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Mecânica

Força e Movimento II
Aula #08– 2/11/2021
Aula #09– 8/11/2021

Maria Raposo (mfr@fct.unl.pt)


Sumário

• Forças e Movimentos II
• Movimento circular uniforme

• Força Centrípeta
Movimento Circular
Uniforme
Movimento Circular Uniforme

Existe movimento circular uniforme quando um objecto se move


numa trajectória circular com velocidade de módulo constante;

A aceleração não é nula porque a direção do movimento está


constantemente a variar;

O vetor velocidade é sempre tangente à trajectória do objecto.


Variação da Velocidade no
Movimento Circular Uniforme
O vetor velocidade varia apenas
em direcção vi
vf
O diagrama vectorial apresenta
r
v = vf − vi vf ri rf
v
-vi
Movimento Circular Uniforme
Uma partícula está em movimento
circular uniforme se viaja em torno
de um círculo ou de um arco
circular com velocidade constante
(uniforme).
Embora o módulo da velocidade
não varie, a partícula encontra-se
acelerada porque a velocidade
muda de direção.

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• Ambos os vetores velocidade e
aceleração têm magnitude
constante, mas as suas direções
mudam continuamente.
• A velocidade é sempre na
direção tangente ao círculo e na
direção do movimento.
• A aceleração é sempre
direcionada radialmente para
dentro. Por esse motivo, a
aceleração associada ao
movimento circular uniforme é
chamada de aceleração
centrípeta .

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Período
Durante o movimento com
velocidade constante (módulo), a
partícula viaja pela circunferência
do círculo de raio r no tempo:

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A Aceleração Centrípeta
No movimento circular uniforme a aceleração é perpendicular à trajectória
em cada ponto;

A aceleração aponta sempre para o centro da trajectória circular;

Daí a designação de aceleração centrípeta.


A Aceleração Centrípeta

O módulo do vetor aceleração centrípeta é dado por:


v2
aC =
r

A direcção do vetor aceleração centrípeta varia continuamente, de


forma a estar sempre a apontar para o centro da trajectória.
A Aceleração Centrípeta
No ponto p a velocidade é:
v = vx i + v y j = ( -v sin  ) i + ( v cos  ) j
 vy p   vx p 
= − i +  j
 r   r 
Diferenciando esta equação, em ordem ao tempo,
com r e v constantes, obtemos:
dv  v dyp   v dxp 
a= = − i + j
dt  r dt   r dt 
Mas,

dyp dxp
= v y = v cos  e = vx = −v sin 
dt dt
A Aceleração Centrípeta
Então

  v2   v 2 
a =  − cos i +  − sin   j
 r   r 

de onde
v2 v2
a = a +a =
2
x cos  + sin  =
2
y
2 2

r r

e tan  =
ay
=
( ) = tan 
− v 2 / r sin 
ax − ( v / r ) cos 
2

ou a e tem a direcção de r
 =
A Aceleração Tangencial
a = ar + at
No movimento circular, em
geral, o módulo da velocidade
pode também variar;

Neste caso, existe aceleração


tangencial diferente de zero.
A Aceleração no Movimento Circular
(caso geral)
A componente tangencial do a = ar + at
vetor aceleração dá origem à at
variação do módulo do vetor
velocidade da partícula: a
dv
at = ar
dt
A componente radial (ou
centrípeta) do vetor aceleração
dá origem à variação da direção
do vetor velocidade v2
ar = −aC = −
r
A Aceleração no Movimento Circular
(caso geral) dv
Componente tangencial : at =
dt
2
v
Componente radial: ar = −aC = −
r
Módulo da aceleração : a = a +a
2
r
2
t
A Aceleração no Movimento Circular
(caso geral)
Podemos definir os seguintes
vetores unitários
u
ur e u
ur
u r tem a direcção e sentido do raio
vetor
u é tangente à trajectória circular
A aceleração é
2
v dv
a = at + ar = u − ur
dt r
A aceleração no movimento curvilíneo geral
Em vez da direção radial fala-
se por vezes da normal que
tem sentido oposto 
ur 
   ut
ur u  un
r

un r

ac=an=v2/r

r – Raio de Curvatura (local)

