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Os meus agradecimentos vão para todos aqueles que contribuíram no decorrer Formatado: Fonte: Não Negrito
da trajetória Histórica da Fisioterapia, para uma maior e melhor presença deste saber Formatado: Recuo: Primeira linha: 1,25 cm
O autor.
SUMÁRIO
1 PALAVRAS INICIAIS......................................................................................... 8
2 INQUIETAÇÕES TEÓRICO-HISTÓRICAS E EPISTÊMOLÓGICAS EM
FISIOTERAPIA ................................................................................................ 10
2.1 Pra começar .................................................................................................... 10
2.2 Pontuações históricas sobre o termo fisioterapia e o uso de recursos
terapêuticos .................................................................................................... 10
2.3 Fisioterapia como profissão e área do conhecimento em saúde ............... 12
2.4 A fisioterapia e suas dimensões para além de uma prescrição de
tratamento ...................................................................................................... 15
2.5 Domínios cinesiológicos como princípios fundamentais da fisioterapia .. 16
2.6 Pra terminar .................................................................................................... 16
3 FORMAÇÃO E ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NUMA PERSPECTIVA
INTERPROFISSIONAL: VISÕES A PARTIR DE UMA EXPERIÊNCIA
ACADÊMICA ................................................................................................... 18
3.1 Para começar .................................................................................................. 18
3.2 Contextualizando os fatos historicamente ................................................... 19
3.2.1 O processo de reforma sanitária e a instituição do SUS.................................. 19
3.2.2 O Sistema Único de Saúde e a formação profissional ..................................... 20
3.2.3 Importância da atenção primária na reorientação da saúde ............................ 22
3.2.4 A atenção primária como cenário de aprendizagem e de construção do
conhecimento ................................................................................................. 23
3.3 Significados, desígnios e feitios metodológicos ......................................... 24
3.4 Apresentando os desdobramentos da vivência com hipertensão e diabetes
a partir de dados estabelecidos .................................................................... 27
3.5 Pra terminar .................................................................................................... 29
4 A ÉTICA NA FORMAÇÃO E NA ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA................ 32
4.1 Pra começar .................................................................................................... 32
4.2 Bases teórico-conceituais da ética e da eticidade ....................................... 34
4.3 A ética no contexto da saúde e no cuidado fisioterapêutico ...................... 36
4.4 A fisioterapia na perspectiva de uma formação ética.................................. 39
4.5 Pra terminar .................................................................................................... 42
5 A FISIOTERAPIA E A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMUNITÁRIA ........... 44
5.1 Pra começar .................................................................................................... 44
5.2 A fisioterapia e seus aspectos históricos .................................................... 47
5.3 A FISIOTERAPIA NA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM COMUNIDADE ...... 51
5.4 Pra terminar .................................................................................................... 53
6 AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE E O
CUIDADO FISIOTERAPÊUTICO ..................................................................... 56
6.1 Pra começar .................................................................................................... 56
6.2 Contextualizando o tema ............................................................................... 56
6.3 Significados, desígnios e feitios metodológicos ......................................... 60
6.4 Achados e análises sobre a temática ........................................................... 60
6.5 Pra terminar .................................................................................................... 64
7 A FISIOTERAPIA NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ... 67
7.1 Pra começar .................................................................................................... 67
7.2 Contextualizando o tema ............................................................................... 67
7.3 Significados, desígnios e feitios metodológicos ......................................... 72
7.4 Achados e análises sobre a temática ........................................................... 73
7.5 Pra terminar .................................................................................................... 76
8 PALAVRAS DERRADEIRAS ........................................................................... 79
1 PALAVRAS INICIAIS Formatado: Título 1, Adicionar espaço entre parágrafos
do mesmo estilo
Formatado: Espaçamento entre linhas: 1,5 linhas
Esta publicação, apresentada em um formato de coletânea de textos,
Formatado: Recuo: Primeira linha: 1,25 cm
materializou-se a partir da vontade de compartilhar algumas ideias sobre temas que
ainda não ocuparam os espaços devidos, quando se trata da Fisioterapia nas suas
fundamentações teórico-conceituais e epistêmicas.
O livro, além das palavras iniciais e das palavras derradeiras, foi composto por
cinco capítulos a partir de várias experiências teórico-práticas vivenciadas pelo autor
em diversificados momentos da trajetória percorrida como professor e como alguém
inquieto na busca pelo conhecimento.
No primeiro capítulo, com o título “Inquietações teórica-históricas e
epistemológicas em Fisioterapia”, discorre-se sobre algumas questões que envolvem
o saber-fazer nas suas bases teóricas, tendo a Fisioterapia como uma área do
conhecimento em saúde. Neste tópico, traz-se para o diálogo aspectos ontológicos
acerca do que é Fisioterapia como ciência e como profissão.
No capítulo seguinte, é apresentada a temática, formação em Fisioterapia
numa perspectiva interprofissional. A interprofissionalidade na formação e no trabalho
em saúde representa na atualidade um terreno fértil para de produzir diálogos e
efetividades. O assunto é explanado a partir de uma experiência no PET-Saúde, onde
foi vivenciada as possibilidades de um cuidado mais integrado, colaborativo com a
construção de um espaço propicio para diálogos frutíferos e de sabores bem
apreciados.
No terceiro capítulo, a ética se manifesta como uma área de grande importância
para os aspectos que envolvem a saúde e, em particular, a Fisioterapia, tanto no
processo de formação, quanto no da atuação profissional. Este tópico do livro traz
uma leitura que envolve aspectos conceituais da ética, bem como reflexões a respeito
da sua manifestação no cenário do acesso aos cuidados em saúde e da atenção
fisioterapêutica, em praticar.
No capítulo seguinte, o quarto, são postas considerações sobre a Fisioterapia
no cenário da extensão universitária comunitária, suscitando possibilidades de
diálogos no que tange à Fisioterapia e à formação fisioterapêutica na atenção primária
em saúde. Este texto temático busca contribuir para significativos colóquios referentes
à presença do olhar fisioterapêutico na comunidade, a partir de uma leitura da
extensão. Um dos pilares de sustentação da universidade, como centro de saberes.
No capítulo cinco, discorre-se sobre as Práticas Integrativas e Complementares
em Saúde (PIC) e suas relações com a Fisioterapia e cuidados fisioterapêuticos.
Neste tópico, são apresentadas as PIC que já constituem o currículo de graduação de
Fisioterapia, bem como as que são reconhecidas como especialidades
fisioterapêuticas. Continuando sobre as aproximações das PIC com o ato
fisioterapêutico, são apresentados os documentos publicados pelo Conselho Federal
de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, quanto à utilização das Práticas Interativas e
Complementares em Saúde pelo profissional fisioterapeuta.
