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Jongo da Serrinha

1. BENDITO chora eu, chora eu Vovó.


(DARCY MONTEIRO) Fumaça dele na Madureira,
PONTO DE ABERTURA e chora eu.
Bendito louvado seja, O vapor berrou piuí, piuí.
é o rosário de Maria. Ô irê, irê, irê,
Bendito louvado seja, ô irê, irê, irê .
é o rosário de Maria. (Vovó Teresa conta nesse jongo a sua ida de trem de Paraíba
Bendito pra Santo Antônio, do Sul para o subúrbio de Madureira. Vendo a fumaça do
bendito pra São João, trem de ferro“Maria-Fumaça” lembrava das chaminés dos
senhora Santana, saravá meu “zirimão”. navios do Rio Paraíba)
Saravá angoma-puíta, saravá meu candongueiro,
abre caxambu, saravá jongueiro. 6. GUIOMAR
Bendito louvado seja meu “zirimão”, (DARCY MONTEIRO E TIÃO ZAROPE)
agora mesmo que eu cheguei foi pra saravá. Ô Guiomar, ô Guiomar
Bendito louvado seja Senhora Santana, o jongo não é de “ buia” Guiomar,
agora mesmo que eu cheguei foi pra saravá. segura a toada pra durar.
O nosso jongo tem harmonia,
2. PISEI NA PEDRA na Balaiada em casa de Vó Maria,
(DARCY MONTEIRO) o caxambu toca até o raiar do dia,
PONTO DE LOUVAÇÃO eu danço jongo umbigando com Sá Maria.
Pisei na pedra, a pedra balanceou, Na beira do poço, onde mora Guiomar,
levanta meu povo cativeiro se acabou. mamãe sereia mora no fundo do mar,
segura nosso jongo Guiomar,
3. BOI PRETO não deixa o nosso jongo se afundar.
(DARCY MONTEIRO) Segura angoma olha a toada,
PONTO DE VISARIA bate “paó” rapaziada.
Qué mamá, qué mamá Eu improviso o jongo meu camarada,
boi preto, o bezerro qué mamá meu caxambu toca até de madrugada.
Boi preto deixa a vaca passeá Buia = briga
a vaca tá mugindo e o bezerro qué mamá. Paó = palma
Oiá “buru” com cavalo, na cocheira “gungunando”
“buru” fala baixo, cavalo fala gritando. 7. CAXAMBU DE SÁ MARIA
Lambari tá pelejando, pra subir na cachoeira, (DARCY MONTEIRO)
tá dizendo pro boi preto que inda tem vaca “sortera”. JONGO-CANÇÃO
Ô lelê galo cantou, lá no fundo do quintal, Vamos falar de Sá Maria,
a galinha chocou pinto, no meio do capinzal. vamos falar com singeleza, sim
bezerro qué mamá = jongueiro quer beber Sá Maria na beira do fogão,
cantava caxambu relembrando o seu torrão,
mas ela chorava pra voltar
4.EU CHOREI
estava sentindo saudades do seu lugar.
(MANUEL BAM-BAM-BAM)
PONTO DE VISARIA
Recordava do candongueiro
batido com maestria por Pai João,
Eu chorei, eu chorava,
a só... que nesse tempo era moço
era minha mãe que me acalentava.
e o som vibrava, em seu coração,
Bem pequenininho, mamãe me embalava,
com o negro João tirando som do candongueiro,
por isso que eu chorei, por isso que eu chorava.
dentro do terreiro,
Ia para a rua, na rua eu brigava,
com a sua simpatia, fazendo vibrar
era minha mãe que me consolava.
o coração de Sá Maria.
Meu pai me batia, ai, como apanhava
(Darcy fez esse jongo falando sobre a sua mãe e seu pai
era minha mãe quem desapartava.
Pedro, chamado na letra de “Pai João” )
E a professora quando me reprovava,
era minha mãe quem me incentivava.
8. AI MORENA
5. VAPOR DA PARAÍBA (VOVÓ MARIA JOANA)
(VOVÓ TERESA)
PONTO DE VISARIA
Vapor berrou na Paraíba,
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Jongo da Serrinha
Ai morena, jogado no monturo.
tenho muito o que fazer Canoa de arariba,
tenho roupa pra lavar, ô morena remo de araribá,
e botão para colher, a canoa de jongueiro,
vou embarcar na diligência das onze horas, tem boca e sabe falá.
trem de ferro inda não veio, chegou agora. 13. CAXINGUELÊ
(VOVÓ MARIA JOANA)
9. TREZE DE MAIO Ah! Eu fui no mato...
(DJANIRA DO JONGO) eu fui cortar cipó..
PONTO DE LOUVAÇÃO Ah! Eu vi um bicho...
esse bicho era caxinguelê
No dia 13 de maio, Eu panhei o côco,
cativeiro acabou, caxinguelê tá me olhando.
e os escravos gritavam Eu levei o côco,
liberdade senhor. caxinguelê tá me olhando,
Eu parti o côco,
10. FINCA TENDA (SEU VITO) caxinguelê tá me olhando.
(DARCY MONTEIRO) Eu comi o côco,
Eu vou falar pro Seu Vito pra fincá tenda aí, caxinguelê tá me olhando.
ai ai, finca tenda aí. Fiz pudim de côco,
Tenda pra caxambu finca tenda aí, caxinguelê tá me olhando.
ai ai, finca tenda aí. Bolo de côco,
Eu vou falar pro presidente, caxinguelê tá me olhando.
pra dar um jongo e convidar a toda gente, 14. COITADO DO ZÉ MARIA
Vovó Teresa, ficou contente, Coitado do Zé Maria,
