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Procurador do Trabalho
Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm
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Professor Henrique Correia
Procurador do Trabalho
Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm
O art. 193, caput e § 4º, da CLT, dispõe que o trabalho em motocicleta dá ensejo ao
pagamento de adicional de periculosidade. O dispositivo foi regulamentado pela
Portaria nº 1.565/2014, que inseriu tal atividade no Anexo 5 da NR16. Na hipótese, o
Tribunal Regional, mantendo a sentença, indeferiu o pedido do adicional de
periculosidade, mesmo consignando que o Autor utilizava a motocicleta para o
desenvolvimento do seu trabalho. Desse modo, proferiu decisão em dissonância com o
art. 193, caput e § 4º, da CLT. É preciso ressaltar que o preceito normativo da Lei nº
12.997/2014, publicada em 20.06.14, é autoaplicável, produzindo efeitos desde
20.06.2014, data da sua publicação, uma vez que todos os elementos para a sua
tipicidade e validade são autoevidentes. A regulação pelo Ministério do Trabalho,
inserindo a atividade na NR-16, ostenta efeitos meramente administrativos, não
prejudicando o direito trabalhista (adicional de periculosidade) criado pela lei
especificada. Assim sendo, a decisão agravada foi proferida em estrita observância às
normas processuais (arts. 557, § 1º-A, do CPC/1973 e 932, V, “a”, do CPC/2015), razão
pela qual é insuscetível de reforma ou reconsideração. Agravo desprovido.” (TST-RR-
24195-53.2017.5.24.0004, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em
2/9/2020.) (Informativo nº 224)
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Comentários:
1. Atividades perigosas
O pagamento dos adicionais de periculosidade e insalubridade tem previsão
constitucional. De acordo com art. 7º, XXIII, da CF/88:
Art. 7º, XXIII, CF/88: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social: adicional de remuneração para as
atividades penosas1, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
1 . Embora exista previsão expressa do adicional de penosidade na Constituição Federal, não há lei ordinária que o
regulamente, inexistindo a base de cálculo e demais previsões necessárias para que seja exigido. Neste momento,
prevalece o entendimento de que não há possibilidade do pagamento do adicional de penosidade.
2 . Súmula nº 39 do TST. “Os empregados que operam em bomba de gasolina têm direito ao adicional de periculosidade.”
3 . Orientação Jurisprudencial nº 347 da SDI-I do TST. “É devido o adicional de periculosidade aos empregados cabistas,
instaladores e reparadores de linhas e aparelhos de empresas de telefonia, desde que, no exercício de suas funções,
fiquem expostos a condições de risco equivalente ao do trabalho exercido em contato com sistema elétrico de potência.”
4 . Há previsão na Orientação Jurisprudencial nº 345 da SDI-I do TST, que considera atividade de risco aquela exercida em
áreas submetidas a radiações ionizantes ou a substâncias radioativas.
5 . Orientação Jurisprudencial nº 385 da SDI-I do TST: “É devido o pagamento do adicional de periculosidade ao
empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele
onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal,
considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical.”
Professor Henrique Correia
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ATIVIDADES PERIGOSAS
Atividades perigosas previstas na CLT (art. 193 e 200):
> Inflamáveis;
> Explosivos;
> Energia elétrica;
> Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de
segurança pessoal ou patrimonial;
> Atividades de trabalhador em motocicleta;
> Radiações ionizantes ou substâncias radioativas (Art. 200, CLT e OJ nº 345 da
SDI-I do TST).
2. Necessidade de perícia
A atividade perigosa é comprovada mediante perícia (art. 195 da CLT). Assim sendo,
a prova técnica é, em regra, um dos requisitos para o recebimento do adicional, pois nem
o juiz nem os procuradores do trabalho e advogados têm condições de atestar, com
certeza, se o ambiente coloca ou não em risco a integridade física do trabalhador.
Entretanto, quando o adicional de periculosidade já vem sendo pago pelo empregador,
torna-se incontroverso que o trabalho é realizado em condições perigosas. Dessa forma,
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Esse adicional integra as demais verbas trabalhistas. Assim sendo, o valor recebido
em razão desse adicional irá integrar as parcelas demonstradas a seguir. Ressalta-se que
o adicional de periculosidade não reflete no DSR.
6 . Súmula nº 453 do TST. O pagamento de adicional de periculosidade efetuado por mera liberalidade da empresa, ainda
que de forma proporcional ao tempo de exposição ao risco ou em percentual inferior ao máximo legalmente previsto,
dispensa a realização da prova técnica exigida pelo art. 195 da CLT, pois torna incontroversa a existência do trabalho em
condições perigosas.
7 . Destaca-se também que há posicionamento que sustenta a dispensa para duas outras hipóteses: na ocorrência de fato
notório ou decorrente de imposição legal.
8
Para mais informações, confira o RR nº 2882-54.2014.5.02.0036 de Relatoria do Ministro Agra
Belmonte.
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Direito do Trabalho. Coleção Concursos
Públicos. 6ª edição 2020. Lançamento em
novembro de 2020. Editora Juspodivm