Você está na página 1de 24

QUESTÕES DISCURSIVAS – RODADA 5

Todas as questões devem ser respondidas em até 30 linhas. Em havendo


divisão em itens, o somatório não pode ultrapassar referido limite.

1 – Sobre terceirização trabalhista, responda:


a) Terceirização lícita x terceirização ilícita: visão jurisprudencial e analise crítica
da Lei 13429/2017.
Na esteira da jurisprudência do TST, lícita é a terceirização que se opera na
atividade meio da empresa, a exemplo de serviços de limpeza e vigilância. Ilícita,
porém, é a terceirização que atinge a atividade finalística do empregador, salvo nas
hipóteses de contratação temporária. Entretanto, a Lei 13.429/2017, permite a
dissociação da mão de obra em qualquer atividade, sugerindo a adoção de práticas
de enxugamento da empresa (downsizing) e/ou outsourcing, as quais tendem a
romper com a alheiabilidade da relação de emprego e ocasionar repercussões
deletérias aos trabalhadores, tais como diferentes salários para idênticas funções,
enquadramento sindical distorcido, deficiência na representatividade, bem como
discriminação de empregados conforme a vinculação ao empregador.

b) Sob a ótica do trabalho decente e do cilindro de Ciro, faça uma crítica sobre
contrato de facção.
O cilindro de Ciro foi interpretado por alguns como sendo o precursor da carta de
direito humanos, na medida em que seu texto, ainda que escrito em tempos remotos,
sugere temas como liberdade, trabalho e repatriação. A ideia de trabalho decente, por
seu turno, é o ponto de convergência das core obligations da OIT, destacadas na sua
Declaração de Direitos e Princípios Fundamentais do Trabalho. Quanto ao contrato de
facção, em que uma empresa delega para outra a produção em escala de seus
produtos, a jurisprudência é firme no sentido de que a responsabilização somente se
mostra viável quando houver ingerência da contratante sobre a contratada. Em nosso
sentir, trata-se de uma modalidade de outsourcing tendente a precarizar a
malbaratear a mão de obra, sugerindo exponencial coisificação do homem
trabalhador, em descompasso com a Declaração da Filadélfia, de 1944.
c) Frente ao novel posicionamento do Pretório Excelso, como se opera a
responsabilização da Administração Pública?
Consoante se extrai do informativo 859, o Pretório Excelso entendeu, por maioria que
a Lei 9032/95 buscou excluir a responsabilidade subsidiária da administração.
Contudo, ressalvou que o artigo 71, da Lei 8666/93, declarado constitucional pela
Corte (ADC 16), entendeu pela impossibilidade de responsabilização automática da
administração, a qual somente pode se operar mediante prova concreta de que a
atitude da administração contribuiu de forma direta para a existência do dano. A culpa
in vigilando se demonstra, contudo, quando a Administração Pública não demonstra,
documentalmente (artigo 37, da Lei 9784/99) a fiscalização do contrato (certidões
negativas), o que a doutrina convencionou chamar de prova por amostragem.

CANDIDATO 1

A DUDH (1948) e a CR/88, no seu artigo 1º, IV, preconizam a


valorização social do trabalho como dignificante ao ser humano. Na década de 70, em
meio a período de crise, surgiu nas empresas multinacionais a terceirização. A
finalidade inicial não era precarizar direitos trabalhistas, mas sim concentrar na
atividade-fim da empresa, terceirizando o serviço da atividade-meio. Achei
interessantíssima sua incursão inicial. Veja que, a um só tempo, falamos do direito
comparado, da CF/88 e ainda fizemos uma abordagem histórica sobre o instituto.
Parabéns!

No Brasil, durante muitos anos, não havia uma lei geral de greve
terceirização, não?!, sendo esse vácuo legislativo preenchido pelo TST deu a entender
que o TST praticou ativistmo judicial, por meio da Súmula 331. Na referida normativa,
a contratação por empresa interposta (terceirização) era ilegal, formando vínculo
empregatício com o tomador de serviço, salvo no caso de contrato temporário (Lei
6.019/74). Veja que o TST não pode suprir uma lacuna normativa editando uma
súmula. Isso é ativismo judicial e a bancas não reconhecem essa atividade por parte do
Poder Judiciário. Logo, o caminho era falar que o TST exerceu um controle civilizatório
judicial sobre o instituto, especialmente interpretando a terceirização dentro de uma
abordagem sistemática e teleológica do ordenamento.

Em 2017, com a edição da Lei 13.429, bem como a Lei 13467


(Reforma Trabalhista), alterou-se substancialmente a Lei 6.019/74, o instituto
“terceirização” fora normatizado juntamente ao trabalho temporário, acrescentando
os art.4º-A à 5º-D, autorizando a terceirização de serviços da atividade-fim, bem como
anteriormente já autorizara a atividade-meio. Em 2018, o STF, ao julgar ADPF 324 e RE
958.252 decidiu pela licitude da atividade-fim no processo produtivo. Muito bom!

O contrato de facção constitui na entrega à empresa contratada de


peças em estado bruto pela empresa contratante, proporcionado total autonomia da
empresa contratada na execução dos serviços. Outra característica importante no
modelo é a multiplicidade de tomadores de serviço da empresa contratada, cuja
ausência de exclusividade na prestação de serviços descaracterizam a aplicação do
prescrito na Súmula 331 do TST. É diferente de franquia, não é mesmo?! Conforme o
Cilindro de Ciro (Primeira Declaração de Direitos Humanos) direto e rasteiro., o juiz
deve atentar-se quanto à possibilidade de fraude na intermediação de mão de obra a
qual é proibida, valendo-se do Princípio da Primazia da Realidade sobre a Forma (art.
9º da CLT). Muito bom! De bom tom esclarecer que o contrato de facção, pura e
simplesmente falando, não se configura como uma fraude trabalhista, o que demanda
análise específica por parte do magistrado, por exemplo em casos em que a execução
de serviços se dá a benefício único de um tomador (Caso da Hering em Ceres e
Goianésia. Não sei se você chegou a fazer sentenças nesse sentido).

A Súmula 331, V, do colendo TST autoriza a responsabilização da


Administração Pública de forma subsidiária, desde que haja comprovação da não-
fiscalização falta de exigência de certidões, na forma do artigo 37, da Lei 9784 (prova
por amostragem) (“in vigilando”) do pagamento dos direitos trabalhistas ao
empregado pela prestadora de serviços. Esse inciso decorre de entendimento do STF
que declarou a constitucionalidade do art. 71 da lei 8.666/93. O RE 760931 reiterou o
entendimento firmado na ADC 16, especificando a impossibilidade automática da
responsabilização da Administração Pública, devendo ter prova inequívoca da omissão
de fiscalização. Excelente! A prova por amostragem arremataria isso.

