Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FESTAS DO ROSÁRIO:
Em Passos existem Reis Perpétuos (dão comida aos ternos de congado), um Rei da
Festa (mandato de 4 anos) e Rainhas de Promessa (até umas vinte por cada terno).
Os grupos eram rurais. Vinham das fazendas para a cidade trazendo num carro-de-
bois o material (farda, instrumentos). Em Passos houve 22 ternos. Hoje fincam
quatro mastros na Capela do Rosário do Bairro Casarão, dedicados a Nossa Senhora
do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia e São Domingos.
Inf.: Manoel Teodoro do Nascimento, 1912, em 23/07/1997.
Congos: 5
- do Pascoal Amparado (no Santa Luzia)
- do Tijolinho (no São Benedito)
- do Maiête (no São Francisco)
- do Antônio da Cidoca (no São Francisco)
- do Jerônimo dos Santos (na Santa Casa)
Marinheiro: 2
- do Chicão (na Penha)
- do ... ? (no Santa Luzia)
Inf.: Jerônimo dos Santos, 69 anos. Morava na Rua Dr. Sepúlvida, no Bairro Santa Casa.
Obs.: as guarda de Marinheiros existem além de Passos em outros locais daquela região,
tais como Itaú de Minas, São Sebastião do Paraíso, Fortaleza de Minas e Arraial Novo.
MOÇAMBIQUE:
Suas caixas são todas artesanais, havendo grandes e pequenas, feitas de madeira de
tambori e bataia, cobertas de couro, ajustado em aro de unha de gato ou de
jacarandazinho.
Pai Joaquim, cadê Pai Mané? Pai Mané! O pilão de Moçambique - bis
Foi no mato panhá guiné... Ôê, ôê,
Diga a ele que quando vier, BIS Sol vai a lua vem,- bis
Que suba a escada não bate com o pé!. Para de noite alumiar.
Minha Rainha onde vai uma hora dessa? Êêê mata o boi!
Minha rainha vai cumprir promessa! Sangue tá taiado,
Tira ou couro,
Minha Rainha já chegou no céu (“igreja”) Mosca tá danado...
Ôôô nas horas de Deus!
(Moçambique Liso:)
Bate asa e avôa se Deus quiser!
Ô minha coroa Que tiver no seu ninho,
Sempre me guiou Faça ele avuá,
Linha de Deus S’inda não morrer
Sempre me guiou! Vou perder meu lugar,
Bate asa ...
Saí na rua, galo cantou,
Nas horas de Deus Ôôô, o lenço da preta velha
Sempre me guiou. Está estendido lá no chão,
O sinhô batia nela,
Ôôô, galo cantou era madrugada, A sinhá que sentia dor...
O galo cantou, sereno da noite Ôlêlê-rêrê, a sinhá que sentia dor!
É que me molhou...
Inf.: Henrique Américo Marques de Oliveira, 1903, Passos. Este canto não é de
moçambique. Foi absorvido. Refere-se a um baile de roça, no salão de uma fazenda.
Obs.: o capitão de congado Luís Santana em São João del-Rei conhecia uma versão e o
ouvi cantar no seu catupé, pelos idos de 1994: “Pisa, pisa, / pisa devagar! / Senão a terra
afunda, / o mundo pode acabar...” Dizia que era um canto muito antigo, de “preto velho”,
dos tempos do cativeiro.
Êi! Êi! Ôi, fica com Deus
Eu agora vou embora E Nossa Senhora!
Vocês fica aí com Deus... Ôi, fica com Deus
Eu vou com nossa Senhora! E Nossa Senhora!
Obs.: “minha mãe” = Nossa Senhora; “candjó” = igreja; “matitá” = comer (chamada para o
almoço)
Inf.: capitão de Congo “Antônio da Cidoca” (Antônio Cândido de Sousa, 1922), Passos,
jul./1997.
CONGOS:
Eu vou pedir
Eu vou ganhar
Minha oferta
Foto de autor e data não identificados, gentilmente cedida pelo informante Jerônimo dos
Santos, que aparece ao centro da foto, com o bastão de comando de sua guarda de congo
“fandango”.
Senhora rainha
É hora, é hora!
Acompanha congado
De Nossa Senhora!
Obs.: canto para ajuntar rainhas, Passos / MG.
Inf.: Sebastião Jeremias, 1926, natural de Carmo do Rio Claro.
A bandeira do Rosário
Chegou na porta e parou; BIS
Está pedindo uma esmola BIS
Que Jesus Cristo mandou!
Marcha:
Quando eu era soldado do exército
Me tiraram da cavalaria,
Mas quando eu morrer
Me enterra na terra fria ...
MARINHEIROS
Eu sou marinheiro
Moro na beira do mar BIS
O navio está navegando BIS
Minha barca quer travessá!
FOLIAS DE REIS
Inf.: Manoel Teodoro do Nascimento, que aparece tocando viola caipira, meia-regra,
artesanal, na foto acima, do autor, em 23/07/1997.
O palhaço se chama Matias e seu bastão enfeitado de fitas, marufo ou maruca. Sua
dança é a repicada.
Um fazendeiro disse que só receberia a folia se ela passasse pelo curral onde tinha
um boi bravo. Se conseguissem passar ilesos pelo touro, acreditaria no poder dos
Santos Reis. Então cantaram para o bicho no curral e ele ajoelhou. O homem
acreditou e então os recebeu.
Obs.: ouvi uma versão quase idêntica a essa narrativa do touro no povoado do Fé, em São
João del-Rei, do folião Mário Calçavara, em 1996.
