Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GOTHIC
STATION
ESTILO & CULTURA
N º 1 - Maio 2017
FAMÍLIAS
GÓTICAS
Família, filhos,
trabalho, gatos...
Entrevistas exclusivas:
LACRIMOSA
CLAN of XYMOX
Das PROJEKT
AleX TWIN
Paul HODKINSON
O que é moda
VITORIANA? 1750-1800:
Literatura Gótica
STATION to STATION:
A evolução dos estilos musicais que amamos!
AGRADECIMENTOS Bem vindos! ÍNDICE
Sem o apoio de todos vocês a revista GOTHIC STATION Apresentamos a primeira
não existiria. MUITO OBRIGADO aos que apoiaram revista gótica nacional.
Esperamos que apreciem nossos
pelo financiamento público! :-) primeiros passos nessa jornada.
Gothic Station # 1 - Maio de 2017:
PATRONOS: Elaine Cardoso Márcia Alfredo Nosso time:
Carliany de Jesus Ribeiro
Marcell Diniz De C. Chaves
Wagner Galesco
Elaine Jesus
Elen Cristina Pinheiro
Elton Jose Pereira
Marcos Corvinus Mattos
Marcos Henrique
Mariana Gomes
KIPPER
Editor geral e de arte, infoartista,
2 COMPORTAMENTO: Famílias Góticas
Alexandre Paschoaletto
Elton Marques
Erica Santos
Erika Duarte Pinheiro
Monica Viciious
Monique Santana
Munique Gomes Moura Santana
ilustrador e office-boy da revista,
também escreve sobre literatura,
música e realiza entrevistas. 10 ENTREVISTA: Paul Hodkinson
12
Alexandre Souza Trabalha desde 1988 na
Everson alencar da silva Nayara Soares impresa brasileira e portuguesa.
Aline Schlaepfer Monteiro
Alinne Lee
Fábio pereira matias Nina De Marco Estudou Letras e Literatura. MÚSICA- HISTÓRIA: Gerações
Fabrício Caetano Moraes Osvaldo Kenmei Saito Gótico desde 1990, co-fundador
16
Amanda Brandão Alves
Fausto Saglauskas Dias Paulo Nojento do site Gothic Station em 2008,
Ana América Faria
Ana de Oliveira Bueno
Felipe Marangoni Pontes Pedro Moraes dos Anjos Autor de “A Happy House in a Black MÚSICA- DESTAQUES 2016 & 2017
Fernanda Guaitulini Fernandes Rafael Castro Guarienti Planet”, entre outras obras.
18
Ana Frehmaz www.gothicstation.com.br
Franci Dietrich Raquel Carneiro
Ana Luísa Borin Trevisan
Analy Layla Nut
Gabi Sampaio Ohi Renan Eduardo SANA SKULL ENTREVISTA: Ronny Moorings & Xymox
Gabriela Santos Rodrigo Ortiz Vinholo Escreve sobre moda, estilo e história
22
Andre
Gaspar Henrique Souza Júnior Rômulo Meira Lima Ferreira Filho da moda. Estudou Design de Moda,
Andre Felipe Fillus Piaunoski
Andreia Maria Delfino da Silva
GB XB- Cláudio Gimenez Roosevelt Oliveira é Jornalista, Consultora e pesquisado- MODA: Estilo Vitoriano Sana Skull
Gilberto Valente De Oliveira Sana Teixeira Mendonça ra de História da Moda, fundadora
28
Anelize Opolis do blog “Moda de Subculturas”.
Guilherme C. Wuthrich Sara de Rosa & Thiago Torres
Ângelo Paradiso Júnior Se interessou pela subcultura
Antonielle Ferreira da Silva do Carmo
Guilherme Seabra De Mello Shaiene Nasser Do Nascimento
gótica quando adolescente, se
ENTREVISTA: Tilo Wolff & Lacrimosa
Gustavo Duarte Simone Silveira Venzel
32
Beatriz Thaísa Watanabe tornando estilista de moda gótica
Hellays Tatiane Fernandes Suelen Cristina Spadafora
Bianca Nobre Boisson para algumas marcas. Seu trabalho
Bianca Schwarz
Henrique Cunha Carvalho Talita Bazzo Rauber de criação abrange o gótico, punk, CINEMA: 3 Filmes influentes dos 70’s
Hewerton de Moura Nery Thaís de Paula
34
Bruna Guimarães fetichismo e também figurinos.
Humberto Luminati Thiago Benevides www.modadesubculturas.com.br
Bruno Alvares de Siqueira
Bruno Fischer Dimarch
Janaína Paula Thiago de Paula
ADRI AMARAL
ENTREVISTA: Marcelo Kpta & Das Projekt
Janistorp Pereira de Sá Thiago Meyer
38
Caio Tarnowski Escreve sobre cybercultura e
Janys Rocky Tiago Rocha
Camila Makie culturas alternativas. É Pós-Doutora
Carlos Asa
Jean Riè Valber de Andrade Oliveira em Mídia, Cultura e Comunicação pela CYBERCULTURA: História Adri Amaral
Jéssica Cleofer Amaral de Abreu Van Stille
40
Caroline Iwasaki Ferri University of Surrey (UK). Professora
Jessica De Moura Hepp Vanessa Barreiros Maurici da Pós-Graduação em Comunicação
Caroline Pazini Cavalcante
Cassia Larrubia
Jessica Mayara Vitória Bulgari da UNISINOS-RS. Autora, entre ENTREVISTA: Alex Twin & Wave Records
João Marcos Vitória Rodrigues outros, do livro “Visões Perigosas:
44
Cassia Silva
Joao Paulo DeMoura Walison Henrique Silveira uma arque-genealogia do cyber-
Claudio Martins
Claudionor Valle Junior
Josiane- loja Purple Shadows Wandeclayt Martins de Melo punk”(2006). Suas pesquisas versam LITERATURA: 1750-1800 H. A. Kipper
Junior Spades Bonifácio Wellington Matos sobre subculturas, cultura digital,
49
Cleide Mara Acosta ficção-científica e cultura de fãs.
Jussara Santos Matos Wenderson Oliveira
Cleidson Barbosa de Oliveira www.adriamaral.com
Cristiano Barbosa da Silva
Karina Cruz Wilame Araújo HUMOR: Mondo Muerto
Karoline Rente William Borges Da Silva ORLANDO
Cristiano Maia Ferreira A modelo da capa da frente é nossa
Kmyla Löhnhoff Willis Carmo Publicou em toda imprensa brasileira
Cristiano Silva que se dá ao respeito e foi a cara da amiga Snow, em foto de seu casamento
Leandro Alves da Silva Xaena Silva Santos
Daniel Bandt Cafre Folha de São Paulo de 1985 a 2011. em estilo Gótico com Demetrios.
Leilane Ravenscroft Yasmin da Silva Amarante
Daniela Martins www.orlandopedroso.com.br Snow é professora de português no ensino
Liz santos Silva
Débora Silva fundamental e médio. Além disso, o casal
Lony OFern CAU GOMEZ
Deivid Silva de Souza
Dennis Lurm
Lucas Rocker OBRIGADO! :-) Desde 1988 um dos ilustradores e resgata animais de rua por conta própria,
Luis Felipe Castro Alencastro cartunistas brasileiros mais premiados então se alguém quiser ajudar com doações
Dérek Aron nacional e internacionalmente. ou de outra forma, pode contatá-los pelo
Luna Daimon
Diego de Oliveira Lopes da Silveira www.flickr.com/photos/caugomez facebook abaixo:
Lupus Wolfgang
Diego Void
Mandy Oliveira
Dimitri Brandi de Abreu CONTATO: facebook.com/snowhitesnow0
Mânica S. Lima
Dricah G Rpz henrique_kipper@yahoo.com
Marcelo José da Silva
Edson Ferreira Lima (11) 981596458 Capa posterior: Foto Lacrimosa/Divulgação
Marcelo reis Vasconcellos
Eduardo Neves
FAMÍLIAS
GÓTICAS
OS FILHOS E O ESTILO: Meus filhos Quebrei a cara, sua mãe dizia que
Juliana, sentada ao centro,
encaram na maior tranquilidade, gos- quando viessem seus filhos tudo ia
ladeada por seus filhos,
tam muito! mudar, mas não mudou! (risos)”
a sobrinha e o pai
é back-up vocal do Elegia e desenvolve HISTÓRIAS DA VIDA: Houve um lar, pretende ser químico. Atualmente
PAULO & MAYUMI um trabalho na área de Gestão de Pes- show que fizemos e o Victor era bem estamos focados 100% no comércio
soas/Marketing. pequeno, mas como era de dia ao ar de nossos próprios produtos de nossa
O TEMPO: Eu (Paulo) tenho 46, esta- livre ele foi conosco, só que ele teve empresa de saboaria artesanal, velas e
mos juntos há quase 22 anos. Tenho O ENCONTRO: A conheci numa festa uma crise de bronquite e a Mayumi perfumes artesanais: A Mil e um Aro-
um filho agora com 14 anos. na casa do Marcelo D’Angelo, o gui- teve que levá-lo ao hospital e acabou mas.