A sua resposta ficou boa. Você conseguiria 60%. Talvez se tivesse


explorado os pontos que indiquei, bem como se tivesse falado sobre enxugamento de
empresa e outsourcing, alavancaríamos a nota. Sigamos firmes!

CANDIDATO 2

a) Terceirização lícita x terceirização ilícita: visão jurisprudencial e analise crítica


da Lei 13429/2017.
O TST editou a Súmula 331/TST possibilitando a terceirização nas atividades
meio (não essenciais/não finalísticas) da tomadora de serviços. Considerando este
início, seria legal falar que o TST editou a S.331 ante a falta de um patamar civilizatório
mínimo sobre o tema, de modo que, ao fazê-lo, não teve a intenção de substituir o
legislador, mas tão somente apresentar uma interpretação sistemático-teleológica do
ordenamento sobre o instituto da terceirização. A Lei 13.429/2017, no entanto, pôs
fim à lacuna normativa antes existente. A terceirização é lícita, portanto, quando
preenchidos os requisitos do art. 4º-B e a empresa prestadora de serviços possua
capacidade econômica compatível com sua execução, seja nas atividades meio ou
atividades fins (art. 4º-A com redação dada pela Lei 13.467/2017). Muito bem!
A lei previu a possibilidade de diferença salarial entre trabalhadores da
tomadora de serviços e da empresa terceirizada (art. 4º-C, §1º), o que fomentou a
desigualdade salarial. No entanto, o dispositivo deve ser lido à luz da CRFB, que
empresta fundamento de validade para todo o ordenamento jurídico e garante a
isonomia salarial (art. 7º, XXX, XXXI e XXXII). Concordo com você. A partir disso, temos
uma séria de problemas, até mesmo a vinculação sindical distópica de empregados
que exercem as mesmas funções de fato. Seria legal lembrar, ainda, do enxugamento
de empresa.

b) Sob a ótica do trabalho decente e do cilindro de Ciro, faça uma crítica sobre
contrato de facção.
Por intermédio do Cilindro de Ciro, encontrado em 1879, o Rei de Pérsia, Ciro –
o Grande, anunciava a liberdade dos escravos. O documento inspirou a DUDH,
conforme se nota dos seus primeiros dispositivos. Muito bem! o foco do cilindro de
ciro era a tutela da liberdade, a partir da qual inspirou outros direitos.
O conceito de escravidão sofreu mutação, mas não deixou de existir na prática.
Cite-se como exemplo o contrato de facção, em que a empresa de confecção fornece
produtos terminados/acabados ao gestor da marca. Para atender à demanda, as
empresas de confecção contratam (e não fiscalizam) várias pequenas empresas para
trabalhar e entregar, a tempo, a produção – em grande escala – a gestora da marca. ok
Tem sido uma forma velada de alimentar a escravidão contemporânea
informação muito forte para uma prova de segunda fase. Veja que para verificarmos
escravidão, a jurisprudência já se fixou pela necessidade de demonstração de restrição
de liberdade, o que não acontece nestes casos, via de regra. A maneira mais imparcial
e equilibrada de defender esta questão era, simplesmente, levantar a possibilidade de
verificação de fraude, frente à precarização da mão-de-obra e malbaratamento desta.
Tudo isso, a proposito, de acordo com o 9°, da CLT. Mas, via de regra, jurisprudência
do TST declara a licitude do ato., pois o gestor da marca lucra com a força da mão de
obra precariamente ok empregada, em razão da jornada exaustiva e do trabalho
degradante dos trabalhadores da produção, o que contribui para o alvitramento da
dignidade humana e para a coisificação da pessoa do trabalhador.
Resolve-se a problemática à luz da teoria da cegueira deliberada (ou teoria do
avestruz), em que se deve responsabilizar o gestor da marca que ignora fatos suspeitos
e contrata sem cautela, boa-fé; aplicando-se a elas – exemplificadamente – a restrição
de crédito a que alude as leis 11.948/09 (art. 4º) e 13.707/18 (art. 112). Muito boa a
utilização da teoria da cegueira deliberada aqui. Mas, lembre-se do posicionamento
dominante do TST sobre o tema.
c) Frente ao novel posicionamento do Pretório Excelso, como se opera a
responsabilização da Administração Pública?
A Administração Pública não é automaticamente responsável pelos créditos
trabalhistas dos empregados da empresa terceirizada, inclusive, este é o
posicionamento do STF. Para a Corte, deve haver prova inequívoca de que a
administração pública não fiscalizou os contratos de terceirização (ADC n. 16/DF e RE
760931), para ensejar sua responsabilidade subsidiária, posicionamento recentemente
ratificado no bojo das Reclamações nºs. 36958, 40652 e 40759. E a prova inequívoca se
dá pela aplicação da prova por amostragem, na forma do artigo 37, da Lei 9784
(certidões de regularidade).

Resposta sensacional. O deslize de generalizar a prática como trabalho escravo foi


bastante grave e, em uma banca mais rigorosa, não teria sido aceito. Mas, se o
contexto da resposta for analisado, certamente conseguirias 60%. ATENÇÃO: se há
entendimento majoritário do TST, você deve falar dele.
CANDIDATO 3

a) A CF/88, em razão do patamar civilizatório mínimo instituído por sua ordem jurídica,
limita a terceirização trabalhista. Nessa mesma linha, segue a súmula 331 do TST, a
qual traz hipóteses de terceirização lícita como exceções. Muito bem! Considerando
este início, seria legal falar que o TST editou a S.331 ante a falta de um patamar
civilizatório mínimo sobre o tema, de modo que, ao fazê-lo, não teve a intenção de
substituir o legislador, mas tão somente apresentar uma interpretação sistemático-
teleológica do ordenamento sobre o instituto da terceirização.

Segundo a súmula 331, são lícitas a terceirização em caso de trabalho temporário (I);
para serviços de vigilância (III); serviço de conservação e limpeza (III) e os ligados a
atividade-meio do tomador (III), estas três últimas desde que não haja personalidade e
subordinação direta. Ao contrário, ilícitas são as terceirizações quando se mostram
presentes os elementos que configuram uma relação de emprego e, também, quando
se terceiriza a atividade-fim. Perdemos muitas linhas exemplificando isso. Cuidado!

