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Universidade Federal de Uberlândia

Instituto de Química

Relatório Físico-Química Experimental


Experimento 01: Lei de Boyle

FELIPE CERQUEIRA MARCASSA (11811QID027)


GABRIEL GARCIA SILVA (11811QID034)
PROFº DANIEL PASQUINI

Uberlândia - MG
13/12/2021
1. INTRODUÇÃO
A matéria pode se apresentar de três formas distintas, que são os estados físicos,
denominados sólido, líquido e gasoso. O estado físico gasoso não possui forma própria e
assume a forma do recipiente que o contém. As unidades elementares que formam a matéria
no estado gasoso estão afastadas uma das outras. [1]
Robert Boyle (1627-1691) e Edme Mariotte (1629-1684) foram os primeiros a obervar
o comportamento dos gases. Seus experimentos eram realizados em banho e em temperatura
constante e tinham como objetivo variar o volume de uma massa de gás introduzida em um
recipiente cilíndrico, pelo aumento da massa de pesos colocados sobre um êmbolo móvel que
deslizava internamente ao cilindro, conforme apresentado a Figura 1. Boyle e Mariotte
mediam a variação do volume em função da pressão e os resultados obtidos ficaram
conhecidos como Lei de Boyle, onde a “À temperatura constante, a pressão de uma
determinada quantidade de gás é inversamente proporcional ao seu volume”. [1-2]

Figura 1: Ilustração do aparelho utilizado por Robert Boyle. [3]

Podemos representar por meio das equações:


 P ɑ 1/V ou V ɑ 1/P ou PV= constante (n e T constantes)
Podemos prever a pressão de um gás quando seu volume é variado e vice-versa:
P1 V1 = P2 V2 (n e T constantes)
A Figura 2 ilustra a variação da pressão de uma amostra de gás quando o volume se altera.
Cada curva do gráfico corresponde a uma temperatura fixa e é chamada de isoterma.
Figura 2: Dependência entre a pressão e o volume de uma quantidade fixa de gás perfeito,
em temperaturas diferentes. [4]

Os Físicos franceses Jacques Alexandre Charles (1746-1823) e Louis GayLussac


(1778-1850) estudaram o efeito da temperatura sobre o volume de uma amostra de gás
mantida a pressão constante. Charles em seu experimento, encheu cinco balões com o mesmo
volume de gases diferentes e, aqueceu os mesmos até 80°C, com isso, ele observou que os
volumes desses balões aumentaram da mesma quantidade. Posteriormente, Louis quantificou
as as observações e anunciou que uma certa massa constante de um gás se expande
proporcionalmente a sua temperatura absoluta se sua pressão for mantida constante. Ou seja,
o volume do gás é proporcional a sua temperatura absoluta em mudanças de estado isobáricas.
A lei de Charles ou Lei de Gay-Lussac pode ser escrita como: “À pressão constante, o volume
de uma amostra de gás é diretamente proporcional à temperatura absoluta”.[1] Podemos
representar por meio das equações:
 V ɑ T ou V = constante T ou V/T = constante (n e P constantes)
 P ɑ T ou P = constante T ou P/T = constante (n e V constantes)
Podemos relacionar os valores de volume-temperatura e pressão-temperatura de um
gás nos estados 1 e 2:

O princípio de Avogadro diz que “Volumes iguais de gases, nas mesmas condições de
temperatura e pressão, contêm o mesmo número de moléculas”. Podemos representar por
meio das equações:
 V ɑ n ou V = constante n ou V/n= constante (P e T constantes)
Gás ideal é aquele gás em que só ocorrem colisões perfeitamente elásticas entre as
partículas, e não existe interação entre as mesmas. As partículas possuem dimensões
desprezíveis e 1 mol de gás ideal ocupa um volume de 22,4L, independentemente de qual seja
o gás. Os gases reais, se comportam como ideais em baixas pressões e altas temperaturas.
A Lei dos gases perfeitos ou gases ideais, também conhecida como Equação de
Clapeyron, é utilizada para descrever o estado termodinâmico dos gases ideais por meio das
grandezas de pressão, volume e temperatura. A equação é a generalização das leis empíricas
de Boyle, Charles-Lussac e Avogadro: [5]
PV=nRT ( Equação de estado dos gases perfeitos)
Sendo R a constante de proporcionalidade (constante dos gases) = 0,082 atm.L.K= 8,31
J.mol.K
2. OBJETIVO
O objetivo do experimento é verificar se o ar aprisionado no Manômetro segue a Lei
de Boyle e determinar a aceleração da gravidade a partir dos dados experimentais e compará-
los com os dados teóricos.

3. PARTE EXPERIMENTAL
3.1 – MATERIAIS UTILIZADOS
 Aparelho para leitura de hgás e hHg;
 Manômetro;
 Termômetro;
 Barômetro.