tarrista do Elegia, com amigos em co- nem participando do show, e eu em
A VIDA: Somos nascidos e residimos mum. Depois de alguns anos que ela respeito aos fãs que foram nos assis- Trabalhamos também com diversos ar-
em São José dos Campos – SP. Meu passou no Japão nos reencontramos e tir fiz o show, embora preocupado. No tesanatos em biscuit como bruxinhas,
filho, Victor, nasceu em Kawasaki no começamos a sair e então veio o casa- final da apresentação já de volta do magos e incensários. Temos o Stand de
Japão. Trabalho como vocalista do mento e fomos morar no Japão. hospital a Mayumi e ele assistiram da nossa loja Gotik Acessórios nas bala-
Elegia e professor de inglês, japonês e platéia. das góticas e alternativas de São Paulo
português para estrangeiros, Mayumi FILHOS E O ESTILO: Ele cresceu nos vendendo acessórios do estilo alterna-
acompanhando desde bebê em es- tivo da Gotik Acessórios:
ANA & LEO túdios de gravação, ensaios, shows, SARA & THIAGO gotikacessorios1.loja2.com.br
e para ele tudo aquilo era normal, o
O TEMPO E A VIDA: Leo: 32, Ana: 25; visual que usávamos, os amigos, os O TEMPO: Sara: tenho 32 anos. Thia- O ENCONTRO: Nos conhecemos atra-
Estamos juntos há 3 anos. Leo: Cabe- ambientes. Ele usava bastante roupi- go: tenho 25. Estamos juntos há 5 vés da página do Orkut da extinta casa
leireiro, Ana: Auxiliar administrativo. nha preta, coturninho e compartilha- anos. paulistana Aeroflith. Onde mais tarde
Estamos grávidos do nosso primeiro va do mesmo estilo de música, filmes trabalhamos por um bom tempo com
filho. e livros. Naturalmente, quando ficou OS FILHOS: Juntos temos o nosso o stand até seu fechamento em 2016.
maior ele deixou de nos acompanhar bebê Douglas de um ano e cinco me- Tivemos ótimos momentos lá, foi onde
O ENCONTRO: Nos conhecemos entre como a maioria dos adolescentes e ses. Já fui casada anteriormente e te- começamos a namorar e ficamos noi-
amigos e conhecidos, sempre frequen- procurou mais sua própria identidade nho o Andersom de 10 anos. Moramos vos.
tamos as mesmas festas. e respeitamos suas escolhas. todos juntos.
OS FILHOS E O ESTILO: É bem tran-
COMO ESPERAM QUE O FILHO(A) A VIDA E O ESTILO: Quando eu era A VIDA: (Sara) Sou formada em Publi- quilo, não temos problemas. O mais
VEJA O ESTILO DE VOCÊS? Natural- mais novo e trabalhava em banco e cidade e Propaganda porém não exerço velho está acostumado. Como cresceu
mente será apresentado no dia a dia e, ainda começava na banda, o visual ti- a profissão. Thiago vai prestar vestibu- vendo o estilo pra ele é bem comum. O
logo, será de sua livre escolha. nha que se adaptar ao ambiente. Sem-
pre há aquelas pessoas inconvenientes
O ESTILO TEM CONSEQUÊNCIAS em qualquer ambiente social que im- Sara e Thiago, os filhos
PROFISSIONAIS? Ana: De certa ma- plicava. Claro que exceto pelo cabelo, e o gato compartilham
neira sim, em muitos momentos, há a que prendia para trabalhar, o resto não o cotidiano da atividade de
dúvida, o pré julgamento das pessoas. impactava tanto. Já em shows e apre- micro-empreendedores
O ESTILO E O TRABALHO:
Como trabalhamos com o público góti-
co, é bem tranquilo e o estilo faz parte
do nosso negócio. Quando estamos
trabalhando com o público de fora te-
mos uma postura diferente, temos que
saber diferenciar e atender os diferen-
Caroline, Luiz e o mais
tes públicos da maneira adequada.
novo integrante da famí-
Como somos uma pequena empre- lia
sa muitas pessoas ainda não nos O ESTILO GÓTICO INFLUENCIA NO
conhecem, então temos que pas- Gerôncio, Natasha LUIZ E CAROLINE COTIDIANO? E muito! É o nosso
sar uma imagem de confiança pra e Dayve grande momento de paz quando esta-
Luiz e a filha O TEMPO: Luiz: Eu tenho 34 anos. Ca-
que a pessoa conheça nossos pro- mos em casa, sempre dando uma pes-
mais velha roline: Tenho 21 anos. Estamos juntos
dutos e indique para os conhecidos. quisada em materiais novos e revendo
Mesmo porque fazemos muitos sa- há 4 anos. os que temos também, passeios com a
bonetes de lembrancinhas e não tem família, embora não imponhamos nos-
OS FILHOS E O ESTILO: Acredito que O COTIDIANO FAMILIAR: Dayve OS FILHOS: Luiz: Tenho 1 filha de um
cabimento irmos falar com uma noiva
ou com uma futura mamãe do mes- GERÔNCIO E por mantermos nossas responsabilida- Gahan, nosso filho, usava cabelo gran- relacionamento anterior. Caroline: Te-
so estilo no cotidiano de nossos filhos
(compramos roupinhas, pretinho bási-
mo jeito que vamos pra balada. Não NATASHA des para com eles, com nosso dia a dia, de até pouco tempo. Ele sozinho deci- nho 1 filho. co, mas nada que dite a regra de que a
é questão de se esconder e sim de ser eles veem como algo saudável. Res- diu cortar. Nós não interferimos. Ele é vida será assim), educamos eles como
profissional. O TEMPO: Gerôncio Ferreira: tenho peitam e acreditam que somos felizes uma criança que gosta de estudar e ler. A VIDA: Luiz: Trabalho no setor de se- crianças que estão nas descobertas,
43 anos e Natasha Felix tem 26 anos. com o que somos. gurança privada e sou DJ amador nas curtindo realmente.