As leis 13.429/17 e 13.467/17 trouxeram alterações a esse cenário da súmula 331,


mediante afastamento das restrições, acrescentando à lei 6.019/74 os art.4º-A à 5º-D.
Tais alterações foram muito significativas e são contrárias ao entendimento já
solidificado do TST, o que direciona a uma precarização, por considerarem válidas a
terceirização da atividade-fim. Muito bem, mas veja que você vai a favor do TST e
contra o STF. O caminho era apresentar uma visão de equilíbrio quanto à questão e,
apenas depois, firmar uma tese.

Corroborando com as alterações legislativas, o STF, na ADPF nº 324/DF, decidiu ser


lícita a terceirização independente do objeto social das empresas. Opa, agora sim!

Para reforçar a tese da precarização, poderíamos falar sobre malbaratamento da mão


de obra, enxugamento da empresa e coisificação do trabalhador.

b) O contrato de facção consiste na entrega de produtos prontos e acabados por um


empresário a outro. Aquele que adquire os produtos não pode ser responsabilizado
subsidiariamente pelos créditos trabalhistas, pois o objeto do contrato é o produto e
não a mão de obra. ok

Numa análise do contrato de facção sob a ótica do trabalho decente e do cilindro de


Ciro, que é considerado a primeira declaração de direitos humanos isso mesmo, deve o
juiz atentar-se para uma possível fraude na intermediação de mão de obra que é
proibida, pois o trabalho humano não é mercadoria. Para isso, poderá se valer do
princípio da primazia da realidade e da aplicação do art. 9º da CLT. Poucas
informações: TST valida a facção; regra não impede análise específica pelo juiz; não se
confunde com contrato de franquia;

c) No tocante à responsabilização da administração pública nos contratos de


terceirização, já é entendimento pacificado tanto no STF quando no TST que ela não é
transferida automaticamente à administração pública. ADC 16 e Lei 8666, artigo 71,
§4°.

O inciso V da súmula 331 do TST autoriza a responsabilização da administração pública


de forma subsidiária, desde que evidenciada sua conduta culposa, culpa “in vigilando”,
no cumprimento das obrigações da Lei 8.666/93. ok

Este inciso decorre de entendimento do STF que declarou a constitucionalidade do art.


71 da lei 8.666/93. Considerou, conforme disposição legal, que é preciso que haja
desídia na fiscalização do contrato pela administração pública para que ela seja
responsabilizada subsidiariamente. E isso demanda prova. Como: exigência de
certidões de regularidade, com base no artigo 37, da Lei 9784 (prova por amostragem).

Por fim, em decisão recente (08/09/20), o STF manteve mais uma vez o seu
posicionamento pela responsabilização da administração condicionada à existência de
prova inequívoca de omissão na fiscalização nos contratos de terceirização. Muito
bem!

Fiquei muito encantado com sua resposta. Obviamente, algumas informações


passaram, mas você foi técnica e, ao mesmo tempo, conseguiu condensar o assunto
em poucas linhas. Estamos no caminho certo de evolução. Parabéns! Atribuo 60%.

CANDIDATO 4

a. Terceirização lícita x terceirização ilícita: visão jurisprudencial e  análise crítica


da Lei 13429/2017.

A promulgação da Lei 13.429/2017 trouxe diversas alterações no entendimento sobre


a possibilidade de terceirização, culminando, recentemente, no julgamento do STF em
tese de repercussão geral que é lícita a terceirização independentemente do objeto
social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa
contratante. Boa introdução!
Dessa forma, é licita a terceirização das atividades meio e fim, desde que obedecidos
as restrições impostas pelo legislador. Portanto, será ilícita a contratação de
trabalhadores terceirizados que desrespeitem os arts. 4 e 5 da legislação em comento.
Bastante legalista o seu início. Gostei!
Observando a historicidade do debate acerca da terceirização, chega-se a conclusão
que as condições de trabalho pioraram com a edição da Lei 13.429/17. Então vamos
contra o entendimento do STF? Concordo com sua tese, mas agora precisamos
explorar institutos como precarização, malbaratamento, coisificação do ser humano,
enxugamento de empresa, dissociação de vinculação sindical, diferença de salário para
empregados que exercem as mesmas funções, etc. Ainda que haja restrições e regras
para a contratação de trabalhadores terceirizados, abriu-se espaço para a criação de
discriminação entre trabalhadores que executam a mesma atividade numa empresa, a
depender da forma que estão contratados, bem como a diminuição de garantias
trabalhistas aos terceirizados, com maior exposição aos contratempos do mercado e
consequentemente maior exposição ao desemprego e menores salários, por
conseguinte, a possibilidade de terceirizar a atividade fim da empresa abre espaço
para a diminuição da qualidade da execução do trabalho para os empregados
contratados sem a égide da terceirização. Excelente abordagem!
Conforme ensina a doutrina, a terceirização é o fenômeno pelo qual se dissocia a
relação econômica de trabalho da relação justrabalhista que lhe seria correspondente,
assim, insere-se o trabalhador no processo produtivo do tomador de serviços sem que
se estendam a este os laços justrabalhistas, que se preservam fixados com uma
entidade interveniente. A terceirização provoca uma relação trilateral em que o
trabalhador presta serviços junto à empresa tomadora de serviços; a empresa
terceirizante, que contrata o trabalhador, firmando com ele os vínculos jurídicos
trabalhistas pertinentes; a empresa tomadora de serviços, que recebe a prestação de
labor, mas não assume a posição clássica de empregadora desse trabalhador
envolvido. Brigamos contra as linhas, por isso eu tiraria isso. Veja que não faz muito
sentido: primeiro falamos mal da lei para, somente depois, conceituar a terceirização.
Logo, o trabalhador além de ter que prestar contas de seu trabalho a duas empresas,
sendo, em geral, visivelmente subordinado às duas, percebe remuneração em geral
ínfima, pois a empresa terceirizante e intermediadora da relação precisa auferir lucro,
que só é possível com o sacrifício das condições de trabalho (salários reduzidos, maior
jornada, menor segurança no trabalho e benefícios aos trabalhadores etc.), não poderá
se utilizar do mecanismo trabalhista da equiparação salarial com os trabalhadores
exercesntes da mesma atividade, todavia, contratados diretamente pela empresa
tomadora de serviços, bem como em eventual débito trabalhista, poderá demandar a
empresa tomadora de serviços apenas subsidiariamente, ou seja, em eventual
demanda trabalhista, seu crédito sofrerá com a espera do reconhecimento da
subsidiariedade, com a espera da execução da empresa terceirizante, para somente
após verificada sua incapacidade financeira, os créditos serem satisfeitos pela empresa
que realmente usufruiu da mão de obra. Amarelo = dispensável.

