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PROJETO CANTASTORIA

Oficinas e Concertos Temáticos


Propostos ao IFNMG
Dezembro de 2017

O BRASIL SOMOS NÓS


A importância identitária e pedagógica da cultura
(regional) ou histórias e canções de um Brasil sem
tempo, sem princípio nem fim
Proposta de realização de oficina e concerto musical temáticos apresentada à Pró-Reitoria
de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas
Gerais (IFNMG), para circulação nos campus de Almenara, Araçuaí, Arinos, Diamantina,
Janaúba, Januária, Montes Claros, Pirapora, Porteirinha, Salinas e Teófilo Otoni.

Att. Professora Doutora Maria Araci Magalhães


M.D. Pró-Reitora de Extensão

e-mail: proex@ifnmg.edu.br

Tel.: (38) 3201-3008


1
Em cada lugar, em cada
canto desse país tem
alguém que não se deixa
derrotar, fazendo alguma
coisa consciente,
criando um Brasil digno,
um Brasil que prospera,
que trabalha, que cria
soluções honradas. E é
no dia-a-dia da nossa
vida que a gente faz esse
outro Brasil.
- Rolando Boldrin em:
“Brasileiro. O Brasil somos
nós” (1989).

Apresentação

Esta proposição está dividida duas ações. A primeira, é a realização de uma


oficina que pretende abordar a história social do violão no Brasil — expressão
poético-musical por excelência dos país — e destacar as nossas heranças culturais
ibéricas, cujos elementos do medievo ainda estão assentados nos sertões; como a
gesta dos tropeiros, a linguagem móvel dos ciganos e a ideia do movimento da
migração, bem próprio dos tempos das retiradas.

E há-de se realizar, em seguida, um concerto temático em homenagem aos 80 anos


do compositor Elomar Figueira Mello; aquele que, segundo o poeta Vinicius de
Moraes, seria “um príncipe da caatinga”, uma vez que suas canções guardam os
jeitos de ser e de viver das gentes dos sertões, seus falares e sonoridades que
ainda mantém influências ibérico-medievais.

Portanto, se o historiador José Murilo de Carvalho dissera que o violão é o timbre


musical do Brasil; é possível afirmar que as cantigas, incelenças, toadas e trovas de
no violão de Elomar tecem um sertão poético e ancestral (o qual Jerusa Pires
Ferreira, professora de pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP,
chamou de cultura recriada).


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A Oficina

Inicialmente, parte-se de considerações de Darcy Ribeiro (1972) para quem a


cultura é a herança social de uma comunidade humana, representada pelo acervo
co-participado de modos padronizados de adaptação à natureza para o provimento
da subsistência, de normas e instituições reguladoras das reações sociais e de
corpos de saber, de valores e de crenças com que explicam sua experiência,
exprimem sua criatividade artística e se motivam para ação.

Deste modo, o objetivo preliminar desta oficina é destacar importância da


cultura no processos de constituição identitária e, claro, de ensino-aprendizagem.
E, considerando que os PCN’s tomam por “imperativo do trabalho educativo” o
reconhecer e valorizar a diversidade cultural do país, incluíndo tal imperativo como
elemento de superação das discriminações e caminho “na direção de uma
sociedade mais plenamente democrática”, pretende-se também ressaltar o papel
da escola como espaço sócio-cultural e instrucional responsável pela transmissão
do conhecimento e pela cultura.

Assim, de acordo com as finalidades da educação superior, postas na Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional (art. 43, I), é importante destacar que
cabe ao nível superior fomentar “a criação cultural e o desenvolvimento do espírito
científico e do pensamento reflexivo”. Ressalte-se ainda que a aprovação da Lei
11.769/2008, que versa sobre a obrigatoriedade de conteúdos musicais no
currículo da Educação Básica, trouxe uma relevante oportunidade de discussão
das relações entre música e educação no Brasil.

Portanto, ao basearem-se nas discussões a respeito do currículo e das disciplinas


escolares, a inserção da música na escola está diretamente ligada às questões
políticas, sociais e culturais que permeiam desde os processos de seleção,
organização e prática dos saberes escolares até as disputas no que diz respeito à
identidade cultural.

E esta inserção musical ainda proporciona uma multiplicidade de valores e


conhecimentos para os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem,
ampliando as diversas possibilidades de participação social e cultural e
consequentemente outras percepções de mundo.