O COTIDIANO É DIFERENTE? Estamos juntos há cinco anos. As vezes que ele sai conosco, e sempre noites de lazer. Caroline: Trabalho com
Única diferença é que por traba- O ESTILO E O TRABALHO: Em nossa vai do jeito dele, sentimos que conosco telemarketing e atualmente estou com HISTÓRIAS DA VIDA: Somos uma fa-
lhar em eventos durante a noite es- FILHOS: (Gerôncio ) Tenho dois fi- atividade, como em qualquer outra, há ele tem uma tendência natural a querer a matrícula da faculdade de Biologia mília comum igual a todas as outras,
tamos fora de casa e aí as crianças lhos. A menina mora com a mãe em muita concorrência. usar preto. Como um tipo de inspira- trancada para cuidar do meu filho que trabalhamos, pagamos nossas contas,
ficam sob os cuidados de alguém outra cidade. E o menino mora co- Hoje nós temos vários clientes e con- ção, nós mesmos nunca pedimos isto nasceu. Moramos em Sorocaba/SP. educamos nossos filhos, sempre res-
de confiança. Fora isso, temos a ro- migo e Natasha. Ele não é filho de tinuamos mantendo alguns adereços a ele. peitando a todos, com a velha frase do
tina comum de qualquer família. Natasha mas, após a morte da mãe fisicos corriqueiros como piercings e O ENCONTRO: Nos conhecemos em “respeite e seja respeitado”
dele, ele encontrou em Natasha tatuagens. Mesmo assim, não perde- Percebemos também que ele se sente um evento alternativo e desde então
Muitas pessoas acham que o estilo gó- um apoio materno. Ele a conside- mos cliente algum. melhor quando está conosco em al- não nos largamos mais! A sociedade hoje está muito mais
tico é uma revolta passageira ou coisas ra como se fosse sua mãe biológica. gum passeio no qual nós estamos com aberta comparado há anos atrás, e a
nesse sentido. Mas dentro desse esti- Mas, para tanto, temos que estar dia- algum visual mais exagerado. OS FILHOS O ESTILO: Minha filha ampla difusão da informação sobre
lo existem muitas pessoas que traba- A VIDA: Nossa formação é segundo riamente nos capacitando para manter mais velha (6 anos) nos vê com total o estilo gótico, isso eliminou falsos
lham, são pais e mães de família. grau completo e diversos cursos técni- um melhor atendimento e proporcio- HISTÓRIAS DA VIDA: Como casal naturalidade pois desde bebê já nos contos sobre o estilo e seus adeptos,
cos. Hoje nós temos nosso próprio es- nar melhores soluções. Isto nos man- nós produzimos eventos. Nosso filho via assim, provavelmente acontecerá o começa em casa com a família, na vizi-
Trabalham da mesma maneira que critório que atende diversas empresas têm no mercado, mesmo com estes sempre nos ajuda nas montagens. Ele mesmo com nosso caçula de 5 meses! nhança, no trabalho, sempre um passo
qualquer outra pessoa de outros seg- do ramo farmacêutico com assessoria apetrechos notórios. Conseguimos um gosta de participar das montagens, de de cada vez; forçar as coisas só faz o
mentos. É um trabalho como outro tecnológica e administrativa. Residi- respeito profissional e pessoal com ver as bandas chegando, os primeiros O TRABALHO E O ESTILO: Há sem- diferente ser diferente com aquele ar
qualquer que exige responsabilidade e mos hoje na cidade de Campina Gran- nosso clientes. Quebramos determina- do público. Às vezes quer até ficar no pre a curiosidade dos colegas, pergun- de preconceito, temos que continuar
respeito principalmente com o público de/PB. das barreiras. evento. Mas, como é muito novo, ter- tas saudáveis sobre o estilo gótico, e sendo diferentes, mas como iguais a
que nos mantêm. mina que ainda não dá. sempre o respeito prevalece, nos sen- todos, pois é assim que somos.
O ENCONTRO: Nos conhecemos em Alguns até já chegaram a comparecer timos bem à vontade no trabalho em
Há muitos empresários de sucesso e um evento gótico na cidade de Recife. em eventos góticos e, aqui e ali, alguns Mas, é empolgante saber que ele tem relação ao estilo e entusiasmados por
comprometidos que com todo cuida- A partir disto fomos nos encontrando sempre perguntam o porquê do estilo. esta forma respeitosa de nos perceber. que a aceitação está melhor encarada
do, esforço e carinho trabalham sério em outros evento e agora estamos con- Isto é muito empolgante e nos mantêm Não como pais. Mas, como pais que do que há alguns anos, independente
e tem dentro do estilo o seu sustento. tinuando nossas vidas juntos. mais firmes em nossos gostos. são diferentes no cotidiano social. do ambiente profissional.
ENTREVISTA
CULTURAS
IDADE
fícil quando você tem filhos, carreiras to válidos, por exemplo, a importância
profissionais e tudo o mais. “pensaria a da identidade coletiva, comprometi-
mento, hierarquias de status, a impor-
GS: Usualmente lemos sobre “sub-
culturas juvenis” ou “estudos subcul- continuidade tância de diferentes formas de mídia
(embora aqui as redes sociais fizeram
da participação
turais juvenis”. Essa classificação de uma grande diferença, é claro) e a for-
todo desvio como um fenômeno “jo- ma claramente translocal pela qual a
Paul Hodkinson vem” não apontaria para algum tipo cena funciona.
e algumas de suas obras de pré-conceito que considera que
“crescer” e se tornar maduro significa mais como (...) A principal diferença para os góticos
se encaixar em algum tipo de “norma-
lidade”? Isso também levanta muitas
questões sobre o que, afinal, “ser jo-
formas mais velhos, porém, é que seu nível de
comprometimento prático tende usual-
mente a se reduzir ao menos um pouco
NAS
LINHAS
DA
SUBWAY
Lembra do desenho do átomo com a forma de
pequenas esferas circulando um núcleo maior?
Mesmo sabendo que está longe do real, esse
desenho nos ajudou a aprender e a fazer coisas
incríveis com a energia nuclear...
INFOARTE: KIPPER
Aqui, desenhar as linhas musicais al- Um dos nomes essenciais para en-
STATION th Group, Talking Heads, Blondie,
TO STATION
tir do nada, nos mais diferentes es- em que tudo se mistura, o clima da épo- Blood, Golden Apes, Deathcamp
ternativas como linhas de metrô é tender essa evolução é o alemão Suicide, Père Ubu e The Ramones. tilos. Isso vale para o Industrial ca. Se a maioria das bandas góticas da Projekt, ASP, Star Industry, Mono
algo parecido: tentamos mostrar algo Karlheinz Stockhausen, com quem também, e origens do eletrônico. época eram wave ou post-punk, o uni- Inc., Soror Dolorosa, Merciful Nuns,
que se assemelha a linhas de energia membros da banda Kraftwerk estu- Influenciado pelos Beats, esse punk verso de bandas post-punk e new wave Ariel Maniki & The Black Halos, etc.
em movimento. Como os átomos, daram. As experiências com fitas, norte-americano era bem mais varia- Nos Estados Unidos temos a banda é muito, muito maior do que o gótico.
bandas e estilos podem estar em mais loops e música computacional come- do, com temáticas poéticas e ao mes- New York Dolls (1970-1974) e uma gera- LINHA ETHNO/ MEDIEVAL
de um lugar ao mesmo tempo, se mis- ça com esses eruditos, e também o mo tempo agressivas, líricas mas in- ção, ligada ao clube CBGB, que conta- Bandas post punk /new wave: PIL, Dead Can Dance, Estampie, Corvus
turar, compartilhar... questionamento de “o que é música”. tercaladas com arroubos sônicos. Um va com grupos como Richard Hell and Wire, The Smiths, Echo and the Bun- Corax, QNTAL, Daemonia Nymphe,
pouco diferente do punk desenvolvido The Voidoids, Television, Patty Smith nymen, U2, Killing Joke, Stranglers, Faun, Omnia, Irfan, Trobar de Morte,
LINHA BEATNICK As experiências de Stockhausen e a por Malcoln McLarem a partir de 1976 Group, Talking Heads, Blondie, Suicide Gang of Four, além das bandas do etc.
