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Resumo sobre Marxismo

Para Marx, o capitalismo representava uma força histórica que se generalizaria em todo o mundo, tornando-se o modo de produção
dominante. As tendências à estagnação, à concentração do capital e à queda da taxa de lucro conduziriam o capitalismo ao declínio
como sistema econômico global, segundo as ideias dele.
A concepção da história como um processo governado por contradições e antagonismos associados à forma de organização da
produção material dos bens necessários à reprodução das sociedades humanas nos convida a olhar para as relações humanas como
produto de sua própria ação, e não como resultado de forças da natureza que não podemos controlar. O sistema de Estados como
uma forma particular de organizar comunidades políticas com base na ideia de nação e no princípio da territorialidade, e não como
uma manifestação de laços culturais baseados em traços naturais comuns como a raça ou a etnia. Ele coloca os homens e mulheres
no centro da história como sujeitos, e não como objetos passivos de forças sobrenaturais ou da natureza.

 A função primordial do Estado, portanto, seria a de assegurar a estabilidade da ordem capitalista, ou seja, garantir que os
trabalhadores continuassem vendendo sua força de trabalho no mercado e comportando-se como cidadãos respeitadores da
lei.

Alienação: Marx acreditava que a emancipação dos seres humanos só poderia ser alcançada se desmascarássemos a natureza
artificial das estruturas que limitavam nossa liberdade. O tratamento de certas leis, como as que regulam o mercado de trabalho,
como oriundas da vontade divina, da tradição, da natureza humana etc. representava uma alienação da sociedade com relação à
influência determinante do capital nas relações sociais. Tratar o Estado como uma estrutura de poder que representa toda a
sociedade, estando acima das classes e protegendo a nação dos perigos externos, seria ignorar seu papel central de manter uma
ordem jurídica e política que assegure a continuidade do processo de acumulação capitalista. Nas relações internacionais, por
exemplo, a tendência a considerarmos o sistema anárquico um dado da natureza estimula a formulação de teorias que afirmam que
ele não pode ser mudado, com base na alienação.
A organização internacional do proletariado era essencial ao sucesso das lutas nacionais para a conquista do poder. Ou seja, quando
os trabalhadores se unem pelo mundo em solidariedade, a propensão a mudar o sistema é bem maior.
O Manifesto também afirmava que o proletariado moderno era uma classe sem pátria, por ser constituído pelas relações sociais de
produção capitalistas, universalizadas pela expansão do mercado mundial. A Internacional Socialista deveria funcionar como uma
espécie de partido internacional do proletariado, assumindo uma liderança à medida que construísse uma identidade de classe
comum que se tornasse a base para a solidariedade internacional.
Para Marx, portanto, a destruição do Estado burguês era um passo necessário à construção de uma sociedade igualitária na qual a
política como dominação desapareceria, dando lugar a uma gestão radicalmente democrática da vida social. Como consequência, no
socialismo, seriam colocados em movimento processos que levariam ao desaparecimento do Estado. Em um mundo em que não
houvesse divisão de classes e em que o Estado não existisse, não haveria relações internacionais, apenas relações entre comunidades
livres unidas pelo mesmo sentimento solidário de pertencer ao gênero humano.

Visão do Lênin:

Lênin preocupava-se em explicar duas questões fundamentais à reconstrução do movimento comunista internacional: as limitações
da teoria marxista no que se referia à afirmação de uma tendência do capitalismo a sofrer crises sempre mais graves e de difícil
superação, que o levariam à inexorável derrocada; e a adesão do proletariado aos exércitos nacionais no quadro da carnificina da
guerra inter-imperialista. A mais importante inovação introduzida por Lênin na abordagem marxista do capitalismo internacional foi
a consideração dos Estados nacionais como atores do sistema internacional, em substituição às classes sociais. Mais que isso, a
novidade está em que a luta de classes no plano internacional, agora protagonizada por Estados-nação, assume uma importância
determinante para o processo revolucionário, superior ao conflito no âmbito nacional, privilegiado na análise de Marx.
Na perspectiva teórica de Marx, a eliminação das contradições de classe não leva necessariamente ao desaparecimento das divisões
de tipo horizontal (entre Estados nacionais), apenas sugere que elas tenderão a desaparecer com o advento do comunismo. Ao aceitar
que as divisões horizontais (de ordem política, econômica etc.) não são abolidas com o advento do comunismo, torna-se difícil
entrever uma sociedade internacional sem Estados-nação.
A questão teórica relevante está, justamente, na necessidade de combinar o conteúdo de classe de um Estado com sua ação no
sistema internacional sem que ambos os aspectos — interno e externo — da forma estatal estejam em contradição. Para que a
política internacional de um Estado fosse coerente com seu caráter de classe, seria preciso concebê-lo como instrumento de
dominação e de projeção externa daquela classe. A concepção instrumental do Estado é problemática e não dá conta da
complexidade da ação estatal no plano internacional, uma vez que requer que aceitemos uma estreita relação entre a classe
dominante e os postos ocupados no aparelho burocrático do Estado. Porém, a ação do Estado no plano internacional deixa de ser
expressão imediata dos interesses de uma classe e passa a ser moldado por suas interações com o sistema e com outros Estados
nacionais, e não pode mais ser entendido como, simplesmente, o veículo da expansão internacional do capital monopolista.
Imperialismo: é o movimento de expansão do capital monopolista e, consequentemente, de internacionalização das relações sociais
do modo de produção capitalista — da luta de classes. Dadas as dificuldades teóricas de construir um modelo que projetasse a luta
de classes para o plano internacional, o imperialismo tende a assumir feições de uma teoria sobre os conflitos entre Estados-nação
com capacidades de poder diferentes, resultantes do desenvolvimento desigual de suas forças produtivas, e as lutas anti-imperialistas
tendem a assumir um caráter nacionalista que, muitas vezes, não coincide com a luta do proletariado internacional contra o
capitalismo.
Pode-se dizer que os problemas de política internacional que dizem respeito à luta anti-imperialista tornam-se relativamente
autônomos a considerações sobre as relações de classe nos países envolvidos nessa luta. Apesar de o esforço teórico para combinar
contradições verticais e horizontais em uma única perspectiva internacional, os limites da teoria do imperialismo terminam por levar
a uma separação entre as dinâmicas de classe e nacional na própria obra de Lênin e dos teóricos que o seguiram.
As relações internacionais ainda são relações entre Estados-nação unitários, que se diferenciam por sua posição no sistema ou por
seus recursos de poder. As diferenciações políticas baseadas na estrutura de classe integram as análises de política externa, mas, na
concepção teórica das relações internacionais, não conseguem desempenhar qualquer função relevante além da retórica.

As teorias de dependência:

O esforço de modernização por meio da industrialização substitutiva — estratégia defendida por economistas como Celso Furtado
— é incapaz de tirar a periferia do atraso e da dependência. O intercâmbio desigual, a ação das multinacionais e a hegemonia dos
países capitalistas centrais produziriam um mecanismo de extração do excedente produzido na periferia, uma modalidade
internacional do conceito de exploração. Impossibilitados de apropriar-se do excedente produzido localmente, os países pobres
nunca teriam os recursos necessários para seu desenvolvimento e não conseguiriam reduzir o gap (econômico, tecnológico, militar)
que os separa dos países ricos e os condena à dependência: “A característica mais importante do sistema mundial é que, ao funcionar
como um todo integrado, extrai excedente econômico e transfere riqueza da periferia dependente para os centros imperiais.”
Para os marxistas-dependentistas, o desenvolvimento nacional autônomo e sustentado somente poderia ser alcançado por meio de
transformações nas relações de dominação que geravam a dependência, ou seja, por meio da luta anti-imperialista. O Estado deveria
desempenhar uma função central tanto na condução do processo interno de acumulação quanto na resistência às pressões do capital
internacional e à expropriação do excedente produzido nacionalmente. Um Estado periférico fortalecido por uma estratégia de
desenvolvimento nacionalista e autônoma, e sustentado por uma aliança de classes em torno de um projeto de independência
nacional (ou de libertação nacional, segundo o caso), seria capaz de assumir uma postura anti-imperialista no plano internacional,
contribuir para os processos revolucionários no Terceiro Mundo (enfraquecendo o imperialismo e, consequentemente, as elites
nacionais comprometidas com ele), e acumular forças para mudar as relações de dominação no sistema internacional.
Em função desse enfoque mais economicista, os dependentistas devotam pouco empenho à pesquisa sobre as formas do Estado nos
países do Terceiro Mundo, preocupando-se muito mais com a análise dos mecanismos de exploração dos países pobres pelas
potências hegemônicas.
O essencial a ser destacado das teorias da dependência é que as relações internacionais se caracterizam pela exploração da periferia
pelos países ricos do centro por intermédio de mecanismos como a troca desigual, do investimento direto e do financiamento aos
desequilíbrios dos balanços de pagamento. A hegemonia (política) do centro — que os dependentistas equiparam conceitualmente à
dominação — seria a expressão da desigualdade econômica e da dependência. Na verdade, a dependência consistiria na
manifestação mais recente do imperialismo. Mais do que um instrumento de dominação das classes dominantes nacionais, o Estado
dependente é visto como um instrumento da dominação da burguesia internacional.
Enfatizando o caráter nacionalista da revolução socialista no Terceiro Mundo, Amin defende estratégias de delinking, ou seja, de
desligamento dos Estados periféricos da divisão internacional do trabalho e do sistema internacional capitalista como forma de
romper com o mecanismo de troca desigual, transformando o desenvolvimento desigual em desenvolvimento autônomo e
autocentrado.

O Estruturalismo marxista de Wallerstein:

Sua teoria do sistema mundo tem em comum com as teorias da dependência a preocupação com o desenvolvimento desigual que
caracteriza o capitalismo global e as estruturas de dominação decorrentes dele. Wallerstein trata o sistema internacional como uma
única estrutura integrada, econômica e politicamente, sob a lógica da acumulação capitalista. Esse sistema mundo é regido por leis
de movimento que levam à exploração das economias pobres pelas economias centrais. A teoria de Wallerstein se aproxima das
teorias mais convencionais das Relações Internacionais, como a neorrealista, na medida em que identifica como objeto de análise o
sistema mundial, ao contrário dos demais marxistas que preferem abordagens centradas na forma de organização econômica e
política dos Estados e nas relações de dominação e subordinação resultantes de sua natureza capitalista. Analisa também como o
processo de acumulação de capital se organiza no tempo e no espaço. A lógica da acumulação explica, por exemplo, por que os
centros de poder econômico mundial se deslocam geograficamente ao longo da história. Wallerstein mostrará como esses
deslocamentos coincidem com ciclos de expansão e declínios econômicos relacionados a fatores como comércio, investimento e
tecnologia. Os Estados desenvolvem sua ação política sob os condicionamentos do mercado mundial e segundo a posição que
ocupam na divisão internacional do trabalho.
Os Estados podem situar-se, portanto, em três áreas possíveis: o centro, a semiperiferia e a periferia. O centro concentra as
atividades econômicas mais intensivas em capital, mais complexas e sofisticadas tecnologicamente e que agregam mais valor. A
periferia, em contraposição, se caracteriza por especializar-se na produção de bens primários (agricultura, matérias-primas não
processadas) de baixo valor agregado e intensivas em mão de obra. A periferia também se caracteriza por Estados fracos, pouco
institucionalizados e frequentemente autoritários ou ditatoriais. A semiperiferia tem um papel intermediário e combina traços do
centro e da periferia. Os países dessa área registram um certo nível de industrialização, ainda que restrita a bens de consumo não
duráveis (têxteis, semimanufaturados, alimentos etc.) e a produtos tecnologicamente menos sofisticados que já não são produzidos
no centro (eletrodomésticos de segunda geração, automóveis). Suas economias são mais diversificadas, mas permanecem
dependentes, principalmente de capital e tecnologia, do centro.
As três áreas do sistema mundial capitalista formam uma hierarquia de poder tanto econômico quanto político. Os países do centro
exercem sua dominação sobre a semiperiferia e a periferia seja por meio da força, quando necessário, ou das alianças com as
burguesias locais dependentes do mercado mundial. A semiperiferia desempenha um papel importante porque representa a
possibilidade de ascensão dos países pobres a um patamar mais elevado de renda, via industrialização.
Como Marx, ele acredita que tais contradições levarão a crises cada vez mais profundas até o ponto em que não será mais possível
retomar o processo de acumulação, fazendo com que o sistema entre em colapso. Em outras palavras, o capitalismo será vítima de
seu próprio sucesso, na medida em que a necessidade de se expandir continuamente na busca de mercados mais lucrativos fará com
que a rentabilidade do capital, em função da competição crescente e agora globalizada, decline irremediavelmente. A perda de
dinamismo econômico terá como consequência o acirramento das contradições sociais e a emergência de movimentos políticos de
contestação no plano internacional.
Wallerstein insistirá que os conflitos de classe atravessam as fronteiras estatais, assumindo características semelhantes nas
respectivas áreas do sistema (centro, periferia e semiperiferia) e não se configurando como conflitos entre Estados. O que
encontramos aqui, e não nas teorias convencionais de Relações Internacionais, é a preocupação fundamental com os problemas da
desigualdade e da exploração.
O marxismo é pouco estudado na disciplina de Relações Internacionais porque a maioria dos autores dessa orientação que dedicou
sua atenção a temas internacionais o fez a partir de análises da dinâmica do capitalismo mundial. Sabemos que a matriz teórica
dominante da disciplina enfatiza a autonomia da esfera política diante de processos econômicos.
Para os dependentistas, são os recursos de poder (econômico, militar, tecnológico) e a posição relativa no sistema que influenciarão
decisivamente a ação externa dos Estados. As teorias da dependência são fundamentalmente teorias de state-building, ou seja, de
construção de um Estado nacional independente, igualitário e economicamente autônomo, que se torne um instrumento do
proletariado para a construção do socialismo e para a derrubada do imperialismo. O que chama a atenção nas análises dos teóricos
da dependência é a interpretação dos processos de libertação nacional como momentos de fundação ou de refundação do Estado, de
afirmação da autonomia e soberania nacionais, em contradição com a dominação imperialista.
Para os marxistas, o capital e o proletariado seriam os atores centrais das relações internacionais, e os Estados seriam expressão do
domínio de uma classe em um determinado espaço nacional. A autonomia que poderiam assumir não contradiria o fato de serem
instrumentos de uma classe, e a política externa que praticassem seria resultante da natureza da classe do regime político.
O discurso anti-imperialista se caracteriza pela denúncia da desigualdade, da dominação, da exploração e da injustiça das nações
mais pobres pelos países ricos. Suas estratégias políticas, no entanto, refletem uma concepção do sistema internacional em que suas
palavras de ordem se reduzem à busca de um novo equilíbrio de poder, de um novo status quo, uma nova hegemonia — uma nova
divisão internacional do trabalho, uma nova estrutura do sistema de Estados. E, sob esse aspecto, as teorias marxistas assemelham-se
cada vez mais ao realismo, perdendo seu potencial para oferecer uma visão crítica da política mundial.