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Finalmente, como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte
de Minas Gerais (IFNMG) oferece Ensino Médio, Técnico e Superior, a ideia é
demonstrar o trânsito entre diversos segmentos de cultura sem hierarquizá-
los (tal como o Instituto não estabelece gradações entre os cursos ofertados).

Ressalte-se que articular e organizar os saberes, estabelecer o vínculos entre a


totalidade e as partes, são preocupações dos IFs como rede social; uma vez que
essas instituições têm como missão formar profissionais capazes de desenvolver
um trabalho reflexivo e criativo. Por esta razão, os IFs primam pela construção de
uma rede de saberes que entrelaça cultura, trabalho, ciência e tecnologia em favor
da sociedade.

Finalmente, o objetivo precípuo desta oficina é, em última análise, abordar a


importância identitária e pedagógica da cultura sem soberania nem distinção,
apenas com amor e com paixão pelas histórias, cantos e causos do Brasil
Brasileiro. E, neste sentido, há-de buscar e congregar diferentes interesses em
aprendizagem musical e cultural de alunos do Ensino Médio, da Graduação,
professores e servidores, e quiçá proporcionar a constituição de identidades
heterogêneas que dialogam com as diversidades formadoras da sociedade.


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O Concerto

Trata-se de uma celebração aos 80 anos do


compositor Elomar Figueira Mello. E tal como
a obra de Elomar, este concerto canta histórias
de um Brasil dentro do próprio Brasil, distante
do litoral e das capitais; Brasil que obsedou
Euclides da Cunha, mas deu rumo e ritmo à
obra de João Guimarães Rosa, João Cabral de
Melo Neto e Ariano Suassuna.

Eis o sertão profundo que se reconhece no


canto e no violão de Elomar. Todavia, se em
Elomar “a palavra reencontra sua verdadeira vocação, a de dizer”, como assevera o
historiador Ernani Maurílio da Rocha Figueiredo; pensamos, contudo, que esta
inclinação é de uma agudeza singular porquanto a palavra em Elomar torna-se
cantante e apaixonada, uma fantasia poética e também uma travessia e um
desterro daqueles que miserandam “batidos dos sois bravios [e] fugidos à
desolação e à miséria... ritirano a abadonano as pátra do sertão” — donde “a chuva
é visitante e sol, morador”.

Logo, a narrativa e o repertório deste concerto está centrada no sertão


profundo que se reconhece no canto e no violão de Elomar; cujas melodias
plangentes surgem muita vez como cantos de retirância e de labuta mas cujo
objetivo maior é prestar-se à louvação ao “piedoso o manso o justo o fiel e
cumpassivo/ Siô de mortos e vivos nosso pai e nosso Deus” .

Por isto mesmo, de todos os atributos de Elomar talvez o mais pertinente mesmo
seja o de menestrel, do latim tardio: ministerialis e que significa músico, “cantador
de trovas e martelo, de gabinete, ligeira e moirão”; cantor “intregui nas Guarda de
Deus”, afinal “sem Ele a idea é pensa pro cantá/ e pru tocá é mensá mão”. E, de
fato, as canções de Elomar buscam escapar às vicissitudes da história, enquanto
sejam elas oferecidas à glória de Deus, em forma de uma bela e sábia mistura do
romanceiro medieval e do cancioneiro do Nordeste que tanto Elomar sabe fazer —
como dissera certa vez o poeta Vinicius de Moraes.


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O Projeto Cantastoria
João Omar : Petrônio Joabe : Elton Becker

Cantastoria (às vezes, canta storia) é uma palavra de origem italiana para
descrever uma antiga perfomance de récita ou cantoria de história, ou seja, trata-se
de uma narração cantada acompanhada normalmente de imagens em pergaminho
ou, contemporaneamente, de cartazes pintados.

Na Europa medieval, era comum incluir-se música instrumental, fantoches,


adereços, folhetos e mesmo bordados. Na Itália do século XVI, havia a figura do
cantambanco (plural cantambanchi), contador de histórias e cantador de baladas; já
na Espanha eram chamados de retablo de las maravillas.

Entretanto, para nós, o Projeto Cantastoria reúne música, poesia, literatura,


historia, memória e oralidade. Por isto, ao longo dos anos e da amizade,
arregimentamos esforços e alma para esse empreendimento que envolve a
realização de concertos temáticos, em geral, identificados com a narrativa de
excertos de alguma obra.

