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O pior ainda é que hoje no Brasil o índice de divórcios entre evangélicos e igual
ao índice dos não cristãos. Na mesma proporção que há de divórcios no
mundo, há hoje infelizmente na igreja.
Para entendermos isso devemos olhar primeiramente para a região onde essa
pergunta ocorreu. O lugar do interrogatório era a Peréia, que, como a Galiléia
pertencia aos domínios de Herodes Antipas. Foi nessa mesma região que João
Batista foi preso e degolado por denunciar o divórcio e o casamento ilícito de
Herodes com sua cunhada Herodias. Com isso queriam colocar Jesus contra
Herodes Antipas para ver se Ele tinha o mesmo fim que João Batista.
O ponto interessante aqui é que Jesus leva-os a quem tem autoridade para
falar, a Palavra de Deus. Não era Moisés em si, mas aquilo que ele escreveu
inspirado por Deus. Sabendo que os fariseus tinham um conceito formado em
relação ao casamento com uma visão banal sobre o divórcio, Jesus leva-os
ao centro da questão, mas antes...
Hillel liderava uma escola liberal que entendia que o marido poderia despedir
sua mulher por qualquer motivo, queimou o almoço dele, ou por ser mal
educada, ou mesmo se esse marido encontrasse uma mulher mais
interessante. Shammai, por sua vez, liderava uma escola conservadora e
acreditava que o divórcio só poderia ser dado no caso de o marido encontrar
na mulher alguma coisa indecente. Esse termo hebraico para descrever “coisa
indecente”, era entendido por Shammai como falta de castidade, pudor ou
adultério.
Olhando assim até parece que o texto dá uma ordenança ao divórcio, uma
carta branca para ele. Mas devemos entender o contexto por trás dessa
passagem.
O divórcio não foi criado por Deus, ele é fruto do coração endurecido e
pecaminoso do homem. Ele não é uma ordem de Deus, é uma permissão, que
encontra a sua legalidade na vontade do homem e não na vontade de Deus.
No princípio, quando Deus instituiu o casamento, antes da queda humana, não
havia nenhuma palavra sobre divórcio. Ele é fruto do pecado. Ele é resultado
da dureza do coração.
Jesus sendo muito maior do que Moisés afirma que Moisés nunca mandou se
divorciar por qualquer motivo. Muitos até hoje acreditam que o adultério é o real
motivo para o divórcio, não, o real motivo para o divórcio é a dureza de
coração. Na verdade, Moisés nunca mandou. O divórcio nunca é um
mandamento ou ordenança, mas uma permissão, e uma permissão bem
estreita, devido a dureza do coração.
Para termos um bom exemplo disso, o povo de Israel quando peregrinava pelo
deserto começou a não crer nas promessas de Deus, depois passaram a
reclamar da vontade de Deus, até chegarem ao último e terrível estágio desse
processo de afastamento e revolta contra Deus, chamado dureza de coração.
O coração de Israel estava tão endurecido que o povo desejou voltar para o
Egito! Deus enviou seu julgamento sobre Israel no deserto em Cades-Barnéia,
e toda aquela geração foi condenada a morrer, e somente a nova geração
poderia entrar na terra. E é nisso que se sustenta o divórcio, em um coração
endurecido.
b. A falta de perdão.
Se Deus criou o casamento como vitalício, sendo apenas desfeito pela morte,
então podemos afirmar que nenhum pecado será capaz de dissolver a aliança
conjugal. Somos ensinados a perdoar assim como fomos perdoados, por isso
perdão e restauração sempre são a vontade de Deus para relacionamentos
humanos.
Hernandes Dias Lopes afirma em seu livro “casamento”: “Onde há perdão, não
há necessidade de divórcio. O divórcio é a afirmação de que a ferida não tem
cura. O divórcio é a desistência definitiva de um relacionamento machucado. O
perdão, entretanto, cura a ferida, restaura o relacionamento e renova o
casamento”. Temos que entender que o divórcio é uma derrota para o
evangelho.
Muitos afirmam que precisam ser felizes, precisam mudar de vida, que já não é
do mesmo jeito, como se qualquer um desses argumentos fossem suficientes
para acabar com aquilo que Deus uniu.
Já vimos até aqui que a primeira etapa desse debate foi a pergunta leviana
feita pelos fariseus acerca do divórcio. Então Jesus pergunta o que eles
entendiam, depois da resposta dos fariseus Jesus escancarou que o real
motivo para o divórcio, a dureza de coração, e agora na última etapa desse
debate Jesus dar o veredito final, que é:
A ordem dada por Moisés, que Cristo se referia, não era para o divórcio, “o
que Moisés lhes ordenou?” Mas, para a realidade vitalícia e indissolúvel do
casamento. Jesus ao citar Moisés não estava apontando para Deuteronômio,
mas para Genesis, para a criação do casamento.
Logo após Jesus afirma que foi devido a dureza de coração que fez Moisés lhe
permitir o divórcio, Jesus diz: “Mas”. Trazendo a ideia real e original de Deus
para o casamento. Perceba algo interessante quando Jesus diz: “no princípio
da criação Deus ‘os fez homem e mulher”.
“Por esta razão, (Ele revela o real motivo que fará) o homem deixará pai e
mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’. Assim
(dessa forma), eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto... (Aqui
chegamos ao ponto principal, que deve nos levar a cremos na vitaliciedade do
casamento, a sua impartível aliança que é o matrimonio), o que Deus uniu,
ninguém o separe”.
Nessa poderosa declaração Jesus afirma que os laços que unem homem e
mulher, são mais fortes do que qualquer outro laço, maior do que o de pais e
filhos. Agora unidos, se tornaram uma só carne, sendo impossível haver uma
terceira pessoa, que agora na verdade, há apenas um só carne, “eles já não
são dois, mas sim uma só carne”. E ratifica o poder dessa união dizendo que
aquilo que Deus uniu, o homem não tem autoridade de separar.
Conclusão.