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Ao longo dos séculos, o masculino, na figura dos homens com sua força, dominou o
mundo, impondo-lhe seu modo de ser. Para que tal domínio fosse exercido, as mulheres
foram silenciadas, controladas, diminuídas, consideradas perigosas e até, na Idade
Média, queimadas vivas. O feminino foi sendo conduzido segundo os interesses da
sociedade patriarcal. A civilização que temos hoje na Terra é o desdobramento desse
processo. Na luta para libertar-se do domínio masculino, a mulher quis mostrar que
podia ser como o homem e fazer tudo o que ele fazia. Podia mesmo. E fez. Para tanto,
adotou igualmente um modo masculino de viver. Venceu no mundo masculino. Era
necessário.
A história da humanidade vem sendo escrita com a opressão do mais forte sobre o mais
fraco. Dar vazão ao desejo de domínio, concedendo liberdade total ao orgulho, tem sido
a prática dos poderosos da Terra. A mulher, na condição de gênero mais fraco
fisicamente e com atribuições do lar e da maternidade – pois que tem de proteger suas
“crias”, como em toda a natureza, desde a longínqua Antiguidade veio sendo sujeitada
pela civilização patriarcal. Em tempos mais remotos, vocês bem sabem, tivemos
sociedades matriarcais. Nelas, o gênero feminino dominava e, portanto, era enorme o
respeito à mulher, nessas sociedades primitivas. Com o advento da hegemonia grega e
depois do império romano, a cultura e os costumes desses povos foram aos poucos
incorporando os conceitos patriarcais e depois sendo dominados por ele.
À medida que a humanidade progride, vai lentamente se libertando da escravidão
imposta a todos, por milênios. Alguns, aqui e acolá, ao se libertar buscam também levar
outros à liberdade, sobretudo da mente, derrubando os paradigmas culturais impostos a
todos.
Quanto mais evoluída é uma sociedade, maior o respeito que tem por todas as criaturas,
pelas diferenças. A pior consequência dos tempos de opressão à mulher é que a
sociedade como um todo ficou carente da figura feminina, dos atributos femininos, das
qualidades femininas. Criou-se um deus unicamente masculino, sendo que Deus, a
inteligência maior que tudo criou, tem atributos masculinos e femininos. Ele é
compaixão, é bondade, é beleza, é acolhimento, é perdão; não tem apenas as qualidades
de força, poder e justiça predominantemente reconhecidas, muitas vezes pelas religiões.
Deus também é feminino. Ao valorizar e relevar somente suas propriedades masculinas,
a sociedade ficou órfã de mãe. Repetimos incessantemente que Deus é pai, esquecendo
que Deus é igualmente mãe.
Nunca vemos Deus como mãe; só o vemos como pai. Essa é a condição em que a
sociedade se colocou. A opressão da mulher durante séculos foi muito maior do que
podemos imaginar. E nossa sociedade, presentemente, ainda traz forte influência desse
modo de pensar; daí os homens, e mesmo as mulheres, pouco respeitarem ou
valorizarem o feminino. Por muito tempo as mulheres foram vistas como seres fracos,
perigosos e pecaminosos. E até hoje o homem traz no inconsciente resquícios dessa
avaliação; ele não confia na mulher. O pior de tudo é que muitos espíritos que hoje
envergam um corpo feminino, que vivem a condição de mulher, trazem esses
resquícios. A mulher não confia em si própria, pois tem o preconceito incutido em seu
inconsciente.
O feminismo, que ajudou milhares de mulheres a lutarem para se fazer respeitar e
encontrar um lugar no mundo, foi inegavelmente movimento da maior importância.
Entretanto, o que as mulheres precisam compreender é que ganharam espaço num
mundo com valores masculinos já estabelecidos. Elas lutaram e venceram no mundo
dos homens; na sociedade patriarcal, com valores patriarcais. A grande maioria das
mulheres não despertou para essa sutileza.
O que quero dizer é que as mulheres se libertaram do jugo dos homens, sem libertar o
feminino de suas almas. Ao menos, não o fizeram como poderiam e deveriam. Estão no
poder, mas usam as regras masculinas. O que se espera, agora, é que deem um novo
passo na direção do equilíbrio do mundo. Elas precisam aceitar plenamente o fato de
serem mulheres, amar-se intensamente, reconhecer o grande valor que tem. Elas podem
manifestar com maior facilidade o aspecto feminino do Criador. Assumir o ser mulher
com alegria, aceitando seu corpo, seu jeito de ser, seu ritmo; e respeitando isso, cumprir
seu papel com muita liberdade.
Por exemplo, muitas mulheres deixaram que o mundo masculino usasse e dominasse
sua sensualidade, ditando as regras do que é ser sensual. É o controle exercido sobre as
mulheres através da sensualidade. Elas acham que expondo sua sexualidade sem
respeito, tanto quanto o homem, são livres. Nem homens nem mulheres são
verdadeiramente livres enquanto não controlarem a si mesmos, tomando consciência da
enorme manipulação a que hoje estão submetidos.
A mulher deve assumir sua feminilidade, cultivando o respeito próprio, convicta de seu
real valor, de suas enormes possibilidades. Só assim encontrará o próprio caminho num
mundo onde prevalecem as energias masculinas: a agressividade, a luta pela conquista,
a liderança, a agitação, a velocidade de uma sociedade voltada para fora, para o externo.
No momento atual da Terra a mulher tem, pela primeira vez, as condições históricas,
sociais e psicológicas para assumir plenamente sua essência feminina como forma de
viver, de alcançar seus objetivos, sem a pretensão de dominar o homem ou ser igual a
ele para ter o poder. Homem e mulher precisam caminhar lado a lado, em equilíbrio.