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Professor Henrique Correia

Procurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm

Professor Henrique Correia


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INFORMATIVO Nº 224 DO TST

(Adicional de periculosidade para atividade em motocicleta)

“AGRAVO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI


13.015/2014 E ANTERIOR À LEI 13.467/2017. ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE. USO DE MOTOCICLETA. LEI Nº 12.997/2014,
REGULAMENTADA PELA PORTARIA 1.565/2014 DO MT. ANEXO 5 DA NR
16.

O art. 193, caput e § 4º, da CLT, dispõe que o trabalho em motocicleta dá ensejo ao
pagamento de adicional de periculosidade. O dispositivo foi regulamentado pela
Portaria nº 1.565/2014, que inseriu tal atividade no Anexo 5 da NR16. Na hipótese, o
Tribunal Regional, mantendo a sentença, indeferiu o pedido do adicional de
periculosidade, mesmo consignando que o Autor utilizava a motocicleta para o
desenvolvimento do seu trabalho. Desse modo, proferiu decisão em dissonância com o
art. 193, caput e § 4º, da CLT. É preciso ressaltar que o preceito normativo da Lei nº
12.997/2014, publicada em 20.06.14, é autoaplicável, produzindo efeitos desde
20.06.2014, data da sua publicação, uma vez que todos os elementos para a sua
tipicidade e validade são autoevidentes. A regulação pelo Ministério do Trabalho,
inserindo a atividade na NR-16, ostenta efeitos meramente administrativos, não
prejudicando o direito trabalhista (adicional de periculosidade) criado pela lei
especificada. Assim sendo, a decisão agravada foi proferida em estrita observância às
normas processuais (arts. 557, § 1º-A, do CPC/1973 e 932, V, “a”, do CPC/2015), razão
pela qual é insuscetível de reforma ou reconsideração. Agravo desprovido.” (TST-RR-
24195-53.2017.5.24.0004, 3ª Turma, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em
2/9/2020.) (Informativo nº 224)

Professor Henrique Correia


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Comentários:

1. Atividades perigosas
O pagamento dos adicionais de periculosidade e insalubridade tem previsão
constitucional. De acordo com art. 7º, XXIII, da CF/88:
Art. 7º, XXIII, CF/88: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social: adicional de remuneração para as
atividades penosas1, insalubres ou perigosas, na forma da lei.

As atividades perigosas ocorrem quando se verifica a presença de risco acentuado na


atividade desenvolvida pelo empregado. Assim, de acordo com a CLT, a atividade
perigosa é aquela em que há contato permanente com explosivos, inflamáveis ou energia
elétrica em condições de risco acentuado. A CLT foi alterada duas vezes para incluir,
como atividades perigosas, aquelas desenvolvidas por trabalhador em motocicleta
(“motoboy”) e também os trabalhadores sujeitos a roubos e violência física, como ocorre
com os vigilantes e os seguranças.
De acordo com o Informativo em análise, o art. 193, § 4º, da CLT que previu o direito
ao adicional de periculosidade ao trabalhar em motocicleta é autoaplicável e, portanto,
independe da edição de normas posteriores, que tem efeitos somente na esfera
administrativa.
A atividade perigosa é comprovada mediante perícia (art. 195 da CLT). Exemplos de
atividades perigosas: empregados em contato com energia elétrica, operadores de bomba
de gasolina2, instaladores de linhas e aparelhos de telefonia3, exposição a substância
radioativa4 e armazenamento de líquido inflamável no prédio5. O adicional de
periculosidade é de 30% sobre o salário-base, ou seja, o cálculo não leva em conta outros
acréscimos. De acordo com o art. 193 da CLT:
Art. 193 da CLT. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da
regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de
exposição permanente do trabalhador a:
I – inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;

1 . Embora exista previsão expressa do adicional de penosidade na Constituição Federal, não há lei ordinária que o
regulamente, inexistindo a base de cálculo e demais previsões necessárias para que seja exigido. Neste momento,
prevalece o entendimento de que não há possibilidade do pagamento do adicional de penosidade.
2 . Súmula nº 39 do TST. “Os empregados que operam em bomba de gasolina têm direito ao adicional de periculosidade.”
3 . Orientação Jurisprudencial nº 347 da SDI-I do TST. “É devido o adicional de periculosidade aos empregados cabistas,
instaladores e reparadores de linhas e aparelhos de empresas de telefonia, desde que, no exercício de suas funções,
fiquem expostos a condições de risco equivalente ao do trabalho exercido em contato com sistema elétrico de potência.”
4 . Há previsão na Orientação Jurisprudencial nº 345 da SDI-I do TST, que considera atividade de risco aquela exercida em
áreas submetidas a radiações ionizantes ou a substâncias radioativas.
5 . Orientação Jurisprudencial nº 385 da SDI-I do TST: “É devido o pagamento do adicional de periculosidade ao
empregado que desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto daquele
onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal,
considerando-se como área de risco toda a área interna da construção vertical.”
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II – roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de


segurança pessoal ou patrimonial.
§ 1º. O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional
de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de
gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.
§ 2º. O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe
seja devido.
§ 3º. Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza
eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo.
§ 4º. São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta.

