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Aula do dia 28/07

Um “templo de luz”: Frente Negra brasileira (1931-37) e a questão da


educação.
Petrônio Domingues
 1α década após abolição e a Proclamação da República foram decisivas
para o população negra no Brasil.
-cativos (maioria) livres na decretação da lei Áurea.
-George Reid Andrews (1991, p30) e observadores contemporâneos:
Abolição “uma vitória do povo e uma conquista dos negros livres e
escravos” e teria sido a 1º expressão de democracia da história do país.
-Dávila, 2006): ideários do racismo científico + teoria do branqueamento
em comum “espalhavam inferioridade dos não-brancos através da
subordinação da cultura e da civilização a princípios biológicos.”
-pressuposto racista presente academia, divulgados na imprensa,
incorporados aos discursos médicos debatidos por políticos que
adotaram para programas governamentais.
-pto. De vista da população negra ser cidadão =direitos iguais e não ser
visto como inferior.
-inclusão marginal, discriminação racial, tratamento diferenciado e
cidadania plena era um sonho distante para a população negra.
-grupo de “pessoas de cor” (projeto) unem-se para reivindicar para
buscar o reconhecimento, dignidade e educação passaram a ser
prioridades.
-1918: manchete do jornal O Alfinete apresenta analfabetismo presente
em mais de dois terços da população negra.
-Para mudar este quadro jornais da imprensa negra paulista solicitavam
a “população de cor” que segue o caminho da educação formal.
-associativismo negro: desenvolve-se nas primeiras décadas do século
XX e educação um requisito fundamental para resolução dos problemas
da “gente de cor” na sociedade brasileira.
-Pinto, 1993, p238):associativismo enxergava na educação “uma
maneira de o negro ganhar respeitabilidade para a vida profissional, de
permitir-lhe conhecer melhor os seus problemas e, até mesmo, como
uma maneira de combater o preconceito.”
-Robin George Gollingwood, p337): conhecimento histórico é construído
através de uma pergunta.
-Perguntas que norteiam o artigo:
 Qual a trajetória da FNB no campo da educação?
 Como que a FNB resolveu o problema da educação?
 Quais foram as iniciativas da FNB no campo da educação?
 De que maneira estava estruturado o Depto. de Instrução ou da
Cultura da FNB?
 Esse depto criou algum projeto político-pedagógico?
 De que maneira funcionavam a escola e os cursos criados pela
FNB para combater o analfabetismo e a carência educacional no
meio negro?
 Eles tinham recorte racial? Quem eram os professores?
 Quais eram os períodos e as séries ofertadas?
 Existia algum apoio ou subsídio estatal na escola?
As primeiras experiências de escolas para negros depois da abolição.
 Domingues, 2004, p350:
-Dado: ensino 1917 565 escolas particulares (SP);
- 464 escolas brasileiras;
-101 escolas colônias de imigrantes (italiano, alemã, norte-americana,
portuguesa, suíça, francesa, inglesa).
-1920: participação efetiva de estrangeiros (SP), população nacional
(brancos/negros).
-579.033 habit.; 205.245 estrangeiros
-Florestan Fernandes (1978, p108): negros/mulatos (9%SP); 1934: 8,5%
correspondendo a 52.112 pessoas SP em 1920 e 90.110 habt. SP em
1934.
-Final do séc XIX e primeiras décadas do XX: SP cresce a urbanização,
industrialização e setor de seriços.
-Plano da educação em SP: existia escolas públicas, particulares, leiga,
religiosa, profissionalizante e prendas domésticas. Neste contexto surge
escolas específicas para “população de cor”.
-Domingues fala que não havia concordância nas razões que levaram
negros a criar as próprias escolas.
-Provável hipótese: clima de tensão entre os grupos étnicos em SP por
um “lugar ao sol.”
-Demartini, 1989, p52-53): criando as próprias escolas os negros podiam
competir com outros grupos étnicos de SP em pé de igualdade.
-Outra explicação: teria sido uma resposta da população negra frente à
discriminação racial na rede de ensino.
-Domingues, 2004, p350): dificuldade no veto em matricular negros nas
escolas públicas de SP.
-1929: jornal Progresso 24 mar. 1929, p2: escolas não recebiam
“pessoas de cor” em SP mesmo tendo condições de pagar.
-jornal Progresso denuncia caso da filha do dr José Bento de Assis não
foi aceita na escola College Sacre Colur dirigida por freiras por ser
negras.
