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QUEIMAR

DEPOIS DE
ESCREVER

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A caneta é mais poderosa do que o teclado
 
A caligrafia, tal como uma impressão digital, uma voz que
canta, uma pegada, é algo único. Cada uma revela tanto
em si própria como na intenção com a qual é usada.
Quando leva a caneta ao papel, dá-se a conhecer. 

Na era da reprodução infinita e instantânea, o que é único


continua a ser belo. Será que os seus descendentes alguma
vez irão ler a sua cronologia no Facebook?
 
Guarde alguma coisa para o mundo real, que, apesar de
tudo, permanece o único lugar onde podemos ser
realmente autênticos. Escreva à mão algo bonito e pode
ter a certeza que durará para sempre.

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Em poucas palavras 

Olá! Esta é a oportunidade de enfrentar as grandes


questões da vida.
 
Quem é você? Como chegou até aqui? Para onde vai? 

Queimar Depois de Escrever propõe-lhe questões


pertinentes, jogos mentais, experiências de pensamento
e tarefas sobre o seu tema preferido – você. 

Divirta-se com este livro ou leve-o a sério, ou ambos.


A escolha é sua. 

Porém, quando terminar, certifique-se de que o enterra, ou


o esconde, ou o fecha em algum lado e foge para longe
dele. Ou então… queime depois de escrever. 

Numa sociedade em que “partilhamos” tudo, QDE (Queimar Depois de Escrever)


vai em sentido oposto e, educadamente, sugere-lhe que não “partilhe” nada.

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Este é o seu livro

Este é o seu Dossiê Preto. Escondido no compartimento


secreto do seu mundo. Apenas para os seus olhos. Aqui não
precisa de ter medo de falar livremente a sua verdade, sem
receio de ser julgado pelos outros. 

Este livro é o único espaço da sua vida onde pode tirar


todas as máscaras. Trata-se de uma entrevista bastante
extensa a si mesmo, uma experiência radical em que é,
ao mesmo tempo, o tema e o resultado. 

Enquanto adultos, aprendemos a focarmo-nos numa


representação de nós próprios que agrade aos outros.

Por um momento, liberte-se disso. Faça uma pausa, prepare


um chá e entregue-se a Queimar Depois de Escrever à luz de
um candeeiro. Alguns elementos são tão aleatórios como as
folhas de chá que desenham padrões no fundo da chávena.
Outros são mais deliberados, pensados para que dê conta
de características suas nas quais nunca havia reparado. 

Chegou o momento de jogar ao Verdade ou Consequência


consigo mesmo. Até que ponto conseguirá ser realmente
honesto, quando ninguém está a ver?

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Isenção de responsabilidade  

Se não for realmente sincero, provavelmente não irá muito


longe. Porque o livro não está escrito. Não pode passar à
frente e, despreocupadamente, saltar estas páginas à sua
vontade. Não. Tem de se iniciar no culto do QDE.
 
Antes de começar, como o louco prestes a saltar de um
precipício, pare por um instante e reflita sobre os valores
sagrados do QDE: 

VOU RESPONDER DE FORMA HONESTA A TODAS


AS PEGUNTAS, MESMO QUE SEJAM DOLOROSAS. 

VOU USAR O PODER MÁGICO DE ABRIR AO CALHAS


O LIVRO PARA SELECIONAR A QUESTÃO MAIS
RELEVANTE PARA O MEU ESTADO ATUAL. 

VOU PERCORRER OS CORREDORES DA MINHA MENTE


E ABRIR TODAS AS PORTAS TRANCADAS. 

Se conseguir comprometer-se com estes nobres e corajosos


valores, então seja bem-vindo e junte-se à sociedade
da verdade e do autoconhecimento.

Copie, na sua caligrafia, a seguinte declaração: 

Juro fidelidade ao culto do QDE. 

Agora, pode continuar. Acredite. Selecione uma página ao acaso.


(Ou será que é a página que o seleciona a si…?) 

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QUEIMAR DEPOIS
DE ESCREVER
A verdade

Não pode esconder-se da verdade, mas não há dúvida que


ela se pode esconder de si. 

Dizem que o artista é aquele que usa mentiras para contar


a verdade. Uma coisa é certa, é impossível contar toda
a verdade, sobretudo quando está a escrever acerca de
si próprio. 

Por vezes, a mentira está na omissão. Por vezes, está no


modo como se dá a volta à questão. Mas existe sempre
um elemento de ficção, porque o tema não está em
escrever ou em falar; o fosso entre a palavra e o momento
é sempre demasiado grande. 

Até que ponto conseguirá responder honestamente a estas


perguntas? Qual é a sensação de dizer a verdade? 

Suponho que a verdadeira questão seja esta: até que ponto


se consegue ver claramente através do seu olhar
completamente parcial? 

Independentemente do modo como decidir usar este livro,


antes de responder pense na “verdade”. 

Pelo menos, assim, poderá saber se está a mentir ou não. 

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Não pode olhar para algo sem o mudar, 
não pode olhar para si próprio sem mudar.
O PASSADO
Talvez não possa alterar o que realmente aconteceu,
mas o modo como o recorda nunca se repete.

Sempre que nos recordamos de algo, revivemo-lo


a partir de um ponto de vista diferente. Estamos sempre
a reinventar a nossa história para a adequar
às necessidades presentes.

Hoje, vamos fazer o oposto. Tente encontrar novas


narrativas nos fragmentos da sua própria história,
narrativas que recriam completamente a sua relação
com o presente.

É um jogo divertido e sem regras – mas com muitas regras.


Você é a única pessoa que as conhece. Continue. 
A minha memória mais antiga 

Quando era criança, sonhava vir a ser 

Quando olho para o meu passado, aquilo de que mais


sinto saudade 

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A minha infância numa palavra 

Cartazes que tinha na parede enquanto crescia 

O gesto de bondade mais profundo que nunca esquecerei 

Personalidades da História que admiro 

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A primeira vez

A primeira vez que experimentamos algo é um


enorme abanão na alma. É inesquecível, insuportável
e radicalmente destrutivo. Mas dos destroços das nossas
desastrosas e apaixonadas primeiras vezes resulta o adulto
incrivelmente interessante e resiliente que somos.
A nossa desgraça está em acreditarmos que
a primeira vez dura para sempre.

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Os meus primeiros

Primeira amizade:

Primeiro amor:  

Primeiro disco/CD que comprei:  

Primeiras férias no estrangeiro:  

Primeiro emprego:  

Primeiro carro:  

Primeiro espetáculo:  

Primeira escola:  

Primeiro beijo:  

Primeiro professor:  

Primeira bebida alcoólica:  

Quando foi a última vez que fez algo pela primeira vez?
QDESCR-2

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Em retrospetiva

Dê uma volta pelo jardim da sua memória até aos dias


nebulosos da sua história pessoal. Está toda a gente
a falar nos bons velhos tempos… 

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Em determinado momento da minha infância, sem
o sabermos, eu e os meus amigos fomos para a rua
brincar juntos pela última vez. 

Se pudesse voltar atrás, esta pessoa seria quem estaria lá * 


 

E estaríamos neste lugar

*Anónimo na Internet

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A música que mais gostava em criança 

 
A primeira coisa que comprei com o meu dinheiro 

 
A idade em que me tornei adulto 
 

A pessoa que teve mais impacto na minha vida

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A pessoa que mais amei 
 

A coisa mais difícil que já fiz 


 

Se pudesse voltar a fazer tudo de novo, mudaria 

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