No sexto e último capítulo, encontra-se a Fisioterapia no Contexto da Atenção
Primária em Saúde. Neste momento do livro, são colocadas algumas inquietações
sobre a presença da Fisioterapia no nível primário dos cuidados com a saúde. As
reflexões resultantes da experiência vivenciada do então Núcleo de Apoio a Saúde da
Família – NASF, apresentam possibilidades de colóquios envolvendo o fazer
fisioterapêutico neste nível de atenção em saúde, levando em consideração as
necessidades apresentadas pela população e pelo fisioterapeuta na condição de ator
no processo.
Por fim, esperamos que este conjunto de textos, em forma de capítulos de livro, Formatado: Recuo: Primeira linha: 1,25 cm
FISIOTERAPIA
Formatado: Espaçamento entre linhas: 1,5 linhas
2.2 Pontuações históricas sobre o termo fisioterapia e o uso de recursos Formatado: Título 2, Adicionar espaço entre parágrafos
do mesmo estilo
terapêuticos
Formatado: Espaçamento entre linhas: 1,5 linhas
episódios produziram um elevado número de óbitos, bem como uma alta incidência
das sequelas de guerra, que necessitavam de reabilitação motora e psíquica. Em
decorrência desses acontecimentos, surgiu o favorecimento de condições para a
criação de escolas, voltadas para a formação de profissionais que atendessem ao
grande contingente de vitimados, principalmente da Segunda Guerra Mundial, em
países como Inglaterra e Alemanha. (FIGUEIRÔA,1999)
De maneira semelhante, enfermidades como a poliomielite e disfunções
reumáticas e neurológicas, muito mais frequentes no ambiente moderno,
intensificaram as ações da Fisioterapia na reabilitação dos pacientes com limitações
motoras. Esses fatos marcaram, hegemonicamente, a visão da Fisioterapia como um
conjunto de técnicas e métodos voltados, sobretudo, para o tratamento e a
reabilitação, ficando as ações de prevenção primária sem maior visibilidade no que se
refere à atuação fisioterapêutica.
2.3 Fisioterapia como profissão e área do conhecimento em saúde Formatado: Título 2, À esquerda, Adicionar espaço entre
parágrafos do mesmo estilo, Espaçamento entre linhas:
simples
Numa perspectiva teórico-conceitual, a Fisioterapia no decorrer do seu
processo histórico, vem se constituindo como uma área do saber em expansão,
conforme as exigências postas pelas realidades. Expondo uma definição, em 1969 a
Organização Mundial de Saúde (OMS), coloca que a Fisioterapia é a arte e a ciência
do tratamento físico por meio do calor, do frio, da massagem e da eletricidade. Entre
os objetivos do tratamento figuram o alívio da dor, o aumento da circulação, a
prevenção e correção de incapacidades e da recuperação máxima da força, da
mobilidade e da coordenação. (OMS, 1969)
Seguindo nesta linha explicativa, a Confederação Mundial de Fisioterapia
(WCPT), fazendo referência ao fisioterapeuta, enfatiza que eles têm títulos diferentes
em diferentes países. Em muitos países, são chamados fisioterapeutas e, em outros,
são denominados de kinesiologistas. Contudo, todos fazem parte da mesma
profissão.
Os fisioterapeutas fornecem serviços que desenvolvem, mantêm e restauram,
ao máximo, o movimento e a capacidade funcional das pessoas. Eles podem ajudar
as pessoas em qualquer estágio da vida, quando o movimento e a função são
ameaçados pelo envelhecimento, lesões, doenças, distúrbios, condições ou fatores
ambientais.
Os fisioterapeutas ajudam as pessoas a maximizar sua qualidade de vida,
observando aspectos físicos, psicológicos, emocionais e sociais bem-estar. Eles
trabalham, na saúde, nas esferas de promoção, prevenção, tratamento/intervenção e
a reabilitação.
Além desses distintivos, a entidade internacional dos fisioterapeutas coloca que
eles são qualificados e profissionalmente necessários para: empreender um
abrangente exame/avaliação do paciente/cliente ou necessidades de
um cliente grupo; avaliar os resultados do exame/avaliação fazer julgamentos clínicos
sobre pacientes/clientes; formular um diagnóstico, prognóstico e planejar;
fornecer consulta dentro de seus conhecimentos e determinar
quando pacientes/clientes precisam ser encaminhados para outro profissional de
saúde; implementar um programa de intervenção
fisioterapêutica/tratamento programa; determinar os resultados de quaisquer
intervenções/tratamentos; fazer recomendações para autogestão.
(WCPT, 2021)
Dando prosseguimento ao significado da Fisioterapia, no Brasil, o Conselho
Federal da profissão define que:
A Fisioterapia é uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios
cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados
por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas (COFFITO, 2021)
Ainda conforme o Conselho Federal, a Fisioterapia fundamenta suas ações em
mecanismos terapêuticos próprios, sistematizados pelos estudos da biologia, das
ciências morfológicas, das ciências fisiológicas, das patologias, da bioquímica, da
biofísica, da biomecânica, da cinesia, da sinergia funcional, e da cinesia patológica de
órgãos e sistemas do corpo humano e das disciplinas comportamentais e sociais
(COFFITO, 2021).
Continuando a linha de raciocínio, as Diretrizes Curriculares do Curso de
Graduação de Fisioterapia de 2002, no seu artigo 3º, caracteriza o profissional
fisioterapeuta da seguinte forma: O fisioterapeuta, com formação generalista,
humanista, crítica e reflexiva, capacitado a atuar em todos os níveis de atenção à
saúde, com base no rigor científico e intelectual, detém visão ampla e global,
respeitando os princípios éticos/bioéticos, e culturais do indivíduo e da coletividade.
Capaz de ter como objeto de estudo o movimento humano em todas as suas formas
de expressão e potencialidades, quer nas alterações patológicas, cinético-funcionais,
quer nas suas repercussões psíquicas e orgânicas, objetivando a preservar,
desenvolver, restaurar a integralidade de órgãos, sistemas e funções, desde a
elaboração do diagnóstico físico e funcional, eleição e execução dos procedimentos
fisioterapêuticos pertinentes a cada situação (DCN,2002).
Observa-se que transformações vêm acontecendo tanto nos aspectos teóricos,
quanto nas práticas fisioterapêuticas, e essas modificações são resultado dos
cenários de mudanças que vão ocorrendo historicamente no processo saúde-doença.
