por a) a licitação é erigida como princípio
exemplo, entende que, devido à longa dura- constitucional e sua exigência prevista no
ção dos contratos de concessão, a situação artigo 175 da Constituição deve orientar
empresarial do concessionário pode sofrer a interpretação das normas infra-constitu-
drásticas alterações, vindo a ser convenien- cionais;
te ao interesse público uma transferência da b) se a licitação é exigida para que se pro-
concessão. Segundo ele, “como a lei exige ceda a subconcessão parcial, com mais ra-
que o pretendente atenda a todas as exigên- zão deve ser realizada no caso de transfe-
cias de capacidade técnica, idoneidade fi- rência total da concessão;
nanceira e regularidade jurídica e fiscal, c) a contratação direta seria um convite
obrigando-se a cumprir todas as cláusulas à burla, pois permitiria que uma empresa
do contrato em vigor, pode-se entender que qualquer, sem atender às exigências da lici-
o requisito constitucional impositivo da li- tação, passasse a prestar um serviço públi-
citação já foi atendido quando da outorga
co, sem que estivesse ressalvado o interesse
da concessão, como bem observa Arnoldo
público e o interesse da Administração em
Wald”26. Cita ainda o referido autor a posi-
escolher a melhor proposta e assegurar a
ção doutrinária de Maria Aparecida Fagun-
igualdade de oportunidades aos que quei-
des, que argumenta “que a maleabilidade
ram contratar com ela.
introduzida pelo art. 27 favorece o interesse
Vale salientar que todas as transferênci-
público, permitindo que o poder conceden-
as de concessão, além da anuência do po-
te atenda aos princípios constitucionais da
der concedente, deverão atender às exigên-
finalidade e da razoabilidade” 27. Luiz Al-
berto Blanchet, por sua vez, classifica a hi- cias de capacidade técnica, idoneidade fi-
pótese de transferência da concessão como nanceira e regularidade jurídica e fiscal, bem
uma nova hipótese de dispensa de licitação como cumprir todas as cláusulas do contra-
criada pela Lei nº 8.987/9528. to em vigor.
A posição de tais doutrinadores é sinte-
tizada por Arnoldo Wald, que entende ser 6. Da Transferência do Controle
desnecessária a licitação tendo em vista que Acionário e a Licitação
a outra empresa teria de cumprir exatamen- Na hipótese de transferência do controle
te o contrato. acionário, o serviço não é deslocado para
Discordamos, porém, do entendimento outra empresa. A própria pessoa jurídica que
de tais autores e posicionamo-nos com An- venceu o certame continuará com os encar-
tônio Carlos Cintra do Amaral ao lecionar gos e direitos decorrentes da concessão.
que a transferência de concessão também Afinal, quem fez a proposta e quem teve seu
deve ser submetida a um procedimento lici- cabedal técnico avaliado foi a empresa e não
tatório. Acrescenta ainda este autor que será os titulares de suas ações, muito embora os
razoável essa transferência apenas a empre- acionistas possam dar maior ou menor
sa que ofereça condições idênticas ou me- credibilidade a ela. O importante é que a
lhores do que as constantes no contrato em transferência do controle acionário não
vigor. Caso isso não seja possível, entende interrompe a existência da pessoa jurídica.
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Tendo em vista que tal evento fica subor- Amaral, o edital deve regular a transferên-
dinado à prévia aquiescência da Adminis- cia do controle acionário a fim de submetê-
tração, sob pena de caducidade da conces- la à aprovação prévia do poder concedente,
são, posicionamo-nos com Celso Antônio “que deve estar atento a uma transferência
Bandeira de Mello, no sentido de que des- camuflada ou simulada da concessão”.
necessária e ilógica seria a exigência da lici- Segundo ele, cabe ao poder concedente
tação nesse caso. aprová-la ou vetá-la, mas nunca licitá-la, o
“Faleceriam razões para impedir que seria absurdo. Ressalva o autor que
que acionistas detentores do controle reconhece a possibilidade de que a conces-
acionário pudessem dispor de suas sionária, visando escapar à licitação nas
ações. O fato de serem representativas outras modalidades, opte pela transferên-
do capital de empresa concessionária cia do controle acionário como forma de
não deve ser razão para que fiquem atingir seu objetivo, contudo reputa de
gravadas de indisponibilidade du- extremamente rígida, formalista e mesmo
rante o prazo da concessão se a alie- impossível a idéia de licitar a transferência
nação delas não prejudica o interesse do controle acionário, que levaria prova-
público nem ofende princípio jurídi- velmente à extinção da concessão com o
co algum a ser preservado” 30. conseqüente prejuízo ao interesse público32.
