Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Olhar Ouvir e Tocar
Olhar Ouvir e Tocar
1
Fernanda Nobre, José Pedro da Silva Neto
Conselheiros e Tião Soares
Guilherme Setubal Souza e Silva
José Luiz Egydio Setubal
Marlene Beatriz Pedro Cortese
Olavo Egydio Setubal Júnior
Rosemarie Teresa Nugent Setubal
Pesquisa
Tião Soares e José Pedro da Silva Neto
Edição de textos Chinelofone 30
Instrumentos
Aerofones
Coordenação Geral Fernanda Nobre e José Pedro da Silva Neto
Paula Galeano
Coordenação de Cultura Fotos
2
Sebastião Soares (Tião Soares) Verônica Manevy
Ilustrações
Instrumentos
Assistente de Coordenação
José Pedro da Silva Neto Juarez Martins
Inácio Pereira Neto
Educadores Lutier
Colaboração
Adriana Lima
Berimbau 34
Osvaldinho Teixeira – 2006 a 2008
Rabeca 38
Cordofones
Vado Pimenta – 2009
Alex Macedo – 2010 Revisão
Fábio Vanini – 2010 Viviane Rowe
Educadores Aprendizes Projeto Gráfico e Diagramação
Elias Lopes Oliveira – 2006 a 2008 EPG
Esdras Jonatas Nunes dos Santos – 2006 a 2010 Afoxé, Xequerê, Aguê, Agbê 44
3
David Souza Rocha – 2010
Fabiano Barbosa de Magalhães – 2006 a 2010 Tambores de madeira 46
Luciano Kleber – 2008 a 2009
50
Instrumentos
Renato Soares de Oliveira – 2006 a 2010 Reco-reco
Wesley Santana Soares – 2009 a 2010 Agogô 51
Coordenação de Comunicação
Fernanda Nobre
Caxixi 52
Idiofones
Coordenação Administrativa
Kalimba 53
Mirene São José Maracá 54
Matraca 55
Agradecemos a todos os jovens e profissionais que participaram do projeto Crer, Ser, Fazer (2005), Marimba 56
ArteCulturAção – Núcleo de Formação em Música e Luteria (2006, 2007, 2008, 2009) e de outros
projetos da Fundação que, de algum modo, contribuíram para a realização desta publicação.
Alfaia 60
4
Agradecemos ainda o apoio da Sociedade Amigos do Jardim Lapenna.
São Paulo, primavera de 2010. Atabaque 62
Anexos e
DDC 787
Bibliografia
Bibliografia 84
por Maria Alice Setubal
A o passar pelos corredores do Galpão de Nesse cenário híbrido, foram construídos 5
Sons e Ritmos em
Cultura e Cidadania, no Jardim Lapenna, as alfaias, os tambores, os pandeirões, os
zona leste de São Paulo, é possível ouvir agogôs e as rabecas.
o som da oficina do Núcleo de Música e Entre o aprendizado prático, a
Luteria. A musicalidade ali presente traz contextualização histórica e as reflexões
o tom das transformações geradas pelo sobre as políticas culturais, nasceu uma
projeto, que nasceu como Crer, Ser e Fazer, nova possibilidade: a atuação dos jovens
em 2007. como produtores de cultura. Alguns
Inserido nas propostas das ações de como jovens aprendizes, multiplicando
cultura da Fundação Tide Setubal, o projeto o conhecimento com aulas para crianças
se propõe a trabalhar o ofício da luteria da comunidade; outros como lutieres,
e também a música, voltados aos ritmos vendendo instrumentos produzidos por
brasileiros. Esse caminho, traçado há três eles para grupos do bairro e da cidade;
anos pelos participantes do projeto, teve outros como monitores da oficina de
como ponto de partida um encontro com o luteria, aberta, em 2010, a outros coletivos
patrimônio cultural da comunidade. culturais da zona leste.
apresentação
A origem das famílias, as cantigas da Ao folhear as páginas desta publicação,
infância, os festejos da cidade natal, as nos orgulhamos do percurso desse
lembranças musicais, os cantores preferidos. projeto. Sabemos que o aprendizado
Ao tratar de ritmos e de instrumentos, os proporcionou não só a transformação da
educadores criaram espaços de reflexão que madeira em instrumento, mas também
pudessem trazer os saberes da comunidade, do olhar e da postura dos jovens diante da
transformados em referência musical sua comunidade. Sentimos que a missão
para estudos sobre a musicalidade que se de contribuir para o empoderamento
formaria com o grupo. Contextualizações da comunidade se torna real quando
que também contribuiriam para o percebemos a descoberta dos jovens sobre
entendimento da história de cada si mesmos, sobre a possibilidade de criar,
instrumento que ali seria criado. de multiplicar, de escolher.
Esse processo de aprendizado Desejamos compartilhar parte do
proporcionou outras reflexões, como nosso aprendizado com outras instituições
a concepção da cultura como direito. que, certamente, terão novas histórias
Debates sobre a ausência de espaços para contar, formando, assim, diferentes
Transformação
culturais no território, análises do diretrizes para a cultura por este Brasil.
incentivo a diferentes tipos de espetáculos Boa leitura!
culturais, as políticas governamentais para
a área, a indústria cultural e suas regras Maria Alice Setubal
proporcionaram reflexões entre os jovens. Presidente do Conselho da Fundação Tide Setubal
por Tião Soares 7
apresentação
concentra a atenção no possível e treina a vontade a discriminar e
organizar suas verdadeiras intenções.”
George Santayana
3
SANTOS, B. S. (2002). As Tensões da Modernidade .
PLATÃO. A República. São Paulo: Martin Claret, 2002, p.178 Disponível em: www.dhnet.org.br/direitos/militantes/boaventura/boaventura4.html.