Essas alterações que são resultados do passar do tempo, estão fundamentadas na
lei 6.316 de 17 de dezembro de 1975 que, no seu Capítulo 5º, expõe que é de
competência do Conselho Federal exercer função normativa (BRASIL, 1975).
Acréscimos nas bases conceituais acompanhados de novos recursos e
procedimentos, vão brotando em resposta às necessidades que se manifestam no
campo da saúde e da doença, no decorrer dos momentos históricos. Observa-se,
então, que a Fisioterapia não se define apenas pelo que se usa nos seus
procedimentos, mas também no que se tem como objeto de interesse. Assim, vai se
concretizando no estudo do movimento humano, visando à promoção, à preservação,
à recuperação e à reabilitação da funcionalidade, incluindo a atuação nos processos
que apontam para a finitude, com os cuidados paliativos. Assim, a Fisioterapia não se
reduz a um conjunto de métodos e técnicas que se transformam em tratamento e
mecanismos reabilitatórios, mas vem se fortalecendo como uma área do
conhecimento que apresenta um objeto de interesse.
2.4 A fisioterapia e suas dimensões para além de uma prescrição de Formatado: Título 2, À esquerda, Adicionar espaço entre
parágrafos do mesmo estilo, Espaçamento entre linhas:
tratamento simples
Formatado: À esquerda, Espaço Depois de: 8 pt,
Adicionar espaço entre parágrafos do mesmo estilo,
Apesar dos aprofundamentos conceituais que vêm sendo instituídos Espaçamento entre linhas: Múltiplos 1,08 lin.
TERLOUW. T. J. A. The Origin of the term physioterapy. Physiotherapy Research Formatado: Fonte: Não Negrito
International, 2006, v. 11, n.1, p. 56-57. Formatado: Fonte: Negrito
Formatado: Fonte: Não Itálico
World Confederation for Physical Therapy (WCPT). Disponível em:
http://www.wcpt.org/. Acesso em: 12 set. 2021. Formatado: Inglês (Estados Unidos)
Formatado: Inglês (Estados Unidos)
Formatado: Inglês (Estados Unidos)
Formatado: Português (Brasil)
Formatado: Português (Brasil)
Formatado: Texto de nota de rodapé;Texto de rodapé,
Espaçamento entre linhas: simples
3 FORMAÇÃO E ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NUMA PERSPECTIVA
INTERPROFISSIONAL: VISÕES A PARTIR DE UMA EXPERIÊNCIA
ACADÊMICA
Temos observado que ainda existe uma distância bem considerável entre a
formação de profissionais de saúde e as necessidades do Sistema Único de Saúde.
Contudo, a legislação expõe que o SUS tem responsabilidade sobre o
desenvolvimento e a formação de recursos humanos em Saúde (CECCIM et al, 2002),
tudo em conformidade com a Lei 8.080/90: “a ordenação da formação de recursos
humanos na área de saúde”. (BRASIL, 1990).
As Instituições de Ensino Superior – IES, compostas organicamente pelos
segmentos de funcionários, estudantes e docentes, entende-se que, conforme a
legislação, devem cumprir o papel de formar quadros profissionais direcionados e
comprometidos com as demandas do SUS.
Passos vêm sendo dados na direção da formação em saúde, tendo como foco
os princípios do Sistema Único de Saúde. Contudo, esses acontecem de forma muito
lenta, e a visibilidade ainda não é tão expressiva. As resistências são muitas e
decorrem de todo um conjunto de fatores históricos, e o modelo biomédico centrado
na doença, apesar da existência de todos os princípios que fundamentam o SUS, é
hegemônico no jeito de formar os trabalhadores da área de saúde.
Essa pouca visibilidade é notada a partir das palavras de Ceccim e Feuerwerker
(2014, 42) que expõem:
Compreende-se que essa construção representa um processo, e que não vai Formatado: Recuo: Primeira linha: 1,25 cm
desenvolvida como um movimento que se justificou por ser uma prática onde teve
como desígnio, a contribuição para a formação de um profissional onde o
conhecimento da atenção primária e da realidade comunitária associado ao
comprometimento com o cuidado integral da população, estivesse presente no
processo de formação, conforme preconiza o Sistema Único de Saúde.
No decorrer da experiência foram várias as desenvolvidas, e tiveram como
objetivos:
Promover a articulação formação e serviço a partir do envolvimento concreto Formatado: Fonte: (Padrão) Arial, 12 pt, Cor da fonte:
Preto
com a realidade social dos cenários comunitários;
Formatado: Parágrafo da Lista, Adicionar espaço entre
Construir espaços de vivencias onde se possibilite uma aprendizagem parágrafos do mesmo estilo, Com marcadores + Nível: 1
+ Alinhado em: 0,63 cm + Recuar em: 1,27 cm
significativa, respeitando os saberes existentes;
Formatado: Fonte: (Padrão) Arial, 12 pt, Cor da fonte:
Proporcionar em todos os envolvidos no movimento, em especial nos alunos, Preto
a capacidade de serem agentes ativos no processo de mudança; Formatado: Fonte: (Padrão) Arial, 12 pt, Cor da fonte:
Preto
Contribuir para a construção do trabalho em equipe e solidário, considerando Formatado: Fonte: (Padrão) Arial, 12 pt, Cor da fonte:
Preto
os gestores, os trabalhadores e os usuários;
Favorecer as inter-relações entre os conhecimentos advindos dos
componentes curriculares e dos saberes adquiridos no espaço comunitário;
Possibilitar a realização de ações interdisciplinares envolvendo os diversos
cursos participantes no movimento;
Oportunizar a utilização de técnicas e métodos de planejamento estratégico
nas ações e serviços de saúde para uma melhor intervenção no processo
saúde-doença, considerando seus determinantes sociais;
Realizar pesquisas envolvendo a população adscrita nas duas unidades de
saúde da família;
Fazer reconhecimento do território e visitas nos domicílios de pessoas em
especial aquelas com diabetes e hipertensão;
Desenvolver ações de educação em saúde, a exemplo das voltadas para a
hipertensão e diabetes, envolvendo espaços dos recursos sociais, com
escolas, igrejas, associações, unidade de saúde, objetivando uma melhor
qualidade de vida da população adscrita.
A experiência caracteriza-se por ser um estudo descritivo apresentando um
processo que teve o seu início no primeiro semestre do ano de 2011. Momento em
que assumimos a supervisão do Estágio Supervisionado I, do Curso de Fisioterapia
da Universidade Estadual da Paraíba. Estágio esse desenvolvido na comunidade
junto às Unidades Básicas de Saúde da Família, tendo como objetivo não só
possibilitar aos estudantes de Fisioterapia uma experiência na atenção primária, mas
também construir possibilidades de um trabalho interprofissional no cenário
comunitário.