Na verdade, o que ocorre é que o poder Relembra com propriedade, Maria
concedente não poderá interferir na mudan- Sylvia Zanella Di Pietro que
ça do controle acionário, podendo, porém, “No caso de a concessionária ou
retirar a concessão do novo grupo se este permissionária de serviço público
não tiver, por exemplo, idoneidade. federal ser uma empresa sob o contro-
Toshio Mukai, por sua vez, entende que le acionário da União, deverá ser apli-
a transferência total do controle acionário cada a norma do art. 27 da Lei 9.074.
da concessionária também seria um proce- Nesse caso, a privatização, com a
dimento inconstitucional31. transferência do controle acionário,
Interessante colocação faz Eurico de An- será feita concomitantemente com a
drade Azevedo, que não contempla nenhu- outorga de nova concessão ou com a
ma distinção entre transferência da conces- prorrogação da concessão existente.
são e transferência do controle acionário, Isto somente poderá ser feito mediante
tendo em vista que a primeira se processa, licitação, seja por concorrência, seja por
em regra, pela transferência do controle acio- leilão, na forma permitida pelo referido
nário da empresa ganhadora da concorrên- dispositivo legal (com a ressalva para
cia. Para ele, na prática, o resultado de am- os serviços de telecomunicações)33.
bos os procedimentos vem a ser o mesmo,
pois, embora a concessão continue a ser ex- 7. Observações finais
plorada pela mesma pessoa jurídica, seus De um modo geral, poder-se-ia concluir
controladores não são os mesmos, uma vez que
que a pessoa jurídica não passa de uma fic- • a subcontratação não depende de pré-
ção. Por meio desse raciocínio, tal doutrina- via licitação;
dor entende não ser necessária a licitação • a subconcessão deve sempre ser prece-
em nenhuma das hipóteses. dida de licitação;
Tal entendimento é refutado, porém, pela • a transferência de concessão deve,
doutrina majoritária, que entende a transfe- igualmente, ser precedida de licitação, salvo
rência do controle societário como algo que se inviável;
não se confunde com a transferência da • a transferência do controle acionário
concessão. Para Antônio Carlos Cintra do da concessionária é insuscetível de licitação.
Brasília a. 37 n. 146 abr./jun. 2000 73
É preciso relembrar, porém, que a Lei nº Notas
9.472, que trata dos serviços de telecomuni- 1
Vários conceitos há de concessão de serviço
cações e criou a ANATEL, trata especifica- público. Vale citar alguns: “Entende-se por conces-
mente das concessões de serviços de teleco- são de serviço público o ato complexo através do
municações, sendo afastada expressamen- qual o Estado atribui a alguém o exercício de um
serviço público e este aceita prestá-lo em nome do
te a aplicação das Lei n os 8.666 e 8.987. As-
Poder Público sob condições fixadas e alteráveis
sim, aquilo que dissemos sobre subcontra- unilateralmente pelo Estado mas por sua conta,
tação, subconcessão, transferência da con- risco e perigos, remunerando-se com a própria ex-
cessão e transferência do controle acionário ploração do serviço, geralmente pela cobrança de
não se aplica no âmbito dessa lei. tarifas diretamente dos usuários do serviço e tendo
a garantia contratual de um equilíbrio econômico-
Essas matérias vêm tratadas no artigo financeiro” (Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso
94, inciso II (prevê a terceirização), e no arti- de Direito Administrativo, p. 369). “Concessão é a
go 98 (prevê a transferência do contrato) da delegação contratual ou legal da execução de um
referida Lei. serviço, na forma autorizada e regulamentada pelo
Executivo” (Hely Lopes Meirelles, Direito Adminis-
O artigo 98, por exemplo, admite a trans- trativo Brasileiro, p. 337).
ferência do contrato desde que aprovada 2
Assim sendo, no caso de a concessionária ser
pela ANATEL e exige um prazo de carência uma estatal, é preciso que haja, necessariamente,
de três anos de funcionamento regular da licitação para subcontratar ou subconceder. Tal fato
concessionária para que ela possa pleitear decorre da Constituição e da Lei. Portanto, nos itens
que tratam sobre a questão da licitação na subcon-
a transferência da concessão. Deverão estar tratação, subconcessão e transferência da conces-
preenchidas, cumulativamente, as seguin- são, referimo-nos, especialmente, às empresas pri-
tes condições: a) o serviço esteja sendo exe- vadas.
