Você está na página 1de 21

,

Boletim Técnico nQ 13

GEOLOGIA OA FAIXA COSTEIRA OE


CANAVIEIRAS E BELMONTE

Augu~to J. Ped~ei~4
COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DE
RECUPERAÇÃO ECONOMICO-RURAL DA
LAVOURA CACAUEIRA (CEPLAC).

Ministro da Fazenda
Antônio Delfim Netto, Presidente

Secretário Geral da CEPLAC


José Haroldo Castro Vieira

Superintendente Técnico
Paulo de Tarso Alvim

Supe rintendente Adminis trati vo


Roberto Midlej

Diretor do Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC)


Paulo de Tarso Alvim

Chefe da Divisão de Comunicação


Jorge O. A. Moreno

Publicação do CEPEC-CEPLAC
Caixa Postal 7, Itabuna, Bahia, Brasil
Junho de 1971. Tiragem: 4.500 exemplares
Impresso na DICOM pelo sistema offset.
,
CONTEODO

Generalidades 5
Situação e Aces so 5
Trabalhos Anteriores 6
Fisiografia 6
E stratigrafia e Litologia 7

Pré-Cambriano 7

Cretáceo (? ) 9
Terciário 9
Praias Antigas 12
Praias Recentes 12
Aluviões 12
Estruturas Sedimentares 12
Geologia Estrutural 13
Conclusões 13
Agradecimentos 14
Literatura Citada 14
Resumo 15
GEOLOGIA VA FAIXA COSTEIRA VE
CANA VI EI RAS E BELMONTE

Augusto J. Pedreira *

Generalidades ITleio de fo:oi nte rpretação, tendo


sido realizados alguns percursos
o levantamento geológico da no carnpo para a verificação dos
faixa costeira Canavieiras -Bel- dados.
monte faz parte do projeto para a
elaboração do mapa geológico do Os trabalhos de campo fo-
Sul da Bahia. ram feitos eITl março e maio de
1968, pelo autor e por E.E. Sam-
A área compreende as folhas paio, P. Souto e J. C. Bezerra,
de Mascote SE, Mascote NE, Ca- os dois últimos responsáveis pe-
navieiras e Belmonte. lo mapeamento da região próxi-
ma a Jacarandá, a noroeste da
Para o mapeamento f o r a rn ""
area.
usa das fotos aéreas na escalà
1 :25. 00 O tiradas p e 1 o Aer ofoto
Nati vidade, ern 1965, e rnosaicos Situação e Acesso
não controlados na mesrna es-
cala. A área está situada dentro
da região cacaueira e é limitada
Os dados lançados sobre os pelas coordenadas 38 0 52' e 39 0
mosaicos foram reduzidos para a 15' W e 15030' e 16°00' S, medin-
e s cala 1 :5 O. O00 e, finalrnente, por do aproximadamente 2.000 km 2 .
meio de máquina redutora Xerox,
para 1:100.000, escala dos rna- O acesso é feito pelas rodo-
pas que acornpanham este tra- vias BA-270 e BA-275 que ligam
balho. respectivamente Camacã a Ca-
navieiras e Itapebi a Belmonte.
Devido à dificuldade de aces- Existem ainda estradas secundá-
so a rnais da rnetade da á r e a, rias ligando Canavieiras a Poxinl.
parte do trabalho foi feita por do Sul e Santa Maria Eterna à

• Técnico do Setor de Geologia da Divisão de Solos do CEPEC.

5
BA-2 70, transitáveis apenas em A primeira unidade o c u p a
tempo seco. mais de 500/0 da área mapeada e
acompanha os rios Pardo e Je-
quitinhonha, principalmente este
Trabalhos Anteriores último, em uma faixa com largu-
ra de 7 km até ao Sul de Boca do
Leonardos (4) faz referên- Córrego.
cias sob r e as ocorrências de
monazita nas praias de Cana vi- Na planície costeira mere-
eiras. Carvalho e Garrido (2) cem referência especial os cor-
mapearam esta faixa costeira em dões de antigas praias, que se es-
1963, dando ênfase aos sedimen- tendem paralelamente à costa em
tos cretáceos. Existem relató- todo o limite E da área mapeada,
rios não publicados sobre outros ocorrendo em direção a oeste até
trabalhos, dos quais res ultaram a uma distância máxima de 18 km
a perfuração de um poço estrati- da linha de costa atual. Os linea-
gráfico na foz do rio Salsa (Salsa- mentos visíveis nas fotos aéreas
st-1-Ba), em 1967. são devidos à acumulação de
ág ua nas depressões entre os
Durante o período em que o cordões.
autor fazia verificações de cam-
po em Canavieiras, havia uma Dentro dos aluviões existem
e qui p e de reflexão sismica da g r a n d e s extens ões pantanosas
PETROBRÁS operando na zona. que aparecem nas fotos aéreas
Os resultados deste trabalho não com textura típica, de modo que
foram publicados. a sua delimitação não apresenta
dific uldade s .

