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Boletim Técnico nQ 13
Augu~to J. Ped~ei~4
COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DE
RECUPERAÇÃO ECONOMICO-RURAL DA
LAVOURA CACAUEIRA (CEPLAC).
Ministro da Fazenda
Antônio Delfim Netto, Presidente
Superintendente Técnico
Paulo de Tarso Alvim
Publicação do CEPEC-CEPLAC
Caixa Postal 7, Itabuna, Bahia, Brasil
Junho de 1971. Tiragem: 4.500 exemplares
Impresso na DICOM pelo sistema offset.
,
CONTEODO
Generalidades 5
Situação e Aces so 5
Trabalhos Anteriores 6
Fisiografia 6
E stratigrafia e Litologia 7
Pré-Cambriano 7
Cretáceo (? ) 9
Terciário 9
Praias Antigas 12
Praias Recentes 12
Aluviões 12
Estruturas Sedimentares 12
Geologia Estrutural 13
Conclusões 13
Agradecimentos 14
Literatura Citada 14
Resumo 15
GEOLOGIA VA FAIXA COSTEIRA VE
CANA VI EI RAS E BELMONTE
Augusto J. Pedreira *
5
BA-2 70, transitáveis apenas em A primeira unidade o c u p a
tempo seco. mais de 500/0 da área mapeada e
acompanha os rios Pardo e Je-
quitinhonha, principalmente este
Trabalhos Anteriores último, em uma faixa com largu-
ra de 7 km até ao Sul de Boca do
Leonardos (4) faz referên- Córrego.
cias sob r e as ocorrências de
monazita nas praias de Cana vi- Na planície costeira mere-
eiras. Carvalho e Garrido (2) cem referência especial os cor-
mapearam esta faixa costeira em dões de antigas praias, que se es-
1963, dando ênfase aos sedimen- tendem paralelamente à costa em
tos cretáceos. Existem relató- todo o limite E da área mapeada,
rios não publicados sobre outros ocorrendo em direção a oeste até
trabalhos, dos quais res ultaram a uma distância máxima de 18 km
a perfuração de um poço estrati- da linha de costa atual. Os linea-
gráfico na foz do rio Salsa (Salsa- mentos visíveis nas fotos aéreas
st-1-Ba), em 1967. são devidos à acumulação de
ág ua nas depressões entre os
Durante o período em que o cordões.
autor fazia verificações de cam-
po em Canavieiras, havia uma Dentro dos aluviões existem
e qui p e de reflexão sismica da g r a n d e s extens ões pantanosas
PETROBRÁS operando na zona. que aparecem nas fotos aéreas
Os resultados deste trabalho não com textura típica, de modo que
foram publicados. a sua delimitação não apresenta
dific uldade s .
6
Na planície quaternária a pois a sua ITlaior parte é coberta
drenageITl é de frequência baixa, por sedimentos terciários e qua-
sendo representada pelos baixos t e r n á r i os, bem diferenciados
cursos dos rios Pardo e Jequiti- mor fologicaITlente, o que facilita
nhonha. Aqui existeITl ITluitas á- sobremodo o trabalho de fotoin-
reas pantanosas COITl extensão de terpretação.
até 7 km.
•
Para verificação de campo
o rio JeqL!.itinhonha p o s s ui dos trabalhos de fotointerpreta-
curso mais estável, havendo, en- ção foram feitas seções ao longo
tretanto, dentro dos aluviõe s e das estradas, tendo sido por meio
áreas pantanosas, canais parale- delas e de urna viagem a Boca
los a seu curso principal e di- do Córrego estabele~ida a estra-
ques ITlarginais conforITle c i t a tigrafia da sé rie Barreiras local
Gouvêa (3). (Figura 2).
7
A.J, Pedreiro - 1918
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Cordões de praias antigas, com alguns níveis pouco
QUATERNAR IO
,
espessos de calcário.
Areias grosseiras angulosas, com camadas de seixos.
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Série
Arenito friável com matriz argilosa abundante de côr Barreiros
amarela, mal selecionado, grãos angulosos, seixos.