O movimento Beatnick começa na vi- popularização dos sintetizadores nos com os Sex Pistols: este outro punk e The Ramones. Isso tudo até 1976. Na “proto-punk” norte americano que
rada dos anos 1940 para os 1950 (du- anos 1960 espalharam o experimen- tem uma temática mais extrospectiva Inglaterra, a geração 77 é famosa: Sex continuavam em atividade... e bandas LINHA ETHEREAL WAVE
rando até o final dos 60’s) fundado talismo, que chegou ao pop e músi- e política. Pistols, The Clash e Damned. classificadas como tipicamente góti- Cocteau Twins, Black Tape for a Blue
em existencialismo, música jazz livre, ca alternativa no final dos anos 60. cas, como The Cure, Siouxsie & The Girl, Cranes, Collection D’Arnell An-
boemia urbana obscura e, claro, a poe- Aqui chegamos à estação Krautrock. GLAM ROCK STATION DICA DE LEITURA: “Mate-me por Fa- Banshees e Bauhaus, etc. Já o Joy Di- drea, Lycia, Sopor Aeternus, Love
sia e literatura de Allen Ginsberg, Jack O Glam-Rock brilhou (e como...) de vor”, volumes 1 e 2, de Legs McNeil e vision acaba em 1980 e seus membros Spirals Downwards, Ataraxia, Love is
Kerouac e William Burroughs. Mais KRAUTROCK STATION 1970 a 1975. O estilo se caracteriza por Gillian McCain formam o New Order. Mas já estamos Colder Than Death, Ophelia’s Dream,
tarde, The Doors, Velvet Underground, Krautrock é o nome que se dá ao ex- uma temática hedonista-decadentista, indo para outras estações... O Quam Tristis, Helium Vola, Theodor
Nico e Andy Warhol, trouxeram algo perimentalismo no Rock alemão do fi- androginia, e um rock básico com mui- INDUSTRIAL STATION Bastard, Autumn’s Grey Solace, Otto
novo. O estilo de poesia de Jim Morris- nal dos anos 60 e ao longo dos anos to suingue. & LINHAS INDUSTRIAIS LINHA DEATHROCK Dix, etc.
son e Lou Reed se tornam referências. 70. Mistura rock, psicodelia, eletrônica O termo “Industrial” teria sido sugeri- A linhagem norte americana se ini-
experimental, música concreta, eletro- Mas também havia lugar para muito do por Monte Cazazza: “música indus- cia nos anos 80 com Christian Death, LINHA COLDWAVE/ DARKWAVE
No final nos anos 60 parte dos beats acústica, minimalismo, proto-indus- lirismo, folk, cabaret e poesia. Ex: trial para pessoas industriais”. A ideia Community FK, 45 Grave, Eva O, Heltir Twilight Ritual, Poesie Noire, Trisomie
se torna mais espiritual, político e co- trial, música erudita moderna, jazz e T-Rex, New York Dolls, Iggy Pop (& era uma “não música” que satirizasse e Shadow Projekt. A britânica evolui 21, Pink Industry, Clan of Xymox, Der-
lorido, gerando os Hippies. Outra parte quase tudo que se possa imaginar… Stooges), David Bowie, Lou Reed, o mundo. Após 1976, na Inglaterra, os simultaneamente com Alien Sex Fiend, rière Le Mirroir, Kirlian Camera, In Mi-
segue urbana, simbolista e existencia- Roxy Music, Sweet, Slade, Gary Glit- mesmos conceitos eram desenvolvidos Sex Gang Children, Specimen. tra Medusa Inri, The Frozen Autumn,
lista, evoluindo para o proto-punk nor- Influenciou tanto o post-punk quan- ter, etc. pelos pioneiros do Throbbing Gristle, Other Day, Untoten, 3Cold Men, Leba-
te americano. to a música Industrial e as tendências do Cabaret Voltaire e do Clock DVA. No final dos anos 80 surge o Mephis- non Hanover, Zanias, Drab Majesty,
eletrônicas, além do post-punk, a new Ícone do periodo, David Bowie tam- Em 1980, na alemanha, surge o Eins- to Walz. Depois do suicídio de Rozz etc.
DICA DE LEITURA: “Beat Punks”, de wave, o synth e a EBM. bém recriou o conceito do artista, turzende Neubauten. Williams, precursor do estilo, em 1998,
Victor Bockris vivendo personagens para melhor temos um revival do estilo com novas LINHA SYNTH GOTH/ ELECTRO
O próprio termo EBM (Electronic Body expressar seus ideais artísticos. A ima- Muitos grupos transitam nas mistu- bandas que viram para o século XXI: Die Form, Anne Clarck, Deine Lakaien,
LINHA ROCK’N’ROLL Music) é cunhado pelos membros do gem do personagem passa a ser parte ras Industrial/EBM, Synth-Pop/Electro Cinema Strange, Deadfly Ensemble, Cassandra Complex, Wolfsheim, Das
É fácil perceber a influência de rock tradi- Kraftwerk em 1977, apesar de o esti- da obra de arte musical completa. ou EBM/Metal. Bandas importantes: Bloody Dead And Sexy, Hatesex, etc. Ich, Clan of Xymox, In Strict Confi-
cional dos anos 50 e 60, especialmente lo que conhecemos como EBM ter sua Das Ich, Skinny Puppy, Front Line As- dence, Silke Bischoff, Kirlian Camera,
em bandas de gothic rock ou post-punk. fundação oficial depois, especialmente O Glam-Rock influenciou diretamente sembly, The Young Gods, Ministry na LINHA POST PUNK/WAVE/GOTHIC Diary of Dreams, The Cruxshadows,
com FRONT 242. o Punk, o Post Punk, New Romantics sua fase até o começo dos anos 90. The Cure, Siouxsie and The Banshees, Terminal Choice, L’ Ame Imortelle,
A partir dos anos 70 o rock se subdivi- e Góticos, tanto na musicalidade como Joy Division, X-Mal, Love & Rockets, Seelenkrank, Blutengel, Tristesse de la
de em uma multidão de subestilos que Na mesma entrevista para a revis- em suas temáticas e estética, sendo Ao longo dos anos 90, se popula- Ikon, The Shroud, Switchblade Sym- Lune, Solar Fake, Ashbury Heights, Se-
não é nosso objetivo aqui aprofundar. ta Sounds em 1977 é usado o termo que muitas das primeiras bandas Gó- rizou o chamado “Industrial”, com phony, Inkubus Sukkubus, Faith and elennacht, Massive Ego, etc…
De Elvis a Beatles e Rolling Stones, até “Coldwave” para bandas minimalistas ticas pareciam e soavam muito como muitos elementos de Rock ou Metal, The Muse, Corpus Delicti, Diva Des-
Kinks, The Beach Boys e Animals no como Kraftwerk que também influen- bandas Glam-Rock, como o Bauhaus e mas que não tem mais a experimen- truction, Frank The Baptist, Ego Like- LINHA EBM
final dos anos 60, chegando a Doors e ciou todo o Synth. o Specimen. tação do Industrial original. Estes são ness, The Beauty of Gemina, She Past FRONT 242, Nitzer Ebb, Klinik, Neon
Velvet Underground. EX: Kraftwerk, Can, Neu!, Tangeri- o Industrial Rock e o Industrial Metal. Away, etc. Judgement, Skynny Puppy, Front Line
ne Dream, Faust, Popol Vuh, Cluster, No período de 1970 a 1975 também a Assembly, Leather Strip, Wumpscut,
LINHA ERUDITA EXPERIMENTAL Amon Düül II, etc. temática de cabaret decadentista está DICA DE LEITURA: “Industrial Evolu- LINHA HARD GOTHIC ROCK Hocico, Suicide Commando, etc. Ao
O experimentalismo que chegou ao na moda com os musicais e filmes Ca- tion: Through the Eighties with Caba- The Sisters of Mercy, The Mission, longo dos tempo a “EBM” incorporou
pop e ao underground nos anos 1970 PROTO PUNK STATION baret e The Rocky Horror Picture Show. ret Voltaire”, de Mick Fish The Fields of the Nephilim, Roset- outros estilos. Da mistura com Synth-
e 80 começou antes em pesquisas de A partir de bandas do final dos anos ta Stone, Two Witches, Lacrimosa, -Pop e trance surgiu o “Future Pop”.
músicos eruditos. Após 1950 temos um 60 como MC5 e The Stooges (de PUNK STATION POST PUNK/ NEW WAVE Nosferatu, The Merry Thoughts, The
maior desenvolvimento da música ele- Iggy Pop), continuando nos anos 70 A ética DIY (Do It Yourself= Faça CENTRAL STATION House of Usher, Garden of Delight, Esse é apenas um panorama geral, em
troacústica, a música eletrônica e con- com grupos como Richard Hell and você mesmo) ajudou muita gente Aqui representamos o post-punk e new London After Midnight, Seraphin edições futuras nos aprofundaremos
creta que se juntam ao serialismo. The Voidoids, Television, Patty Smi- a sair da toca e criar música a par- wave como uma grande estação central Shock, The Awakening, Love Like em algumas linhas e estações.