Foi um trabalho de natureza qualitativa, e as atividades se desenvolveram no
território coberto pela Unidade de Saúde da Família no bairro do Araxá, Distrito
Sanitário III, no município de Campina Grande-PB.
Inicialmente, o Estágio citado acima sofreu resistências por parte de
estudantes. Contudo, logo no período seguinte conseguimos implantar um projeto de
extensão denominado Fisioterapia na Atenção Primária, com acadêmicos que se
identificaram com a proposta. No projeto de extensão, foram desenvolvidas atividades
de educação em saúde, buscando uma interação dos estudantes com a comunidade,
como também com os trabalhadores da equipe de saúde da família.
No primeiro semestre de 2013, fomos contemplados com o PET Saúde
Vigilância, onde foi aprovado o projeto “Doenças crônicas não transmissíveis e
qualidade de vida: Construindo saberes e práticas educativas em saúde a partir do
cenário comunitário”.
O nosso trilhar metodológico foi sempre pautado em modelos que promoveram
o trabalho coletivo, de modo que a produção sempre foi resultado da interação de
todos os atores que fizeram parte do movimento.
Para tanto, apropriamo-nos de meios socializantes dos quais podemos
destacar: as rodas de conversa, com pequenos círculos e/ou círculos maiores;
Leituras; Oficinas para promover a troca de experiências e saberes; chuva de ideias;
mapa conceitual; atividades lúdicas nas escolas com utilização de vídeos; pesquisa
quanti-qualitativa com a população hipertensa e diabética.
Durante todo processo de desenvolvimento das atividades do PET-Vigilância,
houve momentos coletivos de ações, de modo que todos os atores da proposta
estavam sempre reunidos para planejar, avaliar e compartilhar as experiências.
Essas ocasiões, foram desenvolvidas através de seminários, círculos de
estudos e encontros para análise de dados e de produção de textos. O processo de
reavaliação foi uma constante, com o intuito de minimizar os problemas evitáveis, e a
problematização se constituiu na metodologia utilizada a nossa caminhada no
decorrer do PET - Vigilância.
Os atores desse movimento, além de estudantes de Fisioterapia, fizeram parte
da equipe alunos de Odontologia, Psicologia e de Enfermagem, associados à equipe
de saúde, à população adscrita da unidade e ao professor facilitador. Outros cursos
da área da saúde foram convidados, mas no processo seletivo, não foram
classificados. No entanto, o interesse seria a inclusão de todos os cursos da saúde
nesse movimento interdisciplinar e interprofissional.
REFERÊNCIAS
CECCIM, Ricardo Burg, et al. O que dizem a legislação e o controle social em saúde Formatado: Fonte: Não Negrito
sobre a formação de recursos humanos e o papel dos gestores públicos, no Brasil.
Ciência e Saúde Coletiva, vol. 7, n. 2, p. 373-83, 2002. Formatado: Fonte: Negrito
CECCIM, Ricardo Burg; Feuerwerker, Laura C. M. O Quadrilátero da Formação para Formatado: Fonte: Não Negrito
a Área da Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle Social. PHYSIS: Revista Formatado: Fonte: Negrito
Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, vol. 14, n. 1, p. 41-65, 2004.
Formatado: Fonte: Negrito
SCHIMITH , Maria Denise; Lima, Maria Alice Dias da Silva. Acolhimento e vínculo Formatado: Fonte: Não Negrito
em uma equipe do Programa Saúde da Família. Cadernos de Saúde Pública, Rio
de Janeiro, vol. 20, n. 6, p.1487-94, nov-dez, 2004.
SIMONETTI, J.P; BATISTA, L; CARVALHO, L. R. Hábitos e fatores de risco em Formatado: Fonte: Não Negrito
pacientes hipertensos. Revista Latino-Americana de Enfermagem, vol. 10, n. 3, p. Formatado: Fonte: Negrito
415-22, 2002.
Formatado: Fonte: Negrito
TOSCANO, C. M. As campanhas nacionais para detecção das Doenças Crônicas Formatado: Fonte: Negrito
Não Transmissíveis: Diabetes e Hipertensão Arterial. Ciência & Saúde Coletiva, Formatado: Fonte: Não Negrito
vol. 9, n. 4, p. 885-95, 2004.
VIEIRA, Risomar da Silva. Extensão Universitária: um olhar sobre a fisioterapia na Formatado: Fonte: Não Negrito
atenção primária à saúde. In: Carneiro, M. A. B.; Souza, M. L. G. Extensão Formatado: Fonte: Negrito
Universitária: Desenvolvimento regional, políticas públicas e cidadania. João
Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2012.
WARKENTIN, S. et al. Diabetes Mellitus: Evolução Histórica e Dietoterápica. Formatado: À esquerda, Espaçamento entre linhas:
Diabetes Clínica, vol. 12, n. 4, p. 325-33, 2008. simples
Formatado: Fonte: Não Itálico
Formatado: Fonte: Não Negrito
Formatado: Fonte: Negrito
Formatado: Fonte: Negrito
4 A ÉTICA NA FORMAÇÃO E NA ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA
A palavra “ética” vem do grego ethos. Em sua etimologia, ethos Formatado: Fonte: 11 pt
significa – literalmente morada, habitat, refúgio. O lugar onde as
Formatado: Espaçamento entre linhas: simples
pessoas habitam. Mas para os filósofos, a palavra se refere a “caráter”,
“índole”, “natureza”. A palavra “moral” tem origem no termo latino
“morales”, que significa “relativo aos costumes”. (Brenny Filho, 2017,
pag.12)
Conforme o autor acima, a ética representa, na vida em sociedade, uma dimensão Formatado: Fonte: 11 pt
teórica, envolvendo aspectos reflexivos, filosóficos e acadêmicos e, por outra, um ato Formatado: Recuo: À esquerda: 0 cm, Primeira linha:
1,25 cm, Tabulações: Não em 4 cm
comportamental considerado adequado de acordo com o tipo de conduta adotado pelos
Formatado: Fonte: 11 pt
indivíduos em determinada organização social.