Em decisão recente ao julgar incidente de recurso de revista repetitivo (Tema nº 10),


o TST estabeleceu que não é devido o adicional de periculosidade a trabalhador que, sem
operar o equipamento móvel de Raios X, permaneça, habitual, intermitente ou
eventualmente, nas áreas de seu uso.
É imprescindível a memorização das atividades perigosas previstas na legislação e na
jurisprudência do TST. Nesse sentido, segue quadro de memorização acerca do assunto:

ATIVIDADES PERIGOSAS
Atividades perigosas previstas na CLT (art. 193 e 200):
> Inflamáveis;
> Explosivos;
> Energia elétrica;
> Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de
segurança pessoal ou patrimonial;
> Atividades de trabalhador em motocicleta;
> Radiações ionizantes ou substâncias radioativas (Art. 200, CLT e OJ nº 345 da
SDI-I do TST).

2. Necessidade de perícia
A atividade perigosa é comprovada mediante perícia (art. 195 da CLT). Assim sendo,
a prova técnica é, em regra, um dos requisitos para o recebimento do adicional, pois nem
o juiz nem os procuradores do trabalho e advogados têm condições de atestar, com
certeza, se o ambiente coloca ou não em risco a integridade física do trabalhador.
Entretanto, quando o adicional de periculosidade já vem sendo pago pelo empregador,
torna-se incontroverso que o trabalho é realizado em condições perigosas. Dessa forma,

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dispensa-se a produção de perícia6.


Além dessa hipótese, dispensa-se a perícia quando não for possível sua realização
diante do fechamento da empresa, hipótese em que o julgador poderá utilizar outros meios
de prova7. Esse entendimento pode ser utilizado para o recebimento do adicional tanto de
periculosidade quanto de insalubridade:
Orientação Jurisprudencial nº 278 da SDI-I do TST. A realização
da perícia é obrigatória para verificação de insalubridade. Quando não
for possível sua realização como em caso de fechamento da empresa,
poderá o julgador utilizar-se de outros meios de prova.

Por fim, a prova pericial é dispensada na concessão do adicional de periculosidade


quando há fato notório que ateste a exposição à atividade perigosa e quando a lei
expressamente autoriza. É o caso dos “motoboys” e dos vigilantes e seguranças
patrimoniais e pessoais, que terão o direito ao adicional pelo simples exercício da
profissão, independentemente da realização de perícia. Esse foi o entendimento da 3ª
Turma do TST8, que estabeleceu a desnecessidade de perícia no reconhecimento do
direito ao adicional de periculosidade de vigilante patrimonial.

Esse adicional integra as demais verbas trabalhistas. Assim sendo, o valor recebido
em razão desse adicional irá integrar as parcelas demonstradas a seguir. Ressalta-se que
o adicional de periculosidade não reflete no DSR.

6 . Súmula nº 453 do TST. O pagamento de adicional de periculosidade efetuado por mera liberalidade da empresa, ainda
que de forma proporcional ao tempo de exposição ao risco ou em percentual inferior ao máximo legalmente previsto,
dispensa a realização da prova técnica exigida pelo art. 195 da CLT, pois torna incontroversa a existência do trabalho em
condições perigosas.
7 . Destaca-se também que há posicionamento que sustenta a dispensa para duas outras hipóteses: na ocorrência de fato
notório ou decorrente de imposição legal.
8
Para mais informações, confira o RR nº 2882-54.2014.5.02.0036 de Relatoria do Ministro Agra
Belmonte.
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Direito do Trabalho. Coleção Concursos
Públicos. 6ª edição 2020. Lançamento em
novembro de 2020. Editora Juspodivm

O material foi retirado do livro Direito do


Trabalho da Coleção Concursos Públicos – 5ª
edição/2019 da Editora JusPodivm. O livro está
totalmente atualizado com as últimas novidades
legislativas e jurisprudenciais acerca do Direito
do Trabalho.

Ademais, preparei um site com conteúdo especial


para aquelas e aqueles que estudam e trabalham
na área trabalhista. O site é alimentado
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jurisprudenciais e muito mais. Confira em:
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