THE MISSION FAUN TIRAMIST THE BEAUTY OF GEMINA BLUTENGEL MONO INC. ARIEL MANIKI MASSIVE EGO
“Another Fall from Grace” “Midgard” (2016) “For Your Ears Only”(2016) “Minor Sun” (2016) “Leitbild” (2017) “Together ‘Till The End” AND THE BLACK HALOS “Beautiful Suicide” (2017)
(2016) O Mission supreen- Desde 2002 o Faun tem Com Franck Lopez e Cathe- Em Abril o TBOG mostrou O álbum traz todos os “fu- (2017) Gothic rock moderno “Ritual” (2017) Se você procura pop dan-
deu a todos retomando sua mantido a média de um ál- rine Marie do Opera Multi em grande show no Brasil o turos-hits” que você pode e, na sequência de grandes Se você procura gothic-ro- çante com aquela leveza
sonoridade dos anos 80, bum de qualidade a cada Sreel e membros do Hide & que tem feito em estúdio nos esperar, e referências a di- álbuns, este novo, além do ck moderno mas que guar- queer que Ashbury Heights
e com grandes faixas. Não dois anos. “Midgard” segue Seek, o álbum nos traz os últimos 10 anos: uma série versas bandas darkwave e hit “Children of The Dark” da bem suas referências do ou Pet Shop Boys tem, com
bastasse, trouxe convidados a regra. Medieval, celtic, mais incríveis vocais femini- de excelentes álbuns. E esse, góticas em suas composi- (com Chris Harms, Joachim estilo, este vai ser um dos esse álbum você tem sua
de peso como Ville Valo, folk, rock e lirismo com ins- nos sobre melodias e bases “Minor Sun”, coroa esse pe- ções carregadas de synth e Witt e Tilo Wolff) ,“Boat- melhores álbuns que você diversão garantida ou seu
Gary Numan, Martin Gore e trumentos do passado que eletro-wave e belas letras ríodo estabelecendo a matu- future pop. Blutengel conti- man” com Ronan Harris, vai encontrar em 2017. Lan- mau-humor de volta. Venha
Julianne Regan. são recriados para a banda. surrealistas. Wave Records. ridade musical da banda. nua indispensável. traz muito, muito mais. çamento Deepland Records. “Idolizar” você também.
themissionuk.com faune.de tiramistfrance.bandcamp thebeautyofgemina.com blutengel.de mono-inc.com arielmaniki.bandcamp massiveego.co.uk
ELECTRO BROMANCE SNAKESKIN IN AURORAM ESCARLATINA OBSESSIVA HEIMATAERDE GRAUSAME TOCHTER CLAN OF XYMOX DRAB MAJESTY
“We Are Like Time Bomb!” “Tunes For My Santiméa” “Fenestrae”(2016) “Drusba” (2017) “Aerdenbrand” (2016) “Vagina Dentata”(2016) “Days of Black”(2017) “The Demonstration”(2017)
(2017) Festa garantida na (2016) O projeto paralelo de Valeu a pena a espera! Neste Se você busca uma banda Electro-industrial, e com Além dos vocais impressio- Um dos pioneiros da mú- A aparência arlequinesca de
pista de dança com este Tilo Wolff, criador e vocalista álbum somos presenteados post-punk que está sempre temáticas medievais, isso o nantes da diva Aranea Peel, sica Gothic/Darkwave está Deb DeMure é o alter ego
grupo formado em 2015 que do Lacrimosa, segue como com um apanhado de faixas explorando novas fórmulas Heimataerde faz muito bem. o quarto álbum do Grausa- de volta com um álbum que glam de um hábil multi-ins-
traz em suas composições um terremoto para pistas que parecem mais um àlbum e caminhos, e com vocais Se nos primeiros álbuns a me traz surpresas acima da parece de estréia. Agradará trumentista. A sonoridade
elementos musicais que pas- de dança. Mais eletrônico, “best of” de neo-clássico, femininos poderosos, não banda se aproximava mais média, com eletro-rock, dark fãs antigos e novos. Confira traz synth-wave retrô para
seiam pelo electro, darkwa- não perde o clima neoclás- ethno e darkwave no estilo pode perder este álbum re- do EBM ou Dark electro, cabaret, um pseudo-tango e mais da história dessa ban- paisagens do século XXI,
ve, synth & future pop. Lan- sico, trazendo duas excelen- Dead Can Dance e Ataraxia. mixado e com faixas extras. agora as guitarras pesam e faixas dançantes. Confira os da essencial nossa entrevis- em performances sombrio-
çamento Deepland Records. tes vocalistas convidadas. Lançamento Wave Records Da Deepland Records. os estribilhos grudam. álbuns anteriores também. ta exclusiva da página 18. -futuristas. Confira:
electrobromance.bandcamp snakeskin.ch inauroram.bandcamp escarlatinaobsessiva.com heimataerde.de grausame-toechter.de clanofxymox.com drabmajesty.bandcamp
DIAS EM
NEGRO
O CLAN OF XYMOX está conosco desde os anos 80
Gótica resistiu
álbuns é lembrada pelo ouvinte. A for-
sição nunca é uma tentativa delibera- ma de streaming de áudio e escolha de De 1989 A 1996 a banda
da de compor em certo estilo. Apenas
ao teste do
faixas isoladas no I Tunes não ajuda o encurta o nome para XYMOX:
acontece. A mistura para mim é im- entendimento de um álbum.
portante, o equilíbrio entre guitarras
e teclados. Sempre foi essa a questão. tempo. 1989: Twist of Shadows
MODA
Esta fascinação pelo passado sofisti-
cado e misterioso não é historicamen-
te acurado, ocorre como uma releitura.
VITORIANA
cadas de 1840 e 1880 as principais re-
ferências adotadas pelos góticos.
Iluá Hauck
da Silva veste
uma releitura
da moda
vitoriana
PUNK RAVE STORE/ DIVULGAÇÃO
A imagem
de Drácula
imortalizada por
Gary Oldman
(1992)
Releitura atual
de inspiração
Juliana Lopes em traje histórico vitoriana
inspirado na Era Vitoriana (estilo
1880) no V Picnic Vitoriano
São Paulo
LACRIMOSA
Criado em 1990, o LACRIMOSA é popular no Brasil há mais de 20
anos. Nos anos 90 já podíamos ver programações com especiais
da banda em flyers das nas principais casas góticas de São Paulo.
No século XXI, a banda de TILO WOLFF & ANNE NURMI
extasiou seus admiradores em terras brasileiras com vários shows
ao longo dos anos, álbuns fantásticos e muita atenção aos fãs.
Assim, em 2017, temos várias ge- que criei para o álbum “Inferno”.
rações de Lacrimaníacos esperando
TILO WOLFF: De fato
Assim, na verdade, nós nunca tive-
havia dois movimentos dentro da
com ansiedade cada novo lança- mos muito em comum uns com os
cena naquela época. Um deles era o
mento, vídeo ou show. outros, o que foi bom porque isso
movimento com bandas como DAS
ajudou na diversidade dos poste-
ICH e outras que você mencionou.
Gothic Station conversou um pou- riores desenvolvimentos da cena
Essas bandas eram fortemente co-
co com TILO WOLFF enquanto es- gótica.
nectadas umas com as outras e
peramos o novo álbum do Lacrimo-
compartilhavam os mesmos com-
sa ainda para 2017. GS: Já estamos muito empogados
positores ou produtores. No outro
lado estava o LACRIMOSA, que com o novo álbum programado
GS: No começo dos não vinha da tradição eletrônica, para 2017. O que podemos esperar
dele?
anos 90 Lacrimosa se mas sim da tradição gótica orienta-
destacou como uma banda impor- da para o rock.
TILO WOLFF: É claro, eu não pos-
tante em uma nova cena Alemã (e
so e não vou dizer muito sobre este
Europeia) que incluía Das Ich, Go-
ethes Erben, Endraun e muitos ou- “De fato novo álbum, mas eu já posso con-
tar que ele vai ser muito obscuro e
tros.
havia dois pesado!