2
desse tema, além da promoção de debates uma comunidade com justiça entre experiências teóricas, práticas, palavra-chave é a transdisciplinaridade 15
e oficinas relacionadas ao uso de matéria- social, pluralista, democrática técnicas e estéticas, de transformação e podemos traduzi-la por não
prima utilizada, envolvendo temas como e igualitária, fatores importantes para ou de difusão. fragmentação, não departamentalização
a origem da madeira, o controle da cadeia a sustentabilidade e para de informações. Desse modo, buscamos
de custódia da madeira e noções básicas o desenvolvimento. A sensibilização do educador em Edgard Morin4 uma breve explicação
de ecologia. No âmbito das oficinas, a metodologia Nessa mesma linha de pensamento, desse jeito de atuar, de se discutir e/ou
Para levarmos adiante a ideia da empregada é aquela dos encontros, das o ArteCulturAção investe, também, na de decifrar.
cultura do ser em contrapartida à conversas em pé de calçada, das rodas de sensibilidade do educador, por meio de
cultura do ter, definimos a presente conversa, preparos para a Ausculta Social encontros e trocas. O educador é desafiado Religar os saberes situa-se na finalidade da
proposta como uma escola múltipla da – metodologia inovadora que vai além a olhar o mundo com uma visão alargada “cabeça bem feita”. Ela trata de um ponto que
arte de sonhar, inserida no contexto do escutar; nela levam-se em conta os e capaz de colar os cacos do grande vaso se encontra igualmente ausente no ensino e
gestos, as piscadelas da sabedoria, a partir do desenvolvimento que deveria ser considerado como essencial: a
Já que o lugar ocupado por um grupo não antes ocupado pelos mitos tradicionais e
é como um quadro branco sobre o qual pela religião agora é da cultura de massas.
escrevemos e depois apagamos os números O samba, exemplo clássico, em suas
e as figuras, se faz necessário contextualizar primeiras letras, na década de 1930, tinha
os mecanismos da relação entre o citações de elementos das religiões afro-
apresentação
conteúdo aplicado sobre instrumentos e brasileiras, mesma época que marca a
tambores e o fazer cotidiano do Núcleo de constituição da indústria fonográfica e a
Formação em Música e Luteria do Projeto instalação efetiva da rádio do Brasil, no
ArteCulturAção. Rio de Janeiro. Embora na sua origem o
Nas rodas de conversa, na exibição samba esteja intimamente ligado à música
de vídeos e filmes e nos debates sobre os religiosa do grupo linguístico banto, nesses
tambores, é frequente a indagação dos mesmos anos 1930 foi elaborado um estilo
participantes do Núcleo sobre as mais voltado para a sociedade abrangente,
questões referentes à cultura de “o samba urbano em oposição ao samba de
matriz afro-brasileira. morro”1, diz Reginaldo Prandi. Divisão
Apesar de o senso comum não achar, proposta pela cultura de massas, como diz
essa cultura, historicamente, sofreu Morrin: “a cultura de massas produz os seus
reducionismos. O tempo, os preconceitos e próprios mitos”2.
as necessidades do capital fizeram com que Como debater essas questões sobre
as especificidades fossem sobrepostas por uma produção cultural tão complexa, de
definições culturais hegemônicas. O lugar difícil definição? Mais difícil ainda é seu
1
PRANDI, Reginaldo. Segredos Guardados. Cia das Letras, 2005.
2
MORIN, Edgar. Necrose. 1975.
compartilhamento com limites definidos Em nossas discussões, indicamos a Soares. Ela permite trazer os sentidos do Permitido pela Auscultação, nosso 21
e delimitados. Principalmente, porque, filiação, sem medo. Contextualizamos, passado pelos ruídos internos, pelos olhares,
conceito de tradição, de passado, de
para o projeto, a arte não é uma classe descontextualizamos e recontextualizamos, pelos sabores e sons da memória do corpo. memória não é cristalizado, está sempre
de objetos existentes no mundo para e o que aparentemente seria repulsível Conversar sobre essa memória sendo recriado, continuado. A mesma
serem circunscritos e classificados, mas para os adolescentes passa a fazer parte de ancestral, no primeiro momento, parece metodologia permite, ainda, recriar,
uma categoria do nosso pensamento e da ligações e lembranças de sua infância ou de chato para os jovens, pois é comum complementar o mosaico cultural, no
9
ELIADE, Mircea. Tratado de História das Religiões. Ed. Martins Fontes, 1998, p. 162. 10
CEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. LTC, Rio de Janeiro, 1889, p. 32.
Construção de
ideia por achar que os tambores eram de e depois para nossos amigos jovens, nos 25
macumba. Hoje, não conseguimos viver transformando em educadores aprendizes.
sem esses encontros. No ano seguinte, começamos a dar aula
Por conta de nossas necessidades de de construção em outros lugares da zona
ter um espaço voltado à cultura e à troca leste, como escolas, associação de bairros e
com a comunidade, a Fundação Tide até para adultos. O espaço da oficina,
uma História
Setubal construiu, em 2007, o Galpão de onde construímos os instrumentos,
Cultura e Cidadania em parceria com a foi reestruturado com nova organização
Sociedade Amigos do Jardim Lapenna. e equipamentos.
Um grande salão para os ensaios e salas Em 2010, além de jovens interessados
para as aulas teóricas. na construção, abrimos espaço para que
Além da construção de instrumentos e grupos da região também pudessem
por Jovens Aprendizes do aprendizado dos ritmos, conversamos melhorar suas apresentações com
instrumentos construídos por
apresentação
monitores desses novos alunos.
estávamos lá, cerca de 35 jovens, meio disputas do espaço com outras pessoas, do bairro, quando, de repente, Com nossas apresentações
sem vontade no início, até começarmos a picada de marimbondos, alagamento e a em diferentes espaços, como
tomar gosto pela percussão e construção de comunidade que não estava gostando da vemos um aluno gritando no XIV Revelando São Paulo,
um importante festival de
“professor!”. É muito bacana cultura paulista, começamos
também a receber encomenda
sentir o reconhecimento de instrumentos, o que
nos apareceu como uma
sobre outras questões do nosso dia a dia, possibilidade de renda.
sobre nossa família, comunidade, sobre Hoje, a comunidade nos reconhece.
educação, cultura. Notamos que, com o Às vezes, estamos andando pelas ruas do
tempo, os que falavam pouco e viviam de bairro, quando, de repente, vemos um
cabeça baixa agora se expressam melhor. aluno gritando “professor!”. É
Sem medo de falar. Quanta mudança! muito bacana sentir o reconhecimento
Montamos um grupo chamado das pessoas.