FISIOGRAFIA A segunda unidade o c o r r e


nas partes norte, sul e oeste,
compreendendo os tabuleiros da
Na região mapeada pode- formação Barreiras. Tem o to-
se destacar apenas um tipo de po plano, vale s bem entalhados e
clima: Af da classificação de profundos, com encostas abrup-
Koppen (quente e úmido, sem es- tas. As altitudes estão entre as
tação seca). cotas de 50 e 100 m dentro da
área. O seu limite leste com a
A precipitação anual va r i a planície costeira é em forma de
entre 1.300 e 1.700 mm, estando escarpa retilínea, fato que é no-
os meses mais chuvosos entre tado partic ularmente a oeste da
março e agosto. rodovia BA-2 75.

T rês grandes unidades de Os metas sedimentos que a-


relevo podem ser separadas pe- floram no canto noroeste da área
las fotografias aéreas: a planí- consistem de colinas muito dis-
cie costeira e os aluviões, os ta- secadas que aparecem nas fotos
buleiros e a área dos metassedi- aéreas c om textura mais fina do
mentos. que as unidades precedentes.

6
Na planície quaternária a pois a sua ITlaior parte é coberta
drenageITl é de frequência baixa, por sedimentos terciários e qua-
sendo representada pelos baixos t e r n á r i os, bem diferenciados
cursos dos rios Pardo e Jequiti- mor fologicaITlente, o que facilita
nhonha. Aqui existeITl ITluitas á- sobremodo o trabalho de fotoin-
reas pantanosas COITl extensão de terpretação.
até 7 km.

Para verificação de campo
o rio JeqL!.itinhonha p o s s ui dos trabalhos de fotointerpreta-
curso mais estável, havendo, en- ção foram feitas seções ao longo
tretanto, dentro dos aluviõe s e das estradas, tendo sido por meio
áreas pantanosas, canais parale- delas e de urna viagem a Boca
los a seu curso principal e di- do Córrego estabele~ida a estra-
ques ITlarginais conforITle c i t a tigrafia da sé rie Barreiras local
Gouvêa (3). (Figura 2).

Nos tabuleiros a frequência A seção repre s entati va f o i


da drenageITl é ITlaior, sendo de levantada ao longo da BA- 2 7 O, de
padrão dendrítico. Os afluentes um ponto situado no topo da sé-
são n UITl e r o s o s e de p e que n o rie, 8 km ao norte do entronca-
c oITlpriITlento. Nesta zona os rios mento para Jacarandá até o con-
principais são OS braços Norte e tato B a r r e i r a s/Quaternário a
Sul do rio Salsa, que se unem ao cerca de 1 7 km a nordeste de Ca-
norte de Boca do Córrego, já ao navieiras.
pé da escarpa do Barreiras, de
o n d e ITleandraITl trans forITlados
em um único rio e deseITlbocaITl Ocorrem. na área unidades
no rio Pardo. Pode-se notar nos estratigráficas do Pré-Cambria-
rios um padrão de direção EW no, Terciário e Quaternário.
perpendicular à escarpa da Série
Barreiras.
As formações terciárias re-
pousam em discordância angular
Na pequena área coberta pe- sobre as rochas do Pré - CaITlbri-
las rochas metas sedimentares a ano. As di ve r s as unidade s são
frequencia da drenagem é alta, desc ritas a seguir o

não seguindo os rios um padrão


COITl direção definida, sendo a-
fluentes do rio Pardo ou desem- Pré-Cambriano
bocando na planície quaternária,
nas áreas pantanosas. O Eo-Paleozóico é reprc'-
sentado por unia das F i. )rnlaç.l)L'S
do Grupo rio Pardo, a Fornlaçàl)
ESTRATIGRAFIA E LITOLOGIA SalÔbro, que ocorre' no canto nn-
roeste da área, nos arrt'dort's da
A geologia da área é, de uma vila de Jaca randá. C ons is tL' dt..'
maneira geral, muito sim p 1 e s, metas s edilnentos Ún° rn~dns p~H'

7
A.J, Pedreiro - 1918

Aluviões arenosos e argilosos - pântanos e mangues.