Fuleiro oriçando os bigodes alegremente. naquela mata fechada,
As rezadeiras da Balaiada, mataram o pobre do homem, senhora dona,
uma fazenda vão recordar, “deixaro” a besta amarrada.
do caxambu e do candongueiro, Dizem que o dinheiro vale,
no 13 de maio no terreiro a zoar, falei? Dinheiro não tem valia,
Falou jongueiro. Se o dinheiro valesse,
Zé Maria não morria.
11. É DE LORENA Zé Maria tinha porco,
(LAZIR SINVAL) e também tinha boiada,
“ Ô iaiá, quer jongar, jongo com eu ? mataram o pobre do homem, Sá moreninha,
Ô iaiá, jongueiro bom é de Lorena.” boi ficou na invernada.
É de Lorena, minha avó falou, (Jongo cantado na Serrinha e na Fazenda São José da Serra,
sou dumba forte, com a minha dor, em Valença)
jongueiro de Lorena canta alto e vem louvar, 15. EU NUM É DOUTÔ
(PEDRO MONTEIRO)
“matoco” pra ser forte tem que “curiar”, a aê,
tem que “curiar”. Eu num é doutô,
Dumba = mulher jovem eu num é “fermêro”.
Matoco = homem Como vai tomá conta de butica na Piedade?
Curiar = comer Eu num sabe lê,
eu num sabe “crevê”.
Como vai tomá conta de butica na Piedade?
12. JONGUEIRO BOM
butica = farmácia
(DARCY MONTEIRO)
PONTO DE DEMANDA
Jongueiro bom é de Lorena, 16. DESAFORO
(VOVÓ MARIA JOANA)
Matou galinha temperô na querozena.
PONTO DE DEMANDA
Compadre eu era ossada,
hoje eu sou osso puro, Desaforo de camundongo pegou vara e foi carriá,
estou atirado fora, ninho tá na paineira, quero ver quem vai tirar.
Ai papai, ai mamãe,
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Jongo da Serrinha
ninho tá na paineira quero ver quem vai tirar. Maria sunga a saia,
chuva evém pra te molhá.
Sungar = levantar
17. CARNERO TÁ NA SERRA 21. EU TENHO PENA
(VOVÓ MARIA JOANA) (DARCY MONTEIRO)
PONTO DE DEMANDA
Carnero tá na serra,
queria descer irmão, queria descer... Eu tenho pena,
Ai, ai, ai, eu tenho dó,
queria descer irmão, queria descer... de ver Maria de saia sem paletó.
Eu estou falando, A Maria foi ao jongo
queria descer irmão, queria descer... de saia de mirinó,
Burro de cangalha, seu cordão arrebentou
queria descer irmão, queria descer... sua saia foi ao pó.
Você diz que sabe, sabe,
18. MAMÃE FOI PRO JONGO você diz que sabe lê,
(EVA EMELY) então pega na cartilha
PONTO DE DESPEDIDA
e me ensina o ABC.
Mamãe foi pro jongo,
papai ficou na ladeira.
22. SARACURA
Mamãe foi pro jongo, (PEDRO MONTEIRO E DARCY MONTEIRO)
papai ficou na ladeira. JONGO-ENREDO
De chapéu na mão, Quando a noite descia,
papai ficou na ladeira. ao som da Ave-Maria,
Fumando o cigarro, um som de tambor se ouvia.
papai ficou na ladeira. Dentro de uma senzala,
Choveu relampeou, em um caminho pra Minas,
papai ficou na ladeira. vozes de jongueiros se ouviam.
Neném tá chorando, Na Fazenda da Bem Posta, em pleno Estado do Rio,
papai ficou na ladeira. um jongueiro sentindo falta do caxambu,
Neném qué mamá, tocava o candongueiro, após o angú.
papai ficou na ladeira. Cantarolava a saracura,
levou o lenço da moça
19. PAPAI SUBIU O MORRO DE SÃO JOSÉ que ficou chorando,
(LAZIR SINVAL) que pecado que ela leva quando morrer.
PONTO DE VISARIA Sabiá cantou na laranjeira,
Sá Rolinha tá de luto de sentimento,
Papai subiu o Morro de São José, Sinhá dona “pereguntô”: “Quê que tá chorando?”
chuva fina, tava garoando. Que pecado que ela leva quando morrer?
Ô ire, o Morro de São José Ora dança o caxambú.
chuva fina, tava garoando. Eu quero ver quem dança comigo, eu quero ver !
Papai já tinha que pagar promessa pra São José,
tava garoando. 23. BANA CUM LENÇO
Subia o morro o sapato apertava seu pé, (VOVÓ MARIA JOANA)
chuva fina, tava garoando ô rirê. PONTO DE VISARIA
Bana cum lenço, bana cum lenço.
20. MARIA SUNGA A SAIA Bana cum lenço, bana cum lenço,
(DARCY MONTEIRO) navio já foi embora, criola, bana cum lenço.
PONTO DE VISARIA
24. VOU CAMINHAR
Maria sunga a saia, (REC. POR JAIR DO JONGO EM PINHEIRAL - RJ)
chuva évem pra te molhá. PONTO DE DESPEDIDA
Ela custô lavá,
chuva evém pra te molhá. Vou caminhar que o mundo gira,

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Jongo da Serrinha
vou caminhar que o mundo gira, (VOVÓ MARIA JOANA)
gira meu povo. PONTO DE DESPEDIDA
A benção, benção de Deus,
a benção mamãe, benção de Deus.
25. BENÇÃO DE DEUS A benção, benção de Deus,
a benção papai, benção de Deus.

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