Estratificações cruzadas.
A
~~~~~~~-------------DISCORDANCIA ANGULAR
8
metas siltitos de cor cinza, com camadas e lentes de argila, are-
leitos arenosos, apresentando nitos inconsolidados e lentes de
estratificações cruzadas. seixos, pertencentes à Série Bar-
reiras. O topo desta Série pos-
o mergulho da estratificação sui urna camada de canga ferru-
original é para le ste, de cerca de ginosa formada por blocos angu-
20 0 , e apresenta localmente es- lares, cuja altitude está próxtma
tratificações convolutas. A fo- à cota de 100 m, parecendo ser
liação tem direção NW, com os um nível de aplanamento.
planos mergulhando para SW.
Na estrada que liga a BA-2 70
a Terra Firme, a espessura da
Cretáceo (?) Série aflorante é de 50 m. Em
direção a oeste, possivelmente,
Este período possivelmente vai se tornando menos espessa,
é representado na Fazenda Pe- pois, na altura de Nova Betânia,
dras, à margem do rio Pardo, na BA-270, ocorrem sedimentos
por um morro de quartzito bran- Barreiras s obre afloramento da.
co com matriz caulínica, apre- conglomerado Salóbro.
sentando urna certa lineação nos
grãos e estratificações cruzadas. A Figura 2 mostra cinco se-
É duvidosa a sua posição, devido ções da Série Barreiras onde fo-
à ausência de fósseis e por ser ram encontradas melhores expo-
circundado por sedimentos re- sições, com suas respectivas lo-
centes. Não é conhecida a sua calizações ao longo da BA-270 e
relação com as outras unidades adjacências. Devido à cobe rtura
existentes na área. No entanto, quaternária não foi pos sível se
o seu aspecto,sob o ponto de vis- obter uma seção completa da sé-
ta de textura e estrutura, é com- rie, mas as seções, principal-
pletamente di vers o das r o c h a s mente as de número IV e V desta
que ocorrem na região, sendo figura permitem urna boa idéia
também diferente dos quartzitos de sua estratigrafia local.
da Formação Santa Maria, que
ocorrem 3 O km a sudoeste deste A granulometria dos s edi-
local e que foram des critos por mentos varia entre os limites de
Pedreira (5). seixos e argilas. Dentro destes
limites as classes não estão se-
Como a Série Barreiras na paradas em camadas de finida.s,
á r e a mapeada é sotoposta por pois a maior parte das a r e i a s
sedimentos c retáce os, existe pos- consiste de arenitos conglome-
sibilidade de que este afloramen- ráticos inconsolidados e mui to
to seja daquela idade. mal selecionados.
Os conglomerados inconsoli-
Terciário dados da Série Barreiras são re-
presentados por lentes e cama-
É representado por arenitos das de seixos de quartzo bem ar-
conglomeráticos inconsolidados, redondados cujo tamanho va r i a
I
SITUAÇÃO DAS SEÇÕES
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D Aluviões c==J Formação Salôbro
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• Solo ~rado ~ Conglomerática
~ Praias antigas () Local de Seção
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c==J Série Barreiras ~ferruginosa .....;:: .. Areia t=...:.l argi losa cruzada
11
dos e selecionados, sendo as di- correm paralelos à costa, for-
Inensões destas lentes inferiores mando restingas e, na sua maio-
a 15 m. ria, fazem parte do delta do rio
Pardo.
Os sedimentos quaternários
que ocorrem na área podem ser
divididos em três unidades que Aluviões
serão descritas a seguir:
Os aluviões que fazem parte
da plan(cie costeira cobrem con-
Praias Antigas siderável área mapeada, sendo
depositados pelos rios Pardo e
Estas são linhas de praias Jequitinhonha. São arenosos e
antigas das quais as mais recen- argilosos, predominando a fração
tes formam um ângulo cujo vér- argilosa mais próximo à costa.