Expressão e Atitude, que se apresentou em
Esdras Jonatas Nunes dos Santos
vários lugares de São Paulo. Um orgulho Fabiano Barbosa de Magalhães
pra nós. Em 2008, começamos também Renato Soares de Oliveira
a dar aulas para crianças de 5 a 12 anos Wesley Santana Soares
Olhar, Considerando que os níveis de informação oferecida não podem ser defini
dos pontualmente e que não seria possível classificar, linearmente, todos os ins
trumentos aqui descritos, buscamos oferecer o acesso aos resultados concretos
de um trabalho de promoção sensível a um conhecimento específico que se
incorpora a uma terminologia adotada pelos diversos autores deste campo de
pesquisa – instrumentos aerofones, cordofones, idiofones, membranofones.
Tocar
contribuirá para que outros educa ção ou de conhecimento.
1
Instrumentos
Aerofones
São instrumentos cuja vibração é provocada
pelo ar assoprado (flauta, clarinete etc.) ou
comprimido (sanfona, gaita de foles etc.).
Do substantivo masculino aerofônio.
Inspirado nos tambores de tapa, esse Materiais necessários 31
instrumento é construído com tubos de 3
PVC de vários diâmetros. Os canos são
• canos de PVC com 10 cm ou 4 polegadas;
cortados de maneira que cada um produza
• 14 m de ripas de cedro de 2 cm de
uma nota da escala musical com a batida
espessura e 9 cm de altura;
em sua boca feita com chinelos. Outra
• parafusos de cabeça redonda com fenda
variação possível acontece quando os tubos
simples D= 1/8” x 1 ½” comprimento;
são fechados na parte superior e ele é tocado
• pregos sem cabeça 13 x 18.
com baquetas emborrachadas na ponta.
3) Alinhe todos os canos em cima de
uma das ripas de 0,90 cm, coloque-os
Parece-nos que o chinelofone foi difundido no Brasil pelo grupo Uakti, formado no ano 3 cm de distância um dos outros. Coloque
de 1978, sob liderança de Marco Antônio Guimarães, discípulo do suíço Walter Smetak. O Modo de construção outra ripa de 0,90 cm em cima e feche
nome do grupo foi tirado de uma lenda dos índios tukanos, do Alto Rio Negro. Sua música os lados com as ripas cortadas de 4,5 cm.
caracteriza-se pela instrumentação original. Os músicos (Marco Antônio Guimarães, cordas; 1) Corte os canos de PVC conforme a tabela. Faça dois furos na ripa e no cano,
Paulo Sérgio dos Santos, percussões; Artur Andrés Ribeiro, sopros; Décio de Souza Ramos, passe os parafusos e prenda. Repita o
percussões) são os construtores/adaptadores de seus instrumentos, feitos de materiais 2) Para os apoios, serre duas peças de 49 procedimento 30 cm abaixo.
cm de comprimento. Para as laterais, corte
Chinelofone
como tubos de PVC, sinos de madeira, caldeirões etc. Além disso, usam instrumentos
“convencionais” como violões e violoncelos. duas peças de 1,60 cm. Para frente da 4) Pregue as ripas de 1,60 cm nas laterais
armação, serre quatro peças de 0,90 cm. alinhadas com os canos, pregue também
Para as laterais da armação, corte quatro as ripas de 49 cm na ponta oposta para
Cálculo do Tamanho do Cano
peças de 4,5 cm. fazer os apoios.
para saber a Nota Musical
30
60% do diâmetro
343 – = comprimento
interno
2 x frequência do Tubo
(em metros)
Exemplo:
Comprimento do
Notas
cano de 4 polegadas
Dó 1,25 m
Ré 1,11 m
Mi 0,98 m
Fá 0,92 m
Sol 0,82 m
Lá 0,72 m 2
Si 0,64 m
2
Instrumentos
Cordofones
São instrumentos musicais cujo som provém de
cordas distendidas, em geral, sobre uma caixa de
ressonância, comumente de madeira. Do
substantivo masculino cordofônio.
Palavra de origem linguística quimbundo, grupo linguístico trazido da região africana O caxixi, chocalho incorporado ao berimbau tardiamente exclusivamente no Brasil, compõe o 35
hoje conhecida como Angola. É também conhecido como berimbau de barriga, urucungo, grupo percussivo desse instrumento.
ricunco, ngonga, nbulumbumba, lucungo, hungu.
O marimbau, um dos tipos de berimbau, de metal, com uma lingueta de aço entre dois ramos, e
Em geral, é construído com um pedaço
que aplica sobre os dentes, fazendo-se vibrar a lingueta com o dedo indicador. A própria boca é a
de madeira flexível mantido em forma
caixa de ressonância desse instrumento. Seria a mistura entre o berimbau e a marimba.
de arco de arame, e com uma cabaça na
parte inferior que funciona como sua caixa
de ressonância. Até a época de Mestre
Patinha, a madeira usada era o pau- Modo de construção
Materiais necessários
pombo (Tapirica guianensis) ou mesmo
a biriba, talvez nominando berimbau.
• cabaça média ou pequena; 1) Corte a beriba ou bambu
Quanto à corda, inicialmente, nos parece
• beriba ou bambu; com a altura de 140 cm.
que era feita de algum material natural,
• arame;
um pedaço de cipó ou corda feita de lã.
• barbante resistente;
Hoje, são utilizados os arames de pneus de
• 1 prego;
carros velhos, muito mais resistentes. 2) Corte um pedaço de couro circular
• 1 pedaço pequeno de couro.
do tamanho do diâmetro de uma das
É tocado com uma moeda, arruela, dobrão extremidades da beriba.
berimbau
Indispensável na capoeira, difundiu-se ou pedra de seixo arredondada. Essas peças 2
no Recôncavo Baiano e depois espalhou- substituíram o uso dos próprios dedos,
se por todo o país em virtude da pressionando o arame e uma vareta de
popularização da capoeira, cada vez mais biriba, também chamada vaqueta, que
considerada um esporte nacional. batida na corda produz os sons.