Formatado: Fonte: 11 pt
Nas situações da vida cotidiana, as pessoas se defrontam com a necessidade
Formatado: Fonte: 11 pt
de pautar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas ou mais Formatado: Fonte: 11 pt
dignas de ser cumpridas. Estas normas são aceitas intimamente e reconhecidas como Formatado: Fonte: 11 pt
obrigatórias, e de acordo com elas, os indivíduos compreendem que têm o dever de Formatado: Tabulações: 1,25 cm, À esquerda + Não em
4 cm
agir desta ou daquela maneira (VAZQUEZ, 1978).
A ética como área do conhecimento científico, Formatado: Recuo: À esquerda: 0 cm, Espaçamento
entre linhas: simples
É a teoria ou a ciência do comportamento moral dos homens em
Formatado: Fonte: 11 pt
sociedade. Ou seja, é a ciência de uma forma específica de
comportamento humano. Enquanto conhecimento científico, a ética Formatado: Fonte: 11 pt
deve aspirar a racionalidade e objetividade mais completas e, ao Formatado: Espaçamento entre linhas: simples
mesmo tempo, deve proporcionar conhecimentos sistemáticos,
metódico se, no limite do possível, comprováveis. (VAZQUEZ, 1978, Formatado: Fonte: 11 pt
p. 12-13)
Partindo destes pressupostos, a ética é reconhecida como um comportamento Formatado: Tabulações: 1,25 cm, À esquerda + Não em
4 cm
aceitável a partir de normas estabelecidas socialmente e como uma ciência que tem,
como objeto de estudo, o comportamento moral.
Contudo, o comportamento moral efetivo não compreende somente normas ou
regras de ação, mas também como comportamento que deve ser; trata-se do conjunto
dos princípios, valores e prescrições que os homens, numa dada comunidade,
consideram válidos como os atos reais em que se concretizam e encarnam
(VÁZQUEZ, 1978).
Referindo-se à dimensão da moral, Chauí (2000) expõe que o senso e a Formatado: Tabulações: 1,25 cm, À esquerda
Os juízos éticos de valor são também normativos, isto é, enunciam Formatado: Fonte: 11 pt
normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos, nossos
Formatado: Espaçamento entre linhas: simples
atos, nossos comportamentos. São juízos que enunciam obrigações e
avaliam intenções e ações segundo o critério do correto e do incorreto. Formatado: Fonte: 11 pt
(CHAUÍ, 2000, p. 162)
Nessa perspectiva, no bojo da funcionalidade social é indiscutível a partir de Formatado: Tabulações: 1,25 cm, À esquerda
quo.
Dentre as possibilidades de norma, estão as legislações que estruturam um
Estado, como a constituição e leis especificas, as normas de conduta profissional,
como os códigos de ética etc.
Neste sentido, a presença dos indivíduos na sociedade, como sujeitos
integrantes de um tecido eclético, é caracterizada por comportamentos que se
manifestam igualmente plural. Contudo, é observado que esse pluralismo é visto como
aceitável ou não, conforme os predicados constituídos.
Ainda no que se refere à normatização social, é visível que, mesmo quando da
institucionalização do normal, não se constitui funcional. É o não cumprimento da lei
pelo Estado, por exemplo.
Apenas a título de citação, a Constituição do Brasil, no artigo 1º que trata dos
direitos fundamentais, é colocado no seu inciso II, o direito à cidadania e, no inciso III,
o direito à dignidade. Pegando tão-somente dois tópicos de um só artigo, já se observa
que ainda que se tenha a necessidade de uma institucionalização da normalidade,
mesmo assim, quando se trata de direitos se evidencia uma lacuna na efetividade.
Ainda citando a Carta Magna brasileira no capítulo II, dos direitos sociais, observa-se,
no seu artigo 6º que:
Caminhando para um cenário mais específico, sem deixar o elo com o genérico
enveredando para o ambiente da atenção com a saúde das pessoas, nota-se que as
questões éticas estão sempre em evidência. Desde questões mais basais como a
promoção da saúde e prevenção de enfermidades e seus agravos, até os
procedimentos direcionados para os tratamentos específicos e reabilitativos.
Iniciando pelas questões mais basais, citadas anteriormente, verifica-se uma
certa ausência do poder estatal constituído no que se refere à instituição de medidas
na direção da efetivação da promoção da saúde e prevenção de enfermidades e seus
agravos. Remetendo o fato ao genérico, observa-se, no texto constitucional na seção
II do capítulo II da seguridade social, que trata da saúde, no seu artigo 196 que:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante Formatado: Espaçamento entre linhas: simples
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
Formatado: Fonte: 11 pt
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Formatado: Fonte: 11 pt
(BRASIL, 1988)
Esse artigo constitucional é campo fértil para um rol de diversas garantias
direcionadas à cidadania, de modo que facilmente se evidencia um arco que vai desde
as ações de promoção à recuperação da saúde, apontando para tal a necessidade da
efetivação de políticas sociais e econômicas.
É ético o cumprimento do que está posto, contudo ainda não é o que se
evidencia no cotidiano das pessoas. O Estado falha nos seus deveres explicitados na
Constituição do Brasil.
Seguindo na direção mais especifica da saúde em 1990, após um processo de
muita participação social, foi institucionalizada a legislação do Sistema Único de
Saúde, as leis 8.080/90 e 8.142/90. Um avanço magnífico para a atenção com a
sanidade da população brasileira, como continuidade da Carta Magna de 1988.
Conforme a Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990, além de ratificar o que
colocado na Constituição, no seu artigo 3º expõe:
atendimento individual ou coletivo (estes, quando necessários, devem ser regulados pelas Formatado: Fonte: 11 pt
saúde da família. No caso do fisioterapeuta, as realidades mostram que a demanda Formatado: Recuo: Primeira linha: 1,25 cm
Este regramento traz consigo a importância do respeito às diferenças Formatado: Recuo: Primeira linha: 1,25 cm
Não é de hoje que a extensão faz parte do cotidiano universitário. Ela é uma
realidade do ambiente universitário há um tempo bem considerável. Apesar de este
texto não se propor a discutir questões conceituais do termo, não obstante é
significativo fazer algumas referências sobre os feitios da prática extensionista no
decorrer da história.
Registros mostram que as experiências com extensão no Brasil tiveram início
a partir de 1911 na então Universidade Livre de São Paulo, e a primeira legislação
sobre o tema se deu com o Decreto 19.851 de 11 de abril de 1931, que trata do
Estatuto da Universidade Brasileira (CASTRO; TEODÓSIO, 2004).