- - . -
"' ::, ~,,,,- ."'I!,ií,~,
Cordões de praias antigas, com alguns níveis pouco
QUATERNAR IO
,
espessos de calcário.
Areias grosseiras angulosas, com camadas de seixos.

NIY"~~n~ ." DISCORDÂNCIA DE RAVINAMENTO -----+------"""'i


ferruginosos angulosos com matriz areno-argilosa.

Nivel conglomerático inconsolidado, com matriz caulinica.


Seixos arredondados com o tamanho máximo de la em ,
sendo os menores que 2 em, angulosos. No tôpo, predo-
minância de pequenos seixos arredondados ,

_.- - _.-
.- ~
- -- --
- :.._-
'- . . . --~~----~-
,"""'
~ °0 .-
(... ~o c ....... (_-.. · 0 0 ~ O co
' . ,_C'_ ~ C .., 0 0

Camada espessa de argila de cores vermelha, roxa cin-


zenta e amarela, com lentes de seixos bem arredonda-
dos de pouca espessura.
- 00 o -- -'.
o
o to 0 0 TERCIÁRIO
o ~oõc_9 0 _ _- -

l~~li~
Série
Arenito friável com matriz argilosa abundante de côr Barreiros
amarela, mal selecionado, grãos angulosos, seixos.
Estratificações cruzadas.

;~~~Oo~~~! Arenito friável com matriz argilosa abundante e


.. ? <.> '2,° 0 <:10. ,' lentes de seixos .

Arenito branco com matriz caulfnica e lemes de argi-


las de cores variadas.

Arenito friável com matriz argilosa amarela .