b. Sob a ótica do trabalho decente e do cilindro de Ciro, faça uma crítica sobre o
contrato de facção.
Contrato de facção tem natureza híbrida e ocorre quando o contratante pactua, com
terceiro, o fornecimento de produtos prontos e acabados, sem interferir na produção.
Em tese, não há terceirização de serviços consoante jurisprudência majoritária do TST,
pois o que há é o fornecimento de matéria prima de um empresária a outro. Para sua
configuração estão presentes elementos como: entrega de material em estado bruto
pela contratante; execução das atividades nas instalações da empresa contratada;
autonomia de execução da empresa contratada, e; inexistência de exclusividade entre
as empresas.ok
Esse contrato é muito utilizado na indústria têxtil, de chocolate e jóias, sendo que ao
longo do tempo, muitas empresas renomadas foram envolvidas em escândalos de
trabalho escravo e/ou tratamento desumano dos trabalhadores empregados em
empresas fornecedoras de suas matérias primas contratadas por meio do contrato de
facção.
São situações que envolvem não só a natureza laboral da relação, como também
princípios de direitos humanos, que desde a remota época babilônica foi garantido
pelo cilindro de Ciro que, dentre outras declarações, condenou o trabalho forçado
(escravo). Na linha do que a questão pedia.
Para a OIT, o trabalho decente tem quatro pilares fundamentais: os direitos e
princípios fundamentais do trabalho, a promoção do emprego de qualidade, a
extensão da proteção social e o diálogo social. Bom argumento!
Juridicamente, há proteção do trabalhador terceirizado, podendo tanto a empresa
tomadora de serviços quanto a contratante serem penalizadas em caso de
descumprimento de algum dos pilares do trabalho decente. O mesmo não se observa
no contrato de facção, tendo em vista, especialmente, a autonomia de execução pela
empresa contratada, bem como o espaço físico da execução das atividades ser em
local determinado pela empresa contratada, com ausência de exclusividade.
Para que haja responsabilidade subsidiária, a doutrina e jurisprudência precisam que
se configure o erro in vigiando e in eligendo, o que não ocorre nesse contrato, pois a
atividade da contratada ocorre de forma autônoma, independente e sem ingerência da
contratante.
Portanto, ainda que a empresa contratada descumpra direitos humanos (e
fundamentais), não há como responsabilizar juridicamente a empresa contratante. Eu
trocaria toda essa fala por algo assim: “Malgrado a jurisprudência pacífica do TST
entenda pela licitude dos contratos de facção, é lícito ao magistrado, em caso de
verificação casual de fraude (9°, da CLT), emprestar nova qualificação jurídica à
questão, à luz do princípio da primazia da realidade.”

c. Frente ao novel posicionamento do Pretório Excelso, como se opera a


responsabilização da Administração Pública?

Entende o STF ser lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho
entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas
envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante. Já falamos
disso!
A Súmula 331 do TST informava que a contratação irregular de trabalhador, mediante
empresa terceirizada, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração
Pública direta, indireta ou fundacional. Ok, mas não era o foco. Contudo, os entes
integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente
caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º
8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações
contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. Prova por
amostragem (37, da Lei 9784), comprovada mediante a apresentação, pela AP, das
certidões de regularidade fiscal, trabalhista e previdenciária. A aludida
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas
assumidas pela empresa regularmente contratada. Não é automática – ADC 16/STF.
Tal entendimento segue inalterado, tendo em vista que a declaração de licitude da
terceirização não desvincula a Administração Pública do princípio da legalidade, que
para a Administração Pública significa a realização de atos conforme comando legais.
Após o julgamento, chegou-se à seguinte tese de repercussão geral aprovada no RE
(STF:2018)2: “É licita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho
entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas
envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante”.
Certamente você não conseguirá fazer isso em prova. Devemos ter o cuidado de
adotar, no treino, exatamente as condições da prática. Tudo o que grifei de amarelo
não precisava constar de sua resposta. A objetividade de jogaria la na frente em
relação à nota. Pecamos pela falta de alguns argumentos, bem como pelo excesso de
linhas. Atribuo 50%.

CANDIDATO 5

A terceirização, fenômeno voltado ao alcance de maior competitividade lucrativa


empresarial, foi durante muito tempo vista com ressalvas pela jurisprudência
brasileira, que, nos termos da sum. 331 do E. TST, vedava, como regra, a contratação
de trabalhadores por empresa interposta, salvo no caso de trabalho temporário,
permitindo, ainda que com ressalvas, a mera contratação de serviços de vigilância,
conservação e limpeza, bem como de serviços especializados ligados à atividade meio
do tomador. Considerando este início, seria legal falar que o TST editou a S.331 ante a
falta de um patamar civilizatório mínimo sobre o tema, de modo que, ao fazê-lo, não
teve a intenção de substituir o legislador, mas tão somente apresentar uma
interpretação sistemático-teleológica do ordenamento sobre o instituto da
terceirização.

Não obstante, a proibição consagrada no referido verbete sumular foi considerada


inconstitucional pelo E. STF, que, por sua vez fixou a tese de que é lícita a terceirização
de toda e qualquer atividade, seja meio ou fim, afastando, por derradeiro, possível
relação de emprego entre a tomadora de serviços e o empregado terceirizado. E esse
mesmo espírito consagrou o legislador ao acrescentar à Lei de Trabalho Temporário
(Lei 6019/74) a previsão da Lei 13429/2017, posteriormente corroborada pela Lei
13467/2017. Muito bem!

No geral, o item “a” ficou raso. Faltou falar sobre malbaratamento, dissociação salarial
e sindical, precarização, cosificação do trabalhador e, para arrematar, enxugamento de
empresa.
No que tange ao contrato de facção, esse se trata de contrato de natureza
essencialmente civil ou comercial. Comumente empregado na indústria têxtil, visa a
entrega de produtos finalizados pela contratada à contratante, a fim de que esta venha
a utilizá-los em sua cadeia produtiva. Assim, ao contrário da terceirização, não há que
se falar em cessão de mão de obra. Os trabalhadores, em especial, prestam serviços na
própria dependência da empresa contratada, que, por sua vez, exerce sua atividade
autonomamente, e sem exclusividade. TST valida!