Os conceitos e expressões anteriores aplicam-se para


qualquer curva, considerando o raio de curvatura local
Força Centrípeta
Movimento Circular Uniforme
Uma força, Fr , aponta para o
centro da trajetória circular;
Fr

Esta força está associada à


aceleração centrípeta, ac

Aplicando a 2.ª Lei de Newton


na direção radial, obtém-se:
Fr '
2
v
 F = mac = m r
Movimento Circular Uniforme
Uma força que dá origem a uma
aceleração centrípeta tem a direção
radial e aponta para o centro da
circunferência;

Provoca uma variação da direção do


vetor velocidade;

Se essa força desaparecer, o corpo


passará a mover-se numa trajectória
retilínea tangente à circunferência.
Movimento Circular com Trajectória Horizontal
O módulo da velocidade do
corpo depende da massa do
corpo e da tensão da corda; m
Fr

A força centrípeta é a tensão


da corda:
v2
T =m
r
e Fr '
Tr
v=
m
O Período do Movimento Circular Uniforme

O período, T, é o intervalo de tempo necessário para uma


revolução completa;

O módulo da velocidade da partícula é o perímetro da trajetória


dividido pelo período;

2 r
O período é, portanto, T
v
O Pêndulo Cónico
O corpo está em equilíbrio na
direção vertical e executa
movimento circular uniforme 
na direção horizontal; T

v é independente de m;

Tcos=mg
Tsen =mv2/r
sen =r/L
v= Lg sin  tan 
r= Lsen 

mg
Sumário

• Forças e Movimentos II
• O Movimento em Referenciais Acelerados
• Força Fictícia
• Movimento relativo
Forças Centripeta e
Centrífuga
Força Centrípeta
A força que dá origem à aceleração centrípeta é denominada força
centrípeta;

Não é um novo tipo de força, denomina apenas o efeito que uma


determinada força tem;

É uma força que actua de forma a fazer variar apenas a direcção da


velocidade, dando origem a um movimento circular.
A Força “Centrífuga”
No referencial da passageira (b), uma força parece
empurrá-la para a porta;

Do ponto de vista do referencial ligado à Terra, o


carro aplica uma força à passageira apontando
para a esquerda;

À força dirigida para fora dá-se o nome de força


centrífuga.
A força fictícia resulta da aceleração associada
à variação da direção da velocidade do carro. É
sentida no referencial acelerado- não inercial.
Curva Horizontal
A força de atrito estático é a
força centrípeta;

fe=µmg

Carro
Centro
O valor máximo do módulo da
velocidade a que o carro pode
efectuar a curva é dado por: v = e gr
Repare-se que este valor não
depende da massa do carro.
y
Curva inclinada nx= nsen  = mv2/r
ny = ncos  = mg
A inclinação destina-se a fazer com
que o carro efectue a curva sem n
recorrer à força de atrito entre a
estrada e os pneus;

A força centrípeta é a componente x


horizontal da força normal que a
estrada exerce no carro:
2
v
tan  =
rg mg
O Rotor
A força de atrito estática equilibra
o peso; fe
Eixo
central

A força centrípeta é a força normal


que a parede do cilindro exerce no
corpo:

fe = µeN=mg gR
N=mg/µe v=
N=mv2/r e
mg/µe= mv2/r

O “Loop” Referencial acelerado
N

É um exemplo de uma trajectória


circular vertical; (carrinho que percorre uma N=mg+Fc
calha)
N-mg=mv2/r
No ponto mais baixo da trajectória, 
o módulo da força dirigida para cima N
mg
que exercida no corpo tem de ser
superior ao módulo do peso deste: Fc
Referencial de inércia
 v  2
mg
N = mg 1 + 
 rg  Força centrifuga
O “Loop” Fc
Força centrifuga

 Referencial acelerado
No ponto mais alto da N mg
P
trajectória circular, o
módulo da força exercida no
corpo pode ser inferior ao Fc=mg+N´
módulo do peso do corpo: N´+ mg=mv2/r

N mg
v 
2
N  = mg  − 1
 rg 
Referencial de inércia
Forças Fictícias, exemplos

Ainda que as forças fictícias não sejam forças reais, podem ter
efeitos reais;

Exemplos:
Os objectos dentro do carro escorregam;
Sentimo-nos empurrados para fora de uma plataforma em
rotação.
Forças Fictícias em Sistemas Lineares
a
O observador inercial (a) vê  Observador
F x = T sin  = ma T inercial