Inf.: Denilson Donizete Marques (palhaço de folia) e José Benedito Marques (2º
Embaixador)
Forma de argila, usada para moldar em papel-machê máscaras de palhaços de folias de
Reis. Passos/MG. Foto do autor, jul.1997.
Existe naquela região folia que põe entre os participantes personagens figurando os
três Reis.
Capitão = Mestre
Requinta = “Retinta”
Ritual de prender os Palhaços na dispensa, feito pelos donos da casa: o que eles
pegarem é deles. Depois o Mestre canta pedindo paras soltá-los.
Entrega: três arcos de bambu – cada arco significa uma coisa. No arco central usa-se
colocar dois cartuchos com guloseimas e ofertas no alto – significado simbólico:
enquanto ficam entretendo as pessoas na tarefa de retirá-los, a Sagrada Família foge
para o Egito para salvar o Menino Jesus.
Diante de cada o arco a folia para e o Mestre tem de cantar pedindo para os
Palhaços pularem adiante. Então a folia pode passar.
Versos cantados pela folia de meu informante quando encontra uma imagem de
Nossa Senhora Aparecida. Foi inspirada em um livrinho de rezas. Versos criados
pelo informante:
Máscara artesanal de palhaço de folia de Reis, em modelo típico do sudoeste mineiro,
moldada sobre forma de argila (que aparece em fotografia neste trabalho), em papel-
machê, pintado. Vista frontal e lateral. Foto e acervo do autor. Passos, jul.1997.
Inf.: sr. Benedito Lourenço dos Reis (conhecido por “Dito Tendeiro”), 25 e 31/07/1997,
Centro, Passos / MG.
COMPANHIA DE PASTORES
Existe também em Carmo do Rio Claro e na Barra Doce (Guaxupé). Este último é
feminino (só tem pastoras) mas feito no mesmo molde embora que com canto em
uníssono e não escalonado como os masculinos.
A companhia tem treze foliões. Usa dois instrumentos: acordeon e violão, mas há as
que usam bandolim e violino (atual substituto da antiga rabeca).
O responsável pela cantoria é chamado “Simeão”. Usa as duas cores (rosa e verde).
Vem na dianteira, entre as duas filas, cantando em primeira voz a que os outros
respondem em voz escalonada, à semelhança das Folias de Reis. Seu cajado é mais
curto (1 metro).
Como uma folia, se alguém colocar um rosa na manjedoura, tem que fazer um verso
para se referir ao fato.
Tem canto para agradecer pouso, esmola, café e por ter guardados os instrumentos
naquela casa.
Inf.:
Sebastião Alves Pereira, 57 anos, Bairro COHAB 1, Passos
Vicente Freire Bueno, 51 anos, Bairro Exposição, Passos
Fotos: de autores e datas não informadas. Gentilmente cedidas pelos informantes.
BENZEÇÕES
(opções para a reticência: cimioto, espinhela caída, ar das vistas, quebrante (o), vento
virado, lombriga assustada, sapinho, nervo torto, carne ofendida, osso rendido, veia
magoada)
Cobreiro bravo,
O que corto?
Corto a cabeça e o rabo.
De quem corto?
De ... (fulano)
Pelo poder do Espírito Santo e Virgem Maria.
Coloca a criança no colo de bruço (decúbito ventral), passa sal em cruz na junta da perna
esquerda e no braço direito, puxando a mão da criança até a perna, formando uma cruz, 3
vezes.
Depois junta os pezinhos dá um tapa em forma de uma cruz.
Depois vira a criança de cabeça para baixo e dá 3 três sacalão, como se fosse deixar a
criança cair para que ela assuste.
Depois sopra na área do estômago.
Oração forte
(Faz uma cruz na testa)
Benzo meu corpo com o leite das virgens,
(Faz cruz na boca)
sacramento do altar,
sangue de Jesus Cristo me livra do inimigo pagão e do inimigo batizado,
do mais pequeno até o maioral
(Faz cruz no peito)
Obs: por vezes canta “Ah! Ah! Ah!” ou “Ah! Ah! Ai”
2)
Ôh! Laranjeira ramaiô! Ô-ai! Tô querendo andar de novo
Ôh! Ôh-ôh! Ôh-ôh... BIS Ôh! Ôh-ôh! Ôh-ôh... BIS
Tira o ramo do caminho, ai! Tenho medo dos espinho, ai!
Inf.: Feliciano Batista da Silva, 28/07/1997. Rua Boiadeiros, Bairro Penha, Passos.
1) Papagaio de cor de ouro – bis – oi ... Vancê me mandou cantar – bis – oi ...
Quem te ensinou a cantar, ai, ai! Achando que eu não sabia, ai, ai!
Foi Maria, foi Isolina, - bis – oi ... Eu tenho jornal em casa – bis – oi ...
Sabiá de beira mar, ai, ai! Canto verso todo dia, ai, ai!
Obs.: a resposta é escalonada (“ô laranjeira!” / “êêê, ôôô,” etc.), com cinco vozes: primeira,
segunda (cacete), contrato, requinta e contra-requinta.
Inf.: Manoel Teodoro do Nascimento, 1912, Passos, 23/07/1997.
INFORMAÇÕES DIVERSAS
Obs.: frase em dialeto africano, falada de maneira a que apenas quem o conhece entenda o
aviso – “Tá conversando demais! Toma cuidado senão você apanha!”
Inf.: Jerônimo dos Santos.
***
PASSARELLI, Ulisses. Contradanças. Revista da Comissão Mineira de Folclore, n.23, ag.2002. Belo
Horizonte. 183p. p.15-22.
Achegas ao Estudo das Pastorinhas
Mastros Votivos
Encomendação das Almas: um rito em louvor aos mortos