tice está na cidade de Belmonte. Geralmente são areias gros sei-
Entre esta e Canavieiras têm di- ras que se depositam principal-
reção NNW-SSE, passando a NS mente na época das cheias e con-
de Canavieiras. Ao s uI de Bel- têm lâminas de mica em grande
monte a sua direção é NNE-SSW. quantidade, oriundas do embasa-
Avançando para oeste, afastam- mento cristalino que a f lo r a a
se da costa atual cerca de 18 km, oeste de Itapebi.
alcançam os arredores da Fazen-
da Pedras, no rio Pardo, sendo, Os aluviões argilosos sãode-
em muitos lugares, recobertas positados principalmente na zo-
pelos aluviõe s recente s, e se- na do delta do rio Pardo, nas
guem direção aproximada NE-SW, áreas pantanosas, onde se acha
formando um arco. uma grande quantidade de maté-
ria orgânica em decomposição.
As areias de stas praias são
quartzosas, de granulação gros-
sa e angulosa contendo fragmen- ESTRUTURAS SEDIMENTARES
tos de conchas e moluscos. A
sua espessura é, às vezes, supe- Na Formação SalÔbro que
rior a 15 m próximo à costa atual aflora a noroeste da área mapea-
e na perfuração de um "s h o t da existem e stratificações cru-
point" pela PETROBRÁS foi en- zadas preservadas nos metas sil-
contrada, acerca de 7 km a su- titos, compostos de lâminas fi-
doeste de Canavieiras, uma zona nas e onduladas, do tipo K refe-
de calcário de 8 m de espes sura rido por Allen (1). Não foram
a 24 m de profundidade. poss(veis medidas desta estrati-
ficação devido à falta de bons a-
floramentos e à sua ocorrência
Praias Recentes em blocos deslocados.
12
oc o r r e ITl, justamente nos sedi- GEOLOGIA ESTRUTURAL
ITlentos de granulação ITlais fina
desta ForITlação, os ITletassil- Devido ao fato de ser ITlais
titos. de 90 0/0 da área coberta por sedi-
mentos terciários e quaternários,
Na Série Barreiras existem não existem estruturas pre sen-
vários níveis de arenitos e are- tes, com exceção dos sistemas
nitos conglomeráticos, ambos in- de fraturas e de foliação na ~or
consolidados, que apresentam es- mação SalÔbro.
tratificação cruzada.
As fraturas têm direção EvV"
As lâITlinas da estratificação NE-SWe NW-SE, sendo verticais
cruzada são delimitadas por ali- e sub-verticais, enquanto a folia-
nhaITlentos de grânulo s e as ca- ção telll direção NW, c OITl ITlergu-
madas são do tipo tabular eITl a- lhos para SW da ordenl de 50 0 , na
floramento, podendo ser, portan- vila de Jacarandá. Cabe citar o
to, atribuídas ao tipo M (1). As cizalhamento exi stente no arenito
camadas horizontais de topo e da Fazenda Pedras, atribuído ao
base são formadas de s e i x os. Cretáceo de direção NW-SE.
Nesta Série as medidas tornam-
se difícies, senão impos síveis, O mapa geolllorfológico da
devido às areias não serem con- região (3) mostra talllbélll a exis-
solidadas, sendo a maioria dos tência de rios que, ocorrendo so-
afloramentos artificiai s, r e s ul- bre os sedimentos Barreiras, são
tantes de cascalheiras onde se adaptados a fraturas, pos si vel-
r e t i r o u o material de revesti- mente do eITlbasaITlento de s ta
mento de rodovias. sé rie .
FinalITlente, o padrão li ne .
Os aluviõe s, principalmente
da escarpa da Série Barr e ir a.:: ,
do rio Jequitinhonha, apresentam
formando Ulll ângulo de abe rtura
estratificações cruzadas de for-
para leste e vértice na vila de
Inação recente, durante as cheias
Ouricana, sugere a existência de
do rio. 1\Tos barrancos p o de m
duas falhas lilllitando Ulll bloc o
ser vistas estas estratificações
baixo onde se depositaram os se-
que pos suem até mais de 1 m de
diITlentos cretáceos.
espessura, sendo, evidentemen-
te, formadas no canal fluvial.