No que se refere à feição da extensão no Brasil, observa-se que as ações
extensionistas estiveram pautadas em duas vertentes: uma caracterizada pela
prestação de serviço, por meio de atividades assistencialistas oriunda do Estados
Unidos e outra da Inglaterra, voltada para a transmissão do conhecimento (educação
continuada), através de cursos e de outras modalidades de difusão. (QUEIROZ, 2009)
Situando historicamente e pontuando a extensão como atividade universitária
em território brasileiro, os anos que antecederam a tomada do poder pelos militares
foram marcados por mobilização popular em defesa dos direitos sociais. Durante o
período autoritário, os movimentos sociais foram reprimidos, e a “ordem social” foi
estabelecida por meio de Atos impostos pelo regime.
Neste momento de controle pela repressão, foi realizada a reforma Universitária
em 1968, que apresentou, dentre suas características, o rompimento com a
concepção de extensão como espaço de diálogo com a comunidade, limitando a
atuação da universidade na sociedade. No ano de 1974, foi instituído o plano de
trabalho do MEC, onde a extensão foi marcada pela prestação de serviço com
retroalimentação para a universidade voltada ao ensino e à pesquisa. Concepção
absorvida pelo Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CARBONARI;
PEREIRA, 2007)
Com o processo de abertura política a partir dos anos 80 do século passado, a
sociedade e as universidades brasileiras em particular, vão retomando o papel em
defesa da cidadania. E, neste cenário, em 1987, foi criado em Brasília o Fórum de
Pró-Reitores de Extensão de Universidades Públicas Brasileiras.
Este Fórum e o seu 1º encontro representaram um marco histórico para a
extensão universitária, constituiu-se de um ambiente propício para as discussões e
proposituras direcionadas para as atividades extensionistas. Como resultado deste
Evento de 1987, foram apresentados em seu Documento final conceitos e medidas
referentes à institucionalização da extensão nas universidades brasileiras.
Conceituando extensão, o Relatório expõe que se trata de “um processo educativo,
cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza
a relação transformadora entre a universidade e a sociedade”. (DOCUMENTO FINAL,
1987)
Ainda apresentando as bases conceituais, o Documento relata que:
A extensão é uma via de mão dupla, com trânsito assegurado à Formatado: Fonte: 11 pt
comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a
Formatado: Recuo: À esquerda: 4 cm, Espaçamento
oportunidade da elaboração da práxis de um conhecimento
entre linhas: simples
acadêmico. No retorno à universidade, docentes e discentes trarão um
aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido aquele
conhecimento. Este fluxo, que estabelece a troca de saberes
sistematizados/acadêmico e popular, terá como consequência: a
produção de conhecimento resultante do confronto com a realidade
brasileira e regional; a democratização do conhecimento acadêmico e
a participação efetiva da comunidade na atuação da universidade.
(DOCUMENTO FINAL, 1987)
Educação Superior tem como uma de suas finalidades estimular o Formatado: Fonte: 11 pt
conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os
Formatado: Recuo: À esquerda: 4 cm, Espaçamento
nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade
entre linhas: simples
e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade. (BRASIL, 1996)
A partir destes pressupostos, evidencia-se que o sentido da universidade e da Formatado: Recuo: Primeira linha: 1,25 cm
Conforme a Lei Orgânica da Saúde no seu artigo IV, dentre os objetivos do Formatado: Recuo: À esquerda: 0 cm
SUS se encontra: “[...] a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, Formatado: Fonte: 12 pt
A assistência à saúde que se encontrava voltada principalmente para as ações Formatado: Fonte: 11 pt
Outros profissionais de saúde poderão ser incorporados a Formatado: Espaçamento entre linhas: simples
estas unidades básicas, de acordo com as demandas e
Formatado: Fonte: 11 pt
características da organização dos serviços de saúde
locais, devendo estar identificados com uma proposta de
trabalho que exige criatividade e iniciativa para trabalhos
comunitários e em grupo. (BRASIL, 1997, p.) Formatado: Fonte: 11 pt
Seguindo a orientação do Ministério da Saúde, ainda sem a contrapartida
financeira do Governo Federal, muitos municípios incluíram o fisioterapeuta e outros
profissionais na equipe com recursos próprios.
Este fato representou um ponto importante para a inclusão da Fisioterapia na
atenção básica e a sua ausência neste nível não pode ser justificada por ser
essencialmente reabilitadora, já que neste nível de atenção também se reabilita, mas,
sobretudo, por se tratar de uma profissão historicamente marcada pela sua atuação
nos níveis secundários e terciários de atenção à saúde.
Diante das muitas atribuições da Fisioterapia na atenção básica e se
verificando a necessidade de outros profissionais atuando neste nível de atenção, o
Ministério publica a Portaria N° 154 em 24 de janeiro de 2008, criando os Núcleos de
Apoio à Saúde da Família – NASFs.
Entretanto, tem-se observado que, apesar da presença do fisioterapeuta nos
NASFs, continua existindo uma demanda descoberta quanto aos cuidados
fisioterapêuticos na atenção primária. Esta ocorrência é atribuída à grande quantidade
de equipes de saúde da família a serem apoiadas por apenas um fisioterapeuta. Ainda
sobre estes núcleos de apoio, observa-se que, em diversos municípios, foram
transformados em equipes de apoio matricial, onde estão prioritariamente voltados
para atividades de gestão.
Conforme estudos realizados, tem-se visto que, não obstante a Fisioterapia se
encontre dando passos ainda iniciais na atenção primária à saúde, considerando
outras profissões, já representa um momento significante para a sua consolidação
neste nível de assistência. Verifica-se que, no decorrer da história, o sentido da
Fisioterapia tem se transformado, já que em períodos anteriores era entendida como
sinônimo de reabilitação; nos dias atuais, apresenta-se como uma área do
conhecimento generalista em saúde.
Neste contexto, a Resolução de N° 4 do Conselho Federal de Educação e da
Câmara de Educação Superior, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de Graduação em Fisioterapia, delineia, no seu artigo 3°:
BRASIL. Congresso Nacional. Constituição do Brasil de 1988. 1988. Disponível Formatado: À esquerda, Espaço Depois de: 12 pt,
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Adicionar espaço entre parágrafos do mesmo estilo,
Acesso em: 15 nov. 2020. Espaçamento entre linhas: simples
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da família: Uma estratégia para a reorientação Formatado: Fonte: Não Negrito
do modelo assistencial. Brasília, 1997. Pág.10. Formatado: Fonte: Não Negrito
QUEIROZ, Antonia Márcia Duarte. Universidade extramuros: Concepções da Código de campo alterado
extensão Unimontes e a sua relação com o desenvolvimento social regional -
1962-2008. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em
Desenvolvimento Social. Unimontes. Montes Claros, 2009.