A
~~~~~~~-------------DISCORDANCIA ANGULAR

Arenito milonitizado com estratificações cruzadas CRETÁCEO


( ?)

Figura 2 Coluna Estratigráfica Geral de Canavieiras.

8
metas siltitos de cor cinza, com camadas e lentes de argila, are-
leitos arenosos, apresentando nitos inconsolidados e lentes de
estratificações cruzadas. seixos, pertencentes à Série Bar-
reiras. O topo desta Série pos-
o mergulho da estratificação sui urna camada de canga ferru-
original é para le ste, de cerca de ginosa formada por blocos angu-
20 0 , e apresenta localmente es- lares, cuja altitude está próxtma
tratificações convolutas. A fo- à cota de 100 m, parecendo ser
liação tem direção NW, com os um nível de aplanamento.
planos mergulhando para SW.
Na estrada que liga a BA-2 70
a Terra Firme, a espessura da
Cretáceo (?) Série aflorante é de 50 m. Em
direção a oeste, possivelmente,
Este período possivelmente vai se tornando menos espessa,
é representado na Fazenda Pe- pois, na altura de Nova Betânia,
dras, à margem do rio Pardo, na BA-270, ocorrem sedimentos
por um morro de quartzito bran- Barreiras s obre afloramento da.
co com matriz caulínica, apre- conglomerado Salóbro.
sentando urna certa lineação nos
grãos e estratificações cruzadas. A Figura 2 mostra cinco se-
É duvidosa a sua posição, devido ções da Série Barreiras onde fo-
à ausência de fósseis e por ser ram encontradas melhores expo-
circundado por sedimentos re- sições, com suas respectivas lo-
centes. Não é conhecida a sua calizações ao longo da BA-270 e
relação com as outras unidades adjacências. Devido à cobe rtura
existentes na área. No entanto, quaternária não foi pos sível se
o seu aspecto,sob o ponto de vis- obter uma seção completa da sé-
ta de textura e estrutura, é com- rie, mas as seções, principal-
pletamente di vers o das r o c h a s mente as de número IV e V desta
que ocorrem na região, sendo figura permitem urna boa idéia
também diferente dos quartzitos de sua estratigrafia local.
da Formação Santa Maria, que
ocorrem 3 O km a sudoeste deste A granulometria dos s edi-
local e que foram des critos por mentos varia entre os limites de
Pedreira (5). seixos e argilas. Dentro destes
limites as classes não estão se-
Como a Série Barreiras na paradas em camadas de finida.s,
á r e a mapeada é sotoposta por pois a maior parte das a r e i a s
sedimentos c retáce os, existe pos- consiste de arenitos conglome-
sibilidade de que este afloramen- ráticos inconsolidados e mui to
to seja daquela idade. mal selecionados.

Os conglomerados inconsoli-
Terciário dados da Série Barreiras são re-
presentados por lentes e cama-
É representado por arenitos das de seixos de quartzo bem ar-
conglomeráticos inconsolidados, redondados cujo tamanho va r i a

I
SITUAÇÃO DAS SEÇÕES

o @ @ @ o
10,0_

.. rtP
~
" ·e_.
- .. -, ._
-.o.
1,0.
II .. A.
1\ ' .. \
I \ • . , \ 1',0.

, '
1.0-
-. - -: - o - '\ , \ \
" \
:.: o o ~- ,
o - _ 5.0.
~ ó..- o' -::: - 0 -'
- ..
O -----:- - ~ _ o - 4,0.
OOQ - _ _
- ,-, 0 _

~ ..~.n
1,0.
\\ '" '\ \ ' ,
ootJoo~OOOo rl,O.
, '\, '
,
L..J "
~"\

\'
~ '\

,, \.
\

1,0.
, ,',"
0,0.
D Aluviões c==J Formação Salôbro
Tg'õ"'l Conglome- (;===$1 Argi la r:::?1 Areia
• Solo ~rado ~ Conglomerática
~ Praias antigas () Local de Seção
~Canga r''':::''~1 ~Areia Estratificação
c==J Série Barreiras ~ferruginosa .....;:: .. Areia t=...:.l argi losa cruzada

Figura 2 - Seções representativas da Série Barreiras em Canavieiras, Bahia.


geralmente entre 2 e 10 cm. A Recobrindo a Série Barrei-
sua presença é notada em toda a ras existe uma vasta camada de
seção e as espessuras das cama- areia, geralmente de pequena es-
das são muito variáveis, sendo pessura, a qual não ultrapassa 5
no topo da Série de cerca de 2 ITl. m, apresentando lentes de seixos
arredondados. Os grãos, mos-
Mais abaixo, existe uma ca- trando pouc o ar redondamellto e
mada que parece ter extensão a- esfericidade, a alguns centíme-
preciável, pois é notada nas se- tros abaixo da superfície, estão
ções 11 e 111 no limite da s~rie misturados com matéria orgâ-