cutado a contento há pelo menos três anos;
3
“Não há legitimação dentro do Estado de Di-
reito para uma escolha arbitrária sobre este ou aquele
b) o cessionário cumpra todos os requisitos ofertante. [...] Não fora a licitação poderíamos cair
da outorga; c) a medida não prejudique a no pleno arbítrio da autoridade administrativa, com
competição e não coloque em risco a execu- todas as seqüelas para o relacionamento entre a
ção do contrato. Administração e o administrado, que deve ser jus-
to, correto e eficiente.” In: BASTOS, Celso Ribeiro.
Além disso, a lei determina algumas exi-
Curso de Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo :
gências à empresa que assumirá a conces- Saraiva, 1996. p. 114.
são e ainda determina que tal procedimento 4
Nesse sentido dispõe o artigo 3º da Lei 8.666:
não poderá abalar o ambiente concorrencial. “A licitação destina-se a garantir a observância do
princípio constitucional da isonomia e a selecionar
Resta claro que tal expediente poderá ser
a proposta mais vantajosa para a Administração e
utilizado para burlar o princípio licitatório. será processada e julgada em estrita conformidade
O prazo de carência de três anos é o que com os princípios básicos da legalidade, da impes-
ainda dificulta mais o conluio de empresas soalidade, da moralidade, da igualdade, da publi-
visando burlar a licitação, mas de forma al- cidade, da probidade administrativa, da vincula-
ção ao instrumento convocatório, do julgamento
guma o impossibilita. objetivo e dos que lhe são correlatos”.
Cabe ainda uma última colocação a res- 5
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de
peito do tema. Caberá à ANATEL e ao Direito Administrativo. 5. ed. São Paulo : Malheiros,
CADE, no âmbito de suas respectivas com- s.d. p. 369-370.
6
MUKAI, Toshio. Concessões e Permissões de Ser-
petências, por ocasião das transferências de
viços Públicos: comentários à Lei nº 8.987, de 13 de
concessão e transferências do controle acio- fevereiro de 1995, e à Medida Provisória nº 1.017,
nário, e mesmo subconcessões, verificar se de 1995, das concessões do setor elétrico. São Pau-
está preservado o ambiente concorrencial ou lo : Saraiva, 1995. p. 35.
7
“No parágrafo único do art. 124, a Lei nº
se tal procedimento configura um ato de
8.666/93 afastou as exigências dos incisos II a IV
concentração econômica que redunde em do art. 7º da Lei (obrigatórios para obras e serviços)
prejuízo ao usuário. para as licitações pertinentes a concessões de servi-

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ços públicos com execução prévia de obras em que 20
AZEVEDO, op.cit., p. 110.
não foram previstos desembolsos por parte da Ad- 21
MUKAI, op.cit., p.52.
ministração Pública concedente.” Ibidem. 22
AMARAL, op.cit., p. 25.
8
Nesses casos de privatização simultânea com 23
MELLO, op.cit., p.462.
outorga de nova concessão de pessoas administra- 24
TOLOSA FILHO, Benedicto de. Lei das con-
tivas sob controle direto ou indireto da União, é cessões e permissões de serviços públicos : comentada e
exigível a observância da necessidade de serem ven- anotada. Rio de Janeiro : Aide, 1995. p. 90.
didas quantidades mínimas que garantam a trans- 25
MELLO, op. cit., p.461.
ferência do controle acionário. 26
AZEVEDO, op.cit., p.111.
9
BLANCHET, Luiz Alberto. Concessão de servi- 27
Ibidem.
ços públicos. 2. ed. Curitiba : Juruá, 1999. p. 251. 28
BRANCHET, 1999, op.cit., p. 79.
10
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manu- 29
AMARAL, op.cit., p.24.
al de Direito Administrativo. 2. ed. Rio de Janeiro : 30
MELLO, op.cit., p. 462.
Lumen Juris, 1999. p. 180. 31
MUKAI, op.cit., p. 52.
11
AMARAL, Antônio Carlos Cintra do. Con- 32
AMARAL, op.cit., p.25-26.
cessão de serviço público. São Paulo : Malheiros, 33
DI PIETRO, 1999, op. cit., p.107.
1996. p. 21.