Contudo, em que pesem os evidentes propósitos legiferantes e contratuais, o Direito


do Trabalho se norteia pelo Princípio da Primazia da Realidade Sobre a Forma, de
modo que, constatado o desvirtuamento do propósito da contratação, seja no
contrato de facção ou na terceirização, possível será o reconhecimento de vínculo
direto com o tomador. E assim ocorrerá diante de nuances de subordinação
inequívoca do trabalhador ao contratante, bem como pelo viés de pessoalidade capaz
de constituir amálgama insubstituível. Excelente, mas lembre do 9°, da CLT.

No que tange à Administração Pública, a regra contida no artigo 71, parágrafo 1º, da
Lei de Licitações (Lei 8.666/1993) consagra a não responsabilização subsidiária por
créditos trabalhistas decorrentes de contratos de terceirização. Mas, conforme
entendimento do E. STF ADC 16, essa regra poderá ser afastada, casuisticamente, nos
casos em que demonstrada inércia do ente público em obstar o reiterado
descumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço
enquanto empregadora. Também achei raso. Faltou falar da necessidade de
fiscalização por intermédio de exigência de certidões e regularidade fiscal,
previdenciária, trabalhista e de FGTS, na forma do artigo 37, da Lei 9784 (prova por
amostragem). Resposta no caminho certo. Faltou pouquíssimo para o 6. Talvez se você
tivesse falado sobre algum dos pontos que destaquei, verticalizando um pouco mais a
sua resposta, a aprovação viesse. Para esta, atribuo 57,5%. Vamos firmes!

CANDIDATO 6

A terceirização teve sua origem nos EUA após a 2ª Guerra Mundial, sendo um
processo de transferência de algumas atividades de uma empresa para outra
empresa (atividade meio ou fim). No Brasil, por muitos anos, sua previsão se
limitou a S. 331 do C. TST, que proibia a terceirização na atividade fim.
Considerando este início, seria legal falar que o TST editou a S.331 ante a falta de
um patamar civilizatório mínimo sobre o tema, de modo que, ao fazê-lo, não
teve a intenção de substituir o legislador, mas tão somente apresentar uma
interpretação sistemático-teleológica do ordenamento sobre o instituto da
terceirização. Porém, em 2017 foi promulgada a Lei 13.429 que altera a Lei
6.019/74 (que antes apenas tratava do trabalho temporário), inserindo a
previsão do trabalho terceirizado e seus parâmetros legais. Para mim, isso já
matava um item importante do primeiro questionamento. Não precisava de uma
introdução separada.

a) O E. STF concluiu pela inconstitucionalidade da S. 331 do C. TST,


tanto pela ofensa ao princípio da legalidade, quanto da livre iniciativa, livre
concorrência e os valores sociais do trabalho (art. 1º, IV; 5º, II; 170, caput e 193,
CRFB). Julgou ser constitucional e lícita a terceirização tanto para atividade meio
quanto para atividade fim, conforme interpretação dos princípios constitucionais
acima mencionados e as Leis 13.429/17 e 13.467/17 (Reforma Trabalhista),
conforme arts. 4º-A e 5º-A da Lei 6.019/74. Assim, apenas há se falar em
responsabilidade subsidiária da empresa tomadora de serviços. Muito bem!

Porém, cabe salientar que a Justiça do Trabalho está amparada pelo


princípio da primazia da realidade, ou seja, presente todos os requisitos da
relação empregatícia (art. 2º, 3º, 9º da CLT) fica configurada a fraude ao vínculo
de emprego. Portanto, conforme a análise do caso concreto, é possível haver a
responsabilização da empresa tomadora quando esta for a real empregadora
(terceirização ilícita). Sensacional!

Eu apenas exploraria melhor a questão da precarização da mâo de obra à luz da


dissociação salarial e sindical decorrente do processo de terceirização. Além
disso, também falaria um pouco (brevemente) sobre enxugamento de empresa,
me valendo de conceitos como coisificação e malbaratamento da mão de obra.

b) O contrato de facção não se confunde com a terceirização, pois não


há a prestação de serviço por outra empresa e sim o fornecimento de um
produto pronto e acabado (contrato de natureza comercial). TST chancela a
prática, salvo se houver fraude, na forma do 9°, da CLT, que deve ser
interpretado sob a ótica da tutela dos direitos fundamentais, resguardados
desde o Cilindro de Ciro, historicamente o primeiro diploma a tutelar direitos
básicos do ser humano, a exemplo da liberdade. A propósito, ele se difere do
contrato de franquia. O MPT eu já tiraria alguns pontos se fosse examinador.
Você não atendeu a contento (não falou do Cilindro de Ciro) e ainda veio falar do
MPT em prova de juiz. Temerário demais! combate as fraudes em tais contratos,
principalmente quando há a precarização laboral e não seegurados os direitos
mínimos do trabalhador (art. 1º, III e IV e 7º, CRFB).

c) A S. 331 do C. TST prevê que há responsabilidade subsidiária da


Administração Pública quando houver culpa in vigilando, porém é contrária ao
art. 71, §1º da Lei 8.666/93, que alega não haver responsabilidade nenhuma Não
é isso! A ADC 16 fala que a responsabilidade não é automática, o que não se
confunde com irresponsabilidade. Logo, à luz da teoria da prova por amostragem
(37, da Lei 9784), a AP deve manter a guarda dos documentos daqueles com
quem ela contrata, especialmente certidões de regularidade trabalhista,
previdenciária, FGTS e fiscal. O E. STF decidiu que apenas haverá
responsabilidade subsidiária quando houver prova da falta de fiscalização (culpa
in vigilando), afastando a culpa presumida. Porém, não especificou de quem
seria o ônus de provar tal culpa. Ora, o ônus seria solucionado se levantássemos
a teoria da prova por amostragem, na forma do 37, da Lei 9784. Ficou bem raso
esse ponto.

Minhas percepções foram: início irreparável, meio com omissão e fim sem força
e com fundamentação rasa. Fiquei animado no início da correção, mas ao longo
dela fui lamentando, eis que tinha tudo para conseguir uma super nota. Mas, o
momento aqui é de aprender. Vamos firmes. Atribuo 50%.