Também, em 1992, aconteceu o pri-
meiro Wave Gotik Treffen (WGT)
movimentos GS: O seu outro projeto, o SNAKE-
dentro da
FOTO: DIVULGAÇÃO LACRIMOSA
“Toda a música amo esse público brasileiro emo- vocês são sencial junto a Tilo Wolff.
e tudo dentro
cional porque vocês são pessoas
que sabem mostrar suas emoções pessoas que
da canção
bem para caramba!
sabem mostrar
precisa cumprir
Vocês dançam, vocês gritam, vo-
cês choram e depois de um show
suas emoções
o dever de
completo vocês estão tão exaustos
quanto nós estamos quando saímos
bem para
servir às letras do palco! E é assim que deve ser! caramba!” A revista Gothic Station agradece
a colaboração do fã-clube do
Lacrimosa, o Lacrimaníacos Brasil
e a dar vida Quando estou no palco no Brasil eu
posso sentir como vocês celebram
às palavras...” a dádiva da música e como viven-
ciam todas as emoções que a músi-
ca desperta, e isso é maravilhoso!
Em comparação, compondo para o
SNAKESKIN, eu começo criando
E se tudo correr conforme o
uma sonoridade em um teclado.
planejado estaremos de
volta ao palco no Brasil
A criação dessa sonoridade e sua
ainda este ano!
atmosfera implícita então serão a
linha mestra para uma música do
SNAKESKIN, exatamente da mes-
ma forma que a letra foi para uma
música do LACRIMOSA.
FILMES
tre de cerimônias (ou Mr. EmCee),
que recebeu uma caracterização entre “O Homem que Caiu na Terra” (The
o vaudeville e o macabro. Já o filme Man Who Fell to Earth). Nele David
foi lançado em 1972, com Liza Minelli Bowie representa o alien Thomas Je-
Liza Minelli eternizando o visual de Sally e Joel rome Newton que chega a terra com a
interpretou a Grey fazendo um Mestre de Cerimô- missão de levar água daqui para salvar
mais famosa
Sally Bowles
nias que influenciou o visual de artis-
tas com Klaus Nomi, Bowie e Peter
DOS ANOS seu planeta e a família que deixou lá.
1970
Murphy. Sem falar em todos os artis- Porém, aos poucos Jerome se envolve-
tas de Dark Cabaret até hoje, como o com a vida na Terra e em um processo
Dresden Dolls. de degeneração esquece de sua mis-
são. Acaba se tornando mais um dos
“Cabaret” resgata e glamoriza o tema, alter-egos de Bowie, tanto que a capa
mas a corista vamp interpretada por
Liza Minelli agora usa botas combi-
nando com o corpete, a cinta-liga e
Q UE Uma noiva de Frankestein
que veio do espaço...
do álbum “Low” traz uma ilustração
baseada na imagem de Jerome.
chapéu coco, uma Louise Brooks atu- INFLUENCIARAM A temática de isolamento e alheamen-
A ESTÉTICA
alizada. to desse filme dialoga com a fase mais
influente do trabalho de Bowie, pro-
G ÓTICA
Patrice Bollon (“A Moral da Másca- duzida na mesma época.
ra”, 1990) comenta que este musical e
o filme geraram uma moda em Lon- São os anos da sua Trilogia de Ber-
dres que influenciou um novo grupo: lim: “Low” (1977), “Heroes” (1977) e
O Bromley Contingent. “Lodger” (1979). Não bastasse isso,
na mesma época Bowie co-escreveu e
THE ROCKY HORROR... produziu dois álbuns do parceiro Iggy
Pop: “Lust For Life” e “The Idiot”, am-
Em 1973 a peça musical “The Rocky bos de 1977. Uma época em que Bowie
Horror Picture Show” estreia em Lon- estava obcecado pelo krautrock do
dres e também logo se torna um gran- Kraftwerk, que em 1977 lança “Trans-
de sucesso e referência cult. A peça de -Europe Express”. Na soma, entre 77 e
Richard O’Brien mistura glam-rock e 79, são seis álbuns que influenciaram o
travestismo a elementos de horror gó- post-punk, a darkwave, a música góti-
tico e de ficção científica de filmes B ca, synth e outros estilos.
dos anos 1930 aos 1970.
O universo estético destes três filmes,
Joel Grey encarna Também no filme de 1975, o persona- tanto musical quanto visual, serviu
o mestre de cerimônias gem principal é o Dr. Frank N. Furter, de inspiração para as subculturas que
em Cabaret (1972) um alien do planeta transexual Transil- emergiram no final dos anos 1970 e
vânia, que busca criar uma nova forma
Bowie, um alien começo dos anos 80, especialmente a
de vida humana enquanto reside em perdido na Terra (1976) punk e a gótica.
FOTOS: DIVULGAÇÃO/ REPRODUÇÃO
DAS
No mesmo ano desse lançamento a
banda encerra suas atividades com a
segmento gótico. primeira formação mas, após três anos,
ressurge como uma fênix, em 2006,
GS: Conte pra gente com características inovadoras, com
PROJEKT
timbres de bateria eletrônica, ganhan-
um pouco da trajetó- do força com guitarras mais pesadas.
ria da banda, uma das que
está há mais tempo em atividade no
Brasil, no começo como Santos Peca- “Aí a banda
dores, depois Das Projekt Krummen
Mauern e finalmente Das Projekt. passa a se
apresentar com
MARCELO: Os “SANTOS
PECADORES” foi um pontapé inicial o nome inicial
entre os anos de 89/90. Nesse período
a banda tinha um baterista e as músi- encurtado:
cas eram em português.
“DAS
Soava um post punk, mas seu funda-
dor, Edu Krummen, acreditava que PROJEKT” .
algo no projeto poderia ser inovador
no Brasil, em uma época em que não
tínhamos uma referência nacional vol- Uma nova era, o DAS PROJEKT volta
tada ao estilo gótico. com força total e apresenta dois EPs
com material inédito, o “Arabian Beau-
Surge então o projeto “DAS PROJEKT ties” em 2009 e o “Betrayal” em 2010 e
DER KRUMMEN MAUERN” (O Proje- em 2011, chega ao mercado o segundo
to das Paredes Tortas, em alemão). A álbum com nome sugestivo ao renasci-
banda se apresentou em casas e clubes mento da banda “The Crownless Again
de São Paulo da época, como espaço Shall be King” (Os Descoroados Deve-
Retrô, Cais, Hoelisch, Armageddon, rão de Novo ser Rei).
Aeroanta e muitas outras.
Nele pudemos intensificar músicas
Músicas como Morbid Love, Adulte- marcantes e hits como Seventh Day, Al
rous, Dismalness e Obsession foram Azif Necromonicon e regravar o clás-
as primeiras canções executadas pela sico Ghost Riders in the Sky (B.Ives/J.
banda em 1991 e muitos K7s surgiram FOTO: BRUNA ROCKER/ DIVULGAÇÃO DAS PROJEKT Cash).
(...) vá atrás de
meios de comunicação nos ajudaram
muito na divulgação internacional, coi-
em um país a banda” ficam sem patrocínio e voltamos para
era do gelo com CD-r e materiais de
instante” sa que não tínhamos lá fora. qualidade inferior.
novidade”
Neste álbum destacamos algumas mú-
Em um cenário europeu que já tinha de terceiro Sempre temos a esperança de que as
pessoas no Brasil não fiquem limita- Acho válido que a internet seja uma
MARCELO: Agradeço a todos os lei-
sicas como Adrianne Dances, Jessica
is Burning, Christine, Agatha’s Eye
suas influências, bandas, festivais,
muitos anos depois eles descobriram mundo, que das as bandas mainstream, para assim
podermos ter eventos de grande porte
plataforma de apresentação das ban-
das, para que depois as pessoas pos- tores a oportunidade. Não sou muito
devemos agir
que existia algo na América do Sul. Isso no Brasil com mais frequências, pois sam adquirir seu material físico e até bom com as palavras, mas espero que
e mais um cover surge neste álbum: que tem a mente pequena, fica fadado de alguma forma, tenha não só leva-
culminou no aniversário de 25 anos do mesmo o digital de qualidade em sites
Monday Monday (do The Mamas and
the Papas), que foi destaque em um
dos principais magazines europeu, o
Das Projekt, quando fomos presentea-
dos com um tributo “A Magnis Maxi- como tal” a eventos pequenos. especializados. Os Europeus fazem
muito isso. Mas o Brasil gosta do jeito
do informações do Das Projekt para
aqueles que já conhecem, mas princi-
ma” (do latim “De grandes causas”), Não é por que vivemos social/politica- fácil, barato, VIP. palmente para quem tem a curiosidade
“Peeak Boo”. onde bandas do mundo todo regrava- Isso de certa forma acabou nos dan- mente em um país de terceiro mundo, em conhecer, entendendo que a música
ram algumas de nossas canções. do coragem para elaborar um tra- que devemos agir como tal. É muito complicado falar abertamente é um leque muito vasto no meio gótico
GS: Com o DAS PROJEKT e com a balho bem feito abrindo espaço sobre isso, já que conheço diretamen- e alternativo.