12
Segundo Eurico de Andrade Azevedo, “esta
é a posição da Lei paulista de Concessões, que,
sem dúvida, deu tratamento mais adequado à Bibliografia
matéria, dispondo que a licitação prévia poderá ser
dispensada nos seguintes casos (art. 4º): a) guerra, AMARAL, Antônio Carlos Cintra do. Concessão de
grave perturbação da ordem ou calamidade públi- serviço público. São Paulo : Malheiros, 1998.
ca; b) emergência, quando caracterizada a urgência AZEVEDO, Eurico de Andrade, ALENCAR, Ma-
de atendimento de situações que possa ocasionar ria Lúcia Mazzei de. Concessão de serviços públi-
prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, cos: comentários à Lei 8.987 e 9.074 (parte ge-
obras, serviços, equipamentos e outros bens, públi- ral), com as modificações introduzidas pela
cos ou particulares; c) quando não acudirem inte- Lei 9.648, de 27-5-98. São Paulo : Malheiros,
ressados à licitação e esta não puder ser repetida 1998.
sem prejuízo para a Administração, mantidas nes- BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Adminis-
te caso as condições preestabelecidas. Nas hipóte- trativo. 2. ed. São Paulo : Saraiva, 1996.
ses a e b, a delegação deverá ser feita por meio de BLANCHET, Luiz Alberto. Concessão de serviços
permissão. Na hipótese c, poderá ser efetuada por públicos. 2. ed. Curitiba : Juruá, 1999.
concessão.” In: AZEVEDO, Eurico de Andrade, BLANCHET, Luiz Alberto. Concessão de serviços
ALENCAR, Maria Lúcia Mazzei. Concessão de ser- públicos: comentários à Lei nº 9.897, de 13 de
viços públicos: comentários às Leis 8.987 e 9.074 (Par- fevereiro de 1995, e à Lei nº 9.074, de 7 de julho
te Geral), com as modificações introduzidas pela de 1995. Curitiba : Juruá Editora, 1995.
Lei 9.648, de 27-5-98. São Paulo : Malheiros, BRAZ, Petrônio. Manual de Direito Administrativo :
1998. p. 52. de acordo com a reforma administrativa. São
13
Idem, ibidem. Paulo : Editora de Direito, 1999.
14
BLANCHET, 1999, op.cit., p. 78. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
15
AZEVEDO, op.cit., p. 107-108. Direito Administrativo. 2. ed. Rio de Janeiro :
16
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias Lumen Juris, 1999.
na Administração Pública. 3. ed. São Paulo : Atlas,
CRETELLA JÚNIOR, José. Dos contratos adminis-
1999. p. 105.
trativos. [s.l.] : Forense, 1998.
17
Na subconcessão, o subconcessionário sub-
DI PIETRO, Maria Silvia Zanella. Parcerias na Ad-
roga-se nos direitos e deveres do subconcedente
ministração Pública. [s.l.] : Editora Atlas, 1996.
dentro dos limites da concessão. Na verdade, não
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Adminis-
apenas nos limites do contrato, mas também do
edital, pois, se a possibilidade de subconcessão não trativo. 10. ed. São Paulo : Atlas, 1998.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrati-
houver sido prevista no edital, “qualquer previsão
contratual a respeito será inválida, por desbor- vo Brasileiro. 21.ed. [s.l.] : Malheiros Edito-
dar daquele documento básico”. In: MELLO, res. s./d.
Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Ad- MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e contrato. 11.
ministrativo. 9. ed. São Paulo : Malheiros, 1997. ed. atualizada por Eurico Andrade Azevedo e Célia
p. 462-463. Marisa Prendes. [S.l.] : Malheiros, 1996.
18
DI PIETRO, M.S.Z. Parcerias...op.cit, p.106. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito
19
MELLO, op.cit., p. 463. Administrativo. 9. ed. São Paulo : Malheiros, 1997.

Brasília a. 37 n. 146 abr./jun. 2000 75


MUKAI, Toshio. Concessões, permissões e privatiza- TOLOSA FILHO, Benedicto de. Lei das concessões e
ções de serviços públicos: comentários à Lei permissões de serviços públicos: comentada e ano-
8.987/93 e à Lei 9.074/95, das concessões do tada. Rio de Janeiro : Aide, 1995.
setor elétrico (com as alterações da Lei nº WALD, Arnoldo. O direito de parceria e a nova lei
9648/98). São Paulo : Saraiva,1998. de concessões. [S.l.] : Editora RT, 1996.

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