Resumo sobre Paz Democrática

As relações externas liberais não podem ser adequadamente explicadas por uma única dependência do equilíbrio de poder. Mas o
liberalismo não é inerentemente "amante da paz"; nem é consistentemente restringido ou pacífico na intenção.
A ética liberal pode reduzir a probabilidade de que os Estados irão exercer o êxito na contenção consistente e intenções pacíficas de
que uma paz mundial pode muito bem existir na era nuclear.
Liberalismo apela para a liberdade da autoridade arbitrária, muitas vezes chamado de "liberdade negativa", que inclui a liberdade de
consciência, a livre imprensa e liberdade de expressão, a igualdade perante a lei, e o direito de realizar, e portanto, para a troca, a
propriedade sem medo de apreensão arbitrária. O liberalismo apela também para aqueles direitos necessários para proteger e
promover a capacidade e oportunidade para a liberdade, as "liberdades positivas”. Tais como os direitos econômicos e sociais, como
a igualdade de oportunidades na educação e direitos aos cuidados de saúde e emprego, necessária para a auto-expressão eficaz e
participação, são, portanto, os direitos liberais.
A ordem política do laissez-faire e de assistência social liberal é marcada por um compromisso compartilhado com quatro
instituições essenciais. Em primeiro lugar, os cidadãos possuem igualdade jurídica e outros direitos cívicos fundamentais, tais como
liberdade de religião e de imprensa. Em segundo lugar, os soberanos efetivos do Estado são legislaturas representativas decorrentes
da sua autoridade a partir do consentimento do eleitorado e exercendo sua autoridade livre de toda restrição.
O postulado básico da teoria liberal internacional afirma que os estados têm o direito de serem livres de intervenção estrangeira. De
forma moralmente autônoma, cidadãos titulares de direitos à liberdade, os estados que representam democraticamente eles têm o
direito de exercer a independência política.
O modelo realista das relações internacionais, que fornece uma explicação plausível da insegurança geral de Estados, oferece pouca
orientação ao explicar a pacificação do mundo liberal. Realismo, em sua
formulação clássica, sustenta que o Estado é e deve ser formalmente soberano, efetivamente ilimitado por direitos individuais a
nível nacional e, portanto, capaz de determinar o seu próprio escopo da autoridade (Esta determinação pode ser tomada
democraticamente, de forma oligárquica ou autocrática.)
Na teoria das relações internacionais, os três "jogos" explicam o medo de Hobbes viu como uma raiz do conflito no estado de
guerra:

 Em primeiro lugar, mesmo quando Estados compartilham o interesse de um bem comum que poderia ser alcançado pela
cooperação, a ausência de uma fonte de direito global e fim significa que nenhum Estado pode contar com o
comportamento cooperativo dos outros.
 Segundo, mesmo que cada Estado saiba que a segurança é em relação aos armamentos a nível de potenciais adversários e
mesmo que cada Estado procure minimizar seus ramos de despesa, ele também sabe que, não tendo nenhuma garantia
mundial de segurança, ser pego desarmado por um ataque surpresa é pior do que suportar os custos de armamento.
 Em terceiro lugar, Estados fortemente armados dependem de seu prestígio, sua credibilidade, para dissuadir os Estados de
testar a verdadeira qualidade de suas armas na batalha, e a credibilidade é medida por um registro de sucessos. Uma vez que
uma postura de confrontação é assumida, recuando, embora racional para os dois juntos, não é racional (primeira melhor)
para qualquer um individualmente se existe alguma chance que o outro vai recuar primeiro.

Algumas guerras específicas, portanto, surgem do medo de um Estado procurando evitar um ataque surpresa, e por isso decide
atacar primeiro; da emulação competitiva como os Estados que não possuem uma hierarquia internacional imposta da luta de
prestígio para estabelecer o seu lugar; e de conflitos simples de interesse que degeneram em guerra porque não há soberano global
para prevenir Estados de adotarem essa última forma de resolução de conflitos.
Como Rousseau argumentou, a paz internacional depende, portanto, da abolição das inter-relações nacionais quer pela realização de
um Estado mundial ou por um radical isolacionismo.
Em primeiro lugar, no nível do decisor estratégico, realistas argumentam que uma paz liberal poderia ser apenas o resultado de uma
diplomacia prudente. Alguns, incluindo Hobbes, argumentaram que os soberanos têm o dever natural não agir contra "as razões de
paz". Sendo assim o dever natural do soberano é, portanto, a segurança das pessoas. O soberano é pessoalmente mais seguro do
que qualquer indivíduo no estado original da natureza e soldados também seriam, por natureza tímida. No entanto, uma política de
segurança não é garantia de paz. Se guerras preventivas são prudentes, a prudência dos realistas, obviamente, não pode ser
responsável por mais de um século e meio de paz entre
Estados liberais independentes, muitas das quais têm um aglomerado no centro da Europa.
As corridas armamentistas são capazes de sinalizar com clareza uma intenção não-agressiva e garantir que outros Estados não
representam uma ameaça estratégica imediata, os estadistas devem ser capazes de adotar políticas pacíficas e negociar disputas.
Mas, isto não pode ser a explicação para a paz liberal.
Em segundo lugar, ao nível dos determinantes sociais, alguns podem argumentar que as relações entre qualquer grupo de Estados
com estruturas sociais semelhantes ou com valores compatíveis seria pacífica.
A paz se estende até, e não mais do que, as relações entre os Estados liberais, não incluindo estados não-liberais em uma região de
outra forma liberal (como o Atlântico norte, nos anos 1930), nem excluindo os Estados liberais em uma região não liberal (como
Central América ou África).
Um império geralmente consegue criar uma paz interna, mas isso não é uma explicação de paz entre os Estados liberais
independentes. Hegemonia pode criar paz por rivais potenciais intimidadores, apesar de que um hegemon poderia muito bem ter
interesse em fazer cumprir a paz por uma questão de comércio ou investimentos ou como sendo um meio de melhorar o seu
prestígio ou de segurança; hegemons como França do século XVII eram polícia não paz aplicação, e a paz liberal persistiu no
entreguerras, período em que a sociedade internacional não dispunha de um poder hegemônico predominante.
Paz por meio do equilíbrio (o equilíbrio clássico multipolar de poder ou bipolar da Guerra Fria) também se baseia em fontes
prudenciais de paz. A consciência da probabilidade de que as tentativas agressivas do hegemon teria vontade de gerar oposição
internacional deve, argumenta-se, visando impedir essas guerras agressivas. Mas a estabilidade bipolar desencoraja guerras polares
ou superpotência. O equilíbrio multipolar de poder também incentiva a guerra para aproveitar, por exemplo, território de
profundidade estratégica contra um rival expandindo seu poder de crescimento interno. Nem prontamente contas para a paz geral ou
para a paz liberal.
Finalmente, alguns realistas poderiam sugerir que a paz liberal simplesmente reflete a ausência de profundos conflitos de interesse
entre os Estados liberais. As guerras ocorrem fora da zona de liberal porque os conflitos de interesse são mais profundos lá. Alguns
argumentaram que Estados democráticos seriam inerentemente pacíficos, única e exclusivamente porque nesses Estados os cidadãos
governam a comunidade política e suportam os custos de guerra. Ao contrário, na monarquia os cidadãos não são capazes de
entregar suas paixões agressivas e tem as consequências sofridas por outra pessoa. Outros liberais têm argumentado que o
capitalismo laissez-faire contém uma tendência inerente para o racionalismo, e que, desde que a guerra é irracional, capitalismos
liberais serão pacifistas.
Estados liberais são tão agressivos e propensos a guerra como qualquer outra forma de governo ou da sociedade nas suas relações
com Estados não-liberais, vide EUA, França e Inglaterra.
Para atingir a Paz Perpétua de Kant deve-se assinar os três artigos:

 O primeiro artigo definitivo sustenta que a constituição civil do Estado deve ser republicana. Por republicano Kant entende
como uma sociedade política que resolveu o problema de combinar a autonomia moral, individualismo e ordem social.

O público, ou política, era a esfera mais preocupante. Sua resposta foi uma república que preservou a liberdade jurídica - a igualdade
jurídica dos cidadãos como sujeitos - com base em um governo representativo, com uma separação de poderes. A liberdade jurídica
é preservada porque o indivíduo moralmente autônomo é,m por meio de representação, um auto-legislador, o que faz as leis que se
aplicam a todos os cidadãos, incluindo-se indistintamente. E a tirania é evitada porque o indivíduo está sujeito às leis que ele
também não administra. Os Estados PRECISAM de constituições republicanas.

O segundo artigo definitivo é o da União Pacífica, que é um "um tratado das nações entre si", que" se mantém, evita guerras, e de
forma constante se expande. Assim sendo, para Kant as relações entre as nações assemelham-se às relações dos homens no estado de
natureza, vigorando a ausência de justiça. Para solucionar o problema o filósofo alemão propõe um sistema de Direito Internacional
baseado em uma federação de Estados e administrado por uma liga de nações cujo objetivo maior seria a conservação e a garantia da
liberdade.

