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ESPÍRITO DE PROTEÇÃO EXTERNA

(Guego no Seishin)
MATERIA DO ESTUDO DO NÚCLEO
Maio de 2011

Preservar, proteger e divulgar o Budismo de Nitiren Daishonin é a importante missão de clérigos e adeptos
desta Religião. Nitiren Daishonin no Gosho “Carta ao Monge Soya” (shinpen, pág.790) faz menção à seguinte
frase extraída do Sutra do Nirvana: “Havendo internamente discípulos que discernem bem a profunda
razão e externamente, os genuínos adeptos será concretizada a perpetuação do Budismo”. Existindo
proteção interna e externa é que a Verdadeira Lei será protegida de forma rigorosa e autêntica até o longínquo
futuro. Dessa maneira, proteção interna é salvaguardar a Lei dentro da Religião pelo clero liderado pelo
Reverendíssimo Soberano da Lei, que recebeu a transmissão da pulsação vital da Lei e que têm a faculdade de
transmitir, sem distorções, a Doutrina, cumprindo com a missão da perpetuação da Lei.Por outro lado, proteção
externa significa proteção da Verdadeira Lei pelos leigos, cada um contribuindo com doações ao Templo,
visando a propagação da Verdadeira Lei.
Na Escritura “Resposta ao Sr. Matsuno” (shinpen, pág. 1051), Nitiren Daishonin esclarece sobre a postura
da prática da fé dos adeptos e leigos como segue: “Entretanto, o mais importante para os da família leiga é
recitar exclusivamente o Nam-myoho-rengue-kyo, sem pensamentos diversos e também realizarem
oferecimentos ao clero. Além disso, conforme o texto do Sutra, poderão fazer uma explanação sobre a
Doutrina, de acordo com a sua força”. (Resposta ao Sr. Matsuno, Pag. 1051)
O essencial é concentrar-se na recitação do Daimoku, realizar oferecimentos aos Três Tesouros, do Buda,
da Lei e do Sacerdote e praticar assiduamente o shakubuku e a propagação da Lei. Com essa proteção externa,
o Templo Principal e os Templos Filiais, que são Templos de Iluminação, serão protegidos e poderão se
desenvolver.
Em relação ao espírito da Proteção Externa, gostaria de falar sobre um episodio do Templo do país Shaei
(Guion Shoja), que consta no Vol. 10 do Sutra Kengu:
Antigamente, à época do Buda Sakyamuni, no país Shaei, havia um rei chamado Hashinoku. Nesse reino
havia um ministro de nome Sudatsu Tyoja, que era extremamente rico, cuja riqueza era extremamente difícil
de quantificar. Por outro lado, apesar de sua riqueza, era uma pessoa caridosa, pois quando encontrava pessoas
pobres, com dificuldades de sobrevivência, solitários, velhos e outros, não continha o desejo de ajudá-los. Por
essa razão o povo o elogiava com a expressão “o milionário caridoso dos solitários” (Guikkodoku Tyoja).
Quando Sudatsu Tyoja foi a Shoshajo, capital do país Makada, ouviu pela primeira vez, desde o seu
nascimento, a palavra “BUDA” e ele pensou em convidar o Buda Sakyamuni para conhecer o seu país Shaei.
No entanto, no País Shaei não havia Templo (shoja) que pudesse alojar o Buda e seus discípulos. Então foi ao
encontro do Buda Sakyamuni e solicitou: “Gostaria de oferecer um Templo (Shoja), mas como não sei como
construí-lo, peço-lhe, por favor, que nos envie um discípulo” Diante da solicitação, o Buda Sakyamuni
escolheu Shariputra, considerado o mais inteligente entre seus discípulos. Sudatsu Tyoja, acompanhado do
sábio Shariputra, retornou ao seu país e imediatamente iniciou a escolha do local para a construção do Templo,
que não podia ser nem muito perto, nem muito longe da cidade. O local escolhido por Shariputra foi o Bosque
Guida, de propriedade do Príncipe Guida. Assim, após escolhido o local, Sudatsu Tyoja dirigiu-se ao Príncipe
Guida e manifestou o desejo de comprar aquele bosque. No entanto, o Príncipe Guida, rindo, disse: “Eu não
estou precisando de dinheiro e aquele Bosque é um bom lugar para minhas caminhadas, portanto, não posso
vendê-lo”.
Mesmo diante da negativa do Príncipe em vender o bosque, Sudatsu Tyoja o visitou inúmeras vezes,
insistindo na compra do bosque, quando então o Príncipe Guida disse: “Se deseja tanto comprar o bosque,
então cubra o terreno totalmente com ouro. Se assim o fizer, cedê-lo-ei ao senhor”. Dessa forma, impôs-lhe
uma condição absurda. Porém, Sudatsu Tyoja disse: “Aceito suas condições, portanto, pagarei o valor
solicitado”. Assustando-se com a fisionomia e a determinação de Sudatsu Tyuja, o Príncipe Guida
rapidamente disse: “O que acabo de dizer é brincadeira. Assim revogo o que disse”. Ao ouvir isso, Sudatsu
Tyoja replicou: “O que está dizendo? Uma pessoa na posição de um Principe, jamais poderá revogar as próprias
palavras. Com esse comportamento, como poderá, no futuro, quando tornar-se Rei, governar o país e conduzir
o seu povo?” Assim advertiu, com sinceridade, o comportamento do Príncipe. Com essa postura, conseguiu
realizar a compra do bosque.
O Príncipe, vendo a forte determinação de Sudatsu Tyoja, percebeu a insignificância dos
tesouros perante o Buda e pensou que, se o Buda fez com que o Sudatsu Toyja tomasse essa
decisão, não há dúvida de que é uma entidade extraordinariamente virtuosa e maravilhosa e
disse: “Já chega! O bosque é seu, entretanto, as arvores são minhas! O senhor irá oferecer ao
Buda o terreno e eu as árvores e, juntos, vamos construir o Templo!”