F y = T cos − mg = 0 mg

A bola não está em equilíbrio

O observador não inercial (b) vê Observador não


inercial

F ' x = T sin  − Fficticia = 0 


T
F ' y = T cos  − mg = 0 Fficticia
A bola está em equilíbrio mg
Forças Fictícias em Sistemas Lineares
Forças Fictícias em Sistemas Lineares

N=P

 y
N

P

REFERENCIAL DE INÉRCIA
   
P + N = ma = 0
−P+N =0
N=P
Forças Fictícias em Sistemas Lineares
No referencial de inércia a diferença
de leitura da balança resulta de
N  P ??
imediato da aplicação da 2ª lei de
Newton.
  y
 N N'
a No referencial não-inercial do

P elevador, o observador tem de
postular a existência de uma força

REFERENCIAL DE INÉRCIA REFERENCIAL NÃO-INERCIAL
, ' cuja origem desconhece, para
N
   explicar a sua diferença de peso;
P + N = ma   
P + N + N'= 0
− P + N = ma Note que essa força, fictícia, resulta
− P + N − N'= 0
N = P + ma da aceleração do elevador.
N = P + N'
Forças Fictícias em Sistemas Lineares
No referencial de inércia a diferença
de leitura da balança resulta de
N  P ?? imediato da aplicação da 2ª lei de
Newton.

 N' y
No referencial não-inercial do
 N
a
 elevador, o observador tem de
P 
postular a existência de uma força N ' ,
cuja origem desconhece, para explicar
a sua diferença de peso;
REFERENCIAL DE INÉRCIA REFERENCIAL NÃO-INERCIAL
  
P + N = ma    Note que essa força, fictícia, resulta
P + N + N'= 0
P − N = ma da aceleração do elevador.
− P + N + N'= 0
N = P − ma
N = P − N' Quando a = g, então N = 0 !
Forças Fictícias em Sistemas em Rotação
Observador não inercial
n mv 2 n
T= T − Fficticia =T −
mv 2
=0
r r


T T
Fficticia

mg mg

Observador inercial
De acordo com o observador inercial, a O observador não inercial vê o
força de atrito entre a plataforma
 e o corpo parado no seu sistema
corpo é a força centrípeta, T . O corpo de referência, o corpo está
não está em equilíbrio. em equilíbrio.
Forças Fictícias, exemplos
A força de Coriollis é responsável pela rotação de sistemas meteorológicos e das correntes
oceânicas

Ciclone Ana ; hemisfério Norte


Velocidade Relativa
Velocidade Relativa
Movimento Relativo em Referenciais
Inerciais a uma Dimensão
• Suponha que vê um pato a voar para o norte a 30 km / h.
• Para outro pato voando ao lado do primeiro, o primeiro parece estar
parado.
A velocidade de uma partícula depende do referencial de
quem está observando ou medindo a velocidade.

Um referencial é o objeto no qual


afixamos um sistema de coordenadas.
Na vida quotidiana, esse objeto é frequentemente o solo. Por
exemplo, a velocidade que aparece numa multa de trânsito, é
sempre a velocidade medida em relação ao solo. A
velocidade em relação ao guarda de trânsito será diferente se o
guarda estiver em movimento enquanto mede a velocidade. 46
Suponha que A e B medem a posição do gato P
num determinado momento:

A coordenada A coordenada A coordenada


de P em de P em de B em
relação a A relação a B relação a A

Suponha que Alex A Barbara (na Derivando em ordem ao tempo:


(na origem do origem do
referencial A) esteja referencial B)
parado no está conduzindo
acostamento de pela estrada a
uma estrada, velocidade
observando o gato constante e
P (a "partícula") a também está
passar rapidamente assistindo ao
movimento de
P.
47
Aqui consideramos apenas referenciais que se movem a uma
velocidade constante um em relação ao outro. No nosso
exemplo, significa que Barbara (referencial B) conduz sempre
com velocidade constante em relação a Alex (Referencial A).
O gato P (a partícula em movimento), no entanto,
pode mudar a velocidade e a direção (ou seja, pode acelerar).
Para relacionar uma aceleração de P medida pela Barbara e pelo Alex,
derivamos:

Observadores em diferentes referenciais


Como vBA é constante:
que se movem a uma velocidade
constante em relação um ao outro
medirão a mesma aceleração para uma
partícula em movimento.