O Terceiro artigo definitivo estabelece uma lei cosmopolita para operar em conjunto com a união pacífica, que pode ser uma forma
paralela de direito internacional (que regula as relações entre Estados) e torna-se uma relação de direito entre estrangeiros de
diferentes nações, já que o direito interno fala da relação de um Estado com os seus cidadãos. Esse direito cosmopolita falaria sobre
a necessidade de tratar com hospitalidade um estrangeiro, quando é esse que vai fazer as relações comerciais com os habitantes
locais. Hospitalidade parece incluir o direito de acesso e a obrigação de manter a oportunidade para que os cidadãos trocam bens e
ideias, sem impor a obrigação de negociar (um ato voluntário em todos os casos sob constituições liberais). O principal argumento
de Kant para a Paz Liberal está na crença de que uma evolução natural irá produzir “uma harmonia desde a desarmonia dos homens
contra a suas vontades”.
A “sociabilidade associal" atrai os homens em conjunto para cumprir as necessidades de segurança e bem-estar material, uma vez
que os leva a conflitos sobre a distribuição e controle dos produtos sociais. Essa evolução natural violenta tende para a paz liberal
porque "sociabilidade associal" inevitavelmente
leva em direção governos republicanos e governos republicanos são uma fonte da paz liberal. Para um Estado estar bem organizado
ele precisa ter a representação republicana e a separação dos poderes. Só assim ele conseguiria estar bem preparado para responder
às ameaças estrangeiras e domar as ambições de indivíduos egoístas e agressivos (pela autoridade derivada da representação, leis
gerais, e pela administração não-despótica). Estados assim não falham, diferentes das monarquias em que os monarcas cedem o
direito de representação para ganhar apoio político ou para obter receitas fiscais.
O conflito civil pode levar a golpes pretorianos (vindos da guarda imperial ou presidencial). Inversamente, um ambiente de
segurança pode proporcionar um clima político para enfraquecer o Estado por restrição. Mais importante, o argumento é tão
indistinto que serve apenas como uma hipótese muito geral que a mobilização de indivíduos com interesses próprios na vida política
dos Estados em um mundo inseguro que acabará por gerar pressões de participação republicana. Kant não precisa de mais do que
isso para sugerir que o republicanismo e uma paz liberal são possíveis (e, portanto, uma obrigação moral). Se é possível, em
seguida, algures ao longo da história, pode ser inevitável.
Kant mostra como repúblicas, uma vez estabelecida, tem relações pacíficas. Ele argumenta que uma vez que os interesses agressivos
de monarquias absolutistas são domesticados e uma vez que o hábito de respeito pelos direitos individuais é enraizado por um
governo republicano, as guerras apareceriam como um desastre para as pessoas de bem-estar que ele e os outros liberais pensaram
que seriam. O direito cosmopolita acrescenta incentivos materiais para o compromisso moral, ele permite à hospitalidade que o
espírito do comércio mais cedo ou mais tarde tome posse de toda a nação, impulsionando assim, os Estados a promoverem a paz
para tentar evitar a guerra, que estragaria os acordos. Esses laços derivam de uma DIT cooperativa e livre comércio de acordo com a
vantagem comparativa, mantendo a interdependência econômica entre os Estados.
Alianças de interesse estratégico puramente mútuas entre Estados liberais e não-liberais foram quebradas, os laços econômicos entre
liberais e não-liberais têm se provado frágil, mas o vínculo político dos direitos liberais e os interesses provaram uma base
extremamente firme para a agressão não-mútua. A paz em separado existe entre os Estados liberais. Aonde o internacionalismo
liberal entre os Estados liberais têm sido deficiente é na preservação de suas pré-condições básicas sob mudanças das circunstâncias
internacionais, e em particular no apoio ao caráter liberal dos seus Estados constituintes. Medidas previdentes e constitutivas só
foram fornecidas pela ordem internacional liberal quando um Estado liberal ficou proeminente entre o resto, preparado e capaz de
tomar medidas, como fizeram os EUA após a 2°GM, para sustentar economicamente e politicamente os fundamentos da sociedade
liberal além de suas fronteiras. Assim, o declínio da liderança hegemônica dos EUA pode representar perigo para o mundo liberal.
Esse perigo não é só dos Estados liberais de hoje que permitirão a sua competição econômica em espiral para a guerra, mas que as
sociedades do mundo liberal não serão mais capazes de prestar a assistência mútua que pode exigir para sustentar encomendas
domésticas liberais em face de montagem econômica das crises.

Resumo de Realismo Pós-Guerra Fria


O fim do sistema bipolar, causado pela queda ou declínio de um Estado multinacional, não constitui um problema para o realismo. A
dificuldade na época da queda do Muro de Berlim em diante era de tentar medir conceitualmente como ficaria a estrutura do sistema
internacional, e como seria dada a separação de unidades quando as relações de poder estão num estado de fluxo. É difícil saber
como estava a estrutura na época e como ela ficaria, por isso critica-se a validade do realismo estrutural.
Wohlforth analisa a situação fazendo-se valer, em parte, da visão realista clássica e do neorrealismo, ao levar em consideração os
pontos fortes e fracos de Gorbachev e outros decisores centrais, as causas precisas do desempenho pobre do socialismo, o aumento
de sentimentos nacionais em todo o mundo soviético, etc. Ao levar isso em consideração, o autor coloca-se numa posição de analisar
ações internas que afetam a política internacional de um Estado, no caso, a ex-URSS.
O realismo pós-guerra fria concentra-se numa única variável independente ao examinar o seu impacto de uma forma que representa
a complexidade que fornece alavancagem para compreender o processo essencial de mudança neste caso. Ajuda a estabelecer uma
base de que para medir o quanto e de que forma os fundamentos da política mundial mudaram de épocas anteriores. Ele passa os
testes individuais de ajudar a compreender e explicar este evento da série, e geração de linhas para futuras pesquisas históricas e
comparativas para responder às perguntas mais básicas sobre política internacional. Em particular, sugere duas lições para a teoria,
com implicações para futuras pesquisas.
 Análise causal do poder é necessária para enriquecer/enfraquecer o realismo.
Pode-se construir contas racionalistas e realistas que examinam crenças e ideias dos atores, e esta é a única maneira que o realismo
de forma sensata pode explicar a mudança em termos de poder. O poder explica a mudança apenas se ele for visto
fenomenologicamente. Há pouca razão para supor que as capacidades brutas são indicadores melhores para aproximar avaliações
dos decisores ou expectativas em outros momentos. De fato, tais indicadores são altamente enganador porque eles embalam seus
usuários em uma falsa sensação de que as curvas de potência das nações movem-se graciosamente, de forma incremental, talvez até
previsivelmente. Essa suposição, mais do que qualquer outro problema intrínseco à teoria das relações internacionais, é a principal
razão para a falha, pelo menos, para antecipar em termos gerais, a forma como a Guerra Fria acabaria. Os realistas e estudiosos são
relutantes em fazer o exame empírico da influência do poder sobre a política. Quando reduz-se a erudição do que é o poder e o
coloca nas mãos dos tomadores de decisão, há uma ideia generalizada de que haverá limitação, pois o estudioso deverá ter que
estudar as ações do estadista, compartilhando suas visões falhas de poder e, talvez, repetir seus erros. Os realistas e seus críticos
nunca resolverão o debate enquanto recusarem-se a examinar como as capacidades realmente são avaliadas por atores reais.
Episódios de mudança revolucionária devem ser estudados de uma forma teoricamente informada. O realismo clássico identifica
duas chaves para a compreensão da política internacional: as capacidades e os interesses dos Estados.
As capacidades só podem ser medidas quando os Estados são colocados em algum teste. Os interesses só podem ser medidos de
forma confiável quando os decisores aceitam inequívocos trade-offs (conflitos de escolha). Os estudiosos têm, portanto, assumido
que grandes guerras constituem a única oportunidade de testar as capacidades e intenções dos Estados. Guerras geram a maior parte
das evidências da mais alta qualidade sobre o poder e interesses, e uma vez que poder e interesses explicam o comportamento do
Estado, grandes mudanças internacionais foram concentradas em períodos de guerra. As revoluções e revoltas também influenciam
nessas questões. Se aceitarmos a proposição de que as avaliações de poder e interesse podem racionalmente mudar rapidamente em
determinados períodos, em seguida, esses períodos possuem importância singular para a teoria.
Olhando para o futuro da política mundial, duas conclusões contraditórias emergem. A primeira é que há boas razões realistas para
estar à vontade sobre o futuro próximo das relações de grandes potências. O fato de que o desafiante em vez de o defensor esgotou-
se na luta é um bom agouro para a estabilidade internacional entre as grandes potências. Em segundo lugar, se o argumento sobre
percepções de poder do autor for plausível, então há motivos para cautela sobre as projeções confiantes de relações de poder, com
base nos indicadores dos cientistas políticos.