nova formação a banda iniciou uma Bandas conhecidas no Brasil e no para muitas bandas independentes. GS: Como vocês veem a questão da te os dois lados (tanto como músico e
nova fase. Como tem sido a reper- mundo como Plastique Noir, Scarlet Algo longo de se contar aqui, mas em comunicação com o público no sécu- como empresário do selo). Assim como nós, existem muitos pro-
cussão internacional? Já saiu até Leaves e Knutz entraram nessa lista, resumo, podemos dizer que em menos lo XXI, na era do Youtube e mp3, 4, fissionais. Potencial de sobra e para to-
um álbum de tributo internacio- assim como o Modus Operandi e de de um ano, o selo coleciona mais de 10 5... lastfm, spotify, Ipods? Vale a velha Muitas bandas não tem patrocínio nem dos os gostos. Guarde seu “Violator”
nal ao Das Projekt, não é mesmo? destaque como Insight (França), NU:N lançamentos (media de um por mês) e máxima do mestre Chacrinha? ( jogan- empresário para lançar um disco físico. do Depeche Mode por 5 minutos na
(Portugal), Last Dusk (Costa Rica), muita coisa boa ainda estar por vir em do verde para pegar a idade dos mem- Mas o Bandcamp, o Spotify estão aí gaveta, vá atrás de novidade, mesmo
MARCELO: Esta que muitos dizem ser Vysmech (Rep. Checa) e Dulce Muerte 2017. bros da banda... rs). pra isso. que não seja novidade lá fora e sim
uma nova formação, já tem uma du- (Peru). Grandes nomes europeus como para você.
ração maior que a antiga, hoje a for- Rhombus (Inglaterra), Star Industry GS: E o Festival Deepland que aca- MARCELO: Existem os dois lados da O mercado digital hoje funciona muito
mação atual existe há 11 anos dos 26 (Bélgica) e Age of Heaven (Alemanha) bou de ter uma edição agora em Abril moeda nessa situação. A facilidade de bem e a pessoa contribui com a banda. Conhecimento enriquece o ser huma-
existentes, subtraindo os três de ina- participaram, além da DJ Canadense com vocês abrindo para a revelação divulgação do trabalho através da ima- Recebe áudios de qualidade e todos no, seja musical, literário, mas o im-
tividade. Kitty Lectro. europeia THE BEAUTY OF GEMINA. gem e áudio, mas também o assassina- ganham. portante é viver isso com intensidade.
EM BUSCA DA
vida em sua relação com as tecnologias A partir da segunda metade dos anos
desde as primeiras comunidades virtu- 2000, alguns autores como Lev Mano-
ais na internet. vich, Erick Felinto, entre outros, come-
çam a questionar a validade do termo e
CYBERCULTURA
Em uma tentativa de periodizar os con- até especularam se não seria a “morte
ceitos da cibercultura, Macek (2005) os anunciada” do termo, dada a intensa
divide em cibercultura inicial, entre os popularização das tecnologias de in-
anos 1980 e 1990, e a cibercultura atu- formação e comunicação e a expansão
PERDIDA
todos tiveram
nha banda INDIVIDUAL INDUSTRY, assim que possível também, e o 3 Cold
25
então lancei este cd duplo limitado Men, estou programando para gravar
seu momento
com meu amigo e parceiro na banda em 2018.
Mauricio Bonito. Depois disso, fiquei
“A produção
pensando que não poderia lançar meus
projetos sem nenhum selo, pois desde especial” de shows
os anos 90 tivemos trabalhos lançados
internacionais
na Europa e nunca recebemos um tos- GS: A Wave fez um trabalho especial
tão. como selo do Opera Multi Steel, pode
aqui no Brasil
nos falar um pouco sobre isso?
Desta forma, em 2006 comecei o selo
era difícil
propriamente dito, e foi crescendo e ALEX TWIN: desde meados dos anos
conquistando seu espaço na cena in- 90 sou amigo da banda OMS, incluin-
antigamente,
ternacional, e hoje já temos mais de do nosso projeto 3 COLD MEN, e ago-
65 lançamentos e distribuição mun- ra também Franck Lopez toca baixo no
porém hoje é
dial pela Audioglobe da Itália e ago- novo WINTRY.
Sempre fui um fã da música do OMS,
ANOS
ra iniciando distribuição na Alemanha
ainda mais”
com Danse Macabre/Alive!, além de e mesmo antes do selo, fizemos algu-
distribuição em nossos lançamentos mas parcerias no passado, pelo sub
digitais pela amazon, i-tunes, etc... selo Museum Obscuro da Cri Du Chat
(do qual fui sócio), depois como Lulla- GS: A WAVE RECORDS e você
GS: Quais os principais lançamen- by (minha antiga loja) distribuímos um como agente e produtor são res-
DE PAIXÃO
tos da Wave nesses anos todos? cd também no fim dos anos 90, e já na ponsáveis por alguns dos maiores
Wave Records, lançamos uma compi- shows internacionais do segmento
ALEX TWIN: Destes mais de 65 lança- lação dupla e dois álbuns. Em agosto Darkwave/Gothic no Brasil. Gosta-
mentos, posso dizer que todos tiveram deveremos lançar um vinil picture li- ria de nos falar sobre esse trabalho?
seu momento especial, pois sempre fui mitado da banda.
cuidadoso em ouvir muito cada demo ALEX TWIN: Tive algumas experi-
PELA MÚSICA
antes de lançar, e o que lancei até hoje, GS: Você também é um músico talen- ências com produção de shows no
foi porque vi qualidades e potencial toso que participou e participa de mui- passado, Em 1999 produzi o CLAN
para ser lançado. tos projetos nacionais e Internacionais. OF XYMOX (primeiro show na Amé-
Pode nos contar sobre eles? rica do sul que foi no Teatro Zac-
Alguns tiveram maior destaque, mas caro), depois em 2000, a tour do
vejo que muitos ainda continuam obs- ALEX TWIN: Comecei musicalmente THE MISSION no Brasil com quatro
curos por aqui, talvez pela carência de gravando em 1987, as primeiras de- shows pelo Brasil, depois como ma-
“Se houvesse
o público que não precisaria gastar 5 Belga que mais influenciou o darkwa-
mil reais ou mais para ir ver lá fora, ve, LES CHATS NOIRS, primeiro álbum
o apoio, a coisa
mas mesmo com o ingresso a apenas da banda nacional e MARKUS MIDNI-
180,00 reais as pessoas não vão, recla- GHT, coldwave/post-punk canadense,
cresceria
mam do preço, e os produtores per- com um single e um álbum, este a nos-
dem dinheiro. sa maior aposta para 2017.
Alex nos Pecadores
e em algum Se houvesse o apoio, a coisa cresce- GS: Gostaria de deixar uma mensagem
como Apostle Niwt
momento
ria e em algum momento algumas de ou pensamento especial para nossos
suas bandas preferidas estariam aqui leitores?
algumas de
ao vivo na sua frente, é uma questão
ALEX TWIN/ ARQUIVO PESSOAL
suas bandas
tunidade de falar um pouco sobre meu
“Tudo se trabalho.
estariam aqui
vida a música alternativa, por amor ao
ao vivo”
que é pouco, e nem tão pouco pelo
Mas financeiramente foi um desastre,
pois infelizmente ainda não temos pú- palavra: reconhecimento, que é menor ainda.