Ba rreiras com. a planicie aluvial. nica.

Nestes pontos a sua espes- Na base desta camada existe


sura é superior a 5 m, e tudo in- um nível endurecido por c oncen-
dica tratar-se de uma c a m a d a tração de argilas e matéria or-
contínua. gânica, com espessura máxima de
5 m. Onde existem vales profun-
P r óxi m o à b a se, nas e ç ã o I V , dos os níveis inferiores da sé-
existe uma camada de 1,5 m de rie Barreiras afloram sob esta
espessura com lentes pequenas camada.
de seixos enl uma matriz areno-
argilosa. A posição e stratig ráfica de s-
tas areias dentro da Série Bar-
As areias, que predominam reiras ainda é duvidosa. Supõe-
na Série Barreiras, consistem de se que representem um nível su-
a r e n i tos com matriz argilosa, perior da Série, enquanto a exis-
arenitos de granulação fina bem tência de canga ferruginosa em
selecionados e arenitos conglo- nível inferior a estas argilas na
meráticos. Com exceção dos úl- se ção I pode indicar a exi stên-
timos, com grânulos de quartzo, cia de um nível de aplanamento,
a clas se predominante situa- se isto é, uma interrupção da depo-
entre os tamanhos de 1/2 e 1 mm, sição durante um tempo conside-
sendo, portanto, grosseiros. A rável. E s tu dos sedimentológi-
seleção geralmente é má e a ma- cos detalhados poderão esclare-
triz, quando existe, consiste de cer definitivamente a sua posi-
argilas vermelhas e amarelas, ou ção estratigráfica.
caulim, sendo, às vêzes, abun-
dante. No topo da Série, os are- As argilas, dentro da Série
nitos acham- se cimentados por Barreiras, ocorrem sob a for-
óxidos de ferro, formando uma ma de lentes intercaladas dentro
canga ferruginosa composta de dos arenitos ou de camadas com
blocos de arestas vivas que, pos- a espessura mínima de 2 m. são
si velmente, marcan1 uma supe r- de cores variadas, mais COlnu-
fície de aplanarnento. A e spe s- mente amarelas, roxas e v e rme-
sura dos níveis de arenitos varia lhas ou vermelhas manch;:tdas de
entre 2 e 5 mm nas seções medi- cinza. Em al g uns lugares apre-
das e o seu acamalnento é hori- sentam-se listradas e contêm
zontal. lente s de seixos bem arredonda-

11
dos e selecionados, sendo as di- correm paralelos à costa, for-
Inensões destas lentes inferiores mando restingas e, na sua maio-
a 15 m. ria, fazem parte do delta do rio
Pardo.
Os sedimentos quaternários
que ocorrem na área podem ser
divididos em três unidades que Aluviões
serão descritas a seguir:
Os aluviões que fazem parte
da plan(cie costeira cobrem con-
Praias Antigas siderável área mapeada, sendo
depositados pelos rios Pardo e
Estas são linhas de praias Jequitinhonha. São arenosos e
antigas das quais as mais recen- argilosos, predominando a fração
tes formam um ângulo cujo vér- argilosa mais próximo à costa.
tice está na cidade de Belmonte. Geralmente são areias gros sei-
Entre esta e Canavieiras têm di- ras que se depositam principal-
reção NNW-SSE, passando a NS mente na época das cheias e con-
de Canavieiras. Ao s uI de Bel- têm lâminas de mica em grande
monte a sua direção é NNE-SSW. quantidade, oriundas do embasa-
Avançando para oeste, afastam- mento cristalino que a f lo r a a
se da costa atual cerca de 18 km, oeste de Itapebi.
alcançam os arredores da Fazen-
da Pedras, no rio Pardo, sendo, Os aluviões argilosos sãode-
em muitos lugares, recobertas positados principalmente na zo-
pelos aluviõe s recente s, e se- na do delta do rio Pardo, nas
guem direção aproximada NE-SW, áreas pantanosas, onde se acha
formando um arco. uma grande quantidade de maté-
ria orgânica em decomposição.
As areias de stas praias são
quartzosas, de granulação gros-
sa e angulosa contendo fragmen- ESTRUTURAS SEDIMENTARES
tos de conchas e moluscos. A
sua espessura é, às vezes, supe- Na Formação SalÔbro que
rior a 15 m próximo à costa atual aflora a noroeste da área mapea-
e na perfuração de um "s h o t da existem e stratificações cru-
point" pela PETROBRÁS foi en- zadas preservadas nos metas sil-
contrada, acerca de 7 km a su- titos, compostos de lâminas fi-
doeste de Canavieiras, uma zona nas e onduladas, do tipo K refe-