CANDIDATO 7

a) Terceirização lícita x terceirização ilícita: visão jurisprudencial e análise crítica


da Lei 13429/2017.
A terceirização lícita é aquela permitida por lei e que não viola princípios ou
normas jurídicas (Leis 6.019/1974 e SUM-331, C. TST), pois nestes casos, será
considerada ilegal e, se houver subordinação jurídica ao tomador, poderá formar
vínculo com este (arts. 2º, 3º e 9º da CLT). Considerando este início, seria legal falar
que o TST editou a S.331 ante a falta de um patamar civilizatório mínimo sobre o tema,
de modo que, ao fazê-lo, não teve a intenção de substituir o legislador, mas tão
somente apresentar uma interpretação sistemático-teleológica do ordenamento sobre
o instituto da terceirização.
Também é lícita a terceirização ligada à atividade-fim da Administração Pública,
que contratar em caso de necessidade e que não constitua fraude ao concurso público
(Decreto 9.507/1918). Ok, mas não era o foco da questão. Eu tiraria isso!
Ainda, antes do advento da Lei 13.429/2017 (que alterou a Lei 6.019/1974) era
considerada ilícita a terceirização da atividade fim da empresa. Entretanto,
mesmo com a possibilidade de repasse da atividade principal para terceiros,
deve-se sempre averiguar se não estarão presentes os requisitos para
caracterizadores da relação de emprego entre tomadora e empregador (arts. 2º
e 3º da CLT). o STF declara a licitude da terceirização e você não falou sobre isso.
Além disso, eu exploraria melhor a questão da precarização da mâo de obra à luz
da dissociação salarial e sindical decorrente do processo de terceirização. Não
menos, também falaria um pouco (brevemente) sobre enxugamento de
empresa, me valendo de conceitos como coisificação e malbaratamento da mão
de obra.

b) Sob a ótica do trabalho decente e do cilindro de Ciro, faça uma crítica sobre
contrato de facção.
O contrato de facção (de natureza civil ou comercial) não tem por escopo a
prestação de serviços ou a interferência na mão-de-obra, propondo-se, apenas, à
pactuação com terceiros para o fornecimento de produtos prontos e acabados. TST
chancela a prática, mas deixa a salvo os casos de fraude, à luz do 9°, da CLT.
Entretanto, se este instituto jurídico for utilizado como mero fornecimento de
mão-de-obra ou terceirização de serviços, poderá ser declarada a responsabilidade
subsidiária da tomadora de serviços pelos débitos trabalhistas e até mesmo o vínculo
empregatício com esta (caso presentes os requisitos caracterizadores da relação
empregatícia – arts. 2º e 3 e 9° da CLT). Isso mesmo!
O que é cilindro de ciro? Primeira carta de direitos fundamentais da história.
Tutelou, especialmente, a liberdade, além de outro direitos.

c) Frente ao novel posicionamento do Pretório Excelso, como se opera a


responsabilização da Administração Pública?
O STF firmou tese vinculante ADC 16 no sentindo de que é constitucional o art.
71, § 1º da Lei 8.666/1993, de forma que a simples inadimplência da intermediadora
da mão-de-obra contratada pelo Poder Público em relação aos encargos trabalhistas,
fiscais e previdenciários não enseja, em regra, a responsabilidade subsidiária ou
solidária da Administração Pública com base nos arts. 186, 927 e 942 do CC/2002. Não
é isso! A ADC 16 fala que a responsabilidade não é automática, o que não se confunde
com irresponsabilidade. Logo, à luz da teoria da prova por amostragem (37, da Lei
9784), a AP deve manter a guarda dos documentos daqueles com quem ela contrata,
especialmente certidões de regularidade trabalhista, previdenciária, FGTS e fiscal.
Assim, o tomador público apenas será responsável quando comprovar a sua
culpa in vigilando (SUM-331, V do TST), na qual não é presumida (em decorrência do
princípio da legalidade e impessoalidade). Bom, pelo que argumentei no parágrafo
anterior, veja que pecamos em alguns pontos.
Eu gostei da sua resposta e da forma como você abordou os institutos. Achei,
porém, que fomos rasos na fundamentação. Seria legal explorar melhor a
jurisprudência do STF, falar de precarização, malbaratamento de mão de obra, prova
por amostragem, cilindro de ciro, etc. Atribuo 52,5%. Sigamos firmes!

MATERIAL DE APOIO
Vasto material em pdf na pasta de apoio (APOIO CRONOGRAMA).
Lei da Terceirização não se aplica a contratos encerrados antes de sua vigência
A Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do
Trabalho decidiu, nesta quinta-feira (3), que, nos contratos de trabalho celebrados e
encerrados antes da entrada em vigor da Lei 13.429/2017 (Lei das Terceirizações),
prevalece o entendimento consolidado na Súmula 331, item I, do TST, no sentido de
que a contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o
vínculo diretamente com o tomador dos serviços.

O corregedor-geral da Justiça do Trabalho, ministro Renato de Lacerda Paiva, lembrou


que este é o primeiro precedente da SDI-1 (órgão responsável pela uniformização da
jurisprudência do TST) sobre a aplicação intertemporal da lei. A decisão, assim,
“sinaliza para os juízes de primeiro grau e Tribunais Regionais como é que deverão
enfrentar a questão”. Segundo os ministros, a questão da incidência imediata da nova
lei sobre contratos já encerrados vem sendo levantada também nas Turmas.

A decisão se deu em embargos de declaração opostos pela Contax-Mobitel S/A em


processo no qual a SDI-1, com base em sua própria jurisprudência, manteve a ilicitude
da terceirização de serviços de telemarketing com o Itaú Unibanco S/A, com o
entendimento de que os serviços telefônicos de cobrança se inserem na atividade-fim
bancária.

Nos embargos, a Contax pediu que a Subseção se manifestasse acerca da entrada em


vigor da Lei da Terceirização, especificamente na parte em que acresceu à Lei
6.019/74 (Lei do Trabalho Temporário) dispositivo (parágrafo 2º do artigo 4º-A) que
afasta o vínculo de emprego de terceirizados, “qualquer que seja o seu ramo”, com a
contratante dos serviços. Para a empresa, a nova lei “afasta qualquer ilação de ilicitude
na terceirização dos serviços prestados” e “deve ser aplicada de imediato”, tendo em
vista que a Súmula 331 “vigia no vazio da lei, vazio esse que não mais existe”.

Outro ponto sustentado pela prestadora de serviços é o fato de a questão jurídica


relativa à terceirização de atividade-fim dos tomadores de serviços é objeto de recurso
extraordinário, com repercussão geral reconhecida, perante o Supremo Tribunal
Federal. Por isso, pedia o sobrestamento do processo até o julgamento pelo STF.

Decisão

Embora ressaltando não haver omissão, contradição, obscuridade ou erro material na


decisão anterior da SDI-1, o relator, ministro João Oreste Dalazen, entendeu
necessário o acolhimento dos embargos de declaração para prestar esclarecimentos
sobre a matéria, a fim de complementar a posição já firmada. “A entrada em vigor da
nova lei, geradora de profundo impacto perante a jurisprudência consolidada do TST,
no que alterou substancialmente a Lei do Trabalho Temporário, não se aplica às
relações de emprego regidas e extintas sob a égide da lei velha, sob pena de afronta ao
direito adquirido do empregado a condições de trabalho muito mais vantajosa”,
afirmou o ministro Dalazen.