CONCLUSOES
Estratificação do tipo gra-
dual ocorre principahnente nos Devido ao '..u d e a s in for-
níveis conglomeráticos da Série - d ' .''''' c OüL,Ci
lnaçoe s e Su b - :::. . p -, ,';:-' tll: , . - as
Barreiras, com granulação vari- pela PE TROBRJi. . S sere rn de ca-
ando entre grânulos e areia lné- ráter reservad u , a inte r pretação
dia, dentro de lnatriz caulínica. geológica con t id a neste trabalho
Isto pode ser notado em algumas se resume apenas aos dados de
exposições desta Série, predolni- superfície obtidos pelo autor, fi-
nantelnente no topo, na seção I cando as sim a lneSITla parcial-
(Figura 2). lnente prej udicada.
13
,
Tudo indica que esta região do rio Jequitinhonha, sendo os
sofreu subsidiência antes e du- cordões de praia indício do avan-
rante o período Terciário, quan- ço da linha de costa pelo acúmu-
do houve a deposição da Série lo de sedimentos do referido del-
Barreiras. As direções das li- ta, que supera a capacidade do
nhas de praia ITlostraITl que o de- oceano eITl ren1.ovê-los. Ou t r o
se·nho da costa sofreu diversas indício que reforça esta suposi-
ITlodificações durante o Quater- ção é o recúo da linha de costa
,. .
narlO. nas iITlediações de Canavieiras
siITlultaneaITlente ao a vanço ora
E s te s traçados podeITl ser eITl progres so em Belmonte. As-
reconstituídos através de data- siITl as linhas de praia poderiaITl
ção por Carbono 14 dos restos de ser atribuídas à inter seção das
moluscos encontrados nas areias caITladas da e stratificação c ruza-
que forITlaITl os cordões de praia, da IIforeset" COITl a superfície.
e a reconstituição paleocliITlática
pode ser feita pelo estudo da re- O e s t u do sedimentológico
lação is otópica 0 18 /0 16 em al- desta região, incluindo estudo dos
guns foraminíferos que possivel- ITlinerais pesados, traria grande
mente ocorrem como constituin- quantidade de novas inforITlaçõe s
tes dos sediITlentos cOITlponentes quanto à paleogeografia, ao pas-
dos cordões. so que o levantaITlento detalhado
dos sediITlentos Barreiras poderá
Pelo ITlapa geológico que a- esclarecer ITluitos fatos acerca
cOITlpanha este trabalho pode-se de sua origeITl e condições de de-
deduzir a existência de um delta posiçao.
AGRADECIMENTOS
LITERATURA CITADA
14
3. GOUVÊA, J. B. S. Contribuição à geoITlorfologia do Sul da Ba-
hia; Baixos cursos dos rios Pardo e Jequitinhonha. Ita-
buna, Brasil, Centro de Pesquisas do Cacau. COITlunica-
ção Técnica n9 35. 1969. 11 p.
RESUMO
•••
15
OUTRAS PUBLICAÇÕES DA CEPLAC
BoletiITl Técnico n<? 6 --- Nível Nutricional dos Solos da Região Ca-
caueira da Bahia. (Esgotado).
Boletim. Técnico n<? 8 --- Uso Atual das Terras da Região Cacaueira
do Estado da Bahia. Folhas Itabuna, Una,
Potiraguá, Mascote e Canavieiras.
Hcvsta TheobroITla.
16
o QUE ~ A CEPLAC
17
Os recursos financeiros da CEPLAC prov~m da retenção de urna
taxa de 150/0 das exportaçõe s de cacau em amêndoas. Boa parte dêle s
~ aplicado no melhoramento das condições de infra -estrutura regional
(abertura de estradas de penetração, eletrificação rural, saneamento
e educação).
•••
18
COMIT~ EDITORIAL
EDITOR PRINCIPAL
Luis Carlos Cruz
EDITOR ASSISTENTE
José Correia de Sales
COMPOSIÇÃO
Adernoel v. Câmara
MONTAGEM
Ney Seára Costa
FOTOLITO
João C. de Oliveira
IMPRESSÃO
Edelvito P. Lavinsky
19
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ERRATA