de calcário de 8 m de espes sura rido por Allen (1). Não foram
a 24 m de profundidade. poss(veis medidas desta estrati-
ficação devido à falta de bons a-
floramentos e à sua ocorrência
Praias Recentes em blocos deslocados.

As praias recentes ocorrem Em alguns lugares também é


en1 uma estreita faixa separada encontrada laminação convulta,
da terra firme por rios que 0- de origem pene-contemporânea.

12
oc o r r e ITl, justamente nos sedi- GEOLOGIA ESTRUTURAL
ITlentos de granulação ITlais fina
desta ForITlação, os ITletassil- Devido ao fato de ser ITlais
titos. de 90 0/0 da área coberta por sedi-
mentos terciários e quaternários,
Na Série Barreiras existem não existem estruturas pre sen-
vários níveis de arenitos e are- tes, com exceção dos sistemas
nitos conglomeráticos, ambos in- de fraturas e de foliação na ~or­
consolidados, que apresentam es- mação SalÔbro.
tratificação cruzada.
As fraturas têm direção EvV"
As lâITlinas da estratificação NE-SWe NW-SE, sendo verticais
cruzada são delimitadas por ali- e sub-verticais, enquanto a folia-
nhaITlentos de grânulo s e as ca- ção telll direção NW, c OITl ITlergu-
madas são do tipo tabular eITl a- lhos para SW da ordenl de 50 0 , na
floramento, podendo ser, portan- vila de Jacarandá. Cabe citar o
to, atribuídas ao tipo M (1). As cizalhamento exi stente no arenito
camadas horizontais de topo e da Fazenda Pedras, atribuído ao
base são formadas de s e i x os. Cretáceo de direção NW-SE.
Nesta Série as medidas tornam-
se difícies, senão impos síveis, O mapa geolllorfológico da
devido às areias não serem con- região (3) mostra talllbélll a exis-
solidadas, sendo a maioria dos tência de rios que, ocorrendo so-
afloramentos artificiai s, r e s ul- bre os sedimentos Barreiras, são
tantes de cascalheiras onde se adaptados a fraturas, pos si vel-
r e t i r o u o material de revesti- mente do eITlbasaITlento de s ta
mento de rodovias. sé rie .

FinalITlente, o padrão li ne .
Os aluviõe s, principalmente
da escarpa da Série Barr e ir a.:: ,
do rio Jequitinhonha, apresentam
formando Ulll ângulo de abe rtura
estratificações cruzadas de for-
para leste e vértice na vila de
Inação recente, durante as cheias
Ouricana, sugere a existência de
do rio. 1\Tos barrancos p o de m
duas falhas lilllitando Ulll bloc o
ser vistas estas estratificações
baixo onde se depositaram os se-
que pos suem até mais de 1 m de
diITlentos cretáceos.
espessura, sendo, evidentemen-
te, formadas no canal fluvial.
CONCLUSOES
Estratificação do tipo gra-
dual ocorre principahnente nos Devido ao '..u d e a s in for-
níveis conglomeráticos da Série - d ' .''''' c OüL,Ci
lnaçoe s e Su b - :::. . p -, ,';:-' tll: , . - as
Barreiras, com granulação vari- pela PE TROBRJi. . S sere rn de ca-
ando entre grânulos e areia lné- ráter reservad u , a inte r pretação
dia, dentro de lnatriz caulínica. geológica con t id a neste trabalho
Isto pode ser notado em algumas se resume apenas aos dados de
exposições desta Série, predolni- superfície obtidos pelo autor, fi-
nantelnente no topo, na seção I cando as sim a lneSITla parcial-
(Figura 2). lnente prej udicada.

13

,
Tudo indica que esta região do rio Jequitinhonha, sendo os
sofreu subsidiência antes e du- cordões de praia indício do avan-
rante o período Terciário, quan- ço da linha de costa pelo acúmu-
do houve a deposição da Série lo de sedimentos do referido del-
Barreiras. As direções das li- ta, que supera a capacidade do
nhas de praia ITlostraITl que o de- oceano eITl ren1.ovê-los. Ou t r o
se·nho da costa sofreu diversas indício que reforça esta suposi-
ITlodificações durante o Quater- ção é o recúo da linha de costa
,. .
narlO. nas iITlediações de Canavieiras
siITlultaneaITlente ao a vanço ora
E s te s traçados podeITl ser eITl progres so em Belmonte. As-
reconstituídos através de data- siITl as linhas de praia poderiaITl
ção por Carbono 14 dos restos de ser atribuídas à inter seção das
moluscos encontrados nas areias caITladas da e stratificação c ruza-