Com relação ao pedido de sobrestamento, o relator observou que, apesar de ter


reconhecido a repercussão geral da matéria relativa aos parâmetros para a
identificação da atividade-fim, o STF não determinou o sobrestamento da tramitação
dos processos que tratam do tema. “Em semelhantes circunstâncias, nem a entrada
em vigor da Lei 13.429/2017, nem o reconhecimento de Repercussão geral do tema
versado no ARE 713211, no âmbito do STF, têm o condão de alterar o entendimento
firmado no acórdão ora embargado”, concluiu.

A decisão foi unânime.

(Carmem Feijó)

Processo: ED-E-ED-RR-1144-53.2013.5.06.0004

RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO
Pessoal, em sentença, costumo decidir de acordo com a jurisprudência do TST, mas
com breves citações de entendimentos do STF:

“A terceirização se configura como prática atual de gestão


empresarial que visa dissociar o vínculo empregatício, através da prestação de
serviços, pelo trabalhador, a um terceiro, que não o empregador (downsizing).
Malgrado a recente edição da Lei 13429/2017, o TST entende que a sua aplicabilidade
somente alcança o período posterior à sua vigência, o que não é o caso dos autos.

Especificamente no caso de responsabilização da subsidiária da


Administração Pública, o TST, por meio do item V, da Súmula 331, que assim dispõe:
“Os entes integrantes da Administração Pública direta e
indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas
condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta
culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º
8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do
cumprimento das obrigações contratuais e legais da
prestadora de serviço como empregadora. A aludida
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento
das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa
regularmente contratada.”   

Discute-se, contudo, o alcance da ADC16, do STF, que emprestou


constitucionalidade ao artigo 71, §1°, da Lei 8666/93, e destacou pela impossibilidade
de responsabilização automática da Administração Pública em virtude de
inadimplemento de verbas trabalhistas, fiscais e comerciais resultantes da execução do
contrato pela empresa contratada.

Nestes termos, entendeu o Pretório Excelso que:

"Responsabilidade subsidiária da administração pública


por débitos trabalhistas (Lei 8.666/1993, art. 71, § 1º).
Ato judicial reclamado plenamente justificado, no caso,
pelo reconhecimento de situação configuradora de culpa
in vigilando, in eligendo ou in omittendo. Dever legal das
entidades públicas contratantes de fiscalizar o
cumprimento, por parte das empresas contratadas, das
obrigações trabalhistas referentes aos empregados
vinculados ao contrato celebrado (Lei 8.666/1993, art.
67)." (Rcl 12.580-AgR, rel. min. Celso de Mello,
julgamento em 21-2-2013, Plenário, DJE de 13-3- 2013.)
Vide: Rcl 8.150-AgR, Rel. p/ o ac. Min. Ellen Gracie,
julgamento em 24-11-2010, Plenário, DJE de 3-3-2011;
ADC 16, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 24-11-
2010, Plenário, DJE de 9-9-2011.”
Recentemente, no julgamento do RE 760.931/DF, o STF deliberou
novamente sobre a questão. A decisão proferida pelo Pretório Excelso seguiu
divergência apontada pelo Min. Fux, para quem:

“a Lei 9.032/1995 introduziu o parágrafo 2º ao artigo 71


da Lei de Licitações para prever a responsabilidade
solidária do Poder Público sobre os encargos
previdenciários. Se quisesse, o legislador teria feito o
mesmo em relação aos encargos trabalhistas. Se não o
fez, é porque entende que a administração pública já
afere, no momento da licitação, a aptidão orçamentária
e financeira da empresa contratada”.

O Acórdão proferido, contudo, não ignorou a possibilidade de


responsabilização da Administração Pública, mas tão somente vedou o alcance
automático de sua responsabilização Vejamos:

“9. Recurso Extraordinário parcialmente conhecido e, na


parte admitida, julgado procedente para fixar a seguinte
tese para casos semelhantes: “O inadimplemento dos
encargos trabalhistas dos empregados do contratado
não transfere automaticamente ao Poder Público
contratante a responsabilidade pelo seu pagamento,
seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do
art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93”.

Quanto ao ônus da prova, temos que a presunção de legitimidade


dos atos administrativos não exonera por completo o ônus da Administração de
demonstrar o cumprimento dos deveres legalmente estabelecidos.
Consoante PAULO DE BARROS CARVALHO (“A prova no processo
administrativo tributário”. Revista Dialética de Direito Tributário, Volume 34, 1999):

"Com a evolução da doutrina, nos dias de hoje, não se


acredita mais na inversão do ônus da prova por força da
presunção de legitimidade dos atos administrativos e
tampouco se pensa que esse atributo exonera a
Administração de provar as ocorrências que se afirma
terem existido. Na própria configuração oficial do
lançamento, a lei institui a necessidade de que o ato
jurídico administrativo seja devidamente
fundamentado, o que significa dizer que o fisco tem que
oferecer prova concludente de que o evento ocorreu na
estrita conformidade da previsão genérica da hipótese
normativa”.

Ademais disso, a presunção de legitimidade dos atos administrativos


não afasta o dever de guarda, por parte da administração, dos documentos inerentes à
execução do contrato. Nestes termos, temos o artigo 37, da Lei 9784/99, que assim
assevera:

"Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e


dados estão registrados em documentos existentes na
própria Administração responsável pelo processo ou em
outro órgão administrativo, o órgão competente para a
instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos
ou das respectivas cópias”.

Nestas situações, para Didier e Bonfim (“Prova por amostragem e


distribuição do ônus da prova no processo administrativo”. Revista de Direito
Administrativo Contemporâneo. Ano 2, Volume 10. Julho/2014, RT, p.132-3):

“o próprio legislador já realizou uma prévia valoração


acerca da possibilidade de produção probatória. Não se
trata de inversão do ônus da prova, nem de sua
distribuição dinâmica. É distribuição prévia e abstrata
feita pelo legislador; estática, pois. A regra acima
referida é uma concretização do princípio da
cooperação, decorrente do princípio da boa-fé
processual. Todos os sujeitos processuais (seja qual for a
modalidade de processo) devem comportar-se de forma
leal e cooperativa para que seja produzida uma decisão
justa”

Na hipótese dos autos, analisando a documentação juntada por parte


do Estado de Goiás, o juízo não verificou qualquer tipo de documento capaz de
comprovar a fiscalização do contrato, na medida em que ausentes certidões de
regularidade fiscal/trabalhista/previdenciária, bem como pedido de comprovação de
pagamentos de salário enviados ao primeiro Reclamado e/ou retenção de pagamentos
pela ausência de higidez financeira da empresa.