34
3
8) Com um prego grande, faça dois furos com 37
4) Na extremidade oposta, com a 2 cm de distância entre eles na extremidade
ajuda de uma serra, faça um nicho oposta à abertura. Pegue um barbante
de 1 mm em toda a volta da beriba, resistente de 30 cm e perpasse pelos dois furos,
distante 3 cm do fim da madeira. junte as pontas e faça um forte nó.
Amarre fortemente
uma das pontas do arame de
190 cm neste nicho.
4 8
berimbau
10) Pegue o barbante da cabaça e o tensione na
extremidade onde está o nicho com o arame
36 amarrado, essa é a parte de baixo do berimbau. Com
5
uma vareta de 30 cm, tilinte no arame, movimente
o conjunto da cabaça até encontrar o tom.
6
rabeca
relevo de forma a deixar a região central como
a mais alta da caixa harmônica.
38
rabeca
13
concluída a parte superior, siga com o deverão acompanhar a curva do tampo.
arredondamento do braço e ajuste do “salto”,
40 que será colado à caixa harmônica. 14) Coloque as cordas e afine de acordo
com a música ou estilo a ser tocado.
8) Para fazer o espelho, use 9) Para fazer a cravelha, também utilize uma
uma madeira mais dura, a madeira mais dura. Elas devem ser torneadas, 15) O arco é feito em madeira
15
peroba, por exemplo. Ele tem fáceis de ser movidas durante a afinação, sem curvada, de modo a esticar um maço
o comprimento maior do que afrouxar durante o ato de tocar. Cada cravelha de crinas de cavalo. A essas crinas
o braço, avançando sobre o segura uma corda e serão utilizadas três ou quatro adicione breu para ter
instrumento. Deve ser colado para a rabeca. Com o auxílio da furadeira, faça dois atrito sobre as cordas. Os arcos
depois de terminada a escultura furos em cada lado do cocho do braço de maneira a de rabeca não necessariamente
do braço. Tem superfície convexa encaixar as cravelhas, conforme imagem. apresentam parafuso esticador
em sua largura e é praticamente como os arcos do violino e
9 apresenta variação de
reta no comprimento. Com cola
de madeira, pregue o espelho comprimento, peso, curvatura e
no braço. qualidade da madeira utilizada.
3
Estes são os instrumentos musicais cujo som,
provocado por percussão, provém do material
de que são feitos; há os de percussão pelo
Instrumentos
entrechoque de seixos, sementes ou chumbo
no seu interior, bastando sacudi-los: maracá,
angoia, xerê; há os de percussão indireta,
por meio de baqueta ou bastão: agogô,
Tambores de Madeira
posição vertical e o músico senta-se sobre ela e percute
com as mãos a superfície que se encontra entre as pernas
ou nas laterais. É chamado de box drum em inglês. 2) Cole as
2
peças formando 1
Esse instrumento tem sua matriz nos escravos peruanos, assim uma
embora seja comum em toda a América. É possível que caixa com dois
o tambor de madeira seja descendente direto de uma série de instrumentos musicais da África lados abertos.
Ocidental e Central, em especial, Angola e Antilhas. Entre eles, o tambor de fenda, que, apesar desse
nome, é um grande pedaço de tronco de árvore escavado no seu interior. Na África Central, esse
tambor era utilizado para emissão de sinais sonoros de longo alcance.
46
Outra teoria postula que as caixas foram usadas como instrumentos musicais no período 3) No limite das
colonial espanhol, principalmente em regiões portuárias, locais onde os negros escravizados duas partes abertas,
eram proibidos de fazer música. Nesse sentido, os cajóns poderiam ser facilmente disfarçados cole e pregue um
barrado de 1 x 1 cm. 3
como bancos ou cadeiras, evitando, assim, a identificação
como instrumentos musicais. Na contemporaneidade, o
instrumento é bastante conhecido e presente na música 4) Corte duas peças do compensado de
cubana, peruana, flamenca e crioula. 0,5 cm de espessura nas medidas de 47 cm
de altura por 30 cm de largura. Parafuse
Outra variação desse idiofone é o chamado wooden bongos a cada 2 cm uma das peças em uma das
– bongô de madeira – que, em vez de membranas e bojo bocas abertas da caixa, esta será a frente.
arredondado como o bongô tradicional, utiliza tábuas de
madeira e em formato de caixa. O tubo cajón assemelha-se 5) Entre o corpo e este tampo prenda a corda
a uma conga. O percussionista soteropolitano Osvaldinho de violão. Cole a outra peça na parte de trás e
Teixeira chama esses instrumentos de bongô e conga praiana. corte um círculo de 15 cm de diâmetro.
Materiais necessários para conga Medidas – conga praiana 3) Corte o compensado de 2 mm de 49
(timbre médio) (timbre médio) espessura nas seguintes medidas: 29 x 27
cm, esse é o tampo. Passe cola na boca de
• compensado de 1 cm de espessura para • 27,5 x 29 cm de boca; 31,5 cm de altura. uma das pontas da caixa de madeira.
laterais e de 2 mm para o tampo;
4) Em seguida pregue o tampo.
Modo de construção
3
Tambores de Madeira
1
48
Agogô
Materiais necessários (sino), de formato semelhante, mas apenas
com uma campânula, em corpo mais
1) Corte a chapa de ferro fundido no
• bambu seco com 4,5 cm de diâmetro. volumoso e detalhado com soldas e pinos
formato de um trapézio de 6,5 x 5,00 cm
de ferro, é um instrumento de ocorrência
para a boca maior, e 5,70 x 4,50 cm para a
mais restrita, incluindo-se no conjunto
2 boca menor.
instrumental dos grupos de maracatu.