Resumo sobre Debates Contemporâneos

Mearsheimer entende o fim da Guerra Fria e surgimento de novas democracias como sendo um milagre. Ele cita Francis Fukuyama
que dizia que a democracia liberal havia ganho do comunismo e fascismo e que seria o fim do governo humano na história, e que os
países de Terceiro Mundo teriam acesso às democracias liberais em breve porque os caminhos levavam a isso. É função dos EUA
levar a democracia aos países menos desenvolvidos em todo o mundo, o que não seria difícil graças à astúcia e poder incrível
estadunidense ao longo da história. Porém, isso está levando a uma sucessão de guerras em que os EUA se envolvem desde 1989,
isso reflete-se historicamente num crescimento poderoso da burocracia envolvendo a segurança nacional que compromete a
liberdade civil e torna difícil responsabilizar os líderes por seu comportamento que, invariavelmente, acabam adotando políticas
cruéis normalmente associados com ditadores brutais.
A espiral descendente que os Estados Unidos tomou foi tudo, menos inevitável.
Washington sempre teve uma escolha em como abordar a grande estratégia. Uma opção popular entre alguns libertários é o
isolacionismo. Essa abordagem é baseada na suposição de que não há nenhuma região fora do Hemisfério Ocidental que é
estrategicamente importante o suficiente para justificar gastar sangue e tesouro americano. Isolacionistas acreditam que os Estados
Unidos é extremamente seguro, porque ele é separado de todas as grandes potências do mundo por dois fossos gigantes - o oceanos
Atlântico e Pacífico - e no topo tem armas nucleares - o impedimento final - desde 1945. EUA já assumiram até a 2°GM uma
política isolacionalista, até que a influência da Fundação Rockefeller os fizeram deslegitimar tal abordagem.
Os EUA tem 3 áreas de interesse: Europa, nordeste da Ásia e Golfo Pérsico. Assim sendo, vê como meta principal fazer com que
nenhuma potência domine essas áreas. Faz isso contando com poderes locais para combater aspirantes hegemônicos regionais e
manter suas potências militares espalhadas pelo globo. Para os engajadores seletivos, essas bases também servem para garantir a paz
nessas regiões-chave, que podem gerar turbulências na economia dos EUA ou os empurrar para a luta de fato. Essa presença militar
também evitaria a proliferação nuclear.
A dominação global tem dois objetivos: manutenção da primazia dos EUA como Estado mais poderoso do mundo; crença de que as
novas democracias liberais terão inclinações pró-estadunidenses pacíficas. Isso é imperialismo travestido de direito e
responsabilidade em interferir na política de outros países. Os neoconservadores acreditam que os EUA dependem das FA's para
dominar o mundo, também olham com desconfiança as instituições internacionais, como sendo os liliputianos que amarram
Gulliver. A solução para promover democracias é fácil, é só tirar o tirano do poder. Já os imperialistas liberais acreditam que para
correr o mundo, os EUA precisam da colaboração dos aliados e das instituições internacionais, e pensam ser bem menos fácil
instaurar uma democracia, como os neoconservadores pensam.
Clinton falhou na sua tentativa de construir a hegemonia mundial dos EUA, mas evitou grandes desastres na política externa e na
intervenção armada sobre conflitos pelo globo. Já Bush fez-se do discurso contra terrorismo para lançar-se na política de domínio
global, principalmente aos usar as forças armadas para mudar regimes no mundo muçulmano e árabe, almejando a paz na região.
Segundo a administração Bush, a guerra global ao terror era a saída para trazer mais segurança ao mundo, ao invés de entender qual
o problema que os grupos terroristas tinham com o EUA, problemas esses que ficaram ainda mais profundos desde as investidas
militares no Oriente Médio. “Não fazia sentido declarar guerra contra grupos que não estavam tentando prejudicar os EUA. Eles não
eram nossos inimigos; e indo atrás de todas as organizações terroristas iria complicar muito a tarefa difícil de eliminar os grupos que
tinham-nos em sua mira.” - Mearsheimer.
“Simplificando, por que eles nos odeiam? Há duas respostas possíveis a esta pergunta. Uma possibilidade é que a Al-Qaeda e os
seus apoiantes nos detestam por causa de quem somos; em outras palavras, este é um choque de civilizações que surgiu porque esses
extremistas odeiam valores ocidentais na democracia geral e liberal em particular. Em alternativa, estes grupos podem nos odiar
porque eles estão furiosos com as nossas políticas do Oriente Médio. Há uma abundância de dados de pesquisa e evidência
anedótica que mostra a segunda resposta é a correta. Raiva e ódio em relação aos Estados Unidos entre os árabes e muçulmanos é
em grande parte impulsionado por políticas de Washington, não por qualquer antipatia profunda em relação ao Ocidente. As
políticas que geraram o mais anti-americanismo incluem o apoio de Washington para o tratamento dos palestinos de Israel; a
presença de tropas americanas na Arábia Saudita depois da Guerra do Golfo 1991; suporte EUA para regimes repressivos em países
como Egito; sanções americanas em Bagdá após a Primeira Guerra do Golfo, que se estima ter causado a morte de cerca de
quinhentos mil civis iraquianos; e a invasão EUA e ocupação do Iraque.” - Mearsheimer
A percepção de uma vitória impressionante no Afeganistão foi significativa porque os líderes raramente iniciam guerras, a menos
que eles pensam que eles podem ganhar vitórias rápidas e decisivas. A perspectiva de luta contra um conflito prolongado faz com
que os formuladores de políticas tímidas, não apenas porque os custos são invariavelmente elevados, mas também porque é difícil
dizer quanto tempo a guerra chegará ao fim.
Além disso, o governo de Karzai estava fadado ao fracasso, não apenas porque seu líder foi colocado no poder por Washington, e
não apenas porque o Afeganistão tem sempre teve um governo central fraco, mas também porque Karzai e seus associados são
incompetente e corruptos. Isto significava que não haveria nenhuma autoridade central para governar o país e verificar o Talibã
quando ele voltou à vida. E isso significava que os Estados Unidos têm de fazer o trabalho pesado. As tropas americanas teriam que
ocupar o país e lutar contra o Talibã, e eles teriam que fazê-lo em suporte de um governo frágil, com pouco legitimidade fora de
Cabul.
Ao contrário do que os neoconservadores afirmaram antes da invasão, os Estados Unidos não poderiam derrubar Saddam e evitar
uma longa ocupação, a menos que fosse dispostos a colocar outro ditador no comando.
Como é o caso com a democratização em geral, levou externamente tentativas de implantar uma estrutura tal que regem geralmente
ocorrem em países com um determinado conjunto de características internas.
Isso ajuda muito se o Estado de destino tem altos níveis de homogeneidade étnica e religiosa, um governo central forte,
razoavelmente altos níveis de prosperidade e alguma experiência com a democracia.
Os líderes desses novos governos democráticos, afinal, teria que dar a atenção para os pontos de vista de seu povo, em vez de
receber ordens dos americanos. Em outras palavras, as democracias tendem a ter uma mente própria. Esta é uma razão pela qual os
Estados Unidos, quando se derrubou regimes que não gostava, como no Irã (1953), Guatemala (1954) e no Chile (1973) eleitos
democraticamente e ajudou a instalar ditadores em vez de democratas, e porque Washington ajuda para frustrar a democracia nos
países onde ela teme que o resultado das eleições, como no Egito e Arábia Saudita.
Se tudo isso não bastasse, o domínio global, especialmente propensão do governo Bush para a diplomacia big-stick, afeta
negativamente a proliferação nuclear também. Os Estados Unidos estão profundamente comprometidos em garantir que o Irã não
adquira um arsenal nuclear e que a Coreia do Norte abandone suas armas atômicas, mas a estratégia que temos utilizado é suscetível
de ter o efeito oposto. A principal razão que um país adquira armas nucleares é que eles são o impedimento final. É extremamente
improvável que qualquer Estado ataque a pátria de um adversário com armas nucleares por causa do medo de que isso levaria a
retaliação nuclear. Portanto, qualquer país que se sente ameaçado por um rival perigoso tem boas razões para querer um dissuasor
nuclear que leve à sobrevivência. Essa lógica básica explica por que os EUA e a URSS construíram estoques formidáveis durante a
Guerra Fria. Ele também explica porque Israel adquiriu armas atômicas e se recusa a entregá-las. O melhor caminho para os EUA
para maximizar as perspectivas de suspensão ou, pelo menos, retardar a disseminação de armas nucleares seria parar de ameaçar