Assim pensando, é que desde 2003 já apresentamos as nossas cantorias de


histórias (ou estórias) em várias capitais brasileiras, a exemplo de São Paulo,
no Centro Cultural São Paulo; no Rio de Janeiro, na Biblioteca Nacional; em Belo
Horizonte, no museu Abílio Barreto; e, claro, em Salvador, na sala de concerto do
SESC-Pelourinho.

Ao longo de 15 anos, os nossos concertos também já foram vistos em vários


eventos acadêmicos das principais universidades e faculdades do Estado da
Bahia, onde já circulamos em cerca de 40 cidades.

Nestes percorreres, também fizemos inúmeros serões sempre envolvendo tradição


oral, livros e autores como “Os sertões”, de Euclides da Cunha e “As confissões”,
de Santo Agostinho. Além de trabalharmos diversos sonetos e poemas de Ariano
Suassuna, João Cabral de Mello Neto, Guimarães Rosa e Camillo de Jesus Lima.

Finalmente, acreditamos que tocar e cantar histórias não é somente um projeto,


antes é um objetivo nosso de vida, conforme a pressão do sentimento e da
sensação de viver, pois acreditamos que todas as artes vicejam a maior arte todas
elas: a arte de viver.


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Percorres

João Omar
Graduado em Composição e Regência pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)
e Mestre em Regência Orquestral pela mesma instituição, João Omar desenvolve
atividades como compositor, arranjador e instrumentista.

Atua também na regência e na direção musical, além de desenvolver composição


de trilhas sonoras para vídeos e espetáculos teatrais. Recebeu o “Prêmio Sharp”
como Melhor Arranjador, ano Jackson do Pandeiro. Tem como instrumentos
principais o violão e o violoncelo. Lançou seu primeiro disco de violão solo, “Corda
Bamba”, em 2007, e seu novo trabalho, “Ao Sertano”, reúne 13 peças para violão
solo do compositor Elomar Figueira Mello.

Petrônio Joabe
Professor de violão há quase duas décadas em Vitória da Conquista, formado em
Psicologia pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) e ainda desenvolve
atividades como compositor e instrumentista.

Já atuou como músico do Coro da Universidade Estadual do Sudoeste e como


professor de violão em Lagoa Real. Uma marca-símbolo de Joabe é a interpretação
da obra de Elomar Figueira Mello, algo tão sensível que já lhe valeu apresentações
ao lado de Xangai, Saulo Laranjeira, Francisco Aafa e Daniella Lassalvia.
Atualmente, Joabe é professor de violão clássico do programa Renova Energia,
coordenado pelo Instituto Anísio Teixeira na cidade de Caetité, BA.

Elton Becker
Licenciado em História pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB),
mestre em Letras: Cultura, Educação e Linguagens e doutor em Memória:
Linguagem e Sociedade, pela mesma instituição.

Elton sempre se interessou por música — em casa, seus tios-avós confeccionavam


os próprios instrumentos — mas os primeiros traços começaram em 1997, no
Grupo Littera. Mais tarde, ao lado do amigo Joabe, dedicou-se a um trabalho que
envolvia o teatro, a música e a literatura inspirado na tragédia “Hamlet”, de
Shakespeare. Do encontro de ambos, Elton e Joabe, com João Omar surgiu um
empreendimento que aliava música e literatura e que os anima desde 2003.


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Valores

Atenção: Professora Doutora Maria Araci Magalhães

Proposta de apresentação
Grupo Cantastoria (João Omar, Petrônio Joab e Elton Becker)
Av. Rosa Cruz, 17 - Centro
Vitória da Conquista-BA. CEP 45.028-045
Data: 14/12/17

Título do Projeto: O Brasil somos nós

Termos: Esta proposta refere-se à realização de oficinas e concertos musicais


temáticos em circulação nos campus de Almenara, Araçuaí, Arinos, Diamantina,
Janaúba, Januária, Montes Claros, Pirapora, Porteirinha, Salinas e Teófilo Otoni do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais
(IFNMG); em um total de 11 oficinas e 11 concertos. Lembramos que as
despesas de deslocamento, hospedagem e alimentação não estão inclusas.

Descrição Valor Unitário


Valor x11
Por Instituto

Cachê da Oficina R$1.200,00 R$13.200,00

Cachê do Concerto R$3.500,00 R$38.500,00

Total Parcial R$4.700,00 R$51.700,00

Desconto (-10%) R$470,00 R$5.170,00

Total com Desconto R$4.230,00 R$46.530,00

Temos disponibilidade para o período de 25 de fevereiro a 25 março de 2018.

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