No caso brasileiro, como no angolano, o Além da tábua, da gamela A raiz banta, em geral, aponta a função
caxixi é construído com um trançado de ou de uma cabaça, o corpo de um desse instrumento mais como tendo o papel
fibra natural. Usualmente, o vime é a base lamelofone também pode ser construído de um tambor que dialoga com a dança e a
da peça, sendo um aproveitamento da com uma caixa fechada. Lembrando a voz de um cantor do que propriamente de
cabaça. No interior, são usados conchas, caixa de ressonância de uma viola, as um instrumento melódico, que acompanha
cereais e pedrinhas para proporcionar os linguetas desse instrumento são fixadas a voz de um contador de histórias,
sons característicos do chocalho. É um em um cavalete imediatamente abaixo do como acontece com frequência com os
substituto banto ao adjá dos iorubas. No orifício da caixa, estendendo-se sobre ele. lamelofones sansa, kalimba, mbira.
coco alagoano, é chamado de peneira.
Materiais necessários 3
Materiais necessários
• 1 cabaça pequena;
• tiras de vime; • compensado de 3 mm;
Kalimba
• um pedaço de cabaça; • pedaço de 11 cm de madeira dura;
caxixi
Matraca
juremas, pagelanças. especialmente nas áreas do Nordeste.
maracá
Modo de construção
Materiais necessários Modo de construção
1) Corte duas peças de cedrinho com 15 cm.
• 1 cabaça pequena; 1) Com o auxílio de uma serra, corte
• 1 pedaço de cedro ou cabo de vassoura; o “pescoço” da cabaça com o mesmo 2) Perfure cada uma das extremidades
• sementes ou pedrinhas. diâmetro de um cabo de vassoura, pegue das peças.
uma colher e retire as sementes e o
material orgânico. 3) Enfie um cordão de
30 cm e dê um nó
2) Corte um pedaço de 10 cm do cabo de em cada ponta.
vassoura de madeira.
Marimba
casos, com o apoio de meias cabaças, que funcionam como caixas de ressonância. Termo lado: da ponta 9 cm o
do grupo linguístico banto. É tocada com duas baquetas da mesma madeira, neste caso primeiro depois, oito pregos
sem as cabaças. 5) Com o auxílio de uma serra, faça a cada 7 cm. Entre todos
5
cortes de 1 cm de profundidade a os pregos, dos dois lados
56 cada 3 cm de distância em um dos amarre elástico tipo “tripa
Foi muito popular no Brasil até princípios lados maiores do cedro. Pegue uma de mico”, apoie as lâminas
Modo de construção
do século XX. Presente nas congadas, grosa grossa e desbaste a madeira usando de base o furo em
especialmente no litoral de São Paulo, que entre os nichos de 3 cm de distância. cada uma das pontas.
1) Para o apoio das lâminas de madeira,
interpretam miticamente a coroação do Faça isso em todas as lâminas.
corte o cedrinho de 2 cm de espessura nas
Rei do Congo, por isso é considerada um
seguintes dimensões:
instrumento real. 6) Faça um furo distante 2 cm de uma das pontas.
1
4
Não há categoria de instrumentos musicais que
simbolize melhor as culturas musicais africanas. O
tambor é logo associado a qualquer que seja o fazer
Instrumentos
musical na África. É o tambor que produz a tonalidade
da fala, é ele o responsável pela tonalidade rítmica da
música africana, tão marcante e reconhecida em todo o
mundo. No entanto, as culturas africanas não dispõem
Alfaia
madeira, peles animais nas duas bocas, aro, e cordas para a afinação.
60 A alfaia se percute com duas baquetas e o tocador se apresenta em pé, na maioria das vezes 4) Faça oito furos de 1,5 cm de diâmetro,
em cortejo. Esse instrumento veio a ser conhecido pelo público do Centro-Sul do Brasil distantes 23 cm um do outro. Repita o mesmo
relativamente há pouco tempo, por meio de grupos de música pop, que introduziram procedimento para fazer o outro aro.
a alfaia em seu instrumental, e por
percussionistas e pesquisadores que
Materiais necessários 5 5) Molhe o couro animal para que ele
contribuíram para o aparecimento de
grupos e oficinas de maracatu. fique mais maleável e coloque-o entre o
Para uma alfaia de 20 polegadas: aro e o corpo dos dois lados. Emparelhe
• compensado de sumaúma de 4 mm É classificada como membranofônica, os aros de maneira que o furo de cima
de espessura; já que o som é obtido pela membrana fique no espaço sem furo do aro de
• 15 metros de corda de sisal ou material ou pele. É instrumento de altura baixo. Amarre uma das pontas da
sintético de 8 mm; indeterminada. Além dos diversos tipos de corda no primeiro furo escolhido. Passe
• couro animal com 20 cm de diâmetro; maracatu, a alfaia encontra-se também no no furo de baixo, depois no furo de
• tachas/pregos de tapeceiro de 11 mm. coco e na ciranda. cima, formando um triângulo de corda,
assim sucessivamente.
Tradicionalmente, um instrumento muito Materiais necessários Modo de construção 63
simplificado, construído com couro animal
esticado sobre aro de madeira ou caixa oca Existe uma série de necessidades técnicas 1) Pegue as ripas pré-fabricadas e as envolva
de madeira, a parte principal é justamente o para a construção de um atabaque, a com os contra-aros externamente. Com os
couro, local onde é realizada a percussão. oficina de luteria deve ter inúmeras parafusos, prenda-os nas extremidades e no
ferramentas de corte de madeira e ferro, centro do corpo do atabaque.
Na confecção do atabaque, além dos critérios de seleção da madeira e outros acessórios, o além de equipamento para moldar a
ato de encourar o instrumento é tarefa das mais importantes, que garantirá o bom uso da madeira. Por isso, preferimos comprar as
percussão. Assim, o encouramento poderá ocorrer de várias formas: esticando a pele por peças prontas em lojas especializadas de
tachas, cordas presas em aros de ferro calçados por pedaços de madeira (cunhas) e tiras de São Paulo e montar o instrumento. Dessa
couro, cordas de náilon, pinos de madeira ou só por parafusos e tarraxas. maneira, não ficamos sem exercitar a
construção desse valioso instrumento para
O corpo do atabaque, convencionalmente feito de madeira, quase sempre são ripas presas por as culturas brasileiras.
pregos de ferro, cola e aros também de ferro; na verdade, uma caixa de ressonância afunilada.