Tudo se resume em uma única palavra:
A produção de shows internacionais
aqui no Brasil era difícil antigamente,
blico suficiente para grandes eventos
alternativos, e se tomarmos como mé- PAIXÃO.” PAIXÃO.
porém hoje é ainda mais, apesar da in- dia o público destes festivais que fize- Espero que algum dia tudo isso mude,
ternet, com mídia eletrônica acessível mos, o ingresso teria que ter sido mui- Outra coisa que marcou os eventos é a que tenhamos mais eventos, bandas,
a todos. to mais caro do que foi, para ao menos proximidade da banda com o público, selos independentes por aqui, mas no
O custo aumentou muito, principal- empatar o dinheiro investido. pois em shows na Europa você não tem momento isto é só um sonho distante.
mente passagens aéreas, além de hos- muito acesso à banda enquanto aqui
“música
pedagem, alimentação, sindicato dos É uma realidade triste que inviabilizou você tem uma coisa inédita: fala com
músicos, ecad, equipamento de som, o que seria uma forma de termos aqui o artista, recebe autógrafo, tira foto, e
também é um
aluguel do espaço do evento, cachê, uma estrutura do nível de fora e dar a isto vale muito mais do que ir ver um
vistos de trabalho, transporte interno, chance de as pessoas sentirem como show lá fora. Mas, enfim, as pessoas
trabalho como
ingressos, divulgação, entre outros. seria um show no exterior, já que os não entenderam a realidade e por isso
ALEX TWIN/ PECADORES/ FOTOS: RAUL SOUZA
custos de uma viagem internacional a coisa esfriou neste momento.
GS: Você foi responsável também
pelo WAVE SUMMER FESTIVAL, o
para ver os principais festivais da Eu-
ropa são bem altos. GS: O que vem por aí na Wave Records? qualquer outro
primeiro festival brasileiro seguin-
do padrões Europeus, que trouxe no Tentamos três diferentes maneiras de ALEX TWIN: Sempre fecho a progra- e necessita ser
remunerado.”
mesmo evento as bandas alemãs DAS ter o festival, mas as três não funcio- mação de lançamentos em dezembro
ICH, MERCIFUL NUNS e DER PRAE- naram comercialmente falando, e pa- do ano anterior. Para 2017, teremos
GER HANDGRIF além dos italianos ramos. Somente com algum patrocínio uma nova banda de New York chamada
do ATARAXIA, e ainda ótimas atra- poderia ser viável. WHAT TWO LEFT, entre o post-punk/ Deixo aqui um pedido: que as pesso-
ções nacionais em um local incrível... shoegaze um mix de Lebanon Hanover/ as tentem se informar sobre a “cena”
Falo com experiência, qualquer show de Joy Division e Pink Industry, INSTANT brasileira, apoiem as pessoas, que são
ALEX TWIN: Em 2015, resolvemos bandas alternativas gothic/industrial LAKE, primeiro álbum da banda ita- poucas, que tentam manter viva a cha-
fazer pela primeira vez um festival terá prejuízo em 95% dos casos, porque liana darkwave, OPERA MULTI STEEL, ma da boa música, ajudem as bandas
nos padrões Europeus, o resultado foi produzir um evento de forma correta e vinil Picture com oito dos principais comprando seus discos, ou até mesmo
maravilhoso do ponto de vista de or- legal tem um alto custo, porém aqui hits da banda regravados em versões mp3 digital, pois somente desta forma
ganização, shows, local, etc. Fizemos no Brasil os ingressos não podem ter 2017, novo single do WINTRY produ- elas continuaram a gravar e lançar.
dois festivais em 2015, Wave Summer um valor muito alto e não temos públi- zido por John Fryer (produtor do This
e Wave Winter, um em Cotia e outro co suficiente para cobrir estes custos. Mortal Coil, Cocteau Twins, Dead Can Afinal, música também é um trabalho
em São Paulo. Depois em 2016, Wave Além de tudo isso, o público não apoia: Dance, Xymox, 4AD, DM, NIN), TWI- como qualquer outro e necessita ser
Winter em São Paulo novamente. o evento deveria ser um presente para LIGHT RITUAL, um best of da banda remunerado.
O ROMANCE
GÓTICO
PARTE l : 1764 a 1800
A subcultura gótica se chama “gótica” por motivos claros.
Para um Inglês de cultura média das décadas de 1960
ou 1970 o adjetivo “gótico” (gothic) remetia a uma parte
conhecida da literatura ou a filmes por ela inspirados.
Assim, quando bandas e pessoas se O Castelo de Otranto (1764, de Horace
autodenominaram góticas na Inglater- Walpole), Vathek (de William Beck- Algumas
ra entre 1978 e 1984, se referiam a uma ford) e O Monge (de Lewis). características
estética artística definida e encontrável
em qualquer biblioteca. A eles se seguiram uma multidão de da literatura
cópias e versões mais aceitáveis social- gótica:
Infelizmente o ensino de literatura mente. Mas o básico do estilo estava
no Brasil ignora a literatura gótica na estabelecido. No começo do século se- - CARÁTER PROMETEICO:
maioria dos casos, ou a inclui como guinte Mary Shelley e Maturin nos dei- como no mito de Prometeu algum
tendência do Romantismo, esquecen- xariam obras como Frankenstein (1819) personagem tenda desafiar os deuses,
do toda fase inicial do estilo. e Melmoth (1821), além do trabalho de mesmo que seja para melhorar o mun-
Lord Byron, Polidori e outros, mistu- do, sendo depois eternamente punido
Isso se deve a dois motivos principais: rando elementos góticos ao Romantis- por isso. Por consequência, o mito de
o primeiro movimento literário forte mo. Esse é o período “tradicional” de Lúcifer acaba sendo assimilado a essa
no Brasil foi o Romantismo e começou formação da Literatura Gótica. ideia no século XVIII, especialmente
tardiamente, já recebendo os elemen- pela obra Paraíso Perdido de Milton.
tos góticos incorporados. Toda literatura que nos últimos 200 Não por acaso, Mary Shelley chama
anos foi influenciada pelas obras desta seu Frankenstein de “Moderno Prome-
O segundo motivo se relaciona com os fase segue as mesmas características teu”. Por isso tantos “anjos caídos” e
críticos literários daqui, que copiaram que definem o sentido da palavra “gó- “anjos negros” na estética gótica.
as visões negativas da crítica europeia tico”. O mesmo vale para o cinema no
sobre a literatura Gótica. Por seu gran- século XX. - O MAL INTERIOR:
de sucesso popular no final do século ao contrário do Romantismo tradicio-
XVIII, a crítica especializada da época
considerou o estilo de mau gosto.
Strawberry Hill nal, o conflito não é entre um herói
bom e um mundo mau que atrapalha a
A apropriedade e a mansão realização do bem e do amor. O con-
ILUSTRAÇÃO: CAU GOMEZ
O Romance Gótico teve o primeiro goticizadas de Horace Walpole são flito na estética Gótica é interno: o mal
auge de sucesso comercial no final do ponto turístico na Inglaterra até hoje. e a loucura ameaçam o protagonista
século XVIII (1701-1800), portanto an- Você pode fazer a “Otranto Tour”: a partir de dentro de si. Depois esse
tes da Era Vitoriana (1837-191). modelo vai ser chamado de herói Byro-
No século XIX, os primeiros roman- www.strawberryhillhouse.org.uk niano, mas já era o modelo de protago-
ces importantes dessa literatura são nista Gótico bem antes de Byron.
The Gothic
David Punter & Glennis Byron, 2004
Facebook:
/Gotikacessorioss/
Encyclopedia of Gothic Literature
Mary Ellen Snodgrass, 2005
A Moral da Máscara
Patrice Bollon, 1990
Preface a Vathek
Stephane Malarmé, 1876 Facebook: Gothic Station
Three Gothic Novels
ed. by & intro.: E. F. Bleiber, 1966
GOTHIC
STATION
ESTILO & CULTURA
N º 1 - Maio 2017
Entrevistas
exclusivas:
LACRIMOSA
XYMOX
Das PROJEKT
AleX TWIN
Station to Station: a evolução
dos estilos musicais que amamos!
Lançamentos 2016 - 2017 e muito mais...