48
Movimento Relativo a Duas Dimensões
Os nossos dois observadores estão novamente Os vetores posição de P nos 2 referenciais estão
observando uma partícula P em movimento, a relacionados por:
partir das origens dos referenciais A e B, enquanto
B se move a uma velocidade constante relativa a
A. Os eixos dos dois referenciais permanecem
paralelos.

Os vetores velocidade de P nos 2 referenciais estão


relacionados por:

Os vetores aceleração de P nos 2 referenciais estão


relacionados por:

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Velocidade Relativa
Dois observadores que se movem um em relação ao outro em geral não estão de acordo no
que respeita aos resultados de uma experiência;
Por exemplo, para os observadores A e B da figura a bola descreve trajectórias diferentes:

Trajectória, de acordo Trajectória de acordo


com o observador A com o observador B

ATENÇÃO: aqui ambos os sistemas de referência são inerciais


Velocidade Relativa, caso geral
O sistema de referência S está em
repouso

O sistema de referência S’ move-se


com velocidade u em relação a S
Isto significa também que S se move com
r
velocidade −u em relação a S ’
r'
Definimos t = 0 como o instante
em que as duas origens coincidem
ut u
Equações da Velocidade Relativa

As posições, observadas nos dois sistemas de


referência, estão relacionadas através da velocidade
relativa: v = v '+ u Velocidade relativa dos
r = r '+ ut dois referenciais

Derivando esta equação (das posições), obtemos a


equação que relaciona as velocidades, observadas nos
dois sistema de referência;

Estas são as equações de transformação de Galileu:


Velocidade no
v = v '+ u
v = v '+ u
referencial móvel
A Aceleração em Sistemas de Referência
Diferentes
A derivada da equação das velocidades dá origem à equação das
acelerações;
Considerando o movimento rectilíneo: 𝑎Ԧ = 𝑎´ + 𝑎𝑟
A aceleração de uma partícula medida por um observador num
determinado sistema de referência é igual à aceleração medida por outro
observador num sistema de referência que se move com velocidade
constante em relação ao primeiro.
Problema- Ref. inerciais
Na figura um avião move-se para leste,
estando apontado para sudeste devido à vAT
existência de um vento constante que sopra
para nordeste.
A velocidade do avião em relação ao ar tem
módulo 215 km/h, fazendo com ângulo θ vAV vVT
com a direcção oeste-leste. O vento tem
velocidade de módulo 65.0 km/h em relação
ao solo, numa direcção que faz um ângulo de vAT
20° com a direcção sul-norte.

Qual é o módulo da velocidade do avião em


vAV vVT
relação ao solo e qual é o valor do ângulo θ ?
Resolução Problema
Vamos definir os sistemas de referência:

S é o sistema ligado à Terra


vAT é a velocidade do avião em relação à
Terra (a S) vAT

S’ é o sistema ligado ao ar (vento) vAV vVT


vAV é a velocidade do avião em relação
ao ar (a S’)
vAT
vVT é a velocidade do ar em relação à
vAV vVT
Terra (de S’ em relação a S)
Resolução Problema
Utilizamos agora as relações entre
as velocidades:
v = v '+ u
ou, no nosso caso, vAT

vAT = vAV + vVT


vAV vVT
No sistema de eixos da figura
vAV = vAV cos  i − vAV sin  j
vAT
vVT = vVT sin 20º i + vVT cos 20º j
vAV vVT
e, portanto,

vAT = ( vAV cos  + vVT sin 20º ) i + ( −vAV sin  + vVT cos 20º ) j
Mas sabemos que vAT tem a direcção e
sentido do eixo dos xx.
vAT

Consequentemente
vAT = vAV cos  + vVT sin 20º vAV vVT
0 = −vAV sin  + vVT cos 20º
e vAT
v
sin  = VT cos 20º
vAV
vAV vVT
Substituindo os valores dados,
vVT = 65.0 km/h = 18.0 m/s
vAV = 215 km/h = 59.7 m/s
vAT = 59.7 cos16.5º +18.0sin 20º
18.0 m/s = 63.4 m/s = 228 km/h
 = arcsin cos 20º = 16.5º
59.7 m/s

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