Também se encontram atabaques com o corpo em peça única de madeira escavada a fogo. • ripas pré-fabricadas para atabaque;
• parafusos; 1
O corpo do instrumento poderá ser lixado, pintado com cores especiais, envernizado ou encerado. • 3 contra-aros externos;
• 1 aro e 1 semiaro de ferro pré-fabricados;
O atabaque atende aos usos mais diversos, indo das práticas dos candomblés até as festas • couro de cabra. 2) Prenda no corpo do atabaque as tarraxas
Atabaque
públicas. No seu âmbito sagrado, o atabaque está devidamente incluído no sistema que acompanham o kit pré-moldado.
sociorreligioso do candomblé, no qual não é só um instrumento musical, ele ocupa o papel
de uma divindade e, por isso, é sacralizado, alimentado, vestido; possui nome próprio e 3
3) Molhe o couro animal para que
apenas os sacerdotes e pessoas de importância para a comunidade podem tocá-lo e usá-lo
62 ele fique mais maleável. Coloque
nos rituais. Nesse espaço religioso, está sempre em três, o maior rum, o médio rumpi e o
um semiaro em cima do couro,
menor rumlé, respectivamente de registro grave, médio e agudo.
envolva todo o semiaro com as
extremidades do couro e coloque o
Fora do âmbito sagrado, passa a valer aro por cima das dobras.
pelos resultados sonoros, marcando, na
maioria dos casos, a base rítmica dos
conjuntos. É indispensável nas várias
modalidades de samba, capoeira, afoxé,
jongo, carimbo.
4
4) Nas extremidades de cada boca, cole e pregue contra-aros do compensado de 4 mm 65
de espessura com 4,5 cm de altura e 93 cm de largura.
Caixa
• compensado de sumaúma de 4 mm; por 93 cm de comprimento. couro, transformando-os em peça cima, formando um
• 10 metros de corda de sisal ou material única. Repita o procedimento com 8 triângulo de corda,
64
sintético de 4 mm; 2) Una as pontas, cole e pregue com outro couro e semi-aro. assim sucessivamente.
• couro animal; as tarraxas com uma ripa do mesmo
• tachas/pregos de tapeceiro de 1 mm; compensado de 3,5 cm de largura por 10) Repita em todas as duplas de cordas.
• pedaços de couro de cabra tratado. 32 cm de altura.
2
3) Preencha a fissura 9) Junte duas cordas
da emenda com uma estiradas com um
mistura de cola branca e pedaço de couro
pó de serra. de cabra de 8 cm
por 3 cm, use uma
arrebitadeira manual
9
para deixá-los presos.
Ainda na formação de batás com 67
função religiosa, tem-se o gangam, Materiais necessários Modo de construção
dundum e gudugudu.
• compensado de sumaúma de 4 mm; Para fazer o corpo, corte o compensado de
O batá africano – iorubano – é dedicado • couro de cabra; sumaúma de 4 mm nas seguintes medidas:
a Xangô e aparece em número de seis, • corda de sisal ou material sintético de 4 mm; • 1 peça em formato de trapézio de 60 cm
sendo o principal conjunto musical • barbante ou fio resistente; de comprimento de um lado por 25 cm
encontrado para o quarto Alafim de Oió, • 2 semiaros pré-fabricados de ferro de de altura por 40 cm de comprimento no
É comum denominar vários tambores rei do território de Oió. Nos versos do odu 6,35 mm (1/4”) para a boca maior; outro lado;
como bata – nos parece que isso se Egila Xeborá, encontramos essa ligação • 2 semiaros pré-fabricados de ferro de • 1 peça retangular de 40 cm de
deve ao som onomatopaico extraído umbilical entre Xangô e seus músicos reais. 6,35 mm (1/4”) para a boca menor. comprimento por 20 cm de altura.
desses instrumentos. O nome de vários
instrumentos da música afro-brasileira é Os ilus ou batás do Xangô pernambucano 1) Una as pontas, cole e pregue com tachas
cotidianamente identificado assim. lembram as caixas-surdos, apresentando as ripas do mesmo compensado de 3,5 cm
corpo de madeira ou folha de flandres de largura por 25 cm de altura na primeira
O batá, abatá, olubatá é um instrumento sobre tripé de madeira ou ferro; a percussão peça e de 3,5 cm de largura por 20 cm
de uso da música religiosa do xangô se faz na boca superior do instrumento com de altura. Preencha a fissura da emenda
pernambucano, sediado no popularmente as mãos diretamente sobre o couro. com uma mistura de cola branca e pó de
conhecido Sítio do Pai Adão, no Recife. serra. Una as duas peças na boca menor da
Instrumento dedicado exclusivamente ao Xangô, além de ser um dos mais cultuados mesma maneira, com uma ripa do mesmo
orixá feminino Iansã e também em rituais deuses nos candomblés brasileiros, 1
material. O corpo terá um formato de pilão.
ao eguns, ancestrais divinizados. É também deus do fogo, da família, da abundância
Batá
chamado adufo. No Maranhão, compõe a material, do dinheiro, da justiça também
66 orquestra religiosa dos terreiros de matriz nominou um tipo de candomblé, o Xangô 2) Nas extremidades de cada boca, cole e
linguística Jeje-Mina. Ocorre também nos pernambucano. Nesse sentido, o tambor pregue contra-aros do compensado de
3) Molhe o couro animal para que ele
cultos lucumi de Cuba. não é utilizado exclusivamente nos rituais 4 mm de espessura com 1 cm de altura.
fique mais maleável. Coloque um semiaro
desse orixá, mas para todos os outros.