Tanto é verdade que o próprio contexto dos autos leva a crer pela
incúria do Estado de Goiás, que manteve contrato com empresa que, no curso da
prestação de serviços, abriu processo de falência.

Outrossim, não houve qualquer produção de prova testemunhal, a


fim de corroborar com a frágil ideia de cumprimento do contrato por parte do
tomador.

Com efeito, mostra-se evidente a culpa in elegendo (escolha de


empresa em condições financeiras duvidosas), bem como in vigilando (falta de
fiscalização do contrato), por parte do Estado de Goiás.

Isto posto, reconheço a responsabilidade subsidiária da segunda


Reclamada, a qual abrange todas as parcelas decorrentes da condenação, de acordo
com o artigo 331, VI, do TST.”

Quinta-feira, 30 de março de 2017


Terceirização: Plenário define limites da responsabilidade da administração pública
O Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu, nesta quinta-feira (30), o julgamento
do Recurso Extraordinário (RE) 760931, com repercussão geral reconhecida, que
discute a responsabilidade subsidiária da administração pública por encargos
trabalhistas gerados pelo inadimplemento de empresa terceirizada. Com o voto do
ministro Alexandre de Moraes, o recurso da União foi parcialmente provido,
confirmando-se o entendimento, adotado na Ação de Declaração de
Constitucionalidade (ADC) 16, que veda a responsabilização automática da
administração pública, só cabendo sua condenação se houver prova inequívoca de sua
conduta omissiva ou comissiva na fiscalização dos contratos.
Na conclusão do julgamento, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, lembrou que
existem pelo menos 50 mil processos sobrestados aguardando a decisão do caso
paradigma. Para a fixação da tese de repercussão geral, os ministros decidiram estudar
as propostas apresentadas para se chegar à redação final, a ser avaliada
oportunamente.
Desempate
Ao desempatar a votação, suspensa no dia 15 de fevereiro para aguardar o voto do
sucessor do ministro Teori Zavascki (falecido), o ministro Alexandre de Moraes
ressaltou que a matéria tratada no caso é um dos mais profícuos contenciosos do
Judiciário brasileiro, devido ao elevado número de casos que envolvem o tema. “Esse
julgamento tem relevância no sentido de estancar uma interminável cadeia tautológica
que vem dificultando o enfrentamento da controvérsia”, afirmou.
Seu voto seguiu a divergência aberta pelo ministro Luiz Fux. Para Moraes, o artigo 71,
parágrafo 1º da Lei de Licitações (Lei 8.666/1993) é “mais do que claro” ao exonerar o
Poder Público da responsabilidade do pagamento das verbas trabalhistas por
inadimplência da empresa prestadora de serviços.
No seu entendimento, elastecer a responsabilidade da Administração Pública na
terceirização “parece ser um convite para que se faça o mesmo em outras dinâmicas
de colaboração com a iniciativa privada, como as concessões públicas”. O ministro
Alexandre de Moraes destacou ainda as implicações jurídicas da decisão para um
modelo de relação público-privada mais moderna. “A consolidação da
responsabilidade do estado pelos débitos trabalhistas de terceiro apresentaria risco de
desestímulo de colaboração da iniciativa privada com a administração pública,
estratégia fundamental para a modernização do Estado”, afirmou.
Voto vencedor
O ministro Luiz Fux, relator do voto vencedor – seguido pela ministra Cármen Lúcia e
pelos ministros Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes –
lembrou, ao votar na sessão de 8 de fevereiro, que a Lei 9.032/1995 introduziu o
parágrafo 2º ao artigo 71 da Lei de Licitações para prever a responsabilidade solidária
do Poder Público sobre os encargos previdenciários. “Se quisesse, o legislador teria
feito o mesmo em relação aos encargos trabalhistas”, afirmou. “Se não o fez, é porque
entende que a administração pública já afere, no momento da licitação, a aptidão
orçamentária e financeira da empresa contratada”.
Relatora
O voto da relatora, ministra Rosa Weber, foi no sentido de que cabe à administração
pública comprovar que fiscalizou devidamente o cumprimento do contrato. Para ela,
não se pode exigir dos terceirizados o ônus de provar o descumprimento desse dever
legal por parte da administração pública, beneficiada diretamente pela força de
trabalho. Seu voto foi seguido pelos ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso,
Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.
CF/AD

STF define limites da responsabilidade da administração pública em contratos de


terceirização

(Qui, 30 Mar 2017 21:11:00)


O Supremo Tribunal Federal concluiu nesta quinta-feira (30) o julgamento do Recurso
Extraordinário (RE) 760931, com repercussão geral reconhecida. Por maioria, o
Plenário confirmou o entendimento adotado na Ação Declaratória de
Constitucionalidade (ADC) 16 que veda a responsabilização automática da
administração pública, só cabendo sua condenação se houver prova inequívoca de sua
conduta omissiva ou comissiva na fiscalização dos contratos.
Na conclusão do julgamento, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, lembrou que
existem pelo menos 50 mil processos sobrestados aguardando a decisão do caso
paradigma. Para a fixação da tese de repercussão geral, os ministros decidiram estudar
as várias propostas apresentadas para se chegar à redação final, na próxima semana.

Voto vencedor

O ministro Luiz Fux, autor do voto vencedor, lembrou, ao votar na sessão de 8/2, que a
Lei 9.032/1995 introduziu alterações no parágrafo 71 da Lei de Licitações para prever a
responsabilidade solidária do Poder Público sobre os encargos previdenciários. “Se
quisesse, o legislador teria feito o mesmo em relação aos encargos trabalhistas”,
afirmou. “Se não o fez, é porque entende que a Administração Pública já afere, no
momento da licitação, a aptidão orçamentária e financeira da empresa contratada”.

Relatora

O voto da relatora, ministra Rosa Weber, foi no sentido de que cabe à Administração
Pública comprovar que fiscalizou devidamente o cumprimento do contrato. Para ela,
não se pode exigir dos terceirizados o ônus de provar o descumprimento desse dever
legal por parte do tomador de serviço, beneficiado diretamente pela sua força de
trabalho.

(Carmem Feijó, com informações do STF)

Você também pode gostar