-pós abolição: insucesso da população negra na criação de escolas
deve-se aos fatores:
 Falta de recursos
 Ausência de apoio estatal
 Gestores c/qualificação precária nos projetos
 Tentativa de registro p/ entender aspecto ligado a educação na
FNB
-18 mai 1888 -5 dias após a abolição fundada em campinas Sociedade
Beneficente Luis Gama.
-Proposta: amparo social, entidade abre colégio oferecendo curso noturno
p/trabalhadores adultos e cursos diurnos p/ jovens.
-Maciel, 1997, p75: colégio encerra atividade na metade da dpecada de 1890
em meio às dificuldades.
-1902:prof Francisco José de Oliveira cria em Campinas o colégio São
Benedito p/ alfabetizar filhos de negros/mulatos.
-1903:O Baluarte, 17 dez. 1903, p4: informava curso preparatório, do
intermediário e exame de fim de ano do colégio São Benedito.
-1907: 274 alunos matriculados, destes 124 eram filhos de imigrantes e 14 não
pagavam.
-1907:jornal O Propugnador 6 out. 1907 informava continuidade das aulas nos
cursos diurnos/noturnos. Ensino regular, diário e aumentava o n. de
matriculados apud Pinto, 1993, p240).
-1908: reúne 422 alunos.
-Domingues, 2004, p352) - 30 abril 1910: colégio S. Benedito é incorporado à
Federação Paulista dos Homens de Cor.
-1908: nova tentativa de erguer uma unidade educacional p/população negra
de Campinas noticiada pelo Almanaque da cidade. Esta instituição educacional
foi fundada pela Irmandade S. Benedito (1898) e funcionava em prédios
separados.
 Seção masculina (19 alunos matriculados e o prof Teodoro Borges).
 Seção feminina (21 alunas matriculadas prof Ana de Almeida Cabral)
(Pereira, 1999, p280-281).
Experiência semelhante ocorreu em SP:
-Rodrigues, 1987, p137-138) conta com depoimento de ex- alunos Irmandade
Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos funcionou desde o sistema
escravista como escola.
-Domingues: tempo exagerado p/um estabelecimento educacional funcionar
por muito tempo.
Sociedades beneficentes: atenção voltada p/formação educacional da
população negra.
-Sociedade Beneficente Amigos da Pátria era responsável pela escola
Progresso e Aurora aberta 13 mai. 1908 dirigida por Salvador Luis de Paulo,
negro ex ativista do movim. Abolicionista.
-1919: escola Progresso e Aurora abre classes mistas escola de negros de
maior longevidade em SP.
-jornal Progresso, 26 set. 1929, p7; O Clarim dÁlvorada 27 out. 1929 p3 mil e
tantas pessoas atendidas nessa escola.
- Domingues, 2004, p329): FNB: acúmulo de experiências organizativas dos
afro-paulistas. De 1897 a 1930 funcionou 83 associações negras, destas, 25
(dançantes) 9 (beneficentes), 4 (cívicas), 14 (esportivas e 12 cordões
carnavalescos.
De 1897 a 1930associação Centro Cívico Palmares (1926-1929) entidade que
mais se destaca seja na política, moral e cultural ou pela mobilização política
da comunidade negra.
-escola centro Cívico Palmares (1897-1929) desenvolveu uma escola com uma
estrutura pedagógica. Funcionou na sede da entidade, aulas (manhã/noite).
Ensinava a ler, escrever, contar, gramática, geografia, história, aritmética e
geometria, prendas domésticas p/as mulheres.
-Progresso 24 mar. 1929 p2 Centro Cívico Palmares teve um curso secundário,
corpo docente negro e saíram alunos ingressantes em escolas superiores do
país. Manteve bibliotecas, promove palestra cultural e institui movim negro em
SP que foi um embrião da FNB.
Uma incursão lacônica pela histórica da Frente Negra brasileira.
-3 out. 1930: Vargas chega ao poder por meio de um golpe.
 Conjuntura de idéia política oposta instalada no país.
 Força política mobilizada em 2 frentes: esquerda/direita.
 Org. popular (c/base popular) + partidos da elite não çutaram a favor da
população negra.
 16 set. 1931: Pop. Negra abandonada pelo Estado e experiência no
associativismo negro, a FNB é fundada porgrupo de “homens de cor”.
 Um mês depois: aprovado em assembleia no Salão das Classes
laboriosas estatuto da FNB.
A receptividade da população de ascendência.