em cima do couro, envolva todo o semiaro
Os batás estão nos afoxés da Bahia e são Ele, geralmente, é pintado com as cores
com as extremidades do couro, coloque o
chamados de ilús-barrica ou ilú ingome. do patrono do terreiro e “vestido” com
aro por cima das dobras. Passe o barbante
Oneyda Alvarenga relata: “Ingome de Oxum, panos e faixas com as cores do orixá de
resistente no semiaro de cima e leve-o para
tambor feito de barril com couro de cabra determinada festividade. Essa decoração
o semiaro do outro lado.
preso por pregos...” Os afoxés baianos têm indica a importância desses instrumentos,
como ritmo principal o ijexa, que também que são vestidos como seres humanos.
nomina um território africano. Esse ritmo
é dedicado quase exclusivamente ao orixá Tem encouramento duplo e é percutido 4) Faça esse procedimento até os dois
feminino Oxum – nos parece que, por isso, com o auxílio de uma baqueta dobrada em couros estarem tencionados.
no primeiro momento o ingome é dedicado uma das pontas. É colocado embaixo de
a essa divindade. um dos braços e preso no ombro.
Usado nos jongos, batuques e caxambu no Vale do
68 Paraíba, em São Paulo e Rio de Janeiro. Feito de um 69
Chamado também de tinideira, tronco oco de árvore, medindo mais ou menos 1 m, com
com aro de madeira e couro esticado diâmetro de 35 a 40 cm. Percutido em uma das bocas,
e ajustado por pregos ou tachas. com encouramento de boi, tensionado e preso no tronco
O retesamento é por aquecimento com tachas ou cravos de madeira. Produz som grave e
próximo ao fogo. A percussão se dá forte. Nas orquestras de jongo, o candongueiro é um
com a mão. Está nos grupos de boi atabaque menor, de som mais agudo.
na ilha de São Luís e no sotaque de
matraca, que são encontrados Materiais necessários
às dezenas no Maranhão.
Também chamado de • compensado de sumaúma de 4 mm;
mulungu ou panda. • couro de boi;
• ferro de 6,35 mm (1/4”);
• 15 m de corda de sisal ou sintética de 6 mm;
Pandeirão de Boi
Tambu
• 53 cm de diâmetro de couro animal espessura em quatro peças de 11 cm de extremidades com uma ripa de 6 cm do mesmo
(cabra ou boi); altura por 1,57 cm de comprimento. compensado, usando cola e pregos.
• tachas/pregos de tapeceiro de 11 mm;
• 2 m de fita de cetim ou similar. 2) Cole e pregue com tachas as 2) Faça um contra-aro de 6 cm de largura, cole e pregue
peças de maneira que as pontas internamente em uma das extremidades. Coloque outro
4
não fiquem emparelhadas. contra-aro internamente a 30 cm de distância da extremidade
oposta. De fora para dentro, com o auxílio da furadeira, faça
3) Molhe o couro para que fique oito pares de furos distantes 3 cm no último contra-aro.
mais maleável. Com as tachas,
pregue o couro no aro a cada 0,5 cm. 3) Para fazer o aro, corte 4) Molhe o couro de boi de um pouco mais de 13 polegadas.
duas barras de ferro Coloque um dos aros em cima, dobre o couro e coloque o
4) Para cobrir as tachas, coloque uma de 6,35 mm (1/4”) outro aro em cima da dobra. Perpasse a corda de 6 mm no
fita de cetim em cima e pregue com em 108 cm. Solde uma aro de cima e, no furo do corpo do instrumento, de fora para
percevejos arredondados em toda a extremidade na outra, dentro, pegue a ponta e passe no furo ao lado distante 3 cm
volta a cada 6 cm. produzindo dois do outro, passe novamente a corda no aro superior. Repita o
aros iguais. movimento até usar todos os furos. Dê um nó no final.
71
2
3) Molhe o couro de
48 cm de diâmetro e
pregue-o no lado do
Tambor feito primitivamente com um O puíta é o precursor da cuíca presente
contra-aro.
pedaço de caule desmiolado de mafumeira nos autos e ticumbis em Sergipe, nas
e, posteriormente, com uma ancoreta ou bandas de congo do Espírito Santo,
3
barril, sendo um fundo aberto e o outro nos maracatus rurais de Pernambuco,
vedado com uma pele, tendo um caniço em grupos de boi do Maranhão e
Puíta
preso em seu interior. indispensável no samba, em especial das
escolas de samba do Rio de Janeiro.
70 Compõe o conjunto de instrumentos 4) Com o couro ainda molhado,
O termo vem do quimbundo kubuita,
junto com angoia (chocalho), amarre no centro uma vareta
que significa beber excessivamente,
candongueiro (tambor de barrica) e arredondada de 44 cm de
alusão ao volume do som produzido
tambu (tambor de tronco escavado). altura e 1 cm de espessura.
pelo instrumento.
Surdo
No samba rural paulista, é encontrado
com o nome de bumbo, feito de madeira e
com couro animal nas duas embocaduras. 1
72
Materiais necessários
5
Pelos mesmos motivos da construção do
atabaque, adquirimos os aros, varetas,
porcas e as peles leitosas sintéticas em lojas
especializadas e montamos o instrumento 2) Envergue a
em nossa oficina. madeira até uma
ponta encostar
• 2 aros com oito furos de 18 polegadas na outra.
para surdo pré-fabricados;
• 8 varetas de metas para surdo;
• 2 couros de boi ou sintéticos leitosos; 2
• compensado de sumaúma de 4 mm.
Anexos e
Bibliografia
Alfaia Atabaque/Batá
77
1 1 2
2 3
4
4 6
8 6
7
nós
5
76 9
7
10
11
9 10
Caixa Tambu
1 2 3 79
4
4
3
5 6
nós
5 6
78
7
8
7
10 9 10
81
gabaritos rabeca
80
Gabarito com referências em centímetros, que se aplicadas correspondem ao tamanho natural da rabeca.
83
gabaritos rabeca
82
Gabarito com referências em centímetros, que se aplicadas correspondem ao tamanho natural da rabeca.