que forITlaITl os cordões de praia, da IIforeset" COITl a superfície.
e a reconstituição paleocliITlática
pode ser feita pelo estudo da re- O e s t u do sedimentológico
lação is otópica 0 18 /0 16 em al- desta região, incluindo estudo dos
guns foraminíferos que possivel- ITlinerais pesados, traria grande
mente ocorrem como constituin- quantidade de novas inforITlaçõe s
tes dos sediITlentos cOITlponentes quanto à paleogeografia, ao pas-
dos cordões. so que o levantaITlento detalhado
dos sediITlentos Barreiras poderá
Pelo ITlapa geológico que a- esclarecer ITluitos fatos acerca
cOITlpanha este trabalho pode-se de sua origeITl e condições de de-
deduzir a existência de um delta posiçao.

AGRADECIMENTOS

O autor deseja agradecer aos geólogos P. Souto, J. C. Be-


zerra e E. E. Sampaio pela assistência durante os trabalhos de
campo, ao Prof. Bráulio M. Baptista, da I. G. U. F. Ba. , pelas crí-
ticas e sugestões feitas ao manuscrito, e, finalITlente, ao Setor de
Geologia da CEP LAC que patrocinou a preparação deste trabalho.

LITERATURA CITADA

1. ALLEN, J. R. L. The classific;'· tions of cross-stratified mets


wille notes of their origeL sediITlentology. 2(93). 1963.

2. CA.H VALHO, K. W . B. de c GARRIDO, J. L. P. ReconheciITlen-


to g(~ológico da bacia sedimentar do Sul da Bahia e E spí-
to Santo. Hclatório Interno da PETROBRÁS. 1966. (Da-
ti log rafado).

14
3. GOUVÊA, J. B. S. Contribuição à geoITlorfologia do Sul da Ba-
hia; Baixos cursos dos rios Pardo e Jequitinhonha. Ita-
buna, Brasil, Centro de Pesquisas do Cacau. COITlunica-
ção Técnica n9 35. 1969. 11 p.

4. LEONARDOS, O.H. Monazita do Estado da Bahia. Mineração


e Metalurgia (Brasil) 2(8):138-144. 1937. ,

5. PE DREIRA, A. J. Geologia da folha de Mascote SW. Centro de


Pesquisas do Cacau (Bahia-Brasil). BoletiITl Técnico n9
11. 1971.

RESUMO

UITla faixa de aproxiITladaITlente 2.000 kITl2, entre os paralelos


15 0 30' e 16° e os ITleridianos 38°52' e 39015' W, pertencente aos
ITlunicípios de Canavieiras, Belmonte e Mascote, foi ITlapeada uti-
lizando-se, eITl grande parte dos trabalhos, os recursos da foto-
interpretação, de excelente resposta para as peculiaridades da á-
rea, fazendo- se contudo muitos percursos de campo para as de vi-
das verificações.

Ocorrem na região sedimentos Quaternários e Terciários e


metassediITlentos pertencentes ao Pré-Cambriano Superior.

O Pré-Cambriano Superior é representado por ITletassiltitos


pertencentes à Formação SalÔbro, do Grupo Rio Pardo, que aflo-
ram numa pequena parte da área.

Grande parte da faixa é constituída por arenitos conglomerá-


ticos, arenitos, argilas lenticulares de cores diversas, perten-
centes à Série Barreiras, de idade terciária.

No Quaternário ocorrem areias quartzosas, forITlando cor-


dões de praias antigas as quais constituem a mais notável das fei-
ções morfológicas. Os expressivos aluviõe s dos rios Pardo e Je-
quitinhonha e as areias sobrepostas à Formação Barreiras tam-
bém foram atribuídas a esta idade •

•••

15
OUTRAS PUBLICAÇÕES DA CEPLAC

BoletiITl Técnico n<? 1 --- LevantaITlento Detalhado dos Solos do Cen-


tro de Pesquisas do Cacau. (Esgotado).

Boletim. Técnico n<? 2 --- Água Subterrânea do Centro de Pesquisas


do Cacau. (Esgotado).

BoletiITl Técnico n<? 3 -- - Contribuição ao MapeaITlento da Vegetação


da Região Cacaueira da Bahia (Área- Teste
de Castelo Novo Município de Ilhéus).

BoletiITl Técnico n<? 4 --- Pontos de Convergência da COITlercializa-


ção do Cacau eITl Grãos na Região Cacau-
eira do Sul da Bahia. (E sgotado).

BoletiITl Técnico n<? 5 --- Estudo do SisteITla Radicular do Cacaueiro


em Alguns Tipos de Solos da Região Ca-
caueira do Sul da Bahia. (Esgotado).

BoletiITl Técnico n<? 6 --- Nível Nutricional dos Solos da Região Ca-
caueira da Bahia. (Esgotado).

BoletiITl Técnico n<? 7 --- Respostas à Adubação em Algumas Unida-


des de Solos da Região Cacaueira da Bahia.

Boletim. Técnico n<? 8 --- Uso Atual das Terras da Região Cacaueira
do Estado da Bahia. Folhas Itabuna, Una,
Potiraguá, Mascote e Canavieiras.