-trabalhos na historiografia sobre a FNB:
 Bastide e Fernandes(1977)
 Fernandes (1978)
 Moura (1980)
 Silva (1990)
 Pinto (1993)
 Butler (1998)
 Andrews (1991)
 Felizx(2001)
 Oliveira (2002)
 Silva (2003)
-FNB: instalada (início escritório modesto com tempo muda p/R. Liberdade n.
196 (atual Casa de Portugal).
-interior: várias salas (presidência, secretaria, tesouraria, reunião e diversos
departamentos).
-Pinto, 1993, p53): mantido salão de beleza, barbeiro,, local p/ jogos, gabinete
dentário, posto alistamento eleitoral, espaço p/ funcionar escolas com curso
profissionalizante, grupo teatral, musical e salão p/ festa e cerimônia oficial.
-poder centralizado, estrutura hierárquica rígida e teve 2 presidentes.
1. Arlindo Veigas dos Santoss ficou no cargo até afastamento (junho 1934)
2. Justiniano Costa (era tesoureira da entidade.
-origem social dos afiliados da FNB: funcionários públicos (baixo escalão),
trabalhadores de cargos subalternos e seriço braçal, subempregados (maioria).
-cargos de direção ocupados por negros inserido no estrato intermediário do
sist. ocupacional da cidade.
-Butler: trabalha c/pós abolição em SP em comparação c/outras regiões das
Américas procurando entender padrões de resistência na luta dos
descendentes africanos pela autodeterminação. Afro-paulistanos encontraram
nas entidades e jornais negros um meio de conquistar igualdade na sociedade.
-Salvador: existência de uma comunidade que funcionava junto em torno de
uma identidade africana.
-Butler,1998,p62-68: FNB passa a ser vista como uma entidade alternativa que
integrou de modo semelhante as opções da comunidade negra semelhante a
comunidade de Nova Iorque.
-George Andrews 1998, p232-234): FNB junta vários programas com intenção
de melhorar a vida do associado e conquistar vitória no campo civil. Eliminou
políticas que admitiam brancos nos rinques de patinação e local de lazer
público, levou ao conhecimento de Vargas veto que impedia negros de
ingressar na Guarda Civil. Vargas ordena alistamento de 200 recrutas negros
na Guarda Civil.
-Pto. De vista política FNB defendia projeto nacionalista, Arlindo Veiga dos
Santos era contra a democracia e fazia apologia ao fascismo europeu.
-durante a semana eram feitas as domingueiras onde lideranças e intelectuais
negros e brancos proferiam palestras, valores cíicos e políticos.
-FNB: cria símbolos (bandeira, hino, carteira de associado, milícia
frentenegrina, batalhão paramilitar composto por jovens). Mulheres tinham
atuação em várias funções na organização.
 Cruzada Feminina recrutava negras p/trabalho assistencialista.
 Rosas Negras org. bailes, festivais artísticos.
- Para desenvolver projetos foram criados os departamentos:
 Jurídico-social
 Médico (ou de saúde)
 Imprensa responsável pela publicação A Voz da Raça.
 Liberdade (ou Propaganda)
 Dramático (ou Artístico)
 Musical
 Esportivo
 Instrução.
A Frente Negra Brasileira e a questão da educação
Maior departamento: Instrução (cultura/intelectual responsável pela
educação pegava ensino pedagógico formal e formação cultural /moral do
indivíduo.
-palavra instrução c/sentido de alfabetização/escolarização. Educação [e
vista como mecanismo p/vencer “preconceito de cor”. Acreditava-se que
marginalização do negro após abolição era devido a herança da escravidão.
-Depto. de Instrução a cargo de José Maria de Assis Pinheiro que em 1933
é substituído por Aristides de Assis Negreiro e depois por Francisco
Lucrécio que recebeu auxílio de Celina Veiga.
-1932: Depto. cria curso de alfabetização p/jovem e adulto.
-1933: instituição funda projeto escolar de nome Liceu Palmares
ministrando ensino primário, secundário, comercial e ginásio. Aceitava
alunos sendo ou não sócios da FNB, brancos e brasileiros ou não. Liceu
não se concretizou e 1933 têm início aulas do curso ginasial e comercial.
-1934:FNB tem curso de alfabetização (minoria) no início era vespertino
depois passa a ser matutino. Alunos da escola da FNB tinha origem
carente, associação fornecia material gratuito e uniforme e o custo desse
material saía de eentos beneficentes.
-1935:A Voz da Raça informava curso secundário mas não se tem certeza
da validade dessa notícia.
-1937: reunião no Teatro Municipal em comemoração 90º aniversário de
nascimento de Castro Alves.

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