ADÉKOYÁ, Olúmuiyíwá Anthony. Yoruba: Tradição Oral e História. COLLIER Jr., J. Antropologia Visual: A Fotografia como Método de Pes- 85
São Paulo. Editora Terceira Imagem, 1999. quisa. São Paulo, Edusp, 1973.
Arte da África, Obras-Primas do Museu Etnológico de Berlim. Rio de DAMATTA, Roberto. A casa e a rua. 5. ed. Rio de Janeiro, Rocco, 1997.
Janeiro, Instituto Goethe e Centro Cultural Banco do Brasil, 2004. DIAS, Paulo Anderson Fernandes. São Paulo Corpo e Alma. São Paulo,
ARAÚJO, Emanuel; MONTES, Maria Lucia. Mostra do Associação Cultural Cachuera!, 2003.
Redescobrimento - Negro de Corpo e Alma. São Paulo, Fundação FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Introdução de
Bienal, 2000. Francisco C. Weffort. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1989.
________. Negras Memórias, Memórias de Negros. Belo Horizonte, 2003. ________. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 1975.
BARACCCHINI, Sabrina; PAULA E SILVA, G. H. de. Barracões Cul- ________. Ação Cultural para Liberdade.
turais da Cidadania. In: FARAH, Marta Ferreira santos (org); BAR- FRUNGILLO, Mário D. Dicionário de Percussão. São Paulo, UNESP, Im-
BOZA, Hélio Batista (org). 20 Experiências de Gestão Pública e Cida- prensa Oficial, 2003.
dania. São Paulo, Programa Gestão Pública e Cidadania, 2001. GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. LTC, Rio de Janeiro, 1889.
BARADEL, Alex; LODY, Raul. O Olhar viajante de Pierre Fatumbi Verg- ________. O Saber Local. Rio de Janeiro, Ed. Vozes, 1997.
er. Salvador, Fundação Pierre Verger, 2002. ________. Nova Luz sobre a Antropologia. Rio de Janeiro, Ed. Jorge Za-
BASCON, William R. Sixteen Couries: Yoruba Divination from Africa. har, 2001.
New Word. Bloomingiton, Indiana University Press, 1969. GRAMANI, José Eduardo. Rabeca, o som inesperado. Edição Independente,
BERNARDO, Teresinha. Axé: Ruptura e Continuidade. São Paulo, Revis- São Paulo, 2002.
Bibliografia
ta Margem nº 06, 1997. HALBAWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo, Editora Vér-
________. Negras Mulheres e Mães – Lembranças de Olga de Alaketu. São tice, 1990.
Paulo. EDUC – Pallas, 2003. HEAD, Herbert. A Educação pela Arte. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 1977.
BARBOSA, Marise. Umas Mulheres que Dão no Couro. São Paulo, Em- LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro, Ed.
pório de Produções e Comunicação, 2006. Tempo Brasileiro, 1991.
BARROS, José Flávio Pessoa de. A Foqueira de Xangô, o Orixá do Fogo. LODY, Raul. Joias do Axé. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2001.
84 Rio de Janeiro, Ed. Pallas, 2005. ________. Dicionário de Artes Sacra e Técnicas Afro-Brasileiras. Rio de
BLASS, L. M. S. Desfile na Avenida Trabalho na Escola de Samba: A Janeiro, Ed. Pallas, 2002.
Dupla Face do Carnaval. 1. ed. São Paulo, AnnaBlume, 2007. ________. O Povo do Santo. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 1995.
CACCIATORE, Olga Gudolle. Dicionário de Cultos Afro-Brasileiros. Rio ________. Etnografia do Dendezeiro. Rio de Janeiro, Ed. Pallas, 1992.
de Janeiro, Ed. Forense, 1977. MORIN, Edgar; MOIGNE, Jean-Louis. A Inteligência da Complexidade.
CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. São Pau- São Paulo, Ed. Peirópolis, 2000.
lo, Ed. Global, 2002. ________. A Religação dos Saberes. Rio de Janeiro, Ed. Bertrand, 2007.
CAMPBEL, Joseph. O Poder do Mito. São Paulo, Editora Pallas Athe- ________. Complexidade e Transdisciplinaridade. Natal, EDURN, 2000
nas, 1992. MOURA, Carlos Eugênio de (org.). Bandeira de Alairá. São Paulo, Edi-
CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e tora Nobel, 1982
sair da modernidade. São Paulo, Edusp, 2003. ________. Leopardo dos Olhos de Fogo. São Paulo, Editora Ateliê Edito-
CHARBONNIER, Georges. Arte, Linguagem, Etnologia: Entrevista com rial, 1998
Claude Lévi-Strauss. Ed. Papirus, São Paulo, 1989. ________. A Travessia da Calunga Grande. São Paulo, EDUSP, 2000.
CHAUÍ, Marilena. Cultura e Democracia. São Paulo, Ed. Cortez, 2005. PAIS, José Machado. Vida Cotidiana: Enigmas e Revelações. São Paulo,
CERTEAU, Michel de. Invenção do Cotidiano. Petrópolis, Ed. Vozes, 1994. Ed. Cortez.
86 POLLAK, Michael. Memória e Esquecimento. Rio de Janeiro, Editora
Vértice.
PORTUGAL, Fernandes. Yorubá – a língua dos Orixás. Rio de Janeiro,
Editora Pallas, 1985.
________. Yorubá – Guia Prático da Língua. São Paulo, Ed. Madras, 2002.
PRANDI, José Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo, Companhia
das Letras, 2001.
________. Segredos Guardados. São Paulo, Cia das Letras, 2005.
POUTIGNAT, P., STREIFF-FENART, J. Teorias da Etnicidade. UNESP,
São Paulo, 1998.
RAMOS, Arthur. O Folclore Negro no Brasil. Rio de Janeiro, Ed. da
Casa, 1935.
READ, Herbert. Educação pela arte (1943). São Paulo, Ed. IBRASA, 1978.
Revista Vivência. Edições 26-28, Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, CCHLA, 2004.
SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. São Paulo, Nobel, 1987.
________. Pensando o Espaço do Homem. São Paulo, Edusp, 1991.
Bibliografia