Boletim Técnico n<? 9 Solos da Bacia Inferior do Rio Doce.

Boletim Técnico n<? 10 Recursos Minerais do Sul da Bahia.


(PriITleiros Resultados).

BoletiITl Técnico n<? 11 Geologia da Folha de Mascote Sudoeste.

Boletim Técnico n<? 12 Geologia da Folha de Mascote Noroeste.

Revista Cacau Atualidade s.

:~formes e Relatórios Técnicos da CEPLAC, CEPEC, DEPEXe EMARC.

Hcvsta TheobroITla.

16
o QUE ~ A CEPLAC

o Plano de Recuperação Econômico-Rural da Lavoura Cacall~ira


foi criado em 1957 a fim de melhorar as condições técnicas ~ econc;-
rnicas da cacauicultura. Cabe à Comissão Executiva do Plano de H~­
cuperação Econômico-Rural da Lavoura Cacaueira - CEPLAC,-
traçar as diretrizes em que se apoia a Secretaria Geral, instalada no
Rio de Janeiro, para coordenar a execução de todos os seuS trabalhos
nas regiões cacaueiras do país. Para isto dispõe de uma Superinten-
dência Regional instalada no Sul da Bahia (km 26 da rodovia Ilhéus-
Itabuna) .

A Superintendência Regional está composta, entre outros, pelo


Centro de Pesquisas do Cacau - CEPEC, Departamento de Extensão
- DEPEX, Depa~tamento de Crédito e Incentivos - DECRI, Escola
Média de Agricultura da Região Cacaueira - EMARC e a Divisão de
Comunicação - DICOM, destinados a executar as tarefas seguintes:

CEPEC Experimentação sÔbre o cacau nos campos biológico,


pedológico e s ócio- econômico e outras ati vidades in-
dispensáveis à diversificação da economia regional.
Além de uma área de 761 ha no município de Ilhéus,
dispõe de cinco estações experimentais próprias e á-
reas em convênio com o Ministério da Agricultura ou
com fazendeiros, espalhadas nas regiões cacaueiras
dos estados da Bahia, Espírito Santo, Pará e Ama-
zonas.

DEPEX - Execução das atividades destinadas a melhorar as


condições econômicas da cacauicultura. Dispõe de 30
escritórios locais, cobrindo tôda a área cacaueira do
...
pals.

DECRI Empréstimo dos recursos financeiros destinados pela


CEPLAC aos cacauicultores a fim de possibilitar-lhes
a execução das práticas indispensáveis ao melhora-
mento da la voura.

EMARC - ' Formação de mão-de-obra especializada (Técnicos e


Práticos Agrícolas).

DICOM - Produção de materiais audio- visuais, publicações de


nível técnico-científico e popular,tais corno a nova sé-
rie Boletim Técnico, a Revista Theobroma , a re-
vista Cacau Atualidades e o jornal rural O Cacaui-
cultor.

17
Os recursos financeiros da CEPLAC prov~m da retenção de urna
taxa de 150/0 das exportaçõe s de cacau em amêndoas. Boa parte dêle s
~ aplicado no melhoramento das condições de infra -estrutura regional
(abertura de estradas de penetração, eletrificação rural, saneamento
e educação).

A CEPLAC apoia ativamente os movimentos cooperativista e sin-


dicalista dos cacauicultores.

Entre as principais realizações da CEPLAC podemos citar:

1. Descobrimento de ferrugem do caf~ na região cacaueira.


2. Financiamentos no montante de Cr$78. 985.591 ,04 até maio
de 1971.

3. Revenda de materiais no valor de Cr$26.856.587, 13 até maio


de 1971.
4. Adubação de 71.447 ha de cacauais no ano de 1970 .

•••

18
COMIT~ EDITORIAL

Paulo de T. Alvim, Diretor do CEPEC


Fernando Vello, Chefe da Divisão de Genética
HermÍnio M. Rocha, Chefe da Divisão de Fitopatologia •
Antônio H. Mariano, Chefe da Divisão de Diversificação
Antonio J. Ventocilla, Assistente da Divisão de Entomologia
Percy Cabala R., Chefe do Setor de Fertilidade
Maria Helena Alencar, Técnico da Divisão de Economia
Luis Carlos Cruz, Comunicação, IICA-CEPLAC,
Coordenador do Comitê.

EDITOR PRINCIPAL
Luis Carlos Cruz

EDITOR ASSISTENTE
José Correia de Sales

COMPOSIÇÃO
Adernoel v. Câmara

MONTAGEM
Ney Seára Costa

FOTOLITO
João C. de Oliveira

IMPRESSÃO

Edelvito P. Lavinsky

Podem-se solicitar exemplares dêste Boletün Técnico, di-


rigindo-se a: Chefe da DICOM. CEPLAC. Caixa Postal 7.
Itabuna, Bahia, Bras il.

19
,

ERRATA

Página 7, segunda coluna, 14~ linha, onde se lê:


(Figura 2) - leia-se (Figura 1).
~
Pagina -
8, 'o nde se le: Figura 2 - leia -se Figura 1.

Você também pode gostar