3.2 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL


Primeiramente, leu-se a pressão atmosférica e logo após, mediu-se a temperatura no
termômetro do equipamento. Posteriormente, efetuou-se a leitura de hHg e hgás, após nivelar
as duas colunas de mercúrio. Repetiu-se o experimento variando hHg de 5cm por mais 8 vezes,
sendo 4 valores positivos e 4 valores negativos. E para finalizar o experimento, desenvolveu-
se a equação de Boyle de modo a compará-la com a equação da reta.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. LEI DE BOYLE

A Lei de Boyle pode ser representada matematicamente pela equação (1) ou (2).

𝛼
𝑃𝑔á𝑠 = (1)
𝑉𝑔á𝑠
𝑃𝑔á𝑠 . 𝑉𝑔á𝑠 = 𝛼 (2)

Onde: α = constante (n, T)

Durante a execução do experimento, o manômetro está aberto, e com isso, a pressão


do gás será a pressão atmosférica somada a pressão do mercúrio, conforme apresentado em
(3).

(𝑃𝑎𝑡𝑚 + 𝑃𝐻𝑔 ). 𝑉𝑔á𝑠 = 𝛼 (3)

Não é possível medir o volume do gás, entretanto, a determinação indireta é feita pelo
produto da área ocupada pelo gás e sua altura, conforme apresentado em (4).

(𝑃𝑎𝑡𝑚 + 𝑃𝐻𝑔 ). 𝐴𝑔á𝑠 . ℎ𝑔á𝑠 = 𝛼 (4)

Dado que a área ocupada pelo gás é constante, é possível combinar as duas constantes
𝛼
da equação (5) conforme apresentado em (5), onde 𝛼 ′ = .
𝐴𝑔á𝑠

(𝑃𝑎𝑡𝑚 + 𝑃𝐻𝑔 ). ℎ𝑔á𝑠 = 𝛼′(5)

A expressão para a pressão do mercúrio está apresentada em (6).

𝐹 𝑚𝐻𝑔 . 𝑔 𝜌𝐻𝑔 . 𝑉𝐻𝑔 . 𝑔 𝜌𝐻𝑔 . 𝐴. ℎ𝐻𝑔 . 𝑔


𝑃𝐻𝑔 = = = = = 𝜌𝐻𝑔 . ℎ𝐻𝑔 . 𝑔 (6)
𝐴 𝐴 𝐴 𝐴

Substituindo (6) em (5), obtêm–se a equação (7).

(𝑃𝑎𝑡𝑚 + 𝜌𝐻𝑔 . ℎ𝐻𝑔 . 𝑔). ℎ𝑔á𝑠 = 𝛼′(7)

Aplicando a distributiva e rearranjando os termos da equação (7) obtêm–se a equação


(8).

𝑃𝑎𝑡𝑚 ℎ𝑔á𝑠 + 𝜌𝐻𝑔 . ℎ𝐻𝑔 . 𝑔. ℎ𝑔á𝑠 = 𝛼 ′ (8)

𝜌𝐻𝑔 . ℎ𝐻𝑔 . 𝑔. ℎ𝑔á𝑠 = 𝛼 ′ − 𝑃𝑎𝑡𝑚 ℎ𝑔á𝑠 (9)

𝛼′ 𝑃𝑎𝑡𝑚 ℎ𝑔á𝑠
ℎ𝐻𝑔 = − (10)
𝜌𝐻𝑔 . 𝑔. ℎ𝑔á𝑠 𝜌𝐻𝑔 . 𝑔. ℎ𝑔á𝑠

𝛼′ 1 𝑃𝑎𝑡𝑚
ℎ𝐻𝑔 = 𝑥 − (11)
𝜌𝐻𝑔 . 𝑔 ℎ𝑔á𝑠 𝜌𝐻𝑔 . 𝑔

A construção do gráfico da ℎ𝐻𝑔 em função de ℎ𝑔á𝑠 −1 e a linearização dos dados


permitiu a determinação valor de aceleração da gravidade com apoio do coeficiente linear da
reta e a verificação da validade da Lei de Boyle pelo valor de R2 .
4.2. DADOS EXPERIMENTAIS

A pressão atmosférica e temperatura foram obtidas durante a execução do experimento.


Os dados estão apresentados na tabela 01.

Tabela 01. Dados de pressão atmosférica, temperatura, aceleração da gravidade e densidade do


metal.

Pressão Atmosférica 916 hPa


Temperatura 26 ºC / 299,15 K
Aceleração da gravidade 9,72 m s – 2
Densidade do mercúrio 13531,5 Kg m – 3

Os dados da altura do gás e do mercúrio, obtidos durante o experimento, bem como,


os valores calculados de ℎ𝑔á𝑠 −1 estão apresentados na tabela 02.