outros países, porque isso lhes dá uma convincente razão para adquirir o máximo impedimento.
Este comportamento, o que viola o princípio mais importante da autodeterminação, não só gera ressentimento para com os EUA,
mas também nos leva envolvido na construção da nação, que invariavelmente leva a um problema sem fim. Especificamente, o
balanceamento de offshore é a melhor grande estratégia para melhorar o nosso problema do terrorismo. Colocar as tropas americanas
no mundo árabe e muçulmano é uma das principais causas de ataques terroristas contra os Estados Unidos.
O balanceamento offshore também é uma melhor política de domínio global para combater nuclear proliferação. Ele tem duas
virtudes principais. Ele chama para o uso da força militar em apenas três regiões do mundo, e mesmo assim, apenas como uma
questão de último recurso. EUA seria ainda capaz de carregar um grande porrete com o balanceamento no mar, mas iria exercer uma
influência muito mais discreta do que faz agora. Como resultado, os Estados Unidos seria menos ameaçador para outros países, o
que iria diminuir sua necessidade de adquirir armas atômicas para se proteger de um ataque de EUA. Além disso, porque o
equilíbrio no mar apela a Washington para ajudar os poderes locais a conter aspirantes hegemonias regionais em Nordeste da Ásia,
da Europa e do Golfo, não há nenhuma razão que não pode estender sua nuclear guarda-chuva sobre seus aliados nessas áreas,
assim, diminuindo sua necessidade de ter o seu próprio impedimentos. O balanceamento offshore, por outro lado, tem o
compromisso de ficar fora de lutas na periferia e concentrando-se sobre as ameaças realmente sérias. Os orçamentos futuros devem
privilegiar a força aérea e, especialmente, a marinha, porque eles são os serviços essenciais para lidar com uma China em ascensão.
O abrangente objetivo, no entanto, deve ser tomar uma grande fatia do orçamento de defesa para ajudar a reduzir o nosso défice
crescente e pagar importantes programas domésticos.
As liberdades civis fundamentais estão agora sob ameaça na frente de casa e nos Estados Unidos envolve rotineiramente no
comportamento ilegal no exterior. O controle civil das forças armadas é tornando-se cada vez mais problemático também. Essas
tendências preocupantes não deve surpreender-nos; são precisamente o que se espera quando um país se envolve em uma definição
ampla de guerra global contra o terror sem fim e mais geralmente compromete-se a hegemonia mundial. Interminável militarização
invariavelmente leva ao militarismo e o desaparecimento dos acarinhados valores liberais. É tempo para a Estados Unidos para
mostrar mais contenção e lidar com as ameaças que enfrenta na forma mais inteligente e formas mais exigentes. Isso significa
colocar um fim à perseguição de domínio global dos Estados Unidos e voltar para o tempo-honrado estratégico de balanceamento de
offshore.
O engajamento seletivo defende que os Estados Unidos devem intervir em regiões do mundo somente se eles afetam diretamente sua
segurança e prosperidade. O foco, portanto, encontra-se em tais poderes com potencial industrial e militar significativa e a
prevenção da guerra entre esses estados. A maioria dos defensores desta estratégia que a Europa, Ásia e Oriente Médio importa mais
para os Estados Unidos. Europa e Ásia conter as grandes potências, que têm o maior militar e impacto econômico sobre política
internacional, e no Oriente Médio é a principal fonte de óleo para grande parte do mundo desenvolvido. Além dessas preocupações
mais específicas, engajamento seletivo também se concentra em impedir a proliferação nuclear e qualquer conflito que poderia levar
a uma grande guerra de poder, mas não fornece orientações claras para as intervenções humanitárias.
Os autores preveem que uma estratégia de engajamento seletivo implicaria uma dissuasão nuclear forte, com uma estrutura de força
capaz de lutar duas guerras regionais, cada um, por uma combinação de forças terrestres, aéreas e marítimas, complementadas com
as forças de um aliado regional. Eles questionam, no entanto, se tal política poderia angariar apoio sustentado a partir de uma
democracia liberal experiente com uma abordagem moralista para as relações internacionais, se os Estados Unidos com êxito
poderia diferenciar necessário versus envolvimento desnecessário e se uma estratégia que se concentra na Europa, Ásia e Oriente a
leste, na verdade, representa uma mudança de engajamento atual.
Resumo de Racionalismo e Reflexivismo
O pressuposto da racionalidade substantiva provou ser uma ferramenta valiosa na busca de tal conhecimento. Recentemente, a
predominância intelectual da abordagem racionalista tem sido desafiada por uma abordagem reflexiva, que sublinha o impacto da
subjetividade humana e para o enraizamento das instituições internacionais contemporâneas em práticas preexistentes.
Uma variedade de instituições internacionais, incluindo alianças militares mais obviamente, são concebidos como meios para que
prevalece no militar e conflito político.
Quando a cooperação tem lugar, cada uma das partes altera seu contingente comportamento em mudanças no comportamento do
outro.
Realista e teorias neorrealistas são declaradamente racionalistas, aceitando o que Herbert Simon se referiu como uma concepção
“substantiva” da racionalidade, caracterizando “um comportamento que pode ser julgado objetivamente para ser perfeitamente
adaptado à situação”. Como Simon argumentou, o princípio da racionalidade substantiva gera hipóteses sobre o comportamento
humano real somente quando ele é combinado com suposições auxiliares sobre a estrutura das funções de serviço público e à
formação de expectativas. Além disso, a racionalidade é sempre contextual, portanto, uma grande quantidade depende da situação
posto no início da análise. Uma variação considerável nos resultados é, portanto, consistente com a hipótese de racionalidade
substantiva. Quando as limitações sobre as capacidades cognitivas dos decisores também são levadas em consideração, como no
conceito de racionalidade limitada a gama de variação possível expande-se ainda mais. Mesmo que o pressuposto da racionalidade
substantiva não obrigue um determinado conjunto de conclusões sobre a natureza ou a evolução das instituições internacionais, ele
tem sido utilizado de forma frutífera para explicar o comportamento, incluindo comportamento institucionalizado, nas relações
internacionais.
Reflexivo, já que todos eles enfatizam a importância da reflexão humana para a natureza das instituições e, finalmente, para o
personagem da política mundial.
Instituição “é algum tipo de estabelecimento de permanência relativa de uma espécie distinta social”. Hedley Bull se refere ao
“equilíbrio de poder, o direito internacional, o mecanismo diplomático, o sistema de gestão das grandes potências, e da guerra”
como “as instituições da sociedade internacional”. “Instituição” pode se referir a um padrão geral ou categorização de atividade ou
a um arranjo construído por um homem em particular, formal ou informalmente organizados. Exemplos de instituições como
padrões gerais incluem Bull “instituições da sociedade internacional”, assim como tais padrões variados de comportamento como
casamento e religião, condição de Estado soberano, diplomacia e neutralidade.
Uma instituição do direito internacional para Bull, por exemplo, pode ser visto como incluindo uma variedade de instituições
codificadas na forma legal. Neste sentido, todos os regimes internacionais formais são partes do direito internacional, como são
tratados bilaterais formais e convenções. Da mesma forma, a instituição da religião inclui uma variedade de diferentes instituições
específicas,
As regras devem ser duráveis, e deve prescrever funções comportamentais para os atores, além de restringir a atividade e moldar as
expectativas. Ou seja, as instituições diferenciam-se entre os atores de acordo com os papéis que eles são esperados para executar, e
as instituições podem ser identificadas ao perguntar-se se os padrões de comportamento são de fato diferenciados por função.
Soberania é, portanto, um conceito jurídico relativamente preciso: uma questão de direito, não da verdade, da autoridade, não poder
absoluto. Como um conceito jurídico, o princípio da soberania não deve ser confundido com a afirmação empírica de que um
determinado Estado de fato toma as suas decisões de forma autônoma. Soberania refere-se a um estatuto legal, uma propriedade de
uma entidade organizada na política mundial. Isso não implica que a entidade soberana possui independência de fato, embora, como
uma questão política, o fato de uma entidade ser soberana pode ser esperado para ter implicações para o seu poder e a sua
autonomia.