Assim, Sudatsu Tyoja ordenou imediatamente aos servos, para que levassem os tesouros do cofre,
que foram carregados no dorso de um elefante, para o Bosque Guida. Entretanto, mesmo sendo o fabuloso
tesouro de Tyoja, não era uma tarefa fácil, acabando inclusive com a reserva feita para o pagamento dos servos,
o que o levou a executar o trabalho de forrar o terreno com as próprias mãos.

Diante dos fatos, iniciou-se de forma acelerada, a construção do Templo, liderada por
Shariputra. Além desse Templo, também foi construído um alojamento para 1200 clérigos. Após
a inauguração do Templo, Sudatsu Tyoja dirigiu-se ao Rei, relatou sobre a construção e disse:
“solicito-lhe que Vossa Excelência convide o Buda a visitar este país”. Ao ouvir o relato, o Rei
ficou muito contente e imediatamente enviou um mensageiro ao Castelo Osha convidando o
Buda e seus discípulos para virem ao novo Templo do país Shaei.
Ao receber o convite, o Buda Sakyamuni, acompanhado de um grande número de discípulos,
partiu do Castelo Osha, em direção ao novo Templo do país Shaei . Ao chegar ao país Shaei, o
Rei e um grande número de pessoas estavam a sua espera.
Chegando ao Templo (shoja), o Buda Sakyamuni, disse: “Este Templo foi construído
mediante a compra do terreno por Sudatsu Tyoja e as árvores eram de propriedade do Príncipe
Guida. Essas duas pessoas, cooperando-se mutuamente, conseguiram erguê-lo. Portanto sua
denominação será Guiju Guikko Kudokuen Shoja (resumindo Guion Shoja)”. Esta é a história
de como surgiu o Templo “Guion Shoja”.
Há muitas formas de proteção externa. Porém, creio que o espírito fundamental consiste na
determinação de desejar a proteção dos Três Tesouros – Buda, Lei e Sacerdote. E essa
determinação faz surgir em forma, tal como Sudatsu Tyoja que, com o puro espírito de procura,
sem exigir retorno, materializou o oferecimento de Guion Shoja. Nós também, devemos realizar
a prática da fé idêntica a de Sudatsu Tyoja.
Para tanto, Nitiren Daishonin na Escritura “Carta ao Suserano Niike” (shinpen, pág.
1457) nos ensina:
“De qualquer maneira, aproxime-se do clérigo, que conhece o coração deste Sutra e
ouvindo a razão da Lei, avance, ainda mais, na caminhada a fé”. Isto significa que devemos nos
aproximar dos clérigos, ouvir as explanações e avançar em nossa caminhada de prática da fé.
Para tanto, os adeptos da Nichiren Shoshu devem comparecer voluntariamente ao Templo e
receber as orientações do Reverendo Prior, que é o representante do Reverendíssimo Soberano
da Lei, sendo muito importante pensarem na postura da prática da fé, sob o ponto de vista da
proteção externa em causa dos Três Tesouros e esforçarem-se na prática para si e para os outros.

Questão: Qual é o significado do espírito de proteção externa?


Resposta: Consiste em colocar a prática da fé, que seja reflexo da postura de proteção externa
do ponto de vista em prol da causa dos Três Tesouros.
Rev. JOSHIN INOUE

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