RAGASSON, C. A.P; ALMEIDA, D.C.S.; COMPARIN, K, MISCHIATI, M.F.; GOMES,
J. T. Atribuições do fisioterapeuta no programa de saúde da família: Reflexões
a partir da prática profissional. V Encontro Paranaense de Saúde da Família e
Comunidade, Londrina, 2004.
O uso de plantas medicinais na arte de curar é uma forma de Formatado: Espaçamento entre linhas: simples
tratamento de origens muito antigas, relacionada aos primórdios da
medicina e fundamentada no acúmulo de informações por sucessivas
gerações. Ao longo dos séculos, produtos de origem vegetal
constituíram as bases para tratamento de diferentes doenças.
(BRASIL, 2006, pág. 19)
Ainda de acordo com a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares no Sistema Único de Saúde,
O Brasil possui grande potencial para o desenvolvimento dessa Formatado: Espaçamento entre linhas: simples
terapêutica, como a maior diversidade vegetal do mundo, ampla
sociodiversidade, uso de plantas medicinais vinculado ao
conhecimento tradicional e tecnologia para validar cientificamente este
conhecimento. O interesse popular e institucional vem crescendo no
sentido de fortalecer a Fitoterapia no SUS. A partir da década de 80,
diversos documentos foram elaborados enfatizando a introdução de
plantas medicinais e fitoterápicos na atenção básica no sistema
público. (BRASIL, 2006, p. 19)
O Ministério da Saúde deve incentivar a Fitoterapia na assistência Formatado: Recuo: À esquerda: 4 cm, Espaçamento
farmacêutica pública e elaborar normas para sua utilização, entre linhas: simples
amplamente discutidas com os trabalhadores em saúde e
Formatado: Fonte: 11 pt
especialistas, nas cidades onde existir maior participação popular,
com gestores mais empenhados com a questão da cidadania e dos
movimentos populares.
Formatado: Fonte: 11 pt
Para todos os efeitos, considera-se como Fisioterapia Aquática a
utilização da água nos diversos ambientes e contextos, em quaisquer Formatado: Recuo: À esquerda: 4 cm, Espaçamento
entre linhas: simples
dos seus estados físicos, para fins de atuação do fisioterapeuta no
âmbito da hidroterapia, hidrocinesioterapia, balneoterapia,
crenoterapia,cromoterapia, termalismo, duchas, compressas,
vaporização/inalação, crioterapia e talassoterapia. (COFFITO, 2014) Formatado: Fonte: 11 pt
Será habilitado nos termos desta resolução [sic] o fisioterapeuta que Formatado: Fonte: 11 pt
apresentar títulos que comprovem o domínio das Práticas Integrativas
Formatado: Recuo: À esquerda: 4 cm, Primeira linha:
de Saúde objeto desta resolução. Os títulos a que alude este artigo
0,01 cm, Espaçamento entre linhas: simples
deverão ter como origem: Instituições de Ensino Superior; Instituições
especialmente credenciadas pelo MEC; Entidades Nacionais da Formatado: Fonte: 11 pt
Fisioterapia intimamente relacionadas às práticas autorizadas por esta Formatado: Fonte: 11 pt
resolução.
[...] conhecimento desse recurso no Brasil deve ser despertado em Formatado: Fonte: 11 pt
todos os profissionais de saúde que compõem as equipes
Formatado: Recuo: À esquerda: 4 cm, Primeira linha: 0
multidisciplinares de assistência, para que passe a fazer parte da
cm, Espaçamento entre linhas: simples
rotina de trabalho dos fisioterapeutas, beneficiando os pacientes
portadores de diferentes problemas. (MEYER, 2011, 38)
REFERÊNCIAS
Formatado: Fonte: (Padrão) Arial
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução Nº 478, de 7 de agosto de 2013. Formatado: À esquerda, Espaço Depois de: 12 pt,
Aprova a reestruturação da Comissão Intersetorial de Práticas Integrativas e Adicionar espaço entre parágrafos do mesmo estilo,
Complementares no SUS – CIPICSUS...Conselho Nacional de Saúde. Brasília: Espaçamento entre linhas: simples
Ministério da Saúde, 2013.
COFFITO. CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL. Formatado: À esquerda, Espaço Depois de: 8 pt,
Resolução COFFITO-8 de 20 de fevereiro de 1978. Ficam aprovadas, nos termos Adicionar espaço entre parágrafos do mesmo estilo,
Espaçamento entre linhas: Múltiplos 1,08 lin.
do inciso II, do art. 5º, da Lei nº 6.316, de 17 de dezembro de 1975, as Normas
para habilitação ao exercício das profissões de fisioterapeuta e terapeuta
ocupacional que com esta são publicadas. Diário Oficial, Brasília, DF, n. 216,
seção 1, parte II, p. 6.322-32, 13 nov., 1978.
COFFITO. CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL. Formatado: À esquerda, Espaço Depois de: 12 pt,
Resolução nº 10 de 03 de julho de 1978. Aprova o Código de Ética Profissional Adicionar espaço entre parágrafos do mesmo estilo,
de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Diário Oficial, Brasília/DF, n. 182, seção I, Espaçamento entre linhas: simples
parte II, p. 5.265/68, 22 set., 1978. Formatado: Fonte: Não Negrito
Formatado: Fonte: Negrito, Cor da fonte: Automática
DUTRA. M.G. Plantas Medicinais, Fitoterápicos e saúde pública: Um diagnóstico
situacional em Anápolis, Goiás. [dissertação]. Anápolis: UniEvangélica, 2009. Formatado: Fonte: 12 pt, Negrito, Cor da fonte:
Automática, Padrão: Transparente
GONTIJO, M. B. A. Práticas integrativas e complementares: conhecimentos, Formatado: Fonte: Negrito
Concepções, percepções e atitudes dos profissionais do Serviço público de
saúde. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino na
Saúde – nível Mestrado Profissional da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Goiás - para obtenção do título de Mestre em Ensino na Saúde. Goiânia.
2014.
MEYER, P.F. et al. Magnetoterapia: É possível este recurso fazer parte da rotina do
fisioterapeuta brasileiro? Arquivos Brasileiros de Ciência da Saúde, vol. 36, n. 1,
p. 35-39, jan./abr., 2011.
SALLES, L. F; HOMO, R. F. B; SILVA. M. J. P. Situação do ensino das práticas Formatado: À esquerda, Espaço Depois de: 12 pt,
integrativas e complementares nos cursos de graduação em enfermagem, Adicionar espaço entre parágrafos do mesmo estilo,
fisioterapia e medicina. Cogitare Enfermagem. 2014 Out/Dez; vol. 19, n. 4, p. 741- Espaçamento entre linhas: simples
6.