Racionalismo:

A pesquisa racionalista sobre as instituições internacionais se concentra quase exclusivamente em instituições específicas. Ela
enfatiza regimes internacionais e organizações internacionais formais. Uma vez que esse programa de pesquisa é enraizado na teoria
da troca, ele assume escassez e concorrência, bem como a racionalidade por parte dos atores. E, portanto, começa com a premissa de
que se não houvesse ganhos potenciais de acordos a serem capturados na política mundial – isto é, se não há acordos entre os atores
poderia ser mutuamente benéfico – não haveria necessidade de instituições internacionais específicas.
Se a cooperação fosse fácil – ou seja, se todas as ocasiões mutuamente benéficas poderia ser feitas sem custo – não haveria
necessidade de instituições para facilitar a cooperação. No entanto, tal suposição seria igualmente tão falsa quanto a suposição de
que não existem ganhos potenciais de acordos. É a combinação do valor potencial dos acordos e da dificuldade de fazê-los que torna
regimes internacionais significativos. A fim de cooperar na política mundial em mais de uma base esporádica, os seres humanos têm
de usar instituições.
As teorias racionalistas de instituições veem essas instituições afetando os padrões de custos.
Se os custos de transação são insignificantes, não será necessário criar instituições para facilitar o intercâmbio mutuamente benéfico;
se os custos de transação são extremamente elevados, não será viável a construção de instituições – que pode até ser inimaginável.
De acordo com esta teoria, deve-se esperar instituições internacionais para aparecer sempre que os custos de comunicação,
monitoramento e fiscalização são relativamente baixos em comparação com os benefícios que podem ser derivados de troca política.
As instituições devem persistir enquanto, mas somente enquanto, seus membros têm incentivos para mantê-las.
De modo mais geral, as regras de qualquer instituição refletirão as posições de poder relativo dos seus membros efetivos e
potenciais, que limitam o espaço de negociação viável e afetam os custos de transação.
Como previsto pela teoria, regimes internacionais eficazes incluem arranjos para compartilhar informações e para monitorar o
cumprimento, de acordo com os padrões estabelecidos pelo regime; e eles se adaptam às mudanças nas capacidades de entre os seus
membros. Além disso, as regras de acesso de diferentes regimes internacionais afetam o sucesso dos governos nas áreas temáticas
relacionadas. Como um modelo descritivo geral, portanto, esta abordagem parece fazer muito bem: regimes internacionais
funcionam como esperamos que eles. No entanto, a teoria racionalista não tem sido utilizada para explicar porque existem
instituições internacionais em algumas áreas em questão, e não em outros. Nem essa teoria foi empregada sistematicamente para dar
conta da criação ou extinção de tais instituições.
Essa teoria prevê que a incidência das instituições internacionais específicas deverá estar relacionada com a proporção de benefícios
previstos do câmbio para os custos de transação de estabelecer as instituições necessárias para facilitar a negociação, monitoração e
custos de execução de acordos que especifiquem os termos de troca. Ela também prevê que, na ausência de ganhos antecipados de
acordos, instituições específicas não serão criadas, e que instituições mais específicas na política mundial vão de fato desempenhar a
função de reduzir os custos de transação. A teoria reconhece a importância dos custos irrecuperáveis em perpetuar as instituições
existentes, e uma vez que seus defensores reconhecem que os processos organizacionais modificam os ditames puros de
racionalidade, suas previsões sobre o desaparecimento de instituições específicas são menos claros.
A teoria racionalista também pode nos ajudar a desenvolver uma teoria do cumprimento ou descumprimento de compromissos. Para
que regimes internacionais sejam eficazes, as suas injunções devem ser obedecidas; e a soberania impede a aplicação hierárquica.
A teoria racionalista “provou ser útil na geração de insights sobre o surgimento do e reprodução das instituições sociais como as
consequências não intencionais das interações estratégicas”.
A crítica à teoria racionalista está em que “para fazê-lo de uma forma sofisticada implica um afastamento dos modelos de equilíbrio
enfatizados pela teoria econômica neoclássica. Exige contorções intelectuais para visualizar a evolução das instituições ao longo do
tempo como o produto de uma lógica determinista equilíbrio em que a adaptação racional para o ambiente desempenha o papel-
chave. Desenvolvimento institucional é afetada por líderes particulares e por eventos choques exógenos acaso a partir da perspectiva
de uma teoria sistêmica.
Fundamentados pelo uso da razão para tecer explicações sobre as relações sociais internacionais o racionalismo postula “verdades”
irrefutáveis e tenta explicar a realidade. Para os adeptos desta teoria, a realidade deve ser enxergada como uma equação matemática,
de forma que os resultados são considerados inquestionáveis. A visão realista do Sistema Internacional é baseada principalmente em
questões de segurança e no poder militar. Entre os autores que tratam do positivismo, podem ser citados como os principais,
Kenneth Waltz e Robert Gilpin, que defendem a ideia de que o Sistema Internacional é estruturalmente anárquico, mostrando como
a realidade é entendida de maneira inerte. Foi a partir da virada linguística e epistemológica que se buscou um o questionamento de
“verdades”, a partir da análise do discurso. Neste sentido, passou-se a entender, que não há ciência pura, mas que todas são
influenciáveis pelas demais.

Reflexivismo:

As instituições muitas vezes não são criadas conscientemente por seres humanos, mas sim emergem lentamente através de um
processo menos deliberativo, e que eles são frequentemente tomados como concedidos pelas pessoas que são afetadas por eles.
Nessa visão a hipótese de maximização da utilidade, muitas vezes não nos diz muito sobre as origens das instituições; e também não
nos leva muito longe na compreensão das variações nos arranjos institucionais em diferentes culturas e sistemas políticos.
Valores, normas e práticas variam entre as culturas, e estas variações afetarão a eficácia de acordos institucionais. Este ponto pode
ser colocado na linguagem da teoria racionalista: instituições que são consistentes com as práticas culturalmente aceitas são
susceptíveis de implicar menores custos de transação do que aqueles que estão em conflito com essas práticas.
Como Field (1981) apontou e, como North (1981) reconheceu no campo da história econômica, em algum momento deve-se
incorporar a análise em instituições que não são plausivelmente vistas como o produto de cálculo humano e negociação. E,
finalmente, a análise tem de vir a enfrentar as estruturas de interação social que “constituem ou capacitam esses agentes em primeiro
lugar”. Daí vem a importância da reflexão.
Apesar das ambições de alguns de seus entusiastas racionalistas, tem pouca perspectiva de se tornar uma explicação dedutiva
abrangente das instituições internacionais. Para além dessa limitação, os escritores quem tenho rotulados como “reflexivos” têm
enfatizado que as teorias racionalistas de instituições não contêm dinâmica endógena, reflexão individual e social que conduz a
mudanças nas preferências ou em vistas de causalidade.
Críticos reflexivos do programa de investigação racionalista têm enfatizado as insuficiências do racionalismo na análise da prática
fundamental da condição de Estado soberano, que foi instituído não por acordo, mas como resultado da elaboração ao longo do
tempo do princípio da soberania.
Ruggie conceitua a soberania como uma “forma de legitimação” que “diferencia unidades em termos de domínios juridicamente
mutuamente exclusivas e moralmente auto-implicativas”. Como direitos de propriedade privada, ele divide espaço em termos de
direitos exclusivos, e estabelece padrões de relações sociais entre as resultantes “individualistas possessivas”, cujo personagem
como agentes está fundamentalmente em forma por si só soberana.
A suposição de equilíbrio é muitas vezes enganosa, e pode levar a análise mecânica ou contorcida. A teoria racionalista responde
melhor para mudanças na força das instituições do que nos valores que servem para promover variações culturais que criam
anomalias para a teoria. Ela não leva em conta o impacto dos processos sociais de reflexão ou de aprendizagem sobre as
preferências dos indivíduos ou sobre as organizações que eles dirigem. Finalmente, a teoria racionalista teve pouco a dizer sobre as
origens e a evolução das práticas, e que muitas vezes ignorou o impacto de tais práticas como a soberania sobre as instituições
específicas que estuda.
A maior fraqueza da escola reflexiva não está em deficiências em seus argumentos críticos, mas na falta de um programa de
pesquisa reflexiva claro que poderia ser empregado por estudantes da política mundial.
Tal como formulado até hoje, tanto racionalistas e o que chamei de abordagens reflexivas compartilhar um ponto cego comum: não
prestam atenção suficiente para a política interna. É muito óbvio que a política interna é negligenciada por muitas análises
estratégicas na Teoria dos Jogos e por explicações estruturais da mudança de regime internacional.
Tal análise pode levar a um reexame fecundo de mudanças nas preferências que emergem de interações complexas entre o
funcionamento das instituições internacionais e os processos de política interna. Tanto “segunda imagem” de Kenneth Waltz – o
impacto da política interna sobre as relações internacionais – e de Peter Gourevitch “segunda imagem invertida” precisam ser
levados em conta, nas suas diferentes formas, pelo racionalista e nas abordagens reflexivas.

Resumo sobre Teoria dos Jogos

A teoria dos jogos é a ciência da tomada de decisão interativa., fez tanto sucesso que começou a aparecer em outros campos,
incluindo sociologia, psicologia, antropologia e, através da ciência política, relações internacionais e estudos de segurança.
Na teoria dos jogos, os decisores são chamados de jogadores. Os jogadores podem ser indivíduos ou grupos de indivíduos que, em
certo sentido operam como uma unidade coerente. Presidentes, primeiros-ministros, reis e rainhas, ditadores, secretários estrangeiros
e assim por diante, portanto, pode às vezes ser considerados como jogadores em um jogo. Mas isso pode nos estados em cujo nome
eles tomam decisões de política externa. É ainda possível considerar uma coligação de dois ou mais estados como jogador. Quase
todas as primeiras aplicações da teoria dos jogos no campo dos estudos de segurança analisados conflitos interestaduais como jogos
de soma zero. Um jogo de soma zero é qualquer jogo em que os interesses dos jogadores são totalmente opostos.
Por outro lado, um jogo de soma não-zero é uma situação interativo no qual os jogadores têm motivos mistos; ou seja, além de
interesses conflitantes, eles também podem ter alguns interesses em comum. Dois estados trancados em um conflito econômico, por
exemplo, obviamente, têm interesse em garantir as melhores condições possíveis de comércio. Ao mesmo tempo, ambos também
pode querer evitar os custos associados com uma guerra comercial. É claro que em tais casos, os interesses dos dois estados não são
diametralmente opostas.
Um jogo não-cooperativo é qualquer jogo em que os jogadores são capazes de comprometer-se irrevogavelmente a um determinado
curso de ação. Por outro lado, os acordos de ligação são possíveis em um jogo cooperativo. Uma vez que é comumente entendido
que o sistema internacional carece de uma autoridade global que pode impor compromissos ou acordos, que deve vir como nenhuma
surpresa que a teoria dos jogos não cooperativa detém uma atração especial para os teóricos de conflito interestatal. Na teoria dos
jogos os jogadores estão a ser assumida instrumentalmente racional. jogadores racionais são aqueles que maximizam sua utilidade.
Utilidade, no entanto, é um conceito subjetivo. Ele indica o valor de um resultado para um jogador em particular. Uma vez que
diferentes jogadores podem avaliar o mesmo resultado de modo diferente, o pressuposto da racionalidade é simplesmente outra
maneira de dizer que os jogadores são propositais, que são objetivos que perseguem (ou interesses) que eles mesmos definem.
Como todos os teóricos de dissuasão clássicos, a obra de Schelling é caracterizada por dois pressupostos fundamentais: (1) que os
estados (ou seus decisores) são racionais; e (2) que, especialmente na era nuclear, guerra ou de conflito é o pior resultado possível de
qualquer encontro dissuasão. Não é difícil demonstrar que essas duas premissas são incompatíveis com a conclusão da maioria dos
teóricos de dissuasão que as relações bilaterais nucleares, como que entre os EUA e a União Soviética durante a Guerra Fria, são
extraordinariamente estável. É um dos pontos fortes da teoria dos jogos que a sua estrutura formal facilita a identificação de
premissas inconsistentes, destaca as implicações de pressupostos iniciais, e aumenta a probabilidade de argumentação lógica. Como
toda teoria, a dos jogos não conta com unanimidades, nem mesmo entre os seus defensores. A maioria dos autores citados, no
entanto, adota uma visão materialista da teoria, onde todos os jogadores estariam interessados na maximização de elementos
quantificáveis em termos de recursos materiais. Isso leva às variações da teoria obedecendo ao mesmo conceito: as escolhas dos
jogadores devem ser analisadas e entendidas em termos da quantificação material aferida por eles. Essa visão externalista, no
entanto, não tem o condão de esgotar a relevância da racionalidade no processo decisório dos jogadores.
A Teoria dos Jogos parte do pressuposto que os jogadores envolvidos são egoístas e racionais, buscando constantemente atingir seus
próprios interesses. Os jogadores têm diferentes opções de ação; suas decisões irão se combinar com as decisões dos outros
jogadores, sendo que cada combinação levará a um resultado diferente.
Para ilustrar, imaginemos um acordo hipotético sobre armamento nuclear entre a Índia e o Paquistão – ambos potências nucleares
em disputa por território fronteiriço. A matriz resultante da aplicação da Teoria dos Jogos – nesse exemplo, extremamente
simplificada, por óbvio – consideraria as seguintes hipóteses:
 Ambos os países cumprem o acordo (adesão);
 Índia cumpre o acordo (adesão), mas o Paquistão, não (deserção);
 Índia não cumpre o acordo (deserção), mas o Paquistão, sim (adesão);
 Ambos os países não cumprem o acordo (deserção);
Salta aos olhos que tanto Índia quanto Paquistão irão levar em conta o comportamento, ou pelo a expectativa de, no momento de
tomar a sua decisão. Mais, cada país irá atribuir diferentes “pesos” para cada hipótese, segundo seus próprios desejos e estratégias.
Para completar a complexidade, devemos nos recordar que os países não são unidades monolíticas, podendo ser influenciados por
fatores internos no seu posicionamento frente à comunidade internacional.
No exemplo dado, podemos imaginar que ambos os países acreditem ser melhor aderir ao tratado do que envolver-se em uma
corrida armamentista que esgotaria seus recursos financeiros. Mas também podemos imaginar que um país ache ainda mais
interessante que o outro signatário cumpra o acordo, ao passo que ele não o fará, adquirindo vantagem militar sobre o outro
pactuante. O outro país, obviamente, observará esse tipo de atitude, levando-a em conta no seu cálculo quanto a que atitude assumir.
Nesse exemplo simples, com apenas dois países e um assunto relevante como corrida armamentista nuclear, já podemos vislumbrar
a complexidade que a Teoria dos Jogos lida. Transpondo esse exemplo para o campo do Comércio Internacional, veremos essa
complexidade crescer exponencialmente, pois além de termos vários países interagindo no mesmo tratado, teremos adesões e
deserções parciais, políticas de aliança comercial, ações de retaliação, atuações em bloco, etc.

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