Tabela 02. Dados experimentais da altura do gás e do mercúrio e valores calculados de ℎ𝑔á𝑠−1 .

ℎ𝑔á𝑠 (𝑚) ℎ𝐻𝑔 (𝑚) ℎ𝑔á𝑠 −1 (𝑚− 1 )


0,188 0,20 5,319149
0,198 0,15 5,050505
0,209 0,10 4,784689
0,22 0,05 4,545455
0,232 0,00 4,310345
0,247 - 0,05 4,048583
0,262 - 0,10 3,816794
0,2785 - 0,15 3,590664
0,297 - 0,20 3,367003
Para a obtenção da equação de reta foi construído o gráfico linearizado de ℎ𝐻𝑔 em

função de ℎ𝑔á𝑠 −1 com auxílio do programa Origin®. O gráfico e os dados da equação de reta,
bem como, o coeficiente de correlação estão apresentados na figura 01.
Figura 01. Gráfico da linearização de ℎ𝐻𝑔 em função da ℎ𝑔á𝑠 −1.

A equação de reta obtida, bem como, o valor do coeficiente de correlação está


apresentado em (12).

𝑦 = 0,20503𝑥 − 0,88465 (12)

𝑅 2 = 0,99911

Com um valor de R2 próximo a 1, tem–se que os dados apresentam boa correlação


linear, e assim, afirmar–se que o gás contido no manômetro quando em quantidade de matéria
(número de mols) e temperatura constantes, possui relação inversamente proporcional com a
pressão, em conformidade com a Lei de Boyle.

Comparando a equação (12) com a equação (11), podemos escrever a equação (13)

ℎ𝐻𝑔 = 0,20503ℎ𝑔á𝑠 −1 − 0,88465 (13)

Utilizando o coeficiente linear da equação (13) e comparando–o com o da equação


(11) é possível determinar a aceleração da gravidade através da igualdade apresentada em
(14).

𝑃𝑎𝑡𝑚
− = −0,88465 𝑚 (14)
𝜌𝐻𝑔 . 𝑔
𝑃𝑎𝑡𝑚
=𝑔
𝜌𝐻𝑔 . 0,88465

91600
= 7,65
13531,5 𝑥 0,88465

Para a determinação da unidade aplica–se a análise dimensional apresentada em (15)

𝐾𝑔 𝑚−1 𝑠 −2
= 𝑚 𝑠 −2 (15)
𝐾𝑔 𝑚−3 𝑥 𝑚

Assim, o valor obtido através do experimento, para a aceleração da gravidade, foi de


7,65 m s – 2.

Para critérios de comparação e verificar a validade do experimento, é possível


determinar o erro relativo, utilizando a equação (16).

|𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 − 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 |


𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑅𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 (%) = 𝑥 100 (16)
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜

|9,72 𝑚 𝑠 −2 − 7,65 𝑚 𝑠 −2 |
𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑅𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 (%) = 𝑥 100 = 21,27 %
9,72 𝑚 𝑠 −2

Destaca–se que durante a execução do experimento, nas condições laboratoriais, é


possível que mudanças na temperatura, mesmo com pouca variação, tenham ocorrido. Como
a lei de Boyle é válida em temperatura constante, as variações na temperatura, podem ter
interferido no resultado final. Além da temperatura, a escala métrica e a leitura feita pelo
analista, pode contribuir para o resultado distinto daquele esperado.

5. CONCLUSÃO
Conclui–se, portanto, que o gás aprisionado no manômetro segue a Lei de Boyle, uma
vez que o coeficiente de correlação próximo a 1, indicou forte correlação linear entre ℎ𝐻𝑔 em
função da ℎ𝑔á𝑠 −1, relação obtida a partir do desenvolvimento matemático da Lei proposta por
Robert Boyle.
O valor da aceleração da gravidade de 7,65 m.s–2 foi determinado com o apoio da
equação de reta obtida, com uma discordância de 21,27%, em relação ao valor teórico.
Destarte, a partir dos dados obtidos, têm–se que o experimento permitiu a validação da
Lei de Boyle, assim como, a determinação da aceleração da gravidade.

6. REFERÊNCIAS
[1] Magalhães, Welington; Fernandes, Nelson; Ferreira, Amary. Físico-Química 1:
Termodinâmica do Equilíbrio. UFMG.
[2] Rinaldi, Fábio. A lei de Boyle como exemplo de experimentação e aprendizagem. UFRJ,
2010.
[3] Pedrosa, Stella. Simulação Lei de Boyle – Teoria Cinética Molecular e o Comportamento
dos Gases. PUC-Rio, 2017.
[4] Aparicio, Ricardo; QF431 - Físico-Química: Notas de Aula. UNICAMP.
[5] https://educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/gases-perfeitos-leis-geral-boyle-gaylussac-
charles-e-clayperon.htm. Acesso em 13/12/2021.

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