Formatado: Fonte: Não Negrito
VIEIRA. R. S. Institucionalização da Fisioterapia: Olhares sobres os cenários Formatado: Fonte: Não Negrito
internacional, brasileiro e paraibano. João Pessoa: Editora universitária/UFPB, 2012. Formatado: Fonte: (Padrão) Arial
Formatado: Fonte: (Padrão) Arial
Formatado: Fonte: (Padrão) Arial
7 A FISIOTERAPIA NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE
Outros profissionais de saúde poderão ser incorporados a estas Formatado: Espaçamento entre linhas: simples
unidades básicas, de acordo com as demandas e características
da organização dos serviços de saúde locais, devendo estar
identificados com uma proposta de trabalho que exige
criatividade e iniciativa para trabalhos comunitários e em grupo
(BRASIL, 1997, p 10). Comentado [MR11]: Este trecho está repetido em 4.2
Com a pergunta “sua prática profissional é coerente com a realidade dos seus
pacientes?”, evidenciou-se que aqueles que responderam sim, expressavam que de
acordo com as condições de seu trabalho. Foram observadas, nas respostas, algumas
dificuldades em detalhes, como:
Na medida do possível sim, mas em grande maioria não pois não Formatado: Fonte: 11 pt
dispomos de recursos que em determinados momentos são
Formatado: Espaçamento entre linhas: simples
necessários para um atendimento de qualidade/adequado (sujeito 5).
Dentro do possível sim, pois muitas vezes esses pacientes precisam
de assistencialismo que dentro das minhas práticas não é possível
realizar por falta de recursos materiais e da própria organização do
processo de trabalho do NASF, pois como fisioterapeuta atuo em 05
UBSF ficando muito difícil realizar atendimento continuado a paciente
que precisam de atendimento a domicilio ou em ambulatório já que
não temos espaços físicos nas UBSF, muitas vezes os atendimentos
são realizados nas salas de outros profissionais ou até mesmo em
corredores ou cozinha da unidade (sujeito 1).
No transcorrer da coleta dos dados, subsídio para a construção deste texto, foi
observado que caminhos estão sendo construídos, no sentido de se direcionar para a
consolidação da presença do profissional fisioterapeuta na atenção básica. Muitos
ainda são os desafios para que os procedimentos fisioterapêuticos se concretizem
nesse nível de atenção, contudo, passos estão sendo dados. Temos observado que
o fisioterapeuta é um instrumento fundamental para que se materialize a
resolutividade das prioridades da atenção primária, mas as dificuldades se
manifestam de forma ainda muito incipiente.
Na nossa vivência, temos visto que existe uma lacuna na atenção
fisioterapêutica na atenção primária, e essa realidade é resultado de todo um processo
histórico. Neste contexto, é visível a necessidade deste profissional de forma
sistemática, nesse nível de atenção à saúde, compreendendo todos os níveis de
prevenção, não se reduzindo à reabilitação.
A construção de redes de cuidado representa, na atualidade, uma urgência
para que os princípios do SUS sejam realmente estabelecidos, e os usuários
atendidos de forma integrada. Diante dessas considerações, fica explícito que é
fundamental que se fomentem novas pesquisas no sentido de se aprofundar nos
conhecimentos que fundamentem uma maior participação da Fisioterapia na atenção
básica, analisando as necessidades dos usuários.
A título de finalização, atualmente temos observado que, após as mudanças
ocorridas no financiamento da atenção básica, municípios vêm acabando com os
NASFs, aumentando ainda mais as dificuldades de acesso da população aos
cuidados fisioterapêuticos. A presença da Fisioterapia na atenção primária que já
apresentava muitas limitações a partir dos NASFs, com o fechamento desses núcleos
multiprofissionais os cuidados fisioterapêuticos ficam ainda mais problemáticos,
merecendo, por parte da categoria e da sociedade organizada, reflexões sobre o
direito de acesso a uma saúde plena.
REFERÊNCIAS
BISPO JUNIOR, J. P. Fisioterapia e saúde coletiva: Desafios e novas Formatado: À esquerda, Espaço Depois de: 12 pt,
responsabilidades profissionais. Ciência e Saúde Coletiva, vol. 15, supl.1, p. 1627- Adicionar espaço entre parágrafos do mesmo estilo,
36, 2010. Espaçamento entre linhas: simples
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da família: Uma estratégia para a reorientação Formatado: Fonte: Não Negrito
do modelo assistencial. Brasília, 1997. Pág.10. Formatado: Fonte: Não Negrito
BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria N° 154 em 24 de janeiro de 2008. Cria os Formatado: Fonte: Não Negrito
Núcleos de Apoio a Saúde da Família – NASFs. Brasília, 2008. Formatado: Fonte: Negrito
VIEIRA, R.S. Extensão Universitária: um olhar sobre a fisioterapia na atenção Formatado: Fonte: Não Negrito
primária à saúde. In: CARNEIRO, Maria Aparecida Barbosa; SOUZA, Maria Lindaci
Gomes de (Org). Extensão universitária, desenvolvimento regional, políticas Formatado: Fonte: Negrito
públicas e cidadania. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2012b.
8 PALAVRAS DERRADEIRAS
A título de finalização, queremos aqui enfatizar – como já foi posto no início –, Formatado: Recuo: Primeira linha: 1,25 cm
que este livro se apresenta como uma possibilidade de suscitar diálogos que
contribuam para crescimentos e aprofundamentos conceituais, teóricos e
epistemológicos, referentes à Fisioterapia nos seus mais diversos campos de atuação.
Os diversos temas aqui dispostos são conteúdos que devem integrar o cotidiano do
Ser e do Fazer Fisioterapia. Assim, entendemos que o caminho se constrói a partir da
necessidade e do interesse de se avançar rumo aos propósitos. Na caminhada,
haveremos de nos apropriar de muitas ferramentas no sentido de conseguirmos atingir
o que se deseja no campo da produção do conhecimento.
Investigações, descobertas e discussões fundamentadas sobre a questão: “O
que é Fisioterapia” merecem, nos meios acadêmicos e científico-profissionais,
espaços que possibilitem construções de saberes sedimentares neste universo de
atuação na saúde e na vida.
Considerações a respeito dos fundamentos, princípios éticos, da atuação nos
diversos níveis de atenção e prevenção, e dos mais variados temas emergentes
presentes no cotidiano da Fisioterapia brasileira e mundial, devem ser parte dos
cenários que produzem conhecimento nesta dimensão das ciências da saúde.